Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ODONTOLOGIA
LEGAL
1
ODONTOLOGIA LEGAL
CÓDIGO DE ÉTICA ODONTOLÓGICA
2
ODONTOLOGIA LEGAL
III – Recusar-se a exercer a profissão em âmbito público ou privado onde as
condições de trabalho não sejam dignas, seguras e salubres.
o CAPÍTULO III – Dos deveres fundamentais:
- Art. 8º - CDs, técnicos e auxiliares devem cumprir e fazer cumprir os preceitos éticos
e legais da profissão.
- Art. 9º - Deveres fundamentais e sua violação caracteriza infração ética.
I – Manter regularizada suas obrigações financeiras junto ao Conselho
Regional.
II – Manter os dados cadastrais atualizados.
III – Zelar e trabalhar pelo desempenho da ética.
IV – Assegurar as condições adequadas para o desempenho ético-profissional
da Odontologia.
V – Exercer a profissão com comportamento digno.
VI – Manter atualizados os conhecimentos profissionais.
VII – Zelar pela saúde e pela dignidade do paciente.
VIII – Resguardar o sigilo profissional.
IX – Promover a saúde coletiva no desenvolvimento de suas funções, cargos e
cidadania, independente de exercer a profissão no setor público ou privado.
X – Elaborar e manter atualizados os prontuários na forma das normas em
vigor, incluindo os prontuários digitais.
XI – Apontar falhas nos regulamentos e nas normas das instituições em que
trabalhe, quando as julgar indignas para o exercício da profissão ou
prejudiciais ao paciente, devendo dirigir-se, nesses casos, aos órgãos
competentes.
XII – Promulgar pela harmonia na classe.
XIII – Abster-se da prática de atos que impliquem mercantilização da
Odontologia ou sua má conceituação.
XIV – Assumir responsabilidade pelos atos praticados, ainda que estes tenham
sido solicitados ou consentidos pelo paciente ou seu responsável.
XV – Resguardar sempre a privacidade do paciente.
XVI – Não manter vínculo com entidade, empresas ou outros desígnios que os
caracterizem como empregado, credenciado ou cooperado quando as mesmas
se encontrarem em situação ilegal, irregular ou inidônea.
XVII – Comunicar aos conselhos regionais sobre atividades que caracterizem o
exercício ilegal da Odontologia e que sejam de seu conhecimento.
XVIII – Encaminhar o material ao laboratório de prótese dentária devidamente
acompanhada de ficha específica assinada.
o CAPÍTULO IV – Das autorias e perícias odontológicas:
- Art. 10º - Constitui infração ética:
I – Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir como
perito ou auditor, assim como ultrapassar os limites de suas atribuições e de
sua competência.
II – Intervir, quando na qualidade de perito ou auditor, nos atos de outro
profissional, ou fazem qualquer apreciação na presença do examinado,
3
ODONTOLOGIA LEGAL
reservando suas observações, sempre fundamentadas, para o relatório
sigiloso e lacrado, que deve ser encaminhado a quem de direito.
III – Acumular as funções de perito/auditor e procedimentos terapêuticos
odontológicos na mesma entidade prestadora de serviços odontológicos.
IV –
V – Negar, na qualidade de profissional assistente, informações odontológicas
consideradas necessárias ao pleito da concessão de benefícios
previdenciários, sobre seu paciente.
VI – Receber remuneração, gratificação ou qualquer outro benefício por
valores vinculados à glosa ou ao sucesso da causa.
VII – Realizar ou exigir procedimentos prejudiciais aos pacientes e ao
profissional, contrário às normas de vigilância.
o CAPÍTULO V – Do relacionamento:
- Seção I – Com o paciente:
Art. 11º - Constitui infração ética:
I – Discriminar o ser humano de qualquer forma ou sob qualquer
pretexto.
II – Aproveitar-se de situações decorrentes da relação
profissional/paciente para obter vantagem física, emocional, financeira
ou política.
III – Exagerar em diagnóstico, prognóstico ou terapêutica.
IV – Deixar de esclarecer adequadamente os propósitos, riscos, custos
e alternativas do tratamento.
V – Executar ou propor tratamento desnecessário.
VI – Abandonar paciente, salvo por motivo justificável, circunstância em
que serão conciliados os honorários e que deverá ser informado ao
paciente ou ao seu responsável legal de necessidade da continuidade
do tratamento.
VII – Deixar de atender paciente que procure cuidados profissionais em
caso de urgência, quando não haja outro CD em condições de fazê-lo.
VIII – Desrespeitar ou permitir que seja desrespeitado o paciente.
IX – Adotar novas técnicas ou materiais que não tenham efetiva
comprovação científica.
X – Iniciar qualquer procedimento com o consentimento do paciente,
exceto em casos de urgência ou emergência.
XI – Delegar a profissionais técnicos ou auxiliares atos ou atribuições
exclusivas da profissão de CD.
XII – Opor-se a prestar esclarecimentos e/ou fornecer relatórios sobre
diagnósticos e terapêuticas, realizados no paciente, quando solicitados
pelo mesmo, por seu representante legal ou nas formas previstas em
lei.
XIII – Executar procedimentos como técnico em prótese, técnicos, além
daqueles discriminados na lei que regulamenta a profissão e nas
resoluções do Conselho Federal.
4
ODONTOLOGIA LEGAL
XIV – Propor ou executar tratamento fora do âmbito da Odontologia.
- Seção II – Com a equipe de saúde:
Art. 12º - No relacionamento entre os inscritos, sejam pessoas físicas ou
jurídicas, serão mantidos o respeito, a lealdade e a colaboração técnico-
científica.
Art. 13º - Constitui infração ética:
I – Agenciar, aliciar ou desviar paciente de colega.
II – Assumir emprego ou função sucedendo o profissional demitido ou
afastado em represália por atitude de defesa.
III – Praticar ou permitir que se pratique concorrência desleal.
IV – Ser conivente em erros técnicos ou infrações éticas, ou com
exercício irregular.
V – Negar, injustificadamente, colaboração técnica de emergência ou
serviços
VI – Criticar erro de colega ausente.
VII – Explorar colega nas relações de emprego ou quando compartilhar
honorários, descumprir ou desrespeitar a legislação.
