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Prezado Aluno.
Peço escolher e responder três das questões abaixo. Você poderá fazer esse trabalho em
grupo (podendo ser no mínimo de dois e no máximo de quatro alunos por trabalho). Não
há a obrigatoriedade de responder a todas as questões, todavia, pelo menos três questões
escolhidas devem ser respondidas. Ao consultar o material usado em sala de aula você
chegará às respostas com facilidade. Na hipótese de serem escolhidas questões de
cálculo que extingam o uso da função que existe nas calculadoras científicas ou
financeiras, função esta necessária para o cálculo de juros compostos, e, se por acaso,
você não tiver uma calculadora disponível, basta deixar a questão “armada” que eu
considerarei a resposta.
Este trabalho tem como objetivo completar a sua avaliação já feita em sala de aula que
foi muito boa.
Bom trabalho, e mais uma vez muito obrigado pela atenção que tive sua em sala de aula.
Manoel Lubambo Neto
Número índice
Sabendo-se que o índice de liquidez de uma empresa mede sua capacidade de pagar
suas obrigações no curto prazo, o que podemos dizer da capacidade de honrar
compromissos dessa empresa ao longo destes anos? A aprovação deste crédito será
fácil?
10) Quais as dificuldades que uma empresa pode enfrentar quando o capital de giro não é
suficiente para atender às suas operações?
12) Uma escola técnica tem um prazo médio de pagamento aos fornecedores de 90 dias e
um prazo médio de recebimento das usas vendas de 15 dias. Apenas analisando esses
dois prazos médios, podemos dizer que esta empresa tem uma situação confortável ou
desconfortável quanto ao volume do seu capital de giro?
13) Uma empresa precisa urgentemente de um empréstimo para financiar seu capital de
giro. O valor necessário é de R$250.000,00. O Banco Daycoval oferece para financiar
essa operação uma taxa de juros de1, 8% a.m. Sabendo que o pagamento do principal +
juros será feito daqui a 90 dias (3 meses), calcular o valor do principal + juros que serão
pagos (ou seja o montante da operação) –> (M). Utilizar o sistema de capitalização
composto (juros compostos).
14) Quanto uma empresa deve depositar hoje em uma aplicação em CDB, cuja taxa pré-
fixada de remuneração anual é de 13 % a.a para receber daqui a três anos R$
3.400.000,00?
15) Calcular com base no balanço abaixo os índices de Liquidez Geral, Liquidez corrente,
Liquidez Seca.
GRUPO A
ATIVO (direitos) PASSIVO (obrigações)
Ativo Circulante 142.000,00 Passivo Circulante
16) Ler o texto abaixo da obra de Leo Hubman – Surgem novas ideias e fazer comentários
dando ênfase na questão do risco
CAPÍTULOIV
37
Tudor Economic Documents, vol. II, p. 142. Compilação de R. H.
Tawney e E. Power. Longmans, Green and Company, Londes, 1924.
SURGEM NOVAS IDÉIAS 4
na atividade religiosa não diferia das demais atividades sociais
ou, mais importante ainda, do padrão das atividades econômi-
cas. As regras da Igreja sobre o bem e o mal aplicavam-se a to-
dos os setores, igualmente.
Hoje em dia, é possível fazer,. num negócio comercial, a um
estranho, o que não faríamos a um amigo ou vizinho. Temos
padrões diferentes para os negócios, e que não se aplicam a ou-
tras atividades. Assim, o industrial fará tudo ao seu alcance para
esmagar um concorrente. Venderá com prejuízo, se empenhará
numa guerra comercial, conseguirá descontos especiais, tentará
todos os recursos possíveis para encurralar seu rival. Essas ati-
vidades arruinarão o competidor O industrial ou comerciante
sabe disso, mas não obstante continua a realizá-las, por que
“negócio é negócio”. No entanto essa mesma pessoa não permi-
tiria, nem por um minuto, que um amigo ou vizinho passasse
fome. Essa existência de um padrão para a atividade econômica
e outro para a atividade não-econômica era contrária aos ensi-
namentos da Igreja na Idade Média. E a maioria das pessoas a-
creditava geralmente nos ensinamentos da Igreja.
