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AMIGOS  E  AMIGAS,  ESTA  UMA  DAS  DUAS  ÚLTIMAS  TRANSCRIÇÕES  DO  NOSSO 

CURSO  (A  OUTRA  TRANSCRIÇÃO  SERÁ  A  DE  FILOSOFIA  QUE  ENVIAREMOS  EM 
BREVE).  
VALEU A PARTICIPAÇÃO DE TODOS EM TODAS AS TRANSCRIÇÕES DURANTE TODOS 
OS PERÍODOS DO CURSO. 
A UNIÃO FAZ E FEZ A FORÇA.  
NESTA  TRANSCRIÇÃO  PARTICIPARAM:  ANA  VALVERDE,  ANA  CRISTINA,  LUIZ 
CLAUDIO,  RENATA  BARBOSA,  FABIO  ARAUJO,  EDUARDA  VENTURA,  MARISSOL, 
ROSINERE,  LORENA  CHIROL,  RAFFAELA  NOGUEIRA,  CARINA  BARBOSA,  SORAYA 
GOMIDE. 
 
 
DIPRI II  ‐  17 DE MARÇO 
 
Bibliografia: 
1) Direito Internacional Privado, Nádia de Araújo. 
2) O Direito Internacional Contemporâneo, Roberto Barroso. 
3) Direito Internacional Privado, Jacob Dolinger. 
4) Curso de Direito Internacional Privado, Florisbal de Souza. 
 
  Faremos uma pequena introdução sobre o tema que será tratado ao longo do 
semestre. Hoje é um dia importante para todos que trabalham com o direito, pois foi 
sancionado  o  Novo  Código  de  Processo  Civil  ontem.  Um  dos  artigos  vetado  no  Novo 
CPC é o 35 que tratava justamente sobre Cooperação Internacional.  
  Teremos um trabalho dobrado pois estudaremos o CPC atual, vigente até 2016, 
e o Novo CPC. Também abordaremos a influência do Novo CPC nas questões do Direito 
Internacional. 
  Como vocês aprenderam no semestre passado, o Direito Internacional consiste 
em,  na  grande  maioria  dos  casos,  da  escolha  de  um  direito  aplicável  sobre 
determinado  caso  jurídico  concreto.  Ou  seja,  é  a  busca  por  normas  locais  e  normas 
internacionais  a  respeito  não  só  de  um  direito  aplicável  em  determinado  caso 
concreto,  mas  também  –  e  mais  importante  para  nossa  matéria  –  a  escolha  da 
jurisdição competente para julgamento de determinado caso concreto.  
  Em que caso o direito internacional privado precisa se meter para decidir qual a 
jurisdição competente e qual a legislação, local ou internacional, aplicável? 
  A  interseção  do  direito  interno  se  dá  em  casos  em  que  haja  conexão 
internacional,  ou  seja,  sempre  que  houver  o  elemento  de  estraneidade.  Sempre  que 
houver conexão com o direito material de algum outro país, é necessário a intervenção 
de norma jurídica de direito internacional privado para decidir (i) a legislação aplicável, 
se  é  a  local  ou  a  estrangeira  ou  algum  ato  de  operação  internacional,  Tratado  ou 
Convênio,  (ii)  e  para  decidir  qual  é  a  jurisdição  competente  para  julgamento  de 
determinado  caso  concreto.  Caso  pudéssemos  resumir  muito  brevemente  a 
importância do direito internacional privado, seria essa. 
  Por  uma  série  de  questões  sociais,  valorização,  avanço  da  internet,  comércio 
eletrônico, vem se tornando cada vez mais relevante a aplicação de normas de DIPri. 
Vivemos em uma era na qual praticamente as fronteiras acabaram.  
  Hoje  em  dia  é  muito  comum  mudança  definitiva  ou  temporário  para  outros 
países, a celebração de contratos internacionais, a realização de contratos de consumo 
internacionais,  etc.  Situações  nas  quais  havendo  conexão  de  alguma  forma  com  o 
direito  material  de  países  com  o  Brasil  é  necessária  a  aplicação  de  normas  de  DIPri, 
tanto para escolher qual a norma de direito material que nós vamos aplicar, como para 
escolher a jurisdição competente.  
  Ressalta‐se  um  princípio  do  direito  internacional  privado  que  os  tribunais 
brasileiros estão aptos a aplicação de legislação estrangeira. Então não é incomum que 
o Tribunal brasileiro, por exemplo: o STJ, aplique uma lei de outro país. Alerta: apenas 
para  leis  matérias.  Legislação  processual  sempre  será  a  do  país  que  o  tribunal 
competente atua.  
Desta  forma,  os  tribunais  brasileiros  estão  aptos  a  aplicação  de  legislação 
material  estrangeira,  os  tribunais  brasileiros  não  aplicam  legislação  processual 
estrangeira. 
Nossa missão em DIPri II é estudar o chamado: conflito de jurisdição. É muito 
comum  o  uso  da  expressão  “direito  processual  internacional”,  embora  não  seja 
necessariamente  um  direito  processual  pelo  fato  de  suas  principais  regras  de 
competência estarem nos artigos 88 ao 90 do Código de Processo Civil. 
São  casos  que,  de  acordo  com  a  legislação  brasileira  ou  de  acordo  com  as 
normas  internacionais,  os  tribunais  nacionais  são  competentes  para  julgamento  de 
uma determinada causa. 
Além  de  estudar  quando  os  tribunais  brasileiros  são  competentes  para  julgar 
uma causa, vamos estudar dois tipos de competência: a concorrente e a absoluta. Ou 
seja,  em  alguns  casos  a  justiça  brasileira  é  competente  em  concorrência  com  justiça 
estrangeira e em outros casos específicos a competência nacional é exclusiva. 
Isso é importante porque em casos de competência concorrente, em casos que 
a  lei  nacional  admita  a  concorrência  do  julgamento  do  Brasil  com  o  julgamento  de 
outro país, é possível a homologação da sentença estrangeira no Brasil. Já em casos de 
competência exclusiva, não se admite homologação de sentença estrangeira.  
Quando fala‐se de julgamento de casos direto pelos tribunais brasileiros, fala‐se 
de  jurisdição  direta  dos  tribunais  brasileiros.  Ou  seja,  quando  há  uma  causa  com 
conexão  internacional,  quando  há  um  ponto  de  contato  entre  o  direito  material 
brasileiro  e  o  direito  material  de  outo  país,  pode  ser  que  ocorra  competência 
concorrente ou competência exclusiva da justiça brasileira. Se a justiça brasileira tiver 
competência concorrente ou exclusiva se dá a jurisdição direta dos nossos tribunais.  
Por  outro  lado,  há  casos  em  que,  seja  porque  a  competência  é  corrente  ou 
porque o tribunal brasileiro não tem competência, vamos estudar a jurisdição indireta 
dos tribunais brasileiros. A jurisdição indireta trata‐se (i) de homologação de sentença 
estrangeira, (ii) cartas rogatórias – a realização de qualquer ato de natureza processual 
oriundos de justiça estrangeira em território nacional depende de carta rogatória. 
 
 
DIPRI II Rio, 24 de março de 2015
DIPRI II
Professor: Leonardo Ribeiro
leonardo@ribeirodaluz.com.br  
 
Apresentação mais uma vez.
Meu nome é Leonardo. Sou responsável por trabalhar com vcs a disciplina
Direito Internacional Privado II. Já fiz uma breve apresentação na aula passada, mas
tive um caso de família envolvendo o escritório e tive que me despencar para lá. Espero
que já tenham informações sobre data da prova, e tudo, mas me coloco à disposição
para esclarecimentos, tirar dúvidas, sugestão, o que vcs precisarem.

Eu esqueci de falar na aula passada, mas já existe na xerox, na pasta, uma


compilação de textos objetivos para nossa matéria, são relativos a uns 3 ou 4 livros
importantes, capítulos específicos. A leitura não é obrigatória, são textos de alguma
forma pesados, mas fica como sugestão de bibliografia também para vcs. Quem tiver
interesse em buscar lá...eu não sei. Está na pasta com o nome de Leonardo ribeiro ou
apenas na pasta de DIPRI II – é só pedir ao Dudu. Salvo engano já tem até encadernado
para facilitar.
Além disso eu vou deixar um texto sobre um dos pontos que a gente vai tratar hj,
é sobre uma divergência que o STJ tem, e que o poder judiciário de uma forma geral no
Brasil tem, que é sobre a validade de cláusula de foro de eleição no caso de contratos
internacionais. Como a gente vai ver, nos casos em que a competência do nosso
tribunal é concorrente, ou seja, no caso que o direito brasileiro admite validação das
decisões estrangeiras, é muito comum a análise, a exceção de foro quando há clausula
de foro de eleição em contratos internacionais. Caso os contratos internacionais
estabelecem como foro de eleição uma jurisdição estrangeira e há divergência nesse
sentido, se esta clausula é válida ou não. Há um artigo bastante, um parecer bastante
interessante, do ministro aposentado já falecido, Athos Gusmão carneiro, em que ele
defende a não aplicação da cláusula. O colega vai passar para vcs. Então temos já um
material na xerox para trabalhar, e a gente volta a começar a diferenciar as espécies de
jurisdição internacional.

Como eu introduzi na semana passada, o DIPRI consiste, basicamente, numa


escolha de critério, na criação e análise de critérios que vão definir qual a legislação
aplicável a um determinado caso concreto e qual a jurisdição competente para análise
desse caso concreto.
A gente pode, então estabelecer de uma forma geral que o objetivo final das
normas de direito internacional privado é uma espécie de harmonia internacional, uma
vez que cada estado tem autonomia e tem a prerrogativa de selecionar quais são os
casos em que ele tem jurisdição exclusiva e quais os casos em que ele admite a
aplicação de decisões e de atos processuais de direito estrangeiro. Então, na verdade, a
fim de harmonizar decisões internacionais, é que o DIPRI cria, estabelece, normatiza
critérios em direito interno, eventualmente podem haver convenções e tratados, mas
basicamente em direito interno, critérios de definição a respeito da norma material
aplicável , ou seja, qual o direito material aplicável ao caso concreto, e a gente já falou
isso na semana passada, mas lembrando que é admissível a aplicação em tribunais
brasileiros de direito estrangeiro. Isso é princípio universal de admissão de direito
estrangeiro em território brasileiro,mas tem caso de jurisdição exclusiva que só o Brasil
pode tratar.
Durante muito tempo,ao DIPRI foi atribuído uma aura, uma etiqueta, de um
direito aristocrático, direito de nível econômico mais elevado, uma vez que as primeiras
decisões universais a respeito de DIPRI envolviam famílias reais, empresas
multinacionais. Há muito tempo atrás, não havia massificação de consumo, internet,
como há hj, mas as poucas empresas globais que existiam antigamente eram alvo de
decisões de DIPRI, então é um direito que tem essa etiqueta de aristocrático, etc, que
envolve muito dinheiro. Num primeiro momento aqui a gente tem que desmistificar essa
ideia, porque atualmente a gente vive um momento , e daqui entendo que seja para pior,
um momento em que as fronteiras do ponto de vista interpessoal e do ponto de vista
comercial , as fronteiras não apresentam qq relevância. Eu tenho certeza que todo
mundo aqui já fez compras em sites estrangeiros através da internet; eu tenho certeza
que muita gente aqui se relaciona e teve oportunidade de ir a faculdades fora, fazer
intercâmbio, morar eventualmente lá, e isso atrairia legislação e jurisdição de outro
país..então, a gente vive num momento em que o direito internacional privado é
aplicável não para pessoas nobres, de sangue azul, mas um direito internacional
privado que é aplicável a qq um de nós. Especialmente porque, e a gente vai fazer uma
outra diferenciação importante, o DIPRI é aplicável nos casos mais comuns que se pode
imaginar. Casos que envolvem, por ex, direito das sucessões, direito de família, direito
do consumidor, qualquer contrato eventualmente internacional envolve aplicação , a
criação e a escolha de critérios que vão definir qual a legislação aplicável, qual a
jurisdição competente. Então, já derrubando uma ideia de que esse ramo do direito
internacional privado é um ramo do direito que mantém um afastamento muito grande
do nosso dia a dia, temos que desmistificar já essa ideia, porque é , sim, um ramo do
nosso dia a dia e que oferece, para vcs que estão se formando, uma gama muito grande
de trabalho. Primeiro porque pouca gente trabalha com isso hoje, é raro ver alguém
especialista nisso (interrupção para falar sobre a queda do avião nos Alpes franceses
pela manhã – mais uma situação que se aplica o DIPRI). Um dos casos que a gente vai
estudar é das empresas aéreas no Brasil, caso da TAM e da GOL. No caso da TAM,
houve muita discussão sobre o foro competente, muita gente tentou levar o caso para os
EUA. Os EUA é alvo de processos, avião com qq conexão com os EUA é muito comum
que se tente atrair a competência para o poder judiciário, o foro norte americano pela
sua fama mundial de danos morais mais elevados, e vamos estudar os argumentos que
eles têm para afastar isso.
Falar que o direito internacional privado é um direito do dia a dia de maneira
nenhuma significa dizer que ele não se aplica mais a grandes casos, a casos importantes.
Só quero dizer que é aplicável ao nosso dia a dia da forma mais simples possível, nas
nossas relações interpessoais mais simples possíveis, nas nossas relações de família. Eu
tive oportunidade de trabalhar com um monstro do DIPRI, Lauro Gama Jr, não sei se
vcs conhecem.trabalhei em dois casos, mas um ficou muito famoso depois que eu deixei
de trabalhar com ele. É o caso da Bruna Bianchi e seu filho, Sean Goldman. Mãe
brasileira, pai norte americano. Ela foi fazer um intercâmbio nos EUA e acabou
engravidando do pai de Sean, namorou com o pai dele durante um tempo , voltou ao
Brasil com o filho, houve uma briga judicial durante um tempo, e no parto do segundo
filho ela acabou falecendo. Sean ficou com o padrasto e com a avó durante muitos anos,
houve uma briga judicial bem grande, havia uma discussão a respeito de qual seria o
foro competente, o dos EUA ou do Brasil, e finalmente o Sean foi levado pelo pai para
os eua. Esse caso ficou famoso, mas havia um, ainda mais interessante, que era um caso
muito parecido de um pai canadense, e a saga do pai pelo filho era basicamente uma
saga por dinheiro: ele começou a vender souvenir com a cara do filho, caneca, boné,
camiseta, tinha uma loja virtual...o cara ganhou muito dinheiro com isso, inacreditável.
Bom, basicamente é desmistificar essa ideia de que é um direito aristocrático, de
rico, de empresas multinacionais, milionárias. Não, não é. É um direito do nosso dia a
dia. A gente vai ver que o CPC regulamenta de uma forma muito mais próxima a isso.
Legislações como o próprio cdc estabelece qual o foro adequado para questões
envolvendo direito do consumo, quando o consumidor estiver residindo no brasil.
Como eu já antecipei, cada pais tem um regulamento interno para definição tanto
da norma material aplicável aos casos concretos, como da sua pp definição de
competência. A grande diferença entre o DIPRI o chamado direito interno, é a presença
do chamado elemento de conexão internacional, ou, palavra que as doutrinas gostam
muito, a presença de um elemento de estraneidade. São questões do nosso dia a dia, que
poderiam muito bem ser questões internas, mas que pela existência de uma conexão
internacional que envolva algum elemento estrangeiro há de se entender, antes de qq
coisa, se a competência de julgamento é nossa ou se a competência para o julgamento é
estrangeira; se o direito material aplicável é o nosso direito, se o direito material
aplicável é o direito estrangeiro. Falando em direito interno, falando em normas internas
que tratem de direito internacional privado, a mais conhecida, obviamente – e vcs
devem ter tratado muito dela em DIPRI I-, a lei de introdução ao direito brasileiro
LINDB. Ela define a partir de seu artigo 7º, 8º em diante, qual o direito material
aplicável em determinados casos concretos. E a gente vai ver que há algumas situações
em que se determina por ex, em caso de contratos internacionais, se o proponente
estiver fora do Brasil, a legislação do estado do proponente. Mas, por outro lado, se o
réu estiver domiciliado no Brasil, a jurisdição competente, ainda que de forma
concorrente, é a jurisdição brasileira. Logo, é bem plausível a hipótese de um
julgamento no Brasil utilizando normas do direito material do estado do proponente.
Parece uma hipótese absurda, mas é bastante comum, inclusive.
Dentro do direito internacional privado, a parte que a gente vai estudar é a parte
do direito internacional processual civil, ou conflito de jurisdições, ou conflito de
competência. A nossa missão em DIPRI II , durante essas 12, 13 aulas que a gente vai
ter, é delimitar casos de competência de dois tribunais brasileiros, casos em que haja
competência dos tribunais brasileiros direta, ou seja, casos em que os tribunais
brasileiros vão ter a prerrogativa de julgar o caso, não de simplesmente validar decisões
estrangeiras . Dentro da competência direta de nossos tribunais, a gente vai dividir,
separar as competências em competência concorrente , casos em que o Brasil admite o
julgamento de tribunais estrangeiros, e competência absoluta, caso em que tribunais
brasileiros não admitem , não homologam decisões de tribunais estrangeiros. As razões
para isso são razões bastante simplórias.
O nome direito internacional privado, por si só, atrai um monte de criticas,
porque nem privado é, e nem internacional é. Ele é um direito privado, supostamente,
porque trata de assuntos de direito público. Jurisdição é direito público, direito do
consumidor está bastante perto de direito público, tributação, casos envolvendo
alimentos. Além disso, direito internacional privado, não tem nada de internacional,
porque a grande maioria das normas que a gente vai tratar aqui é de direito interno,
normas brasileiras, a gente vai trabalhar com o CPC. Basicamente, na nossa matéria, a
gente vai trabalhar com o artigo 88 do CPC, com a lei de introdução ao código civil, e
eventualmente com algumas convenções internacionais mas de forma subsidiária.
Então, basicamente a gente trata de direito interno, não direito internacional. Alguns
autores chegam a sugerir outras nomenclaturas. A mais comum é Nomantologia – o
estudo do confronto de normas. A diferença mais básica entre o direito internacional
privado e o direito internacional público...alguém consegue diferenciar, uma diferença
clara entre os dois? (inaudível) a diferença mais básica está nos sujeitos. Os sujeitos de
direito internacional público são os estados e entidades internacionais que atraem para si
uma legislação específica – legislações internacionais, tratados internacionais. Aqui, a
gente vai tratar do direito do dia a dia das pessoas comuns, pessoas de direito privado,
físicas, jurídicas . Essa é a diferença mais básica entre os dois. O direito internacional
público trata da ONU, da Cruz Vermelha, Estados Internacionais, OMC.... O direito
internacional privado vai tratar do nosso dia a dia, de empresas comuns, contratos entre
pessoas jurídicas de grande porte, de pequeno porte, contratos entre pessoas físicas,
direito sucessório, direito a alimentos, a diferença está muito clara, muito marcada, na
origem dos sujeitos.
É muito comum também que a gente escute que o DIPRI basicamente é um
‘sobredireito’, no sentido de que ele traz normas não aplicáveis ao caso concreto, mas
normas sobre normas, normas que vão definir no caso concreto quais são as normas
aplicáveis. Numa rápida olhada na lei de introdução às normas de direito brasileiro, as
normas que tratam de direito internacional privado ali elas não se aplicam em caso
nenhum diretamente ao caso concreto. São normas que têm por objeto definir
efetivamente qual é a norma aplicável ao caso concreto. Ela vai dizer por ex, só a título
de ilustração,

Artigo 9º da LINDB leitura.

Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se
constituírem.

Então, o primeiro passo do intérprete vai ser definir em que local se constituiu a
obrigação. E a pp lei nos indica critérios para isso. Mas o fato é que a LINDB ela não
diz como se vai definir o caso concreto. Ela diz que lei vai definir o caso concreto, que
lei vai regulamentar o caso concreto. Por isso a expressão ‘sobredireito’. DIPRI é
claramente uma espécie de sobredireito uma vez que ele trabalha com normas sobre
normas. Então, basicamente nosso estudo vai tratar, vou trazer um fechamento aqui,
vamos tratar de situações envolvendo entes privados, uma vez que se tratasse de estados
internacionais, entes públicos , o estudo seria mais voltado para o direito internacional (
o prof. Falou “privado”, mas acho que por engano ) público, vamos tratar de questões
privadas que por algum motivo específico há um elemento de conexão, há um elemento
estrangeiro envolvido, e isso gera a necessidade de analise no caso concreto , primeiro,
de qual a lei material aplicável àquele caso concreto; e, num segundo momento, de qual
a jurisdição competente para julgamento daquele caso concreto , seja qual for o direito
material aplicado. Do ponto de vista da nossa matéria, DIPRI II, nosso estudo se centra,
se foca, na escolha da jurisdição. É o estudo, basicamente, do direito internacional
privado civil, ou direito processual civil internacional , melhor dizendo: conflitos de
jurisdição, conflitos de competência, internacionais.

Conflito de competência: há uma crítica muito grande também a esse nome. É


muito comum o uso do nome ‘competência internacional’, mas é uma expressão
bastante criticada também uma vez que não há efetivamente uma competência
internacional; não há um tribunal internacional competente para julgamento de
questões de DIPRI. Então, a gente falar em competência internacional parece uma
impropriedade técnica. Especificamente se a gente e analisar competência sob o ponto
de vista daquela teoria de Chiovenda que fala que jurisdição é o poder que determinado
estado tem para o julgamento de uma causa; e competência seria a medida da
jurisdição. Competência, nessa análise mais clássica, é a divisão interna da jurisdição.
Então, os tribunais brasileiros teriam na verdade jurisdição para julgar um caso
concreto, e dentro do poder judiciário brasileiro, ou seja, uma vez definido o poder
judiciário brasileiro, ou o poder judiciário estrangeiro qq que seja, uma vez definida a
sua jurisdição, a sua capacidade de julgamento do caso concreto, aí sim se define a
chamada competência, que é a divisão interna para julgamento.
A expressão competência internacional parece , de certa forma, inapropriada.
Digamos assim. Mesmo a expressão direito processual civil internacional me parece tb
um pouco inapropriada. Especialmente porque a gente está falando de um ramo aqui
que para a prof. Nadia de Araujo , que é com quem a gente mais vai trabalhar aqui,
quando a gente está falando em direito processual civil a gente está falando de direito
público, não de direito internacional privado.
Mas, de certa forma há tantas expressões, tantas nomenclaturas inapropriadas
no direito, que a gente vai seguir aquela que está consagrada. Então, vamos falar em
conflito de jurisdição, em conflito de competência, vamos falar em direito processual
internacional civil, lembrando que há também o direito processual internacional penal, e
fica o registro que se trata de algo que me parece, e parece para grande parte da
doutrina, de certa forma inapropriado.
Como disse para vcs no começo, cada estado é livre e independente para definir
a extensão da sua pp jurisdição. Ou seja, cada país ao redor do globo tem a
possibilidade, tem a prerrogativa, de definir a extensão de sua jurisdição. Trazendo para
o nosso plano, é a lei brasileira que define em que casos o poder judiciário é
competente para o julgamento de determinadas causas com conexão internacional. É o
Brasil que define em que caso o poder judiciário é competente e é o poder legislativo
brasileiro, através das nossas leis, que define em que casos o poder judiciário tem
competência exclusiva, ou seja, casos que só o poder judiciário brasileiro pode tratar e
qualquer decisão estrangeira a respeito do mesmo assunto será taxada como ineficaz .
Ela não é nula, não é inválida, simplesmente, no território brasileiro, é ineficaz, não
produz qq efeito.
Em que pese a nossa competência, em que pese a prerrogativa do poder
legislativo brasileiro de definir quais são os casos em que o poder judiciário brasileiro é
competente para julgamentos de casos concretos, vale pontuar que, em princípio, é
praxe internacional que se evitem abusos por conta de cada país. Especialmente porque,
as decisões, muitos princípios básicos que a gente vai ver, as decisões de direito
internacional que envolvem elementos estrangeiros dependem, carecem, precisam, para
que não haja um afastamento da jurisdição, para que não haja uma denegação de justiça,
essas decisões carecem necessariamente de efetividade. Há legislações mais
condescendentes desse ponto de vista e outras menos. Só para pontuar, o código civil
francês, por exemplo, estabelece que um contrato envolvendo qq nacional, francês,
tendo sido estabelecido onde for, resida o francês onde ele residir, a ação pode ser
ajuizada na frança. Imaginem um francês que mora na China, que faz um contrato
comum com um fornecedor de serviço chinês, ele em tese teria a prerrogativa de ajuizar
uma ação na frança. Uma decisão na frança, provocada por um elemento francês, pelo
poder judiciário francês , mas envolvendo um contrato que nasceu, que tem sua
execução na china, numa 1ª análise, ele vai ter efetividade? Parece que não. A questão é
a efetividade da decisão. Então, por razões de efetividade cabe aos estados evitar
situações, primeiro, de abuso na definição de sua competência; evitar que se
estabeleçam competências que sejam carentes de efetividade. Em segundo lugar, evitar,
e a gente vai ver alguns mecanismos para isso, a denegação de justiça. A declaração
universal de direitos humanos estabelece a inafastabilidade jurisdicional. Então, não é
incomum que tenhamos conflito negativo de jurisdição. Casos em que havendo
elemento de estraneidade, havendo conexões internacionais, dois tribunais de dois locais
diferentes vão se declarar incompetentes. Isso geraria uma situação que viola direitos
humanos, que viola a declaração universal de direitos humanos, que é a denegação de
justiça, que é a inexistência de um poder judiciário competente para análise daquele
caso concreto.
Então para a gente poder fechar um conceito, a competência internacional, que é
o objeto do nosso estudo, pode ser definida como a aptidão de determinado estado nos
termos do seu regulamento jurídico para processar e julgar determinada demanda.
Lembrando que competência internacional não pareça o termo tecnicamente mais
correto, mas utilizaremos este termo que está consagrado e a gente prossegue assim para
não haver problemas na leitura de vcs.
Seguindo a formatação criada pela prof. Nadia de Araujo, vamos definir os 5
princípios – eu considero a melhor definição, mas existem outras: há quem defina 10,
15, princípios, e há quem consiga sintetizar em 2 princípios -, acho essa sistematização
bastante válida, então vamos definir os 5 principais princípios da jurisdição
internacional, da competência internacional. São eles:
1 – princípio da jurisdição razoável – o principio da jurisdição razoável tem um
aspecto claro de evitar, impedir, a prática de abusos na definição de jurisdição de cada
estado. Se a gente pudesse definir, seria o principio que determina que em casos com
elementos internacionais, este deve ser julgado por tribunal que tenha razoável conexão
com o objeto do litígio. Ou seja, é necessário que o tribunal tenha uma conexão
razoável com aquele caso concreto que vai ser julgado para que o julgamento seja
efetivo. Não pode ser o caso francês, ou casos em que o juiz competente para a causa
não vá ter nenhuma conexão com o litígio, prejudicando a efetividade do julgado.

2 – principio do acesso à justiça (princípio universal) – (também conhecido


como direito efetivo à prestação jurisdicional ) – dentre outros aspectos, o acesso à
justiça impede denegação de justiça, garante ao litigante assistência judiciária integral,
e benefício da justiça gratuita. Tudo isto inserido na ideia de acesso à justiça. Além de
ser princípio de direito internacional, antes de ser princípio de direito internacional, é
princípio do nosso direito interno também.

3 – principio universal da não discriminação – entre quem? Entre nacionais e


estrangeiros. O principio da não discriminação é o princípio da não discriminação entre
nacionais e estrangeiros.
Pergunta sobre o caso do brasileiro na indonésia.
Prof: crimes internacionais por ex de certa forma envolvem crimes praticados
em mais de um país ao mesmo tempo. Tráfico internacional de drogas, lavagem de
dinheiro, são crimes muito comumente atraídos para o direito internacional. O crime
começa lá, termina aqui, envolve elemento estrangeiro, é muito comum.
Sobre o princípio da não discriminação entre nacionais e estrangeiros, o direito
brasileiro não poderia, por ex, estabelecer casos de julgamento exclusivo para
brasileiros, ou benefícios exclusivos para brasileiros no âmbito nacional – o direito
brasileiro
As normas de direito interno que orientam a competência não poderiam
estabelecer essa discriminação. Por ex, julgar casos apenas de brasileiros.
4- principio da cooperação - talvez o mais importante, considerando que o
direito internacional privado tem um caráter protetivo dos direitos humanos, o princípio
da cooperação estabelece não apenas um sistema de relacionamento entre estados, mas
um sistema de cooperação. A parte mais sensível disso é o cumprimento de decisões de
outros estados no âmbito do território nacional. Ação através do STJ; homologação de
sentenças estrangeiras, por exemplo.
O fato de uma sentença estrangeira não ser, por ex, internalizado no direito
brasileiro, seria uma espécie de denegação de justiça, e seria, certamente, uma violação
do direito humano do acesso à justiça. Então esse princípio estabelece que de um lado a
cooperação entre os estados para fazer com que as decisões de um determinado estado
seja válida e efetiva em outro território – a gente vai ver com calma os requisitos para
que isso funcione.
Pergunta: Soraya pergunta sobre a questão de violação de principio no caso do
brasileiro executado na indonésia. Não há norma que vede a aplicação da legislação
interna de um crime.
Prof: caso da indonésia? Ah, sim! Ali, falando em direito material penal, aplica-
se o código penal local. Embora o Brasil tenha tentado fazer garantir os direitos
humanos que veda a prática da pena de morte, o que se aplicou ali foi o direito penal
interno do país.
Pergunta: não teria nada, nenhuma norma internacional, para evitar isso?
Prof: eventualmente teriam os tratados. Não parece que haja entre Brasil e
indonésia. Não há uma norma de caráter geral internacional que vede a aplicação do
direito interno de cada país, basta a gente imaginar que há condutas que são definidas
como crime no nosso direito interno que não são em outros países. Se um estrangeiro
comete um crime no Brasil que não seja no país dele, ele vai responder de acordo com
as nossas normas. Quando a gente fala em princípio de cooperação, vamos tentar focar
mais, vou tentar trabalhar com a hipótese de direito privado civil. Importante aqui é a
gente imaginar a efetividade de uma decisão proferida por outro estado dentro do nosso
território.vamos imaginar, por ex, decisões envolvendo alimentos. Vamos imaginar uma
ação de alimentos movida fora do Brasil, mas que tenha que ser cumprida no brasil
porque aqui reside, ou aqui está o empregador do alimentante. Depende,
necessariamente, do aspecto de cooperação dos nossos tribunais , e isso é o princípio
internacional da cooperação, para que essa decisão seja efetiva, sob pena de que uma
decisão estrangeira, embora proferida, não tenha qq efetividade por conta desse
rompimento da jurisdição. Portanto, a cooperação entre países para favorecer a
efetividade de decisões judiciais é o que a gente chama de princípio da cooperação.
Vamos trabalhar muito isso quando chegarmos em cartas homologatórias e
sentença estrangeira. Especialmente quando trabalharmos com ordem pública e outros
requisitos que faça com que o tribunal brasileiro homologue sentença estrangeira.