VIII – Ceder consultório a colega inadimplente.
o CAPÍTULO VI – Do sigilo profissional
o CAPÍTULO VII – Dos documentos odontológicos
o CAPÍTULO VIII – Dos honorários profissionais
o CAPÍTULO IX – Das especialidades
o CAPÍTULO XVI – Do anúncio, da propaganda e da publicidade:
- Técnicos e auxiliares é vedado a eles propaganda dirigidas ao público em geral.
- Serão permitidas apenas propagandas em revistas especializadas, exceto ao
auxiliar de Saúde Bucal, com o nome do profissional ou laboratório.
5
ODONTOLOGIA LEGAL
EXERCÍCIO LÍCITO E ILÍCITO DA ODONTOLOGIA NO BRASIL
6
ODONTOLOGIA LEGAL
Atestado falso é crime – Crime Falsidade ideológica Artigo 302
Código Penal: Detenção de um mês a um ano. E se, o crime é com fins
de lucro, aplica-se também multa.
Omitir documento público ou particular declaração que dele deveria
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da
que devia ser escrita, com o fim prejudicar direito, criar obrigação ou
alterar a verdade sobre o fato juridicamente relevante: Pena- reclusão,
de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de
um a três anos, e multa, se o documento é particular.
Componentes de um atestado:
Qualificação do profissional – Nome, profissão, CRO, endereço,
telefone.
Qualificação do paciente – Nome, RG.
Finalidade específica do atestado – Para fins trabalhistas, escolares,
esportivos.
Afirmar que o paciente esteve sob os cuidados profissionais, sem
especificar a natureza do atendimento (Sigilo profissional) – Código
Internacional de Doenças (Colocar o CID apenas se o paciente
autorizar).
Colocar o horário do início do atendimento e o fim, impossibilidade de
comparecer ao trabalho (Diz o motivo).
Deve permanecer em repouso (Diz quantos dias).
Conclusão – Relativa às consequências: Esteve sob os cuidados
profissionais de tal hora a tal hora; Impossibilidade de comparecimento
ao trabalho; Deve permanecer em repouso por um ou mais dias.
Deve conter local, data e assinatura.
ATESTADO
Atesto para fins trabalhistas, que a Sra. Patrícia Amanda da Silva Andrade portadora
da cédula de RG 2006029197520, esteve nesta data sobre meus cuidados
profissionais das 18h ás 21h devendo permanecer dois dias de repouso.
Local e data
Assinatura do profissional.
7
ODONTOLOGIA LEGAL
Determinação da embriaguez alcoólica
Âmbito Trabalhista:
Acidente – Tipo
Doenças profissionais com manifestação bucal
Doenças profissionais do Cirurgião Dentista
- Aplicar anestesia local ou troncular.
- Empregar a analgesia e hipnose, desde que comprovadamente habilitado, quando
constituírem meios eficazes para o tratamento.
- Manter anexo ao consultório o aparelho de Rx.
- Prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que
comprometam a vida e a saúde do paciente.
- Utilizar função de perito em casos de necropsia.
o É vedado ao Cirurgião Dentista:
- Expor em público trabalhos odontológicos e usar de artifícios de propaganda para
granjear clientela (Facebook, Instagram, etc).
- Anunciar cura de determinadas doenças, para as quais não haja tratamento eficaz.
- Exercício de mais de duas especialidades (Pode exercer, porém não pode divulgar
mais de duas).
- Consultas mediante correspondência, rádio, televisão ou meios semelhantes.
- Prestação de serviço gratuito em consultórios particulares.
- Divulgar benefícios recebidos de clientes.
- Anunciar preços de serviços modalidade de pagamento e outras formas de
comercialização clínica que significa competição desleal.
o Exercício Ilícito da Odontologia:
- Exercício ilegal (Art. 282):
Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
farmacêutico sem autorização legal ou exercendo-lhes os limites:
Sem autorização legal
Exercer os limites
Pena – Detenção seis meses a dois anos. Parágrafo-único: Se o crime é
praticado para o fim de lucro aplica-se multa.
Jurisprudência = Habilidade
Diz em que você vai ser enquadrado
Tendo sido apenado com suspensão do exercício profissional, continuar
exercendo sua atividade odontológica durante o período de suspensão.
O Cirurgião-dentista e o exercício ilegal:
Após ter concluído o curso sem o diploma (Declaração de conclusão e ir
ao CRO fazer a carteira provisória).
Quando diplomado em escola por estrangeira exerce sua atividade
profissional no Brasil sem, entretanto, proceder á revalidação do
diploma e aos seus registros que se fizerem necessários.
Praticar intervenção fora área da atuação de competência do cirurgião-
dentista.
8
ODONTOLOGIA LEGAL
Ilícito administrativo cometido pelo cirurgião-dentista tendo sido
apenado com suspensão do exercício profissional, continuar exercendo
sua atividade odontológica durante o período de sua suspensão.
Tendo sido transferido para outro estado sem providência decorrido ao
prazo de 90 dias a transferir sua inscrição para o CRO sobre cuja
jurisdição passou a atuar.
Imprudência do exercício ilegal da Odontologia:
Imprudência do exercício ilegal da Odontologia.
Profissional não inscrito no conselho inocorrente, incontínuo, exercendo
sua atividade como portador de diploma registrado nas repartições
federais competentes sem contido estar inscrito no CRO não estar o
dentista praticando o artigo 282 do Código Penal.
Mas se infringir normas administrativas circunstanciadas quem seja
sanções correspondentes inclusive um fechamento do gabinete
dentário, pois nesse crime o dolo há de ocorrer contra a saúde pública e
não contra administração do serviço privada.
Causas do exercício ilegal:
Má distribuição dos profissionais
Pobreza ambiental e ignorâncias das populações (Instalações de
consultórios na periferia).
Credulidade humana (Mal caráter)
Ineficiência dos serviços de fiscalização (CRO)
Cumplicidade dos chefes políticos
Má formação técnica e deontológica dos CDs
Não cumprimento do estado e suas obrigações
- Charlatanismo (Art. 283):
“Conversar muito, tagarelar e iludir é típico do charlatão”.
Profissional de triste figura que usa e abusa do exibicionismo, com artifícios da
artimanha para engabelar a clientela (Graça Leite).
