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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

KEOS
Nº 70078009297 (Nº CNJ: 0166141-72.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO


ESPECIFICADO. AÇÃO DE CANCELAMENTO
DE REGISTRO.

JULGAMENTO MONOCRÁTICO.
POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO SINGULAR
COM FUNDAMENTO NO DISPOSTO PELO
ARTIGO 932, INCISOS III E V, ALÍNEAS “A”,
“B” E “C”, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
E NA ORIENTAÇÃO CONTIDA NO
ENUNCIADO DA SÚMULA 548 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

EXTINÇÃO DO FEITO POR PRETENSA


ILEGITIMIDADE PASSIVA. ÓRGÃO
MANTENEDOR DO CADASTRO DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO QUE SE AFIGURA
COMO PARTE LEGÍTIMA PARA FIGURAR NO
PÓLO PASSIVO DA DEMANDA, NOS TERMOS
DA SÚMULA 359 DO SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA, INCLUSIVE QUANTO A DADOS
OBTIDOS JUNTO AO BANCO CENTRAL POR
EMISSÃO DE CHEQUES SEM FUNDO - CCF E
ÓRGÃOS CONVENIADOS. POSSIBILIDADE
DE IMEDIATO JULGAMENTO NOS TERMOS
DO DISPOSTO PELO ARTIGO 1.013, § 3º,
INCISO I, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.

DEVER DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA PELO


ÓRGÃO MANTENEDOR DOS CADASTROS
RESTRITIVOS DE CRÉDITO. NOS TERMOS
DO ENTENDIMENTO FIRMADO QUANDO DO
JULGAMENTO DOS RECURSOS ESPECIAIS
1061134/RS E 1083291/RS, PELO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, SOB O
RITO DAS DEMANDAS REPETITIVAS
(ARTIGO 1.036 DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL), OS ÓRGÃOS MANTENEDORES DE
CADASTROS POSSUEM LEGITIMIDADE
PASSIVA PARA AS AÇÕES QUE BUSCAM A
REPARAÇÃO DOS DANOS MORAIS E
MATERIAIS DECORRENTES DA INSCRIÇÃO,
SEM PRÉVIA NOTIFICAÇÃO, DO NOME DE
DEVEDOR EM SEUS CADASTROS
RESTRITIVOS, INCLUSIVE QUANDO AS
INFORMAÇÕES UTILIZADAS PARA A
NEGATIVAÇÃO SÃO ORIUNDAS DO CCF DO
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Nº 70078009297 (Nº CNJ: 0166141-72.2018.8.21.7000)
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BANCO CENTRAL OU DE OUTROS BANCOS


DE DADOS MANTIDOS POR ENTIDADES
DIVERSAS. DE MESMO MODO, REPUTA-SE
ILEGAL E PASSÍVEL DE CANCELAMENTO A
INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR EM
CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO
QUE TENHA SIDO REALIZADA SEM A
PRÉVIA NOTIFICAÇÃO EXIGIDA PELO
ARTIGO 43, § 2º, DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA REFORMADA. ÔNUS
SUCUMBENCIAIS INVERTIDOS.

RECURSO PROVIDO.

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

Nº 70078009297 (Nº CNJ: 0166141- COMARCA DE PORTO ALEGRE


72.2018.8.21.7000)

ELSON SILVA DA SILVA APELANTE

CAMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE APELADO


PORTO ALEGRE - CDL

DECISÃO M O N O C R ÁT I C A

Vistos.

De início, consigno a possibilidade de julgamento, na forma


monocrática, do presente recurso, frente à natureza da matéria que é
objeto da discussão nestes autos. Nesse sentido, a Súmula 548 do
Superior Tribunal de Justiça dispõe que “o relator, monocraticamente e no
Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso
quando houver entendimento dominante acerca do tema”.

Em idêntica linha, o novo Código de Processo Civil – em seu


artigo 932, inciso V, alíneas “a”, “b” e “c” – autoriza, de modo expresso, a
análise singular pelo julgador dos recursos de apelação que se mostrem
inadmissíveis, prejudicados ou que não tenham impugnado

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especificamente os fundamentos da decisão recorrida. Regra aplicável,


igualmente, àqueles que tenham como fundamento discussão acerca de
temas que já tenham sido objeto de Súmula dos Tribunais Superiores, do
próprio Tribunal julgador, de julgamento na forma repetitiva pelas citadas
Cortes e, ainda, nos casos em que se mostrem aplicáveis entendimentos
firmados em incidentes de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência. Assim dispõe o citado dispositivo:

Art. 932. Incumbe ao relator: [...].

