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CURSO TÉCNICAS EM NECROPSIA

APOSTILA DE BIOSSEGURANÇA

1. INTRODUÇÃO

2. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs)

3. PROTEÇÃO À CABEÇA

4. PROTEÇÃO PARA OS MEMBROS SUPERIORES

5. PROTEÇÃO PARA OS MEMBROS INFERIORES

6. PROTEÇÃO DO TRONCO

7. PROTEÇÃO DA PELE

8. POTEÇÃO RESPIRATÓRIA

9. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPCs)

10. SEGURANÇA EM RELAÇAO PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS EM


PROCEDIMENTOS NECROSCÓPICOS

11. SEGURANÇA NO AMBIENTE DE SALA DE NECROPSIA

12. TIPOS DE RISCOS

13. SINAIS DE SEGURANÇA SIMBÓLICOS

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. INTRODUÇÃO:

De acordo com Teixeira e Valle (1996), a biossegurança pode ser caracterizada como o
conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos
inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e
prestação e serviços, visando à saúde do homem e dos animais, à preservação do meio
ambiente e à qualidade dos resultados.

Este conceito vem sendo cada vez mais difundido e valorizado, na medida em que o
entendimento da responsabilidade do profissional envolvido em atividades que
manipulam agentes biológicos, químicos, físicos, radioativos, etc. não se limita às ações de
prevenção de riscos derivados de sua atividade específica, mas também, do colega que
labuta ao seu lado, do técnico que o auxilia e de outras pessoas que participam direta ou
indiretamente desta atividade.

Para um trabalhador com jornada de trabalho de 40 horas semanais, são cerca de 2000
horas por ano e 70.000 horas ao longo dos 35 anos. Tanto tempo, em ambiente e
situações muitas vezes insalubres e perigosas, certamente irá influenciar na qualidade de
vida desses trabalhadores ( UCHÔA et al, 2000).

Na biossegurança, além dos cuidados normais de boas práticas, são necessários


procedimentos específicos para minimizar os riscos de acidentes pessoais e de
contaminação ambiental. Em tese a meta é atingir o risco zero em acidentes. Sendo assim,
os equipamentos de proteção individual (EPIs), por exemplo, são frequentemente
apontados como soluções mágicas para os problemas dos acidentes e doenças, e o não
uso, como demonstração da irresponsabilidade e falta de consciência dos trabalhadores
de um modo geral, de cuidarem da sua saúde, pois estão sempre expostos á vários riscos,
devido às técnicas onde são utilizados materiais perfurocortantes, produtos químicos,,
material biológico suspeito ,etc.

De maneira geral, é comum quando um acidente ocorre, também faz parte desta
estratégia responsabilizar os trabalhadores pelos próprios acidentes, através do conceito
de ato inseguro que transforma as vítimas dos acidentes em culpados. Desta forma, o que
deveria servir de exemplo e aprendizado sobre as falhas gerenciais das empresas, gera
um pouco ou nenhum impacto em termos de transformações das condições de trabalho.

A exposição é minimizada na medida em que forem adotadas a contenção primária e


secundária, ou seja, à medida que forem adotadas as boas práticas de biossegurança, os
equipamentos de proteção individual e coletiva e implantadas instalações adequadas a
cada nível de biossegurança envolvido e a capacitação dos técnicos. Assim, a avaliação dos
riscos no trabalho é fundamental para a definição de critérios e de ações que visem
minimizar os mesmos, os quais comprometem a saúde dos profissionais e a qualidade
dos trabalhos envolvidos.
2. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs)

No Brasil, a legislação de biossegurança foi criada em 1995 e, apesar da grande incidência


de doenças ocupacionais em profissionais de saúde, engloba apenas a tecnologia de
engenharia genética, estabelecendo os requisitos para o manejo de organismos
geneticamente modificados (PARANÁ, 2000).

Hoje, após o duro aprendizado com acidentes históricos, existem programas de prevenção
para os vários tipos de riscos (químicos, biológicos, físicos, de acidentes e ergonômicos),
que estabelecem regras básicas de segurança (ODA et al.1998).

Os EPIs têm uso regulamentado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em sua norma
regulamentadora nº 6 (NR nº06). Esta norma define que o EPI é todo dispositivo de uso
individual, destinado a proteger a saúde e a integridade do trabalhador.

Ela preconiza que a empresa está obrigada a fornecer aos empegados, gratuitamente,
equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: - Sempre que as medidas de
proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não oferecem completa proteção
contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou doenças profissionais: enquanto as medidas
de proteção coletiva estiverem sendo implantadas a para atender a situações de
emergência (BRASIL, 2003).

Algumas situações são previstas pela NR nº 06, quanto às obrigações dos empregados,
frente aos equipamentos de proteção individual:- Usá-los apenas para a finalidade a que
se destina: responsabilizar-se por sua guarda e conservação; não portá-los para fora da
área técnica e comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para
uso. (BRASIL, 2003).