Vontade consciente e livre de anunciar e inculcar meio de tratamento, curas
infalíveis, de maneira secreta. (Conhecimento da fraude).
Simulação de dificuldade diagnóstica.
Consultas inúteis e terapêuticas desnecessárias.
Publicações eloquentes de agradecimentos e elogios pelos pacientes.
Simulação de meios que não possuem.
Pena: Detenção de três meses a um ano e multa.
Charlatões inconscientes:
Os profissionais despreparados e ultrapassados, que não procuram
acompanhar o progresso de sua ciência não podem ser considerados
infratores, pois a ignorância o atraso e a falta de motivação para o
estudo não caracteriza o dole.
9
ODONTOLOGIA LEGAL
Tipos:
Estacionários – São aqueles que descuidam aprimoramento da
leitura permanecendo no que aprenderam ou em situação mais
precária do que iniciaram.
Superficiais – Quase não olham para o paciente, preenchem
seus receituários sem cuidados necessários e se restringem
somente ao tratamento sintomático.
Sistemáticos – São os que conhecem duas ou mais drogas,
previamente formulada receitando-as para todos os casos.
Causas do charlatanismo:
Má formação odontológica e técnica
Concorrência predatória
Ganância ou vaidade do profissional
Fragilidade moral do profissional
- Curandeirismo (Art. 284):
Exercer o curandeirismo prescrevendo ministrando ou aplicando habitualmente
qualquer substancia usando gestos, palavras ou qualquer outro meio.
Jurisprudência: Há perigo a saúde se for comprovado a habitualidade com que
o acusado ministrava “posses” e obrigavam adultos e adolescentes a ingerir
sangue de animais e bebidas alcoólicas colocando em perigo a saúde e
levando adolescentes a dependência ao álcool.
Prescrever, ministrar, gestos, palavras ou fazer diagnósticos.
Pena: Detenção de seis meses a dois anos. Se o crime é praticado mediantes
remuneração o agente fica sujeito à multa.
o Competências das demais categorias profissionais ligadas à Odontologia:
Técnicos em próteses dentárias:
Executar a partes mecânicas dos trabalhos odontológicos.
Ser responsável perante os serviços de fiscalização respectivos pelo
cumprimento disfunções legais que regem a matéria.
Ser responsável pelo treinamento de auxiliares e serventes do laboratório de
prótese dentaria.
Prestar sobre qualquer forma assistência direta a clientes.
Manter em sua oficina equipamentos e instrumentais específicos no
consultório odontológico.
Fazer propaganda de seus serviços ao publico em geral.
Técnicos em higiene dental:
Participar do treinamento de atendente de consultórios dentários.
Colaborar programas educativos em saúde bucal.
Colaborar em levantamentos de estudos epidemiológicos como coordenador,
monitor ou anotador.
Educar e orientar os pacientes ou grupo de pacientes sobre prevenção e
tratamento de doenças bucais.
Fazer demonstrações de técnica de escovação.
Responder pela administração da clinica.
10
ODONTOLOGIA LEGAL
Supervisionar sobre delegação o trabalho dos atendentes de consultórios
dentários.
Fazer a tomada e a revelação do raio-x e radiografias intra-orais.
Realizar teste de vitalidade pulpar.
Realizar remoção de indultos, placas e cálculos supragengivais.
Executar a aplicação de substancias para a prevenção de cárie dentaria.
Inserir e condensar substancia restauradora.
Polir restaurações.
Proceder à antissepsia do campo operatório antes e após os atos cirúrgicos.
Remoção de sutura.
Confeccionar modelo e preparar moldeira.
Técnicos em higiene dental:
Exercer a atividade de forma autônoma.
Prestar serviço direto ou indiretamente a paciente sem supervisão do cirurgião
dentista.
Realizar na cavidade bucal dos pacientes procedimentos não discriminados no
artigo 20 nessas normas.
Fazer propaganda dos seus serviços mesmo em revistas ou jornais
especializados na área odontológica.
Auxiliares em saúde bucal:
Orientar os pacientes sobre a higiene bucal.
Marcar consultas.
Preencher e anotar fichas clínicas.
Manter em ordem arquivos em fichários.
Controlar o movimento financeiro.
Revelar e montar radiografias intra-orais.
Preparar o paciente para o atendimento.
Auxiliar no atendimento ao paciente.
Instrumentar o cirurgião dentista e o técnico junto á cadeira operatória.
Promover isolamento no campo operatório.
Manipular material odontológico.
Seleção de moldeira.
Confecção de modelos de gesso.
Aplicar métodos preventivos ao controle da cárie.
Proceder á conservação e manutenção do equipamento odontológico.
Auxiliares:
Exercer a atividade de forma autônoma.
Prestar assistência direta ou indireta a paciente sem a supervisão do cirurgião
dentista ou técnico.
Realizar na cavidade bucal dos pacientes procedimentos não discriminados no
artigo 19 nessas normas.
Fazer propaganda dos seus serviços revistas, jornais, na área odontológica.
11
ODONTOLOGIA LEGAL
Auxiliares de prótese:
Reprodução de modelo.
Vazamento de modelos em seus diversos tipos.
Montagem de modelos nos diversos tipos de articuladores.
Prensagem de peças protéticas em resina acrílica.
Fundição em metais.
Casos simples de inclusão.
Contenção de moldeira individual com material indicado.
Curetagem de acabamento e polimento das peças protéticas.
12
ODONTOLOGIA LEGAL
PRONTUÁRIO ODONTOLÓGICO
o Introdução:
- Como herança direta do pensamento grego, notadamente aristotélico, nossa ciência
nasceu, cresceu e amadureceu sempre observando, classificando, organizando e
arquivando.
- Na Odontologia, o profissional deve cuidar do registro clássico, documentando e
arquivando tudo dos pacientes, no sentido de melhor guardar as informações.
- Nos consultórios médicos, temos assistido a uma verdadeira história coletiva, que se
iniciou com o erro médico e que, aos poucos, os cirurgiões-dentistas têm sido
vítimas de inúmeras tentativas dessa epidemia, vitimados pelo cometimento de erros
odontológicos.
- O prontuário tem função de guardar as suas informações técnico-profissionais, bem
como e por quanto tempo guardar a documentação odontológica. No “crescente”
número de processos por responsabilidade profissional, com frequência o dentista
nem sempre consegue provar que trabalhou corretamente.