III - não conhecer de recurso inadmissível,


prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão
recorrida; [...].

V - depois de facultada a apresentação de


contrarrazões, dar provimento ao recurso se a
decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior
Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução
de demandas repetitivas ou de assunção de
competência; [...]. (Grifado).

Feitas estas considerações e estando, portanto, justificado o


julgamento na forma monocrática, passo à análise da matéria devolvida à
apreciação neste grau recursal.

Trata-se de apelação interposta por ELSON SILVA DA SILVA


em face da sentença de extinção do processo sem resolução de mérito
proferida nos autos da ação de cancelamento de registro que move
contra CÂMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE PORTO ALEGRE - CDL, cujo
relatório e dispositivo transcrevo abaixo:

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ELSON SILVA DA SILVA ajuizou ação ordinária contra


CÂMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE PORTO
ALEGRE – CDL. Narrou a parte autora que foi inscrita
no rol de inadimplentes do réu. Insurgiu-se com
relação ao procedimento adotado, referindo não ter
recebido a notificação de que trata o §2º, do artigo
43, do Código de Defesa do Consumidor. Requereu a
procedência da ação para determinar o
cancelamento dos apontes. Pediu ainda, a
gratuidade judiciária. Instruiu a inicial com
documentos (fl. 05/07). Deferido o pedido de
gratuidade judiciária postulado pela parte autora e
indeferida a liminar (fl. 08). A ré, devidamente citada
(fl. 11v), apresentou contestação (fls. 12/24). No
mérito defendeu que a demanda é inócua, pois a
parte permanecerá registrada no CCF, além de que
caberia a própria CCF comunicar acerca do cadastro
do autor. Requereu a extinção ou a improcedência
do processo. Juntou documento (fl. 25). Houve
réplica (fl. 27). Intimadas as partes para informarem
sobre o interesse em conciliar (fl. 30), as partes não
manifestaram interesse na audiência de conciliação
(fl. 32/33). Determinada a intimação das partes para
dizerem sobre a legitimidade passiva (fl. 34), houve
manifestação da parte autora (fls. 38/42) e a parte
ré não se manifestou (fl. 43). Vieram conclusos. É o
relatório.

[...]

Isso posto, com fulcro nas razões expendidas, acolho


a preliminar de ilegitimidade passiva e JULGO
EXTINTO o processo sem resolução de mérito, com
amparo no art. 485, inc. VI, do CPC. Condeno a parte
autora ELSON SILVA DA SILVA ao pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios ao
patrono da parte ré CÂMARA DE DIRIGENTES E
LOJISTA DE PORTO ALEGRE – CDL, que fixo em
R$700,00, considerando o trabalho desenvolvido e
tempo despendido, sem necessidade de dilação
probatória, conforme artigo 85, §8º, do CPC. Estas
verbas restam com exigibilidade suspensa, uma vez
que a parte autora litiga sob amparo da AJG.

Em suas razões (fls. 48/53), o apelante defende a


necessidade de reforma da sentença. Refere, em síntese, que a recorrida
não comprovou nos autos o atendimento ao disposto no § 2º do artigo 43

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do Código de Defesa do Consumidor, mostrando-se, por isso, irregular a


inscrição junto aos órgãos restritivos de crédito. Salienta estar
demonstrado no caso em tela a legitimidade passiva do apelado pelo
apontamento de origem do CCF do BACEN, sendo necessária a
reformulação da sentença proferida. Ao final, afirma tratar-se de recurso
cabível de julgamento monocrático e requer o provimento do mesmo.

Apresentadas contrarrazões (fls. 57/62), vieram os autos


conclusos a este Tribunal de Justiça para julgamento. Verificada a
possibilidade de imediato julgamento do feito, a apelada restou intimada
a acostar aos autos os documentos comprobatórios da realização da
notificação prévia (fl. 64), tendo decorrido in abis o prazo legal sem
manifestação das partes interessadas (fl. 67).

É o relatório.

Da legitimidade passiva da demandada.

A CÂMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE PORTO ALEGRE -


CDL, como responsável pela divulgação das informações que fazem parte
do cadastro de inadimplentes, e por fazer parte do Sistema de Proteção
ao Crédito, tem o dever da prévia comunicação ao cadastramento no rol
de inadimplentes, pois gerencia o banco de dados. Não podendo, por esta
razão, furtar-se a sua responsabilidade, o que, por sua vez, afasta a
ilegitimidade passiva ad causam reconhecida pelo juízo de primeiro grau.
Ressalto, quanto ao ponto, que este Tribunal tem adotado o
entendimento segundo o qual o órgão que administra os cadastros de
proteção ao crédito possui sim legitimidade para responder a demanda
que tenha por objeto o descumprimento ao disposto pelo artigo 43, § 2º,
do Código de Defesa do Consumidor.

Isso porque, o fato de repassar a outrem as informações que


lhe são fornecidas o legitima para responder a demanda. Nesse contexto,
tem-se por inviável a manutenção do decreto de extinção do feito sem

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resolução do mérito e, por esta razão, imperativo o acolhimento do


recurso de apelação em relação a este ponto. Por consequência,
tratando-se o presente feito de demanda em que se encontram presentes
condições para o imediato julgamento, a par do que autoriza o artigo
1.013, § 3º, inciso I, do Código de Processo Civil, passo a análise do
recurso e de suas contrarrazões.

Adianto, outrossim, que assiste razão ao recorrente, sendo o


caso de procedência do pedido, vez que não comprovada a realização da
notificação prévia, pelo órgão mantenedor da anotação, relativamente à
inscrição negativa, oriunda do cadastro de cheques sem fundos – CCF (fl.
07), que é por ele impugnada. Nesse sentido, consoante entendimento já
consolidado no âmbito dos Tribunais Superiores, o dever dos órgãos
mantenedores dos registros restritivos de crédito é inconteste no que se
refere à necessidade de prévia notificação dos consumidores sempre que
procedida a inclusão de seu nome junto aos cadastros negativos. Essa é a
orientação expressa pelo enunciado da Súmula 359 do Superior Tribunal
de Justiça, que, por pertinente, abaixo transcrevo:

Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção


ao Crédito a notificação do devedor antes de
proceder à inscrição. Referência: Código de Defesa
do Consumidor. Artigo 43, § 2º. (Segunda Seção.
Enunciado aprovado em: 13/08/2008. DJe:
08/09/2008).

Trata-se de medida que visa proporcionar ao devedor a


ciência dos débitos pendentes e a oportunidade de regularizar, em tempo
hábil, sua situação, regularizando a pendência em momento anterior à
efetivação da restrição creditícia. Posicionamento que, inclusive, restou
consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento
do REsp. 1.061.134/RS, afetado à Segunda Seção da Corte Superior.
Referido recurso foi assim ementado:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS
MORAIS. INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE PROTEÇÃO
AO CRÉDITO SEM PRÉVIA NOTIFICAÇÃO.
LEGITIMIDADE PASSIVA DO ÓRGÃO MANTENEDOR
DO CADASTRO RESTRITIVO. DANO MORAL
RECONHECIDO, SALVO QUANDO JÁ EXISTENTE
INSCRIÇÃO DESABONADORA REGULARMENTE
REALIZADA, TAL COMO OCORRE NA HIPÓTESE DOS
AUTOS. I- Julgamento com efeitos do art. 543-C, § 7º,
do CPC. - Orientação 1: Os órgãos mantenedores
de cadastros possuem legitimidade passiva
para as ações que buscam a reparação dos
danos morais e materiais decorrentes da
inscrição, sem prévia notificação, do nome de
devedor em seus cadastros restritivos,
inclusive quando os dados utilizados para a
negativação são oriundos do CCF do Banco
Central ou de outros cadastros mantidos por
entidades diversas. - Orientação 2: A ausência de
prévia comunicação ao consumidor da inscrição do
seu nome em cadastros de proteção ao crédito,
prevista no art. 43, § 2º do CDC, enseja o direito à
compensação por danos morais, salvo quando
preexista inscrição desabonadora regularmente
realizada. Vencida a Min. Relatora quanto ao ponto.
II- Julgamento do recurso representativo. - É ilegal e
sempre deve ser cancelada a inscrição do
nome do devedor em cadastros de proteção ao
crédito realizada sem a prévia notificação
exigida pelo art. 43, § 2º, do CDC. - Não se
conhece do recurso especial quando o entendimento
firmado no acórdão recorrido se ajusta ao
posicionamento do STJ quanto ao tema. Súmula n.º
83/STJ. Recurso especial parcialmente conhecido e,
nesta parte, provido para determinar o
cancelamento da inscrição do nome do recorrente
realizada sem prévia notificação. Ônus
sucumbenciais redistribuídos. (REsp 1061134/RS.
Relatora: Ministra Nancy Andrighi. Órgão Julgador:
Segunda Seção. Data do Julgamento: 10/12/2008.
DJe: 01/04/2009). (Grifado).