5- principio da circulação internacional – parece consequência do principio


anterior. Estabelece a interação entre ordens jurídicas sob vários aspectos.
Por exemplo, aplicação de direito estrangeiro em tribunais pátrios. Formalização
de tratados, convênios – circulação internacional. São vários aspectos que possibilitam,
mais uma vez, admissão geral de aplicação de direito estrangeiro no nosso tribunal é
um aspecto prático da circulação internacional.

Eu gosto muito também da classificação de um prof. Agenor de Andrade, e ele


parece ter razão. Embora não seja a forma mais didática de se explicar isso, ele sintetiza
esses 5 princípios em efetividade e submissão. Acho bastante interessante a visão dele,
porque de fato todos os 5 princípios que a gente falou aqui passam pela ideia de
efetividade das decisões e passam pela ideia de submissão das decisões. Submissão no
sentido de um estado permitir a aplicação de um direito de outro, e por ai vai.
Luiz: o prof. Leonardo Greco tb vai por esse caminho em seu livro de Direito
Processual Civil II.
Conversa sobre o professor Greco...

Bem, voltando, vamos falar de competência interna. Competência , jurisdição


direta.vamos começar problematizando a questão. Vamos começar trazendo três
problemas para discutir.
1º - o poder judiciário brasileiro ou estrangeiro pode julgar qualquer ação que
seja apresentada a ele?
2º -a quem cabe definir estes casos? A quem cabe estabelecer competências?
3º – como separamos normas de direito processual de normas de direito
material?

Vamos ao CPC
O nosso CPC define a competência separada em duas fases.
Primeiro há a definição de competência internacional. Primeiro o CPC define a
competência internacional, ou, tecnicamente mais apropriado, o CPC define em
primeiro lugar a jurisdição dos tribunais brasileiros (capitulo II do titulo IV do livro I,
processo de conhecimento , do CPC, fala em competência internacional - mas talvez
seja mais adequado falarmos em jurisdição)
Em um segundo momento, o CPC define a competência interna, ai sim,
competência, competência interna, divisão de jurisdição.
Essa forma de divisão, primeiro a competência interna internacional, jurisdição,
e depois, num segundo momento, a competência interna tem uma razão de ser. A
melhor técnica diz que primeiro o interprete tem que analisar se aquele caso concreto
está sob jurisdição do poder judiciário brasileiro, para num segundo momento definir a
competência interna. Ou seja, dentro do nosso território , qual o juiz, qual o tribunal é
competente para o julgamento da causa. Isso parece um pouco bobo, um pouco sem
explicação, mas o fato é que se a gente inverte essa ordem, há casos em que a gente vai
acabar fixando a competência internacional, a jurisdição, por meio da competência
interna. Isso é extremamente perigoso. Quer ver um ex? Vou dar o ex depois. Vamos
primeiro verificar quais são as definições de competência da jurisdição brasileira para
depois eu dar um ex, e vcs vão entender.
A jurisdição brasileira, a competência internacional nos tribunais brasileiros,
está definida nos artigos 88 a 90 do CPC

 
TÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA
JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA
Art. 86. As causas cíveis serão processadas e
decididas, ou simplesmente decididas, pelos órgãos
jurisdicionais, nos limites de sua competência, ressalvada
às partes a faculdade de instituírem juízo arbitral.
Art. 87. Determina-se a competência no momento em
que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações
do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente,
salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a
competência em razão da matéria ou da hierarquia.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Art. 88. É competente a autoridade judiciária
brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade,
estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato
praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I,
reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira,
com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no
Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados
no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e
tenha residido fora do território nacional.
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro
não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade
judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que
Ihe são conexas.
 
 
 
O artigo 88 do CPC, embora isso não esteja escrita lá, importante frisar,embora
essa informação não esteja escrita no artigo, mas considerando a melhor técnica
legislativa e a contraposição entre o 88 e 89, o 88 estabelece casos de competência
concorrente dos tribunais brasileiros .o caput diz o seguinte: . É competente a
autoridade judiciária brasileira quando.... Não está dizendo se é concorrente ou
exclusiva. Mas em contraposição com o 89. Que diz compete à autoridade judiciária
brasileira, com exclusão de qualquer outra, a interpretação é de que o 88 trata de
competência concorrente.

Os três casos que a gente vai analisar do art 88 do CPC, a competência dos
tribunais brasileiros é concorrente. Qual o significado de competência concorrente? Que
os tribunais brasileiros têm competência para a causa, mas admite-se o julgamento da
mesma causa em tribunais estrangeiros. Ou seja, decisões de tribunais estrangeiros
sobre esses assuntos têm a possibilidade de serem homologados em território nacional.
Falando de uma outra forma: o direito brasileiro, as normas de direito processual
brasileiro admitem conferir eficácia a decisões estrangeiras a respeito desse assunto. Ou
seja, o tribunal brasileiro seria competente para o julgamento, mas as partes por opção
se submeteram ao julgamento da mesma causa em outro país. Essa decisão estrangeira
pode ser homologada no Brasil, pode ganhar eficácia dentro do território nacional – os
casos do artigo 88 podem. O contrário dos casos do art 89. Como diz o pp caput do art
89, a autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra jurisdição. Casos
previstos no art 89 não admitem homologação dessas decisões. O sistema jurídico
nacional não confere eficácia a qq decisão a respeito desses temas dentro do território
nacional.
Vamos aos incisos do 88 para a gente ilustrar isso.

Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira


quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver
domiciliado no Brasil;

Ou seja, independente da natureza da questão e da nacionalidade do réu, se o réu


tem domicilio no Brasil, o poder judiciário brasileiro é competente para julgamento do
caso. Vale fazer uma ligação automática desse art 88, i, com o § único do mesmo
artigo 88:
parágrafo único. Para o fim do disposto no no i, reputa-se domiciliada no Brasil
a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.

Havendo filial ou sucursal de empresa estrangeira no Brasil – matriz não,


porque não seria estrangeira -, ação judicial em que essa pessoa jurídica seja ré, pode
ser julgada no brasil. O poder judiciário brasileiro tem competência para julgamento,
tem jurisdição para julgamento.

Ii – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação


E muito comum, por ex, ações judiciais envolvendo duas empresas estrangeiras.
Exemplo: duas empresas que formalizam um contrato no exterior, mas a obrigação tem
que ser cumprida no Brasil, exemplo, construção de plataforma de petróleo, neste caso,
não temos réu no Brasil e o contrato foi formalizado fora do brasil. Mas, se a obrigação
deve ser cumprida em território nacional, o poder judiciário é competente.

iii - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no brasil.


Fatos ocorridos no Brasil, acidente aéreo, por ex.
qq espécie de ato de responsabilidade civil que ocorra no território nacional, não
importa se o réu está no Brasil, não importa se a obrigação vai ser cumprida fora, se o
fato foi praticado no Brasil, o ato ilícito, por ex, o poder judiciário brasileiro é
competente para julgamento. Ou se ato foi praticado no Brasil, exs: casamento,
testamento, doação etc, competência, jurisdição brasileira.
Devemos destacar. Que a jurisprudência é unanime, tanto no STJ quanto no STF,
uma vez que a competência para homologação de sentença era do STF, recentemente
passou ao STJ, no sentido de que basta a ocorrência de apenas um desses três incisos,
não há necessidade de cumulação de circunstâncias, basta que ocorra uma dessas três
hipóteses para que o poder judiciário tenha competência internacional, jurisdição para o
julgamento dessa causa.
Julgado famoso, bem antigo: RESP 2170 – ação anulatória de um contrato que foi
firmado no exterior, a obrigação ia ser cumprida no exterior, mas o réu era brasileiro. E
já havia uma ação judicial pendente no exterior. Uma das partes ajuizou uma ação aqui,
e o réu entendia que não havia jurisdição brasileira porque a obrigação ia ser cumprida
no exterior, o ato havia sido praticado no estrangeiro. O STJ entendeu que havia um
elemento de conexão, o réu domiciliado no Brasil, cabia o julgamento no tribunal
brasileiro.
!!!Não existe litispendência internacional. Ações movidas em países diferentes não
induzem litispendência. Está previsto no artigo 90 do CPC.

Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência,
nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe
são conexas.

É possível então haver duas causas pendentes sobre o mesmo assunto em dois
países diferentes. Consequência disso na prática: o STJ não vai internalizar a decisão
estrangeira porque o caso está sendo julgado aqui.
O artigo 89 trata de duas situações em que a jurisdição brasileira é exclusiva, não
se admite julgado estrangeiro a respeito desses assuntos..

Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com


exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no brasil;
Ii - proceder a inventário e partilha de bens, situados no
brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha
residido fora do território nacional.
Qualquer ação relativa à imóvel situado no Brasil é de competência exclusiva da
jurisdição brasileira.
Inventario e partilha de bens no Brasil, também.
Embora haja razão de efetividade, de soberania, não haveria qq razão de
efetividade em julgar propriedade de um bem imóvel situado no Brasil em território
estrangeiro. Mas, há mais uma razão ligando essas duas situações, além de efetividade e
soberania, que faz com que os tribunais brasileiros impeçam que sejam julgadas no
tribunal estrangeiro: arrecadação tributária, dinheiro. Quando vc faz transmissão de
propriedade, quando você faz inventario e partilha, você tem arrecadação tributaria. A
arrecadação tributária impede que o Brasil aceite julgamento em tribunais estrangeiros.
Isso dificultaria a arrecadação tributária. Embora haja a questão de efetividade. Não me
parece que haja efetividade de julgamento no estrangeiro a respeito de imóveis
localizados no brasil.
Algumas observações a respeito desses incisos. O art 89 fala: conhecer de ações
relativas a imóveis.

Ações relativas a imóveis podem ter cunho real ou pessoal. Por ex, ações
envolvendo propriedade de bens imóveis têm caráter real. Ações envolvendo contrato
de locação de bem imóvel tem caráter pessoal. A lei não faz essa distinção. A melhor
interpretação é a que estabelece que a jurisdição exclusiva apenas em ações de caráter
real, não no caso de caráter pessoal.
Outra observação a respeito do art 89 que chegou a ter discussão, mas hj está
pacificada: inventario e partilha de bens. A legislação trata especificamente de situações
causa mortis, inventário e partilha de bens causa mortis, ou a legislação trata tb em
divorcio?está pacificado que a legislação trata exclusivamente da questão da partilha e
inventário causa mortis. A jurisdição não é exclusiva em caso de inventário e partilha
de bens em divórcio. Reforça esse entendimento a interpretação gramatical desse artigo:
- proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. A lógica é que a
herança seja causa mortis.
Faltam 10 min.

Vamos trabalhar com algumas novas normas introduzidas pelo CPC


Os artigos 21 a 25 tratam de normas de competência internacional. Além da
ampliação dos casos, houve uma melhoria na redação do código.
A novidade é inclusão do artigo 22. Novas hipóteses de competência
concorrente. A melhor interpretação ainda vai chegar. Estou me arriscando em fazer
alguma interpretação. (leitura – em negrito as obs)
 
TÍTULO II 
DOS  LIMITES  DA  JURISDIÇÃO  NACIONAL  E  DA  COOPERAÇÃO 
INTERNACIONAL 
CAPÍTULO I 
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL 
Art.  21.   Compete  à  autoridade  judiciária  brasileira 
processar e julgar as ações em que (competência concorrente, 
CPC anterior: art 88) 
I  ‐  o  réu,  qualquer  que  seja  a  sua  nacionalidade,  estiver 
domiciliado  no  Brasil;(manteve  a  redação  do  88,  I,  CPC  em 
vigor) 
II ‐ no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;(manteve a 
redação) 
III ‐ o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no 
Brasil.( redação mudou um pouco. Diz o CPC em vigor ‘a ação 
se originar de fato ocorrido ou praticado’; o CPC novo fala em 
‘fundamento’) 
Parágrafo  único.   Para  o  fim  do  disposto  no  inciso  I, 
considera‐se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira 
que nele tiver agência, filial ou sucursal.(mesma redação) 
Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira 
processar e julgar as ações: 
I ‐ de alimentos, quando: 
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
b)  o  réu  mantiver  vínculos  no  Brasil,  tais  como  posse  ou 
propriedade  de  bens,  recebimento  de  renda  ou  obtenção  de 
benefícios econômicos;(parece claro o desejo do legislador de 
dar efetividade à ação de alimentos) 
II  ‐  decorrentes  de  relações  de  consumo,  quando  o 
consumidor  tiver  domicílio  ou  residência  no 
Brasil;(extremamente importante, embora no CDC) 
III  ‐  em  que  as  partes,  expressa  ou  tacitamente,  se 
submeterem  à  jurisdição  nacional.(há  um  passo  adiante  do 
legislador.  Por  incrível  que  pareça,  há  controvérsia  grande  a 
respeito  da  validade  ou  não  da  cláusula  de  foro  de  eleição. 
Para a maioria da doutrina e boa parte da jurisprudência não 
se  admite  cláusula  de  foro  de  eleição  em  direitos 
internacionais  qdo  se  modificar  a  competência  brasileira. 
Embora  as  partes  tenham  estabelecido  em  contrato  uma 
cláusula  de  foro  de  eleição  para  o  caso  ser  julgado  em 
Londres,  por  ex,  se  fosse  o  caso  de  jurisdição,  ainda  que 
concorrente,  do  tribunal  brasileiro,  o  tribunal  brasileiro 
afastava a cláusula de foro de eleição e julgava o caso. 
Art.  23.   Compete  à  autoridade  judiciária  brasileira,  com 
exclusão de qualquer outra: 
I  ‐  conhecer  de  ações  relativas  a  imóveis  situados  no 
Brasil; 
II  ‐  em  matéria  de  sucessão  hereditária,  proceder  à 
confirmação  de  testamento  particular  e  ao  inventário  e  à 
partilha  de  bens  situados  no  Brasil,  ainda  que  o  autor  da 
herança  seja  de  nacionalidade  estrangeira  ou  tenha  domicílio 
fora do território nacional; 
III ‐ em divórcio, separação judicial ou dissolução de união 
estável,  proceder  à  partilha  de  bens  situados  no  Brasil,  ainda 
que  o  titular  seja  de  nacionalidade  estrangeira  ou  tenha 
domicílio fora do território nacional. 
Art. 24.  A ação proposta perante tribunal estrangeiro não 
induz  litispendência  e  não  obsta  a  que  a  autoridade  judiciária 
brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, 
ressalvadas  as  disposições  em  contrário  de  tratados 
internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. 
Parágrafo  único.   A  pendência  de  causa  perante  a 
jurisdição  brasileira  não  impede  a  homologação  de  sentença 
judicial  estrangeira  quando  exigida  para  produzir  efeitos  no 
Brasil. 
Art. 25.  Não compete à autoridade judiciária brasileira o 
processamento  e  o  julgamento  da  ação  quando  houver 
cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato 
internacional,  arguida  pelo  réu  na  contestação.(aqui,  Tb,  o 
legislador  deu  um  passo  adiante  para  afastar  qq  discussão  a 
esse  respeito...de  acordo  com  Nadia  Araujo,  o  novo  CPC 
entrou  no  séc  XXI  –  era  absurdo  o  afastamento  qdo  era 
vontade das partes com paridade) 
§  1o Não  se  aplica  o  disposto  no caput às  hipóteses  de 
competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo. 
§ 2o Aplica‐se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o. 
CAPÍTULO II 
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
Seção I 
Disposições Gerais 
Art.  26.   A  cooperação  jurídica  internacional  será  regida 
por tratado de que o Brasil faz parte e observará: 
I  ‐  o  respeito  às  garantias  do  devido  processo  legal  no 
Estado requerente; 
II  ‐  a  igualdade  de  tratamento  entre  nacionais  e 
estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso 
à  justiça  e  à  tramitação  dos  processos,  assegurando‐se 
assistência judiciária aos necessitados; 
III  ‐  a  publicidade  processual,  exceto  nas  hipóteses  de 
sigilo  previstas  na  legislação  brasileira  ou  na  do  Estado 
requerente; 
IV  ‐  a  existência  de  autoridade  central  para  recepção  e 
transmissão dos pedidos de cooperação; 
V  ‐  a  espontaneidade  na  transmissão  de  informações  a 
autoridades estrangeiras. 
§  1o Na  ausência  de  tratado,  a  cooperação  jurídica 
internacional  poderá  realizar‐se  com  base  em  reciprocidade, 
manifestada por via diplomática. 
§  2o Não  se  exigirá  a  reciprocidade  referida  no  §  1o para 
homologação de sentença estrangeira. 
§  3o Na  cooperação  jurídica  internacional  não  será 
admitida  a  prática  de  atos  que  contrariem  ou  que  produzam 
resultados  incompatíveis  com  as  normas  fundamentais  que 
regem o Estado brasileiro. 
§  4o O  Ministério  da  Justiça  exercerá  as  funções  de 
autoridade central na ausência de designação específica. 
Art.  27.   A  cooperação  jurídica  internacional  terá  por 
objeto: 
I ‐ citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial; 
II ‐ colheita de provas e obtenção de informações; 
III ‐ homologação e cumprimento de decisão; 
IV ‐ concessão de medida judicial de urgência; 
V ‐ assistência jurídica internacional; 
VI  ‐  qualquer  outra  medida  judicial  ou  extrajudicial  não 
proibida pela lei brasileira. 
Seção II 
Do Auxílio Direto 
Art.  28.   Cabe  auxílio  direto  quando  a  medida  não 
decorrer  diretamente  de  decisão  de  autoridade  jurisdicional 
estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. 
Art. 29.  A solicitação de auxílio direto será encaminhada 
pelo  órgão  estrangeiro  interessado  à  autoridade  central, 
cabendo  ao  Estado  requerente  assegurar  a  autenticidade  e  a 
clareza do pedido. 
Art.  30.   Além  dos  casos  previstos  em  tratados  de  que  o 
Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos: 
I  ‐  obtenção  e  prestação  de  informações  sobre  o 
ordenamento  jurídico  e  sobre  processos  administrativos  ou 
jurisdicionais findos ou em curso; 
II ‐ colheita de provas, salvo se a medida for adotada em 
processo,  em  curso  no  estrangeiro,  de  competência  exclusiva 
de autoridade judiciária brasileira; 
III  ‐  qualquer  outra  medida  judicial  ou  extrajudicial  não 
proibida pela lei brasileira. 
Art.  31.   A  autoridade  central  brasileira  comunicar‐se‐á 
diretamente com suas congêneres e, se necessário, com outros 
órgãos  estrangeiros  responsáveis  pela  tramitação  e  pela 
execução de pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo 
Estado  brasileiro,  respeitadas  disposições  específicas 
constantes de tratado. 
Art. 32.  No caso de auxílio direto para a prática de atos 
que,  segundo  a  lei  brasileira,  não  necessitem  de  prestação 
jurisdicional,  a  autoridade  central  adotará  as  providências 
necessárias para seu cumprimento. 
Art.  33.   Recebido  o  pedido  de  auxílio  direto  passivo,  a 
autoridade central o encaminhará à Advocacia‐Geral da União, 
que requererá em juízo a medida solicitada. 
Parágrafo único.  O Ministério Público requererá em juízo 
a medida solicitada quando for autoridade central. 
Art. 34.  Compete ao juízo federal do lugar em que deva 
ser  executada  a  medida  apreciar  pedido  de  auxílio  direto 
passivo que demande prestação de atividade jurisdicional. 
Seção III 
Da Carta Rogatória 
Art. 35.  (VETADO). 
Art.  36.   O  procedimento  da  carta  rogatória  perante  o 
Superior Tribunal de Justiça é de jurisdição contenciosa e deve 
assegurar às partes as garantias do devido processo legal. 
§  1o A  defesa  restringir‐se‐á  à  discussão  quanto  ao 
atendimento dos requisitos para que o pronunciamento judicial 
estrangeiro produza efeitos no Brasil. 
§ 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito 
do  pronunciamento  judicial  estrangeiro  pela  autoridade 
judiciária brasileira. 
Seção IV 
Disposições Comuns às Seções Anteriores 
Art.  37.   O  pedido  de  cooperação  jurídica  internacional 
oriundo  de  autoridade  brasileira  competente  será 
encaminhado  à  autoridade  central  para  posterior  envio  ao 
Estado requerido para lhe dar andamento. 
Art.  38.   O  pedido  de  cooperação  oriundo  de  autoridade 
brasileira competente e os documentos anexos que o instruem 
serão  encaminhados  à  autoridade  central,  acompanhados  de 
tradução para a língua oficial do Estado requerido. 
Art.  39.   O  pedido  passivo  de  cooperação  jurídica 
internacional  será  recusado  se  configurar  manifesta  ofensa  à 
ordem pública. 
Art.  40.   A  cooperação  jurídica  internacional  para 
execução  de  decisão  estrangeira  dar‐se‐á  por  meio  de  carta 
rogatória ou de ação de homologação de sentença estrangeira, 
de acordo com o art. 960. 
Art. 41.  Considera‐se autêntico o documento que instruir 
pedido de cooperação jurídica internacional, inclusive tradução 
para  a  língua  portuguesa,  quando  encaminhado  ao  Estado 
brasileiro  por  meio  de  autoridade  central  ou  por  via 
diplomática,  dispensando‐se  ajuramentação,  autenticação  ou 
qualquer procedimento de legalização. 
Parágrafo  único.  O  disposto  no caput não  impede, 
quando  necessária,  a  aplicação  pelo  Estado  brasileiro  do 
princípio da reciprocidade de tratamento. 
 
 
 
 

DIPRI II - RIO, 31 DE MARÇO DE 2015

Bom dia, gente! Tudo bem? Eu costumo sempre deixar vocês a vontade mas
reitero que estou completamente a disposição. Durante a aula vocês podem me
interromper, podem mandar email, depois da aula, enfim não tenho nenhum problema.
Tento ir por pontos bem devagarinho...Eu vou matar o sujeito que inventou o
terno...pessoa genial (começou a falar sobre a liberação do terno pela OAB no período
de verão apenas na rua, etc.)

Vamos seguir, na aula passada falamos da jurisdição dos tribunais brasileiros,


jurisdição do Poder Judiciário brasileiro ou na nomenclatura mais corrente para
doutrina, que é competência dos tribunais brasileiros para o julgamento de causas que
eventualmente tenham elementos de conexão com Estados estrangeiros. Dentre dessa
ideia de jurisdição da justiça brasileira com competência da justiça brasileira, tratamos
dos arts. 88, 89 e 90, que tratam de competência concorrente, competência absoluta e o
art. 90 que trata da ausência de litispendência, fizemos uma abordagem superficial de
cada um desses artigos e no final da aula falei alguma coisa sobre o novo Código de
Processo Civil, os novos dispositivos que o novo CPC dispõe sobre a jurisdição dos
tribunais brasileiros. Lembro que eu tinha perguntado a vocês sobre três questões no
inicio dessa nossa abordagem: a primeira é se os poderes judiciais de cada estado são
livres para julgar da forma que eles quiserem; segundo: a quem cabe estabelecer os
casos de julgamento de cada um desses tribunais; e terceiro é de como se deve separar,
qual a abordagem se deve fazer para distinguir questões materiais de questões
processuais. Como se distingue a norma penal, civil, comercial, enfim de consumidor,
aplicável ao caso concreto e a lei processual aplicável ao caso. Se sempre que se aplicar
uma normal material brasileira também deverá se aplicar uma lei processual
brasileira...essas foram as questões que enfretamos na aula passada. Hoje, vamos
abordar novamente alguma dessas questões de maneira mais devagar até porque
estamos com tempo relativamente adequado para tratar dessas questões.

Então, na aula passada nós abordamos a seguinte questão: a definição da


competência se da de duas maneiras, de duas fases distintas: na primeira fase o juiz te
que avaliar se o caso é de jurisdição brasileira, ou seja, num primeiro momento o juiz
deve obrigatoriamente analisar se um caso deve ser julgado por nossas normas internas,
de jurisdição brasileira. Ai, caso a resposta seja positiva, caso o juiz entenda que o caso
deve ser tratado pela jurisidição brasileira, ai em um segundo momento há avaliação de
competência interna. É um erro técnico grosseiro, o juiz que primeiro avalia a
competência interna, pra em um segundo momento avaliar se essa competência é
nacional ou não, porque os resultados podem ser diferentes. Eventulamente, se o cara
analisar um caso de competnecia interna, por exemplo, vamos imaginar o caso de um
divórcio em que a autora do divórcio resida no Brasil, mas os bens estejam fora, o
casamento tenha sido celebrado fora e o réu esteja fora. Então vamos novamente
analisar a situação: o juiz se depara com um divórcio em que a autora reside aqui mas o
réu reside fora, os bens estão fora e o casamento foi celebrado fora. Analisando pela
competência interna se o juiz pular a fase da competência internacional da jurisidção
internacional, qual o juízo será competente para análise do caso de divórcio?? O juizo
da residência da mulher – art. 100, I do CPC

Art. 100. É competente o foro:

I - da residência da mulher, para a ação de


separação dos cônjuges e a conversão desta em
divórcio, e para a anulação de casamento;

Entao analisando a competência interna da situação, a competencia seria do foro


da mulher mas o juiz pulou a análise da competência internacional. Pra analisar a
competência internacional, nós temos que ir no art. 88

Art. 88. É competente a autoridade judiciária


brasileira quando:

I - o réu, qualquer que seja a sua


nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
(não é o caso)

II - no Brasil tiver de ser cumprida a


obrigação; (não é o caso)
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de
ato praticado no Brasil. (não é o caso)

Vejam que se o juiz pular uma etapa e analisar primeiro a competência interna ele pode
se deparar com um estado diferente do que ele se depararia se fizesse a analise na ordem
correta, ou seja, no caso que eu citei a jurisdição brasileira, os tribunais brasileiros não
tem jurisdição pra analisar o caso concreto a priori. É possível que diante do principio
da efetividade ou diante de uma ordem de denegação de justiça, digamos que a ordem
interna entenda que somente o foro da esposa é competente, ou seja, teremos uma
situação de denegação de justiça, ou seja, se a jurisdição brasileira entender que é
incompetente ou que não tem jurisidção pra analisar o caso concreto, se o estrangeiro
entender da mesma forma é um caso de denegação de justiça ou conflito negativo de
jurisdição, duas jurisdições se declarando incompetentes, nesse caso diante do principio
da efetividade ou do principio da não denegação de justiça é bem provável que a
jurisdição brasileira acabe por aceitar o julgamento por uma questão principiologica, e
não necessariamente por uma questão legal, mas isso é uma exceção, logo, é
fundamental ter em mente que primeiro o juiz tem que analisar se estamos diante de um
caso de jurisdição nacional ou internacional, e em um segundo momento a competência
é dele. Por isso a competência internacional vem antes da compentencia nacional no
CPC. É uma ordem lógica. Quando o juiz brasileiro entender que é um caso de ausência
de jurisdição nacional, isto é, que o poder judiciário brasileiro não deve atuar, qual deve
ser a conduta desse juiz ??? Decidir qual a jursidição competente ou simplesmente
extinguir o processo?? Não cabe ao juiz sequer dizer qual o Estado competente para
julgar, ele deve simplesmente extinguir o processo declarando a ausência de
competência interna para julgar. Como eu disse pra vocês, os arts. 88 a 90 tratam da
competência internacional, sendo que o art. 88 trata da competência concorrente.
Competencia concorrente é quando os tribunais brasileiros são competentes para o
julgamento de uma causa, elas estão nos incisos do art. 88. A respeito do inciso I, vale
frisar o parágrafo único do art. 88

Parágrafo único. Para o fim do disposto no no


I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa
jurídica estrangeira que aqui tiver agência,
filial ou sucursal.

A Apple tem sucursal em praticamente todos os países do mundo. Se você compra


um produto da Apple nos Estados Unidos e trás pro Brasil, se esse produto der defeito,
ela diz que a garantia norte-americana não cobre o produto aqui no Brasil.A meu ver
isso é um absurdo, porque a Apple revende seus produtos aqui no Brasil, inclusive pela
internet, tendo lojas físicas também, então se tem isso também deveria ter garantias que
cobrissem os defeitos em qualquer parte do mundo mas o fato é que a Apple não cobre e
você tem que ajuizar uma ação de acordo com as normas de direito do consumidor
presentes no art. 18 do CDC.

A respeito do inciso II do art. 88 do CPC, não importa a origem das partes


envolvidas, a nacionalidade das partes envolvidas, nem onde foi firmado o contrato,
nem onde ocorreu o fato, se a obrigação tem que ser cumprida no Brasil esta é a
jurisdição, mas pode ser de forma concorrente, isto é, se houver uma sentença em
Estado estrangeiro de obrigação que deve ser cumprida no Brasil, o STJ deve
homologar essa sentença. Essa competência se firmou com a EC n° 45, pois antes quem
homologava as sentenças estrangeiras era o STF. Lembrando que o STJ somente analisa
as condições de validade da sentença, caso estiver tudo certo ele distribui pro órgão de
1ªº instancia competente para efetivamente a aplicar. Isso é muito comum em contratos
de petróleo, de grande porte, contratos internacionais em que uma das obrigações devem
ser cumpridas no Brasil.

Pergunta de aluna: inaudível.

Resposta do prof: art. 101, I do CDC. Não seria nem um pouco razoável se nas
situações de comercio eletrônico o consumidor tivesse que ajuizar a ação no juízo de
domicilio do réu ne?! Ate porque se isso fosse possível, ocorreria o fenomeno do
deslocamento das empresas para locais com a menor regulamentação consumerista
possível pra que quando demandados tivessem maiores possibilidades de ganhar do
consumidor. Sendo portanto relação de consumo, o consumidor tem a prerrogativa de
ajuizar a ação no juízo de sua residência, se aplicando o CDC e não o art. 88 e 89, do
CPC. Por último o inciso III do art. 88 trata de ato ou fato praticado no Brasil, qualquer
fato ocorrido no Brasil, ainda que as partes sejam de fora, ainda que a obrigação possa
ser cumprida no exterior, se o ato ou fato ocorreu no Brasil a jurisdição brasileira será a
competente. Por exemplo, digamos que tenha ocorrido um acidente com uma pessoa
estrangeira, que trabalha em empresa estrangeira, mas o fato ocorreu no Brasil,
obviamente que a juridição brasileira não seria a mais adequada para julgar porque a
indenização vai ser arbitrada no exterior, para ser paga no exterior e o processo correria
muito melhor no exterior mas a justiça brasileira admite sua competência . Nisso
quando ela fala em fato. Agora quando fala em ato, parece envolver negocio jurídico de
ordem pessoal, como testamento ou casamento, obviamente nem sempre a jurisdição
brasileira seja a melhor mas pelo art. 88, III a jurisdição brasileira é competente,
inclusive para homologar.

