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CURSO (A OUTRA TRANSCRIÇÃO SERÁ A DE FILOSOFIA QUE ENVIAREMOS EM
BREVE).
VALEU A PARTICIPAÇÃO DE TODOS EM TODAS AS TRANSCRIÇÕES DURANTE TODOS
OS PERÍODOS DO CURSO.
A UNIÃO FAZ E FEZ A FORÇA.
NESTA TRANSCRIÇÃO PARTICIPARAM: ANA VALVERDE, ANA CRISTINA, LUIZ
CLAUDIO, RENATA BARBOSA, FABIO ARAUJO, EDUARDA VENTURA, MARISSOL,
ROSINERE, LORENA CHIROL, RAFFAELA NOGUEIRA, CARINA BARBOSA, SORAYA
GOMIDE.
DIPRI II ‐ 17 DE MARÇO
Bibliografia:
1) Direito Internacional Privado, Nádia de Araújo.
2) O Direito Internacional Contemporâneo, Roberto Barroso.
3) Direito Internacional Privado, Jacob Dolinger.
4) Curso de Direito Internacional Privado, Florisbal de Souza.
Faremos uma pequena introdução sobre o tema que será tratado ao longo do
semestre. Hoje é um dia importante para todos que trabalham com o direito, pois foi
sancionado o Novo Código de Processo Civil ontem. Um dos artigos vetado no Novo
CPC é o 35 que tratava justamente sobre Cooperação Internacional.
Teremos um trabalho dobrado pois estudaremos o CPC atual, vigente até 2016,
e o Novo CPC. Também abordaremos a influência do Novo CPC nas questões do Direito
Internacional.
Como vocês aprenderam no semestre passado, o Direito Internacional consiste
em, na grande maioria dos casos, da escolha de um direito aplicável sobre
determinado caso jurídico concreto. Ou seja, é a busca por normas locais e normas
internacionais a respeito não só de um direito aplicável em determinado caso
concreto, mas também – e mais importante para nossa matéria – a escolha da
jurisdição competente para julgamento de determinado caso concreto.
Em que caso o direito internacional privado precisa se meter para decidir qual a
jurisdição competente e qual a legislação, local ou internacional, aplicável?
A interseção do direito interno se dá em casos em que haja conexão
internacional, ou seja, sempre que houver o elemento de estraneidade. Sempre que
houver conexão com o direito material de algum outro país, é necessário a intervenção
de norma jurídica de direito internacional privado para decidir (i) a legislação aplicável,
se é a local ou a estrangeira ou algum ato de operação internacional, Tratado ou
Convênio, (ii) e para decidir qual é a jurisdição competente para julgamento de
determinado caso concreto. Caso pudéssemos resumir muito brevemente a
importância do direito internacional privado, seria essa.
Por uma série de questões sociais, valorização, avanço da internet, comércio
eletrônico, vem se tornando cada vez mais relevante a aplicação de normas de DIPri.
Vivemos em uma era na qual praticamente as fronteiras acabaram.
Hoje em dia é muito comum mudança definitiva ou temporário para outros
países, a celebração de contratos internacionais, a realização de contratos de consumo
internacionais, etc. Situações nas quais havendo conexão de alguma forma com o
direito material de países com o Brasil é necessária a aplicação de normas de DIPri,
tanto para escolher qual a norma de direito material que nós vamos aplicar, como para
escolher a jurisdição competente.
Ressalta‐se um princípio do direito internacional privado que os tribunais
brasileiros estão aptos a aplicação de legislação estrangeira. Então não é incomum que
o Tribunal brasileiro, por exemplo: o STJ, aplique uma lei de outro país. Alerta: apenas
para leis matérias. Legislação processual sempre será a do país que o tribunal
competente atua.
Desta forma, os tribunais brasileiros estão aptos a aplicação de legislação
material estrangeira, os tribunais brasileiros não aplicam legislação processual
estrangeira.
Nossa missão em DIPri II é estudar o chamado: conflito de jurisdição. É muito
comum o uso da expressão “direito processual internacional”, embora não seja
necessariamente um direito processual pelo fato de suas principais regras de
competência estarem nos artigos 88 ao 90 do Código de Processo Civil.
São casos que, de acordo com a legislação brasileira ou de acordo com as
normas internacionais, os tribunais nacionais são competentes para julgamento de
uma determinada causa.
Além de estudar quando os tribunais brasileiros são competentes para julgar
uma causa, vamos estudar dois tipos de competência: a concorrente e a absoluta. Ou
seja, em alguns casos a justiça brasileira é competente em concorrência com justiça
estrangeira e em outros casos específicos a competência nacional é exclusiva.
Isso é importante porque em casos de competência concorrente, em casos que
a lei nacional admita a concorrência do julgamento do Brasil com o julgamento de
outro país, é possível a homologação da sentença estrangeira no Brasil. Já em casos de
competência exclusiva, não se admite homologação de sentença estrangeira.
Quando fala‐se de julgamento de casos direto pelos tribunais brasileiros, fala‐se
de jurisdição direta dos tribunais brasileiros. Ou seja, quando há uma causa com
conexão internacional, quando há um ponto de contato entre o direito material
brasileiro e o direito material de outo país, pode ser que ocorra competência
concorrente ou competência exclusiva da justiça brasileira. Se a justiça brasileira tiver
competência concorrente ou exclusiva se dá a jurisdição direta dos nossos tribunais.
Por outro lado, há casos em que, seja porque a competência é corrente ou
porque o tribunal brasileiro não tem competência, vamos estudar a jurisdição indireta
dos tribunais brasileiros. A jurisdição indireta trata‐se (i) de homologação de sentença
estrangeira, (ii) cartas rogatórias – a realização de qualquer ato de natureza processual
oriundos de justiça estrangeira em território nacional depende de carta rogatória.
DIPRI II Rio, 24 de março de 2015
DIPRI II
Professor: Leonardo Ribeiro
leonardo@ribeirodaluz.com.br
Apresentação mais uma vez.
Meu nome é Leonardo. Sou responsável por trabalhar com vcs a disciplina
Direito Internacional Privado II. Já fiz uma breve apresentação na aula passada, mas
tive um caso de família envolvendo o escritório e tive que me despencar para lá. Espero
que já tenham informações sobre data da prova, e tudo, mas me coloco à disposição
para esclarecimentos, tirar dúvidas, sugestão, o que vcs precisarem.
Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se
constituírem.
Então, o primeiro passo do intérprete vai ser definir em que local se constituiu a
obrigação. E a pp lei nos indica critérios para isso. Mas o fato é que a LINDB ela não
diz como se vai definir o caso concreto. Ela diz que lei vai definir o caso concreto, que
lei vai regulamentar o caso concreto. Por isso a expressão ‘sobredireito’. DIPRI é
claramente uma espécie de sobredireito uma vez que ele trabalha com normas sobre
normas. Então, basicamente nosso estudo vai tratar, vou trazer um fechamento aqui,
vamos tratar de situações envolvendo entes privados, uma vez que se tratasse de estados
internacionais, entes públicos , o estudo seria mais voltado para o direito internacional (
o prof. Falou “privado”, mas acho que por engano ) público, vamos tratar de questões
privadas que por algum motivo específico há um elemento de conexão, há um elemento
estrangeiro envolvido, e isso gera a necessidade de analise no caso concreto , primeiro,
de qual a lei material aplicável àquele caso concreto; e, num segundo momento, de qual
a jurisdição competente para julgamento daquele caso concreto , seja qual for o direito
material aplicado. Do ponto de vista da nossa matéria, DIPRI II, nosso estudo se centra,
se foca, na escolha da jurisdição. É o estudo, basicamente, do direito internacional
privado civil, ou direito processual civil internacional , melhor dizendo: conflitos de
jurisdição, conflitos de competência, internacionais.
Vamos ao CPC
O nosso CPC define a competência separada em duas fases.
Primeiro há a definição de competência internacional. Primeiro o CPC define a
competência internacional, ou, tecnicamente mais apropriado, o CPC define em
primeiro lugar a jurisdição dos tribunais brasileiros (capitulo II do titulo IV do livro I,
processo de conhecimento , do CPC, fala em competência internacional - mas talvez
seja mais adequado falarmos em jurisdição)
Em um segundo momento, o CPC define a competência interna, ai sim,
competência, competência interna, divisão de jurisdição.
Essa forma de divisão, primeiro a competência interna internacional, jurisdição,
e depois, num segundo momento, a competência interna tem uma razão de ser. A
melhor técnica diz que primeiro o interprete tem que analisar se aquele caso concreto
está sob jurisdição do poder judiciário brasileiro, para num segundo momento definir a
competência interna. Ou seja, dentro do nosso território , qual o juiz, qual o tribunal é
competente para o julgamento da causa. Isso parece um pouco bobo, um pouco sem
explicação, mas o fato é que se a gente inverte essa ordem, há casos em que a gente vai
acabar fixando a competência internacional, a jurisdição, por meio da competência
interna. Isso é extremamente perigoso. Quer ver um ex? Vou dar o ex depois. Vamos
primeiro verificar quais são as definições de competência da jurisdição brasileira para
depois eu dar um ex, e vcs vão entender.
A jurisdição brasileira, a competência internacional nos tribunais brasileiros,
está definida nos artigos 88 a 90 do CPC
TÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA
JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA
Art. 86. As causas cíveis serão processadas e
decididas, ou simplesmente decididas, pelos órgãos
jurisdicionais, nos limites de sua competência, ressalvada
às partes a faculdade de instituírem juízo arbitral.
Art. 87. Determina-se a competência no momento em
que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações
do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente,
salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a
competência em razão da matéria ou da hierarquia.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Art. 88. É competente a autoridade judiciária
brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade,
estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato
praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I,
reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira,
com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no
Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados
no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e
tenha residido fora do território nacional.
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro
não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade
judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que
Ihe são conexas.
O artigo 88 do CPC, embora isso não esteja escrita lá, importante frisar,embora
essa informação não esteja escrita no artigo, mas considerando a melhor técnica
legislativa e a contraposição entre o 88 e 89, o 88 estabelece casos de competência
concorrente dos tribunais brasileiros .o caput diz o seguinte: . É competente a
autoridade judiciária brasileira quando.... Não está dizendo se é concorrente ou
exclusiva. Mas em contraposição com o 89. Que diz compete à autoridade judiciária
brasileira, com exclusão de qualquer outra, a interpretação é de que o 88 trata de
competência concorrente.
Os três casos que a gente vai analisar do art 88 do CPC, a competência dos
tribunais brasileiros é concorrente. Qual o significado de competência concorrente? Que
os tribunais brasileiros têm competência para a causa, mas admite-se o julgamento da
mesma causa em tribunais estrangeiros. Ou seja, decisões de tribunais estrangeiros
sobre esses assuntos têm a possibilidade de serem homologados em território nacional.
Falando de uma outra forma: o direito brasileiro, as normas de direito processual
brasileiro admitem conferir eficácia a decisões estrangeiras a respeito desse assunto. Ou
seja, o tribunal brasileiro seria competente para o julgamento, mas as partes por opção
se submeteram ao julgamento da mesma causa em outro país. Essa decisão estrangeira
pode ser homologada no Brasil, pode ganhar eficácia dentro do território nacional – os
casos do artigo 88 podem. O contrário dos casos do art 89. Como diz o pp caput do art
89, a autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra jurisdição. Casos
previstos no art 89 não admitem homologação dessas decisões. O sistema jurídico
nacional não confere eficácia a qq decisão a respeito desses temas dentro do território
nacional.
Vamos aos incisos do 88 para a gente ilustrar isso.
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência,
nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe
são conexas.
É possível então haver duas causas pendentes sobre o mesmo assunto em dois
países diferentes. Consequência disso na prática: o STJ não vai internalizar a decisão
estrangeira porque o caso está sendo julgado aqui.
O artigo 89 trata de duas situações em que a jurisdição brasileira é exclusiva, não
se admite julgado estrangeiro a respeito desses assuntos..
Ações relativas a imóveis podem ter cunho real ou pessoal. Por ex, ações
envolvendo propriedade de bens imóveis têm caráter real. Ações envolvendo contrato
de locação de bem imóvel tem caráter pessoal. A lei não faz essa distinção. A melhor
interpretação é a que estabelece que a jurisdição exclusiva apenas em ações de caráter
real, não no caso de caráter pessoal.
Outra observação a respeito do art 89 que chegou a ter discussão, mas hj está
pacificada: inventario e partilha de bens. A legislação trata especificamente de situações
causa mortis, inventário e partilha de bens causa mortis, ou a legislação trata tb em
divorcio?está pacificado que a legislação trata exclusivamente da questão da partilha e
inventário causa mortis. A jurisdição não é exclusiva em caso de inventário e partilha
de bens em divórcio. Reforça esse entendimento a interpretação gramatical desse artigo:
- proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. A lógica é que a
herança seja causa mortis.
Faltam 10 min.
Bom dia, gente! Tudo bem? Eu costumo sempre deixar vocês a vontade mas
reitero que estou completamente a disposição. Durante a aula vocês podem me
interromper, podem mandar email, depois da aula, enfim não tenho nenhum problema.
Tento ir por pontos bem devagarinho...Eu vou matar o sujeito que inventou o
terno...pessoa genial (começou a falar sobre a liberação do terno pela OAB no período
de verão apenas na rua, etc.)
Vejam que se o juiz pular uma etapa e analisar primeiro a competência interna ele pode
se deparar com um estado diferente do que ele se depararia se fizesse a analise na ordem
correta, ou seja, no caso que eu citei a jurisdição brasileira, os tribunais brasileiros não
tem jurisdição pra analisar o caso concreto a priori. É possível que diante do principio
da efetividade ou diante de uma ordem de denegação de justiça, digamos que a ordem
interna entenda que somente o foro da esposa é competente, ou seja, teremos uma
situação de denegação de justiça, ou seja, se a jurisdição brasileira entender que é
incompetente ou que não tem jurisidção pra analisar o caso concreto, se o estrangeiro
entender da mesma forma é um caso de denegação de justiça ou conflito negativo de
jurisdição, duas jurisdições se declarando incompetentes, nesse caso diante do principio
da efetividade ou do principio da não denegação de justiça é bem provável que a
jurisdição brasileira acabe por aceitar o julgamento por uma questão principiologica, e
não necessariamente por uma questão legal, mas isso é uma exceção, logo, é
fundamental ter em mente que primeiro o juiz tem que analisar se estamos diante de um
caso de jurisdição nacional ou internacional, e em um segundo momento a competência
é dele. Por isso a competência internacional vem antes da compentencia nacional no
CPC. É uma ordem lógica. Quando o juiz brasileiro entender que é um caso de ausência
de jurisdição nacional, isto é, que o poder judiciário brasileiro não deve atuar, qual deve
ser a conduta desse juiz ??? Decidir qual a jursidição competente ou simplesmente
extinguir o processo?? Não cabe ao juiz sequer dizer qual o Estado competente para
julgar, ele deve simplesmente extinguir o processo declarando a ausência de
competência interna para julgar. Como eu disse pra vocês, os arts. 88 a 90 tratam da
competência internacional, sendo que o art. 88 trata da competência concorrente.