A Igreja ensinava que, se o lucro do bolso representava a
ruína da alma, o bem-estar espiritual é que estava em primeiro
lugar. “Que lucro terá o homem, se ganhar todo o mundo e
perder sua alma?”38 Se alguém obtivesse numa transação mais
do que o devido, estaria prejudicando a outrem, e isso estava
errado. Santo Tomás de Aquino, o maior pensador religioso da
Idade Média, condenou a “ambição do ganho”. Embora se
admitisse, com relutância, que o comércio era útil, os comer-
ciantes não tinham o direito de obter numa transação mais do
que o justo pelo seu trabalho.
Os homens da Igreja na Idade Média teriam condenado for-
temente o intermediário que, alguns séculos mais tarde, se tor-
nara, segundo a definição de Disraeli, “um homem que trapa-
ceia de um lado e saqueia do outro”. A moderna noção de que
qualquer transação comercial é lícita desde que seja possível re-
alizá-la não fazia parte do pensamento medieval. O homem de
negócios bem sucedido de hoje, que compra pelo mínimo e
vende pelo máximo, teria sido duas vezes excomungado na Ida-
de Média. O comerciante, porque exercia um serviço público
necessário, tinha direito a uma boa recompensa e a nada mais
do que isso.
38
S Mateus, XVI, 26.
SURGEM NOVAS IDÉIAS 4
Também não se considerava ético acumular mais dinheiro
do que o necessário para a manutenção própria. A Bíblia era cl-
ara quanto a isso: “É mais fácil um camelo passar pelo fundo de
uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus.”39
Um autor da época assim se manifestou: “Quem tem o bas-
tante para satisfazer suas necessidades, e não obstante trabalha
incessantemente para adquirir riquezas, seja para conseguir uma
posição social melhor, seja para viver mais tarde sem trabalhar,
ou. para que seus filhos se tornem homens de riqueza e impor-
tância — todos esses estão dominados por uma avareza, sensua-
lidade ou orgulho condenáveis.”
Os que estavam habituados aos padrões de uma economia
natural simplesmente aplicaram tais padrões à nova economia
monetária em que se viram. Assim, se alguém emprestava a ou-
tro cem libras, julgava-se que tinha o direito moral de exigir de
volta apenas cem libras. Quem cobrasse juros pelo uso do di-
nheiro estaria vendendo tempo, e tempo não pertence a nin-
guém, para que possa ser vendido. O tempo pertence a Deus, e
ninguém tinha o direito de vendê-lo.
Além disso, emprestar dinheiro e receber de volta não ape-
nas o total emprestado, mas também um juro fixo, significava a
possibilidade de viver sem trabalhar — o que estava errado.
(Pelo pensamento medieval, os sacerdotes e guerreiros estavam
“trabalhando” nas ocupações para as quais estavam habituados.)
Alegar que o dinheiro é quem trabalhava para seu dono seria
apenas irritar os homens da Igreja. Teriam respondido que o di-
nheiro era estéril, não podia produzir nada. Cobrar juros era to-
talmente errado — dizia a Igreja
Isso é o que ela dizia. O que dizia e o que fazia, porém, e-
ram duas coisas totalmente diferentes. Embora os bispos e reis
combatessem e fizessem leis contra os juros, estavam entre os
primeiros a violar tais leis. Eles mesmos tomavam emprésti-
mos, ou os faziam, a juros — exatamente quando combatiam
outros usurários! Os judeus, que geralmente concediam pe-
quenos empréstimos a juros enormes porque corriam grande
risco, eram odiados e perseguido; desprezados em toda parte
como usurários. Os banqueiros italianos emprestavam dinheiro
39
Ibid., XIX 24.
40
Citado por R. H. Tawney. Religion and the Rise of Capitalism, Har-
court, Brace and Co., N. York, 1926, p. 36.
SURGEM NOVAS IDÉIAS 4
em grande escala, fazendo negócios enormes — e freqüente-
mente, quando seus juros não eram pagos, o próprio Papa ia co-
brá-los, ameaçando com um castigo espiritual! Mas a despeito
do fato de ser um dos maiores pecadora, a Igreja continuava a
gritar contra os usurários.