Vamos analisar agora o art. 89 do CPC, que trata de competência exclusiva ou


absoluta de tribunais brasileiros:

Art. 89. Compete à autoridade judiciária


brasileira, com exclusão de qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis


situados no Brasil;

II - proceder a inventário e partilha de bens,


situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja estrangeiro e tenha residido fora
do território nacional.

OBS: A respeito do art. 88: ele possui 3 incisos mas é necessário conjugar dois ou os
três para que a competência seja brasileira?? Não. Basta que ocorra uma das situações,
isso é pacifico no STJ.

No art. 89, se houver qualquer julgamento no exterior em qualquer desses casos o


STJ vai ignorar esse julgamento pois ele deve ocorrer somente no Brasil. São casos de
soberania e arrecadação tributária. Chegaram a haver controvérsias sobre esses incisos,
no caso do inciso I indagava-se se eram ações relativas a qualquer imóvel, como ações
de locação ou se tratava apenas de ações relativas a direitos reais, mas hoje é pacifico
que o art. 89 trata apenas de ações relativas a direitos reais, por ex, quando houver
direitos de propriedade, agora se ação envolve imóvel, uma ação relativa a obrigação, a
direito obrigacional, a jurisdição brasileira não tem competência absoluta. No caso do
inciso II a discussão era se envolvia inventário e partilha de bens em ações de divorcio
ou inventário e partilha de bens em ações causa mortis, e hoje pacificou-se que é
somente inventário e partilha de bens causa mortis.

Pergunta aluno inaudível

Resposta prof: Devem se abrir quantos inventários sejam necessários nos países.
Eventualmente a lei brasileira possa ser aplicada.

Os arts 88 e 89 do CPC trazem 5 hipoteses mas o rol não é exaustivo, é possível


que existam outros casos não abrangidos por esses artigos. Quando existir um caso no
tribunal brasileiro que não esteja no rol do art 88, nem do art. 89, e nem se enquadre em
legislação especifica, qual a melhor saída ?? Duas são as interpretações possiveis, há
duas correntes: A primeira delas, minoritária, a mais inadequada, a qual faz parte Jose
Inacio Botelho de Mesquita e diz que jurisdição é atividade onerosa, jurisdição custa
dinheiro aos cofres públicos, logo, jurisdição é atividade que não deve ser prestada de
forma desnecessária, ou seja, não estamos diante de um caso previsto na jurisdição
nacional, a nossa jurisdição deve ser afastada, mesmo que haja elementos de conexão,
nessas situações em que não há previsao legal, a jurisdição nacional não deve ser
competente. Para ele, as situações não incluídas no CPC estão fora de nossa jurisdição
já que jurisdição é atividade onerosa, e não deve ser exercida sem necessidade, ou seja,
naquele caso que eu falei da autora do divorcio, embora o casamento, os bens e o réu
estejam fora, é um caso de denegação de justiça, uma vez que não se aplica qualquer
dispositivo legal brasileiro. A segunda orientação, corrente, que me parece mais
adequada, da qual faz parte Marcelo de Nardi, sustenta que se houver elementos de
conexão e observada a melhor eficácia da decisão o juiz deve conhecer do pedido. É o
entendimento também do Barbosa Moreira. Se o juiz observa que no caso concreto a
decisão vai ser mais eficaz se o julgamento for no Brasil, ele deve conhecer o pedido.
Nesses casos que não há aplicação de nenhum dos incisos do art. 88 e 89, a jurisdição se
desenha de acordo com a ação, se forem situações que demandem mais atuação no
poder judiciário, de interesse social e coletivo, o juiz conhece do pedido. Agora quando
são situações da esfera privada, de contratos internacionais é mais comum que a
jurisdição nacional se declare incompetente ou ausente de jurisdição, falando mais
tecnicamente. Havendo clausula arbitral no contrato, por exemplo, o juiz estará
impedido de conhecer do pedido, de acordo com a lei 9307/96, arts 10 e 11.

O art. 90 do CPC diz o seguinte:

Art. 90. A ação intentada perante tribunal


estrangeiro não induz litispendência, nem
obsta a que a autoridade judiciária brasileira
conheça da mesma causa e das que lhe são
conexas.

Isto significa que intentada uma ação no estrangeiro, a mesma pode ser ajuizada
aqui no Brasil, isso não importará em litispendência. Qual a conseqüência pratica disso?
A primeira é de que há duas ações paralelas. A ação que tramita no exterior produzirá
seus efeitos no exterior, aqui em território nacional somente produzirá efeitos a sentença
proferida em território nacional. Há um risco de decisões conflitantes mas cada pais
deverá aplicar a sentença que tiver sido proferida em seu território. Agora se a sentença
do estrangeiro já tiver sido homologada em território nacional esta é que produzira
efeitos. Entao, podem haver duas ações sobre o mesmo objeto em países diferentes e
podem ter decisões diferentes, a possibilidade é que ocorra situações conflitantes mas
que serão produzidas no âmbito de sua soberania, a menos que uma sentença tiver sido
homologada em outro pais. Se o STJ homologar uma sentença estrangeira aqui, não será
mais cabível o ajuizamento desta ação em território nacional. Nós vamos trabalhar mais
pra frente com os requisitos de validade pra sentença estrangeira ser homologada e um
dele é que as partes tenham voluntariamente se submetido a essa sentença, a parte deve
se sujeitar voluntariamente a essa jurisdição, se não se sujeitar o STJ não vai
homologar, seja porque optou ajuizar a ação la fora, ou argüiu impedimento, etc.

Dois institutos ligados a essa ideia de litispendência são o fórum shopping e


fórum non conveniens. São institutos da common Law, o dispositivo legal que abrange
esses institutos é estrangeiro, não existe correspondente aqui no Brasil. Forum Non
Conveniens é quando em casos de competência concorrente, eventualmente por
questões de efetividade o tribunal pode se declarar não conveniente para o caso, isto é,
analisando o caso, ele pode ver que não é adequado se declarar conveniente para o
julgamento do caso, por razoes de efetividade, de execução. Houve decisões a esse
respeitos com brasileiros envolvidos em acidentes da Gol e da Tam. Alguns brasileiros
malandramente ajuizaram ações nos EUA mas em todos os casos os tribunais se
declararam incompetentes, analisaram que não era adequado julgar as ações, pois os
réus eram brasileiros, os autores brasileiros, as empresas brasileiras, o fato tenha
ocorrido no Brasil. Entao, fórum non conveniens é instituto típico do common Law, que
permite que o tribunal decline sua competência quando existir outra melhor a luz de
considerações de justiça e conveniência. É um poder discricionário do tribunal, da
Corte. O segundo conceito é o chamado fórum shopping que deve ser analisado de
forma conjunta, complementar com o fórum non conveniens, isto é, a parte mais fraca
elege um foro, que embora não tenha nada a ver com o caso concreto, lhe traga uma
situação mais confortável. Digamos que eu tenha uma empresa internacional em que o
contratante com medo de ser processado elege um foro com mais dificuldade de
recolher provas. Pra quem não quer ser processado pode eleger um foro desses. Embora
eventualmente a jurisdição tenha sido eleita pelas partes para o julgamento da causa se
não tiver qualquer elemento de conexão, ela deve se dizer incompetente para o
processo. Então, fórum shopping consiste na procura entre jurisdições daquela onde o
autor ou as partes supõe possa ser obtida uma decisão mais favorável aos seus interesses
em razão da lei a ser aplicada ou em decorrência de normas processuais. Por exemplo,
eu sou brasileiro, faço contato com uma empresa inglesa, a execução é no Brasil mas eu
acho que pra mim, pro meu tipo de negocio seria melhor estabelecer uma jurisdição
americana. O importante é que ambos os conceitos sejam aplicados conjuntamente.

Pergunta aluno: Mas nesses casos em que a pessoa elege a jurisdição qual a lei
material que vai ser aplicada?

Resposta do prof: O rito processual vai ser do local em que estiver tramitando a
ação mas a lei material vai depender do caso, por ex um juiz norte-americano por
aplicar lei brasileira e vice-versa. A lei processual aplicável é a do local do processo,
mas a lei material pode ser de outro país.

A ultima observação a se fazer é que Barbosa Moreira tem uma posição de que o
nome competência concorrente é impróprio. Ele diz que não existe uma competência
concorrente, a competência é brasileira, mas a parte é que elege, que se submete a outro
tribunal para julgar sua causa, e ai sim surge uma competência do tribunal estrangeiro.
Esse nome é impróprio pois não há exatamente uma competência concorrente, o que há
é competência do tribunal brasileiro mas o nosso sistema jurídico admite que por ato da
parte anterior ou no processo um outro tribunal se torne competente.

Para próxima aula gostaria que vocês dessem uma lida em casa na seguinte
decisão do STJ: medida cautelar nº 15398 de relatoria da Ministra Nancy Andrighi. Para
o prof é a melhor ministra do STJ juntamente com o ministro Salomão. Na aula que
vem também entraremos em imunidades de jurisdição.

 
DIPRI II ‐ RIO, 7 de abril de 2015 
 
Bom, na aula passada a gente trabalhou até de forma um pouco devagar com as 
questões  relativas  a  competência  concorrente,  competência  exclusiva  pra  causas  em 
que  haja  um  elemento  estrangeiro.  Ficou  alguma  duvida?  Eu  posso  esclarecer  mais 
alguma coisa? Podemos seguir adiante? Ficou tudo bem ? Bom, vou presumir que ficou 
tudo bem mas espero a qualquer momento as duvidas de vocês. 
 
Vamos  falar  de  imunidades  de  jurisdição  e  de  cooperação  internacional.  Dois 
assuntos. Eu cheguei a falar com vocês também sobre foro de eleição?? Não ?? Entao 
vamos falar. Bom, eventual contrato internacional que tenha uma cláusula de foro de 
eleição.  A  dúvida  é  se  a  clausula  de  foro  de  eleição  nos  contratos  internacionais  é 
valida  ou  não.  Tanto  em  sede  de  jurisprudência  quanto  de  doutrina  há  uma 
controvérsia enorme a esse respeito. O STJ, por ex, tem dois posicionamentos distintos 
sobre  esse  assunto  dentre  da  mesma  turma.  No  primeiro  posicionamento,  o  STJ 
entende  que  jurisdição  tem  a  ver  com  a  soberania,  logo  as  normas  de  jurisdição  são 
vistas  como  normas  de  ordem  pública,  que  não  podem  ser  afastas  por  vontade  das 
partes. Entao, novamente: a primeira corrente diz que jurisdição internacional tem a 
ver com soberania logo as normas ligadas a soberania são normas de ordem pública, 
logo  não  se  afastam  por  vontade  das  partes,  ou  seja,  pra  essa  linha  de  pensamento 
dentro do STJ, a clausula de foro seria inválida. Dentro do STJ há uma outra corrente 
também,  que  sustenta,  e  pra  mim  de  forma  corretíssima,  que  a  clausula  de  foro  de 
eleição  está  dentro  do  âmbito  de  autonomia  privada  das  partes,  ou  seja,  pra  essa 
corrente, exceto quando a lide envolve interesse público, eu diria mais, salvo quando a 
lide envolve interesse público ou interesse de vulneráveis, a clausula de eleição de foro 
é  válida.  Ou  seja,  isso  tem  a  ver  também  com  a  ideia  do  fórum  shopping  que 
estudamos semana passada. Aquela ideia de que as partes possam escolher um foro 
que lhes atenda melhor futuramente. Nos casos brasileiros, se chegar uma lide em que 
a competência tenha sido fundada em uma clausula de eleição, é muito comum que a 
jurisdição brasileira decline da competência entendendo não ser ela a competente em 
razão da invalidade de eventual clausula de foro de eleição. Nesse sentido, eu vou ler 
pra vocês uma jurisprudência super atual, mostrando pra vocês que essa controvérsia 
é  muito  recente.  Se  vocês  abrirem  o  site  do  STJ  hoje,  vocês  vão  achar  decisões  de 
2012, 2013, 2014 a respeito disso. Eu vou citar agora pra vocês a ementa do relator é o 
desembargador  Claudio  dell`Orto,  eu  não  trouxe  o  número  do  recurso  infelizmente 
mas  é  a  Apelação  ‐  Ação  de  Cobrança  –  Contrato  de  representação  empresarial 
firmado  entre  uma  empresa  brasileira,  representante,  e  uma  empresa  italiana, 
representada.  Aparentemente  não  há  vulnerabilidade  nenhuma,  as  duas  partes  são 
pessoas  jurídicas  e  aparentemente  uma  é  representante  comercial  da  outra.  Parece 
haver  uma  relação  absolutamente  paritária  entre  as  partes,  podendo  elas  firmar  as 
clausulas que elas quiserem no contrato. Mas olha o que decidiu o TJ: Foro de eleição 
indicação pela justiça italiana para dirimir qualquer controvérsia inerente ao contrato. 
Competência  internacional  concorrente.  Sentença:  distinção  do  processo  sem 
apreciação  do  mérito  fundada  na  ausência  de  jurisdição  brasileira.  Anulação.  A 
legislação específica estabelece que é competente a justiça comum do foro do domicílio 
do  representante  para  julgar  as  controvérsias  que  surgirem  entre  este  e  o 
representado, portanto vale ressaltar que a regra pode ser mitigada por vontade das 
partes  através  da  eleição  de  foro.  Apesar  dessa  possibilidade  de  mitigação,  nos 
contratos cuja obrigação deva ser cumprida no Brasil, como é a hipótese dos autos, a 
clausula  de  eleição  de  foro  não  afasta  a  competência  internacional  concorrente  da 
autoridade  brasileira.  Por  essa  razão,  não  sendo  a  clausula  de  eleição  de  foro  meio 
suficiente  para  afastar  a  competência  concorrente  da  justiça  brasileira  para 
processamento  e  julgamento  da  presente  demanda,  anulo  a  sentença  para  que  o 
processo tenha seu regular seguimento. Ou seja, a ação judicial tinha uma cláusula de 
foro  d  eleição  para  ser  julgada  na  Itália,  mas  a  legislação  especifica  em  seu  art.  88 
afirma que a competência da justiça brasileira é concorrente, ou seja, a competência é 
da  nossa  justiça  mas  temos  uma  clausula  de  eleição  de  foro  dizendo  que  a 
competência  é  da  Itália.  Em  primeira  instancia  aparentemente  o  juiz  extinguiu  o 
processo sem julgamento do mérito por entender que a clausula de eleição de foro era 
válida e o julgamento deveria ser na Itália. Em segunda instancia, o Tribunal de Justiça, 
18ª  Vara  Civel,  o  desembargador  Claudio  anulou  a  sentença  e  entendeu  pela  não 
afastabilidade  da  competência  brasileira,  ou  seja,  determinou  que  o  feito  retornasse 
para o órgão de origem para o seu posterior julgamento. Me parece, indo um pouco 
longe, que isso é contrario a boa fe objetiva, pois a parte estabelece a clausula de foro 
para somente ajuizar as ações na Itália, mas do nada ajuíza uma ação no Brasil. 
 
Há dois julgados muito interessantes da Nancy Andrighi que ela trata da questão 
da vedação ao comportamento contraditório, quer dizer, ela não analisa a questão da 
eleição  de  foro  sobre  a  questão  da  legalidade  ou  ilegalidade  da  clausula  em  si,  ela 
analisa  também  sob  a  ótica  da  conduta  das  partes,  ela  fala  olha  parece  que  essa 
conduta  viola  a  ideia  de  boa  Fe  objetiva,  pelo  fato  da  própria  parte  ter  se 
comprometido  com  um  contrato  que  tinha  eleição  de  foro  mas  acabou  ajuizando  a 
ação  em  lugar  diverso  do  estabelecido  na  cláusula,  sendo  este  um  comportamento 
contraditório. 
 
Eu  trouxe  também  dois  textos  de  doutrina  para  comparar  essa  controvérsia. 
Augustinho Fernandes diz que: Sendo admissível no âmbito interno, na há nada contra 
a adoção de foro no contrato no direito internacional privado. Me parece perfeito esse 
posicionamento.  Por  outro  lado,  Inacio  de  Mesquita  diz  que  as  normas  que  definem 
jurisdição  são  fundadas  em  soberania  nacional  e  não  se  afastam  por  vontade  das 
partes.  Posição  diametralmente  oposta.  O  fato  talvez  mais  importante  disso  tudo  é 
que essa controvérsia tem prazo de validade, pois o novo CPC, no art. 25, estabelece 
claramente o prazo da clausula. 
Art.  25.   Não  compete à  autoridade  judiciária 
brasileira o processamento e o julgamento da 
ação  quando  houver  cláusula  de  eleição  de 
foro  exclusivo  estrangeiro  em  contrato 
internacional,  arguida  pelo  réu  na 
contestação. 
 
Nós trabalhamos com os arts. 88 e 89 do CPC que são as regras gerais e definem 
em que casos os nossos tribunais vão ter competência absoluta ou concorrente. O fato 
é que essas regras são regras gerais. Existem as especificas: o art. 101 do CDC, o art. 
628 do Código Comercial, e talvez o mais importante é o art. 651 da CLT. Por ultimo 
art. 10 do Codigo Brasileiro de Aeronautica, lei 7565/86. 
 

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do


fornecedor de produtos e serviços, sem
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste
título, serão observadas as seguintes normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio


do autor; (regra especifica de competência
concorrente)

II - o réu que houver contratado seguro de


responsabilidade poderá chamar ao processo o
segurador, vedada a integração do
contraditório pelo Instituto de Resseguros do
Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar
procedente o pedido condenará o réu nos
termos do art. 80 do Código de Processo Civil.
Se o réu houver sido declarado falido, o
síndico será intimado a informar a existência
de seguro de responsabilidade, facultando-se,
em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de
indenização diretamente contra o segurador,
vedada a denunciação da lide ao Instituto de
Resseguros do Brasil e dispensado o
litisconsórcio obrigatório com este.

Art. 628 - O contrato de fretamento de um


navio estrangeiro exeqüível no Brasil, há de
ser determinado e julgado pelas regras
estabelecidas neste Código, quer tenha sido
ajustado dentro do Império, quer em país
estrangeiro. (competência da justiça brasileira
nos contratos de fretamento quando exeqüíveis
no Brasil)

Art. 651 - A competência das Juntas de


Conciliação e Julgamento é determinada pela
localidade onde o empregado, reclamante ou
reclamado, prestar serviços ao empregador,
ainda que tenha sido contratado noutro local
ou no estrangeiro. (o foro competente para
julgamento de reclamações trabalhistas é do
local onde o empregado trabalhava, ainda que
tenha sido contratado em outro local ou no
estrangeiro)

§ 1º - Quando for parte de dissídio agente ou


viajante comercial, a competência será da
Junta da localidade em que a empresa tenha
agência ou filial e a esta o empregado esteja
subordinado e, na falta, será competente a
Junta da localização em que o empregado
tenha domicílio ou a localidade mais próxima.
(Redação dada pela Lei nº 9.851, de
27.10.1999) (Vide Constituição Federal de
1988)

§ 2º - A competência das Juntas de


Conciliação e Julgamento, estabelecida neste
artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em
agência ou filial no estrangeiro, desde que o
empregado seja brasileiro e não haja
convenção internacional dispondo em
contrário. (Vide Constituição Federal de
1988)
§ 3º - Em se tratando de empregador que
promova realização de atividades fora do lugar
do contrato de trabalho, é assegurado ao
empregado apresentar reclamação no foro da
celebração do contrato ou no da prestação dos
respectivos serviços.

Art. 10. Não terão eficácia no Brasil, em


matéria de transporte aéreo, quaisquer
disposições de direito estrangeiro, cláusulas
constantes de contrato, bilhete de passagem,
conhecimento e outros documentos que:

I - excluam a competência de foro do lugar de


destino;

II - visem à exoneração de responsabilidade


do transportador, quando este Código não a
admite;

III - estabeleçam limites de responsabilidade


inferiores aos estabelecidos neste Código
(artigos 246, 257, 260, 262, 269 e 277).

Perg de aluna: inaudivel

Resposta do prof: A ideia que me parece desse art da CLT, é que diante do caso
concreto o juiz vai analisar diante da efetividade ou inefetividade de execução do
julgado, do que em relação ao mérito em si.

Durante muito tempo foi muito comum que as empresas de aviação dissessem que
o foro não é aqui. É muito comum quanto as ações de bagagem. As empresas de aviação
insistem em usar a Convenção de Varsovia, que determina a indenização pelo peso da
bagagem. E a jurisprudência brasileira é unânime em afirmar que o CDC afasta a
competência da Convenção de Varsovia. Alias, em caso de perda de bagagem, eu tive
uma cliente que foi pra Salvador e levou suas melhores roupas, ela tinha uma boa
condição financeira, levou material de estudo, e perderam a bagagem dela. Quando
chegou em Salvador ela so tinha um bilhete dizendo que a bagagem pesava 24 kg. Em
primeira instancia, o juiz deu 10 mil reais de dano moral e em relação ao dano material
o juiz negou provimento ao meu pedido dizendo que não tinha prova do que estava
dentro da mala. Mas não existe prova disso, não existe prova de todos os bens que você
possui em uma mala, não existe forma de provar isso. A ideia é mais de razoabilidade, o
juiz deve analisar razoavelmente a listagem que vc fez no processo. Se a companhia
aérea não quer pagar, ela que deve ter o ônus da prova...e no final, a menina recebeu 18
mil reais de dano material. É isso.

Vamos falar agora de imunidade de jurisdição.


A primeira observação é que imunidade de jurisdição, a rigor, não é matéria de
direito internacional privado, pq envolve prerrogativa de organismos públicos. Entao
nós estamos invadindo um assunto de direito internacional publico. Mas o fato é que me
parece muito adequado tratar desse assunto pq é matéria processual. Imunidade de
jurisdição é uma prerrogativa dos Estados soberanos através da qual os órgãos
jurisdicionais de um Estado não podem conhecer do litígio envolvendo outro Estado ou
seus agentes. A ideia é muito simples: existem muitos julgados assim na jurisprudência
do STJ. A Alemanha durante a 2ª guerra mundial afundou um barco pesqueiro
brasileiro. ((Aula interrompida por aviso de furto dentro de uma sala de aula. Uma
senhora entrou na faculdade e furtou uma aluna)) Voltando a aula...os donos dos barcos
que afundaram ajuizaram uma serie de ações contra a Alemanha. A ideia que permeia a
imunidade de jurisdição é que o Brasil pode julgar a Alemanha em seu tribunal? Isso
não parece uma violação a ideia de soberania? Em todos esses casos, não houve sequer
o conhecimento das causas por causa da ideia de soberania. Não há competência da
justiça brasileira para o julgamento das causas. Imunidade portanto é uma prerrogativa
dos Estados para não serem julgados por outros Estados.

Quero fazer duas observações: imunidade de jurisdição não significa ausência de


responsabilidade e não significa negação de acesso a justiça. Mas o fato é que so o
poder judiciário alemão poderia julgar essa causa. Isso vai depender do ajuizamento da
ação na Alemanha. Um país deve respeitar a soberania do outro. O fato é que, primeiro,
não implica em ausência de responsabilidade, a justiça brasileira é que não pode julgar o
caso mas a ação pode ser julgado pela Alemanha, ainda que implique em uma
dificuldade no acesso a justiça alemã. Mas o fato é que o tribunal brasileiro se recusa a
julgar. A outra observação é de que essa ideia de imunidade de jurisdição não tem uma
regulamentação mas sim ela decorre de costumes, jurisprudência, etc, ate meados de
1998,99 o STF e STJ entendiam que a ideia de imunidade era absoluta, ou seja,
qualquer causa envolvendo estados estrangeiros ou seus agentes não seriam de
competência da justiça brasileira, ou seja, a imunidade de jurisdição tinha caráter
ilimitado. E a partir de 1998, 1999, o STF acompanhando o entendimento mais fluente
nos tribunais internacionais, o STF passou a diferenciar a imunidade de jurisdição de
atos de império para atos de gestão. Ou seja, quando se tratar de ato de império (( vocês
lembram logo do comendador ne? Voces estão vendo BBB? Tem um cara que é
completamente retardado não é?)) os estados estrangeiros e seus agentes são imunes a
jurisdição brasileira. Obviamente que a contrario senso, em se tratando de atos de gestão
os estados estrangeiros e seus agentes não são imunes a jurisdição brasileira. Eu trouxe
uns julgados interessantes aqui: HC 49183. Ementa: CONSULADO HONORARIO DE
PAIS ESTRANGEIRO NO BRASIL. INVIOLABILIDADE DE SUA
CORRESPONDENCIA SOBRE ASSUNTO DE SERVIÇO. IMUNIDADE DE
JURISDIÇÃO DE QUE GOZAM OS FUNCIONÁRIOS CONSULARES.
INCOMPETENCIA DE JUSTIÇA BRASILEIRA PARA O PROCESSO PENAL
INSTAURADO CONTRA VICE- CONSUL DA REPUBLICA DOMINICANA.
RECURSO PROVIDO, PARA A CONCESSÃO DO HABEAS CORPUS, COM O
TRANCAMENTO DA AÇÃO.

O STF entendeu que o cônsul só pode ser julgado por crimes de imperio por seu pais,
sendo trancada a ação. Outro caso, Ação Civil 298: INTERNACIONAL PÚBLICO.
IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. AÇÃO DE ESTADO ESTRANGEIRO CONTRA
OUTRO, PERANTE A JUSTIÇA BRASILEIRA. 1) DEMANDA QUE TEM POR
OBJETO IMÓVEL SITUADO NO BRASIL, ORIGINARIAMENTE ADQUIRIDO
PELA REPUBLICA DA SIRIA, DEPOIS UTILIZADO PELA REPUBLICA ARABE
UNIDA, E, DESFEITA A UNIÃO DOS DOIS ESTADOS, RETIDO PELA
REPUBLICA ARABE DO EGITO. 2) IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO, INVOCADA
PELO ESTADO-RÉU E NO CASO NÃO AFASTADA PELO FATO DE
CONSTITUIR OBJETO DA DEMANDA UM IMÓVEL SITUADO NO BRASIL. 3)
ANTECEDENDO AO ASPECTO DA APLICABILIDADE DO DIREITO INTERNO
BRASILEIRO SOBRE PROPRIEDADE IMOBILIARIA SITUADA NO BRASIL, A
IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO SE AFIRMA PELA CIRCUNSTANCIA DE A
SOLUÇÃO DA CONTROVERSIA ENTRE OS DOIS ESTADOS ESTRANGEIROS
DEPENDER DE PREVIO EXAME DE QUESTÃO, REGIDA PELO DIREITO
INTERNACIONAL PÚBLICO, ATINENTE AOS EFEITOS, ENTRE OS ESTADOS
ESTRANGEIROS LITIGANTES, DE ATOS DE SUA UNIÃO E POSTERIOR
SEPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE DEFINIÇÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA
SOBRE TAL QUESTÃO PREVIA, CONCERNENTE A RELAÇÕES JURIDICAS
ENTRE OS ESTADOS LITIGANTES. Nesse caso, a jurisdição brasileira não é
competente para julgar o litígio entre os dois estados. Primeiro eles devem se entender.

Outro caso que o prof não trouxe o numero do julgado mas prometeu trazer na
próxima aula diz respeito ao litígio entre uma mulher e a Embaixada da Republica
Democrática Alema. Neste caso o STF passou a mudar seu entendimento acerca de
imunidade de jurisdição. Ementa: Estado Estrangeiro – Imunidade em causa trabalhista.
Não há imunidade de jurisdição para o Estado estrangeiro em causa de natureza
trabalhista, esta deve ser julgada pela justiça do trabalho se ajuizada depois do advento
da Constituição Federal de 1988. O juízo de primeiro grau deve prosseguir no
julgamento da demanda. Os tribunais entendem que causas trabalhistas não são atos de
império, e sim atos de gestão. Talvez a linha mestra para tentar diferenciar atos de
império de atos de gestão é a afetação da soberania do país. Quando são atos que
envolvem estados estrangeiros, atos de guerra, são atos de império. Por ex, um
embaixador de um pais quando julgado por atos de seu exercício não pode ser julgado
pelo Brasil. Agora, se esse embaixador comprar um imóvel no Brasil é ato de gestão,
pode ser julgado pelo Brasil.

Outro caso, Agravo regimental no recurso ordinario 129, caso do barco pesqueiro
afundado pelo navio alemão. Neste caso relativizou-se a imunidade de jurisdição.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ORDINÁRIO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO -
BARCO DE PESCA BRASILEIRO AFUNDADO
NA COSTA BRASILEIRA, EM PERÍODO DE
GUERRA, POR NAVIO ALEMÃO - ESTADO
ESTRANGEIRO - IMUNIDADE ABSOLUTA -
DECISÃO DO RELATOR NEGANDO
SEGUIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO.
IRRESIGNAÇÃO DOS AGRAVANTES.

1. A relativização da imunidade da jurisdição conta


com o assentimento desta Corte Superior; mas, tão-
somente, quando envolve relações natureza civil,
comercial ou trabalhista, restando prevalente a
imunidade ao se tratar de ato de império, como no
presente caso.

2. A jurisprudência do STJ caminha no sentido de


que não é possível a responsabilização da República
Federal da Alemanha por ato de guerra, tendo em
vista tratar-se de manifestação de ato de império.
Precedentes: AgRg no RO 110/RJ, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, DJe 24/09/2012);
RO 72/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, DJe 08/09/2009); RO 66/RJ, Rel.
Ministro FERNANDO GONÇALVES, DJe
19/05/2008).

3. Agravo regimental desprovido.

Outro caso é o Recurso Ordinário 99 
 
DIREITO  PROCESSUAL  CIVIL  E  INTERNACIONAL. 
AÇAO  INDENIZATÓRIA  AJUIZADA  CONTRA  ESTADO 
ESTRANGEIRO.  AUTORIDADE  JUDICIÁRIA 
BRASILEIRA. COMPETÊNCIA. LIMITES. RESPOSTA DO 
ESTADO ESTRANGEIRO. PROCEDIMENTO.  
1.  A  imunidade  de  jurisdição  não  representa  uma 
regra  que  automaticamente  deva  ser  aplicada  aos 
processos  judiciais  movidos  contra  um  Estado 
estrangeiro.  Trata‐se  de  um  direito  que  pode,  ou 
não,  ser  exercido  por  esse  Estado,  que  deve  ser 
comunicado para, querendo, alegar sua intenção de 
não se submeter à jurisdição brasileira, suscitando a 
existência,  na  espécie,  de  atos  de  império  a 
justificar  a  invocação  do  referido  princípio. 
Precedentes.  
2.  Tendo  o  Estado  estrangeiro,  no  exercício  de  sua 
soberania,  declarado  que  os  fatos  descritos  na 
petição inicial decorreram de atos de império, bem 
como  apresentado  recusa  em  se  submeter  à 
jurisdição  nacional,  fica  inviabilizado  o 
processamento,  perante  autoridade  judiciária 
brasileira,  de  ação  indenizatória  que  objetiva 
ressarcimento  pelos  danos  materiais  e  morais 
decorrentes  de  perseguições  e  humilhações 
supostamente  sofridas  durante  a  ocupação  da 
França por tropas nazistas.  
3.  A  comunicação  ao  Estado  estrangeiro  para  que 
manifeste a sua intenção de se submeter ou não à 
jurisdição  brasileira  não  possui  a  natureza  jurídica 
da citação prevista no art. 213 do CPC. Primeiro se 
oportuniza,  via  comunicação  encaminhada  por 
intermédio  do  Ministério  das  Relações  Exteriores, 
ao Estado estrangeiro que aceite ou não a jurisdição 
nacional.  Só  aí,  então,  se  ele  concordar,  é  que  se 
promove a citação para os efeitos da lei processual.  
4.  A  nota  verbal,  por  meio  da  qual  o  Estado 
estrangeiro  informa  não  aceitar  a  jurisdição 
nacional,  direcionada  ao  Ministério  das  Relações 
Exteriores  e  trazida  por  esse  aos  autos,  deve  ser 
aceita  como  manifestação  legítima  daquele  Estado 
no processo.  
5. Recurso ordinário a que se nega provimento.  