Competencia concorrente é quando os tribunais brasileiros são competentes para o
julgamento de uma causa, elas estão nos incisos do art. 88. A respeito do inciso I, vale
frisar o parágrafo único do art. 88
Resposta do prof: art. 101, I do CDC. Não seria nem um pouco razoável se nas
situações de comercio eletrônico o consumidor tivesse que ajuizar a ação no juízo de
domicilio do réu ne?! Ate porque se isso fosse possível, ocorreria o fenomeno do
deslocamento das empresas para locais com a menor regulamentação consumerista
possível pra que quando demandados tivessem maiores possibilidades de ganhar do
consumidor. Sendo portanto relação de consumo, o consumidor tem a prerrogativa de
ajuizar a ação no juízo de sua residência, se aplicando o CDC e não o art. 88 e 89, do
CPC. Por último o inciso III do art. 88 trata de ato ou fato praticado no Brasil, qualquer
fato ocorrido no Brasil, ainda que as partes sejam de fora, ainda que a obrigação possa
ser cumprida no exterior, se o ato ou fato ocorreu no Brasil a jurisdição brasileira será a
competente. Por exemplo, digamos que tenha ocorrido um acidente com uma pessoa
estrangeira, que trabalha em empresa estrangeira, mas o fato ocorreu no Brasil,
obviamente que a juridição brasileira não seria a mais adequada para julgar porque a
indenização vai ser arbitrada no exterior, para ser paga no exterior e o processo correria
muito melhor no exterior mas a justiça brasileira admite sua competência . Nisso
quando ela fala em fato. Agora quando fala em ato, parece envolver negocio jurídico de
ordem pessoal, como testamento ou casamento, obviamente nem sempre a jurisdição
brasileira seja a melhor mas pelo art. 88, III a jurisdição brasileira é competente,
inclusive para homologar.
OBS: A respeito do art. 88: ele possui 3 incisos mas é necessário conjugar dois ou os
três para que a competência seja brasileira?? Não. Basta que ocorra uma das situações,
isso é pacifico no STJ.
Resposta prof: Devem se abrir quantos inventários sejam necessários nos países.
Eventualmente a lei brasileira possa ser aplicada.
Isto significa que intentada uma ação no estrangeiro, a mesma pode ser ajuizada
aqui no Brasil, isso não importará em litispendência. Qual a conseqüência pratica disso?
A primeira é de que há duas ações paralelas. A ação que tramita no exterior produzirá
seus efeitos no exterior, aqui em território nacional somente produzirá efeitos a sentença
proferida em território nacional. Há um risco de decisões conflitantes mas cada pais
deverá aplicar a sentença que tiver sido proferida em seu território. Agora se a sentença
do estrangeiro já tiver sido homologada em território nacional esta é que produzira
efeitos. Entao, podem haver duas ações sobre o mesmo objeto em países diferentes e
podem ter decisões diferentes, a possibilidade é que ocorra situações conflitantes mas
que serão produzidas no âmbito de sua soberania, a menos que uma sentença tiver sido
homologada em outro pais. Se o STJ homologar uma sentença estrangeira aqui, não será
mais cabível o ajuizamento desta ação em território nacional. Nós vamos trabalhar mais
pra frente com os requisitos de validade pra sentença estrangeira ser homologada e um
dele é que as partes tenham voluntariamente se submetido a essa sentença, a parte deve
se sujeitar voluntariamente a essa jurisdição, se não se sujeitar o STJ não vai
homologar, seja porque optou ajuizar a ação la fora, ou argüiu impedimento, etc.
Pergunta aluno: Mas nesses casos em que a pessoa elege a jurisdição qual a lei
material que vai ser aplicada?
Resposta do prof: O rito processual vai ser do local em que estiver tramitando a
ação mas a lei material vai depender do caso, por ex um juiz norte-americano por
aplicar lei brasileira e vice-versa. A lei processual aplicável é a do local do processo,
mas a lei material pode ser de outro país.
A ultima observação a se fazer é que Barbosa Moreira tem uma posição de que o
nome competência concorrente é impróprio. Ele diz que não existe uma competência
concorrente, a competência é brasileira, mas a parte é que elege, que se submete a outro
tribunal para julgar sua causa, e ai sim surge uma competência do tribunal estrangeiro.
Esse nome é impróprio pois não há exatamente uma competência concorrente, o que há
é competência do tribunal brasileiro mas o nosso sistema jurídico admite que por ato da
parte anterior ou no processo um outro tribunal se torne competente.
Para próxima aula gostaria que vocês dessem uma lida em casa na seguinte
decisão do STJ: medida cautelar nº 15398 de relatoria da Ministra Nancy Andrighi. Para
o prof é a melhor ministra do STJ juntamente com o ministro Salomão. Na aula que
vem também entraremos em imunidades de jurisdição.
DIPRI II ‐ RIO, 7 de abril de 2015
Bom, na aula passada a gente trabalhou até de forma um pouco devagar com as
questões relativas a competência concorrente, competência exclusiva pra causas em
que haja um elemento estrangeiro. Ficou alguma duvida? Eu posso esclarecer mais
alguma coisa? Podemos seguir adiante? Ficou tudo bem ? Bom, vou presumir que ficou
tudo bem mas espero a qualquer momento as duvidas de vocês.
Vamos falar de imunidades de jurisdição e de cooperação internacional. Dois
assuntos. Eu cheguei a falar com vocês também sobre foro de eleição?? Não ?? Entao
vamos falar. Bom, eventual contrato internacional que tenha uma cláusula de foro de
eleição. A dúvida é se a clausula de foro de eleição nos contratos internacionais é
valida ou não. Tanto em sede de jurisprudência quanto de doutrina há uma
controvérsia enorme a esse respeito. O STJ, por ex, tem dois posicionamentos distintos
sobre esse assunto dentre da mesma turma. No primeiro posicionamento, o STJ
entende que jurisdição tem a ver com a soberania, logo as normas de jurisdição são
vistas como normas de ordem pública, que não podem ser afastas por vontade das
partes. Entao, novamente: a primeira corrente diz que jurisdição internacional tem a
ver com soberania logo as normas ligadas a soberania são normas de ordem pública,
logo não se afastam por vontade das partes, ou seja, pra essa linha de pensamento
dentro do STJ, a clausula de foro seria inválida. Dentro do STJ há uma outra corrente
também, que sustenta, e pra mim de forma corretíssima, que a clausula de foro de
eleição está dentro do âmbito de autonomia privada das partes, ou seja, pra essa
corrente, exceto quando a lide envolve interesse público, eu diria mais, salvo quando a
lide envolve interesse público ou interesse de vulneráveis, a clausula de eleição de foro
é válida. Ou seja, isso tem a ver também com a ideia do fórum shopping que
estudamos semana passada. Aquela ideia de que as partes possam escolher um foro
que lhes atenda melhor futuramente. Nos casos brasileiros, se chegar uma lide em que
a competência tenha sido fundada em uma clausula de eleição, é muito comum que a
jurisdição brasileira decline da competência entendendo não ser ela a competente em
razão da invalidade de eventual clausula de foro de eleição. Nesse sentido, eu vou ler
pra vocês uma jurisprudência super atual, mostrando pra vocês que essa controvérsia
é muito recente. Se vocês abrirem o site do STJ hoje, vocês vão achar decisões de
2012, 2013, 2014 a respeito disso. Eu vou citar agora pra vocês a ementa do relator é o
desembargador Claudio dell`Orto, eu não trouxe o número do recurso infelizmente
mas é a Apelação ‐ Ação de Cobrança – Contrato de representação empresarial
firmado entre uma empresa brasileira, representante, e uma empresa italiana,
representada. Aparentemente não há vulnerabilidade nenhuma, as duas partes são
pessoas jurídicas e aparentemente uma é representante comercial da outra. Parece
haver uma relação absolutamente paritária entre as partes, podendo elas firmar as
clausulas que elas quiserem no contrato. Mas olha o que decidiu o TJ: Foro de eleição
indicação pela justiça italiana para dirimir qualquer controvérsia inerente ao contrato.
Competência internacional concorrente. Sentença: distinção do processo sem
apreciação do mérito fundada na ausência de jurisdição brasileira. Anulação. A
legislação específica estabelece que é competente a justiça comum do foro do domicílio
do representante para julgar as controvérsias que surgirem entre este e o
representado, portanto vale ressaltar que a regra pode ser mitigada por vontade das
partes através da eleição de foro. Apesar dessa possibilidade de mitigação, nos
contratos cuja obrigação deva ser cumprida no Brasil, como é a hipótese dos autos, a
clausula de eleição de foro não afasta a competência internacional concorrente da
autoridade brasileira. Por essa razão, não sendo a clausula de eleição de foro meio
suficiente para afastar a competência concorrente da justiça brasileira para
processamento e julgamento da presente demanda, anulo a sentença para que o
processo tenha seu regular seguimento. Ou seja, a ação judicial tinha uma cláusula de
foro d eleição para ser julgada na Itália, mas a legislação especifica em seu art. 88
afirma que a competência da justiça brasileira é concorrente, ou seja, a competência é
da nossa justiça mas temos uma clausula de eleição de foro dizendo que a
competência é da Itália. Em primeira instancia aparentemente o juiz extinguiu o
processo sem julgamento do mérito por entender que a clausula de eleição de foro era
válida e o julgamento deveria ser na Itália. Em segunda instancia, o Tribunal de Justiça,
18ª Vara Civel, o desembargador Claudio anulou a sentença e entendeu pela não
afastabilidade da competência brasileira, ou seja, determinou que o feito retornasse
para o órgão de origem para o seu posterior julgamento. Me parece, indo um pouco
longe, que isso é contrario a boa fe objetiva, pois a parte estabelece a clausula de foro
para somente ajuizar as ações na Itália, mas do nada ajuíza uma ação no Brasil.
Há dois julgados muito interessantes da Nancy Andrighi que ela trata da questão
da vedação ao comportamento contraditório, quer dizer, ela não analisa a questão da
eleição de foro sobre a questão da legalidade ou ilegalidade da clausula em si, ela
analisa também sob a ótica da conduta das partes, ela fala olha parece que essa
conduta viola a ideia de boa Fe objetiva, pelo fato da própria parte ter se
comprometido com um contrato que tinha eleição de foro mas acabou ajuizando a
ação em lugar diverso do estabelecido na cláusula, sendo este um comportamento
contraditório.
Eu trouxe também dois textos de doutrina para comparar essa controvérsia.
Augustinho Fernandes diz que: Sendo admissível no âmbito interno, na há nada contra
a adoção de foro no contrato no direito internacional privado. Me parece perfeito esse
posicionamento. Por outro lado, Inacio de Mesquita diz que as normas que definem
jurisdição são fundadas em soberania nacional e não se afastam por vontade das
partes. Posição diametralmente oposta. O fato talvez mais importante disso tudo é
que essa controvérsia tem prazo de validade, pois o novo CPC, no art. 25, estabelece
claramente o prazo da clausula.
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária
brasileira o processamento e o julgamento da
ação quando houver cláusula de eleição de
foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na
contestação.
Nós trabalhamos com os arts. 88 e 89 do CPC que são as regras gerais e definem
em que casos os nossos tribunais vão ter competência absoluta ou concorrente. O fato
é que essas regras são regras gerais. Existem as especificas: o art. 101 do CDC, o art.
628 do Código Comercial, e talvez o mais importante é o art. 651 da CLT. Por ultimo
art. 10 do Codigo Brasileiro de Aeronautica, lei 7565/86.
Resposta do prof: A ideia que me parece desse art da CLT, é que diante do caso
concreto o juiz vai analisar diante da efetividade ou inefetividade de execução do
julgado, do que em relação ao mérito em si.
Durante muito tempo foi muito comum que as empresas de aviação dissessem que
o foro não é aqui. É muito comum quanto as ações de bagagem. As empresas de aviação
insistem em usar a Convenção de Varsovia, que determina a indenização pelo peso da
bagagem. E a jurisprudência brasileira é unânime em afirmar que o CDC afasta a
competência da Convenção de Varsovia. Alias, em caso de perda de bagagem, eu tive
uma cliente que foi pra Salvador e levou suas melhores roupas, ela tinha uma boa
condição financeira, levou material de estudo, e perderam a bagagem dela. Quando
chegou em Salvador ela so tinha um bilhete dizendo que a bagagem pesava 24 kg. Em
primeira instancia, o juiz deu 10 mil reais de dano moral e em relação ao dano material
o juiz negou provimento ao meu pedido dizendo que não tinha prova do que estava
dentro da mala. Mas não existe prova disso, não existe prova de todos os bens que você
possui em uma mala, não existe forma de provar isso. A ideia é mais de razoabilidade, o
juiz deve analisar razoavelmente a listagem que vc fez no processo. Se a companhia
aérea não quer pagar, ela que deve ter o ônus da prova...e no final, a menina recebeu 18
mil reais de dano material. É isso.
O STF entendeu que o cônsul só pode ser julgado por crimes de imperio por seu pais,
sendo trancada a ação. Outro caso, Ação Civil 298: INTERNACIONAL PÚBLICO.
IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. AÇÃO DE ESTADO ESTRANGEIRO CONTRA
OUTRO, PERANTE A JUSTIÇA BRASILEIRA. 1) DEMANDA QUE TEM POR
OBJETO IMÓVEL SITUADO NO BRASIL, ORIGINARIAMENTE ADQUIRIDO
PELA REPUBLICA DA SIRIA, DEPOIS UTILIZADO PELA REPUBLICA ARABE
UNIDA, E, DESFEITA A UNIÃO DOS DOIS ESTADOS, RETIDO PELA
REPUBLICA ARABE DO EGITO. 2) IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO, INVOCADA
PELO ESTADO-RÉU E NO CASO NÃO AFASTADA PELO FATO DE
CONSTITUIR OBJETO DA DEMANDA UM IMÓVEL SITUADO NO BRASIL. 3)
ANTECEDENDO AO ASPECTO DA APLICABILIDADE DO DIREITO INTERNO
BRASILEIRO SOBRE PROPRIEDADE IMOBILIARIA SITUADA NO BRASIL, A
IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO SE AFIRMA PELA CIRCUNSTANCIA DE A
SOLUÇÃO DA CONTROVERSIA ENTRE OS DOIS ESTADOS ESTRANGEIROS
DEPENDER DE PREVIO EXAME DE QUESTÃO, REGIDA PELO DIREITO
INTERNACIONAL PÚBLICO, ATINENTE AOS EFEITOS, ENTRE OS ESTADOS
ESTRANGEIROS LITIGANTES, DE ATOS DE SUA UNIÃO E POSTERIOR
SEPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE DEFINIÇÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA
SOBRE TAL QUESTÃO PREVIA, CONCERNENTE A RELAÇÕES JURIDICAS
ENTRE OS ESTADOS LITIGANTES. Nesse caso, a jurisdição brasileira não é
competente para julgar o litígio entre os dois estados. Primeiro eles devem se entender.
Outro caso que o prof não trouxe o numero do julgado mas prometeu trazer na
próxima aula diz respeito ao litígio entre uma mulher e a Embaixada da Republica
Democrática Alema. Neste caso o STF passou a mudar seu entendimento acerca de
imunidade de jurisdição. Ementa: Estado Estrangeiro – Imunidade em causa trabalhista.
Não há imunidade de jurisdição para o Estado estrangeiro em causa de natureza
trabalhista, esta deve ser julgada pela justiça do trabalho se ajuizada depois do advento
da Constituição Federal de 1988. O juízo de primeiro grau deve prosseguir no
julgamento da demanda. Os tribunais entendem que causas trabalhistas não são atos de
império, e sim atos de gestão. Talvez a linha mestra para tentar diferenciar atos de
império de atos de gestão é a afetação da soberania do país. Quando são atos que
envolvem estados estrangeiros, atos de guerra, são atos de império. Por ex, um
embaixador de um pais quando julgado por atos de seu exercício não pode ser julgado
pelo Brasil. Agora, se esse embaixador comprar um imóvel no Brasil é ato de gestão,
pode ser julgado pelo Brasil.
Outro caso, Agravo regimental no recurso ordinario 129, caso do barco pesqueiro
afundado pelo navio alemão. Neste caso relativizou-se a imunidade de jurisdição.
Outro caso é o Recurso Ordinário 99
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E INTERNACIONAL.
AÇAO INDENIZATÓRIA AJUIZADA CONTRA ESTADO
ESTRANGEIRO. AUTORIDADE JUDICIÁRIA
BRASILEIRA. COMPETÊNCIA. LIMITES. RESPOSTA DO
ESTADO ESTRANGEIRO. PROCEDIMENTO.
1. A imunidade de jurisdição não representa uma
regra que automaticamente deva ser aplicada aos
processos judiciais movidos contra um Estado
estrangeiro. Trata‐se de um direito que pode, ou
não, ser exercido por esse Estado, que deve ser
comunicado para, querendo, alegar sua intenção de
não se submeter à jurisdição brasileira, suscitando a
existência, na espécie, de atos de império a
justificar a invocação do referido princípio.
Precedentes.
2. Tendo o Estado estrangeiro, no exercício de sua
soberania, declarado que os fatos descritos na
petição inicial decorreram de atos de império, bem
como apresentado recusa em se submeter à
jurisdição nacional, fica inviabilizado o
processamento, perante autoridade judiciária
brasileira, de ação indenizatória que objetiva
ressarcimento pelos danos materiais e morais
decorrentes de perseguições e humilhações
supostamente sofridas durante a ocupação da
França por tropas nazistas.
3. A comunicação ao Estado estrangeiro para que
manifeste a sua intenção de se submeter ou não à
jurisdição brasileira não possui a natureza jurídica
da citação prevista no art. 213 do CPC. Primeiro se
oportuniza, via comunicação encaminhada por
intermédio do Ministério das Relações Exteriores,
ao Estado estrangeiro que aceite ou não a jurisdição
nacional. Só aí, então, se ele concordar, é que se
promove a citação para os efeitos da lei processual.
4. A nota verbal, por meio da qual o Estado
estrangeiro informa não aceitar a jurisdição
nacional, direcionada ao Ministério das Relações
Exteriores e trazida por esse aos autos, deve ser
aceita como manifestação legítima daquele Estado
no processo.
5. Recurso ordinário a que se nega provimento.
Ou seja, o próprio estado estrangeiro pode abrir mão de sua imunidade, pode
admitir o julgamento pelo Brasil. Ou pode invocar sua imunidade e não admitir ser
julgado. A imunidade atualmente é relativa: atos de gestão podem ser julgados pela
justiça brasileira, agora atos de império não competem à justiça brasileira.
Passamos para o segundo bloco do curso, que diz respeito a cooperação jurídica
internacional. A gente falou aqui por três aulas e meia de situações em que o estado
brasileiro é competente ou não para determinadas causas. Tratamos da nossa jurisdição
interna ou internacional. Agora passamos para um segundo momento, são situações em
que as ações são julgadas fora, mas por algum motivo, ou um determinado ato
processual deva ser cumprido no Brasil ou a sentença, em lato senso, proferida em
estado estrangeiro deva produzir efeitos em nosso território nacional. Ou seja,
cooperação jurídica internacional, em sentido amplo, é o intercambio internacional para
cumprimento extraterritorial de medidas processuais provenientes de Estado
Estrangeiro. Ou seja, a mobilidade entre as fronteiras obriga os Estados a
inevitavelmente cooperarem no caso de ações judiciais movidas em seus respectivos
tribunais para que tenham efetividade fora também. Por ex, uma ação foi movida na
França, mas o réu esta no Brasil, ou seja, a citação vai ter que ocorrer no Brasil, por
meio de carta rogatória. Como faz a penhora de um imóvel que esta no Brasil mas a
ação foi ajuizada na França? Por carta rogatória. Como obriga o cumprimento de uma
cão de alimentos com réu no Brasil? Com homologação de sentença estrangeiro. Trata-
se da cooperação internacional. Tribunais de vários países cooperaram para o
andamento das ações. A gente vai ter bastante tempo para falar de carta rogatória de
homologação de sentença estrangeira mas eu queria aproveitar esse fim de aula pra falar
de um outro objeto, que pra mim é mais interessante, é o chamado auxílio direto.
No caso do art. 30, I, existe uma divergência muito comum. Eu já disse algumas
vezes que é muito comum o Tribunal brasileiro aplicar uma lei estrangeira e vice versa,
tribunais internacionais também aplicam o direito brasileiro. A duvida surge quanto a
como essas leis são aplicadas nesses tribunais. Qual a melhor jurisprudência aplicada no
assunto, e eventualmente era feito por carta rogatória, o que era absolutamente
impróprio, e isso, em tese, era pra ser feito através de autoridade central, no nosso caso,
através do Ministerio das Relações Exteriores. É ate curioso que algumas vezes os
tribunais estrangeiros perguntavam qual a doutrina seguíamos e a resposta sempre era
de que seguíamos Claudio Bevilaqua, e ai era mandando o livro dele. Mas o novo CPC
estabelece que o auxilio deve ser por uma autoridade central e não por carta rogatória.
No caso do inciso II, do art. 30, quer dizer que agora a colheita de prova quando tiver
que ser feita no direito brasileiro, será por meio de auxilio direito, e não por carta
rogatória, salvo se o processo tiver correndo no estrangeiro e for de competência
exclusiva nossa, nesse caso não será autorizada a colheita por auxilio direto.
DIPRI II RIO, 14 ABRIL DE MARÇO DE 2015
Bom dia a todos
Vamos voltar ao nosso estudo de DIPRI II
Na última aula tratamos do assunto de jurisdição interna
Agora vamos tratar de cooperação internacional que trata de instrumentos de
circulação internacional de decisões, instrumentos ligados à ideia de efetividade de
decisões pelos diversos países do mundo. A ideia dessa efetividade de decisões, o
primeiro assunto que a gente tratou foi o auxílio direto, que é uma forma criada,
primeiro, por tratado e convenção internacionais que permite superar a burocracia e
os autos custos de homologação de sentença e cartas rogatória.
Como vamos ver a partir de hoje, qualquer decisão de tribunal estrangeiro, para que
produza efeitos no Brasil tem que passar pelo crivo do STJ, e isso envolve uma série de
requisitos, custos bastantes altos e envolve, também, uma burocracia imensa, que faz
com que a homologação de sentença estrangeira e, eventualmente, o exequatur de
uma carta rogatória seja algo extremamente moroso. E a gente tem em situações mais
delicadas, situações mais sensíveis, por exemplo, as ações de alimentos, em que é
possível chamar o auxílio direto.
Auxílio direto é aquele instrumento no qual a autoridade central, lá no país de origem,
essa autoridade central em geral ela é selecionada através de um Tratado, no Brasil,
geralmente, é o Ministério da Justiça, essa autoridade central de um pais de origem
remete uma ação judicial a ser distribuída aqui, com outra autoridade central, também
selecionada por Tratado, no Brasil geralmente é o Ministério da Justiça, mas pode ser o
Ministério Público federal, por exemplo.
A autoridade lá da França, por exemplo, remete uma ação de alimentos, ao invés de
ingressar com uma ação de alimentos lá e depois passe pelo procedimento de
homologação aqui no STJ, para só depois produzir efeitos. É muito mais rápido que
essa ação seja remetida de autoridade para autoridade e distribuída aqui, pela nossa
autoridade central, perante um juízo de primeira instância, um juízo federal.
Então há aí uma forma de superar esse obstáculo, que é um obstáculo extremamente
complicado, tanto de vista material, quer dizer, a homologação é a regra. Dependendo
do caso a homologação é a exceção. (professor se enrolou)
Até porque a gente vai ver que no modelo brasileiro, não se envolve no mérito da
sentença que será homologada, nosso sistema é o sistema de delibação. Isso aí
significa que o STJ não analisa o mérito daquela decisão, analisa requisitos formais e
requisitos de ordem pública.
O fato é que a homologação de sentença estrangeira é extremamente custosa e
extremamente demorada.
Em casos sensíveis, como o de alimentos de menor, por exemplo, é um prejuízo
enorme para a parte. E aí quando a gente fala de alimentos o prejuízo não é
material/econômico, mas o prejuízo de vida mesmo, de, enfim, o prejuízo mais
sensível que é a dignidade da pessoa humana.
O tempo que isso demora e o custo que isso gera pode gerar, em casos extremos,
inclusive a morte da criança.
O sistema do auxílio direto acho que permite a gente superar este obstáculo e é um
sistema previsto exclusivamente em Tratados Internacionais, a partir do CPC, que
entra em vigor em 2016, em março, há um capítulo específico para o auxilio direto.
Então, há previsão legal agora, previsão legislativa, de direito interno a respeito do
auxílio direto, alguns dos artigos já abordados em sala de aula.
O auxílio direto, há muita discussão a respeito dele. Porque como é um instrumento
absolutamente inovador no direito brasileiro, salvo alguns poucos Tratados
Internacionais, isto vai dar muito pano para manga. O STJ vai ter que se manifestar
muito sobre isto e, eventualmente, até o STF vai ter que se manifestar sobre isso, pode
ser suscitada até, eventualmente, uma... É competência constitucional do STJ para
validade das decisões internacionais, qualquer decisão internacional, então pode ser
que isso cause muito caos para frente aí.
Para efeito do nosso curso, mais importante que o auxílio direto é a homologação de
sentença estrangeira, que vamos tratar hoje, acho que a gente não termina, e as cartas
rogatórias.
Apenas para diferenciar uma da outra, homologação de sentença estrangeira é um
procedimento criado para dar validade em território nacional a decisões definitivas
de autoridades estrangeiras.
É obvio que a decisão definitiva de um tribunal estrangeiro não pode ter validade
automática no território nacional, mas é óbvio, também, por outro lado, que
eventualmente há necessidade das partes de que tais decisões produzam efeitos no
território nacional. Vamos imaginar o divórcio realizado fora do Brasil, mas uma das
pessoas tenha que residir no Brasil ou reside no Brasil, aí queira se casar de novo, por
exemplo.
O divórcio foi feito, consumado, em território alemão, suponhamos, então está
divorciado em território alemão, no Brasil essa decisão administrativa ou judicial não
produz efeitos automáticos. Eventualmente, no Brasil, essa pessoa pode ser
considerada ainda casada, se tiver registrado esse casamento de alguma forma no
Brasil.
É lógico para configurar esse divórcio em território nacional não basta trazer a decisão
pronta para nosso sistema registrar e falar: “olha, me divorciei na Alemanha, logo está
aqui a minha certidão de casamento com o divórcio averbado na Alemanha, em
alemão”. É lógico que é necessário uma análise de validade daquela decisão. E aí passa
pelo procedimento de homologação de sentença estrangeira
Cabe ao STJ, atualmente, fazer uma análise, ainda que superficial, não é uma análise
de mérito, de cumprimento de alguns requisitos para que essa sentença ou essa
decisão, melhor dizendo, seja validada em território nacional.
É um procedimento criado, na verdade, para conferir efetividade ao sistema jurídico
internacional de julgamentos.
A gente vive um momento de globalização, um momento de enorme circulação de
pessoas e mercadorias. Não faria nenhum sentido que:
1‐ As decisões proferidas no Tribunal ficassem restritas exclusivamente àquele
país. Imagina se a cada país tivesse que ajuizar uma nova ação, por exemplo.
2‐ Por outro lado não faria sentido, sob o ponto de vista de ofensa à soberania
nacional que a decisão proferida em determinado país produza efeitos
automaticamente em outro país.
Há, de forma geral, no mundo inteiro, com uma ou outra exceção, uma forma de
validação de decisões internacionais. A gente vai ver daqui a pouco, são pelo menos 3
sistemas mais comuns. O nosso sistema é o sistema da delibação.
Fato é que para que uma decisão estrangeira seja válida no nosso território ela
necessariamente tem que passar pelo crivo do STJ, atualmente.
