Você está na página 1de 68

Lipídios

Prof.ª Drª Jairelda Sousa Rodrigues


Conceito

São compostos de origem biológica


caracterizados por insolubilidade na água e
muita solubilidade em solventes orgânicos
apolares, tais como éter, benzeno e
clorofórmio
Conceito

Química: os lipídios são ésteres formados


de ácidos graxos superiores com álcoois os
mais variados.
Importância biológica

✓ Membranas celulares (fosfolipídios e


glicolipídios)
✓ Reserva energética (acilgliceróis)
✓ Hormonal (esteróides)
✓ Impermebilizante (ceras)
✓ Anti-oxidante (Vitaminas A e E)
✓ Isolante térmico (acilgliceróis)
✓ Digestiva (sais biliares)
Classificação
➢ Lipídios que contêm glicerol
✓ Monoacilgliceróis
✓ Diacilgliceróis
✓ Triacilgliceróis
✓ Glicerofosfolipídios
➢ Lipídios que não contêm glicerol
✓ Esfingolipídios
✓ Isoprenóides
✓ Esteróides e seus ésteres de ácidos graxos
✓ Cerídios
Ácidos Graxos

Ácidos graxos

Ácidos
monocarboxílicos

Cadeia hidrocarbonada
de 4 a 36 C
Ácidos Graxos

Ácido oléico (C18)


Classificação
✓ Grau de saturação da cadeia lateral:
- saturados
- insaturados monoinsaturados
polinsaturados
✓ Tipo de cadeia lateral:
- linear
- ramificada
- cíclica
- hidroxilada -par
-ímpar
✓ Número de carbonos -cadeia curta (2-8C)
-cadeia média (8-14C)
-cadeia longa (>14C)

✓ Necessidade na dieta : - essenciais


- não essenciais
Classificação
Ácidos Graxos Saturados e Insaturados
Grupo Carboxila Grupo Carboxila
( Região Polar) (Região Polar)

Cadeia
hidrocarbonada
(Região Apolar)
Cadeia
hidrocarbonada
(Região Apolar)
Nomenclatura dos ácidos graxos
◼ Comprimento da cadeia
◼ Ligações duplas
◼ número
◼ localização

H H2 H H H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H H H2 H H2 H2 H2 OH
Nomenclatura dos ácidos graxos
◼ Comprimento da cadeia
◼ C18

H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 OH
Nomenclatura dos ácidos graxos
◼ Número de ligações duplas
◼ C18:0

H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 H2 OH

Ácido esteárico
Nomenclatura dos ácidos graxos

◼ Número de ligações duplas


◼ C18:1

H2 H2 H2 H H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H H2 H2 H2 OH

Ácido oléico
Nomenclatura dos ácidos graxos
◼ Número de ligações duplas
◼ C18:2

H2 H2 H H H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H2 H H2 H H2 H2 H2 OH

Ácido linoléico
Nomenclatura dos ácidos graxos
◼ Número de ligações duplas
◼ C18:3

H H2 H H H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H H H2 H H2 H2 H2 OH

Ácido linolênico
Nomenclatura dos ácidos graxos
◼ Nomenclatura de acordo com a localização da primeira ligação dupla, a partir da
extremidade do grupamento metil
◼ Sistema ômega (ômega 3, 3)
◼ Sistema n (n–3)

H H2 H H H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H H H2 H H2 H2 H2 OH
Nomenclatura dos ácidos graxos
H2 H2 H2 H H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H2 H2 H2 H H2 H2 H2 OH
Omega 9 ou n–9
H2 H2 H H H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H2 H H2 H H2 H2 H2 OH
Omega 6 ou n–6
H H2 H H H2 H2 H2 H2
H3C C C C C C C C C O
C C C C C C C C C
H2 H H H2 H H2 H2 H2 OH
Omega 3 ou n–3
Síntese de ácidos graxos
Ω-3 Ω-6 Ω-9
C-C-C=C-C-C=C-C-C=C-C-C-C-C-C-C-C-COOH