Ou seja, o próprio estado estrangeiro pode abrir mão de sua imunidade, pode
admitir o julgamento pelo Brasil. Ou pode invocar sua imunidade e não admitir ser
julgado. A imunidade atualmente é relativa: atos de gestão podem ser julgados pela
justiça brasileira, agora atos de império não competem à justiça brasileira.

Passamos para o segundo bloco do curso, que diz respeito a cooperação jurídica
internacional. A gente falou aqui por três aulas e meia de situações em que o estado
brasileiro é competente ou não para determinadas causas. Tratamos da nossa jurisdição
interna ou internacional. Agora passamos para um segundo momento, são situações em
que as ações são julgadas fora, mas por algum motivo, ou um determinado ato
processual deva ser cumprido no Brasil ou a sentença, em lato senso, proferida em
estado estrangeiro deva produzir efeitos em nosso território nacional. Ou seja,
cooperação jurídica internacional, em sentido amplo, é o intercambio internacional para
cumprimento extraterritorial de medidas processuais provenientes de Estado
Estrangeiro. Ou seja, a mobilidade entre as fronteiras obriga os Estados a
inevitavelmente cooperarem no caso de ações judiciais movidas em seus respectivos
tribunais para que tenham efetividade fora também. Por ex, uma ação foi movida na
França, mas o réu esta no Brasil, ou seja, a citação vai ter que ocorrer no Brasil, por
meio de carta rogatória. Como faz a penhora de um imóvel que esta no Brasil mas a
ação foi ajuizada na França? Por carta rogatória. Como obriga o cumprimento de uma
cão de alimentos com réu no Brasil? Com homologação de sentença estrangeiro. Trata-
se da cooperação internacional. Tribunais de vários países cooperaram para o
andamento das ações. A gente vai ter bastante tempo para falar de carta rogatória de
homologação de sentença estrangeira mas eu queria aproveitar esse fim de aula pra falar
de um outro objeto, que pra mim é mais interessante, é o chamado auxílio direto.

Alem da homologação de sentença estrangeira e das cartas rogatórias, já é


reconhecido internacionalmente o auxílio direto. Voces podem imaginar a burocracia, a
morosidade, que uma carta rogatória enfrenta para obter o exequatur no STJ. Exequatur
é a decisão do STJ que determina o cumprimento de uma carta rogatória, ele autoriza o
cumprimento de uma cartão rogatória. Por ex, vamos imaginar que la fora existe uma
criança aguardando o recebimento de alimentos enquanto a carta rogatória ingressou no
Brasil com a citação do réu. Não pode demorar muito. Por isso surgiu o auxilio direto.
Ao invés de passar pelo STJ, as partes firmam convênios internacionais, no sentido de
indicar as autoridades competentes para receber e distribuir no Brasil através de uma
entidade brasileira a competente ação. Ou seja, ao inves do cara ajuizar uma ação la
fora, pro réu ser citado so aqui no Brasil, essa parte se dirige ao Ministerio Publico no
Brasil, e o MP ajuíza a ação contra o réu. É uma forma de driblar o STJ. Dá muito mais
celeridade a ação judicial. O auxilio direto atualmente depende de convenções
internacionais, como a Convenção de Nova York, da qual o Brasil é signatário, que trata
sobre obrigações alimentares. Pra ilustrar melhor o auxilio direto, vejam o art. 1º dessa
convenção. Há um demandante, aquele que precisa de alimento, há um demandado,
aquele que precisa de alimentos e há duas autoridades envolvidas, a autoridade
remetente e a autoridade intermediária. Art. 2 leitura. Em uma ação de alimentos, por
ex, a acão será remetida ao réu fora do Brasil pelo órgão remetente, por ex o Ministério
Publico do outro pais remete para o MP do Brasil. Outro ex que trata de auxilio direito é
na Convenção de Haia, e se eu não me engano nesse caso a autoridade remetente é a
AGU. Conceito de auxilio direto: é forma de cooperação jurídica internacional através
da qual a autoridade estrangeira solicita diretamente a uma autoridade intermediária, ou
autoridade central, a prática de atos processuais em seu território. Ou seja, em uma ação
de alimentos o Ministerio Publico Frances remete a ação ao Ministerio Publico Federal
no Brasil e este distribui a ação aqui, facilitando o desenvolvimento dos atos
processuais por todo território brasileiro. E pra finalizar, comprovando o seu caráter de
renovação e de evolução no direito internacional, o novo CPC tratou em um capitulo
inteiro do auxilio direto. Alias, de uma forma geral, o CPC anterior não tinha qualquer
dispositivo sobre cooperação internacional, pq havia um entendimento de que isso
deveria estar no regimento interno dos tribunais mas o novo CPC acabou trazendo
normas gerais de cooperação jurídica internacional, inclusive sobre o auxilio direto, arts.
28 a 34, do novo CPC. Leitura dos arts.

Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não


decorrer diretamente de decisão de autoridade
jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de
delibação no Brasil.

Art. 29. A solicitação de auxílio direto será


encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à
autoridade central, cabendo ao Estado requerente
assegurar a autenticidade e a clareza do pedido.

Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de


que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os
seguintes objetos:

I - obtenção e prestação de informações sobre o


ordenamento jurídico e sobre processos
administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;

II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada


em processo, em curso no estrangeiro, de
competência exclusiva de autoridade judiciária
brasileira;

III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial


não proibida pela lei brasileira.

Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-


se-á diretamente com suas congêneres e, se
necessário, com outros órgãos estrangeiros
responsáveis pela tramitação e pela execução de
pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo
Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas
constantes de tratado.

Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de


atos que, segundo a lei brasileira, não necessitem de
prestação jurisdicional, a autoridade central adotará
as providências necessárias para seu cumprimento.

Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto


passivo, a autoridade central o encaminhará à
Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a
medida solicitada.

Parágrafo único. O Ministério Público requererá em


juízo a medida solicitada quando for autoridade
central.

Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que


deva ser executada a medida apreciar pedido de
auxílio direto passivo que demande prestação de
atividade jurisdicional.

No caso do art. 30, I, existe uma divergência muito comum. Eu já disse algumas
vezes que é muito comum o Tribunal brasileiro aplicar uma lei estrangeira e vice versa,
tribunais internacionais também aplicam o direito brasileiro. A duvida surge quanto a
como essas leis são aplicadas nesses tribunais. Qual a melhor jurisprudência aplicada no
assunto, e eventualmente era feito por carta rogatória, o que era absolutamente
impróprio, e isso, em tese, era pra ser feito através de autoridade central, no nosso caso,
através do Ministerio das Relações Exteriores. É ate curioso que algumas vezes os
tribunais estrangeiros perguntavam qual a doutrina seguíamos e a resposta sempre era
de que seguíamos Claudio Bevilaqua, e ai era mandando o livro dele. Mas o novo CPC
estabelece que o auxilio deve ser por uma autoridade central e não por carta rogatória.
No caso do inciso II, do art. 30, quer dizer que agora a colheita de prova quando tiver
que ser feita no direito brasileiro, será por meio de auxilio direito, e não por carta
rogatória, salvo se o processo tiver correndo no estrangeiro e for de competência
exclusiva nossa, nesse caso não será autorizada a colheita por auxilio direto.

No caso do art. 33 é como se fosse uma espécie de convenio entre a autoridade


central estrangeira para autoridade central brasileira, e esta faz o pedido em juízo
facilitando muito os caminhos de modo a não se passar por tribunais superiores.
Recomendo a leitura desses artigos do novo CPC. Ate terça que vem. Boa semana a
todos!

DIPRI II RIO, 14 ABRIL DE MARÇO DE 2015 
Bom dia a todos 
Vamos voltar ao nosso estudo de DIPRI II 
Na última aula tratamos do assunto de jurisdição interna 
Agora  vamos  tratar  de  cooperação  internacional  que  trata  de  instrumentos  de 
circulação  internacional  de  decisões,  instrumentos  ligados  à  ideia  de  efetividade  de 
decisões  pelos  diversos  países  do  mundo.  A  ideia  dessa  efetividade  de  decisões,  o 
primeiro  assunto  que  a  gente  tratou  foi  o  auxílio  direto,  que  é  uma  forma  criada, 
primeiro, por tratado e convenção internacionais que permite superar a burocracia e 
os autos custos de homologação de sentença e cartas rogatória. 
Como vamos ver a partir de hoje, qualquer decisão de tribunal estrangeiro, para que 
produza efeitos no Brasil tem que passar pelo crivo do STJ, e isso envolve uma série de 
requisitos, custos bastantes altos e envolve, também, uma burocracia imensa, que faz 
com  que  a  homologação  de  sentença  estrangeira  e,  eventualmente,  o  exequatur  de 
uma carta rogatória seja algo extremamente moroso. E a gente tem em situações mais 
delicadas,  situações  mais  sensíveis,  por  exemplo,  as  ações  de  alimentos,  em  que  é 
possível chamar o auxílio direto. 
 
Auxílio direto é aquele instrumento no qual a autoridade central, lá no país de origem, 
essa autoridade central em geral ela é selecionada através de um Tratado, no Brasil, 
geralmente,  é  o  Ministério  da  Justiça,  essa  autoridade  central  de  um  pais  de  origem 
remete uma ação judicial a ser distribuída aqui, com outra autoridade central, também 
selecionada por Tratado, no Brasil geralmente é o Ministério da Justiça, mas pode ser o 
Ministério Público federal, por exemplo. 
 
A autoridade lá da França, por exemplo, remete uma ação de alimentos, ao invés de 
ingressar  com  uma  ação  de  alimentos  lá  e  depois  passe  pelo  procedimento  de 
homologação  aqui  no  STJ,  para  só  depois  produzir  efeitos.    É  muito  mais  rápido  que 
essa ação seja remetida de autoridade para autoridade e distribuída aqui, pela nossa 
autoridade central, perante um juízo de primeira instância, um juízo federal. 
 
Então há aí uma forma de superar esse obstáculo, que é um obstáculo extremamente 
complicado, tanto de vista material, quer dizer, a homologação é a regra. Dependendo 
do caso a homologação é a exceção.  (professor se enrolou) 
 
Até  porque  a  gente  vai  ver  que  no  modelo  brasileiro,  não  se  envolve  no  mérito  da 
sentença  que  será  homologada,  nosso  sistema  é  o  sistema  de  delibação.  Isso  aí 
significa que o STJ não analisa o mérito daquela decisão, analisa requisitos formais e 
requisitos de ordem pública. 
 
O  fato  é  que  a  homologação  de  sentença  estrangeira  é  extremamente  custosa  e 
extremamente demorada.  
 
Em  casos  sensíveis,  como  o  de  alimentos  de  menor,  por  exemplo,  é  um  prejuízo 
enorme  para  a  parte.  E  aí  quando  a  gente  fala  de  alimentos  o  prejuízo  não  é 
material/econômico,  mas  o  prejuízo  de  vida  mesmo,  de,  enfim,  o  prejuízo  mais 
sensível que é a dignidade da pessoa humana. 
 
O  tempo  que  isso  demora  e  o  custo  que  isso  gera  pode  gerar,  em  casos  extremos, 
inclusive a morte da criança. 
 
O sistema do auxílio direto acho que permite a gente superar este obstáculo e é um 
sistema  previsto  exclusivamente  em  Tratados  Internacionais,  a  partir  do  CPC,  que 
entra em vigor em 2016, em março, há um capítulo específico para o auxilio direto. 
 
Então,  há  previsão  legal  agora,  previsão  legislativa,  de  direito  interno  a  respeito  do 
auxílio direto, alguns dos artigos já abordados em sala de aula. 
 
O auxílio direto, há muita discussão a respeito dele. Porque como é um instrumento 
absolutamente  inovador  no  direito  brasileiro,  salvo  alguns  poucos  Tratados 
Internacionais,  isto  vai  dar  muito  pano  para  manga.  O  STJ  vai  ter  que  se  manifestar 
muito sobre isto e, eventualmente, até o STF vai ter que se manifestar sobre isso, pode 
ser  suscitada  até,  eventualmente,  uma...  É  competência  constitucional  do  STJ  para 
validade  das  decisões  internacionais,  qualquer  decisão  internacional,  então  pode  ser 
que isso cause muito caos para frente aí. 
 
Para efeito do nosso curso, mais importante que o auxílio direto é a homologação de 
sentença estrangeira, que vamos tratar hoje, acho que a gente não termina, e as cartas 
rogatórias. 
  
Apenas  para  diferenciar  uma  da  outra,  homologação  de  sentença  estrangeira  é  um 
procedimento criado para dar validade em território nacional a decisões definitivas 
de autoridades estrangeiras.  
 
É  obvio  que  a  decisão  definitiva  de  um  tribunal  estrangeiro  não  pode  ter  validade 
automática  no  território  nacional,  mas  é  óbvio,  também,  por  outro  lado,  que 
eventualmente  há  necessidade  das  partes  de  que  tais  decisões  produzam  efeitos  no 
território  nacional.  Vamos  imaginar  o  divórcio  realizado  fora  do  Brasil,  mas  uma  das 
pessoas tenha que residir no Brasil ou reside no Brasil, aí queira se casar de novo, por 
exemplo. 
 
O  divórcio  foi  feito,  consumado,  em  território  alemão,  suponhamos,  então  está 
divorciado em território alemão, no Brasil essa decisão administrativa ou judicial não 
produz  efeitos  automáticos.  Eventualmente,  no  Brasil,  essa  pessoa  pode  ser 
considerada  ainda  casada,  se  tiver  registrado  esse  casamento  de  alguma  forma  no 
Brasil. 
 
É lógico para configurar esse divórcio em território nacional não basta trazer a decisão 
pronta para nosso sistema registrar e falar: “olha, me divorciei na Alemanha, logo está 
aqui  a  minha  certidão  de  casamento  com  o  divórcio  averbado  na  Alemanha,  em 
alemão”. É lógico que é necessário uma análise de validade daquela decisão. E aí passa 
pelo procedimento de homologação de sentença estrangeira 
 
Cabe ao STJ, atualmente, fazer uma análise, ainda que superficial, não é uma análise 
de  mérito,  de  cumprimento  de  alguns  requisitos  para  que  essa  sentença  ou  essa 
decisão, melhor dizendo, seja validada em território nacional. 
 
É  um  procedimento  criado,  na  verdade,  para  conferir  efetividade  ao  sistema  jurídico 
internacional de julgamentos. 
 
A  gente  vive  um  momento  de  globalização,  um  momento  de  enorme  circulação  de 
pessoas e mercadorias. Não faria nenhum sentido que: 
1‐ As  decisões  proferidas  no  Tribunal  ficassem  restritas  exclusivamente  àquele 
país. Imagina se a cada país tivesse que ajuizar uma nova ação, por exemplo. 
2‐ Por  outro  lado  não  faria  sentido,  sob  o  ponto  de  vista  de  ofensa  à  soberania 
nacional  que  a  decisão  proferida  em  determinado  país  produza  efeitos 
automaticamente em outro país. 
 
Há,  de  forma  geral,  no  mundo  inteiro,  com  uma  ou  outra  exceção,  uma  forma  de 
validação de decisões internacionais. A gente vai ver daqui a pouco, são pelo menos 3 
sistemas mais comuns. O nosso sistema é o sistema da delibação. 
 
Fato  é  que  para  que  uma  decisão  estrangeira  seja  válida  no  nosso  território  ela 
necessariamente tem que passar pelo crivo do STJ, atualmente. 
 
Para efeito de homologação de sentença, um conceito de sentença conferido pelo STF 
é o mais amplo possível, não se adequando ao conceito de sentença disposto no CPC.  
 
OBS:  Até  a  EC  45/05,  a  homologação  de  sentença  estrangeira  e  para  a  execução  de 
exequatur e de carta rogatório era de competência do STF. Com a EC 45/05 houve o 
deslocamento da competência para o STJ. 
 
O nosso sistema jurídico processual interno, sentença é a decisão definitiva de mérito 
de  primeira  instância  proferida  pela  autoridade  judicial  da  qual  cabe  recurso  de 
apelação. 
 
Para  efeito  de  homologação  de  sentença  estrangeira:  Sentença  é  toda  decisão  de 
mérito, definitiva, emanada de autoridade detentora do poder jurisdicional. 
 
Pelo  conceito,  vocês  podem  perceber  que  nem  toda  homologação  de  sentença 
estrangeira tratará de decisão emanada de autoridade judicial. É muito comum, e aí o 
STJ  não  faz  distinção  a  respeito  disso,  mas  determinadas  decisões  de  caráter  judicial 
sejam emanadas por autoridades de outras espécies. No Japão, por exemplo, divórcio 
é ato administrativo, de competência do prefeito da cidade.  
   
Primeiramente, a competência de homologação era dos tribunais federais de primeira 
instância,  até  o  final  do  século  XIX,  só  que  isso  tinha  um  inconveniente  enorme. 
Qualquer  decisão  de  juiz  de  primeira  instância  cabe  dezenas  de  recursos.  E  aí  a 
pacificação  de  um  conflito  já  realizado  em  território  nacional  acabava  se  acendendo 
novamente a partir do momento em que cabem todos os recursos de novo dentro do 
território nacional. 
 
Logo, essa competência foi deslocada no final do século XIX para o STF, decisões das 
quais não cabem recursos. Permaneceu competente o STF até a EC 45/05. 
 
Agora é óbvio que o STF, que é a Corte maior do direito brasileiro, e que é uma Corte 
que  teria  necessariamente  que  ser  uma  Corte  exclusivamente  de  caráter 
constitucional,  ou  seja,  um  Tribunal  que  teria  como  função  efetivamente  ser  um 
guardião  de  preceitos  constitucionais,  acabava  se  embrenhando  em  questões  de 
direito infraconstitucional, inclusive infra legal, até, né? Se a gente pensar em questões 
de  divórcio,  partilha  de  bens,  alimentos,  que  necessariamente  acabavam  sendo 
analisadas pelo STF. E aí não fazia muito sentido uma Corte constitucional, do porte do 
STF, que tem apenas 11 ministros. 
 
Há 3 sistemas internacionais de homologação de sentença estrangeira: 
1‐ Delibação – Maioria dos países, inclusive Brasil – Pelo sistema da delibação, o 
Tribunal do país de destino analisa apenas superficialmente o cumprimento de 
requisitos  formais  da  decisão  a  ser  homologada,  bem  como  se  há  ofensa  à 
soberania nacional, à ordem pública e à dignidade da pessoa humana. Ou seja, 
o que o nosso tribunal,  em curtas palavras, vai analisar é se o juiz que julgou 
era competente e aí já ressalvo, essa análise de competência do juiz julgador ou 
autoridade julgadora não é da competência interna, vai analisar se o juiz lá no 
país dele era competente, o que o STJ vai analisar é se internacionalmente o 
tribunal daquele país era competente, além disso vai analisar se a decisão é 
definitiva, se houve citação válida, se houve revelia configurada e requisitos 
formais (decisão traduzida por tradutor juramentado, a decisão tem que ser 
consularizada). E aí sim, se há ofensa à soberania nacional, à ordem pública, 
aos  bons  costumes  e  à dignidade  da  pessoa  humana.  É  óbvio  que  dentro  da 
homologação  de  sentença  estrangeira  há  direito  ao  contraditório.  Decisão 
colegiada do STJ. Não se ingressa no mérito da decisão no que se refere a não 
ser no que diz respeito a se há ofensa à soberania nacional, à ordem pública e à 
dignidade da pessoa humana. 
2‐ Países  do  common  law  (anglo‐saxão)  –  Sistema  da  Revisão  –  Possibilidade  de 
revisão parcial de mérito.  
3‐ Raro atualmente – Sistema da Reciprocidade – Só há homologação de decisões 
estrangeiras  se  houver  tratado  ou  convenção  internacional  estabelecendo 
reciprocidade de procedimentos entre os países. 
 
Onde estão regulamentados os requisitos para homologação de decisões estrangeiras 
e  onde  se  acha  o  procedimento  atual  para  homologação  de  decisão  estrangeira?  Há 
uma novidade a esse respeito. 
 
Os requisitos materiais estão previstos no artigo 15 da LINDB.   
 
Art.  15.  Será  executada  no  Brasil  a  sentença  proferida 
no estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos: 
a) haver sido proferida por juiz competente; 
b) terem  sido  os  partes  citadas  ou  haver‐se  legalmente 
verificado à revelia; 
c)  ter  passado  em  julgado  e  estar  revestida  das 
formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi 
proferida; 
d) estar traduzida por intérprete autorizado; 
e)  ter  sido  homologada  pelo  Supremo  Tribunal 
Federal. (Vide art.105, I, i da Constituição Federal). 
Parágrafo  único.   (Revogado  pela  Lei  nº  12.036,  de 
2009). 
 
Além disso, diz o artigo 17 da LINDB: 
 
Art.  17.  As  leis,  atos  e  sentenças  de  outro  país,  bem 
como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no 
Brasil,  quando  ofenderem  a  soberania  nacional,  a  ordem 
pública e os bons costumes. 
 
Aqui há matérias de ordem formal (15) e material (17).  
 
O procedimento para julgamento da homologação de sentença estrangeira estava em 
um  primeiro  momento  estabelecido  no  Regimento  Interno  do  STF.  No  momento  em 
que a competência se desloca para o STJ, o STJ é obrigado a tratar da matéria e aí o 
que o STJ faz imediatamente é pegar para si emprestado o Regimento Interno do STF 
enquanto o STJ não regulamenta a questão. 
 
Algum  tempo  depois  o  STJ  edita  uma  Resolução  nº  9/05  de  caráter  provisório  para 
regulamentar internamente o procedimento de homologação de sentença estrangeira. 
Recentemente,  em  dezembro  de  2014,  a  Emenda  Regimental  nº  18/14  alterou  o 
Regimento  Interno  do  STJ.  Como  a  gente  vai  ver,  ela  incluiu  uma  série  de  artigo, 
numerados  do  216‐A  até  o  216‐X.  Do  216‐A  ao  216‐N  trata  de  Homologação  de 
Sentença Estrangeira. Do 216‐O ao 216‐X trata de Carta Rogatória. 
 
Certamente todas as bibliografias estão erradas a esse respeito, mas, de certa forma, 
não é tão urgente, pois a ER 18 é bastante semelhante com a Resolução 9/05. 
 
Pode  haver  normas  específicas,  que  podem  ser  previstas  em  tratados  internacionais, 
que serão vistos nas próximas aulas. 
 
O professor fez observações finais a respeito da matéria: 
1‐ A  análise  da  competência  é  a  competência  internacional,  verificar  se  aquele 
país  era  competente  e  se  não  se  trata  de  competência  exclusiva  do  próprio 
Poder Judiciário brasileiro. 
2‐ Deve se analisar se a parte voluntariamente se submeteu ao Tribunal daquele 
país.  Isso  não  significa  que  a  decisão  não  será  válida  naquele  país,  ela  só  não 
será homologada. 
3‐ Com  relação  à  cláusula  arbitral  não  há  análise  da  competência,  apenas  da 
submissão voluntária. 
4‐ Lembrar  que  nem  toda  homologação  de  sentença  estrangeira  tratará  de 
decisão emanada de autoridade judicial. 
5‐ Violação à soberania nacional seria, em tese, a análise do tribunal internacional 
de causa submetida de forma exclusiva a decisão de tribunal nacional. 
6‐ Ordem  pública e  bons  costumes  são  dois  conceitos  extremamente  fluídos  e  a 
análise deve ser feita de forma jurisprudencial. A homologação de decisão de 
cobrança da dívida de jogo, por exemplo, é possível. 
7‐ Citação válida é aquela válida nos termos da lei brasileira. A citação por correio, 
por exemplo, não é válida.  
8‐ A  decisão  deve  ser  definitiva  para  evitar  custos  desnecessários  e  insegurança 
jurídica. 
 
21 DE ABRIL NÃO HOUVE AULA  
28 DE ABRIL NÃO HOUVE AULA  
21 DE ABRIL NÃO HOUVE AULA  
28 DE ABRIL NÃO HOUVE AULA  
 
DIPRI II – RIO 05  DE MAIO DE 2015 
Bom dia gente, tudo bem?  
Primeiramente eu gostaria de pedir desculpa pela falta semana passada, eu não estou 
100% agora mas estava muito pior na semana passada. Fiquei forçando até o último 
momento, mas se hoje já está complicado, semana passada tava muito pior. Então, 
desculpa, espero que vocês tenham lido a a tempo. E... de qualquer forma vamos 
prosseguir.  
(Explicou sobre a entrega do trabalho, entrega física ou por email, etc.) 
(Pergunta do aluno sobre notas) 
Esse trabalho vale 10 pontos, a prova também vale 10, a nota, naturalmente, será a 
soma do trabalho com a prova divide por 2, e quem alcançar 10 está provado. 
Alguma dúvida que tenha surgido na confecção dos trabalhos, que eu possa 
ajudar...alguma questão que não tenha ficado bem clara, bem sanada... Enfim, estou 
totalmente à disposição. 
Quando o STF (...) nos processo que já tinham sido julgados pelo STF, ele remeteu para 
o STJ? 
Se já tivesse em julgamento de Ed ou agravo interno, o STF não transferiu para, mas se 
não houvesse nenhum julgamento de mérito ele remeteu ao STJ. 
Então, a gente não chegou a terminar a homologação de sentença estrangeira, faltou 
tratar um pouco o procedimento da homologação, o procedimento a partir que o 
pedido chega no STJ, antigamente STF, como  se processa a homologação de sentença 
estrangeira. A legislação que trata do assunto, como eu disse a vocês, é o regimento 
interno do próprio STJ. É muito comum ainda encontrar em obras, em livros, em 
julgamentos, referência a resolução n.º 9 do STJ, resolução que surgiu logo depois da 
EC 45, mas que já está revogada. Embora o regimento interno tenha hoje uma redação 
muito parecida coma resolução n.º 9, é importante que vocês frisem a idéia de que a 
resolução n.º 9 está revogada, que o que vale atualmente é o regimento interno que 
sofre uma emenda, de ... 18, que é relativamente recente, bem recente diria eu, tem 
poucos meses, e ... concluiu o artigo 16 a) até o 16 x). Então, qualquer referência à 
resolução do STJ n.º 9.. essa resolução está revogada. A gente... ficou faltando tratar o 
procediemnto da emenda quanto a homologação de sentença estrangeira. O pedido 
de homologação de sentença estrangeira é feito pelo advogado da parte interessada, e 
aqui que é importante pontuar que há uma diferença bastante importante  em relação 
à carta rogatória que a gente vai falar daqui a pouco. O pedido de homologação de 
sentença estrangeira é feito através de petição inicial apresentada pelo advogado da 
parte interessada, ou seja, a parte que pretende que uma determinação decisão 
produza efeitos em território brasileiro tem que apresentar através de petição inicial 
ao presidente do STJ o pedido de homologação de sentença estrangeira. Cabe ao 
presidente do STJ processa e julgar a homologação de  sentença estrangeira, sóq eu , 
obviamente, cabe ao presidente do STJ oportunizar, abrir prazo ao contraditório. Logo, 
a outra parte envolvida na homologação de sentença estrangeira tem a oportunidade 
de contestar aquele pedido. Havendo contestação do pedido de homologação de 
sentença estrangeira, aí sim, cabe ao presidente do STJ julgar monocraticamente, se 
entender que é o caso, ou remeter o processo à corte especial instituindo (?) relator. É 
o que acontece quase sempre, quando a gente vai analisar as decisões do STJ, o que a 
gente mais escontra é a sigla sec‐sentença estrangeira contestada. São os casos em 
que a parte contestou sentença estrangeira, aí cabe  réplica e até tréplica e cabe ao 
órgão colegiado a homologação do pedido de sentença estrangeira.  
Então  é importante a gente frisar porque aqui é uma diferença muito importante, o 
pedido de homologação de sentença estrangeira é feito por petição inicial, e a petição 
inicial tem que ter os mesmo requisitos da petição inicial prevista lá no CPC. Se a 
petição inicial não tiver os mesmo requisitos, diz o regimento interno que cabe ao 
presidente do STJ oportunizar prazo razoável para que a petição inicial seja emendada. 
Ou seja, digamos que uma petição inicial chegue ao STJ com um pedido de 
homologação de sentença estrangeira, que não contenham, por  exemplo, 
documentos importantes, ou não contenha, por exemplo, o pedido. Digamos que haja  
uma clara inépcia na petição inicial, não pode o presidente do presidente do tribunal 
de justiça indeferir de plano o pedido. Cabe a ele abrir oportunidade para que esse 
pedido de homologação de sentença estrangeira seja emendado. Tá? É.. um porto 
relevante aqui é o seguinte. A parte  não interessa da em uma homologação de 
sentença estrangeira pode contestar qualquer matéria, aqui PE fundamental distinguir 
a defesa de mérito que a parte pode fazer da defesa procedimental. Diz o artigo 216H , 
parágrafo único do regimento interno do STJ o seguinte:  
Art. 216-H. A parte interessada será citada para, no prazo
de quinze dias,
contestar o pedido.
Parágrafo único. A defesa somente poderá versar sobre a
inteligência da
decisão alienígena e a observância dos requisitos
indicados nos arts. 216-C, 216-
D e 216-F.
 
No 216C são requisitos formais: 
Art. 216-C. A homologação da sentença estrangeira será
proposta pela
parte requerente, devendo a petição inicial conter os
requisitos indicados na
lei processual, bem como os previstos no art. 216-D, e ser
instruída com o
original ou cópia autenticada da decisão homologanda e
de outros documentos
indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor o
cial ou juramentado no
Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira
competente, quando for
o caso.
 