Para efeito de homologação de sentença, um conceito de sentença conferido pelo STF
é o mais amplo possível, não se adequando ao conceito de sentença disposto no CPC.
OBS: Até a EC 45/05, a homologação de sentença estrangeira e para a execução de
exequatur e de carta rogatório era de competência do STF. Com a EC 45/05 houve o
deslocamento da competência para o STJ.
O nosso sistema jurídico processual interno, sentença é a decisão definitiva de mérito
de primeira instância proferida pela autoridade judicial da qual cabe recurso de
apelação.
Para efeito de homologação de sentença estrangeira: Sentença é toda decisão de
mérito, definitiva, emanada de autoridade detentora do poder jurisdicional.
Pelo conceito, vocês podem perceber que nem toda homologação de sentença
estrangeira tratará de decisão emanada de autoridade judicial. É muito comum, e aí o
STJ não faz distinção a respeito disso, mas determinadas decisões de caráter judicial
sejam emanadas por autoridades de outras espécies. No Japão, por exemplo, divórcio
é ato administrativo, de competência do prefeito da cidade.
Primeiramente, a competência de homologação era dos tribunais federais de primeira
instância, até o final do século XIX, só que isso tinha um inconveniente enorme.
Qualquer decisão de juiz de primeira instância cabe dezenas de recursos. E aí a
pacificação de um conflito já realizado em território nacional acabava se acendendo
novamente a partir do momento em que cabem todos os recursos de novo dentro do
território nacional.
Logo, essa competência foi deslocada no final do século XIX para o STF, decisões das
quais não cabem recursos. Permaneceu competente o STF até a EC 45/05.
Agora é óbvio que o STF, que é a Corte maior do direito brasileiro, e que é uma Corte
que teria necessariamente que ser uma Corte exclusivamente de caráter
constitucional, ou seja, um Tribunal que teria como função efetivamente ser um
guardião de preceitos constitucionais, acabava se embrenhando em questões de
direito infraconstitucional, inclusive infra legal, até, né? Se a gente pensar em questões
de divórcio, partilha de bens, alimentos, que necessariamente acabavam sendo
analisadas pelo STF. E aí não fazia muito sentido uma Corte constitucional, do porte do
STF, que tem apenas 11 ministros.
Há 3 sistemas internacionais de homologação de sentença estrangeira:
1‐ Delibação – Maioria dos países, inclusive Brasil – Pelo sistema da delibação, o
Tribunal do país de destino analisa apenas superficialmente o cumprimento de
requisitos formais da decisão a ser homologada, bem como se há ofensa à
soberania nacional, à ordem pública e à dignidade da pessoa humana. Ou seja,
o que o nosso tribunal, em curtas palavras, vai analisar é se o juiz que julgou
era competente e aí já ressalvo, essa análise de competência do juiz julgador ou
autoridade julgadora não é da competência interna, vai analisar se o juiz lá no
país dele era competente, o que o STJ vai analisar é se internacionalmente o
tribunal daquele país era competente, além disso vai analisar se a decisão é
definitiva, se houve citação válida, se houve revelia configurada e requisitos
formais (decisão traduzida por tradutor juramentado, a decisão tem que ser
consularizada). E aí sim, se há ofensa à soberania nacional, à ordem pública,
aos bons costumes e à dignidade da pessoa humana. É óbvio que dentro da
homologação de sentença estrangeira há direito ao contraditório. Decisão
colegiada do STJ. Não se ingressa no mérito da decisão no que se refere a não
ser no que diz respeito a se há ofensa à soberania nacional, à ordem pública e à
dignidade da pessoa humana.
2‐ Países do common law (anglo‐saxão) – Sistema da Revisão – Possibilidade de
revisão parcial de mérito.
3‐ Raro atualmente – Sistema da Reciprocidade – Só há homologação de decisões
estrangeiras se houver tratado ou convenção internacional estabelecendo
reciprocidade de procedimentos entre os países.
Onde estão regulamentados os requisitos para homologação de decisões estrangeiras
e onde se acha o procedimento atual para homologação de decisão estrangeira? Há
uma novidade a esse respeito.
Os requisitos materiais estão previstos no artigo 15 da LINDB.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida
no estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido os partes citadas ou haver‐se legalmente
verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das
formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi
proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal
Federal. (Vide art.105, I, i da Constituição Federal).
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de
2009).
Além disso, diz o artigo 17 da LINDB:
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem
como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no
Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem
pública e os bons costumes.
Aqui há matérias de ordem formal (15) e material (17).
O procedimento para julgamento da homologação de sentença estrangeira estava em
um primeiro momento estabelecido no Regimento Interno do STF. No momento em
que a competência se desloca para o STJ, o STJ é obrigado a tratar da matéria e aí o
que o STJ faz imediatamente é pegar para si emprestado o Regimento Interno do STF
enquanto o STJ não regulamenta a questão.
Algum tempo depois o STJ edita uma Resolução nº 9/05 de caráter provisório para
regulamentar internamente o procedimento de homologação de sentença estrangeira.
Recentemente, em dezembro de 2014, a Emenda Regimental nº 18/14 alterou o
Regimento Interno do STJ. Como a gente vai ver, ela incluiu uma série de artigo,
numerados do 216‐A até o 216‐X. Do 216‐A ao 216‐N trata de Homologação de
Sentença Estrangeira. Do 216‐O ao 216‐X trata de Carta Rogatória.
Certamente todas as bibliografias estão erradas a esse respeito, mas, de certa forma,
não é tão urgente, pois a ER 18 é bastante semelhante com a Resolução 9/05.
Pode haver normas específicas, que podem ser previstas em tratados internacionais,
que serão vistos nas próximas aulas.
O professor fez observações finais a respeito da matéria:
1‐ A análise da competência é a competência internacional, verificar se aquele
país era competente e se não se trata de competência exclusiva do próprio
Poder Judiciário brasileiro.
2‐ Deve se analisar se a parte voluntariamente se submeteu ao Tribunal daquele
país. Isso não significa que a decisão não será válida naquele país, ela só não
será homologada.
3‐ Com relação à cláusula arbitral não há análise da competência, apenas da
submissão voluntária.
4‐ Lembrar que nem toda homologação de sentença estrangeira tratará de
decisão emanada de autoridade judicial.
5‐ Violação à soberania nacional seria, em tese, a análise do tribunal internacional
de causa submetida de forma exclusiva a decisão de tribunal nacional.
6‐ Ordem pública e bons costumes são dois conceitos extremamente fluídos e a
análise deve ser feita de forma jurisprudencial. A homologação de decisão de
cobrança da dívida de jogo, por exemplo, é possível.
7‐ Citação válida é aquela válida nos termos da lei brasileira. A citação por correio,
por exemplo, não é válida.
8‐ A decisão deve ser definitiva para evitar custos desnecessários e insegurança
jurídica.
21 DE ABRIL NÃO HOUVE AULA
28 DE ABRIL NÃO HOUVE AULA
21 DE ABRIL NÃO HOUVE AULA
28 DE ABRIL NÃO HOUVE AULA
DIPRI II – RIO 05 DE MAIO DE 2015
Bom dia gente, tudo bem?
Primeiramente eu gostaria de pedir desculpa pela falta semana passada, eu não estou
100% agora mas estava muito pior na semana passada. Fiquei forçando até o último
momento, mas se hoje já está complicado, semana passada tava muito pior. Então,
desculpa, espero que vocês tenham lido a a tempo. E... de qualquer forma vamos
prosseguir.
(Explicou sobre a entrega do trabalho, entrega física ou por email, etc.)
(Pergunta do aluno sobre notas)
Esse trabalho vale 10 pontos, a prova também vale 10, a nota, naturalmente, será a
soma do trabalho com a prova divide por 2, e quem alcançar 10 está provado.
Alguma dúvida que tenha surgido na confecção dos trabalhos, que eu possa
ajudar...alguma questão que não tenha ficado bem clara, bem sanada... Enfim, estou
totalmente à disposição.
Quando o STF (...) nos processo que já tinham sido julgados pelo STF, ele remeteu para
o STJ?
Se já tivesse em julgamento de Ed ou agravo interno, o STF não transferiu para, mas se
não houvesse nenhum julgamento de mérito ele remeteu ao STJ.
Então, a gente não chegou a terminar a homologação de sentença estrangeira, faltou
tratar um pouco o procedimento da homologação, o procedimento a partir que o
pedido chega no STJ, antigamente STF, como se processa a homologação de sentença
estrangeira. A legislação que trata do assunto, como eu disse a vocês, é o regimento
interno do próprio STJ. É muito comum ainda encontrar em obras, em livros, em
julgamentos, referência a resolução n.º 9 do STJ, resolução que surgiu logo depois da
EC 45, mas que já está revogada. Embora o regimento interno tenha hoje uma redação
muito parecida coma resolução n.º 9, é importante que vocês frisem a idéia de que a
resolução n.º 9 está revogada, que o que vale atualmente é o regimento interno que
sofre uma emenda, de ... 18, que é relativamente recente, bem recente diria eu, tem
poucos meses, e ... concluiu o artigo 16 a) até o 16 x). Então, qualquer referência à
resolução do STJ n.º 9.. essa resolução está revogada. A gente... ficou faltando tratar o
procediemnto da emenda quanto a homologação de sentença estrangeira. O pedido
de homologação de sentença estrangeira é feito pelo advogado da parte interessada, e
aqui que é importante pontuar que há uma diferença bastante importante em relação
à carta rogatória que a gente vai falar daqui a pouco. O pedido de homologação de
sentença estrangeira é feito através de petição inicial apresentada pelo advogado da
parte interessada, ou seja, a parte que pretende que uma determinação decisão
produza efeitos em território brasileiro tem que apresentar através de petição inicial
ao presidente do STJ o pedido de homologação de sentença estrangeira. Cabe ao
presidente do STJ processa e julgar a homologação de sentença estrangeira, sóq eu ,
obviamente, cabe ao presidente do STJ oportunizar, abrir prazo ao contraditório. Logo,
a outra parte envolvida na homologação de sentença estrangeira tem a oportunidade
de contestar aquele pedido. Havendo contestação do pedido de homologação de
sentença estrangeira, aí sim, cabe ao presidente do STJ julgar monocraticamente, se
entender que é o caso, ou remeter o processo à corte especial instituindo (?) relator. É
o que acontece quase sempre, quando a gente vai analisar as decisões do STJ, o que a
gente mais escontra é a sigla sec‐sentença estrangeira contestada. São os casos em
que a parte contestou sentença estrangeira, aí cabe réplica e até tréplica e cabe ao
órgão colegiado a homologação do pedido de sentença estrangeira.
Então é importante a gente frisar porque aqui é uma diferença muito importante, o
pedido de homologação de sentença estrangeira é feito por petição inicial, e a petição
inicial tem que ter os mesmo requisitos da petição inicial prevista lá no CPC. Se a
petição inicial não tiver os mesmo requisitos, diz o regimento interno que cabe ao
presidente do STJ oportunizar prazo razoável para que a petição inicial seja emendada.
Ou seja, digamos que uma petição inicial chegue ao STJ com um pedido de
homologação de sentença estrangeira, que não contenham, por exemplo,
documentos importantes, ou não contenha, por exemplo, o pedido. Digamos que haja
uma clara inépcia na petição inicial, não pode o presidente do presidente do tribunal
de justiça indeferir de plano o pedido. Cabe a ele abrir oportunidade para que esse
pedido de homologação de sentença estrangeira seja emendado. Tá? É.. um porto
relevante aqui é o seguinte. A parte não interessa da em uma homologação de
sentença estrangeira pode contestar qualquer matéria, aqui PE fundamental distinguir
a defesa de mérito que a parte pode fazer da defesa procedimental. Diz o artigo 216H ,
parágrafo único do regimento interno do STJ o seguinte:
Art. 216-H. A parte interessada será citada para, no prazo
de quinze dias,
contestar o pedido.
Parágrafo único. A defesa somente poderá versar sobre a
inteligência da
decisão alienígena e a observância dos requisitos
indicados nos arts. 216-C, 216-
D e 216-F.
No 216C são requisitos formais:
Art. 216-C. A homologação da sentença estrangeira será
proposta pela
parte requerente, devendo a petição inicial conter os
requisitos indicados na
lei processual, bem como os previstos no art. 216-D, e ser
instruída com o
original ou cópia autenticada da decisão homologanda e
de outros documentos
indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor o
cial ou juramentado no
Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira
competente, quando for
o caso.
Então, uma das matérias de defesa, que a parte não interessada na homologação de
sentança estrangiera tem, é argumentar que a decisão, por exemplo, que o pedido de
homologação de sentença estrangeira não contém um ou mais, por exemplo, a
ausência de cópia da dacisão, ou cópias autenticada da decisão, homologanda, a
ausência de tradução por tradutor juramentado, e se fizermos uma pesquisa um
pouco mais profunda, no site do superior tribunal de justiça a respeito de
homologação de sentença estrangeira, eu direita que em 90% dos casos é com base
nesse requisito, com base nesse dispositivo legal, que o STJ deixa de homologar uma
sentença estrangeira. Diria eu que em 90% dos casos, o fundamento da corte para não
homologar uma sentença estrangeira é o fundamento de ordem formal. Quase
sempre, se vocês forem pesquisar isso vão verificar que quase sempre, muito raro que
se deixe de homologar uma sentença estrangeira por falta, por violação à ordem
pública por exemplo, por violação à dignidade humana, é muito raro. Quase sempre as
decisões que denegam homologação de sentença estrangeira são decisões de ordem
formal, seja porque a tradução não foi feita por tradutor juramentando, seja porque a
decisão homologanda não está autenticada, e daí por diante. Seja porque a petição
inicial não possui requisitos desse dispositivo, da lei processual. E por aí vai. Tá?
Outra matéria de defesa que pode a parte interessada argumentar é aquela com base
no dispositivo 216D, diz
Art. 216-D. A sentença estrangeira deverá:
I - ter sido proferida por autoridade competente;
II - conter elementos que comprovem terem sido as partes
regularmente
citadas ou ter sido legalmente veri cada a revelia;
III - ter transitado em julgado.
