Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cadernos PDE
RESUMO:
O ensino por investigação tem sido uma estratégia de ensino que visa a aproximar os alunos da
produção de conhecimentos científicos e, por conseguinte, sua compreensão. Nessa perspectiva de
ensino, o aluno é concebido como o sujeito de sua aprendizagem, o que requer do professor a
organização de situações de aprendizagem que possibilitem a participação, execução e resoluções
de situações-problema pelo aluno, sob sua orientação. O presente estudo trata dos resultados da
intervenção pedagógica, na qual desenvolvemos as seguintes atividades investigativas:
Demonstrações investigativas, Laboratório aberto, Questões abertas, Problemas abertos. O tema
escolhido foi o Reino Fungi, a alunos do segundo ano do ensino médio do Colégio Estadual
Governador Adolpho de Oliveira Franco – EFMP, da cidade de Astorga – PR, organizado da seguinte
forma: Processo de Decomposição, Classificação do Reino Fungi, Características morfofisiológicas,
Importância Alimentar, Importância Médica e Relações Ecológicas. Foi evidente a maior participação
e interesse dos alunos nas atividades propostas, o uso do celular para os registros foi pontual e de
fácil utilização pelos educandos. Contudo, ainda observam-se algumas dificuldades na aplicabilidade
de algumas atividades investigativas orientadas.
INTRODUÇÃO
1
Professora de Biologia do Colégio Estadual Governador Adolpho de Oliveira Franco – EFMP, Núcleo
Regional de Maringá – PR, integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.
2
Professor Orientador. Universidade Estadual de Maringá (UEM), Centro de Ciências Biológicas,
Departamento de Biologia. Maringá-PR.
A dicotomia entre teoria e prática no cotidiano escolar é recorrente na história
da educação brasileira em virtude de fatores históricos, sociais, políticos,
econômicos e estruturais. Ainda hoje, percebemos que muitos conhecimentos
biológicos não são relacionados ao cotidiano dos alunos, o que dificulta sua
compreensão. Então, como trabalhar os conteúdos escolares de modo a despertar
maior interesse e compreensão por parte dos alunos? Em que medida as atividades
investigativas no ensino de Biologia contribuem nesse processo?
Azevedo (2010) comenta que recentes pesquisas apontam para o fato de que
atividades separadas das resoluções de problemas, isto é, a teoria e aulas práticas
desvinculadas, promovem nos alunos uma visão distorcida do que é Ciência.
Acreditamos que selecionar a temática “fungos” numa perspectiva do ensino por
investigação, torna possível aproximar a teoria com situações do cotidiano e
favorecer maior envolvimento e compreensão de conceitos biológicos pelos alunos.
O ensino de Ciências por investigação não é comum nas escolas do nosso
Estado, mas é uma perspectiva de ensino e aprendizagem possível de ser aplicada
e divulgada. De acordo com Oliveira (2013, p.88):
Considerações teóricas
Metodologia
Resultados e discussão
Processo de decomposição
Transformação do E-1; E-5; E-7; E-8. As bactérias estão no ar de toda a crosta, porém,
alimento os alimentos do ambiente, ao se expor em
ambientes abertos, terão processo de degradação
mais rapidamente (E-1).
O alimento no recipiente fechado foi contaminado
por fungos, no ambiente também pode ser
contaminado (E-5).
Os fungos e as bactérias atingem os alimentos,
eles se propagam pelo ambiente (E-8).
Organismos envolvidos E-1; E-2; E-3; E-9. Seriam bactérias. Identificados com bolores,
odores, manchas verdes (E-1).
Não há nenhum organismo envolvido (E-2).
Fungos, pela textura do alimento e as cores (E-3).
Fungos e bactérias que são só visualizados em
microscópio (E-9).
Reciclagem da matéria E-2; E-3; E-4; E-5; Significa reciclar as coisas que você não vai usar
E-6; E-8; E-10. mais (E-2).
É o que faz a matéria complexa se tornar matéria
simples novamente (E-3).
É a decomposição de seres vivos (E-4).
A matéria se decompõe, mas seus átomos
sempre estão presentes no ambiente (E-5).
Significa que tudo é reciclado, fazendo assim um
“ciclo”, por exemplo, o alimento que após se
decompor servirá de nutriente para outra planta e,
a mesma, realizará a fotossíntese e se
reproduzirá. Assim iniciando o ciclo novamente (E-
6).
A matéria sempre estará no ambiente, através da
fotossíntese e da cadeia alimentar (E-8).
A matéria que saiu da natureza volta novamente
ao ambiente (E-10).