Então, uma das matérias de defesa, que a parte não interessada na homologação de 
sentança estrangiera tem,  é argumentar que a decisão, por exemplo,  que o pedido de 
homologação de sentença estrangeira não contém um ou mais, por exemplo,  a 
ausência de cópia da dacisão, ou cópias autenticada da decisão, homologanda, a 
ausência de tradução por tradutor juramentado, e se fizermos uma  pesquisa um 
pouco mais profunda, no site do superior tribunal de justiça a respeito de 
homologação de sentença estrangeira,  eu direita que em 90% dos casos é com base 
nesse  requisito, com base nesse dispositivo legal, que o STJ deixa de homologar uma 
sentença estrangeira. Diria eu que em 90% dos casos, o fundamento da corte para não 
homologar uma sentença estrangeira é o fundamento de ordem formal. Quase 
sempre, se vocês forem pesquisar isso vão verificar que quase sempre, muito raro que 
se deixe de homologar  uma sentença estrangeira por falta, por violação  à ordem 
pública por exemplo, por violação à dignidade humana, é muito raro. Quase sempre as 
decisões que denegam homologação de sentença estrangeira são decisões de ordem 
formal, seja porque a tradução não foi feita por tradutor juramentando, seja porque a 
decisão homologanda não está autenticada, e daí por diante. Seja porque a petição 
inicial não possui requisitos desse dispositivo, da lei processual. E por aí vai. Tá? 
Outra matéria de defesa que pode a parte interessada argumentar é aquela com base 
no dispositivo 216D, diz 
Art. 216-D. A sentença estrangeira deverá:
I - ter sido proferida por autoridade competente;
II - conter elementos que comprovem terem sido as partes
regularmente
citadas ou ter sido legalmente veri cada a revelia;
III - ter transitado em julgado.
 
Ou seja, é... pode a parte não  interessada, a parte contestante, digamos assim, a parte 
conteste o pedido de homologação de sentença estrangeira suscitar um desses três 
pontos. Primeiro, que não houve citação válida, ou que não se verificou a revelia da 
parte do juízo alienígina, do jupízo estterior. Ou que a autoridade julgadora não era 
competente. Lembrando, vale a pena pontuar aqui, que a autoridade competente, 
quer dizer, o Brasil não tem autonomia para se introdizir na competência da 
autoridade de um tribunal estrangeiro. Logo, não cabe a nossa jurisdição decidir se um 
tribunal é competente ou não, e mais, a autpridade compretente de um tribunal 
estrangeiro por, inclusive, não ser uma autoridade judiciária. Vou repetir, a autoridade 
que decidir o caso em última estância no exterior pode, inclusive, não ser  autoridade 
de caráter judiciário. Como a gente citou aqui na ultima aula, há casos em países, 
como no Japão, por exemplo, que determinadas situações são decididas com 
autoridade de coisa julgada , por autoridade não judiciais, como por exemplo o 
prefeito. Se não me engano no Japão o prefeito decide a respeito de divórcios. Então é 
importante ter em mente que a autoridade competente não necessariamente é uma 
autoridade judiciária e o fato é que no Brasil isso não faria coisa julgada material, mas 
o Brasil ainda assim homologa já que violaria a autonomia de cada país se o Brasil 
tivesse que decidir a respeito da competência interna daquele país. OK? 
(Pergunta do aluno) 
A sentença arbitral, mal ou bem, ela é admitida no Brasil também. Então, no Brasil ela 
é sentença. No Brasil, de uma forma ou de outra ela seria validada. Mas, uma decisão, 
por exemplo, de um rei, no Brasil em tese, em países nórdicos, por exemplo, há 
situações em que no Brasil tem caráter judiciário, mas que lá são decididas pela 
monarquia. Na Noruega, na Inglaterra, então...enfim. Na suíça também tem decisões 
de prefeituras locais, naqueles cantões lá. Mesmo uma decisão que aqui no Brasil não 
teria qualquer validade judiciárias, eu homologo como sentença fosse. Justamente 
para não violar a autonomia de cada país. Então, enfim, em matéria de defesa, o 
contestante de acordo com o artigo 216B do regimento interno.  (Ele relê o artigo, já 
transcrito acima).  
É indispensável dizer que cabe à parte que solicita a homologação de sentença 
estrangeira o ônus da prova de que a decisão transitou em julgado. Como é que ela faz 
isso? Depende do país local. Em tese no Brasil, a certidão nos autos de que há o 
trânsito em julgado nos autos, em cada país, naturalmente, vai oferecer o documento 
competente. Mas é indispensável que a parte comprove o trânsito em julgado. Se a 
parte não comprovar, mesmo que não haja contestação, há o entendimento de que há 
citação em matéria de ordem pública. Ausência de citação em matéria de  ordem 
pública, então em tese, poderia o presidente do supremo tribunal indeferir  a petição 
inicial pela ausência de elemento indispensável que  é a prova do trânsito em julgado, 
ok? 
 Outra matéria de defesa, aí já entrando no tal juízo de delibação, que a gente chama, 
lembrando que o juízo de delibação ocorre quando o STJ ingressa de forma superficial 
no mérito da questão. O STJ não tem competência para rejulgar o caso, mas sim ... 
(papo sobre trabalhos, monografia, OAB...) 
O juízo de delibação do STJ ingressa de forma  supercial no mérito apenas para analisar 
se hpa violação à soberania naconal, à ordem pública, ou a dignidade da pessoa 
humana, de acordo com o regiemnto do STJ. Então, nçao cabe o rejulgamento do caso, 
de forma nenhuma. Como eu falei na aula passada,há pelo mundo afora mais de um 
sistema de homologação de decisões de outros pasíses. Há sistemas, especialmente na 
common Law, em que o tribunal local tem a prerrogativa de rejulgamento do caso. Nos 
EUA e, se não me engano, na Inglaterra, há a  prerrogativa da suprema corte rejulgar o 
caso. Reanalizar os pressupostos fáticos, inclusive o julgamento daquele caso para 
avaliar se a sentença está correta. No Brasil não se faz isso, No Brasil é simplesmente 
analisar a violação à ordem pública, à dignidade humana e a soberania nacional. Já  
adianto que é muito raro, muito raro a denegação de uma  homologação por um 
desses requisitos. Só se for um caso extremamente grosseiro, ok? Beleza? 
Como eu disse a vocês, a competência para julgamento inicialmente da homologação 
estrangeira é do presidente do STJ, e havendo contestação, em tese, ele deve remeter 
aquela sentença estrangiera contestada à corte especial. Há um dispositivo no 
regimento interno que autoriza o presidente do STJ ainda assim a julgar 
monocraticamente. Diz o artigo 216K o seguinte: 
Art. 216-K. Contestado o pedido, o processo será
distribuído para julgamento
pela Corte Especial, cabendo ao relator os demais atos
relativos ao andamento e
à instrução do processo.
Parágrafo único. O relator poderá decidir
monocraticamente nas hipóteses
em que já houver jurisprudência consolidada da Corte
Especial a respeito do
tema.
 
Ou seja, o presidente deixa de ser responsável, há o sorteio de um relator, e o 
julgamento se dá por uma corte especial. Porém o parágrafo único do 216K autoriza o 
relator a realizar o julgamento monocrático.  
(Pergunta do aluno) 
Corte especial do próprio STJ. O STJ se divide internamente em corte especial, 1ª 
seção, 2ª seção e 6 turmas. Mas enfim, há uma corte especial que reúne lá os 
ministros mais antigos, há seções e há turmas. Há turmas que cuidam de direito 
público, há turmas que cuidam de direito privado, e há turmas que cuidam do direito 
penal e tal. Então, enfim... o regimento interno divide as competências entre os órgãos 
julgadores. Mas quando ele fala em corte especial, é a corte especial do próprio STJ, 
tá! Não do STF. Beleza? 
Então, o presidente do STJ está autorizado a julgar monocraticamente, diz o próprio 
parágrafo único do 216K, que se já houver manifestações anteriores sobre o mesmo 
assunto da própria corte especial, está autorizado o  relator a poder julgar 
monocraticamente nas hipóteses em que já houver jurisprudência consolidada da 
corte especial a respeitodo tema. Então se já houver manifestação anteriores sobre o 
emsmo assunto da própria corte especial está autorizado o relator a decidir 
monocraticamente quando já houver jurisprudência consolidada da corte especial, por 
motivos obviamente de economia processual, e celetidade.  
(Pergunta do aluno) 
Enfim, um comentário de ordem geral e até um desabafo meu, e quem advoga 
provavelmente sente isso na pele, que é a quantidade absurda de decisões 
monocráticas que tem sido proferidas especialmente no TJ do Rio. A essência do 
recurso de apelação é que se tenha um recurso julgado por um órgão colegiado, e hoje 
em dia o TJ do Rio, a enorme  maioria dos recursos de apelação são julgados 
monocraticamente. Desrespeitando completamente a autoriaçaõq eu o CPC dá pro 
julgamento monocrático dos recursos. Diz o CPC que o juiz pode, é... julgar 
monocraticamente, o desembargador relator pode julgar monocraticamente uma 
apelação quando ela for manifestamente improcedente. O problema é que você 
suprime uma sere de prerrogativas do advogado. Quando há uma sentença de 1ª 
instânca, e o advogado apela, ele espera que aquela  apelação seja julgada por um 
órgão colegiado, ele espera que haja publicação de pauta. Ele espera que haja 
possibilidade de sustentação oral numa sessão de julgamento. Quando os relatores de 
uma forma geral, indiscriminadamente decidem  monocraticamente todos os recursos 
de apelação, você suprime do advogado, primeiro a publicação de pauta, porque o 
julgamento de agravo interno vai a sessão de mesa, isso é perigoso para ao advogado. 
Se o advogado não fica em ciam enchendo o saco do gabinete os caras jogam, vai 
numa sessão que você nem sabe que foi. Em apelação é obrigatório que publique 
pauta, sai uma publicação de que o julgamento vai ser tal dia e tal hora, o advogado 
vai receber no escritório uma publicação do diário oficial dizendo quando o caso vai 
ser julgado. Ele se prepara, ele estuda, ele se programa para ir. O julgamento de 
agravo interno que se dá em mesa, em tese o caar tem  que levar para a próxima 
sessão, em tese, só que isso é absolutamente desrespeitado, eles não levam a próxima 
sessão, levam quando querem. Qual a conseqüência disso? O advoga do que é mais 
diligente tem que ficar  indo ao gabinete semanalmente batalhar  informação de se vai 
ser julgado ou não. E o  advogado menos diligente? Julgam e ele não vê. A verdade é 
esse. Então, há uma enxurrada de julgamentos monocráticos no tribunal, e assim, 
quando o cara nega provimento a uma apelação ou agravo dizendo que o recurso 
manifestamente improcedente, manifestamente improcedente ainda é um conceito 
aberto, tem um caráter subjetivo aí. Mas para dar provimento a um recurso 
monocráticamente, diz claramente um texto do CPC que se a decisão recorrida estiver 
em confronto com jurisprudência dominante ou sumula de tribunal superior. Não tem 
mais subjetividade aqui. O relator que quiser dar proviemnto de maneira monocrática 
a um recurso de agravo de apelação, ele tem que provar  ele tem que demonstrar, 
haver manifesto confronto com sumula ou jurisprudência dominante de tribunal 
superior. E o fato é que os caras dão provimentos a recursos sem sequer citar uma 
decisão. Eles dão provimento em questões de fato, questão de fato cada uma é uma. 
Quer dizer,  se o julgamento é de fato não há dois iguais. Não tem como ter 
jurisprudência dominante numa questão que eu é absolutamente de fato. Então é... 
nós juristas, a não ser os que vão seguir carreira da  magistratura, porque isso é 
extremamente benéfico à magistratura, a gente entende que o magistrado tem um 
gabinete com 3, 4 mil processos para julgamento, todos são prioridade, todos os 
advogados querem celeridade, e isso é uma forma de limpar o gabinete. Mesmo em 
processos que vão a sessões de julgamento, há uma conta muito simples. Vocês vejam, 
olha um pauta de julgamento do TJ tem 400 processos para serem julgados em uma 
sessão que dura 3, 4 horas. Uma conta simples, é mais de um processo por minuto. É 
humanamente impossível, humanamente impossível que aqueles processos sejam 
discutidos. Então, o que ocorre na prática é o seguinte, chegam a ser minimamente 
discutidos os processos em que há advogado presente, e que há pedido de 
preferência. Então,  o advogado vai lá, diligentemente, pede preferência, senta na 
cadeirinha, aguarda julgamento, o desembargador pergunta “Há advogado presente?” 
o cara fala “Tô aqui, Excelência”, “vai sustentar?” “não”, “Ta por quem?” “Pelo 
recorrente”, e aí sim, o cara lê o relatório e aí há uma mínima discussão. Mas isso se dá 
durante a 1ª hora de sessão, alguém já ficou nas últimas 3, 4 horas de sessão? Até 5 
horas da tarde? Ninguém? Ninguém fica! Por que? Porque eles não julgam, não dá! 
São 400 processos em 2, 3 horas, é um tal de “ta aqui o relatório, assina todo mundo” 
unânime, pronto!  É humanamente impossível, não é há uma crítica, é humanamente 
impossível! Isso a gente  ta falando no âmbito do STJ do RJ que tem cento e poucos  
desembargadores, em vinte e tantas câmaras, e que julga só processo do estado do RJ. 
Imagina  isso no âmbito do STJ que tem trinta e pouco, trinta e três ministro se não me 
engano, para julgar processo do Brasil inteiro? Torna‐se mais impossível ainda, NE? 
Que todos os processos sejam adequadamente julgados. Então, é... na homologação 
de sentença estrangeira é menos usado o expediente, porque são mais raras as 
hipóteses, enfim... o volume não é tão grande  de sentença estrangeira que chega lá. 
Mas é bem comum que haja julgamento  monocrático do relator, se já houver casos 
semelhantes julgados por corte especial.  
Ok? 
Mas enfim... dei essa volta toda para chegar à seguinte conclusão: Não se admite que a 
contestação de  homologação de sentença estrangeira verse sobre qualquer matéria, 
ok? A matéria de contestação é restrita a esses dispositivos, 216C, 216D e 216F. Outro 
ponto relevante é que o MPF necessariamente tem que falar em todas as 
homologações de sentença estrangeira. Por força obviamente de defesa da soberania 
nacional, da ordem  pública. Então cabe o MPF opinar sempre  em matéria de 
homologação de sentença estrangeira.  
Decidida a  sentença estrangeira contestada, ou homologada a sentença estrangeira, 
Quem é que cumpre as medias cabíveis oriundas da sentença estrangeira? O juiz 
federal de 1ª instancia. Ou seja, o STJ remete carta de sentença, a  gente vai ver daqui 
a pouco, mas carta, tecnicamente, é a comunicação entre juízes. Então o STJ remete 
carta de sentença ao juízo federal de 1ª instancia, e ele toma  as providencias cabíveis 
referentes à homologação de sentença estrangeira, ok? 
Um ponto que  trás alguma dificuldade embora, enfim, embora não haja ainda uma 
pacificação completa mas que suscita algumas dúvidas. Como eu disse a vocês, 
durante cento e tantos anos a competência para homologar sentenças estrangeiras foi 
do STF. Ou seja, durante mais de 1 século coube ao STF homologar sentenças 
estrangeiras. A EC 45 de 20014 modificou a competência, pegou a competência que 
era do STF e entregou na mão do STJ. O ponto duvidoso é: contestada um sentença 
estrangeira, havendo o pedido de homologação de sentença estrangeira ao STJ, esse 
pedido contestado, julgamento afetado à corte especial, proferida  decisão na corte 
especial. Cabe recurso ao STF? Num  primeiro momento, é... houve alguns recursos, no 
âmbito do STJ dirigidos ao STF. Recursos extraordinários no âmbito do STJ dirigidos aos 
STF. No STJ, denegavam o segmento por entender não caber  recurso extraordinário. E 
o fundamento, me parece, muito lógico. Se a EC 45 fez questão de transformar a 
competência do STF em STJ, ate por uma questão de desafogar o STF, seria 
absolutamente ilógico a possibilidade de acessar do STF uma ata de recurso 
extraordinário. Seria dobrar o contingente de processos, porque além dos processos 
que inchariam o STJ, os mesmo processos desaguariam no STF de novo. Então o STJ 
não recebia esses recursos. E aí, obviamente, cabia agravo diretamente ao STF, e o 
entendimento que ficou valendo lá no início da vigência da EC 45, é o julgamento até, 
nesse caso o Marco Aurélio, como não costuma aconteceu, proferiu voto vencedor e 
não vencido, todo mundo sabe que o Marco Aurélio é o rei do voto vencido, NE? 
Quase todo julgamento é 10 a 1, 9 a 1, e esse 1 é sempre o Marco Aurélio. Agora vocês 
sabem que ele chamou o Barroso de novato, NE? E no julgamento relatado pelo Marco 
Aurélio em que ele não foi voto vencido, entendeu o STF. 
“Decisão do recurso extraordinário. Sentença estrangeira. Homologação acordão STJ 
art. 102 III, CF. Agravo Provido” 
E aqui é importante. 
“O Recurso Extraordinário foi interposto contra acórdão do STJ relativo a homologação 
parcial de sentença estrangeira, e endosso contra definição de paternidade e refutação 
da parte alusiva aos alimentos, considerada escassez fundamento do título judicial. 
Óbice ao processamento do recurso citado mostrou‐se único não tem resultado, (...?) 
impugnado julgamento da causa.” 
E aqui que é importante. 
“Os pressupostos da recorribilidade próprios do agravo estão atendidos, a peça 
subscrita do profissionais de advocacia, regularmente constituídos, veio acompanhado 
dos documentos previstos no 544 do CPC e restou protocolado em prazo assinado por 
lei. Quanto ao merecimento constitucional do ato do juízo primeiro de admissibilidade, 
trancando (?) o extraordinário, cumpre ao supremo definí‐la, em princípio faz (?) 
alcance do artigo 102 da lei básica federal a revelar o extraordinário como adequado 
nos caso contemplados nas alíneas contra decisão de última e única instância  em que 
tenha implicado o julgamento da causa. De início haverá interpretação dos preceitos  
da carta da república em pronunciamento judicial é impossível afastar o crime do 
supremo, ...” AI 718391/2008 stf 
Entende Marco Aurélio, em tese, que havendo análise de preceito da cf cabe recurso 
extraordinário de decisão do STJ em homologação de sentença estrangeira. Uma 
decisão bem mais recente, e aí que trás alguns alertas interessantes, que eu faço 
questão de trazer para vocês também, e aí já no relatório do Barroso, é o recurso 
extraordinário 598770, e o relator novamente era o Marco Aurélio, mas o voto 
vencedor foi do Barroso. Era uma homologação de sentença estrangeira, uma decisão 
proferida pela república italiana. Diz o julgado o seguinte: 
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. 
CONCEITO DE ORDEM PÚBLICA. AUSÊNCIA DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. 1. A 
Emenda Constitucional nº 45/2004 transferiu, do Supremo Tribunal Federal para o 
Superior Tribunal de Justiça, a competência para homologar sentenças estrangeiras. 
Considerando que um dos principais objetivos da Reforma do Judiciário foi promover a 
celeridade processual, seria um contrassenso imaginar que ela teria transformado esta 
Corte em uma nova instância nesta matéria, tornando ainda mais longo e complexo o 
processo. 2. Por isso, embora possível em tese, a interposição de recurso 
extraordinário contra esses acórdãos do STJ deve ser examinada com rigor e cautela. 
Somente se pode admitir o recurso quando demonstrada, clara e 
fundamentadamente, a existência de afronta à Constituição Federal. A ausência de 
questão constitucional impede o conhecimento do recurso. 3. Recurso não conhecido” 
Diz claramente o Barroso e seu voto vencedor o seguinte: O STF não deve se tratado 
como instancia recursal, no caso de homologação de sentença estrangeira. Não se 
trata de uma segunda instância pra rever julgamento de sentenças estrangeiras 
contestadas. Ou seja, só caberia julgamento em recurso extraordinário pelo STF se 
houver clara e fundamentadamente uma violação direta a constituição federal, ok? 
Então, apenas apenas quando houver violação clara e fundamentada pelo advogado 
de dispositivo da CF que será admitido RE ao STF. Parece muito lógico, transformar o 
STF em instancia recursal, em 2ª instancia da homologação de sentença estrangeira, 
seria inchar não apenas um tribunal como dois tribunais. Então, faz todo sentido. Com 
relação à homologação de sentença estrangeira, fechamos! 
Ainda no âmbito de cooperação jurídica internacional, a gente fala  agora de carta 
rogatória. Alguns pontos entre a carta rogatória e a homologação de sentença 
estrangeira são bastante semelhantes. Competência de julgamento da carta rogatória 
também foi transferida do STF para o STJ. O assunto é tratado no mesmo regimento 
interno do STJ, só que nos artigos 216o ate 216X. Mas é importante a gente focar nas 
diferenças. A homologação de sentença estrangeira era o procedimento cabível 
quando a parte interessada pretendia que decisão emanada de autoridade produzisse 
efeito nos território nacional. Quando a decisão de um tribunal estrangeiro tivesse que 
produzir algum tipo de efeito no Brasil , teria que  passar pelo procedimento de 
homologação de sentença estrangeira. Carta rogatória é diferente, carta rogatória é o 
procedimento cabível para a realização de atos e diligências processuais determinados 
por juiz estrangeiro. Trata‐se do pedido formal de auxílio para a instrução de um 
processo feita por uma autoridade judiciária de um estado para o outro.  
Ao contrário da homologação de sentença estrangeira, em que há a internalização em  
território nacional de um proviemnto em definitivo de um outro tribunal, de aqui 
trata‐se do cumprimento de medidas processuais. E são vários exemplor que a gente 
pode dar: a citação de uma parte, por exemplo, no território nacional. Realização de 
atos executórios, e atos executórios é onde dá mais problema. Instrução através de 
prova pericial, por exemplo. A oitiva de uma testemunha em território nacional, você 
não pode obrigar, por exemplo, que uma testemunha de um processo viaje a um país 
estrangeiro para depor no julgamento de um caso que está sendo realizado, por 
exemplo, num tribunal de outro continente, em outro país. Então a oitiva desta 
testemunha tem que ser feita em juízo nacional. Como isso ocorre? Através de carta 
rogatória.  
Uma diferença fundamental entre a carta rogatória e a homologação de sentença 
estrangeira é que a carta rogatória é remetida de juiz para juiz, ao contrario da 
homologação de sentença estrangeira que depende de petição inicial da parte. O 
artigo 202 e seguintes do CPC tratam das chamadas cartas. Tecnicamente, 
processualmente falando, carta é comunicação de juiz a juiz, a gente  conhece muito 
bem as cartas precatória, não é? Quando  há de se realizar uma to processual de um 
estado em outro, ou de uma comarca em outra, o ato processual se dá através de 
carta precatória. Então o juiz deprecante remete a um juiz deprecado, uma carta, uma 
comunicação formal de juiz para juiz. Essa carta precatória é distribuída a um juiz na 
localidade, deprecado, digamos assim, para o cumprimento daquela medida 
processual. Pode ser a penhora de um bem, pode ser a oitiva de uma testemunha,  
pode ser a realização de uma pericia, pode ser a citação de uma parte, tudo isso 
depende de uma carta precatória.  
No nosso caso, carta rogatória.De país para país. A carta rogatória pode ser ativa ou 
passiva. Ela é ativa quando remetida de juiz brasileiro para juiz estrangeiro, e passiva 
quando remetida de juiz estrangeiro para juiz brasileiro. O CPC trata dos requisitos  
formais para expedição de carta rogatória, ou seja, os requisitos formais para 
expedição de carta rogatória ativa estão previstos na lei nacional. Então o art 202 diz  o 
seguinte: 
“Art. 202. São requisitos essenciais da carta de ordem, da
carta precatória e da carta rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do
ato;
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do
instrumento do mandato conferido ao advogado;
III - a menção do ato processual, que Ihe constitui o
objeto;
IV - o encerramento com a assinatura do juiz.”

 
Então,  quando  for  sair  uma  carta  rogatória  do  Brasil  para  outra  localidade,  há  de  se 
cumprir esses requisitos formais do 202. E quando uma  carta rogatória passiva chega 
ao Brasil? O Brasil não formaliza requisitos formais de expedição da carta rogatóra, os 
requisitos  formais  são  determinados  pel  alei  local.  OBrasil  estabelece  os  requisitos 
formais  de  entrada  de  carta  rogatória,  semelhantes  a  aqueles  da  homologação  de 
sentença estrangeira. Ok? Então,  os requisitos formais de saída são estabelecidos pelo 
pais de origem, os requisitos de entrada, esse sim, são  estabelecidos pelo STJ através 
do seu regimento. Ok? 
Então a carta rogatória para sair do Brasil te que indicar qual é o juiz de origem e qual 
é  o  juiz  que  vai  receber  indicar  qual  é  o  ato,  apresentar  o  mandado  do  advogado, 
inteiro teor da petição, do despacho inicial e conter a assinatura do juiz. Beleza? 
 
(Pergunta do aluno sobre o conteúdo do despacho na carta rogatória) 
 
O ideal era que contivesse, NE? Então enfim...Não haveria nenhum tipo de dúvida, mas 
me  parece...  Cartas  rogatórias  são  muito  comuns  especialmente  no  âmbito  criminal, 
como prevenção de crimes organizados e tal, e muito comum também no âmbito de 
família. Para, enfim, initimação, penhora de bens e tal.  
 
Da mesma forma que a homologação de sentença estraneira, a carat rogatória era de 
competência do STF e essa cmpetencia foi tranferis ao STJ. Durante mais de 100 anos, 
havia um entendimento, e talvez o ponto mais sensível na questão da carta rogatória, 
entendimento do STF, e é engraçado pois esse entendiemnto tinha como fundamneto 
dispositivos  legais  de  uma  resolução  de  1830  e  alguma  coisa,  que  foi  revogado  em 
seguida,  mas  durante  mais  de  100  anos  o  STF  continua  aplicanod  o  mesmo 
entendimento.  Embora  já  não  houvesse  nenhum  dispositivo  legal  determinando  de 
forma  contrária.  Havia  um  entendimento  pacifico  do  STF  de  que  não  caberia  carat 
rogatória,  não  se  autorizava  o  exequato  de  carat  rogatória,  para  atos    de  caráter 
executório.  Entao  quando  fossem  solicitado  por  autoridade  estrangeira  para 
autoridade  nacional,  o  STF,  ato  s  processuais  de  caráter  executório,  penhora, 
seqüestro,  arresto,  busca  e  aprensão...enfim,  qualquer  ato  que  tivesse    como 
fundamenot  um  ato  executório,  entendia  o  STF  durante  mais  de  100  anso  que  a 
concessão  de  carat  rogatória  concendodo  a  execução  de  atos  executórios  violaria  a 
ordem  publica  e  a  soberania  nacional.  Uma  vez  que  ato  executório,  segundo 
entendimento  do  STF,  demandam  sempre  sentença  definitiva.  Logo,  seria  necessário 
antes  a  realização  de  procedimento  d  ehomologação  de  sentença  estrangeira. 
Mesmoq  eu  esse  procediemnto  de  homologação  de  snetença  estrangeira  fosse 
absolutamente  necessa´rio.  De  ante  mão  houvesse  qualquer  fundamento  para  que 
homologasse  sentença  estrangeira  no  Brasil,  mas  que  um  bem  único  do  devedor 
estivesse no Brasil, e a parte, descobrindo isso, requesse a penhora do bem. Entendia 
o STF que não cabia o ato executório sem a homologação da snetença  estrangeira. De 
uns  15 anos para cá, esse entendimento começou a ser abrandado. Não por  força de 
mudança  legislativa,  mas  por  força  da  internalização  de  alguns  protocolos  e  tratados  
internacionais  que  autorizavam  a  realização  de  atos  de  caráter    exclusivamente 
executório em território nacional. Então, de forma bem recebete, já no final dos nãos 
2000  ate  2004,  passou  o  STF  a  entender  pela  possibilidade  de  rezliazaçõe  de  atos 
exclusivamente  executórios  através  de  carta  rogatorioa  sem  a  obrigatoriedade  de 
homologação de sentença estrangeira. A controvérsia foi sanada com a resolução n.º9 
do STJ, que diz que o dispositivo é repetido pelo atual regiemnto interno do STJ, o art 
2160, a redação é idêntica a resolução 209, diz o seguinte: 
 “ 
exequaturArt. 216-O. É atribuição do Presidente
conceder a cartas
rogatórias, ressalvado o disposto no art. 216-T.

exequatur§ 1º Será concedido à carta rogatória que tiver


por objeto atos
decisórios ou não decisórios.
 
Atos  não  decisórios  aí  significa  a  inclusão  de  atos  meramente  de  caráter  executório. 
OK? Então  atualmente está autorizada, embora durante 150 anos tenha  sido pacifico 
o entendimento no âmbito do STF que não cabia a concessão de exequatur  para carat 
rogatória  executória  exclusivamente,  sem  a  homologação  de  sentença  estrangeira. 
Atualmente por força do regimento interno, esta autorizado. O procedimento da carta 
rogatória ele e muito similar a homologação de sentença  estrangeira. Vale chamar a 
aatenção  para  alguns  pontos  dos  dispositivos  específicos.  216º,  competência  do 
preidente do STJ para a concessão o não de exequatur. Ainda no âmbito do 216º ou 
chamo a atenção para o §2º, que tem muito a ver com o instituto do auxílio direto que 
tratamos há algumas aulas atrás, que não tinha quanquer previsão legal até um tempo 
atrás, e que passa a ter previsão kegal expressa e ate extensa dentor do novo CPC. O 
auxílio direto foi amplamento regulamento dentro do cpp que entra em vigor daqui a 
aproximadamente um ano. Diz o §2º 
 
§ 2º Os pedidos de cooperação jurídica internacional que
tiverem por
objeto atos que não ensejem juízo deliberatório do
Superior Tribunal de Justiça,
ainda que denominados de carta rogatória, serão
encaminhados ou devolvidos
ao Ministério da Justiça para as providências necessárias
ao cumprimento por
auxílio direto.
 
 
Então, por exemplo, se chegaram ao STJ algo com o nome de carta rogatória mas algo 
em que não necessariamente tem de haver juízo de deliberação do STJ, por exemplo  
pedido de esclarecimento sobre a interpretação no Brasil de determinado dispositivo 
legal,  mesmo  que  tenha  o  nome  de  carta  rogatória  cabe  o  STJ  devolver  a  carta  ao 
ministério da justiça, para que  o ministério da justiça realiza de forma que entender 
cabível o chamado auxilio direto. Então deixa de ser o STJ o órgão competente para o 
auxilio  direto  e  passa  a  ser  o  ministério  da  justiça,  ou  quem  a  legislação  determinar. 
Então  mesmo    que  tenha  o  nome  da  carta  rogatória,  se  chegar  lá  o  pedido,  por 
exemplo,  sobre  a  interpretação  do  dispositivo  legal  no  Brasil.  Por  exemplo,  ah...a 
republica  italiana que saber como é interpreta o artigo 273 da legislação nacional,  a 
respeito...enfim...da  concessão  de  tutela  antecipada.  Cabe  não  ao  STJ  mas  ao 
ministério da justiça a prestar o chamado auxilio direto. Mesmo que seja enviado ao 
STJ cabe ao presidente realizar a devolução.  
 