Ou seja, é... pode a parte não interessada, a parte contestante, digamos assim, a parte
conteste o pedido de homologação de sentença estrangeira suscitar um desses três
pontos. Primeiro, que não houve citação válida, ou que não se verificou a revelia da
parte do juízo alienígina, do jupízo estterior. Ou que a autoridade julgadora não era
competente. Lembrando, vale a pena pontuar aqui, que a autoridade competente,
quer dizer, o Brasil não tem autonomia para se introdizir na competência da
autoridade de um tribunal estrangeiro. Logo, não cabe a nossa jurisdição decidir se um
tribunal é competente ou não, e mais, a autpridade compretente de um tribunal
estrangeiro por, inclusive, não ser uma autoridade judiciária. Vou repetir, a autoridade
que decidir o caso em última estância no exterior pode, inclusive, não ser autoridade
de caráter judiciário. Como a gente citou aqui na ultima aula, há casos em países,
como no Japão, por exemplo, que determinadas situações são decididas com
autoridade de coisa julgada , por autoridade não judiciais, como por exemplo o
prefeito. Se não me engano no Japão o prefeito decide a respeito de divórcios. Então é
importante ter em mente que a autoridade competente não necessariamente é uma
autoridade judiciária e o fato é que no Brasil isso não faria coisa julgada material, mas
o Brasil ainda assim homologa já que violaria a autonomia de cada país se o Brasil
tivesse que decidir a respeito da competência interna daquele país. OK?
(Pergunta do aluno)
A sentença arbitral, mal ou bem, ela é admitida no Brasil também. Então, no Brasil ela
é sentença. No Brasil, de uma forma ou de outra ela seria validada. Mas, uma decisão,
por exemplo, de um rei, no Brasil em tese, em países nórdicos, por exemplo, há
situações em que no Brasil tem caráter judiciário, mas que lá são decididas pela
monarquia. Na Noruega, na Inglaterra, então...enfim. Na suíça também tem decisões
de prefeituras locais, naqueles cantões lá. Mesmo uma decisão que aqui no Brasil não
teria qualquer validade judiciárias, eu homologo como sentença fosse. Justamente
para não violar a autonomia de cada país. Então, enfim, em matéria de defesa, o
contestante de acordo com o artigo 216B do regimento interno. (Ele relê o artigo, já
transcrito acima).
É indispensável dizer que cabe à parte que solicita a homologação de sentença
estrangeira o ônus da prova de que a decisão transitou em julgado. Como é que ela faz
isso? Depende do país local. Em tese no Brasil, a certidão nos autos de que há o
trânsito em julgado nos autos, em cada país, naturalmente, vai oferecer o documento
competente. Mas é indispensável que a parte comprove o trânsito em julgado. Se a
parte não comprovar, mesmo que não haja contestação, há o entendimento de que há
citação em matéria de ordem pública. Ausência de citação em matéria de ordem
pública, então em tese, poderia o presidente do supremo tribunal indeferir a petição
inicial pela ausência de elemento indispensável que é a prova do trânsito em julgado,
ok?
Outra matéria de defesa, aí já entrando no tal juízo de delibação, que a gente chama,
lembrando que o juízo de delibação ocorre quando o STJ ingressa de forma superficial
no mérito da questão. O STJ não tem competência para rejulgar o caso, mas sim ...
(papo sobre trabalhos, monografia, OAB...)
O juízo de delibação do STJ ingressa de forma supercial no mérito apenas para analisar
se hpa violação à soberania naconal, à ordem pública, ou a dignidade da pessoa
humana, de acordo com o regiemnto do STJ. Então, nçao cabe o rejulgamento do caso,
de forma nenhuma. Como eu falei na aula passada,há pelo mundo afora mais de um
sistema de homologação de decisões de outros pasíses. Há sistemas, especialmente na
common Law, em que o tribunal local tem a prerrogativa de rejulgamento do caso. Nos
EUA e, se não me engano, na Inglaterra, há a prerrogativa da suprema corte rejulgar o
caso. Reanalizar os pressupostos fáticos, inclusive o julgamento daquele caso para
avaliar se a sentença está correta. No Brasil não se faz isso, No Brasil é simplesmente
analisar a violação à ordem pública, à dignidade humana e a soberania nacional. Já
adianto que é muito raro, muito raro a denegação de uma homologação por um
desses requisitos. Só se for um caso extremamente grosseiro, ok? Beleza?
Como eu disse a vocês, a competência para julgamento inicialmente da homologação
estrangeira é do presidente do STJ, e havendo contestação, em tese, ele deve remeter
aquela sentença estrangiera contestada à corte especial. Há um dispositivo no
regimento interno que autoriza o presidente do STJ ainda assim a julgar
monocraticamente. Diz o artigo 216K o seguinte:
Art. 216-K. Contestado o pedido, o processo será
distribuído para julgamento
pela Corte Especial, cabendo ao relator os demais atos
relativos ao andamento e
à instrução do processo.
Parágrafo único. O relator poderá decidir
monocraticamente nas hipóteses
em que já houver jurisprudência consolidada da Corte
Especial a respeito do
tema.
Ou seja, o presidente deixa de ser responsável, há o sorteio de um relator, e o
julgamento se dá por uma corte especial. Porém o parágrafo único do 216K autoriza o
relator a realizar o julgamento monocrático.
(Pergunta do aluno)
Corte especial do próprio STJ. O STJ se divide internamente em corte especial, 1ª
seção, 2ª seção e 6 turmas. Mas enfim, há uma corte especial que reúne lá os
ministros mais antigos, há seções e há turmas. Há turmas que cuidam de direito
público, há turmas que cuidam de direito privado, e há turmas que cuidam do direito
penal e tal. Então, enfim... o regimento interno divide as competências entre os órgãos
julgadores. Mas quando ele fala em corte especial, é a corte especial do próprio STJ,
tá! Não do STF. Beleza?
Então, o presidente do STJ está autorizado a julgar monocraticamente, diz o próprio
parágrafo único do 216K, que se já houver manifestações anteriores sobre o mesmo
assunto da própria corte especial, está autorizado o relator a poder julgar
monocraticamente nas hipóteses em que já houver jurisprudência consolidada da
corte especial a respeitodo tema. Então se já houver manifestação anteriores sobre o
emsmo assunto da própria corte especial está autorizado o relator a decidir
monocraticamente quando já houver jurisprudência consolidada da corte especial, por
motivos obviamente de economia processual, e celetidade.
(Pergunta do aluno)
Enfim, um comentário de ordem geral e até um desabafo meu, e quem advoga
provavelmente sente isso na pele, que é a quantidade absurda de decisões
monocráticas que tem sido proferidas especialmente no TJ do Rio. A essência do
recurso de apelação é que se tenha um recurso julgado por um órgão colegiado, e hoje
em dia o TJ do Rio, a enorme maioria dos recursos de apelação são julgados
monocraticamente. Desrespeitando completamente a autoriaçaõq eu o CPC dá pro
julgamento monocrático dos recursos. Diz o CPC que o juiz pode, é... julgar
monocraticamente, o desembargador relator pode julgar monocraticamente uma
apelação quando ela for manifestamente improcedente. O problema é que você
suprime uma sere de prerrogativas do advogado. Quando há uma sentença de 1ª
instânca, e o advogado apela, ele espera que aquela apelação seja julgada por um
órgão colegiado, ele espera que haja publicação de pauta. Ele espera que haja
possibilidade de sustentação oral numa sessão de julgamento. Quando os relatores de
uma forma geral, indiscriminadamente decidem monocraticamente todos os recursos
de apelação, você suprime do advogado, primeiro a publicação de pauta, porque o
julgamento de agravo interno vai a sessão de mesa, isso é perigoso para ao advogado.
Se o advogado não fica em ciam enchendo o saco do gabinete os caras jogam, vai
numa sessão que você nem sabe que foi. Em apelação é obrigatório que publique
pauta, sai uma publicação de que o julgamento vai ser tal dia e tal hora, o advogado
vai receber no escritório uma publicação do diário oficial dizendo quando o caso vai
ser julgado. Ele se prepara, ele estuda, ele se programa para ir. O julgamento de
agravo interno que se dá em mesa, em tese o caar tem que levar para a próxima
sessão, em tese, só que isso é absolutamente desrespeitado, eles não levam a próxima
sessão, levam quando querem. Qual a conseqüência disso? O advoga do que é mais
diligente tem que ficar indo ao gabinete semanalmente batalhar informação de se vai
ser julgado ou não. E o advogado menos diligente? Julgam e ele não vê. A verdade é
esse. Então, há uma enxurrada de julgamentos monocráticos no tribunal, e assim,
quando o cara nega provimento a uma apelação ou agravo dizendo que o recurso
manifestamente improcedente, manifestamente improcedente ainda é um conceito
aberto, tem um caráter subjetivo aí. Mas para dar provimento a um recurso
monocráticamente, diz claramente um texto do CPC que se a decisão recorrida estiver
em confronto com jurisprudência dominante ou sumula de tribunal superior. Não tem
mais subjetividade aqui. O relator que quiser dar proviemnto de maneira monocrática
a um recurso de agravo de apelação, ele tem que provar ele tem que demonstrar,
haver manifesto confronto com sumula ou jurisprudência dominante de tribunal
superior. E o fato é que os caras dão provimentos a recursos sem sequer citar uma
decisão. Eles dão provimento em questões de fato, questão de fato cada uma é uma.
Quer dizer, se o julgamento é de fato não há dois iguais. Não tem como ter
jurisprudência dominante numa questão que eu é absolutamente de fato. Então é...
nós juristas, a não ser os que vão seguir carreira da magistratura, porque isso é
extremamente benéfico à magistratura, a gente entende que o magistrado tem um
gabinete com 3, 4 mil processos para julgamento, todos são prioridade, todos os
advogados querem celeridade, e isso é uma forma de limpar o gabinete. Mesmo em
processos que vão a sessões de julgamento, há uma conta muito simples. Vocês vejam,
olha um pauta de julgamento do TJ tem 400 processos para serem julgados em uma
sessão que dura 3, 4 horas. Uma conta simples, é mais de um processo por minuto. É
humanamente impossível, humanamente impossível que aqueles processos sejam
discutidos. Então, o que ocorre na prática é o seguinte, chegam a ser minimamente
discutidos os processos em que há advogado presente, e que há pedido de
preferência. Então, o advogado vai lá, diligentemente, pede preferência, senta na
cadeirinha, aguarda julgamento, o desembargador pergunta “Há advogado presente?”
o cara fala “Tô aqui, Excelência”, “vai sustentar?” “não”, “Ta por quem?” “Pelo
recorrente”, e aí sim, o cara lê o relatório e aí há uma mínima discussão. Mas isso se dá
durante a 1ª hora de sessão, alguém já ficou nas últimas 3, 4 horas de sessão? Até 5
horas da tarde? Ninguém? Ninguém fica! Por que? Porque eles não julgam, não dá!
São 400 processos em 2, 3 horas, é um tal de “ta aqui o relatório, assina todo mundo”
unânime, pronto! É humanamente impossível, não é há uma crítica, é humanamente
impossível! Isso a gente ta falando no âmbito do STJ do RJ que tem cento e poucos
desembargadores, em vinte e tantas câmaras, e que julga só processo do estado do RJ.
Imagina isso no âmbito do STJ que tem trinta e pouco, trinta e três ministro se não me
engano, para julgar processo do Brasil inteiro? Torna‐se mais impossível ainda, NE?
Que todos os processos sejam adequadamente julgados. Então, é... na homologação
de sentença estrangeira é menos usado o expediente, porque são mais raras as
hipóteses, enfim... o volume não é tão grande de sentença estrangeira que chega lá.
Mas é bem comum que haja julgamento monocrático do relator, se já houver casos
semelhantes julgados por corte especial.
Ok?
Mas enfim... dei essa volta toda para chegar à seguinte conclusão: Não se admite que a
contestação de homologação de sentença estrangeira verse sobre qualquer matéria,
ok? A matéria de contestação é restrita a esses dispositivos, 216C, 216D e 216F. Outro
ponto relevante é que o MPF necessariamente tem que falar em todas as
homologações de sentença estrangeira. Por força obviamente de defesa da soberania
nacional, da ordem pública. Então cabe o MPF opinar sempre em matéria de
homologação de sentença estrangeira.
Decidida a sentença estrangeira contestada, ou homologada a sentença estrangeira,
Quem é que cumpre as medias cabíveis oriundas da sentença estrangeira? O juiz
federal de 1ª instancia. Ou seja, o STJ remete carta de sentença, a gente vai ver daqui
a pouco, mas carta, tecnicamente, é a comunicação entre juízes. Então o STJ remete
carta de sentença ao juízo federal de 1ª instancia, e ele toma as providencias cabíveis
referentes à homologação de sentença estrangeira, ok?
Um ponto que trás alguma dificuldade embora, enfim, embora não haja ainda uma
pacificação completa mas que suscita algumas dúvidas. Como eu disse a vocês,
durante cento e tantos anos a competência para homologar sentenças estrangeiras foi
do STF. Ou seja, durante mais de 1 século coube ao STF homologar sentenças
estrangeiras. A EC 45 de 20014 modificou a competência, pegou a competência que
era do STF e entregou na mão do STJ. O ponto duvidoso é: contestada um sentença
estrangeira, havendo o pedido de homologação de sentença estrangeira ao STJ, esse
pedido contestado, julgamento afetado à corte especial, proferida decisão na corte
especial. Cabe recurso ao STF? Num primeiro momento, é... houve alguns recursos, no
âmbito do STJ dirigidos ao STF. Recursos extraordinários no âmbito do STJ dirigidos aos
STF. No STJ, denegavam o segmento por entender não caber recurso extraordinário. E
o fundamento, me parece, muito lógico. Se a EC 45 fez questão de transformar a
competência do STF em STJ, ate por uma questão de desafogar o STF, seria
absolutamente ilógico a possibilidade de acessar do STF uma ata de recurso
extraordinário. Seria dobrar o contingente de processos, porque além dos processos
que inchariam o STJ, os mesmo processos desaguariam no STF de novo. Então o STJ
não recebia esses recursos. E aí, obviamente, cabia agravo diretamente ao STF, e o
entendimento que ficou valendo lá no início da vigência da EC 45, é o julgamento até,
nesse caso o Marco Aurélio, como não costuma aconteceu, proferiu voto vencedor e
não vencido, todo mundo sabe que o Marco Aurélio é o rei do voto vencido, NE?