Tem-se, ainda, que o reconhecimento do adimplemento,


pelos cadastros de inadimplência, da obrigação de notificação prévia
pressupõe, apenas, a simples demonstração de realização da postagem

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da correspondência destinada à ciência do devedor acerca da inscrição


de seu nome no respectivo registro negativo.

Desse modo, dispensam-se maiores formalidades, tais quais


o aviso de recebimento postal, consoante – também em sede de
julgamento repetitivo – entendeu o Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO


ESPECIAL. INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE PROTEÇÃO
AO CRÉDITO. PRÉVIA NOTIFICAÇÃO.
DESNECESSIDADE DE POSTAGEM DA
CORRESPONDÊNCIA AO CONSUMIDOR COM AVISO
DE RECEBIMENTO. SUFICIÊNCIA DA COMPROVAÇÃO
DO ENVIO AO ENDEREÇO FORNECIDO PELO CREDOR.
I- Julgamento com efeitos do art. 543-C, § 7º, do CPC.
- Para adimplemento, pelos cadastros de
inadimplência, da obrigação consubstanciada
no art. 43, §2º, do CDC, basta que comprovem
a postagem, ao consumidor, da
correspondência notificando-o quanto à
inscrição de seu nome no respectivo cadastro,
sendo desnecessário aviso de recebimento. - A
postagem deverá ser dirigida ao endereço fornecido
pelo credor. II- Julgamento do recurso representativo.
- A Jurisprudência do STJ já se pacificou no sentido
de não exigir que a prévia comunicação a que se
refere o art. 43, §2º, do CDC, seja promovida
mediante carta com aviso de recebimento. - Não se
conhece do recurso especial na hipótese em que o
Tribunal não aprecia o fundamento atacado pelo
recorrente, não obstante a oposição de embargos
declaratórios, e este não veicula sua irresignação
com fundamento na violação do art. 535 do CPC.
Súmula 211/STJ. - O STJ já consolidou sua
jurisprudência no sentido de que "a ausência de
prévia comunicação ao consumidor da inscrição do
seu nome em cadastros de proteção ao crédito,
prevista no art. 43, § 2º do CDC, enseja o direito à
compensação por danos morais, salvo quando
preexista inscrição desabonadora regularmente
realizada." (Recurso Especiais em Processos
Repetitivos nºs 1.061.134/RS e 1.062.336/RS). Não
se conhece do recurso especial quando o
entendimento firmado no acórdão recorrido se
ajusta ao posicionamento do STJ quanto ao tema.
Súmula n.º 83/STJ. Recurso especial improvido.
(REsp 1083291/RS. Relatora: Ministra Nancy

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2018/CÍVEL

Andrighi. Órgão Julgador: Segunda Seção. Data do


Julgamento: 09/09/2009. DJe: 20/10/2009). (Grifado).

A par de todas estas considerações, inexistindo


comprovação acerca da efetiva realização da notificação prévia, de forma
pretérita ao cadastramento negativo em discussão, tem-se por
imperativa a procedência do pedido inicial, autorizando-se, por
consequência, a exclusão do registro.

Vai, portanto, provido o recurso.

Diante do resultado do presente julgamento, resta invertida


a distribuição dos ônus de sucumbência, devendo a ré arcar com a
integralidade das custas processuais e honorários advocatícios devidos
em favor do procurador da parte autora.

Dispositivo.

Ante o exposto, dou provimento ao recurso.

Ônus sucumbenciais nos termos supra.

Intimem-se.

Porto Alegre, 01 de agosto de 2018.

DES.ª KATIA ELENISE OLIVEIRA DA SILVA,


Relatora.

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