3. PROTEÇÃO À CABEÇA

Temos aqui representados pelos protetores de acordo com o grau de risco e local da
cabeça:

- Protetores de couro cabeludo e caixa craniana contra agentes físicos, químicos e


biológicos (Gorros, Capacetes...);

- Protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face contra lesões ocasionadas
por partículas, respingos, vapores de produtos químicos e de radiações luminosas intensas;

- Óculos de segurança para trabalhos que possam causar ferimentos nos olhos,
provenientes de impacto de partículas;

- Óculos de segurança, contra respingos, para trabalhos que possam causar irritação nos
olhos e outras lesões decorrentes da ação de líquidos agressivos;
- Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos, provenientes
de poeiras.

- Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos e decorrentes
da ação de radiações perigosas.

4. PROTEÇÃO PARA OS MEMBROS SUPERIORES

Luvas e/ou mangas de proteção e/ou cremes protetores devem ser usados em trabalhos
em que haja perigo de lesão provocada por:

- Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes;

- Produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos, oleosos, graxos....;

- Solventes orgânicos e derivados de petróleo;

- Materiais ou objetos aquecidos;

- Choque elétrico;

- Radiações perigosas;

- Frio;

- Agentes biológicos;

5. PROTEÇÃO PARA OS MEMBROS INFERIORES

Calçados para proteção dos pés e/ou parte dos membros inferiores:

- Calçados impermeáveis para trabalhos realizados em lugares úmidos, lamacentos ou


encharcados;

- Calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos agressivos;

- Calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos;

- Calçados de proteção contra riscos de origem elétrica.

6. PROTEÇÃO DO TRONCO

Aventais, capas e outras vestimentas especiais de proteção para trabalhos em que haja
perigo de lesões provocadas por:

- Riscos de Origem radioativa;

- Riscos de origem biológica;


- Riscos de origem química.

7. PROTEÇÃO DA PELE

Cremes protetores- só poderão ser utilizados como EPI, mediante o Certificado de


Aprovação do Ministério do Trabalho e Emprego.

8. POTEÇÃO ESPIRATÓRIA

Para exposição a agentes ambientais em concentrações prejudiciais à saúde do


trabalhador, de acordo com os limites estabelecidos NR nº15:

- Respiradores contra poeiras, para trabalhos que impliquem na produção de poeira;

- Respiradores e máscaras de filtro químico para exposição a agentes químicos prejudiciais


à saúde:

- Aparelhos de isolamento, para locais de trabalho onde teor de oxigênio seja inferior a
18% em volume.

9. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPCs)

Os equipamentos de proteção coletiva são dispositivos utilizados no ambiente laboral com


o objetivo de proteger os trabalhadores dos riscos inerentes aos processos.

Os dispositivos de segurança em máquinas, por exemplo, tem por finalidade principal de


proteger a integridade física das pessoas. Essa é uma das maiores vantagens que o EPC
possui frente a outros sistemas de proteção, pois além de proteger a coletividade, não
provoca desconforto aos trabalhadores (BRASIL, 2003b).

Os EPCs devem:

- Ser do tipo adequado em relação ao risco que irão neutralizar;

- Depender o menos possível da atuação do homem para atender suas finalidades;

- Ser resistentes às agressividades de impactos, corrosão, desgastes, etc.., a que estiverem


sujeitos;

- Permitir serviços e acessórios como limpeza, lubrificação e manutenção;

- Não criar outros tipos de riscos, principalmente mecânicos como obstrução de passagens,
cantos vivos, etc. (BRASIL, 2003b).
10. SEGURANÇA EM RELAÇAO PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS EM PROCEDIMENTOS
NECROSCÓPICOS

O grupo técnico de diversos seguimentos de trabalhadores, como por exemplo, o de sala


de necropsia está não só exposto a microrganismos patogênicos como também a produtos
químicos perigosos.

Os fabricantes e/ou fornecedores de produtos químicos fornecem folhas de dados sobre a


segurança do material ou outras informações sobre riscos químicos. Tais folhas devem
estar disponíveis em laboratórios onde estes produtos químicos são utilizados, por
exemplo, como parte de um manual de segurança ou de operações.

As principais vias de exposição a produtos químicos podem ser:

- Inalação

- Contato

- Ingestão

- Picadas de agulhas

- Cortes na pele

Podemos considerar alguns produtos químicos como de uso mais corriqueiro em


ambientes de laboratório e de salas de necropsia, como por exemplo:

- Álcool etílico

- Cloro (Hipocloreto de Sódio)

- Formaldeídeo

NOTA: O formaldeídeo (CH2O) é um gás que mata todos os microorganismos e esporos a


temperaturas superiores a 20ºC.Contudo, não é ativo contra priões. O formaldeídeo atua
lentamente e necessita de um nível de umidade relativa de cerca de 70%. É
comercializado sob a forma de polímero sólido, o paraformaldeídeo, em flocos ou
comprimidos, ou como formalina, uma solução do gás em água de cerca DE 370g/L (37%)
contendo metanol (100 ml/L) como estabilizador.