Quase todo julgamento é 10 a 1, 9 a 1, e esse 1 é sempre o Marco Aurélio. Agora vocês
sabem que ele chamou o Barroso de novato, NE? E no julgamento relatado pelo Marco
Aurélio em que ele não foi voto vencido, entendeu o STF.
“Decisão do recurso extraordinário. Sentença estrangeira. Homologação acordão STJ
art. 102 III, CF. Agravo Provido”
E aqui é importante.
“O Recurso Extraordinário foi interposto contra acórdão do STJ relativo a homologação
parcial de sentença estrangeira, e endosso contra definição de paternidade e refutação
da parte alusiva aos alimentos, considerada escassez fundamento do título judicial.
Óbice ao processamento do recurso citado mostrou‐se único não tem resultado, (...?)
impugnado julgamento da causa.”
E aqui que é importante.
“Os pressupostos da recorribilidade próprios do agravo estão atendidos, a peça
subscrita do profissionais de advocacia, regularmente constituídos, veio acompanhado
dos documentos previstos no 544 do CPC e restou protocolado em prazo assinado por
lei. Quanto ao merecimento constitucional do ato do juízo primeiro de admissibilidade,
trancando (?) o extraordinário, cumpre ao supremo definí‐la, em princípio faz (?)
alcance do artigo 102 da lei básica federal a revelar o extraordinário como adequado
nos caso contemplados nas alíneas contra decisão de última e única instância em que
tenha implicado o julgamento da causa. De início haverá interpretação dos preceitos
da carta da república em pronunciamento judicial é impossível afastar o crime do
supremo, ...” AI 718391/2008 stf
Entende Marco Aurélio, em tese, que havendo análise de preceito da cf cabe recurso
extraordinário de decisão do STJ em homologação de sentença estrangeira. Uma
decisão bem mais recente, e aí que trás alguns alertas interessantes, que eu faço
questão de trazer para vocês também, e aí já no relatório do Barroso, é o recurso
extraordinário 598770, e o relator novamente era o Marco Aurélio, mas o voto
vencedor foi do Barroso. Era uma homologação de sentença estrangeira, uma decisão
proferida pela república italiana. Diz o julgado o seguinte:
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA.
CONCEITO DE ORDEM PÚBLICA. AUSÊNCIA DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. 1. A
Emenda Constitucional nº 45/2004 transferiu, do Supremo Tribunal Federal para o
Superior Tribunal de Justiça, a competência para homologar sentenças estrangeiras.
Considerando que um dos principais objetivos da Reforma do Judiciário foi promover a
celeridade processual, seria um contrassenso imaginar que ela teria transformado esta
Corte em uma nova instância nesta matéria, tornando ainda mais longo e complexo o
processo. 2. Por isso, embora possível em tese, a interposição de recurso
extraordinário contra esses acórdãos do STJ deve ser examinada com rigor e cautela.
Somente se pode admitir o recurso quando demonstrada, clara e
fundamentadamente, a existência de afronta à Constituição Federal. A ausência de
questão constitucional impede o conhecimento do recurso. 3. Recurso não conhecido”
Diz claramente o Barroso e seu voto vencedor o seguinte: O STF não deve se tratado
como instancia recursal, no caso de homologação de sentença estrangeira. Não se
trata de uma segunda instância pra rever julgamento de sentenças estrangeiras
contestadas. Ou seja, só caberia julgamento em recurso extraordinário pelo STF se
houver clara e fundamentadamente uma violação direta a constituição federal, ok?
Então, apenas apenas quando houver violação clara e fundamentada pelo advogado
de dispositivo da CF que será admitido RE ao STF. Parece muito lógico, transformar o
STF em instancia recursal, em 2ª instancia da homologação de sentença estrangeira,
seria inchar não apenas um tribunal como dois tribunais. Então, faz todo sentido. Com
relação à homologação de sentença estrangeira, fechamos!
Ainda no âmbito de cooperação jurídica internacional, a gente fala agora de carta
rogatória. Alguns pontos entre a carta rogatória e a homologação de sentença
estrangeira são bastante semelhantes. Competência de julgamento da carta rogatória
também foi transferida do STF para o STJ. O assunto é tratado no mesmo regimento
interno do STJ, só que nos artigos 216o ate 216X. Mas é importante a gente focar nas
diferenças. A homologação de sentença estrangeira era o procedimento cabível
quando a parte interessada pretendia que decisão emanada de autoridade produzisse
efeito nos território nacional. Quando a decisão de um tribunal estrangeiro tivesse que
produzir algum tipo de efeito no Brasil , teria que passar pelo procedimento de
homologação de sentença estrangeira. Carta rogatória é diferente, carta rogatória é o
procedimento cabível para a realização de atos e diligências processuais determinados
por juiz estrangeiro. Trata‐se do pedido formal de auxílio para a instrução de um
processo feita por uma autoridade judiciária de um estado para o outro.
Ao contrário da homologação de sentença estrangeira, em que há a internalização em
território nacional de um proviemnto em definitivo de um outro tribunal, de aqui
trata‐se do cumprimento de medidas processuais. E são vários exemplor que a gente
pode dar: a citação de uma parte, por exemplo, no território nacional. Realização de
atos executórios, e atos executórios é onde dá mais problema. Instrução através de
prova pericial, por exemplo. A oitiva de uma testemunha em território nacional, você
não pode obrigar, por exemplo, que uma testemunha de um processo viaje a um país
estrangeiro para depor no julgamento de um caso que está sendo realizado, por
exemplo, num tribunal de outro continente, em outro país. Então a oitiva desta
testemunha tem que ser feita em juízo nacional. Como isso ocorre? Através de carta
rogatória.
Uma diferença fundamental entre a carta rogatória e a homologação de sentença
estrangeira é que a carta rogatória é remetida de juiz para juiz, ao contrario da
homologação de sentença estrangeira que depende de petição inicial da parte. O
artigo 202 e seguintes do CPC tratam das chamadas cartas. Tecnicamente,
processualmente falando, carta é comunicação de juiz a juiz, a gente conhece muito
bem as cartas precatória, não é? Quando há de se realizar uma to processual de um
estado em outro, ou de uma comarca em outra, o ato processual se dá através de
carta precatória. Então o juiz deprecante remete a um juiz deprecado, uma carta, uma
comunicação formal de juiz para juiz. Essa carta precatória é distribuída a um juiz na
localidade, deprecado, digamos assim, para o cumprimento daquela medida
processual. Pode ser a penhora de um bem, pode ser a oitiva de uma testemunha,
pode ser a realização de uma pericia, pode ser a citação de uma parte, tudo isso
depende de uma carta precatória.
No nosso caso, carta rogatória.De país para país. A carta rogatória pode ser ativa ou
passiva. Ela é ativa quando remetida de juiz brasileiro para juiz estrangeiro, e passiva
quando remetida de juiz estrangeiro para juiz brasileiro. O CPC trata dos requisitos
formais para expedição de carta rogatória, ou seja, os requisitos formais para
expedição de carta rogatória ativa estão previstos na lei nacional. Então o art 202 diz o
seguinte:
“Art. 202. São requisitos essenciais da carta de ordem, da
carta precatória e da carta rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do
ato;
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do
instrumento do mandato conferido ao advogado;
III - a menção do ato processual, que Ihe constitui o
objeto;
IV - o encerramento com a assinatura do juiz.”
Então, quando for sair uma carta rogatória do Brasil para outra localidade, há de se
cumprir esses requisitos formais do 202. E quando uma carta rogatória passiva chega
ao Brasil? O Brasil não formaliza requisitos formais de expedição da carta rogatóra, os
requisitos formais são determinados pel alei local. OBrasil estabelece os requisitos
formais de entrada de carta rogatória, semelhantes a aqueles da homologação de
sentença estrangeira. Ok? Então, os requisitos formais de saída são estabelecidos pelo
pais de origem, os requisitos de entrada, esse sim, são estabelecidos pelo STJ através
do seu regimento. Ok?
Então a carta rogatória para sair do Brasil te que indicar qual é o juiz de origem e qual
é o juiz que vai receber indicar qual é o ato, apresentar o mandado do advogado,
inteiro teor da petição, do despacho inicial e conter a assinatura do juiz. Beleza?
(Pergunta do aluno sobre o conteúdo do despacho na carta rogatória)
O ideal era que contivesse, NE? Então enfim...Não haveria nenhum tipo de dúvida, mas
me parece... Cartas rogatórias são muito comuns especialmente no âmbito criminal,
como prevenção de crimes organizados e tal, e muito comum também no âmbito de
família. Para, enfim, initimação, penhora de bens e tal.
Da mesma forma que a homologação de sentença estraneira, a carat rogatória era de
competência do STF e essa cmpetencia foi tranferis ao STJ. Durante mais de 100 anos,
havia um entendimento, e talvez o ponto mais sensível na questão da carta rogatória,
entendimento do STF, e é engraçado pois esse entendiemnto tinha como fundamneto
dispositivos legais de uma resolução de 1830 e alguma coisa, que foi revogado em
seguida, mas durante mais de 100 anos o STF continua aplicanod o mesmo
entendimento. Embora já não houvesse nenhum dispositivo legal determinando de
forma contrária. Havia um entendimento pacifico do STF de que não caberia carat
rogatória, não se autorizava o exequato de carat rogatória, para atos de caráter
executório. Entao quando fossem solicitado por autoridade estrangeira para
autoridade nacional, o STF, ato s processuais de caráter executório, penhora,
seqüestro, arresto, busca e aprensão...enfim, qualquer ato que tivesse como
fundamenot um ato executório, entendia o STF durante mais de 100 anso que a
concessão de carat rogatória concendodo a execução de atos executórios violaria a
ordem publica e a soberania nacional. Uma vez que ato executório, segundo
entendimento do STF, demandam sempre sentença definitiva. Logo, seria necessário
antes a realização de procedimento d ehomologação de sentença estrangeira.
Mesmoq eu esse procediemnto de homologação de snetença estrangeira fosse
absolutamente necessa´rio. De ante mão houvesse qualquer fundamento para que
homologasse sentença estrangeira no Brasil, mas que um bem único do devedor
estivesse no Brasil, e a parte, descobrindo isso, requesse a penhora do bem. Entendia
o STF que não cabia o ato executório sem a homologação da snetença estrangeira. De
uns 15 anos para cá, esse entendimento começou a ser abrandado. Não por força de
mudança legislativa, mas por força da internalização de alguns protocolos e tratados
internacionais que autorizavam a realização de atos de caráter exclusivamente
executório em território nacional. Então, de forma bem recebete, já no final dos nãos
2000 ate 2004, passou o STF a entender pela possibilidade de rezliazaçõe de atos
exclusivamente executórios através de carta rogatorioa sem a obrigatoriedade de
homologação de sentença estrangeira. A controvérsia foi sanada com a resolução n.º9
do STJ, que diz que o dispositivo é repetido pelo atual regiemnto interno do STJ, o art
2160, a redação é idêntica a resolução 209, diz o seguinte:
“
exequaturArt. 216-O. É atribuição do Presidente
conceder a cartas
rogatórias, ressalvado o disposto no art. 216-T.
DIPRI II RIO, 26 DE MAIO DE 2015
DIPRI II
PROF. LEONARDO
VOLTAREMOS A FALAR SOBRE um assunto comentado há algum tempo atrás, o
AUXÍLIO DIRETO, uma vez que na época que o abordamos, o novo CPC tinha acabado de ser
promulgado então não tinha nenhuma indicação de como seriam interpretados os dispositivos
sobre o AUXÍLIO DIRETO no novo CPC. Portanto, como estamos nos encaminhando para o final
do curso, sendo esta a ultima aula, não nos custa voltar ao estudo do novo CPC, uma vez que a
partir do ano que vem será de aplicação geral. O que será bem problemático, visto que poucos
ainda pararam para estuda‐lo e entender seus novos dispositivos, como pex. tutela da
evidencia, valorização de precedente e muitos outros novos institutos.
Portanto, iremos trabalhar dos artigos 26 a 41 do novo CPC que tratam de COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL, fator extremamente importante pois DISCORRE SOBRE UM ASSUNTO QUE O
ANTIGO CPC NÃO abordava em uma linha. E há vários dispositivos específicos sobre auxilio
direto, que estava presente apenas no Regimento Interno no STJ e em Convenções
Internacionais. ( E agora disposto no novo CPC).
O ARTIGO 26 QUE TRATA DE DISPOSIÇÕES GERAIS a respeito de cooperação
internacional diz o seguinte
CAPÍTULO II
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado* de que o
Brasil faz parte e observará:
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no
Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se
assistência judiciária aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação
brasileira ou na do Estado requerente;
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de
cooperação;
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se
com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de sentença
estrangeira.
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que
contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais
que regem o Estado brasileiro.
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de
designação específica.
*HÁ UMA PREVISÃO AQUI que DIZ RESPEITO AOS TRATADOS. Porém o §1º do próprio
art. 26 diz que “Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com
base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.” , ou seja, num primeiro momento valoriza
o tratado e num segundo momento, ainda que inexista esse tratado, valoriza‐se a
reciprocidade entre países.
O importante no artigo 26 são os seus incisos que são as garantias a serem observadas
no âmbito da cooperação jurídica internacional.
Inciso I – o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente.
Inciso II – é fundamental a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros residentes
ou não no Brasil em relação ao acesso à justiça, tramitação dos processos, assegurando‐se
assistência judiciária aos necessitados.
Não há que se falar em distinção, em pleito de alimentos, por exemplo, que trataremos a
seguir, a respeito do mérito ou do acesso à justiça, se o requerente, o alimentando, brasileiro
ou estrangeiro e se é residente no Brasil ou não. O tratamento deve ser absolutamente igual.
Inciso III – garantir a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na
legislação brasileira ou na do Estado requerente.
Inciso IV – existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos
de cooperação. Uma das características fundamentais do AUXÍLIO DIRETO e dos tratados que
autorizam o auxílio direto para algumas matérias é a obrigação tanto do Estado requerente
quanto do requerido de indicarem autoridades centrais, ou seja, uma UMA AUTORIDADE QUE
PODE SER JUDICIARIA OU administrativa, que SERÁ RESPONSÁVEL POR DAR ANDAMENTO aos
pedidos dentro da jurisdição competente, ou seja, como a EXEMPLO do que veremos na
Convenção DE ALIMENTOS, CABE à PROCURADORIA REPUBLICA no Brasil, SER A AUTORIDADE
CENTRAL, qualquer eventual ação de alimentos que um alimentando brasileiro necessite
ajuizar fora, ele pode fazer diretamente através da procuradoria geral da república, que vai
encaminhar o pedido para a autoridade central do outro país para que lá seja distribuído, POR
ISSO QUE É IMPORTANTE O TRATAMENTO IGUALITÁRIO ENTRE BRASILEIROS e estrangeiros
residentes OU NÃO. Porque um eventual pedido de alimentos de um alimentando necessitado
fora do Brasil, a ser ajuizado no Brasil, não necessariamente precisa passar pelo STJ. Basta que
a autoridade central local do outro país, remeta para a procuradoria geral da república no
Brasil, o pedido com os documentos, para esta então ajuizar a ação de alimentos aqui.