◼ Animais conseguem sintetizar ácido graxo ômega 9, mas não ômega 3 e ômega 6
(dieta);
◼ Peixes de água fria acumulam grande quantidade de ômega 3;
◼ Gatos não sintetizam ácido araquidônico a partir do ácido linoléico (para eles é
essencial)
Ácidos Graxos
Numeração dos carbonos a partir de C1
C-18
()

C-10

C-2 Região
(a) Apolar
Região
Polar

C-9
C-3
C-1 (b)
Ácidos Graxos
Numeração dos carbonos a partir do último carbono
(C-18)
 2
3

9

Região
Apolar

Região
Polar

10

18
C-1
Ácidos Graxos
Notação Simplificada
• A partir do C1(carboxila)

Número de carbonos 18:0 Número de ligas duplas

18:1 (9)
ou Posição da liga dupla
18:1 (D9)
ou
18:1-D9
ou
18:1;9
Ácidos Graxos
Notação Simplificada

• A partir do C (último carbono)

Número de ligas duplas


Número de carbonos 18:1 9
Posição da liga dupla
Ácidos Graxos
Ácidos Graxos Saturados de Ocorrência Natural
Ácido N° de Carbonos Fórmula

Láurico 12 CH3(CH2)10CO2H

Mirístico 14 CH3(CH2)12CO2H

Palmítico 16 CH3(CH2)14CO2H

Esteárico 18 CH3(CH2)16CO2H

Araquídico 20 CH3(CH2)18CO2H
Ácidos Graxos
Ácidos Graxos Insaturados de Ocorrência Natural
Ácido N° de Grau de Fórmula
Carbonos Insaturação
Palmitoléico 16 16:1(D9) CH3(CH2) 5CH=CH(CH2) 7CO2H

18:1(D9)
CH3(CH2) 7CH=CH(CH2) 7CO2H
Oléico 18

Linoléico 18 18:2(D912) CH3(CH2) 4CH=CH(CH2)CH=CH(CH2) 7CO2H

18:3(D9121)
CH3(CH2CH=CH) 3(CH2) 7CO2H
Linolênico 18

Araquidônico 20 20:4(D8111) CH3(CH2) 4(CH=CHCH2) 4(CH) 2 CO2H


Nome Sistemático
Nome Comum Abreviatura Nome Sistemático

Palmítico 16:0 Hexadecanóico

Esteárico 18:0 Octadecanóico

Araquídico 20:0 Eicosanóico

Palmitoléico 16:1(9) Hexadecenóico

Oléico 18:1(9) Octadecenóico

Linoléico 18:2(9,12) Octadecadienóico

Linolênico 18:3(9,12,15) Octadecatrienóico

Araquidônico 20:4(5,811,14) Eicosatetraenóico


Ácidos Graxos
Propriedades Físicas
➢ Solubilidade: insolúveis em água e solúveis no éter,
clorofórmio e benzeno (solvente das gorduras).
Ex: H3C – (CH2)8 – COOH
Radical Carboxila
Caráter apolar Caráter polar

➢Até 3 C: ácido graxo solúvel em água, caráter polar é superior.


➢Acima de 3 C: começa a decrescer a solubilidade.
> o radical, > o caráter apolar e < a solubilidade.
Ácidos Graxos
Solubilidade dos Lipídios em Solução Aquosa
Solubilidade

Quanto mais longa a cadeia acila do ácido


graxo menor será a solubilidade
em água

Ácido mirístico 14:0 0,024 mg/g


Ácido palmítico 16:0 0,0083 mg/g
Solubilidade

Quanto menor o Nº de duplas, menor será a


solubilidade em água

Ácido esteárico 18:0


Ácido oléico 18:1 (∆9)
Ácido linolênico 18:3 (∆9,12,15)
TRANS PONTO DE FUSÃO

• Os trans têm maior ponto


de fusão que seus
equivalentes cis.
• ácido graxo oléico é de
13ºC,
• isômero trans, o ácido graxo
elaídico, 44ºC.
PONTO DE FUSÃO
• O ponto de fusão é a temperatura à qual uma substância funde ou passa
do estado sólido para o estado líquido. Uma substância pura sob
condições padrão de pressão possui um ponto de fusão definido.
Os Ácidos Graxos