11. SEGURANÇA NO AMBIENTE DE SALA DE NECROPSIA


- Participar de programas de educação postural, ações voltadas para a área de valorização
profissional e qualidade de vida, capacitações, melhora dos processos de trabalho, divisão
de tarefas;

- Usar vestimentas de proteção (jalecos, macacões, touca e máscara) calçados ou pró-pés


será de uso obrigatório para entrar na sala de necropsia;

- Manusear equipamentos ou objetos cortantes ou perfurantes ( Estiletes, tesouras,


bisturis, serras....) com atenção e perícia

- Usar máscara do tipo purificador de ar não motorizado com peça facial com filtros
substituíveis durante as necropsias em geral;

- Usar gorro descartável; óculos de proteção, calçados, impermeáveis (preferencialmente


botas de PVC) e luvas cirúrgicas descartáveis de látex em todos os tipos de necropsias;

- Ter cuidado ao manusear estômago, vestimentas e secreções de suicidas ou vitimas de


envenenamento;

- Nas necropsias de putrefeitos deverá ser usado macacão descartável impermeável com
mangas longas, Usar calça comprida descartável impermeável;

- Lavar as mãos após cada procedimento necroscópico.

- É vedado o uso de adornos (Anéis, brincos, correntes) que possam acumular sujeira ou
microorganismos e além de propiciarem possíveis acidentes.

- Não guardar ou consumir alimentos no ambiente de sala de necropsia;

- Proteger ferimentos ou mucosas contra o perigo de contaminação;

- Manter unhas aparadas e impas;

- Não fumar;

- Máxima atenção durante os procedimentos;

- Jamais utilizar os dedos como anteparo durante a realização dos procedimentos que
envolvam materiais perfurocortantes;

- As agulhas não devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da seringa


com as mãos;

- Todo o material perfurocortantes (Agulhas, scalp, lâminas de bisturi, vidrarias, entre


outros..) mesmo que estéril, deve ser desprezado em recipientes destinados para
descarte;

- Os recipientes para descarte não devem ser preenchidos acima de 2/3 de sua capacidade
e devem sempre estar em local próximo ao procedimento necroscópico;
- Não deixar instrumentos perfurocortantes em locais que ofereçam riscos aos demais e asi
mesmo;

- Manter seu calendário de vacinação atualizado;

- É proibida a presença de pessoas estranhas no ambiente de sala de necropsia durante os


procedimentos;

- Usar instrumentais cirúrgicos adequados a cada procedimento;

- Os EPIs tais como: máscaras de gás, aventais plásticos, óculos de proteção, entre outros
deverão ser guardados nos armários próprios do vestiário após um rigoroso processo de
higienização e desinfecção, em hipótese alguma estes materiais podem ser levados para os
armários do alojamento;

- Após o uso, as luvas devem ser removidas cuidadosamente e descartadas como resíduo
potencialmente infectante.

- Ao abrir as portas, usar punhos ou cotovelos evitando tocá-las com as luvas contamidas;

- Manter fechadas as portas das salas de necropsia;

- Somente permitir a entrada de pessoas, no ambiente da sala de necropsia com


autorização e devidamente paramentadas;

- Não permitir o acesso de crianças no ambiente de sala de necropsia;

- Não usar calçados abertos tipo (sandálias, chinelos, alpercatas, tamancos....;

- Retirar luvas e jaleco ao sair do ambiente de sala de necropsia;

- No manuseio de vidros ou sacos plásticos contendo material (Urina, sangue, órgãos,...)


trate-os como potencialmente infectantes;

- desligar sempre os aparelhos elétricos após o término do seu uso ou seu expediente.

- O técnico de necropsia não deverá permanecer dentro da sala de Raio X ou durante o


procedimento no cadáver, salvo se estiver com avental de chumbo e protetor de tireóide;

12. TIPOS DE RISCOS

FÍSICO: são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores,
tais como: Ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações,
materias perfurocortantes.

QUÍMICO: São as substâncias ou produtos químicos que possam penetrar no organismo


pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, gases, vapores,, ou que, pela natureza
da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da
pele ou por ingestão.
BIOLÓGICO: Consideram-se os agentes de risco biológico as bactérias, fungos, parasitos,
virus, entre outros.

ERGONÔMICOS: O exame necroscópico exige a movimentação constante da equipe e a


descrição de todos os elementos observados durante os exames, demandando o uso de
muita força manual, fato que pode ocasionar cansaço das mãos, pernas e pés.

ACIDENTAL: Assim como em qualquer ambiente, existe a possibilidade da ocorrência de


quedas no ambiente de trabalho.

13. SINAIS DE SEGURANÇA SIMBÓLICOS


14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 FINKBEINER, W.E.; URSELL, P.C.; DAVIS, R.L. Autópsia em Patologia.


Atlas e texto. São Paulo: Editora Roca, 2004.
 MICHALANY, J. Técnica Histológica em Anatomia Patológica. 3.ed. São
Paulo: Editora Michalany,1998.
 QUEIROZ, C.; LIMA, D. O Laboratório de Citopatologia. Aspectos
Técnicos e Operacionais. Salvador: Editora Universitária/UFPE, 2000.

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