Obviamente que o autor será estrangeiro, residente fora do Brasil, e o réu não‐ brasileiro. Mas
a PGR fará o papel de procurador, de advogado, do autor estrangeiro. Por isso é fundamental o
dispositivo que determina o tratamento igualitário entre brasileiros e estrangeiros residentes
ou não no Brasil. Percebam a sistemática interessante do AUXÍLIO DIRETO: A procuradoria Geral
do Brasil será advogada de um autor estrangeiro.
Inciso V ‐ a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
Destaca‐se a importância do § 4º “o ministério da justiça exercerá as funções de
autoridade central na ausência de designação específica.”, portanto, para efeitos de prestação
de alimentos, a autoridade central é a procuradoria geral da republica, mas em regra, a
autoridade central será o ministério da justiça através de um departamento específico
(Departamento De Repreensão De Crimes E Cooperação Internacional – DRCI) do Ministério da
Justiça. Portanto em regra a autoridade central no Brasil será o Ministério da Justiça se não
houver outra determinada especificamente em Tratado.
Na verdade não é o Tratado que determina quem é a autoridade central, ele (o
tratado) obriga os países signatários a indicarem uma autoridade central. No caso da
Convenção de Alimentos o Brasil indicou a Procuradoria Geral da República.
O artigo 27 trata dos objetos da cooperação jurídica internacional:
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
II - colheita de provas e obtenção de informações;
III - homologação e cumprimento de decisão;
IV - concessão de medida judicial de urgência;
V - assistência jurídica internacional;
VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Inciso I – através de carta rogatória, a princípio.
Inciso II ‐ colheita de provas, via de regra, por carta rogatória.
Neste caso, há uma controvérsia tendo em vista que o novo CPC autoriza a colheita de
provas através de auxílio direto e alguns importantes autores dizem que este inciso é
inconstitucional, uma vez que colheita de prova é atribuição judiciária, de forma que a sua
aplicação deverá ser modulada para não autorizar qualquer tipo de colheita de prova através
de auxílio direto. Mas, em regra, ficamos com a colheita de prova através de carta rogatória.
Inciso III – homologação será através do título de homologação de sentença
estrangeira. Cumprimento de decisão, a jurisprudência do STJ autoriza a execução de atos
executorios atraves de cartas rogatórias, antes, somente se admitia atos executórios depois da
competente homologação da sentença estrangeira. Atualmente, principalmente por força de
tratados, se admite a realização de atos executórios no âmbito de carta rogatória.
Inciso IV – tanto a carta rogatória quanto a homologação de sentença estrangeira
admitem a antecipação de tutela .
Inciso V – assistência jurídica internacional
Inciso VI – demonstra que o rol do artigo 27 é meramente exemplificativo.
A partir do artigo 28 ao 34, trataremos diretamente do AUXÍLIO DIRETO, observando uma
maior tecnicidade do novo cpc, pois não havia qualquer dispositivo no código anterior sobre
este tema.
Seção II
Do Auxílio Direto
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão
de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no
Brasil.
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro
interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a
autenticidade e a clareza do pedido.
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio
direto terá os seguintes objetos:
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre
processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no
estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas
congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela
tramitação e pela execução de pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo
Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de tratado.
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei
brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as
providências necessárias para seu cumprimento.
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o
encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida
solicitada.
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada
quando for autoridade central.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida
apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade
jurisdicional.
O artigo 28 diz que quando não se fizer necessário o juízo de delibação, ou seja, a
análise de autoridade judiciária no Brasil sobre a conveniência/ presença de requisitos para
cumprimento de determinada medida judicial ou extrajudicial, esta pode ser feita através de
AUXÍLIO DIRETO.
São exemplos clássicos de pedido de auxílio direto em interpretação de legislação
nacional, ou seja, se qualquer país estrangeiro tiver a dúvida da vigência de qualquer lei
brasileira; obter informações a respeito de processos judiciais ou extrajudiciais em andamento
ou mesmo arquivados, ou seja, se qualquer autoridade estrangeira obtiver dúvida quanto à
forma que determinadas decisões foram tomadas e como está sendo julgado o processo,
poderá resolver através do auxílio direto. Atentando, é claro, que sendo processo público, tais
procedimentos não dependem do juízo de qualquer autoridade estrangeira, se tornando
desnecessário e dispendioso o envio de carta rogatória nesses casos. Portanto a autoridade
central indicada de um país pode solicitar diretamente ao ministério da justiça do Brasil que
lhe preste informações a respeito do andamento de um processo.
O artigo 29 do CPC novo diz “A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo
órgão estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a
autenticidade e a clareza do pedido”. A autoridade local remete para a autoridade central
brasileira o pedido de auxílio direto.
Fundamental o artigo 30 que diz o seguinte, “Além dos casos previstos em tratados de
que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos”. Analisemos seus incisos:
Inciso I – principal objetivo do auxílio direto: Prestar informações do nosso
ordenamento jurídico e de processos.
Inciso II – se há a competência exclusiva de autoridade brasileira, por óbvio está
afastada a hipótese de auxílio direto. A polêmica neste inciso se verifica quando tirando a
possibilidade de competência exclusiva da autoridade brasileira, o fato é que se admite a
princípio colheita de prova através de auxílio direto. Fato este extremamente temerário, uma
vez que a colheita de provas, especialmente, deve ser feita no âmbito do contraditório, sendo
este garantido pelo juiz. A colheita de provas tem que seguir rigidamente a ritualística
processual do país de destino. Quem garante o cumprimento desses requisitos, fazendo a
análise da prova lícita ou ilícita, é o juiz. Portanto, autorizar a colheita de prova por auxílio
direto por autoridade que não a judiciária, coloca em dúvida a constitucionalidade deste novo
dispositivo, segundo alguns juristas.
Inciso III – novamente indica o objetivo meramente exemplificativo do dispositivo. Não
estando proibido por lei brasileira, em tese, estaria o auxílio direto autorizado.
Pulando para o artigo 34 que diz “Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser
executada a medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de
atividade jurisdicional.”, nos parece que o legislador tentou regulamentar a questão acima
mencionada. Havendo qualquer dúvida, cabe ao juiz federal de primeira instancia apreciar
eventuais deliberações a respeito do auxílio direto prestado no caso. Segundo o professor, isto
seria uma usurpação da competência constitucional do STJ, que, originalmente é quem possui
essa atribuição. Neste caso, o CPC transfere a competência para o juiz federal de primeira
instancia, ou seja, o pedido direto entraria por uma autoridade extrajudicial/administrativa
que transferiria a competência de julgamento de eventuais problemas para um juiz de
primeira instancia, transparecendo a usurpação clara de transferência constitucional do STJ
por força da emenda 45, porém, veremos como este assunto se desenvolverá com o decorrer
do tempo.
Seção III
Da Carta Rogatória
Art. 35. (VETADO).
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é
de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo
legal.
§ 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para
que o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.
§ 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial
estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira.
Seção IV
Disposições Comuns às Seções Anteriores
Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade
brasileira competente será encaminhado à autoridade central para posterior envio ao
Estado requerido para lhe dar andamento.
Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os
documentos anexos que o instruem serão encaminhados à autoridade central,
acompanhados de tradução para a língua oficial do Estado requerido.
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se
configurar manifesta ofensa à ordem pública.
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira
dar-se-á por meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença
estrangeira, de acordo com o art. 960.
Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação
jurídica internacional, inclusive tradução para a língua portuguesa, quando
encaminhado ao Estado brasileiro por meio de autoridade central ou por via
diplomática, dispensando-se ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento
de legalização.
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação
pelo Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento.
Artigo 35 ‐ vetado
Artigo 36 – trata da carta rogatória
Artigo 37 e seguintes – disposições comuns às seções anteriores, ou seja, à
homologação de sentença, à carta rogatória e ao pedido de auxilio direto.
Destacando, no próprio art.37 que diz “o pedido de cooperação jurídica internacional
oriundo de autoridade brasileira competente será encaminhada para a autoridade central para
posterior envio ao Estado requerido para lhe dar andamento.” Portando, no âmbito do
processo judicial brasileiro, havendo a necessidade de um auxilio direto, deverá também
remeter‐se à autoridade central para que esta remeta ao país estrangeiro. Isto é chamado de
carta rogatória/ auxílio direto ATIVO, ou seja, quando parte da autoridade brasileira para o
estrangeiro. ( Normalmente abordamos apenas a passiva por ser mais relevante mas tratando‐
se da hipótese acima, saindo de autoridade judiciária brasileira para o estrangeiro também
deve ser feito através de uma autoridade central.)
Começaremos agora a tratar da Convenção de Nova York:
DECRETO LEGISLATIVO Nº 10, de 1958
Preâmbulo
Dispostas a prover os meios que permitam resolver êstes problemas e vencer estas
dificuldades,
ARTIGO I
Objeto de Convenção
ARTIGO II
Designação das Instituições
3. Cada Parte Contratante comunicará, sem demora, ao Secretário Geral das Nações
Unidas, as designações feitas de acordo com as disposições dos parágrafos 1 e 2,
bem como qualquer modificação a respeito.
ARTIGO III
Apresentação do Pedido à Autoridades Remetente
c) Uma exposição pormenorizada dos motivos nos quais fôr baseado o pedido, o
objeto dêste e quaisquer outras informações pertinentes, inclusive as relativas à
situação econômica e familiar do demandante e do demandado.
ARTIGO IV
Transmissão de documentos
ARTIGO V
Transmissão de Sentenças e outros Atos Judiciários
ARTIGO VII
Cartas Rogatórias
Se a lei das duas Partes Contratantes interessadas admitir cartas rogatórias serão
aplicáveis as seguintes disposições:
a) O tribunal ao qual tiver sido submetida a ação alimentar poderá, para obter
documentos ou outras provas, pedir a execução de uma carta rogatória, seja ao
tribunal competente da outra Parte Contratante em cujo território a carta deverá ser
executada.
c) A carta rogatória deverá ser executada com toda a diligência desejada; se não
houver sido executada dentro de um período de quatro meses a partir da data do
recebimento da carta pela autoridade requerida, a autoridade requerente deverá ser
informada das razões da não-execução ou do atraso.
ARTIGO VIII
Modificação das Decisões Judiciárias
ARTIGO IX
Isenções e Facilidades
ARTIGO X
Transferência de Fundos
ARTIGO XI
Cláusula Federal
c) Todo Estado federal que seja Parte na Presente Convenção fornecerá, a pedido de
qualquer outra Parte Contratante lhe tenha sido transmitido pelo Secretário Geral,
um relato da legislação e das práticas em vigor na Federação e nas suas unidades
constitutivas, no que concerne a determinada disposição da Convenção, indicando a
medida em que, por uma ação legislativa ou outra, tal disposição tenha sido
aplicada.
ARTIGO XII
Aplicação Territorial
ARTIGO XIII
Assinatura, Ratificação e Adesão
ARTIGO XIV
Entrada em Vigor
2. Para cada um dos Estados que ratificarem ou que a ela aderirem depois do
depósito do terceiro instrumento de ratificação ou de adesão, a Convenção entrará
em vigor no trigésimo dia seguinte à data do depósito, por êste Estado, do seu
instrumento de ratificação ou de adesão.
ARTIGO XV
Denúncia
2. A denúncia entrará em vigor um ano após a data em que o Secretário Geral tiver
recebido a notificação, com exceção das questões que estiverem sendo tratadas no
momento em que ela se tornar efetiva.
ARTIGO XVI
Solução de Controvérsias
ARTIGO XVII
Reservas
2. Uma Parte Contratante poderá, a qualquer momento, retirar uma reserva que tenha
formulado anteriormente, e deverá notificar esta decisão ao Secretário Geral.
ARTIGO XVIII
Reciprocidade
Uma Parte Contratante poderá invocar as disposições da presente Convenção contra
outras Partes Contratantes sòmente na medida em que ela mesma estiver obrigada
pela Convenção.
ARTIGO XIX
Notificações do Secretário Geral
O Secretário Geral notificará a todos os Estados Membros das Nações Unidas e aos
Estados não membros referidos no art. XIII:
ARTIGO XX
ARTIGO XXI
Depósito da Convenção e Línguas
que necessita de alimentos tem acesso no seu país a uma autoridade remetente, a qual deve
enviar o pedido para uma INSTITUIÇÃO INTERMEDIÁRIA no país do demandado.
Demandante → Autoridade Remetente→ Instituição Intermediária → Demandado
Ou seja, aquele que necessita de alimentos acessa direto uma autoridade remetente
que envia para a instituição intermediária a demanda e faz contato com o demandado.
A depender do caso concreto pode ser que não haja ainda sequer um processo de
alimentos ajuizado, onde o demandante entra em contato direto com a autoridade remetente
do seu país de origem ( no nosso caso, a Procuradoria Geral da República).
Em maiores detalhes, o demandante, ou seja, aquele residente no Brasil que necessitar
de alimentos a serem prestados por alguém que esteja fora do Brasil, deve procurar uma sede
da Procuradoria da República no Brasil, seu território, remetendo o procurador seu pedido
com todos os documentos (a depender do caso que pode ser a mera execução de uma
sentença de alimentos ou mesmo o ajuizamento de uma ação de alimentos) à Procuradoria
Geral da República no Brasil, que remeterá à autoridade/instituição indicada pelo país de
destino (exemplo de autoridade intermediária: ministério público francês) e esta tomará as
providencias cabíveis na localidade de destino. Sejam essas o ajuizamento de ação de
alimentos, intimação do devedor de alimentos para o pagamento dos alimentos devidos ( no
âmbito do Brasil, este, se não realizar o pagamento de forma espontânea, será obrigado por
nossa instituição intermediária, a PGR, através de solicitação ao STJ o exequatur de ato
executório ou homologação de sentença estrangeira.