- A necessidade do prontuário surgiu através de uma pressão sobre o CFO para
institucionalizar o uso de prontuário, sendo hoje presentes como prática obrigatória
no Código de Ética.
- Atende a “uma orientação para o cumprimento da exigência” contida no Capítulo III,
dos deveres fundamentais, Código de Ética Odontológica, Art 5, Incidivo VIII.
Elaborar e manter atualizados os prontuários de pacientes, conservando-os em
arquivo próprio.
- Proposição: Elaborar um modelo de prontuário odontológico.
- Finalidade: Resguardar os profissionais em questões éticas e legais.
o Deve ser considerado em três parâmetros:
- Clínico: A formação odontológica e a vasta literatura odontológica, oferecendo os
subsídios necessários para elaboração dessa documentação. (Escrever aquilo que o
paciente falou como queixa principal e em alguns casos colocar entre aspas).
- Administrativo e legal: A documentação de todas as fases da atuação profissional é
de suma importância, pois está intimamente ligada com o clínico, proposto no seu
plano de tratamento, podendo a falta ou falha dessa documentação comprometer a
sua validade sobre o aspecto legal (Fazer um procedimento e esquecer-se de pedir
para o paciente assinar ou dar a sua anuência).
o Para que serve o prontuário?
- Identificação de cadáveres
- Defesa dos profissionais em ações judiciais
- Recuperação do plano de tratamento
o Divisão:
- Documentação fundamental:
Identificação
Anamnese
Exame clínico
Plano de tratamento
13
ODONTOLOGIA LEGAL
- Documentos suplementares:
Receitas
Modelos
Radiografias
Pareceres
Atestados
Encaminhamentos
o Sem priorizar uns documentos sobre os outros, há três dentre eles que, merecem ser
destacados:
- Ficha clínica: Porque é um perfil geral do paciente.
- TCLE: Prova a autorização dos procedimentos (Outorga)
- Contrato de prestação de serviços profissionais: É uma proteção tanto para
profissional e quanto para paciente.
o Importância da padronização:
- O modelo do odontograma proposto:
É utilizado pela Interpol, constituído pelas cinco faces coronárias.
Deve-se ainda utilizar para identificação dos elementos dentários, o sistema
decimal, utilizado pela Federação Dentária Internacional (FDI).
- No quadro de evolução dos procedimentos deve constar tudo relacionado ao
atendimento do paciente, como faltas, atestados, exames de imagem e laboratoriais.
NÃO DEVEM SER USADAS ABREVIAÇÕES.
o A quem pertence o prontuário?
- Ao paciente, muito embora na posse seja sob a guarda do cirurgião-dentista. Se
necessário, poderá guardar uma cópia.
o Qual o tempo de guarda?
- 10 anos da data da última consulta.
- O ideal é guardar para vida toda.
o Atestado:
- Deverá fazer cópia de atestado ou declaração. O paciente deve assinar como sinal
de recebimento e anuência, anexando a cópia ao prontuário.
14
ODONTOLOGIA LEGAL
RESPONSABILIDADES DO CIRURGIÃO-DENTISTA
15
ODONTOLOGIA LEGAL
o Iatrogenia
o Acidente:
- Mais inesperado do que imprevisível, pode ocorrer tanto no processo diagnóstico
quanto no terapêutico.
o Aumentaram os processos contra os cirurgiões-dentistas? SIM!!! Devido aos acessos aos
meios de comunicação.
- Por que aumentaram?
Código de Defesa do Consumidor.
o Direitos Básicos do Consumidor:
- Informação adequada
- Proteção contra publicidade abusiva
- Práticas ou cláusulas abusivas no fornecimento de produtos e serviços
- Adequada e eficaz prestação dos serviços de saúde pública
- Reexecução dos serviços já pagos
- Abatimento proporcional ao preço
- Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do
produto
- O código exige que a publicação seja clara e entendível
o Processos abertos contra CDs:
- Uso de técnicas experimentais
- Quebra de sigilo
- Propaganda enganosa
o Como se defender?
- Prontuários bem feitos
- Ficha clínica personalizada
- Anamnese
- Exames
- Odontograma
- Justificativas (Facilidade de interpretação mundialmente)
- Plano de tratamento
- Rx
- Documentação suplementar
Faltas / Abandono do tratamento / Rechamadas
Atestados
Receitas
Fotografias (Antes e depois)
Recibos
TCLE – Há também a documentação de revogação (Que é um contrato de
cancelamento do tratamento), deve guarda-lo por 10 anos.
16
ODONTOLOGIA LEGAL
COMUNICAÇÃO NA ODONTOLOGIA
18
ODONTOLOGIA LEGAL
HONORÁRIOS PROFISSIONAIS
o Honorários: Forma de pagamento que fazem jus os profissionais liberais pelo serviço que
presta.
o Formas de remuneração:
- Salário: Forma mais comum de ser usada
- Vencimento
- Soldo: Pessoal da área militar
- Lucro: Pessoal da área empresarial
- Honorários
o Dúvidas:
- Qual o valor correto que eu devo cobrar por procedimento?
- Qual o valor da minha hora clínica?
- Quanto meu cliente pode pagar pelo procedimento?
- Quanto o mercado de trabalho cobra por este procedimento?
- Quanto ele me custa?
- Qual é a minha margem de lucro?
- Como e até quanto eu posso parcelar ou financiar este procedimento?
o Que critérios deve-se levar em consideração para estipular honorários?
- O profissional:
Notoriedade
Cursos realizados
Títulos obtidos
Capacitação geral
Instalações do consultório
Local do consultório
- O cliente:
O cliente é fundamental
Situação sócio-econômica
- A doença:
Diferenças de complexidades
Não demorar no tratamento que poderia ser feito em poucas sessões
- A importância do trabalho executado:
Complexidade do tratamento
Custo do material
Tempo de trabalho
Valor artístico do trabalho
Urgência do trabalho
- A condição do meio:
Localização do consultório
Público da cidade em que trabalha (Ex: Cidade pequena X Cidade grande)
Verificar preços vigentes na área
Acatar o sistema local de pagamento
Influência do custo material
19
ODONTOLOGIA LEGAL
Concorrência desleal
o Quem deve os honorários?