O artigo 216, repetindo  que dizia que La na homologação de sentença estrangeira não 
será    concedido  exequatur  a  carta  rogatória  que  ofenda  a  soberania  nacional, 
dignidade  humana  e  a  ordem  publica,  mais  uma  vez  deve‐se  seguir  o  contraditório, 
216q,  determina  que  a  parte  requerida  será  intimada  no  prazo  de  15  dias  para 
impugnar o pedido de  concessão, ou seja, mais uma vez não se concede exequatur a 
carta  rogatória, não se homologa sentença estrangeira, sem que haja contraditório, a 
parte teoricamente não interessada tem o direito de defesa. Mas obviamente a defesa 
é vinculada a determinados argumentos.  
 
Dentro de se 216q, um dispositivo extremamente importante, especialmente do ponto 
de  vista  de  atos  de  caráter  executório,  quanto  do  ponto  de  vista  de  prevenção  do 
crime organizado. Diz o 216q, §1º o seguinte 
§ 1º A medida solicitada por carta rogatória poderá ser
realizada sem ouvir
a parte requerida, quando sua intimação prévia puder
resultar na ine ciência da
cooperação internacional.
 
Ou  seja,  quando  a  oitiva  da  parte  tenha  resultado  na  ineficiência  do  procedimento, 
está autorizada a concessão de exequatur e portanto a realização do ato processual,  
independentemente  de  sua  oitiva.  Então,  por  exemplo,a    apreensão  de  bens,  no 
âmbito  do  crime  organizado  internacional,  não  caberia,    você  intimar  a  parte  para  
dizer “olha, há um pedido aqui de carta  rogatória para que eu apreenda os seus bens, 
que estão em determinado local. O Sr. Concorda?” Na hora em que isso for efetivado, 
os bens já sumiram, é obvio! Da mesma forma iria lesionar o patrimônio, por exemplo, 
o devedor de alimentos. Ou o devedor, enfim,  de verbas de caráter alimentar de uma 
forma  geral.  Se  o  cara  foi  intimado    para  contestar  a  carta  rogatória,  antes  do  seu 
cumprimento  é fato que os bens vão sumir, vão desaparecer. Quando houver  busca e 
apreensão de menor por exemplo, no caso seqüestro internacional de menor, o juiz de 
um  pais  estrangeiro  solicita  a  um  juiz  brasileiro  a  busca  e  apreensão  de  menor.Se  o 
cara for intimado  para falar nos autos se concorda ou não, com a busca e apreensão 
do  filho,    é  obvio  que  no  momento  em  que  a  ordem  for  concedida  o  menor  já  
desapareceu,  já  não  tem  mais  como  encontrar.  Então,  sempre  que,  e  aí  o  critério 
subjetivo é do juiz, o presidente do STJ, sempre que há intimação da outra parte para 
apresentar  contestação  puder  acarretar  a  ineficiência  do  procediemnto,  esta 
autorizada a concessão de exequatur, mesmo sem oitiva da parte ré, ok! 
 
De  forma  bastante  similar  também  é  a  homologação  de  sentença  estrangeira  diz  o 
216q, §2º 
exequatur§ 2º No processo de concessão do , a defesa
somente poderá versar
sobre a autenticidade dos documentos, a inteligência da
decisão e a observância
dos requisitos previstos neste Regimento.
 
Então  não se pode mais discutir mérito aqui. O que pode se discutir é interpretação, 
inteligência,  da  decisão  estrangeira.  Observância  dos  requisitos  e  autenticidade  dos 
documentos.  Ok?  Não  se  discute  mais  o  mérito  da  decisão  estrangeira    que 
determinou  a  realização  de  atos  de  caráter  processual.  Discute‐se  apenas  se  o 
documento  é  autentico,  se  a  decisão  está  corretamente  interpretada,  e  se  os 
requisitos todos estão sendo cumpridos. Mais uma vez, o MP tem vista do procesos e 
pode  impugnar  o  pedido  de  concessão  do  exequatur  especialmente  quanod  envovel 
violação  da  soberiania  nacional,  violação  de  ordem  publica  ou  dignidade  da  pessoa 
hmana.  Houver  impugnação  do  pedido,  e  o  presidente  mais  uma  vez  determina  a 
distribuição dos  autos,  para  a corte  especial,  do  STJ  sorteia‐se  um  relator  e  a  aquele  
pedido  contestado  vai  a  julgamento  pela  corte  especial.  O  relator  pode  julgar 
monocraticamente,  cabendo  agravo  interno  da  decisão  do  relator,  concedido 
exequatur do cumprmento do ato de caráter processual é realizado por juiz federal de 
1ª instancial. Obviamente não é o STJ que vai cumprir, o STJ determina o cumprimento 
do  ato  processual,  e  aí  uma  carte[a  de    sentença  é  expedida  ao  juiz  de  1ª  instancia 
territorialmente competente, digamos que seja intimação ou a a penhora de um bem 
na  cidade  do  rio  de  janeiro,  cabe  ao  juiz  federal  de  1ª  instância  no  justiça  federal, 
seção  judiciária  do  rio  de  janeiro,  que  obviamente    haverá  um  sorteio  para  o  juiz 
competente,    para  o  cumprimento  daquela  decisão,  seja  intimação,  oitiva  de 
testemunha, penhora... O que quer que seja. Ok? 
 
Então só procedimentos são relativamente similares. Há um ou outro diferenciamento, 
especialmente na questão da possibilidade de concessão sem a oitiva da outra parte, 
se bem que na homologação de sentença estrangeira cabia a liminar, NE! Então, enfim, 
não há tanta diferença assim. Mas aqui o importante o fato de que o exequatur pode 
ser concedido sem a oitiva da outra parte, apenas quando houver a possibilidade do 
procedimento perca em efetividade, ok? Obviamente que a oitiva da outra parte nem 
sempre  é  interessante  para  ele  um  procedimento.  Um  ponto  interessante  aqui  é  o 
seguinte, dia o 216v  
 
Art. 216-V. Após a concessão do , a carta rogatória será
remetida
ao Juízo Federal competente para cumprimento.
 
E  aí  é  obvio  que  o  juiz  de  1ª  instância  que  vai  cumprir    uma  carta  rogatória    após  o 
exequatur do STJ ele eventualmente  terá que dar decisões daquele processo. Digamos 
que a 1ª diligencia não seja encontrado um bem cuja penhora tenha sido determinada, 
caberá ao juiz de 1ª instancia de alguma forma buscar o bem, solicitar a realização de 
penhora online, ou solicitar a realização de expedição de certidões ou ofícios, então é 
fato, que o ao juiz de 1ª instancia  caberá eventualmente conceder decisões dos autos 
da carta rogatória que cabe a ele cumprir.  
Cabe recurso dessas decisões, digamos que o juiz tenha determinado a intimação de 
testemunha,  é...  e  não  foi  encontrada,  e  ele  determina  a  realização  de  diligencia  em 
período noturno, e ele determina a realização daquela diligencia no local de trabalho 
da parte citada, ou determina a realização da condução coercitiva da testemunha para 
a sua oitiva em audiência. Obvio que cabe ao juiz de 1ª instancia realizar um serie de 
decisões.  Dessas  decisões  cabe  recurso,  e  esse  recurso  e  diretamente  ao  STJ.  É  um 
caso raríssimo de decisão de 1ª instancia cujo recurso é remetido diretamente ao STJ, 
como diz o §1º 
 
§ 1º Das decisões proferidas pelo Juiz Federal
competente no cumprimento
da carta rogatória caberão embargos, que poderão ser
opostos pela parte
interessada ou pelo Ministério Público Federal no prazo
de dez dias, julgando-os
o Presidente deste Tribunal.
 
Toda decisão no autos de carta rogatória proferida por juiz de 1ª instancia cabe 
embargos diretamente ao presidente do STJ. É um caso raríssimo, em que você pula o 
TRF no meio do caminho, e vai diretamente ao  presidente do STJ.  
(Pergunta do aluno) 
Eventualmente, o juiz pode não concordar com o exequatur, mas há uma questão da 
ordem pública que se envolve na 1ª instancia, busca  e apreensão de menor é um 
exemplo clássico , mesmo que o MPF tenha concordado... Se ele manifesta ausência 
de interesse? O fato PE que pode  apresentar recurso de embargos diretamente ao 
STJ.  
(aluno pergunta sobre manifesta desinteresse) 
Não, manda direto ao juiz de origem, ta? 
Aí sobre esses embargos que tratam o parágrafo anterior, diz o §2º 
§ 2º Os embargos de que trata o parágrafo anterior
poderão versar sobre
qualquer ato referente ao cumprimento da carta rogatória,
exceto sobre a própria
concessão da medida ou o seu mérito.
 
Obvio que não caberia em sede de embargo (?) de 1ª instância, até porque lhe faltaria 
competência, não cabe embargos para rediscutir a concessão do exequatur, ok? Da 
decisão que julgar os embargos cabe agravo. Sistema recursal no Brasil é uma 
grosseria. O Cara  já passou pela carta rogatória, já houve concessão de exequatur, 
vem para a 1ª instancia, aí no âmbito da 1ª instancia o juiz concede enfim..dá uma 
decisão em 1ª instancia, cabe embargos ao presidente do STJ, ele decide e cabe agravo 
para a corte especial. E uma coisa feita para não dar certo! E não dá, realmente! 
Então diz o 216w 
Art. 216-W. Da decisão que julgar os embargos cabe
agravo.
Parágrafo único. O Presidente ou o relator do agravo,
quando possível,
poderá ordenar diretamente o atendimento à medida
solicitada.
 
E aí, para a gente finalizar, 216x 
Art. 216-X. Cumprida a carta rogatória ou verificada a
impossibilidade de
seu cumprimento, será devolvida ao Presidente deste
Tribunal no prazo de dez
dias, e ele a remeterá, em igual prazo, por meio do
Ministério da Justiça ou do
Ministério das Relações Exteriores, à autoridade
estrangeira de origem.”
 
Lembrando que a  remessa, quer dizer, a devolução da carta rogatória passiva para o 
tribunal estrangeiro se dá pelo ministério da justiça. E a remessa de carta rogatória 
ativa nossa também se dá pelo ministério da justiça. A nossa autoridade judiciária não 
remete diretamente para outra autoridade, ele remete para o ministro da justiça, que 
aí sim remete  ao ministro da justiça local lá no outro país. Procedimento 
extremamente complexo, NE! As vezes para a realização da oitiva de uma testemunha, 
que eventualmente pode não ter nenhuma influencia no caso, que como a parte não 
sabe se ela vai ter influencia ou não para oitiva de uma testemunha, há  um 
procedimento extremamente complexo a ser seguido, NE. Nos procedimento formais 
de saída do juízo de origem, a gente não se mete. Mas se chega ao nosso ministério da 
justiça, que remete ao nosso STJ, o STJ concede, abre prazo  para a contestação, há 
contestação, réplica, tréplica, MP fala, e se  concedido o exequatur o juiz de 1ª 
instancia chega aqui, enfim... sorteia, distribui, o juiz tenta cumprir, cumprido ou não 
cumprido STJ de novo, qualquer decisão proferida cabe embargos, dos embargos cabe 
agravo, quer dizer. Tudo isso extremante custoso. É por isso que o novo CPC deu tanta 
importância ao auxílio direto, grande  parte do que se faz hoje através de carta 
rogatória é certamente vai ser feito  através de auxílio direto.  
 
 
12 DE MAIO NÃO HOUVE AULA  
19 DE MAIO NÃO HOUVE AULA  
 

DIPRI II  RIO, 26 DE MAIO DE 2015 
DIPRI II 
PROF. LEONARDO 
VOLTAREMOS  A  FALAR  SOBRE  um  assunto  comentado  há  algum  tempo  atrás,  o 
AUXÍLIO DIRETO, uma vez que na época que o abordamos, o novo CPC tinha acabado de ser 
promulgado então não tinha nenhuma indicação de como seriam interpretados os dispositivos 
sobre o AUXÍLIO  DIRETO no novo CPC. Portanto, como estamos nos encaminhando para o final 
do curso, sendo esta a ultima aula, não nos custa voltar ao estudo do novo CPC, uma vez que  a 
partir do ano que vem será de aplicação geral. O que será bem problemático, visto que poucos 
ainda  pararam  para  estuda‐lo  e  entender  seus  novos  dispositivos,  como  pex.  tutela  da 
evidencia, valorização de precedente e muitos outros novos institutos. 
Portanto, iremos trabalhar dos artigos 26 a 41 do novo CPC que tratam de COOPERAÇÃO 
INTERNACIONAL,  fator  extremamente  importante  pois  DISCORRE  SOBRE  UM  ASSUNTO  QUE  O 
ANTIGO  CPC  NÃO  abordava  em  uma  linha.  E  há  vários  dispositivos  específicos  sobre  auxilio 
direto,  que  estava  presente  apenas  no  Regimento  Interno  no  STJ  e  em  Convenções 
Internacionais. ( E agora disposto no novo CPC). 
O  ARTIGO  26  QUE  TRATA  DE  DISPOSIÇÕES  GERAIS  a  respeito  de  cooperação 
internacional diz o seguinte 
CAPÍTULO II
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado* de que o
Brasil faz parte e observará:
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no
Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se
assistência judiciária aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação
brasileira ou na do Estado requerente;
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de
cooperação;
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se
com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de sentença
estrangeira.
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que
contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais
que regem o Estado brasileiro.
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de
designação específica.
 
*HÁ UMA PREVISÃO AQUI que DIZ RESPEITO AOS TRATADOS. Porém o §1º do próprio 
art. 26 diz que  “Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com
base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.” , ou seja, num primeiro momento valoriza  

o  tratado  e  num  segundo  momento,  ainda  que  inexista  esse  tratado,  valoriza‐se  a 
reciprocidade entre países. 
O importante no artigo 26 são os seus incisos que são as garantias a serem observadas 
no âmbito da cooperação jurídica internacional. 
Inciso I – o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente. 
Inciso II – é fundamental a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros residentes 
ou  não  no  Brasil  em  relação  ao  acesso  à  justiça,  tramitação  dos  processos,  assegurando‐se 
assistência  judiciária  aos  necessitados. 
Não  há  que  se  falar  em  distinção,  em  pleito  de  alimentos,  por  exemplo,  que  trataremos  a 
seguir, a respeito do mérito ou do acesso à justiça, se o requerente, o alimentando, brasileiro 
ou estrangeiro e se é residente no Brasil ou não. O tratamento deve ser absolutamente igual. 
Inciso III – garantir a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na 
legislação brasileira ou na do Estado requerente. 
Inciso IV – existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos 
de  cooperação.  Uma  das  características  fundamentais  do  AUXÍLIO  DIRETO  e  dos  tratados  que 
autorizam  o  auxílio  direto  para  algumas  matérias  é  a  obrigação  tanto  do  Estado  requerente 
quanto do requerido de indicarem autoridades centrais, ou seja, uma UMA AUTORIDADE QUE 
PODE SER JUDICIARIA OU administrativa, que SERÁ RESPONSÁVEL POR DAR ANDAMENTO aos 
pedidos  dentro  da  jurisdição  competente,  ou  seja,  como  a  EXEMPLO  do  que  veremos  na 
Convenção DE ALIMENTOS, CABE à PROCURADORIA REPUBLICA no Brasil,  SER  A AUTORIDADE 
CENTRAL,  qualquer  eventual  ação  de  alimentos  que  um  alimentando  brasileiro  necessite 
ajuizar  fora,  ele  pode  fazer  diretamente  através  da  procuradoria  geral  da  república,  que  vai 
encaminhar o pedido para a autoridade central do outro país para que lá seja distribuído, POR 
ISSO  QUE  É  IMPORTANTE  O  TRATAMENTO  IGUALITÁRIO  ENTRE  BRASILEIROS  e  estrangeiros 
residentes OU NÃO. Porque um eventual pedido de alimentos de um alimentando necessitado 
fora do Brasil, a ser ajuizado no Brasil, não necessariamente precisa passar pelo STJ. Basta que 
a  autoridade  central  local  do  outro  país,  remeta  para  a  procuradoria  geral  da  república  no 
Brasil,  o  pedido  com  os  documentos,  para  esta  então  ajuizar  a  ação  de  alimentos  aqui. 
Obviamente que o autor será estrangeiro, residente fora do Brasil, e o réu não‐ brasileiro. Mas 
a PGR fará o papel de procurador, de advogado, do autor estrangeiro. Por isso é fundamental o 
dispositivo que determina o tratamento igualitário entre brasileiros e estrangeiros residentes 
ou não no Brasil. Percebam a sistemática interessante do  AUXÍLIO DIRETO: A procuradoria Geral 
do Brasil será advogada de um autor estrangeiro. 
Inciso V ‐ a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. 
Destaca‐se  a  importância  do  §  4º  “o  ministério  da  justiça  exercerá  as  funções  de 
autoridade central na ausência de designação específica.”, portanto, para efeitos de prestação 
de  alimentos,  a  autoridade  central  é  a  procuradoria  geral  da  republica,  mas  em  regra,  a 
autoridade  central  será  o  ministério  da  justiça  através  de  um  departamento  específico 
(Departamento De Repreensão De Crimes E Cooperação Internacional – DRCI) do Ministério da 
Justiça. Portanto em regra a autoridade central no Brasil será o Ministério da Justiça se não 
houver outra determinada especificamente em Tratado. 
Na  verdade  não  é  o  Tratado  que  determina  quem  é  a  autoridade  central,  ele  (o 
tratado)  obriga  os  países  signatários  a  indicarem  uma  autoridade  central.  No  caso  da 
Convenção de Alimentos o Brasil indicou a Procuradoria Geral da República. 
 
O artigo 27 trata dos objetos da cooperação jurídica internacional: 
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
II - colheita de provas e obtenção de informações;
III - homologação e cumprimento de decisão;
IV - concessão de medida judicial de urgência;
V - assistência jurídica internacional;
VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
 
Inciso I – através de carta rogatória, a princípio. 
Inciso II ‐ colheita de provas, via de regra, por carta rogatória.  
Neste caso, há uma controvérsia tendo em vista que o novo CPC autoriza a colheita de 
provas  através  de  auxílio  direto  e  alguns  importantes  autores  dizem  que  este  inciso  é 
inconstitucional,  uma  vez  que  colheita  de  prova  é  atribuição  judiciária,  de  forma  que  a  sua 
aplicação deverá ser modulada para não autorizar qualquer tipo de colheita de prova através 
de auxílio direto. Mas, em regra, ficamos com a colheita de prova através de carta rogatória. 
Inciso  III  –  homologação  será  através  do  título  de  homologação  de  sentença 
estrangeira.  Cumprimento  de  decisão,  a  jurisprudência  do  STJ  autoriza  a  execução  de  atos 
executorios atraves de cartas rogatórias, antes, somente se admitia atos executórios depois da 
competente homologação da sentença estrangeira. Atualmente, principalmente por força de 
tratados, se admite a realização de atos executórios no âmbito de carta rogatória.  
Inciso  IV  –  tanto  a  carta  rogatória  quanto  a  homologação  de  sentença  estrangeira 
admitem a antecipação de tutela . 
Inciso V – assistência jurídica internacional 
Inciso VI – demonstra que o rol do artigo 27 é meramente exemplificativo. 
 
A partir do artigo 28 ao 34, trataremos diretamente do AUXÍLIO DIRETO, observando uma 
maior tecnicidade do novo cpc, pois não havia qualquer dispositivo no código anterior sobre 
este tema. 
Seção II
Do Auxílio Direto
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão
de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no
Brasil.
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro
interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a
autenticidade e a clareza do pedido.
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio
direto terá os seguintes objetos:
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre
processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no
estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas
congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela
tramitação e pela execução de pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo
Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de tratado.
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei
brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as
providências necessárias para seu cumprimento.
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o
encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida
solicitada.
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada
quando for autoridade central.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida
apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade
jurisdicional.
 
 
O  artigo  28  diz  que  quando  não  se  fizer  necessário  o  juízo  de  delibação,  ou  seja,  a 
análise  de  autoridade  judiciária  no  Brasil  sobre  a  conveniência/  presença  de  requisitos  para 
cumprimento de determinada medida judicial ou extrajudicial, esta pode ser feita através de 
AUXÍLIO DIRETO.  

São  exemplos  clássicos  de  pedido  de  auxílio  direto  em  interpretação  de  legislação 
nacional,  ou  seja,  se  qualquer  país  estrangeiro  tiver  a  dúvida  da  vigência  de  qualquer  lei 
brasileira; obter informações a respeito de processos judiciais ou extrajudiciais em andamento 
ou  mesmo  arquivados,  ou  seja,  se  qualquer  autoridade  estrangeira  obtiver  dúvida  quanto  à 
forma  que  determinadas  decisões  foram  tomadas  e  como  está  sendo  julgado  o  processo, 
poderá resolver através do auxílio direto.  Atentando, é claro, que sendo processo público, tais 
procedimentos  não  dependem  do  juízo  de  qualquer  autoridade  estrangeira,  se  tornando 
desnecessário  e  dispendioso  o  envio  de  carta  rogatória  nesses  casos.  Portanto  a  autoridade 
central  indicada de um país pode solicitar diretamente ao ministério da justiça do Brasil que 
lhe preste informações a respeito do andamento de um processo. 
O  artigo  29  do  CPC  novo  diz  “A  solicitação  de  auxílio  direto  será  encaminhada  pelo 
órgão estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a 
autenticidade  e  a  clareza  do  pedido”.    A  autoridade  local  remete  para  a  autoridade  central 
brasileira o pedido de auxílio direto. 
Fundamental o artigo 30 que diz o seguinte, “Além dos casos previstos em tratados de 
que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos”. Analisemos seus incisos: 
Inciso  I  –  principal  objetivo  do  auxílio  direto:  Prestar  informações  do  nosso 
ordenamento jurídico e de processos. 
Inciso  II  –  se  há  a  competência  exclusiva  de  autoridade  brasileira,  por  óbvio  está 
afastada  a  hipótese  de  auxílio  direto.  A  polêmica  neste  inciso  se  verifica  quando  tirando  a 
possibilidade  de  competência  exclusiva  da  autoridade  brasileira,  o  fato  é  que  se  admite  a 
princípio colheita de prova através de auxílio direto. Fato este extremamente temerário, uma 
vez que a colheita de provas, especialmente, deve ser feita no âmbito do contraditório, sendo 
este  garantido  pelo  juiz.  A  colheita  de  provas  tem  que  seguir  rigidamente  a  ritualística 
processual  do  país  de  destino.  Quem  garante  o  cumprimento  desses  requisitos,  fazendo  a 
análise  da  prova  lícita  ou  ilícita,  é  o  juiz.  Portanto,  autorizar  a  colheita  de  prova  por  auxílio 
direto por autoridade que não a judiciária, coloca em dúvida a constitucionalidade deste novo 
dispositivo, segundo alguns juristas. 
Inciso III – novamente indica o objetivo meramente exemplificativo do dispositivo. Não 
estando proibido por lei brasileira, em tese, estaria o auxílio direto autorizado. 
 
Pulando para o artigo 34 que diz “Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser 
executada  a  medida  apreciar  pedido  de  auxílio  direto  passivo  que  demande  prestação  de 
atividade  jurisdicional.”,  nos  parece  que  o  legislador  tentou  regulamentar  a  questão  acima 
mencionada.  Havendo  qualquer  dúvida,  cabe  ao  juiz  federal  de  primeira  instancia  apreciar 
eventuais deliberações a respeito do auxílio direto prestado no caso. Segundo o professor, isto 
seria uma usurpação da competência constitucional do STJ, que, originalmente é quem possui 
essa  atribuição.  Neste  caso,  o  CPC  transfere  a  competência  para  o  juiz  federal  de  primeira 
instancia,  ou  seja,  o  pedido  direto  entraria  por  uma  autoridade  extrajudicial/administrativa 
que  transferiria  a  competência  de  julgamento  de  eventuais  problemas  para  um  juiz  de 
primeira  instancia,  transparecendo  a  usurpação  clara  de  transferência  constitucional  do  STJ 
por força da emenda 45, porém, veremos como este assunto se desenvolverá com o decorrer 
do tempo. 
Seção III
Da Carta Rogatória
Art. 35. (VETADO).
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é
de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo
legal.
§ 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para
que o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.
§ 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial
estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira.
Seção IV
Disposições Comuns às Seções Anteriores
Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade
brasileira competente será encaminhado à autoridade central para posterior envio ao
Estado requerido para lhe dar andamento.
Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os
documentos anexos que o instruem serão encaminhados à autoridade central,
acompanhados de tradução para a língua oficial do Estado requerido.
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se
configurar manifesta ofensa à ordem pública.
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira
dar-se-á por meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença
estrangeira, de acordo com o art. 960.
Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação
jurídica internacional, inclusive tradução para a língua portuguesa, quando
encaminhado ao Estado brasileiro por meio de autoridade central ou por via
diplomática, dispensando-se ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento
de legalização.
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação
pelo Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento.
 
Artigo 35 ‐  vetado 
Artigo 36 – trata da carta rogatória 
Artigo  37  e  seguintes  –  disposições  comuns  às  seções  anteriores,  ou  seja,  à 
homologação de sentença, à carta rogatória e ao pedido de auxilio direto.  
Destacando, no próprio art.37 que diz “o pedido de cooperação jurídica internacional 
oriundo de autoridade brasileira competente será encaminhada para a autoridade central para 
posterior  envio  ao  Estado  requerido  para  lhe  dar  andamento.”  Portando,  no  âmbito  do 
processo  judicial  brasileiro,  havendo  a  necessidade  de  um  auxilio  direto,  deverá  também 
remeter‐se à autoridade central para que esta remeta ao país estrangeiro. Isto é chamado de 
carta  rogatória/  auxílio  direto  ATIVO,  ou  seja,  quando  parte  da  autoridade  brasileira  para  o 
estrangeiro. ( Normalmente abordamos apenas a passiva por ser mais relevante mas tratando‐
se  da  hipótese  acima,  saindo  de  autoridade  judiciária  brasileira  para  o  estrangeiro  também 
deve ser feito através de uma autoridade central.) 
 
 
 
Começaremos agora a tratar da Convenção de Nova York: 
 
DECRETO LEGISLATIVO Nº 10, de 1958

Aprova a Convenção sobre a Prestação de Alimentos no Estrangeiro.

Art. 1º É aprovada a Convenção sobre a Prestação de Alimentos no Estrangeiro,


celebrada em Nova York, a 20 de junho de 1956, e à qual o Brasil deu a sua adesão
a 31 de dezembro do mesmo ano.

Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.


CONVENÇÃO SÔBRE A PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS NO ESTRANGEIRO

Preâmbulo

Considerando a urgência de uma solução para o problema humanitário surgido pela


situação das pessoas sem recursos que dependem, para o seu sustento, de pessoas no
estrangeiro,

Considerando que, no estrangeiro, a execução de ações sôbre prestação de alimentos


ou o cumprimento de decisões relativas ao assunto suscita sérias dificuldades legais
e práticas,

Dispostas a prover os meios que permitam resolver êstes problemas e vencer estas
dificuldades,

As Partes Contratantes convieram nas seguintes disposições:

ARTIGO I
Objeto de Convenção

1. A presente Convenção tem como objeto facilitar a uma pessoa, doravante


designada como demandante, que se encontra no território de uma das Partes
Contratantes, a obtenção de alimentos aos quais pretende ter direito por parte de
outra pessoa, doravante designada como demandado, que se encontra sob jurisdição
de outra Parte Contratante. Os organismos utilizados para êste fim serão doravante
designados como Autoridades Remetentes e Instituições Intermediárias.

2. Os meios jurídicos previstos na presente Convenção completarão, sem os


substituir, quaisquer outros meios jurídicos existentes em direito interno ou
internacional.

ARTIGO II
Designação das Instituições

1. Cada Parte Contratante designará, no momento do depósito do instrumento de


ratificação ou de adesão, uma ou mais autoridades administrativas ou judiciárias que
exercerão em seu território as funções de Autoridades Remetentes.

2. Cada Parte Contratante designará, no momento do depósito do instrumento de


ratificação ou adesão, um organismo público ou particular que exercerá em seu
território as funções de Instituição Intermediária.

3. Cada Parte Contratante comunicará, sem demora, ao Secretário Geral das Nações
Unidas, as designações feitas de acordo com as disposições dos parágrafos 1 e 2,
bem como qualquer modificação a respeito.

4. As Autoridades Remetentes e as Instituições Intermediárias poderão entrar em


contato direto com as Autoridades Remetentes e as Instituições Intermediárias das
outras Partes Contratantes.

ARTIGO III
Apresentação do Pedido à Autoridades Remetente

1. Se o demandante se encontrar no território de uma Parte Contratante, doravante


designada como o Estado do demandante, e o demandante se encontrar sob a
jurisdição de outra Parte Contratante, doravante designada como o Estado do
demandado, o primeiro poderá encaminhar um pedido a uma Autoridade Remetente
do Estado onde se encontrar para obter alimentos da parte do demandado.
2. Cada Parte Contratante informará o Secretário Geral dos elementos de prova
normalmente exigidos pela lei do Estado da Instituição Intermediária para justificar
os pedidos de prestação de alimentos, assim como das condições em que estes
elementos devem ser apresentados para serem admissíveis e das outras condições
estabelecidas por lei.

3. O pedido deverá ser acompanhado de todos os documentos pertinentes, inclusive,


se necessário fôr, de uma procuração que autorize a Instituição Intermediária a agir
em nome do demandante ou a designar uma pessoa habilitada para o fazer; deverá
ser igualmente, acompanhado de uma fotografia do demandante e, se possível, de
uma fotografia do demandado.

4. A Autoridade Remetente tomará todas as medidas que estiverem ao seu alcance


para assegurar o cumprimento dos requisitos exigidos pela lei do Estado da
Instituição Intermediária; ressalvadas as disposições desta lei, o pedido incluirá as
seguintes informações:

a) Nome e prenomes, endereços, data de nascimento, nacionalidade e profissão do


demandante, bem como, se necessário for, nome e endereço de seu representante
legal;

b) Nome e prenomes do demandado e, na medida em que o demandante dêles tiver


conhecimento, os seus endereços sucessivos durante os cinco últimos anos, sua data
de nascimento, sua nacionalidade e sua profissão;

c) Uma exposição pormenorizada dos motivos nos quais fôr baseado o pedido, o
objeto dêste e quaisquer outras informações pertinentes, inclusive as relativas à
situação econômica e familiar do demandante e do demandado.

ARTIGO IV
Transmissão de documentos

1. A Autoridade Remetente transmitirá os documentos à Instituição Intermediária


designada pelo Estado do demandado, a menos que considere que o pedido não foi
formulado de boa-fé.

