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Data: 27/08
Responsável: Eveline
Transcrito por: Grayce
Antidepressivos
Mirtazapina
Bupropiona
Dúvida: você falou que pode chegar até quanto? Resposta: 450. Dúvida: mas o
normal é de... Resposta: o normal é de 150 a 300 mg.
Dúvida: posso pega esses 150 e dar metade de manhã e metade a noite?
Resposta: pode, às vezes eu faço isso quando o paciente não tem
financeiramente condições de comprar o de 300. Quer dizer, já vai ser difícil ele
comprar o de 150, aí você pode dividir a dose, mandar ele manipular e ele tomar
75 mais 75. Às vezes você pergunta para o paciente qual o horário que ele mais
fuma, aí eu prescrevo só naquele horário. Tem paciente que não pode tomar 300
mg, que esse tratamento de 70 reais vai para 140 reais e ele não vai conseguir
manter esse tratamento.
Dúvida: como você disse, é indicado para tabagista e há outro tipo de droga que
ele pode ser indicado? Resposta: pode, para qualquer outra droga pode usar,
mas sem tanta evidência de que vai funcionar. Lembrando que pode melhorar a
compulsão, pode utilizar para qualquer droga.
Dúvida: pode usar em criança? Resposta: Pode, mas aí a gente acaba tendo
pouca indicação. Para o TDAH na criança você tem outros. Para compulsão
alimentar na criança você tem a fluoxetina, então acaba não sendo a primeira
escolha e você não prescrevendo. Agora no paciente epiléptico temos que tomar
cuidado. Se tiver outra opção é melhor do que prescrever bupropiona.
Dúvida inaudível. Resposta: você teria o vareniclina que é o champix, mas ele é
o de custo benefício melhor e acaba virando a primeira escolha pensando no
custo-benefício. Você pode prescrever, lembrando lá quando eu falo de inibidor
seletivo, ou de antidepressivo de uma maneira geral, você pode fazer aumento
de dose a cada semana. Então se você quer prescrever 300mg, você pode
começar com 75, depois para 150 e 300 para a outra semana.
Reboxetina
Dúvida inaudível. Resposta: na verdade é o ideal você reduzir a dose para 7.5
depois parar, mas a chance de dar síndrome de interrupção é muito baixa, por
que você está mexendo só com noradrenalina. Não está mexendo praticamente
nada com serotonina. Mas se puder fazer o desmame, é o ideal.
Dúvida inaudível. Resposta: não seria recomendado por que você pode
aumentar os efeitos adversos desse medicamento, se você inibir a
metabolização dele. Então o uso de bebida alcóolica inibe a metabolização e
aumenta os efeitos adversos.
Dúvida: então ele é usado mais na perda de peso? Resposta: para o tratamento
de obesidade. A gente não utiliza inibidor seletivo de receptação de
noradrenalina para tratar depressão, por que a chance desse paciente não
responder é muito grande, se ele não responde, ele pode evoluir com piora.
Então a gente não utiliza essa classe para tratar depressão.
Trazodona
Dúvida: pode ser usado como monoterapia? Resposta: em doses altas tem
pacientes que podem melhorar só com trazodona. Quando você precisa fugir
dos efeitos adversos dos outros medicamentos, você pode apostar na trazodona
para esse fim. Pode ser utilizado.
Hypericum
Dúvida: mesmo o passiflora? Resposta: o passiflora vai ter o efeito placebo, vai
fazer melhorar qualquer um, mas só pelo efeito placebo. 30% dos pacientes vão
responder por efeito placebo, então se você acha que o paciente vai responder
por efeito placebo, ele não precisa de um efeito terapêutico, aí você pode
prescrever qualquer um fitoterápico, mas se você percebe que aquele paciente
precisa do efeito placebo e terapêutico, aí você não pode prescrever essa
substância.
Agomelatina (Valdoxan)
Dúvida inaudível. Resposta: não, por que aí é uma ação no sono a nível de
melatonina e não a nível de receptor gaba, ou seja, não causa dependência, não
causa efeitos colaterais importantes. É como se fosse uma melatonina com efeito
antidepressivo.
É logico que não é monoterapia para tratar nada, você vai comercializar,
vai induzir a melhora do humor, mas por meio da melatonina. De 25 a 50 mg.
