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Deficientes auditivos no Brasil

Segundo o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística - IBGE, cerca de 9,7 milhões de deficientes auditivos no Brasil (DA), o que
representa 5,1% da população brasileira. Deste total cerca de dois milhões possuem a
deficiência auditiva severa (1,7 milhões têm grande dificuldade para ouvir e 344,2 mil
são surdos), e 7,5 milhões apresentam alguma dificuldade auditiva. No que se refere à
idade, cerca de um milhão de deficientes auditivos no Brasil são crianças e jovens até
19 anos. O censo também revelou q

ue o maior número de deficientes auditivos no Brasil, cerca de 6,7 milhões, está


concentrados nas áreas urbanas.

Já, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (2011) 28 milhões de brasileiros


possuem algum tipo de problema auditivo, o que revela um quadro no qual 14,8% do
total de 190 milhões de brasileiros, possui problemas ligados à audição.

Pesquisas também apontam que o número de deficientes auditivos no Brasil deve


somente crescer, pois, além do aumento da população idosa no país, que saltou de
2,7% para 7,4% da população apontado pelo censo do IBGE de 2010, as deficiências
auditivas que poderiam ser reversíveis se constadas até seis meses de idade, apesar
da obrigatoriedade do teste da orelhinha, de acordo com a Sociedade Brasileira de
Otologia – SBO, são constadas a partir de quatro anos, idade considerada tardia
pelos médicos. Outra pesquisa realizada no Rio de Janeiro em 2010 afirma que cerca
de 20% das crianças com idade pré-escolar possuem algum grau de deficiência
auditiva, porém não identificada.

O SBO afirma que cerca de 15% a 20% da população no país tem zumbido, sintoma
que indica perda auditiva. Destes, apenas 15% se sentem incomodados com o barulho
e procuram ajuda médica. A entidade também aponta que cerca de 30% a 35% das
perdas de audição são creditadas à exposição a sons intensos, sejam eles em
ambientes profissional ou em lazer (como shows ou aparelhos eletrônicos), bem como,
ao aumento do nível de ruído nas grandes cidades.

As Academias de Audiologia, Otorrinolaringologia e Pediatria afirmam que


aproximadamente 0,1% das crianças no mundo nascem com deficiência auditiva
severa e profunda. Nas crianças até dois anos, a surdez pode ser causada por
meningite bacteriana ou virótica (a maior causa de surdez no Brasil, segundo o
Instituto Nacional de Educação para Surdos – INES); trauma na cabeça associada à
perda de consciência ou fratura craniana; medicação ototóxica; e infecção de ouvido
persistente ou com duração por mais de três meses além da surdez congênita.

Quase 80 mil pessoas com deficiência auditiva têm carteira assinada no Brasil

Trabalhadores com algum nível de surdez totalizam 79.389 pessoas nas diversas
atividades profissionais formais, segundo a Relação Anual de Informações Sociais
(RAIS) 2015. Eles representam 22,28% do total de 356.345 mil pessoas com
deficiência trabalhadoras no País.
De acordo com a auditora fiscal do Ministério do Trabalho, Fernanda Maria Pessoa Di
Cavalcanti, responsável pelo Projeto de Inserção de Pessoas com Deficiência no
Mercado de Trabalho, a surdez é a segunda deficiência com maior nível de
empregabilidade no mercado formal.
Entre as profissões com maior número de trabalhadores surdos estão: auxiliar de
escritório, com 6.898 trabalhadores; seguida por alimentador de linha de produção
(5.341); assistente administrativo (4.205); faxineiro (3.815); repositor de mercadoria
(2.473); almoxarife (1.878); trabalhador de serviços de limpeza e conservação de
áreas públicas (1.314); e operador de máquinas fixas em geral (872).
Em outras profissões, o número de surdos é um pouco menor: atuando como
engenheiros aeronáuticos são 39 pessoas nessa atividade; advogados, 55;
engenheiros agrônomos, 72; cirurgiões dentistas, 21.
O Ministério do Trabalho fomenta ações para que haja essa conscientização nos
ambientes corporativo e governamental. Contudo, a empresa que não cumprir a
legislação é autuada, e a multa varia de R$ 2.281,05 a R$ 284.402,57, a depender do
tamanho do estabelecimento e das vagas não preenchidas.
Fernanda Di Cavalcanti frisa, ainda, que a falta de adaptações necessárias na
empresa e de tecnologias assistivas para que o trabalhador exerça sem dificuldades
as suas funções é caracterizada como discriminação contra as pessoas com
deficiência e, neste caso, a multa é mais pesada: 10 vezes o valor do maior salário
pago pelo empregador, acrescido em 50% em caso de reincidência.

Desafios
A acessibilidade para surdos ainda é um desafio. Essa parcela da população ainda
enfrenta dificuldades para conseguir realizar atividades cotidianas. A professora de
Libras Renata Rezende, que é surda, diz que um dos principais problemas é a falta de
intérpretes. Para ela, a presença desses profissionais deve ser obrigatória.
“A minha maior dificuldade em conviver com os ouvintes no âmbito da sociedade, é,
por exemplo, um seminário, uma palestra, onde não tenha a presença de intérprete da
língua de sinais, nós temos uma dificuldade de saber o que está sendo dito. Por
exemplo, se na faculdade não tem intérprete, nós também temos essa dificuldade",
relatou.
Contudo, ela ressalta que nos hospitais os problemas são ainda mais graves. "Às
vezes, as palavras do médico são muito técnicas, e isso fica muito confuso. Tenho de
explicar para o médico que eu consigo ler, ele tem de escrever para mim. Ele pode
passar um remédio que eu tenha algum tipo de alergia, eu tenho de ter bastante
atenção. Uma atenção sempre redobrada quando eu vou ao hospital e principalmente
nesse âmbito da saúde", afirmou Renata.

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