É fácil ver que a doutrina do pecado da usura iria limitar os
processos do novo grupo de comerciantes que desejava negociar
numa Europa em expansão comercialmente. Tornou-se na ver-
dade um obstáculo quando o dinheiro começou a ter um papel
cada vez mais importante na vida econômica.
A nascente classe média não guardava seu dinheiro em cai-
xas-fortes. (Esse hábito pertence ao período feudal, quando e-
ram limitadas as oportunidades de investimento,) O novo grupo
de mercadores podia empregar todo o dinheiro de que dispuses-
se — e mais ainda. Para manter seu negócio, para ampliar o
campo de suas operações e aumentar os lucros, o comerciante
precisava de mais dinheiro. Onde obtê-lo? Podia recorrer aos
que emprestavam, aos judeus, como Antônio, o Mercador de
Veneza, recorreu a Shytock, o Judeu. Ou podia procurar comer-
ciantes maiores — alguns dos quais haviam deixado de comer-
ciar com mercadorias para comerciar com dinheiro — e que e-
ram os grandes banqueiros do período. Não era fácil, porém.
Essa lei da Igreja barrava o caminho, proibindo aos banqueiros
ou usurários o empréstimo a juros.
Que aconteceu então, quando a doutrina da Igreja, destinada
a uma economia antiga, chocou-se com a força histórica repre-
sentada pelo aparecimento da classe de comerciantes? Foi a
doutrina quem cedeu. Não de uma só vez, evidentemente. Len-
tamente, centímetro por centímetro, nas novas leis que diziam:
“A usura é um pecado — mas, sob certas circunstâncias... “, ou
então: “Embora seja pecado exercer a usura, não obstante em
casos especiais...”
Os casos especiais que neutralizavam a doutrina da usura
são esclarecedores. Se o banqueiro B emprestasse dinheiro ao
comerciante M, não estava certo que cobrasse juros pelo em-
préstimo Mas, dizia a Igreja, como o comerciante M ia usar o
dinheiro que tomara emprestado do banqueiro B para uma aven-
tura comercial na qual toda a importância poderia ser perdida,
era então justo que M devolvesse a B não-só o que lhe tomara
emprestado, mas também um pouquinho mais — para compen-
sar B do risco que correra.
Ou então, se o banqueiro B tivesse guardado o dinheiro, poderia tê-lo
empregado para obter lucro, sendo por isso justo que o comerciante M ao
devolver o empréstimo pagasse um pouco mais, para compensar ao banqueiro a
não-utilização do dinheiro.
Dessa e de outras formas, a doutrina da usura foi modifica- da, para atender
às novas condições. É bastante significativo que Charles Dumoulin, advogado
francês que escreveu no sécu- lo XVI, tenha alegado a “prática comercial diária”
como justifi- cativa para a legalização de uma “usura moderada e aceitável”. Eis
aqui sua argumentação: “A prática comercial diária mostra que a utilidade do
uso de uma soma considerável de dinheiro não é pequena nem permite dizer que
o dinheiro por si não fruti- fica; pois nem mesmo os campos frutificam
sozinhos, sem gas- tos, trabalho e indústria dos homens; o dinheiro, da mesma
for- ma, mesmo quando deve ser devolvido dentro de um prazo, proporciona
nesse período um produto considerável, pela indús- tria do homem. E por vezes
priva a quem empresta de tudo a- quilo que traz a quem o toma emprestado
Portanto, toda a con- denação, todo o ódio à usura, deve ser compreendido como
a- plicável à usura excessiva e absurda, não usura moderada e a- ceitável.” 41
Assim, aos poucos foi desaparecendo a doutrina da usura da Igreja, e “a
prática comercial diária” passou a predominar. Crenças, leis, formas de vida em
conjunto, relações pessoais — tudo se modificou quando a sociedade ingressou
em nova fase de desenvolvimento.
41
A. E. Monroe, Earty Ecowomic Thought, Harvard University Press, 1924, pp. 113-4