Pontos de Fusão de Ácidos Graxos


Saturados
Nome Nº de Carbonos Ponto de Fusão
(°C)
Láurico 12 43,9

Mirístico 14 54,1

Palmítico 16 62,7

Esteárico 18 69,9

Araquídico 20 75,4
Os Ácidos Graxos
Pontos de Fusão de Ácidos Graxos
Insaturados
Nome Nº de Nº de Ligas Ponto de
Carbonos Duplas Fusão (°C)
Palmitoléico 16 1 0,5

Oléico 18 1 13,4

Linoléico 18 2 -5,0

Linolênico 18 3 -10,0

Araquidônico 20 4 -49,5
Óleo Gordura

Líquido a temperatura Sólido a temperatura


ambiente ambiente

Legislação: Temperatura limite: 20ºC

Azeites: termo utilizado apenas para óleos provenientes


de frutos. Ex.: Oliva e dendê
Propriedades Físicas
Isomeria Geométrica

Ácido Graxo Cis


Ácido Oléico Ácido Graxo Cis
Ácido Linolênico
Ácido Esteárico Ácido Graxo Trans
Ácido Elaídico
Reações
Saponificação
R-COOH + NaOH R-COONa + H2O

R-COONa + H2O R-COO- + Na+ + H2O


Reações

Esterificação
Reações
Hidrogenação
CH3(CH2)7CH=CH(CH2)7COOH
ácido oléico

Ni H2
H
CH3(CH2)7CH - CH(CH2)7COOH
H

ácido esteárico
Reações
Hidrogenação

Catalisadores: Ni (níquel), Pt (platina), Pb (chumbo)


Reações

Halogenação

R-CH = CH-COOH + I 2
Ácido graxo insaturado

R-CH - CH-COOH
I I
Ácido graxo halogenado
Halogênios: Br e I
Oxidação
Rancificação

R O2
R-CH=CH-CH2-CH=CH- R-CH=CH-CH-CH=CH- R-CH=CH-CH-CH=CH-
ou luz
.
Ácido graxo do Radical livre O
triacilglecerol
O.

Peroxi-radical

R-CH=CH-CH-CH=CH- + R-CH=CH-CH2-CH=CH- R-CH=CH-CH-CH=CH- + R-CH=CH-CH-CH=CH-


.
Ácido graxo de outro O Novo radical livre
O
triacilglicerol
O. OH
Peroxi-radical Hidroperóxido

Hidroperóxido R-CHO + O2 R-COOH


Aldeído
Ácidos de baixo peso molecular
Acilgliceróis
São ésteres de ácidos graxos com o álcool
glicerol

Estrutura do glicerol
Ácidos graxos
Ácidos graxos
Ácidos graxos
Acilgliceróis

1-Monoacilglicerol 2-Monoacilglicerol

Triacilglicerol Diacilglicerol
Acilgliceróis
Classificação dos Triacilgliceróis
• Homoglicerídios:
Formado por 3 ácidos graxos iguais.
Ex: triesteroilglicerol (3 ácidos esteáricos)

• Heteroglicerídios:
Formado por 3 ácidos graxos diferentes.
Ex: 1,3-palmitoil-2-oleil-glicerol
(2 palmitato + 1 oleato)
Acilgliceróis
Funções dos Triacilgliceróis

• Reserva Energética

• Isolamento Térmico
• Proteção Mecânica
Acilgliceróis
Triacilgliceróis
Hipertrigliceridemias
Podem ter causa:
• Genética: hiperlipidemias
• Secundária: diabetes, obesidade, alcoolismo, terapia
por estrogênios, enfermidad hepática, pancreatite
e estresse