Em suma, o necessitado no Brasil faz contato com o procurador geral da república no
seu território, na sua proximidade. Esse procurador da república entra em contato com o
procurador geral da república, que remete o pedido para uma instituição intermediária no país
de destino, em que reside o demandado. A depender do caso concreto, sendo um pedido de
ajuizamento de uma ação de alimentos, essa instituição intermediária localizada no outro país
faz o ajuizamento da ação. Se for a execução de um pedido de alimentos já determinado no
Brasil, por exemplo, essa instituição intermediária entrará em contato com o devedor, caso
este não faça o pagamento espontâneo, dependendo da legislação do país, cabendo um
pedido de carta rogatória para homologação de uma sentença estrangeira.
Observa‐se que o mecanismo da Convenção de Nova York facilita muito o tramite
processual da ação, visto que não há necessidade de contatar advogados ou mesmo aguardar
diversas intimações em país estrangeiro. Tal é essa facilitação diante do interesse social que
traz um pedido de alimentos, pois aquele que faz o pedido de alimentos tem pressa. Não há
como aguardar o tramite de cartas rogatórias lentas e custosas, nem um processo de
homologação de sentença estrangeira, no qual há contraditório, a possibilidade de recurso,
etc. Portanto, o mecanismo da Convenção de Nova York acelera esse processo.
Ainda no artigo 1º, item 2, diz: “Os meios jurídicos previstos na presente Convenção
completarão, sem os substituir, quaisquer outros meios jurídicos existentes em direito interno
ou internacional.”. Ou seja, o mecanismo previsto na Convenção de Nova York é supletivo, pois
não afasta outros mecanismos eventualmente à disposição do demandante.
O artigo 2º diz:
1. Cada Parte Contratante designará, no momento do depósito do instrumento de
ratificação ou de adesão, uma ou mais autoridades administrativas ou judiciárias que
exercerão em seu território as funções de Autoridades Remetentes.
2. Cada Parte Contratante designará, no momento do depósito do instrumento de
ratificação ou adesão, um organismo público ou particular que exercerá em seu território as
funções de Instituição Intermediária.
3. Cada Parte Contratante comunicará, sem demora, ao Secretário Geral das Nações
Unidas, as designações feitas de acordo com as disposições dos parágrafos 1 e 2, bem como
qualquer modificação a respeito.
4. As Autoridades Remetentes e as Instituições Intermediárias poderão entrar em
contato direto com as Autoridades Remetentes e as Instituições Intermediárias das outras
Partes Contratantes.”
Deve‐se entender como parte contratante, cada país signatário da convenção, cerca
de 80 países, entre eles França, Itália, Bélgica, Espanha, Portugal, Itália, México, Argentina,
Uruguai, Chile, Colômbia, etc. Os Estados Unidos não são signatários, embora o nome da
Convenção (Nova York = sede da ONU).
Item 1: Cada país indica sua autoridade competente.
Item 2: Cabe aos países aderentes indicar quem são a autoridade remetente e a
instituição intermediária. Há uma cartilha no site do Ministério Público Federal sobre a
convenção de Nova York, onde está claramente escrito que na ausência de uma filial da
Procuradoria da República no local de residência do demandante, o pedido poderá ser feito
através da Defensoria Pública, para que ela remeta à Procuradoria Geral da República.
Vale destacar também que a convenção de nova york não faz distinção entre prestação
de alimentos para credores maiores ou menores de idade, basta que sejam credores de
alimentos de acordo com a legislação pátria do país do demandante. Então eventualmente,
alimentos conjugais, para maiores de idade, podem ser demandados. A convenção não faz
distinção da personalidade jurídica do necessitado. Basta que de acordo com a legislação
pátria, o demandante possa ser credor de alimentos (lembrando que não se faz distinção entre
nacionais e estrangeiros residentes ou não).
O artigo 3º trata da apresentação do pedido à autoridade remetente. Havendo um
erro no Item 1 que diz “Se o demandante se encontrar no território de uma Parte Contratante,
doravante designada como o Estado do demandante, e o demandante* se encontrar sob a
jurisdição de outra Parte Contratante, doravante designada como o Estado do demandado, o
primeiro poderá encaminhar um pedido a uma Autoridade Remetente do Estado onde se
encontrar para obter alimentos da parte do demandado.”
*O correto é demandado.
Ou seja, o demandante entra em contato com a autoridade remetente, que faz
contato com a instituição intermediária que distribui o pedido e entra em contato com o
devedor, dependendo do caso concreto.
Item 2 – todo país signatário tem obrigação de informar ao secretario geral da ONU
quais são os elementos necessários para a apresentação do pedido de alimentos e quais são as
condições para a concessão desses alimentos no seu território. O Secretário geral da ONU dá
publicidade a esses elementos para que os organismos de cada país antes de enviar um pedido
de alimentos para um país da instituição intermediária conheça os requisitos e, de antemão, já
saiba se os documentos estão de acordo e se aquele caso concreto é de concessão do pedido
de alimentos. Lembrando que os alimentos serão concedidos ou não, de acordo com a
legislação interna do país do demandado. Dado o grande numero de países signatários, este
item se faz importante para que o secretário geral da ONU reconheça os requisitos formais e
materiais da documentação de todos esses países.
Ou seja, o demandante (aquele que precisa de alimentos) remete seu pedido à
autoridade requerente no Brasil (PGR – Procuradoria Geral da República ou defensoria pública,
caso esta não exista). Essa autoridade remetente (no Brasil a PGR) conhece de antemão os
requisitos formais e materiais do país onde se localiza a instituição intermediária ( ex: PGR vai
remeter pedido de alimentos para Argentina. Então o secretario geral da ONU disponibiliza
quais são os requisitos para o pedido e concessão, bem como os documentos necessários para
o envio). A PGR remete à autoridade intermediária no país de destino e, conforme o caso
concreto, esta instituição intermediária representará o demandante.
Reiterando a importância da vedação da distinção entre residentes ou não e nacionais
e estrangeiros, caso contrário teria um procurador de um país defendendo um alimentante,
necessitado, de um país estrangeiro. Se o menor brasileiro estiver na França, ele vai remeter à
autoridade requerente francesa, nesse caso o MP francês, que remeterá todos os documentos
para o PGR e este ao procurador da republica do local de residência do demandado brasileiro,
e, conforme o caso concreto, a ação será ajuizada ou se tentará o cumprimento espontâneo da
obrigação.
Na ausência do cumprimento espontâneo, o procurador da república local devolve
para o PGR e este pede a homologação de sentença estrangeira. Caso não seja ainda nenhuma
decisão definitiva, mas de caráter executório, faz‐se um pedido de exequatur da carta
rogatória. Mas o fato é que num primeiro momento cabe ao procurador da republica local
intimar o demandado daquela decisão de alimentos e buscar junto a ele o cumprimento
espontâneo (para acelerar o processo).Porém, sendo uma decisão estrangeira, na ausência
dessa espontaneidade, esta obrigatoriamente passará pelo STJ, seja em caráter de
homologação de sentença ou de carta rogatória.
Resumindo: Demandante→ autoridade local de seu país de origem → cumpridos os requisitos,
remete à autoridade no país de destino e esta tomará as providencias em defesa do
demandante.
A Convenção de Nova York só cria esse caminho. Não inova na criação de regras.
Portanto se no Brasil autoriza‐se a prisão do devedor de alimentos, o juiz federal de primeira
instancia que julgar o pedido do caso concreto está autorizado a determinar a prisão do
devedor. Lembrando que a prisão do devedor de alimentos é o único caso atual de prisão civil
brasileira (súm. Vinculante 25 que excluiu também a possibilidade de prisão do depositário
infiel). Cabe destacar que não é qualquer caso de devedor de alimentos que tem a prisão
decretada. O STJ e STF possuem uma longa jurisprudência a este respeito, contando com o
debito atual de alimentos, que não deve ultrapassar 3 meses, a falta de condição do
alimentante, o pagamento imediato de alimentos, etc.
Pulando direto para o artigo 5º, que trata da transmissão de sentenças e outros atos
judiciários já deferidos no país do demandante. Conforme o item 1: “A Autoridade Remetente
transmitirá, a pedido do demandante e em conformidade com as disposições com o artigo IV, qualquer
decisão, em matéria de alimento, provisória ou definitiva ou qualquer outro ato judiciário emanado, em
favor do demandante, de tribunal competente de uma das Partes Contratantes, e, se necessário e
possível, o relatório dos debates durante os quais esta decisão tenha sido tomada.”, pode ser que
ainda não haja uma ação de alimentos proposta entre demandante e demandado. Porém, esta
pode já ter sido proposta, inclusive com julgamento em definitivo no território do
demandante. Através da Convenção de NY, determina‐se que as autoridades intermediárias
enviem entre si ( tanto a demandante quanto a demandada) as decisões de caráter definitivo
ou provisório que defiram os alimentos, justamente para que a autoridade intermediária tome
as providencias possíveis no território demandado. Se possível, solicita também relatórios dos
debates realizados entre as autoridades, para que esta decisão possa ser cumprida.
O item 3 do mesmo artigo diz “O procedimento previsto no artigo VI poderá incluir,
conforme a lei do Estado do demandado, o exequatur ou o registro, ou ainda uma nova ação,
baseada na decisão transmitida em virtude das disposições do parágrafo 1.”, restando claro
que a depender da legislação do Estado demandado, caberá o exequatur, registro,
homologação ou ainda a execução direta dessa decisão.
O artigo 6º trata das funções da Instituição Intermediária, lembrando que no Brasil é a
Procuradoria Geral da República. Diz o item 1 “ A Instituição Intermediária, atuando dentro dos
limites dos poderes conferidos pelo demandante, tomará, em nome deste, quaisquer medidas
apropriadas para assegurar a prestação dos alimentos.* Ela poderá, igualmente, transigir e,
quando necessário, iniciar e prosseguir uma ação alimentar e fazer executar qualquer
sentença, decisão ou outro ato judiciário.”
* podendo ser estas medidas: ajuizamento de uma ação direta, pedido de carta
rogatória, pedido de homologação de sentença estrangeira ou auxílio direto. Cabe, inclusive,
arresto, se este for necessário para o cumprimento da sentença.
Em continuação ao dispositivo, expressamente pela convenção, a autoridade
intermediaria tem poder de transação.
Item 3 – Mesmo que o alimentante seja estrangeiro, se o demandado está, por
exemplo, no Brasil, e o procurador da republica vai advogar para o alimentante estrangeiro, as
normas processuais e materiais a serem seguidas são as brasileiras. Assim como se o
alimentado estiver no Brasil e buscar alimentos junto ao seu responsável fora do Brasil, as
normas de direito material e processual aplicável serão as normas do Estado de destino.
O artigo 9º, item 1 destaca que os demandantes mesmo que residentes em outro pais,
gozam no âmbito do território do país do demandado, de todas as isenções de custos e de
despesa que gozariam os residentes daquele país. Novamente, não se faz distinção entre
brasileiros e estrangeiros residentes ou não no território para a exigência dos requisitos de
isenção das custas.
Item 3 ‐ atuação gratuita do Estado em favor de alimentante estrangeiro.
Seguindo a leitura da Convenção, o artigo 11º trata em eventual caso em que o estado
não é Unitário ( cada Estado dentro de um território federal possui leis próprias), tratando o
artigo 12º da aplicação da convenção nestes casos.
O artigo 17º versa sobre reservas que as partes aderentes podem ou não fazer à
Convenção, que devem ser comunicadas diretamente ao secretario geral da ONU.
O artigo 18º trata da reciprocidade.
Por fim, cabe destacar que o próprio Ministério Público Federal cita os três principais
obstáculos para aplicação dessa Convenção:
1) Os tribunais locais não vêm permitindo a validade da citação por edital, portanto,
no caso de não se encontrar o demandado, os tribunais locais no momento da
homologação da sentença ou da concessão de exequatur de uma carta rogatória,
não vêm admitindo de forma geral, embora esteja prevista na legislação pátria, a
citação por edital. Tornando inócuas as previsões da Convenção de NY.
2) Necessidade de cópia autenticada via autoridade diplomática de todos os
documentos, criando um obstáculo e encarecendo o acesso à justiça, previsto pela
Convenção.
3) Presunção de paternidade daquele se recusa a realizar o exame de DNA , apesar
de reconhecida no Brasil, não é reconhecida em muitos outros países, então o
pleito de alimentos contra aquele que não reconhece sua paternidade é muito
dificultado em função dessa ausência de presunção de paternidade. No Brasil,
aquele que se recusa a submissão de um exame genético, presume‐se pai para
todos os efeitos. Portanto, se o demandado mesmo que não tenha reconhecido o
filho, há uma presunção de paternidade pela recusa na realização do exame,
facilitando o acesso aos alimentos. Caso o país estrangeiro não presuma o mesmo,
o processo é dificultado pela necessidade primeira de uma ação de
reconhecimento de paternidade precedente a de alimentos.
DIPRI II Rio, 02 DE JUNHO DE 2015
Artigo I
1. A presente Convenção aplicar-se-á ao reconhecimento e à
execução de sentenças arbitrais estrangeiras proferidas no
território de um Estado que não o Estado em que se tencione o
reconhecimento e a execução de tais sentenças, oriundas de
divergências entre pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. A
Convenção aplicar-se-á igualmente a sentenças arbitrais não
consideradas como sentenças domésticas no Estado onde se
tencione o seu reconhecimento e a sua execução.
Artigo II
Artigo III
Artigo V
Fica muito claro que a convenção tem por objetivo proteger a criança no
estado de sua residência habitual, mas em contrapartida proteger o genitor que
não reside naquele estado de residência habitual a ter o direito de visita.
Artigo 1
Artigo 3
Artigo 6
Artigo 7
Artigo 12
Artigo 13
Ou seja, a parte que transferiu ou que retém de forma ilícita uma criança
em estado diferente daquele de residência habitual pode provar, dentro do
procedimento, que a criança estava em estado de perigo ou que a parte
consentiu com a transferência ou que essa parte não exercia de forma
adequada a guarda do menor.
Artigo 1
Artigo 4
As adoções abrangidas por esta Convenção só poderão
ocorrer quando as autoridades competentes do Estado de origem:
Artigo 5
Artigo 6
Artigo 17
Artigo 23
Artigo 24