- Paciente ou responsável (Quando é o paciente é incapaz)
- Incapaz – Responsável – Menor de idade
- Necessidade da assinatura da autorização para o tratamento
o Gratuidade do serviço:
- Quando o profissional fez promessa de não cobrar
- Quando obteve dos pacientes relevantes favores pessoais
- Quando há parentesco entre o profissional e paciente
- Quando o paciente é um colega no exercício da profissão na mesma localidade ou
pessoa mantida por ele
- Relações notórias e íntimas de amizade
o Art. 19 – Na fixação dos honorários, serão considerados:
- I – Condição sócio-econômica do paciente e da comunidade
- II – O conceito do profissional
- III – O costume do lugar
- IV – A complexidade do caso
- V – O tempo utilizado no atendimento
- VI – O caráter de permanência, temporariedade ou eventualidade do trabalho
- VII – Circunstância em que tenha sido prestado o tratamento
- VIII – A cooperação do paciente durante o tratamento
- IX – O custo operacional; e,
- X – A liberdade para arbitrar seus honorários, sendo vedado o avitamento
(Avitamento é fazer algo de forma desonrosa, cobrar bem mais caro que os outros)
profissional.
- Parágrafo único: O profissional deve arbitrar o valor da consulta e dos
procedimentos odontológicos, respeitando as disposições deste Código e
comunicando previamente ao paciente os custos dos honorários profissionais.
o Art. 20 – Constitui infração ética:
- I – Oferecer serviços gratuitos a quem possa remunerá-los adequadamente
- II – Oferecer seus serviços profissionais como prêmio em concurso de qualquer
natureza
- III – Receber ou dar gratificação por encaminhamento de paciente
- IV – Instituir cobrança através de procedimento mercantilista
- V – Abusar da confiança do paciente submetendo-o a tratamento de custo
inesperado
- VI – Receber ou cobrar remuneração adicional de paciente atendido em instituição
pública, ou sob convênio ou contrato
- VII – Agenciar, aliciar ou desviar, por qualquer meio, paciente de instituição pública
ou privada para clínica particular
- VIII – Permitir o oferecimento, ainda que de forma indireta, de seus serviços, através
de outros meios como forma de brinde, premiação ou descontos
- IX – Divulgar ou oferecer consultas e diagnósticos gratuitos ou sem compromisso; e,
20
ODONTOLOGIA LEGAL
- X – A participação do cirurgião-dentista e entidades prestadoras de serviços
odontológicos em cartão de descontos, caderno de descontos, “gift card” ou “vale
presente” e demais atividades mercantilistas.
- Art. 21 – O cirurgião-dentista deve evitar o avitamento ou submeter-se a tal situação,
inclusive por parte de convênios e credenciamentos, de valores dos serviços
profissionais fixados de forma irrisória ou inferior aos valores referenciais para
procedimentos odontológicos.
o Cobrar ou não cobrar a primeira consulta?
- Importância: As sessões de exame clínico e apresentação do plano de tratamento
são os momentos mais importantes do envolvimento clínico entre o paciente e o
profissional.
- A comissão Nacional de Convênios e Credenciamentos considera que deve ser de
40 minutos.
21
ODONTOLOGIA LEGAL
DOCUMENTOS ODONTOLEGAIS
o Documento:
- É toda demonstração ou declaração escrita, resultante da atividade humana, com
finalidade de constituir prova de determinados fatos de interesse do direito.
- Etimologia da palavra: “Documentu”, do verbo docere que significa mostrar, ensinar
e indicar.
- É o conjunto das declarações, orais ou escritas, firmadas por CD, no exercício da
profissão, para servir como prova, que podem ser utilizadas com finalidade jurídica.
o Classificação dos documentos odontolegais:
- Quanto à procedência:
Oficial: É aquele oriundo de uma repartição ou dependência oficial, como o
Centro de Saúde, o Instituto Médico Legal (IML), ou de um profissional que, no
momento de expedi-lo, esteja em uso e gozo de cargo ou função pública.
Oficioso: É todo documento emitido pelo CD, em consultório particular ou em
qualquer local ou instituição, desde que não esteja submetido ao vínculo do
cargo ou função pública.
- Quanto à finalidade:
Administrativo: É todo documento produzido por CD, e que se destina a ser
apresentado perante qualquer pessoa, empresa, instituição ou repartição.
Judicial: É qualquer documento feito pelo CD que se destina a ser utilizado nos
autos de processo judicial (Ex: Atestado, para justificar ausência de
testemunha em audiência; Parecer, para alicerçar ação indenizadora).
- Quanto ao conteúdo:
Verdadeiro: Diz-se daquele documento emitido por CD e cujo texto é a mera
expressão da verdade, isto é, contém dados técnicos de fatos que realmente
foram constatados no paciente.
Falso: É todo documento cujo conteúdo difere da realidade ou não é a
expressão da verdade. Seu autor está sujeito as penas que a lei impõe para
tanto.
o Tipos de documentos odontolegais:
- Notificação ou Comunicação compulsória
- Atestado: “É a afirmação simples e por escrito de um fato odontológico e suas
consequências”. É competência do CD atestar, no setor de sua atividade
profissional, estados mórbidos e outros e, inclusive, para justificação de faltas às
tarefas habituais.
Tipos de atestados:
Oficiosos ou clínicos: São os mais comumente fornecidos. Geralmente
são solicitados pelo próprio interessado para justificar faltas ao trabalho
ou outras atividades, estados de sanidade ou morbidade. Podem ser
redigidos em qualquer tipo de papel, desde que contenha identificação
do profissional (Nome, profissão e número do CRO) e do paciente. No
entanto, é aconselhável utilizar o bloco de receituário profissional.
22
ODONTOLOGIA LEGAL
Administrativos: São atestados exigidos por determinadas repartições
públicas ou fornecidos por profissionais credenciados pelas mesmas.
Geralmente são feitos em impressos oficiais das próprias repartições.
Judiciários: São os atestados que são solicitados por autoridades
judiciárias. Ex: Obrigações eleitorais; Sanidade mental.