2. Antes de transmitir os documentos a Autoridade Remetente certificar-se-á de que


êstes últimos se encontram, pela lei do Estado do demandante, em boa e devida
forma.

3. A Autoridade Remetente poderá manifestar a Instituição Intermediária sua


opinião sôbre o mérito do pedido e recomendar que se conceda ao demandante
assistência judiciária gratuita e isenção de custos.

ARTIGO V
Transmissão de Sentenças e outros Atos Judiciários

1. A Autoridade Remetente transmitirá, a pedido do demandante e em conformidade


com as disposições com o artigo IV, qualquer decisão, em matéria de alimento,
provisória ou definitiva ou qualquer outro ato judiciário emanado, em favor do
demandante, de tribunal competente de uma das Partes Contratantes, e, se necessário
e possível, o relatório dos debates durante os quais esta decisão tenha sido tomada.

2. As decisões e atos judiciários referidos no parágrafo precedente poderão substituir


ou completar os documentos mencionados no artigo III.

3. O procedimento previsto no artigo VI poderá incluir, conforme a lei do Estado do


demandado, o exequatur ou o registro, ou ainda uma nova ação, baseada na decisão
transmitida em virtude das disposições do parágrafo 1.
ARTIGO VI
Funções da Instituição Intermediária

1. A Instituição Intermediária, atuando dentro dos limites dos podêres conferidos


pelo demandante, tomará, em nome dêste, quaisquer medidas apropriadas para
assegurar a prestação dos alimentos. Ela poderá, igualmente, transigir e, quando
necessário, iniciar e prosseguir uma ação alimentar e fazer executar qualquer
setença, decisão ou outro ato judiciário.

2. A Instituição Intermediária manterá a Autoridade Remetente informada e, se não


puder atuar, a notificará das razões e lhe devolverá a documentação.

3. Não obstante qualquer disposição da presente Convenção, a lei que regerá as


ações mencionadas e qualquer questão conexa será a do Estado do demandado,
inclusive em matéria de direito internacional privado.

ARTIGO VII
Cartas Rogatórias

Se a lei das duas Partes Contratantes interessadas admitir cartas rogatórias serão
aplicáveis as seguintes disposições:

a) O tribunal ao qual tiver sido submetida a ação alimentar poderá, para obter
documentos ou outras provas, pedir a execução de uma carta rogatória, seja ao
tribunal competente da outra Parte Contratante em cujo território a carta deverá ser
executada.

b) A fim de que as Partes possam assistir a êste procedimento ou nêle se fazer


representar, a autoridade referida deverá informar a Autoridade Remetente e a
Instituição Intermediária interessadas, bem como o demandado, da data e do lugar
em que se procederá à medida solicitada.

c) A carta rogatória deverá ser executada com toda a diligência desejada; se não
houver sido executada dentro de um período de quatro meses a partir da data do
recebimento da carta pela autoridade requerida, a autoridade requerente deverá ser
informada das razões da não-execução ou do atraso.

d) A execução da carta rogatória não poderá dar lugar ao reembôlso de taxas ou de


despesas de qualquer natureza.

e) Só poderá negar se a execução da carta rogatória:

1) Se a autenticidade do documento não tiver sido provada.

2) Se a Parte Contratante em cujo território a carta rogatória deverá ser executada,


julgar que esta última comprometeria a sua soberania ou a sua segurança.

ARTIGO VIII
Modificação das Decisões Judiciárias

As disposições da presente Convenção serão igualmente aplicáveis aos pedidos de


modificação das decisões judiciárias sôbre prestação de alimentos.

ARTIGO IX
Isenções e Facilidades

1. Nos procedimentos previstos na presente Convenção, os demandantes gozarão do


tratamento e das isenções de custos e de despesas concedidas aos demandantes
residentes no Estado em cujo território fôr proposta a ação.
2. Dos demandantes estrangeiros ou não residentes não poderá ser exigida uma
caução " judicatum solvi ", ou qualquer outro pagamento ou depósito para garantir a
cobertura das despesas.

3. As autoridades remetentes e as Instituições intermediárias não poderão perceber


remuneração alguma pelos serviços que prestarem em conformidade com as
disposições da presente Convenção.

ARTIGO X
Transferência de Fundos

As Partes Contratantes cuja lei imponha restrições à transferência de fundos para o


estrangeiro, concederão a máxima prioridade à transferência de fundos destinados ao
pagamento de alimentos ou à cobertura das despesas ocasionadas por qualquer
procedimento judicial previsto na presente Convenção.

ARTIGO XI
Cláusula Federal

No caso de um Estado Federal ou não unitário, serão aplicadas as seguintes


disposições:

a) No que concerne aos artigos da presente Convenção cuja execução dependa da


ação legislativa do poder legislativo federal, as obrigações do Govêrno Federal
serão, nesta medida, as mesmas que as das Partes que não são Estados federais;

b) No que concerne aos artigos da presente Convenção cuja a aplicação dependa da


ação legislativa de cada um dos Estados, províncias ou cantões constitutivos e que
não estejam, em virtude do sistema constituicional da Federação, obrigados a tomar
medidas legislativas, o Govêrno Federal levará, no mais breve possível e com
parecer favorável, os artigos mencionados ao conhecimento das autoriades
competentes dos Estados províncias ou cantões;

c) Todo Estado federal que seja Parte na Presente Convenção fornecerá, a pedido de
qualquer outra Parte Contratante lhe tenha sido transmitido pelo Secretário Geral,
um relato da legislação e das práticas em vigor na Federação e nas suas unidades
constitutivas, no que concerne a determinada disposição da Convenção, indicando a
medida em que, por uma ação legislativa ou outra, tal disposição tenha sido
aplicada.

ARTIGO XII
Aplicação Territorial

As disposições da presente Convenção serão aplicadas, nas mesmas condições, aos


territórios não autônomos, sob tutela e a qualquer território representado, no plano
internacional, por uma Parte Contratante a menos que esta última, ao ratificar a
presente Convenção ou a ela aderir, declare que esta não se aplicará a determinado
território ou territórios que estejam nestas condições. Qualquer Parte Contratante
que tenha feito esta declaração poderá ulteriormente, a qualquer momento, por
notificação ao Secretário Geral, estender a aplicação da Convenção aos territórios
assim excluídos ou a qualquer um dentre êles.

ARTIGO XIII
Assinatura, Ratificação e Adesão

1. A presente Convenção ficará aberta, até 31 de dezembro de 1956, à assinatura de


qualquer Estado Membro da Organização das Nações Unidas, de qualquer Estado
não-membro que seja Parte no Estatuto da Côrte Internacional de Justiça ou membro
de uma agência especializada assim de como qualquer outro Estado não membro
convidado, pelo Conselho Econômico e Social, a se tornar parte na Convenção.
2. A presente Convenção será ratificada. Os instrumentos de ratificação serão
depositados em poder do Secretário Geral.

3. Qualquer um dos Estados mencionados no parágrafo 1 do presente artigo poderá,


a qualquer momento, aderir à presente Convenção. Os instrumentos de adesão serão
depositados em poder do Secretário Geral.

ARTIGO XIV
Entrada em Vigor

1. A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia seguinte à data do


depósito do terceiro instrumento de ratificação ou de adesão, efetuado em
conformidade com as disposições do art. XIII.

2. Para cada um dos Estados que ratificarem ou que a ela aderirem depois do
depósito do terceiro instrumento de ratificação ou de adesão, a Convenção entrará
em vigor no trigésimo dia seguinte à data do depósito, por êste Estado, do seu
instrumento de ratificação ou de adesão.

ARTIGO XV
Denúncia

1. Qualquer Parte Contratante poderá denunciar a presente Convenção, por


notificação dirigida ao Secretário Geral. A denúncia poderá igualmente se aplicar a
todos ou a um dos territórios mencionados no art.XII.

2. A denúncia entrará em vigor um ano após a data em que o Secretário Geral tiver
recebido a notificação, com exceção das questões que estiverem sendo tratadas no
momento em que ela se tornar efetiva.

ARTIGO XVI
Solução de Controvérsias

Se surgir entre quaisquer das Partes Contratantes uma controvérsia relativa a


interpretação ou à aplicação da presente Convenção, e se esta controvérsia não tiver
sido resolvida por outros meios, será submetida à Côrte Internacional da Justiça, seja
por notificação de um acôrdo especial, seja a pedido de uma das partes na
controvérsia.

ARTIGO XVII
Reservas

1. Se, no momento da assinatura, da ratificação ou da adesão, um Estado fizer uma


reserva a um dos artigos da presente Convenção, o Secretário Geral comunicará o
texto da reserva às demais Partes Contratantes e aos outros Estados referidos no
art.XIII; Qualquer Parte Contratante que não aceitar a reserva mencionada poderá,
num prazo de noventa dias a contar da data desta comunicação, notificar ao
Secretário Geral que não aceita a reserva e neste caso, a convenção não entrará em
vigor entre o Estado que apresentar a objeção e o Estado autor da reserva. Qualquer
Estado que posteriormente, aderir à Convenção poderá, no momento do depósito do
instrumento de adesão, efetuar uma notificação dêste gênero.

2. Uma Parte Contratante poderá, a qualquer momento, retirar uma reserva que tenha
formulado anteriormente, e deverá notificar esta decisão ao Secretário Geral.

ARTIGO XVIII
Reciprocidade
Uma Parte Contratante poderá invocar as disposições da presente Convenção contra
outras Partes Contratantes sòmente na medida em que ela mesma estiver obrigada
pela Convenção.

ARTIGO XIX
Notificações do Secretário Geral

O Secretário Geral notificará a todos os Estados Membros das Nações Unidas e aos
Estados não membros referidos no art. XIII:

a) As comunicações previstas no § 3º do art. II;


b) As informações recebidas em conformidade com as disposições do § 2º do art.III;
c) As declarações e notificações feitas em conformidade com as disposições do art.
XII;
d) As assinaturas, ratificações e adesões feitas em conformidade com as disposições
do art. XIII;
e) A data na qual a Convenção entrou em vigor, em conformidade com o § 1º do
art.XIV;
f) As denúncias feitas em conformidade com as disposições do§ 1º do art. XV;
g) As reservas e notificações feitas em conformidade com as disposições do art.
XVII.

2. O Secretário-Geral notificará a tôdas as partes Contratantes os pedidos de revisão,


bem como as respostas aos mesmos, enviadas em virtude do art.XX.

ARTIGO XX

1. Qualquer Parte Contratante poderá pedir a qualquer momento por notificação


dirigida ao Secretário Geral, a revisão da presente Convenção.

2. O Secretário Geral transmitirá esta notificação a cada uma das Partes


Contratantes, pedindo-lhes que lhe comuniquem, dentro de um prazo de quatro
meses, se desejam a reunião de uma conferência para examinar a revisão proposta.
Se a maioria da Partes Contratantes responder afirmativamente, o Secretário Geral
convocará esta conferência.

ARTIGO XXI
Depósito da Convenção e Línguas

O original da presente Convenção, cujos textos nas línguas inglesa, chinesa,


espanhola, francesa e russa fazem igualmente fé, será depositado em poder do
Secretário Geral que enviará cópias autenticadas a todos os Estados referidos no art.
XIII.
 
O  objetivo  desta  Convenção  é  facilitar  o  acesso  e  a  tramitação  de  processos 
envolvendo pessoas que necessitem de alimentos no âmbito internacional. Quando requerido 
e  requerente  estiverem  em  países  distintivos.  Evitando,  assim,  a  morosidade  dos  tramites 
processuais de uma ação proposta em país diferente de uma das suas partes, sendo do autor 
ou do réu, em que qualquer ato deverá ser praticado através de carta rogatória e  a sentença 
para  produzir  efeitos  deverá  ser  homologada  pelo  tribunal  competente  (STJ  no  Brasil). 
Considerando a importância social da prestação de alimentos e a urgência que geralmente as 
partes demandam do andamento processual, essa Convenção foi aprovada no âmbito da ONU 
em Nova York em 1956. 
Fica evidente este objetivo no artigo 1º da Convenção que dispõe: 
ARTIGO I
Objeto de Convenção

1. A presente Convenção tem como objeto facilitar a uma pessoa, doravante


designada como demandante, que se encontra no território de uma das Partes
Contratantes, a obtenção de alimentos aos quais pretende ter direito por parte de
outra pessoa, doravante designada como demandado, que se encontra sob jurisdição
de outra Parte Contratante. Os organismos utilizados para êste fim serão doravante
designados como Autoridades Remetentes e Instituições Intermediárias.

2. Os meios jurídicos previstos na presente Convenção completarão, sem os


substituir, quaisquer outros meios jurídicos existentes em direito interno ou
internacional.
 
A  lei  cria  quatro  figuras  importantes:  o  DEMANDANTE,  aquele  que  necessita  de 
alimentos;  o  DEMANDADO,  aquele  que  teoricamente  tem  a  obrigação  de  prestar  alimentos; 
AUTORIDADE REMETENTE, aquela indicada pelo país de residência do demandante, ou seja, aquele 

que necessita de alimentos tem acesso no seu país a uma autoridade remetente, a qual deve 
enviar o pedido para uma INSTITUIÇÃO INTERMEDIÁRIA no país do demandado. 
 
 Demandante → Autoridade Remetente→ Instituição Intermediária → Demandado 

 
Ou seja, aquele que necessita de alimentos acessa direto uma autoridade remetente 
que envia para a instituição intermediária a demanda e faz contato com o demandado. 
A  depender  do  caso  concreto  pode  ser  que  não  haja  ainda  sequer  um  processo  de 
alimentos ajuizado, onde o demandante entra em contato direto com a autoridade remetente 
do seu país de origem ( no nosso caso, a Procuradoria Geral da República). 
Em maiores detalhes, o demandante, ou seja, aquele residente no Brasil que necessitar 
de alimentos a serem prestados por alguém que esteja fora do Brasil, deve procurar uma sede 
da  Procuradoria  da  República  no  Brasil,  seu  território,  remetendo  o  procurador  seu  pedido 
com  todos  os  documentos  (a  depender  do  caso  que  pode  ser  a  mera  execução  de  uma 
sentença  de  alimentos  ou  mesmo  o  ajuizamento  de  uma  ação  de  alimentos)  à  Procuradoria 
Geral  da  República  no  Brasil,  que  remeterá  à  autoridade/instituição  indicada  pelo  país  de 
destino  (exemplo  de  autoridade  intermediária:  ministério  público  francês)  e  esta  tomará  as 
providencias  cabíveis  na  localidade  de  destino.  Sejam  essas  o  ajuizamento  de  ação  de 
alimentos, intimação do devedor de alimentos para o pagamento dos alimentos devidos ( no 
âmbito do Brasil, este, se não realizar o pagamento de forma espontânea, será obrigado por 
nossa  instituição  intermediária,  a  PGR,  através  de  solicitação  ao  STJ  o  exequatur  de  ato 
executório ou homologação de sentença estrangeira. 
Em suma, o necessitado no Brasil faz contato com o procurador geral da república no 
seu  território,  na  sua  proximidade.  Esse  procurador  da  república  entra  em  contato  com  o 
procurador geral da república, que remete o pedido para uma instituição intermediária no país 
de destino, em que reside o demandado. A depender do caso concreto, sendo um pedido de 
ajuizamento de uma ação de alimentos, essa instituição intermediária localizada no outro país 
faz o ajuizamento da ação. Se for a execução de um pedido de alimentos já determinado no 
Brasil,  por  exemplo,  essa  instituição  intermediária  entrará  em  contato  com  o  devedor,  caso 
este  não  faça  o  pagamento  espontâneo,  dependendo  da  legislação  do  país,  cabendo  um 
pedido de carta rogatória para homologação de uma sentença estrangeira. 
Observa‐se  que  o  mecanismo  da  Convenção  de  Nova  York  facilita  muito  o  tramite 
processual da ação, visto que não há necessidade de contatar advogados ou mesmo aguardar 
diversas  intimações  em  país  estrangeiro.  Tal  é  essa  facilitação  diante  do  interesse  social  que 
traz um pedido de alimentos, pois aquele que faz o pedido de alimentos tem pressa. Não há 
como  aguardar  o  tramite  de  cartas  rogatórias  lentas  e  custosas,  nem  um  processo  de 
homologação  de  sentença  estrangeira,  no  qual  há  contraditório,  a  possibilidade  de  recurso, 
etc. Portanto, o mecanismo da Convenção de Nova York acelera esse processo. 
Ainda  no  artigo  1º,  item  2,  diz:  “Os  meios  jurídicos  previstos  na  presente  Convenção 
completarão, sem os substituir, quaisquer outros meios jurídicos existentes em direito interno 
ou internacional.”. Ou seja, o mecanismo previsto na Convenção de Nova York é supletivo, pois 
não afasta outros mecanismos eventualmente à disposição do demandante. 
O artigo 2º diz: 
1.  Cada  Parte  Contratante  designará,  no  momento  do  depósito  do  instrumento  de 
ratificação  ou  de  adesão,  uma  ou  mais  autoridades  administrativas  ou  judiciárias  que 
exercerão em seu território as funções de Autoridades Remetentes. 
2.  Cada  Parte  Contratante  designará,  no  momento  do  depósito  do  instrumento  de 
ratificação  ou  adesão,  um  organismo  público  ou  particular  que  exercerá  em  seu  território  as 
funções de Instituição Intermediária. 
3.  Cada  Parte  Contratante  comunicará,  sem  demora,  ao  Secretário  Geral  das  Nações 
Unidas, as designações feitas  de acordo com as disposições  dos  parágrafos 1 e 2,  bem como 
qualquer modificação a respeito. 
4.  As  Autoridades  Remetentes  e  as  Instituições  Intermediárias  poderão  entrar  em 
contato  direto  com  as  Autoridades  Remetentes  e  as  Instituições  Intermediárias  das  outras 
Partes Contratantes.” 
 
Deve‐se  entender  como  parte  contratante,  cada  país  signatário  da  convenção,  cerca 
de  80  países,  entre  eles  França,  Itália,  Bélgica,  Espanha,  Portugal,  Itália,  México,  Argentina, 
Uruguai,  Chile,  Colômbia,  etc.  Os  Estados  Unidos  não  são  signatários,  embora  o  nome  da 
Convenção (Nova York = sede da ONU). 
Item 1: Cada país indica sua autoridade competente. 
Item  2:  Cabe  aos  países  aderentes  indicar  quem  são  a  autoridade  remetente  e  a 
instituição  intermediária.  Há  uma  cartilha  no  site  do  Ministério  Público  Federal  sobre  a 
convenção  de  Nova  York,  onde  está  claramente  escrito  que  na  ausência  de  uma  filial  da 
Procuradoria  da  República  no  local  de  residência  do  demandante,  o  pedido  poderá  ser  feito 
através da Defensoria Pública, para que ela remeta à Procuradoria Geral da República. 
Vale destacar também que a convenção de nova york não faz distinção entre prestação 
de  alimentos  para  credores  maiores  ou  menores  de  idade,  basta  que  sejam  credores  de 
alimentos  de  acordo  com  a  legislação  pátria  do  país  do  demandante.  Então  eventualmente, 
alimentos  conjugais,  para  maiores  de  idade,  podem  ser  demandados.  A  convenção  não  faz 
distinção  da  personalidade  jurídica  do  necessitado.  Basta  que  de  acordo  com  a  legislação 
pátria, o demandante possa ser credor de alimentos (lembrando que não se faz distinção entre 
nacionais e estrangeiros residentes ou não). 
O  artigo  3º  trata  da  apresentação  do  pedido  à  autoridade  remetente.  Havendo  um 
erro no Item 1 que diz “Se o demandante se encontrar no território de uma Parte Contratante, 
doravante  designada  como  o  Estado  do  demandante,  e  o  demandante*  se  encontrar  sob  a 
jurisdição de outra Parte Contratante, doravante designada como o Estado do demandado, o 
primeiro  poderá  encaminhar  um  pedido  a  uma  Autoridade  Remetente  do  Estado  onde  se 
encontrar para obter alimentos da parte do demandado.” 
*O correto é demandado. 
Ou  seja,  o  demandante  entra  em  contato  com  a  autoridade  remetente,  que  faz 
contato  com  a  instituição  intermediária  que  distribui  o  pedido  e  entra  em  contato  com  o 
devedor, dependendo do caso concreto. 
 
Item  2  –  todo  país  signatário  tem  obrigação  de  informar  ao  secretario  geral  da  ONU 
quais são os elementos necessários para a apresentação do pedido de alimentos e quais são as 
condições para a concessão desses alimentos no seu território. O Secretário geral da ONU dá 
publicidade a esses elementos para que os organismos de cada país antes de enviar um pedido 
de alimentos para um país da instituição intermediária conheça os requisitos e, de antemão, já 
saiba se os documentos estão de acordo e se aquele caso concreto é de concessão do pedido 
de  alimentos.  Lembrando  que  os  alimentos  serão  concedidos  ou  não,  de  acordo  com  a 
legislação interna do país do demandado.  Dado o grande numero de países signatários, este 
item se faz importante para que o secretário geral da ONU reconheça os requisitos formais e 
materiais da documentação de todos esses países. 
Ou  seja,  o  demandante  (aquele  que  precisa  de  alimentos)  remete  seu  pedido  à 
autoridade requerente no Brasil (PGR – Procuradoria Geral da República ou defensoria pública, 
caso  esta  não  exista).  Essa  autoridade  remetente  (no  Brasil  a  PGR)  conhece  de  antemão  os 
requisitos formais e materiais do país onde se localiza a instituição intermediária ( ex: PGR vai 
remeter  pedido  de  alimentos  para  Argentina.  Então  o  secretario  geral  da  ONU  disponibiliza 
quais são os requisitos para o pedido e concessão, bem como os documentos necessários para 
o  envio).  A  PGR  remete  à  autoridade  intermediária  no  país  de  destino  e,  conforme  o  caso 
concreto, esta instituição intermediária representará o demandante. 
Reiterando a importância da vedação da distinção entre residentes ou não e nacionais 
e  estrangeiros,  caso  contrário  teria  um  procurador  de  um  país  defendendo  um  alimentante, 
necessitado, de um país estrangeiro. Se o menor brasileiro estiver na França, ele vai remeter à 
autoridade requerente francesa, nesse caso o MP francês, que remeterá todos os documentos 
para o PGR e este ao procurador da republica do local de residência do demandado brasileiro, 
e, conforme o caso concreto, a ação será ajuizada ou se tentará o cumprimento espontâneo da 
obrigação.  
Na  ausência  do  cumprimento  espontâneo,  o  procurador  da  república  local  devolve 
para o PGR e este pede a homologação de sentença estrangeira. Caso não seja ainda nenhuma 
decisão  definitiva,  mas  de  caráter  executório,  faz‐se  um  pedido  de  exequatur  da  carta 
rogatória.  Mas  o  fato  é  que  num  primeiro  momento  cabe  ao  procurador  da  republica  local 
intimar  o  demandado  daquela  decisão  de  alimentos  e  buscar  junto  a  ele  o  cumprimento 
espontâneo  (para  acelerar  o  processo).Porém,  sendo  uma  decisão  estrangeira,  na  ausência 
dessa  espontaneidade,  esta  obrigatoriamente  passará  pelo  STJ,  seja  em  caráter  de 
homologação de sentença ou de carta rogatória. 
 
Resumindo: Demandante→ autoridade local de seu país de origem → cumpridos os requisitos, 
remete  à  autoridade  no  país  de  destino  e  esta  tomará  as  providencias  em  defesa  do 
demandante. 
  A  Convenção  de  Nova  York  só  cria  esse  caminho.  Não  inova  na  criação  de  regras. 
Portanto se no Brasil autoriza‐se a prisão do devedor de alimentos, o juiz federal de primeira 
instancia  que  julgar  o  pedido  do  caso  concreto  está  autorizado  a  determinar  a  prisão  do 
devedor. Lembrando que  a prisão do devedor de alimentos é o único caso atual de prisão civil 
brasileira  (súm.  Vinculante  25  que  excluiu  também  a  possibilidade  de  prisão  do  depositário 
infiel).  Cabe  destacar  que  não  é  qualquer  caso  de  devedor  de  alimentos  que  tem  a  prisão 
decretada.  O  STJ  e  STF  possuem  uma  longa  jurisprudência  a  este  respeito,  contando  com  o 
debito  atual  de  alimentos,  que  não  deve  ultrapassar  3  meses,  a  falta  de  condição  do 
alimentante, o pagamento imediato de alimentos, etc. 
 
Pulando direto para o artigo 5º, que trata da transmissão de sentenças e outros atos 
judiciários  já  deferidos  no  país  do  demandante.  Conforme  o  item  1:  “A  Autoridade  Remetente 
transmitirá, a pedido do demandante e em conformidade com as disposições com o artigo IV, qualquer 
decisão, em matéria de alimento, provisória ou definitiva ou qualquer outro ato judiciário emanado, em 
favor  do  demandante,  de  tribunal  competente  de  uma  das  Partes  Contratantes,  e,  se  necessário  e 
possível,  o  relatório  dos  debates  durante  os  quais  esta  decisão  tenha  sido  tomada.”,  pode  ser  que 

ainda não haja uma ação de alimentos proposta entre demandante e demandado. Porém, esta 
pode  já  ter  sido  proposta,  inclusive  com  julgamento  em  definitivo  no  território  do 
demandante.  Através  da  Convenção  de  NY,  determina‐se  que  as  autoridades  intermediárias 
enviem entre si ( tanto a demandante quanto a demandada) as decisões de caráter definitivo 
ou provisório que defiram os alimentos, justamente para que a autoridade intermediária tome 
as providencias possíveis no território demandado. Se possível, solicita também relatórios dos 
debates realizados entre as autoridades, para que esta decisão possa ser cumprida.  
O  item  3  do  mesmo  artigo  diz  “O  procedimento  previsto  no  artigo  VI  poderá  incluir, 
conforme a lei do Estado do demandado, o exequatur ou o registro, ou ainda uma nova ação, 
baseada  na  decisão  transmitida  em  virtude  das  disposições  do  parágrafo  1.”,  restando  claro 
que  a  depender  da  legislação  do  Estado  demandado,  caberá  o  exequatur,  registro, 
homologação  ou ainda a execução direta dessa decisão. 
O artigo 6º trata das funções da Instituição Intermediária, lembrando que no Brasil é a 
Procuradoria Geral da República. Diz o item 1 “ A Instituição Intermediária, atuando dentro dos 
limites dos poderes conferidos pelo demandante, tomará, em nome deste, quaisquer medidas 
apropriadas para assegurar a prestação dos alimentos.* Ela poderá, igualmente, transigir e, 
quando  necessário,  iniciar  e  prosseguir  uma  ação  alimentar  e  fazer  executar  qualquer 
sentença, decisão ou outro ato judiciário.” 
*  podendo  ser  estas  medidas:  ajuizamento  de  uma  ação  direta,  pedido  de  carta 
rogatória, pedido de homologação de sentença estrangeira ou auxílio direto. Cabe, inclusive, 
arresto, se este for necessário para o cumprimento da sentença. 
Em  continuação  ao  dispositivo,  expressamente  pela  convenção,  a  autoridade 
intermediaria tem poder de  transação. 
Item  3  –  Mesmo  que  o  alimentante  seja  estrangeiro,  se  o  demandado  está,  por 
exemplo, no Brasil, e o procurador da republica vai advogar para o alimentante estrangeiro, as 
normas  processuais  e  materiais  a  serem  seguidas  são  as  brasileiras.  Assim  como  se  o 
alimentado  estiver  no  Brasil  e  buscar  alimentos  junto  ao  seu  responsável  fora  do  Brasil,  as 
normas de direito material e processual aplicável serão as normas do Estado de destino. 
 
O artigo 9º, item 1 destaca que os demandantes mesmo que residentes em outro pais, 
gozam  no  âmbito  do  território  do  país  do  demandado,  de  todas  as  isenções  de  custos  e  de 
despesa  que  gozariam  os  residentes  daquele  país.  Novamente,  não  se  faz  distinção  entre 
brasileiros  e  estrangeiros  residentes  ou  não  no  território  para  a  exigência  dos  requisitos  de 
isenção das custas. 
Item 3 ‐  atuação gratuita do Estado em favor de alimentante estrangeiro. 
 
Seguindo a leitura da Convenção, o artigo 11º trata em eventual caso em que o estado 
não é Unitário ( cada Estado dentro de um território federal possui leis próprias), tratando o 
artigo 12º da aplicação da convenção nestes casos. 
O  artigo  17º  versa  sobre  reservas  que  as  partes  aderentes  podem  ou  não  fazer  à 
Convenção, que devem ser comunicadas diretamente ao secretario geral da ONU. 
O artigo 18º trata da reciprocidade. 
Por fim, cabe destacar que o próprio Ministério Público Federal cita os três principais 
obstáculos para aplicação dessa Convenção: 
1) Os tribunais locais não vêm permitindo a validade da citação por edital, portanto, 
no  caso  de  não  se  encontrar  o  demandado,  os  tribunais  locais  no  momento  da 
homologação da sentença ou da concessão de exequatur de uma carta rogatória, 
não vêm admitindo de forma geral, embora esteja prevista na legislação pátria, a 
citação por edital. Tornando inócuas as previsões da Convenção de NY.  
2) Necessidade  de  cópia  autenticada  via  autoridade  diplomática  de  todos  os 
documentos, criando um obstáculo e encarecendo o acesso à justiça, previsto pela 
Convenção. 
3) Presunção de paternidade daquele se recusa a realizar o exame  de DNA , apesar 
de  reconhecida  no  Brasil,  não  é  reconhecida  em  muitos  outros  países,  então    o 
pleito  de  alimentos  contra  aquele  que  não  reconhece  sua  paternidade  é  muito 
dificultado  em  função  dessa  ausência  de  presunção  de  paternidade.  No  Brasil, 
aquele  que  se  recusa  a  submissão  de  um  exame  genético,  presume‐se  pai  para 
todos os efeitos. Portanto, se o demandado mesmo que não tenha reconhecido o 
filho,  há  uma  presunção  de  paternidade  pela  recusa  na  realização  do  exame, 
facilitando o acesso aos alimentos. Caso o país estrangeiro não presuma o mesmo, 
o  processo  é  dificultado  pela  necessidade  primeira  de  uma  ação  de 
reconhecimento de paternidade precedente a de alimentos. 
 
 
 
DIPRI II Rio, 02 DE JUNHO DE 2015

Hoje eu tenho três assuntos para trabalhar, de forma superficial.