Então é uma opção que dentro de um tempo vai ficar muito acessível, quando
quebrar a patente e aí com certeza muitos pacientes vão começar a usar
agomelatina. Claramente você vai perceber, a pessoa dorme mal tem muito
tempo e se ela tomar melatonina ela vai melhorar, mas fora isso, a maior parte
das outras opções, a agomelatina não vai ter aquela resposta como os outros
antidepressivos.
Olha só para gente encerrar essa parte dos antidepressivos, esse artigo,
um artigo muito grande, que comparou a eficácia de antidepressivo seletivo com
dual, por que a indústria hoje é isso, a indústria farmacêutica na medicina te
induz a prescrever um medicamento mais novo. Então a gente está sempre
tentando prescrever um anti-inflamatório mais novo, por que o diclofenaco não
tem a mesma eficácia, um bloqueador de bomba de prótons mais novo, por que
o antigo não tem eficácia e por aí vai.
Olha só, como se trata aí uma depressão, pensando aqui nesse caso pelo
lado tratamento medicamentoso, o tempo de duração do tratamento. A gente
tem lá uma fase aguda, que dura 2 a 3 meses, então você mantém essa fase
aguda até a remissão completa. Então se o paciente não melhorou, você está
na fase aguda, mudando remédio, fazendo troca, até ele sair da fase aguda. Saiu
da fase aguda, você vai para a fase de continuação de 4 a 6 meses, normalmente
com a mesma dose da fase aguda. E aí o paciente continua estável e você vai
para a última fase, que é a de manutenção, que normalmente vai durar aí uns
nove meses, às vezes até um ano, nos primeiros episódios, normalmente 2 anos
no segundo episódio, se alguns desses episódios foram graves, 5 anos de fase
de manutenção, e se for um quadro recorrente, crônico, provavelmente sem
tempo para suspensão da medicação.
Muita conversa!!!!
Ele tomou um mês, melhorou, mas ele está 3 meses sem remédio e volta
dizendo que não sente mais nada, que está super bem. O que vocês fariam? Ele
mesmo fez o desmame, pode ter tido síndrome de interrupção, mas ele melhorou
depois. Vocês vão falar com ele que precisa fazer isso aqui ainda ou não?
Dúvida: você vai sugerir ele voltar no tempo que ele parou? Resposta: isso, ele
volta de onde ele parou, na fase de continuação. Agora, se ele já teve episódios
anteriores graves, se o quadro é recorrente, não pode deixar o paciente sem
remédio não, aí a probabilidade dele piorar é muito grande. Você não deixa ele
sem remédio, prescreve o remédio de novo. Tenta motivar esse paciente a usar,
se ele não usar você fez sua parte.
Aluna: um paciente que entrou na fase de depressão aguda, você foi lá e
medicou ele. Um mês, um mês e meio, chegando aos dois meses você viu que
ele não melhorou pela prescrição, você troca e a partir do momento que você
troca essa medicação você passa a contar esses 3 meses ali, ou daqui um mês
e meio ele vai ter mais um mês e meio para inteirar os três? Resposta: enquanto
ele não melhora, ele está na fase aguda do tratamento.
Existem vários algoritmos para tratar depressão, aula passada a gente viu
o algoritmo da esquizofrenia, vocês tiraram foto.
Esse aqui (abaixo), vocês não vão conseguir ler, mas só pra vocês entenderem
como é fácil.
É isso mesmo. Se você vai aumentar a dose, vai chegar até a dose
máxima, vai esperar ali 4 semanas pra ver se ele responde. Chegou na dose
máxima, não respondeu, associa ou troca. Se você associa, aí você vai associar
com várias outras opções, que são medicamentos que vão potencializar a ação
antidepressiva. Aí você tem um segundo antidepressivo, você tem um
estabilizador de humor, você pode utilizar um anticonvulsivante, você pode
utilizar um antipsicótico ou de primeira ou de segunda geração, você pode utilizar
até hormônio tireoidiano que está lá em baixo como opção, então essas são as
opções de potencializar, ou então fazer a troca.
Aí se você for trocar, você pode trocar por um de mesma classe? Alunos
respondem que não! Vamos supor que não respondeu com 80 mg de fluoxetina.
Vocês tirariam os 80mg de fluoxetina e prescreveriam, por exemplo, 40 de
citalopram que seria a dose máxima?