Elementos constitutivos dos atestados:
O paciente
O fato odontológico
As consequências do fato
O profissional competente para assinar
- Relatório: É um documento descrito de forma minuciosa, obedecendo à determinada
formalidade, que deve contribuir com o esclarecimento de um ou mais fatos de
ordem odontológica. Quando é escrito pelo próprio perito: laudo (Ex: Laudo de
exame de corpo de delito). Quando é ditado pelo perito ao escrivão: auto (Ex: Ata de
exumação).
Partes do relatório:
Preâmbulo – É a introdução, nele devem constar: O local, a data, a hora
da perícia, a autoridade requisitante, a identificação do(s) perito(s)
designado(s), a identificação do periciado, o exame a ser realizado e os
quesitos a serem respondidos.
Histórico ou comemorativo – É um relato sucinto, ainda que completo,
do fato justificador do pedido de perícia. Esta parte deve ser creditada
ao periciado, não se deve imputar ao perito nenhuma responsabilidade
sobre o conteúdo.
Descrição – Contem todos os detalhes, os achados objetivos e
subjetivos dos exames realizados. É a parte mais importante do relatório
médico (Odonto-legal). Devem ser escritas todas as particularidades
que a lesão apresenta, tipo, forma, direção, número, idade, situação,
extensão, largura, disposição e profundidade.
Discussão – É o debate, a confrontação de hipóteses, as controvérsias
possíveis de cada caso. Onde os peritos expõem suas opiniões, os
achados objetivos e subjetivos. O termo discussão não quer dizer
conflito entre opiniões dos peritos, mas um diagnóstico lógico a partir de
justificativas racionais.
Conclusão – É a dedução tirada com a análise dos dados descrito e
discutidos, a posição final procurada pelo requerente da perícia.
Respostas aos quesitos – Permite a formação de juízos de valor, quer
pelas partes, quer pelo magistrado. São respondidos de forma clara e
objetiva, esclarecedora e fundamentada,
- Parecer: É a resposta escrita a uma consulta formulada com o intuito de esclarecer
questões de interesse jurídico, feita pela parte ou pelo advogado de uma das partes
em processo judicial, procurando interpretar e esclarecer dúvidas levantadas em
relação a um relatório odontolegal.
23
ODONTOLOGIA LEGAL
Partes do parecer:
Preâmbulo – É a introdução, nele devem constar além do nome, todos
os títulos do parecerista e o nome do consulente, bem como a forma
como foi feita a consulta, se por escrito ou oralmente.
Exposição de motivos – É um histórico do caso, onde são relatados os
motivos da consulta e transcritos os quesitos (Caso tenham sido
propostos).
Discussão – É a parte mais importante do parecer, onde é feita a
análise de fatos e documentos, formuladas hipóteses plausíveis feitas
às deduções fundamentadas, que servirão de alicerce para a elucidação
das questões propostas.
Conclusão – É a parte em que a parecerista colocará de maneira
concisa a maneira de ver e interpretar os fatos.
Respostas aos quesitos – Permitirão a formação de juízos de valor, pelo
consulente.
- Depoimento oral
- Consulta
24
ODONTOLOGIA LEGAL
ESTOMATOLOGIA DO TRABALHO E INFORTUNÍSTICA
o Estomatologia do trabalho:
- Conceito: É o capítulo das ciências forenses que estuda as manifestações,
alterações e estigmas que ocorrem na boca, em geral, como resultados de
exercícios de determinadas profissões ou atividades laborais.
- Estigmas resultantes de profissões: Certas profissões podem produzir marcas
permanentes nos dentes: Por razões mecânicas, que introduzem desgastes
sucessivos e perdas mínimas de esmalte, em face de traumatismos reiterados.
Outras expõem a substâncias químicas, quer pelo depósito de íons, que pela ação
destrutiva, direta ou facilitadora, das substâncias químicas.
Ação mecânica:
Sapateiros, estofadores: Reentrâncias ou chanfraduras na borda
incisal dos incisivos centrais (Dentes de Hutchinson falsos). Segurar
tachas ou pregos entre os dentes.
Colchoeiros, estofadores, alfaiates e costureiras: Irregularidades ou
pequenas fissuras na borda incisal ou livre dos incisivos centrais. Puxar
o fio e, quando na medida, cortá-lo com o auxílio dos dentes em vez de
usar tesoura.
Músicos: Repetidos traumas com a boquilha, podem apresentar perdas
de substância no esmalte dos incisivos superiores centrais. Algo
semelhante com os sopradores de vidros devido ao trauma com a
boquilha da cana ou vara sobre os incisivos, tanto superiores como
inferiores. Músicos podem apresentar ainda, lesões nos lábios
(Queilites e lesões contusas), provocados pelos traumas mecânicos e
repetidos, no uso de instrumentos de sopro, de bocal (Embocadura).
Ação térmica:
Provadores de café: Podem desenvolver reações térmicas, que nas
mucosas das bochechas, quer no palato (Duro e mole).
Ação química: Provocam colorações características do esmalte e da dentina
pelo produto químico:
Chumbo: Manchas acinzentadas no colo dos incisivos e caninos.
Mercúrio: Coloração cinzenta global.
Cobre: Manchas esverdeadas com reborda azul.
Ferro: Manchas amarronzadas na borda livre dos incisivos.
Cádmio: Manchas amarelas.
Vapores corrosivos nitrosos ou sulfurosos: Podem provocar
destruição dos tecidos dentários e do periodonto, de forma progressiva,
ensejando o amolecimento e perda dos dentes, afora um maior índice
de cárie nas coroas clínicas.
Confeiteiros/Fábricas de doces: Manchas de forma circular, de cor
amarela ou preta dos tecidos desvitalizados, e localizadas,
exclusivamente na região do colo dos dentes (Glicose, sacarose,
frutose, maltose, etc.). No sulco periodontal, associados com maus
25
ODONTOLOGIA LEGAL
hábitos de higiene bucal, por não removê-los durante o dia, acabam
sendo degradados pelas enzimas salivares e pelas bactérias sapófritas,
formando ácidos locais, atacando de maneira puntiforme os tecidos
dentários, ensejando estigmas de natureza patológica, de cunho
estritamente laboral.
o Infortunística:
- Conceito: É a parte das ciências forenses que estuda os acidentes de trabalho e as
doenças profissionais.