O primeiro deles é a Convenção de Nova Iorque, sobre arbitragem,
internalizada em nosso ordenamento jurídico pelo Dec. 4311/2002. Trata-se de
instrumento internacional de extrema importância e sucesso, no âmbito
comercial internacional. Alias, fazendo uma parênteses rápido: foi publicada
uma lei que modificou diversos dispositivos da lei de arbitragem, semana
passada. Para quem está estudando para concurso ou para quem trabalha
com isso, é importante fazer essa atualização, porque houve algumas
modificações substanciais na matéria.
É um instrumento de grande importância internacional, que prevê
aplicação harmônica do instituto da arbitragem em todos os países, que tem
por objetivo harmonizar e pacificar o cumprimento e execução de sentenças
arbitrais proferidas em países signatários produzindo efeitos em outros países
signatários da convenção. A lógica da convenção é: uma sentença ou uma
decisão do Tribunal arbitral proferida em um dos países deverá produzir efeitos
obrigatoriamente tal qual tenha sido lançada em outro país. Obviamente que
ultrapassando os tramites legais de cada país no qual se pretende que ela faça
efeito. Ou seja, no Brasil ela passaria por um processo de homologação de
sentença e carta rogatória, se for o caso de uma decisão parcial, por exemplo,
uma decisão não definitiva, de caráter executório. O fato é que tem que passar
pelo crivo do STJ. O Brasil se compromete como país signatário a dar efeito a
todas as decisões arbitrais de tribunais estrangeiros.
Vamos abordar artigos principais da convenção.

Artigo I
1. A presente Convenção aplicar-se-á ao reconhecimento e à
execução de sentenças arbitrais estrangeiras proferidas no
território de um Estado que não o Estado em que se tencione o
reconhecimento e a execução de tais sentenças, oriundas de
divergências entre pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. A
Convenção aplicar-se-á igualmente a sentenças arbitrais não
consideradas como sentenças domésticas no Estado onde se
tencione o seu reconhecimento e a sua execução.

2. Entender-se-á por "sentenças arbitrais" não só as


sentenças proferidas por árbitros nomeados para cada caso mas
também aquelas emitidas por órgãos arbitrais permanentes aos
quais as partes se submetam.

3. Quando da assinatura, ratificação ou adesão à presente


Convenção, ou da notificação de extensão nos termos do Artigo
X, qualquer Estado poderá, com base em reciprocidade, declarar
que aplicará a Convenção ao reconhecimento e à execução de
sentenças proferidas unicamente no território de outro Estado
signatário. Poderá igualmente declarar que aplicará a Convenção
somente a divergências oriundas de relacionamentos jurídicos,
sejam eles contratuais ou não, que sejam considerados como
comerciais nos termos da lei nacional do Estado que fizer tal
declaração.

Havendo decisão de árbitro ou tribunal arbitral estrangeiro, o Brasil, na


qualidade de signatário da convenção, se compromete a reconhecer a validade
da decisão e dar eficácia dentro de nosso território.
Quem quiser mais detalhes a respeito esta convenção há no site do ICCA
a tradução de um trabalho publicado em inglês que é toda a interpretação a
respeito dessa convenção. É um trabalho bastante detalhado que vai
interpretando artigo por artigo dessa convenção. Sobretudo para quem
interesse em trabalhar com isso, eu recomendo.
O artigo 2º trata da validade dos acordos e cláusulas arbitrais

Artigo II

1. Cada Estado signatário deverá reconhecer o acordo


escrito pelo qual as partes se comprometem a submeter à
arbitragem todas as divergências que tenham surgido ou que
possam vir a surgir entre si no que diz respeito a um
relacionamento jurídico definido, seja ele contratual ou não, com
relação a uma matéria passível de solução mediante arbitragem.
Além dos estados signatários se comprometerem a reconhecer as
decisões arbitrais proferidas por tribunais e árbitros, se comprometem também
a reconhecer a validade dos compromissos arbitrais e das clausulas arbitrais.
Obviamente, só estará submetido à arbitragem aquele que fizer essa opção no
próprio contrato, através de instrumento separado.
Não basta que o tribunal reconhece obrigatoriamente a validade da
decisão, mas que reconhece também a validade da opção que as partes
fizeram àquele tribunal arbitral específico.

2. Entender-se-á por "acordo escrito" uma cláusula arbitral


inserida em contrato ou acordo de arbitragem, firmado pelas
partes ou contido em troca de cartas ou telegramas.

3. O tribunal de um Estado signatário, quando de posse de


ação sobre matéria com relação à qual as partes tenham
estabelecido acordo nos termos do presente artigo, a pedido de
uma delas, encaminhará as partes à arbitragem, a menos que
constate que tal acordo é nulo e sem efeitos, inoperante ou
inexeqüível.

Ou seja, os Estados signatários têm a prerrogativa de, a pedido de uma


das partes, recusar o julgamento da causa e encaminha-las à arbitragem, salvo
se o próprio tribunal local reconhecer que aquele acordo de arbitragem ou
cláusula arbitral é nulo, não produz efeitos ou é inexequível.

Artigo III

Cada Estado signatário reconhecerá as sentenças como


obrigatórias e as executará em conformidade com as regras de
procedimento do território no qual a sentença é invocada, de
acordo com as condições estabelecidas nos artigos que se
seguem. Para fins de reconhecimento ou de execução das
sentenças arbitrais às quais a presente Convenção se aplica, não
serão impostas condições substancialmente mais onerosas ou
taxas ou cobranças mais altas do que as impostas para o
reconhecimento ou a execução de sentenças arbitrais
domésticas.

A sentença arbitral invocada no território brasileiro deve passar pelo


procedimento normal que qualquer sentença passa para produzir efeitos e para
poder ser executada em território brasileiro. A saber: carta rogatória e
homologação de sentença estrangeira.
Então, o fato da convenção, de certa forma, compelir os estados
signatários a darem validade/eficácia a sentença ou decisões arbitrais
estrangeiras no nosso território, assim como da validade e eficácia a clausulas
arbitrais e acordos de arbitragem, o fato é que a convenção deixa a cargo de
cada país a escolha do procedimento através do qual o país vai dar validade à
decisão arbitral. Então, não se descarta por força da convenção os
procedimentos normais de homologação de sentença estrangeira, se for o
caso. Não há aqui, como na convenção que a gente viu na semana passada o
desvio, o drible ao procedimento normal que é a homologação de sentença e a
carta rogatória. Naquele caso ali, a gente fala de alimentos, do direito mais
fundamental que o ser humano tem que é o direito à vida. Ali, então, justifica
que os países estabeleçam um pulo a esse obstáculo especialmente temporal,
que é o obstáculo da homologação de sentença estrangeira. Por outro lado,
aqui não me parece que há violação a direitos fundamentais, a menos em
regra, de forma antecipada, de maneira que não se justificaria pular
procedimentos que são usuais.
Nas outras duas convenções que a gente ainda vai mencionar hoje há
também o recurso ao auxilio direto, pulando, também, a etapa do STJ. Mas
aqui não. Na convenção de arbitragem, O Brasil se compromete a dar validade
a acordos de arbitragem e decisões arbitrais, passando pelo procedimento
normal.
Parece que a parte mais importante dessa convenção está no artigo 5º,
que estabelece um rol exaustivo e que demanda a aplicação restritiva às
matérias a serem invocadas pela parte que se opõe a homologação de uma
decisão arbitral estrangeira. Sçao dois pontos fundamentais: (i) o rol do artigo
5º é exaustivo; (ii) o rol do art. 5º deve ser interpretado de forma restritiva, o
que quer dizer que a interpretação vai ser sempre pró- sentença de arbitragem.
Ou seja, havendo dúvida da existência ou não, do cumprimento ou não de um
requisito, a melhor interpretação vai ser aquela que sempre valida a decisão
arbitral estrangeira. São cinco itens, alíneas, dispositivos legais que
estabelecem matérias que podem ser invocadas, e que através das quais o
tribunal local pode recusar a validade de uma sentença arbitral. Lembrando
mais uma vez: o tribunal local não tem juízo de mérito a respeito da decisão
arbitral. O tribunal local não pode invadir o mérito, reanalisar a questão sobre o
seu ponto de vista material. o que pode ser analisado é sob o ponto de vista do
procedimento ou do cumprimento de alguns requisitos, se aquela sentença
arbitral atinge todos os parâmetros legais para que seja conferida a ela
validade em todo o território.

Artigo V

1. O reconhecimento e a execução de uma sentença


poderão ser indeferidos, a pedido da parte contra a qual ela é
invocada, unicamente se esta parte fornecer, à autoridade
competente onde se tenciona o reconhecimento e a execução,
prova de que:

Desse caput, a gente extrai que o ônus da prova da ausência do


reconhecimento da ausência do requisito é da parte contra a qual a sentença é
invocada. Aquele que se opõe à homologação de uma sentença arbitral tem
que provar a ausência de um desses elementos aqui. Vamos aos cinco
elementos:

a) as partes do acordo a que se refere o Artigo II estavam,


em conformidade com a lei a elas aplicável, de algum modo
incapacitadas, ou que tal acordo não é válido nos termos da lei à
qual as partes o submeteram, ou, na ausência de indicação sobre
a matéria, nos termos da lei do país onde a sentença foi proferida;
ou

Basicamente, incapacidade das partes que se submeteu voluntariamente


a decisão. A parte contra a qual a sentença é invocada pode provar que, nos
termos da lei de onde a sentença foi proferida, aquela parte era incapaz para
firmar compromisso ou cláusula arbitral.  

b) a parte contra a qual a sentença é invocada não recebeu


notificação apropriada acerca da designação do árbitro ou do
processo de arbitragem, ou lhe foi impossível, por outras razões,
apresentar seus argumentos; ou
Basicamente, não tendo havido notificação a respeito da instauração do
procedimento arbitral, ou não tendo sido notificada a parte a respeito da
nomeação dos árbitros, ou que não tenha sido oportunizada a defesa.  

c) a sentença se refere a uma divergência que não está


prevista ou que não se enquadra nos termos da cláusula de
submissão à arbitragem, ou contém decisões acerca de matérias
que transcendem o alcance da cláusula de submissão, contanto
que, se as decisões sobre as matérias suscetíveis de arbitragem
puderem ser separadas daquelas não suscetíveis, a parte da
sentença que contém decisões sobre matérias suscetíveis de
arbitragem possa ser reconhecida e executada; ou

É ocaso em que a sentença/decisão arbitral extrapola a matéria que havia


sido submetida voluntariamente à arbitragem. Então, se por um contrato
comercial, por exemplo, as partes escolhem se submeter à arbitragem,
exclusivamente, um determinado ponto. Se aquela sentença foi proferida a
respeito de todo o contrato, se for possível a separação, a parte da sentença
que trata do assunto ao qual estavam submetidas as partes à arbitragem pode
ser validade. A parte que extrapolar o acordo de arbitragem, não vai ser
validada. Ou seja, se as partes não submeteram aquela controvérsia específica
à arbitragem ou submeteram determinada controvérsia e a sentença acabou
extrapolando aquilo que havia sido voluntariamente submetido à arbitragem por
força de negócio jurídico entabulado entre as partes.

d) a composição da autoridade arbitral ou o procedimento


arbitral não se deu em conformidade com o acordado pelas
partes, ou, na ausência de tal acordo, não se deu em
conformidade com a lei do país em que a arbitragem ocorreu; ou

Vício de procedimento. Se as partes firmaram acordo de arbitragem


submetendo determinado assunto a uma arbitragem a ser julgada por um
tribunal com três árbitros e foi julgada por um só, há vicio de procedimento. Da
mesma forma, se as partes se submeteram não a um procedimento específico,
mas à lei do país em que a arbitragem foi realizada e aí a arbitragem tiver se
realizado de forma equivocada, errônea, o estado signatário da convenção,
dentre eles o brasileiro, não está obrigado a dar validade àquela decisão
arbitral.
Aqui, a gente pode resumir essa alínea ‘d’ em erro de procedimento. Seja
de procedimento escolhido pelas partes ou pelo procedimento estabelecido por
lei local. Aqui mais uma vez: vale a lei do local onde a arbitragem vai se
realizar. Uma arbitragem realizada no Japão, no momento em que ela for
homologada no Brasil, caberá a parte contra a qual a sentença se opõe provar
que nos termos da lei japonesa de arbitragem, a arbitragem foi feita de forma
equivocada, com erro de procedimento.

e) a sentença ainda não se tornou obrigatória para as partes


ou foi anulada ou suspensa por autoridade competente do país
em que, ou conforme a lei do qual, a sentença tenha sido
proferida.

Basicamente, decisão que não se tornou definitiva ainda, por decisão


arbitral tenha sido suspensa ou anulada por autoridade do país no qual ela for
proferida. Aqui não parece haver maiores duvidas.

2. O reconhecimento e a execução de uma sentença arbitral


também poderão ser recusados caso a autoridade competente do
país em que se tenciona o reconhecimento e a execução
constatar que:

a) segundo a lei daquele país, o objeto da divergência não é


passível de solução mediante arbitragem; ou

b) o reconhecimento ou a execução da sentença seria


contrário à ordem pública daquele país.

Os artigos seguintes são basicamente procedimentais.


Obviamente, a convenção é maior do que eu li aqui, mas meu objetivo é
abordar pontos principais. Recomendo que vocês deem uma lida em casa.
Eu vou abordar agora, em conjunto, de forma breve, duas convenções
internacionais importantes. Uma que trata dos efeitos civis do sequestro
internacional de crianças e outra que trata da adoção internacional.
A primeira convenção, internalizada em nosso país pelo decreto
3.413/2000 trata dos aspectos civis do sequestro internacional de crianças.
Convenção de Haia, assinada em 1980. Vale frisar: a convenção trata dos
aspectos CIVIS ligados ao sequestro internacional de crianças. Não se vai
aqui invadir a esfera criminal. O Objetivo é possibilitar e facilitar, através do
auxílio direto, o retorno da criança para casa.
Sequestro internacional de criança, ou subtração internacional (é comum
o uso dessa expressão) é o ato de transferir a criança do local de sua
residência de forma forçada, ou mesmo de forma consentida, pelo cônjuge que
tenha a guarda da criança. É muito comum em casos de pais que residem em
países diferentes e que um tem a aguarda em um país e o outro genitor leve a
criança para passar férias em país estrangeiro e não devolva a criança. Eu me
lembro de um caso extremamente debatido há uns anos atrás, que foi o caso
do menino Sean Goldman, americano, cuja mãe foi fazer intercambio nos EUA
e teve um relacionamento com um americano David Goldman e teve o filho
Sean. Com o termino do relacionamento, a mãe veio ao Brasil com a criança e
o pai passou a empreender uma disputa judicial tanto em tribunais
norteamericanos, quanto no STF para tentar levar o Sean de volta aos EUA,
com base especificamente nessa convenção. Acontece que a mãe morreu e o
Sean ficou com o padrasto e com a avó materna e depois de uma batalha
longa acabou sendo levado de volta para os EUA.

Para mim, é fundamental o preâmbulo:

Os Estados signatários da presente Convenção,

Firmemente convictos de que os interesses da criança são


de primordial importãncia em todas as questões relativas à sua
guarda;

Desejando proteger a criança, no plano internacional, dos


efeitos prejudiciais resultantes de mudança de domicílio ou de
retenção ilícitas e estabelecer procedimentos que garantam o
retorno imediato da criança ao Estado de sua residência habitual,
bem como assegurar a proteção do direito de visita;

Fica muito claro que a convenção tem por objetivo proteger a criança no
estado de sua residência habitual, mas em contrapartida proteger o genitor que
não reside naquele estado de residência habitual a ter o direito de visita.
Artigo 1

A presente Convenção tem por objetivo:

a) assegurar o retorno imediato de crianças ilicitamente


transferidas para qualquer Estado Contratante ou nele retidas
indevidamente;

b) fazer respeitar de maneira efetiva nos outros Estados


Contratantes os direitos de guarda e de visita existentes num
Estado Contratante.

Ou seja, os Estados signatários de forma geral se comprometem a


respeitar os direitos de guarda e de visita decididos por tribunais de outros
estados contratantes.

Artigo 3

A transferência ou a retenção de uma criança é considerada


ilícita quando:

a) tenha havido violação a direito de guarda atribuído a


pessoa ou a instituição ou a qualquer outro organismo, individual
ou conjuntamente, pela lei do Estado onde a criança tivesse sua
residência habitual imediatamente antes de sua transferência ou
da sua retenção; e

b) esse direito estivesse sendo exercido de maneira efetiva,


individual ou em conjuntamente, no momento da transferência
ou da retenção, ou devesse está-lo sendo se tais acontecimentos
não tivessem ocorrido.

O direito de guarda referido na alínea a) pode resultar de


uma atribuição de pleno direito, de uma decisão judicial ou
administrativa ou de um acordo vigente segundo o direito desse
Estado.

Ou seja, a transferência é ilícita quando viola o direito de guarda. Ou


seja, se aquele genitor que já tem a guarda no país de residência habitual da
criança decidir transferir a sua residência, não haverá, em princípio, violação a
direito de guarda. Talvez haja violação em relação a dispositivos legais do país
de residência da criança. No Brasil, por exemplo, pode ser que haja de acordo
com a lei de alienação parental violação aos direitos da própria criança e aí há
dispositivos legais na legislação interna para o juiz inverter a guarda dessa
criança. Para efeitos da convenção, não há violação dos direito de guarda.
Eu tenho um caso de alienação parental no escritório. A mãe entrou com
o pedido de regulamentação de visita restritiva dos direitos do pai. A gente
entrou com uma reconvenção e conseguimos uma liminar para ampliar muito o
direito de visitação e a mãe insatisfeita com a decisão, de um dia pro outro, se
mudou para Angra dos Reis. O pai tinha direito de visitação fim de semana si,
fim de semana não e a mãe simplesmente se mudou para Angra dos Reis e o
pai não tem carro. A mãe colocaria a criança, a cada 15 dias na estrada, o que
ficaria absolutamente inviabilizado, porque o pai não teria condições de trazê-la
pro RJ, muito menos de pagar uma hospedagem em Angra. E ai ajuizamos
uma ação de alienação parental, pedindo liminarmente a inversão da guarda ou
a inversão do dever de levar e trazer a criança para a visitação. Conseguimos a
inversão desse dever. A mãe passou a ter a obrigação de trazer a criança para
o RJ a cada dia que o pai tivesse o direito de ver a criança. Nesse caso, a
guarda já era dela. Não poderíamos falar em sequestro porque ela já tinha o
direito de guarda.
Não basta que tenha havido violação ao direito de guarda. Este,
necessariamente, tem que estar sendo exercido de maneira efetiva.
Art. 6º - aqui me parece também a parte mais importante da convenção.

Artigo 6

Cada Estado Contratante designará uma Autoridade Central


encarregada de dar cumprimento às obrigações que Ihe são
impostas pela presente Convenção.

Estados federais, Estados em que vigorem vários sistemas


legais ou Estados em que existam organizações territoriais
autônomas terão a liberdade de designar mais de urna Autoridade
Central e de especificar a extensão territorial dos poderes de cada
uma delas. O Estado que utilize esta faculdade deverá designar a
Autoridade Central à qual os pedidos poderão ser dirigidos para o
efeito de virem a ser transmitidos à Autoridade Central
internamente competente nesse Estado.
Mais uma vez a convenção se utiliza do recurso do auxílio direto,
obrigando que todos os estado signatários da convenção nomeiem uma
autoridade central que vai funcionar como uma forma de contato e como forma
de fazer cumprir de maneira mais. célere os objetivos da convenção de Haia.
Nesse caso, no Brasil a autoridade central federal é a secretaria de direitos
humanos, vinculada à Presidência da República.

Artigo 7

As autoridades centrais devem cooperar entre si e promover


a colaboração entre as autoridades competentes dos seus
respectivos Estados, de forma a assegurar o retorno imediato das
crianças e a realizar os demais objetivos da presente Convenção.

Em particular, deverão tomar, quer diretamente, quer através


de um intermediário, todas as medidas apropriadas para:

a) localizar uma criança transferida ou retida ilicitamente;

b) evitar novos danos à criança, ou prejuízos às parles


interessadas, tomando ou fazendo tomar medidas preventivas;

c) assegurar a entrega voluntária da criança ou facilitar uma


solução amigável;

d) proceder, quando desejável, à troça de informações


relativas à situação social da criança;

e) fornecer informações de caráter geral sobre a legislação


de seu Estado relativa à aplicação da Convenção;

f) dar início ou favorecer a abertura de processo judicial ou


administrativo que vise o retomo da criança ou, quando for o caso,
que permita a organização ou o exercício efetivo do direito de
visita;

g) acordar ou facilitar, conforme ás circunstâncias, a


obtenção de assistência judiciária e jurídica, incluindo a
participação de um advogado;

h) assegurar no plano administrativo, quando necessário e


oportuno, o retorno sem perigo da criança;

i) manterem-se mutuamente informados sobre o


funcionamento da Convenção e, tanto quanto possível,
eliminarem os obstáculos que eventualmente se oponham à
aplicação desta.

Artigo 12

Quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou


retida nos termos do Artigo 3 e tenha decorrido um período de
menos de 1 ano entre a data da transferência ou da retenção
indevidas e a data do início do processo perante a autoridade
judicial ou administrativa do Estado Contratante onde a criança se
encontrar, a autoridade respectiva deverá ordenar o retomo
imediato da criança.

A autoridade judicial ou administrativa respectiva, mesmo


após expirado o período de uma ano referido no parágrafo
anterior, deverá ordenar o retorno da criança, salvo quando for
provado que a criança já se encontra integrada no seu novo meio.

Quando a autoridade judicial ou administrativa do Estado


requerido tiver razões para crer que a criança tenha sido levada
para outro Estado, poderá suspender o processo ou rejeitar o
pedido para o retomo da criança.

A convenção estabelece um prazo razoável de um ano entre a


transferência e o início do procedimento administrativo judicial, através do qual
se obriga o retorno imediato da criança que tiver sido transferida ou retida de
forma ilícita.
Caso tenha sido ultrapassado o prazo de 1 ano entre a transferência ou
retenção ilícita da criança e o inicio do procedimento administrativo judicial,
caberá às autoridade locais avaliar se é caso retorno imediato ou se a criança
já está adaptada a seu novo meio.

Artigo 13

Sem prejuízo das disposições contidas no Artigo anterior, a


autoridade judicial ou administrativa do Estado requerido não é
obrigada a ordenar o retomo da criança se a pessoa, instiuição ou
organismo que se oponha a seu retomo provar:

a) que a pessoa, instituição ou organismo que tinha a seu


cuidado a pessoa da crinaça não exercia efetivamente o direito de
guarda na época da transferência ou da retenção, ou que havia
consentido ou concordado posteriormente com esta transferência
ou retenção; ou
b) que existe um risco grave de a criança, no seu retorno,
ficar sujeita a perigos de ordem fisica ou psíquica, ou, de qualquer
outro modo, ficar numa situação intolerável.

A autoridade judicial ou administrativa pode também recusar-


se a ordenar o e retorno da criança se verificar que esta se opõe a
ele e que a criança atingiu já idade e grau de maturidade tais que
seja apropriado levar em consideração as suas opiniões sobre o
assunto.

Ao apreciar as circunstâncias referidas neste Artigo, as


autoridades judiciais ou administrativas deverão tomar em
consideração as informações relativas à situação social da
criança fomecidas pela Autoridade Central ou por qualquer outra
autoridade competente do Estado de residência habitual da
criança.

Ou seja, a parte que transferiu ou que retém de forma ilícita uma criança
em estado diferente daquele de residência habitual pode provar, dentro do
procedimento, que a criança estava em estado de perigo ou que a parte
consentiu com a transferência ou que essa parte não exercia de forma
adequada a guarda do menor.

Convenção de Haia de 1993, pratica a proteção de criança e cooperação


em matéria de adoção internacional. Dec. 3087/99.
Preâmbulo :

Os Estados signatários da presente Convenção,

Reconhecendo que, para o desenvolvimento harmonioso de


sua personalidade, a criança deve crescer em meio familiar, em
clima de felicidade, de amor e de compreensão;

Recordando que cada país deveria tomar, com caráter


prioritário, medidas adequadas para permitir a manutenção da
criança em sua família de origem;

Reconhecendo que a adoção internacional pode apresentar


a vantagem de dar uma família permanente à criança para quem
não se possa encontrar uma família adequada em seu país de
origem;

Convencidos da necessidade de prever medidas para


garantir que as adoções internacionais sejam feitas no interesse
superior da criança e com respeito a seus direitos fundamentais,
assim como para prevenir o seqüestro, a venda ou o tráfico de
crianças; e

Desejando estabelecer para esse fim disposições comuns


que levem em consideração os princípios reconhecidos por
instrumentos internacionais, em particular a Convenção das
Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, de 20 de novembro
de 1989, e pela Declaração das Nações Unidas sobre os
Princípios Sociais e Jurídicos Aplicáveis à Proteção e ao Bem-
estar das Crianças, com Especial Referência às Práticas em
Matéria de Adoção e de Colocação Familiar nos Planos Nacional
e Internacional (Resolução da Assembléia Geral 41/85, de 3 de
dezembro de 1986),

Artigo 1

A presente Convenção tem por objetivo:

a) estabelecer garantias para que as adoções internacionais


sejam feitas segundo o interesse superior da criança e com
respeito aos direitos fundamentais que lhe reconhece o direito
internacional;

b) instaurar um sistema de cooperação entre os Estados


Contratantes que assegure o respeito às mencionadas garantias
e, em conseqüência, previna o seqüestro, a venda ou o tráfico de
crianças;

c) assegurar o reconhecimento nos Estados Contratantes


das adoções realizadas segundo a Convenção.

Quer o adotante esteja no Estado onde a criança resida habitualmente,


quer o casal ou a pessoa que pretende adoção esteja em Estado diferente de
onde a criança reside, aplica-se a convenção para facilitar a adoção dessas
crianças, prevenindo o sequestro infantil, observando sempre o melhor
interesse da criança.
Mais uma vez, a convenção se vale do recurso “autoridades centrais”.
Também a secretaria de direitos humanos, vinculada à Presidência da
República faz esse meio campo com autoridades centrais de outros países
para facilitar a adoção internacional.

Artigo 4
As adoções abrangidas por esta Convenção só poderão
ocorrer quando as autoridades competentes do Estado de origem:

a) tiverem determinado que a criança é adotável;

b) tiverem verificado, depois de haver examinado


adequadamente as possibilidades de colocação da criança em
seu Estado de origem, que uma adoção internacional atende ao
interesse superior da criança;

c) tiverem-se assegurado de:

1) que as pessoas, instituições e autoridades cujo


consentimento se requeira para a adoção hajam sido
convenientemente orientadas e devidamente informadas das
conseqüências de seu consentimento, em particular em relação à
manutenção ou à ruptura, em virtude da adoção, dos vínculos
jurídicos entre a criança e sua família de origem;

2) que estas pessoas, instituições e autoridades tenham


manifestado seu consentimento livremente, na forma legal
prevista, e que este consentimento se tenha manifestado ou
constatado por escrito;

3) que os consentimentos não tenham sido obtidos mediante


pagamento ou compensação de qualquer espécie nem tenham
sido revogados, e

4) que o consentimento da mãe, quando exigido, tenha sido


manifestado após o nascimento da criança; e

d) tiverem-se assegurado, observada a idade e o grau de


maturidade da criança, de:

1) que tenha sido a mesma convenientemente orientada e


devidamente informada sobre as conseqüências de seu
consentimento à adoção, quando este for exigido;

2) que tenham sido levadas em consideração a vontade e as


opiniões da criança;

3) que o consentimento da criança à adoção, quando


exigido, tenha sido dado livremente, na forma legal prevista, e que
este consentimento tenha sido manifestado ou constatado por
escrito;

4) que o consentimento não tenha sido induzido mediante


pagamento ou compensação de qualquer espécie.
Todas as pessoas e instituições do Estado de origem da criança têm que
estar suficientemente informadas e de acordo, levando em consideração a
ruptura do poder familiar que é uma adoção familiar.
Não se admite consentimento prévio ao nascimento.
A criança pode eventualmente ser questionada acerca de seu interesse,
mas depende do caso, da sua idade, da maturidade da criança pra consentir
com a adoção. É a autoridade competente do caso que vai avaliar a idade e a
maturidade da criança para consentir com uma adoção.
É incabível compensação ou pagamento de qualquer espécie, tanto para
responsável quanto para o próprio menor visando a obtenção de
consentimento da adoção internacional.

Artigo 5

As adoções abrangidas por esta Convenção só poderão


ocorrer quando as autoridades competentes do Estado de
acolhida:

a) tiverem verificado que os futuros pais adotivos encontram-


se habilitados e aptos para adotar;

b) tiverem-se assegurado de que os futuros pais adotivos


foram convenientemente orientados;

c) tiverem verificado que a criança foi ou será autorizada a


entrar e a residir permanentemente no Estado de acolhida.

Ou seja, vai caber às autoridades intermediárias (auxílio direto) verificar


no estado de origem da criança e no Estado de acolhida da mesma o
cumprimento de todos os requisitos acima.

Artigo 6

1. Cada Estado Contratante designará uma Autoridade


Central encarregada de dar cumprimento às obrigações impostas
pela presente Convenção.

2. Um Estado federal, um Estado no qual vigoram diversos


sistemas jurídicos ou um Estado com unidades territoriais
autônomas poderá designar mais de uma Autoridade Central e
especificar o âmbito territorial ou pessoal de suas funções. O
Estado que fizer uso dessa faculdade designará a Autoridade
Central à qual poderá ser dirigida toda a comunicação para sua
transmissão à Autoridade Central competente dentro desse
Estado.

Artigo 17

Toda decisão de confiar uma criança aos futuros pais


adotivos somente poderá ser tomada no Estado de origem se:

a) a Autoridade Central do Estado de origem tiver-se


assegurado de que os futuros pais adotivos manifestaram sua
concordância;

b) a Autoridade Central do Estado de acolhida tiver aprovado


tal decisão, quando esta aprovação for requerida pela lei do
Estado de acolhida ou pela Autoridade Central do Estado de
origem;

c) as Autoridades Centrais de ambos os Estados estiverem


de acordo em que se prossiga com a adoção; e

d) tiver sido verificado, de conformidade com o artigo 5, que


os futuros pais adotivos estão habilitados e aptos a adotar e que a
criança está ou será autorizada a entrar e residir
permanentemente no Estado de acolhida.

Artigo 23

1. Uma adoção certificada em conformidade com a


Convenção, pela autoridade competente do Estado onde ocorreu,
será reconhecida de pleno direito pelos demais Estados
Contratantes. O certificado deverá especificar quando e quem
outorgou os assentimentos previstos no artigo 17, alínea "c".

2. Cada Estado Contratante, no momento da assinatura,


ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, notificará ao
depositário da Convenção a identidade e as Funções da
autoridade ou das autoridades que, nesse Estado, são
competentes para expedir esse certificado, bem como lhe
notificará, igualmente, qualquer modificação na designação
dessas autoridades.

Artigo 24

O reconhecimento de uma adoção só poderá ser recusado


em um Estado Contratante se a adoção for manifestamente
contrária à sua ordem pública, levando em consideração o
interesse superior da criança.

Todos os estado signatários da convenção se comprometem de forma


mútua a reconhecer as adoções internacionais formalizadas nos termos dessa
convenção, salvo se violar ordem pública local, mas levando em consideração
sempre o interesse da criança.
 
 

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