Isso, mesmo fazendo todo o cuidado para retirar, vocês acham que daria
certo? Esse paciente iria responder?
Dúvida: pra você aumentar a dose daqueles medicamentos, ele tem que ter tido
uma pequena melhora ou alguma coisa assim? Resposta: você só sai da fase
aguda quando ele tem remissão completa.
Dúvida: inaudível. Resposta: enquanto o paciente tem remissão, por exemplo,
você prescreveu fluoxetina 40 mg, aí você pede o paciente para voltar e tá com
sintomas depressivos, dali um mês, aí com um mês ele melhorou 50%, isso quer
dizer que ele pode melhorar com fluoxetina, então vamos aumentar a fluoxetina.
Dúvida: ele está na aguda? Resposta: está na aguda e você pede pra ele voltar
daqui a um mês, ele ainda está na aguda, aí ele volta já com 2 meses de
tratamento e remissão completa com 80mg de fluoxetina, aí você pode sair da
fase aguda e ir para a fase de continuação. Ah mas aí ele volta com 80 mg de
fluoxetina e com 70% de melhora, você pode ir para a fase de continuação? Se
você for pra fase de continuação, não mexer mais na prescrição desse paciente,
quando eu digo mexer na prescrição não é só medicamento não, fazer mais
alguma coisa pra ele melhorar. Se você não fizer, o que pode acontecer com
esse paciente?
Então ficar com aqueles sintomas que não melhoram e aí você mantém
remédio e o paciente não melhora aqueles sintomas, então você continua na
fase aguda e aí você começa a pensar em outra alternativa. Por exemplo, o
paciente respondeu 70% com fluoxetina, aí ele volta, mas queixando alguma
coisa, por que você vai tirar a fluoxetina? Às vezes a gente vê muito isso, né? Às
vezes é um médico inexperiente, que não sabe associar. Aí com 80 mg de
fluoxetina o paciente respondeu 70%, mas ainda está choroso, desanimado,
ainda está na fase aguda, aí você “ah vamos trocar a fluoxetina e vamos associar
por que ele já respondeu 70%, a fluoxetina foi um bom remédio pra ele.
Dúvida: aí ele melhorou e foi para a remissão e ele melhorou *****? Resposta: aí
a gente resolve não tirar a fluoxetina e prescreve bupropiona, trazodona, ou
prescreve venlafaxina com fluoxetina, aí tem remissão completa. Melhorou, você
entra na fase de continuação com esses mesmos remédios. Aí depois vai para
a fase de manutenção e nessa fase de manutenção, você pode tentar reduzir
alguma coisa, não se recomenda na literatura reduzir, você só reduz no final do
tratamento quando você quer dar alta pra esse paciente, mas se você percebe
que cabe uma pequena redução ali, você pode fazer. Mas não é recomendado.
Dúvida: eu saí da fase aguda com 80 mg de fluoxetina, aí eu vou para a fase de
continuação, eu continuo com as 80 mg por mais 6 meses, sai da continuação e
vou para a manutenção, eu continuo com os 80mg na manutenção? E quando
eu vou desmamar ele? Resposta: Sim. Aí o que acontece para desmamar você
tem que dar alta para o paciente ou quando começar a surgir efeitos colaterais,
aí você vai ter que amenizar. Aí você vai ter que reduzir alguma dose, por que o
paciente não está tolerando mais aquela dose. Ele melhorou, mas a dose já
passa a causar efeitos adversos. Vamos supor, melhorou o sono, mas agora ele
já começa a causar sonolência. Tem que reduzir um pouco.
Dúvida: e se tiver dando efeito colateral? Resposta: você pode tentar reduzir,
mas aí vigia pra ver se o paciente não vai entrar na fase aguda de novo, ou então
troca.
Dúvida: se ele estava na continuação e aí ele teve uma recaída e ficou mal de
novo mesmo tomando o remédio, aí eu volto para a fase aguda e continuo com
a mesma medicação? Resposta: ele teve recaída mesmo usando a medicação?
Você volta para a fase aguda. Ou seja, só aquela medicação não foi eficaz pra
controlar a medicação. Aí você já sair daquela fase de que esse não deu certo,
pode dar certo ou não, mas você pode pensar em associar ou trocar. Aumentar
a dose provavelmente não, por que você já está na dose máxima.