- Acidente de trabalho: Acontecimento casual, fortuito, imprevisto, que ocorre pelo
exercício da atividade profissional, a serviço de uma empresa ou como trabalhador
autônomo, provocando:
Morte
Lesão corporal
Perturbação funcional
Redução/Perda da capacidade de trabalhar: Temporária ou permanente
- Doença profissional: É uma doença produzida ou desencadeada pelo exercício de
trabalho peculiar a determinada atividade (Tecnopatia). O grupo mais importante são
as Lesões por Esforço Repetitivo (LER), que são uma variedade especial de
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que acontecem
para determinadas especialidades ou tipos de trabalho. Ex: Endodontistas
(Preparação de canais, limado, obturação) e os periodontistas (Trabalhos extensos
com cureta). As LER representam um grupo heterogêneo de quadros clínicos, como
tenossinovite (Tendão), sinovite (Membrana) ou epicondilite (Degeneração tendões,
origem cotovelos, atinge músculos extensores punho e dedos), daí entendam como
uma “Síndrome clínica”, caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não por
alterações objetivas (Elas são detectáveis aos raios X, ultra-som, ressonância
magnética nuclear) e que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular
e/ou membros superiores em decorrência do trabalho. O desenvolvimento das LER,
bem como o caso mais amplo e genérico dos DORT, é multicasual, sendo
importante analisar os fatores de risco envolvidos direta ou indiretamente. A
expressão “Fator de risco” designa, de maneira geral, os fatores do trabalho
relacionados com as LER. Esses fatores foram estabelecidos, na maior parte dos
casos, por meio de observações empíricas e, depois, confirmados com estudos
epidemiológicos.
- Doença do trabalho: É qualquer das doenças desencadeadas ou adquiridas em
função das condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacionam diretamente (Mesopatias).
- Elementos importantes na caracterização da exposição aos fatores de risco:
A região anatômica exposta
A intensidade dos fatores de risco
A organização temporal da atividade
O tempo de exposição
- Grupos de fatores de risco das DORT:
Grau de adequação (Posto de trabalho)
26
ODONTOLOGIA LEGAL
Frio, vibrações e pressões locais (Sobre tecidos)
Posturas inadequadas: Existem três mecanismos que podem causar as LER,
limites da amplitude articular, força da gravidade oferecendo uma carga
suplementar sobre as articulações e músculos; Lesões mecânicas sobre os
diferentes tecidos.
Carga osteomuscular, fatores que influenciam: Força, repetitividade, duração
da carga, tipo de pressão, postura do punho e o método de trabalho. Tensão
(Bíceps), pressão (Canal do carpo), fricção (Tendão sobre a sua bainha),
irritação (Nervo).
Carga estática: Presente quando um membro ou segmento é mantido numa
posição que vai contra a gravidade. Ex: Em pé por longo período, sustentando
um instrumento, sugador, afastador, no final do expediente terá dorsalgia (Dor
nas costas), lombalgia (Dor na cintura), se repetirá cada vez com maior
frequência e com os mesmos esforços, ainda que de menor duração.
Invariabilidade da tarefa.
Fatores organizacionais e psicossociais (Carreira, carga e ritmo de trabalho,
ambiente social e técnico do trabalho).
- Acidente de percurso: É todo acidente que ocorre no percurso da residência ao
trabalho e vice-versa, independentemente do meio de transporte e desde que não
tenha havido alterações significativas do itinerário para fins pessoais.
- Elementos que caracterizam o acidente de trabalho:
Existência de uma lesão pessoal
Incapacidade, de algum tipo, para o trabalho:
Temporária (Até um ano de duração)
Permanente: Parcial ou total (Invalidez, seguida ou não de morte)
Nexo de causalidade entre ambas
- Benefícios: O Sistema Previdenciário dispõe de uma série de benefícios sócio-
econômicos que visam minimizar o sofrimento e/ou a incapacidade do acidentado.
Esses benefícios incluem:
Auxílio-doença: Importância paga ao segurado, mensalmente enquanto
padece de uma doença que o impede de trabalhar.
Auxílio-acidente: Enquanto se recupera de um acidente que o impede de
trabalhar em plenitude.
Aposentadoria por invalidez: Que se encontra inválido, inapto para qualquer
tipo de trabalho.
Pecúlio: Importância paga uma única vez à família do segurado, por ocasião
de sua morte.
Abono especial (13º salário): Paga ao segurado uma vez por ano, na época
das festas natalinas.
Assistência odontológica (Básica).
Reabilitação profissional: Inclusão do acidentado em programas de
reaprendizado ou aprendizado de novas profissões.
27
ODONTOLOGIA LEGAL
Próteses e órteses: Programa que cobre a aquisição e adaptação para uso de
peças mecânicas ou eletromecânicas (Próteses). Objetos mecânicos que
auxiliam na execução das funções (Órteses: Muletas, bengalas).
- Simulação: Com a concessão de benefícios, surgem novas oportunidades para
indivíduos inescrupulosos:
Aleguem perturbações inexistentes: Simulação
Enriqueçam o quadro acrescentando outros sintomas: Parassimulação
Exagerem as perturbações que realmente têm: Metassimulação
Omitam as perturbações de que são portadores: Dissimulação
- Investigação: É mais fácil nos casos de fraude quando a queixa principal da
perturbação é objetiva: Perda do segmento, imobilidade articular, perda de função
de órgão. Exige apenas boa capacidade de observação do profissional e cera dose
de malícia para aceitar e interpretar as perturbações morais e sócio-econômicas.
Bem mais difícil é a queixa da perturbação subjetiva, por exemplo, a ocorrência de
uma dor. No estudo da dor, deve-se levar em conta fatores como:
Sexo
Idade
Trabalho
Fadiga
Perturbações mentais
- Na prática, tão grave como a simulação e a metassimulação, quanto aos seus
efeitos prejudiciais para o empregador, é a dissimulação. Assim, se, quando da
admissão, a dissimulação passou inadvertida no exame admissional, o
aparecimento da queixa, posteriormente, recairá como responsabilidade exclusiva
do empregador no momento. Esse fato costuma acarretar sérios problemas laborais
e securitários para empresas, microempresas e/ou empregadores autônomos, caso
dos consultórios ou clínicas odontológicas.
28
ODONTOLOGIA LEGAL
SEGREDO PROFISSIONAL
o Introdução:
- Na linguagem cotidiana, a acepção de segredo é intuitiva. Crescemos com a
vivência de manter ocultos fatos que tomamos conhecimentos ao longo de nossas
vidas.