Risco para doença cardiovascular


Lipídios de Membrana
Ácido graxo
Glicerofosfolipídios Ácido graxo
P Outro Grupo

Ácido graxo
Éter Glicerolipídios
Fosfolipídios
P Outro Grupo

Esfingofosfolipídios Ácido graxo

P Outro Grupo
Esfingolipídios

Glicolipídios Ácido graxo

Glicídio
Lipídios de Membrana
Glicerofosfolipídios

Possuem: Ácido graxo


•Álcool = glicerol
•2 ácidos graxos Ácido graxo
•Ácido fosfórico
•Outro grupo = composto
nitrogenado
ou poliálcool P Outro Grupo
Glicerofosfolipídios

A Estrutura Fundamental é o Ácido Fosfatídico


Glicerol

Ácido Graxo

Ácido Graxo

Ácido Fosfórico

Ácido Graxo
Glicerofosfolipídios
Grupos que podem estar ligados ao ácido fosfatídico

Etanolamina

Colina

Serina
Fosfatidiletanolamina Fosfatidilserina

Glicerol

Fosfatidilcolina (lecitina)
Esfingolipídios

Esfingosina ou esfingol

Ceramida =
esfingosina + ácido graxo
Esfingolipídios

Esfingomielina = ceramida + fosfocolina


Esfingolipídios

A esfingomielina
forma a baínha de
mielina, que circunda
os axônios nas células
nervosas. Na Esclerose
Múltipla a perda da
baínha de mielina leva
à lentidão ou à
interrupção da
transmissão nervosa.
Cerídeos
São ésteres de ácidos graxos de cadeia
longa com álcoois de cadeia longa. Possuem
função de proteção e lubrificação.

Álcool de Ácido graxo


cadeia longa de cadeia longa
CERÍDIOS - FUNÇÕES

Glândulas da pele dos


vertebrados secretam ceras

Proteger o pêlo e a pele e


mantê-los flexíveis, lubrificados e
a prova de água
CERÍDIOS - FUNÇÕES

Pássaros marinhos

Secretam ceras das glândulas


do bico para manter suas penas
repelentes à água
CERÍDIOS - FUNÇÕES

Folhas de plantas tropicais

Impede a evaporação excessiva


da água e protege contra parasitas
Eicosanóides
• São derivados cíclicos
de certos ácidos
graxos, sendo o ácido
araquidônico o maior
precursor.

• Controle da pressão arterial;


• Compreendem as • Estimulação da contração da
prostaglandinas, as musculatura lisa;
tromboxanas e os • Indução da resposta inflamatória;
• Inibição da agregação plaquetária;
leucotrienos.
Eicosanóides
Tromboxanas
Síntese das tromboxanas TXA2 e TXB2 a partir de da prostaglandina
PGH2

Principais Funções
•Estimulação da contração da
musculatura lisa;
• Indução da agregação plaquetária;
Isoprenóides
• Os Isoprenóides são sintetizados a partir da
condensação de múltiplas unidades de
isopreno

• Compreendem os terpenos e os esteróides


Terpenos
São hidrocarbonetos acíclicos ou que que apresentam uma porção
cíclica na molécula
O b-Caroteno é Precursor da Vitamina A
Terpenos
A Vitamina K tem origem na palavra alemã
Koagulation
Isoprenóides
Esteróides
São derivados cíclicos do isopreno, sendo o
ciclopentanoperidrofenantreno a estrutura fundamental dos
esteróides
Esteróides
O colesterol é o esterol precursor dos demais
esteróides

OH em C3

Liga dupla Anel B


Esteróides
Os Hormônios Esteróides desempenham diversas funções

Cadeia curta

Grupo
oxo

Liga dupla C4-C5


Esteróides
Vitamina D3 ou colecalciferol

Você também pode gostar