Fonte: elaborado pela autora
SUBCATEGORIAS COLABORADORES E
Nº DE UNIDADES DE EXEMPLOS DE UNIDADES DE ANÁLISE
ANÁLISE
Ambiente E-1; E-2; E-5; E-6; Podem ser encontrados no solo, na água, ou no
E-7; E-9; E-10. corpo de outros seres vivos (E-1).
SUBCATEGORIAS COLABORADORES E
Nº DE UNIDADES DE EXEMPLOS DE UNIDADES DE ANÁLISE
ANÁLISE
Importância alimentar
Receitas E-1; E-2; E-3; E-5; Fermento biológico para desenvolver a massa de
E-8; E-10. uma receita (E-1).
Produtos E-1; E-4; E-6; E-7; Cerveja e vinho, ambos têm sua fermentação por
E-9. um tipo de fungo (E-4).
Importância médica
Doenças E-1; E-3; E-5; E-6; Micoses são doenças produzidas por
E-7; E-9. fungos, podendo ser superficiais ou
profundas. Estes fungos são encontrados no
ambiente em que vivemos (E-1).
Doenças causadas por fungos (E-5).
Micose é uma mancha na pele, causada por
uma espécie de fungo, principalmente nos
pés (E-6).
Antibióticos E-2; E-4; E-8; E- Para doenças causadas por bactérias (E-4).
10.
Para combater bactérias (E-8).
Para tosse, infamação de garganta, febre (E-
6).
Fonte: elaborado pela autora
Relações ecológicas
Quadro 7 - Categoria e subcategorias acerca das interações ambientais realizadas pelos fungos
CATEGORIA 6 - INTERAÇÕES AMBIENTAIS REALIZADAS PELOS FUNGOS
SUBCATEGORIAS
COLABORADORES E EXEMPLOS DE UNIDADES DE ANÁLISE
Nº DE UNIDADES DE
ANÁLISE
Liquens E-1; E-3; E-4; E-5; Os fungos e as algas, os dois se ajudam (E-
E-6; E-8; E-9. 1).
Os fungos ajudam a nutrir a planta, as algas
são hospedeiros que não atrapalham a
planta (E-4).
Os fungos protegem a alga e ela os nutre (E-
6).
Os fungos servem de abrigo para a alga, e
as algas transmitem nutrientes absorvidos
pela fotossíntese para os fungos (E-9).
Micorrizas E-2; E-7; E-8; E- Hifas de certos fungos com raízes das
10. árvores, fungo aumenta capacidade da raiz
de absorver minerais e obtendo a raiz
açúcares (E-10).
Fonte: elaborado pela autora
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da presente pesquisa, percebemos a clara necessidade de construir
estratégias de ensino diversificadas e adequadas ao processo de ensino e
aprendizagem, pois as dificuldades atuais, relacionadas ao interesse dos educandos
pelo estudo e conhecimento científico na Instituição Escolar, são desafiadoras ao
profissional da educação.
As atividades investigativas desenvolvidas apresentaram resultados
promissores, como a maior participação dos alunos nas discussões e registro de
suas ideias, a ansiedade e curiosidade para observar, anotar e compartilhar os
acontecimentos específicos ou gerais.
O uso do Laboratório de Biologia favoreceu a formação das equipes, o uso do
microscópio e de outras atividades desenvolvidas. O ambiente escolar em foco para
a realização de algumas estratégias investigativas foi útil e agradável. Os alunos
também utilizaram o celular para os registros de imagens e vídeos de forma pontual
e interessante, o que despertou o interesse no uso desta ferramenta tão comum a
eles, a facilidade e acesso a este tipo de tecnologia foi primordial.
A temática Reino Fungi, escolhida para desenvolver este estudo sobre
atividades investigativas, foi compreendida e assimilada de forma a atingir as
expectativas de aprendizagem pelos educandos. No entanto, algumas ressalvas são
necessárias; é perceptível que a quantidade de alunos por turma para desenvolver
as atividades orientadas deve ser levada em consideração. Muitos alunos numa
mesma turma dificultam o atendimento do professor aos grupos formados.
O Ensino por Investigação apresenta diversas estratégias que realmente
envolvem os alunos, dinamizam o processo de ensino e aprendizagem e auxiliam na
compreensão do conteúdo em questão.
Referências
MUNFORD, D.; LIMA, M. E. C.C. Ensinar ciências por investigação: em quê estamos
de acordo? Revista Ensaio, Belo Horizonte, v. 9, n. 1, 2008.
OLIVEIRA, A. L. de. Um estudo sobre a formação inicial e continuada de
professores de Ciências: o ensino por investigação na construção do
profissional reflexivo. Tese (doutorado). Universidade Estadual de Maringá,
Maringá, 2013.