- Houais (2008) faz referência aos vocábulos “segredo” e “sigilo”, abaliza a origem na
língua latina. Etimologicamente, segredo decorre de secrétum, “lugar isolado,
solidão, secreto, pensamentos, falas secretas”, enquanto que sigilo origina-se de
sigillum, utilizado inicialmente como “marca pequena, sinalzinho, estatueta, objeto
de relevo, sinete, selo, sigilo”, e no início do século XVIII passa a ter o significado de
“segredo”. Atualmente os substantivos segredo e sigilo, comportam-se como
sinônimos.
- Michaelis (2008) esclarece que segredo pode ser entendido como “fato ou
circunstância mantida oculta”, “o que não se revela ou não deve revelar a outrem”,
“conhecimento que se guarda para si ou que se comunica a outrem apenas
confidencialmente”. Define segredo profissional como o fato ou conjunto de fatos de
que alguém tem conhecimento ou exercício de sua profissão, como a de sacerdote,
médico, advogado, etc, e que não podem ser divulgados, nem mesmo perante o
tribunal.
- Entendemos que segredo profissional é um vínculo, imposto por lei, no qual o
confidente tem o ônus de manter oculto de terceiros determinados fatos que leve
conhecimento quando de seus préstimos profissionais ao confessor, salvo na
presença de justa causa.
o Fundamento:
- O segredo está presente nas relações humanas, sendo este necessário, pois a
ausência de discrição pode acarretar prejuízos, de vários níveis de gravidade. Para
José Rui (1984) o segredo é uma das manifestações da fidelidade interpessoal nas
relações humanas e profissionais.
- A concepção do segredo odontológico no Brasil, considerando seus aspectos éticos
e legais, está distribuída no código de ética odontológica e na legislação penal e
civil. Esse é o posicionamento abrigado pelo Supremo Tribunal Federal, que
pondera que a obrigatoriedade do sigilo profissional do médico não tem caráter
absoluto. A matéria, pela sua delicadeza, reclama diversidade de tratamento diante
das particularidades de cada caso.
- O Supremo Tribunal de Justiça aponta com clareza, à vista do prontuário, que os
dados sigilosos devem ser preservados quanto à doença e ao tratamento realizado.
Todos os demais dados relativos à internação não estão ao abrigo do sigilo
profissional. Em outro julgamento, a corte também entendeu que, na hipótese de
pedido de acesso ao prontuário formulado pela justiça, não enseja quebra de sigilo
profissional, quando a finalidade é ter conhecimento sobre a internação de um
paciente e seu respectivo período.
29
ODONTOLOGIA LEGAL
30
ODONTOLOGIA LEGAL
- São os cirurgiões-dentistas, médicos, advogados, os sacerdotes, entre outros, os
sujeitos ativos do crime. São os confidentes necessários, pois adquirem, em
segredo, fatos reservados da vida alheia em virtude de sua atividade específica. Da
análise do art. 154 do Código Penal, podemos depreender que para violar o segredo
profissional são necessários:
Revelação do segredo profissional
Conhecimento em virtude de função, ministério, ofício ou profissão
Ausência de justa causa
o Revelação do segredo profissional:
- A consumação do crime ocorre quando o confidente revela a um terceiro o âmago
segredo. Revelar pode ser apenas a uma pessoa, enquanto que divulgar tem o
significado de difundir, e no caso, revelar tem o sentido de dizer, manifestar, tomar
conhecido por qualquer meio, oral, escrito, fotográfico, etc.
o Conhecimento em virtude de função, ministério, ofício ou profissão:
- É importante salientar que o crime apresenta um caráter especial, não é a simples
revelação como no art. 153 do Código Penal, de aspecto geral. Deve-se considerar
o conhecimento do fato pelo exercício de um determinado mister. Os juristas
entendem que função é o mandato que determinada pessoa recebe em virtude de
lei, por decisão judicial ou contrato, pouco importando se existe ou não
remuneração, como a função de tutor, curador ou de depositário judicial. Ministério é
a missão originada por um estado ou condição de fato e não de direito, como a do
padre, da irmã de caridade ou freira, do pastor e congêneres. Ofício é a atividade
alusiva a serviços manuais.
- Profissão é qualquer classe de indivíduos que desempenham uma atividade, de
modo habitual, com a finalidade de aferir lucro para promover a sua subsistência. O
médico recebe assistência de enfermeiras, o advogado da secretária, o CD do
técnico em saúde bucal (TSB) e da auxiliar de saúde bucal (ASB), sendo certo
afirmar que, uma vez que estes auxiliares recebem as informações no exercício de
suas profissões, resta clara a tipificação do crime no caso de revelá-las.
o Ausência de justa causa:
- É o elemento normativo do crime. De difícil conceituação, nossos tribunais têm
sinalizado quanto aos dispositivos contidos no Código de Ética Médica, fazendo com
que esses sirvam, subsidiariamente, de fundamento para suas decisões. Portanto,
nesse momento, é imperioso também analisarmos os preceitos a respeito de justa
causa escritos no Código de Ética Odontológica.
- Assim o 1º do art. 10 do CEO (Código de ética odontológica) considera
principalmente cinco situações em que é compreendida como justa causa. São elas:
Notificação compulsória da doença
Colaboração com a justiça nos casos previstos na lei
Perícia odontológica nos exatos limites
Estrita defesa de interesse legítimo dos profissionais inscritos
Revelação de fato sigiloso ao responsável pelo incapaz
31
ODONTOLOGIA LEGAL
o Com enfoque à Legislação Civil:
- O Código Civil, lei nº 10.406/02, art. 229, estabelece que ninguém pode ser obrigado
a depor sobre fato a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo.
Ainda em relação ao dever de depor o Código de Processo Civil prevê, no inciso II
do art. 347, que a parte não é obrigada a depor de fatos cujo respeito, por estado ou
profissão, deva guardar sigilo. Do mesmo modo, o inciso II, art. 406, estabelece
hipótese em que a testemunha pode se recusar a prestar depoimento. Essa exceção
ocorre também quando tiver de depor sobre fatos a cujo respeito, por estado ou
profissão, deva guardar sigilo.
32