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TEORIA NEGATIVA DA PENA:

UMA PEQUENA OBSERVAÇÃO


PARA UMA MAIOR CLAREZA
NEGATIVE THEORY OF THE PUNISHMENT: A SMALL OBSERVATION FOR A GREATER CLARITY

Thiago Rocha de Rezende


Doutorando e Mestre em Direito Penal pela UERJ. Advogado.
Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/1955187887202661
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5053-0873
1.thiago.rocha.rezende@gmail.com

Resumo: Se a pena é tão importante para o Direito Penal que deriva dela Abstract: If punishment is so important to Criminal Law that (in Portuguese)
o seu próprio nome – penal –, parece inegável que o estudo das construções it derives its own name ‒ Penal Law ‒ from it, it seems undeniable that the study of
teóricas sobre a pena é essencial para o estudo do próprio Direito Penal. Neste the theoretical constructions on punishment is essential to the study of Criminal
âmbito, o trabalho tem como objetivo jogar luz nas teorias positivas e negativa Law. In this scope, this paper’s objective is to put a spotlight on the positive and
da pena, especialmente os contrastes entre o que os nomes delas podem dar a negative theories of punishment, especially the contrasts between what their
entender e o que os seus conteúdos realmente são, com enfoque especial na names may imply and what contents really are, focusing in the negative theory
teoria negativa da pena, a fim de esclarecer alguns pontos. of punishment, in order to clarify some issues.
Palavras-chave: Teorias positivas da pena; Hipóteses; Teoria negativa da pena; Keywords: Positive theories of punishment; Hypothesis; Negative theory of
Crítica. punishment; Critique.

1. Introdução rece ser esclarecido e este trabalho pretende abordá-lo a partir da


seguinte pergunta: o que se quer dizer exatamente com uma teoria
Quando se questiona o porquê da punição, a resposta mais
que nega as teorias positivas da pena?
conhecida faz referência às teorias positivas da pena, entendidas
como aquelas que atribuem uma função positiva à pena, ou seja, 2. Sobre a classificação como teoria
que entendem que a punição representa um bem para alguém. Tais Comece-se olhando para as próprias teorias positivas da pena.
teorias ainda podem ser divididas em: a) teorias retributivas (ou Dentre as características dos métodos científicos identificadas
absolutas) da pena, que afirmam que a pena se destina à retribuição por Lakatos e Marconi (1991, p. 114), cabe destacar um deles,
do mal praticado; e b) teorias preventivas (ou relativas) da pena, que especialmente relevante para este trabalho: a comprovação/
afirmam que a pena se destina a prevenir delitos, subdividindo-se verificação das hipóteses. A teoria científica é um sistema em que
em prevenção geral negativa, prevenção geral positiva, prevenção algumas hipóteses válidas estão comprovadas/confirmadas e quase
especial negativa e prevenção especial positiva (CARVALHO, 2013, nenhuma está não comprovada/não confirmada. A questão é que
53-90). nas teorias positivas da pena, apesar de carregarem o nome “teoria”,
É como uma reação a essas teorias positivas da pena que surge a não é possível perceber tal característica.
teoria negativa (ou agnóstica) da pena, proposta pelos professores O primeiro obstáculo para as teorias positivas da pena serem teorias
Zaffaroni e Nilo Batista. Tal teoria parte da ideia de que não se sabe científicas é a percepção de que elas são, na verdade, hipóteses.
todas as funções que a pena cumpre, porém, sabe-se que aquelas Uma hipótese é uma solução provisória para um determinado
atribuídas pelas teorias positivas da pena são falsas ou, pelo menos, problema, com caráter explicativo ou preditivo, coerente interna
não generalizáveis. Portanto, a pena é entendida como um exercício e externamente e passível de verificação empírica em suas
de poder que não tem função reparadora ou restitutiva nem é consequências (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 125). E é exatamente
coerção administrativa direta (ZAFFARONI; BATISTA et al., 2003, p. isso que são as teorias positivas da pena: hipóteses que respondem
99). ao questionamento acerca de como a pena funciona. A teoria da
Uma questão interessante que se pode perceber aí é que a termino- prevenção geral negativa, por exemplo, é a hipótese de que, ao
logia “teoria negativa da pena” vem de um espelhamento, mas em se ameaçar a coletividade com uma pena em caso de prática de
oposição à terminologia “teorias positivas da pena”. Entretanto, esse determinado comportamento, provoca-se uma dissuasão nela em
espelhamento pode levar a um equívoco de entendimento que me- relação a tal comportamento, evitando-o. Da mesma forma, a teoria

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da prevenção especial positiva é a hipótese de que a aplicação da que a cegueira deliberada não poderia ser chamada de teoria por
pena ressocializa os apenados. E se são, elas mesmas, hipóteses, não ter sido construída a partir da teorização acadêmica, e sim da
não são teorias, já que a teoria é um sistema que engloba diversas prática judicial. E é isso que explica o uso abundante do vocábulo
hipóteses. “teoria” na dogmática penal, como em teoria do delito, teoria do
erro, teoria da culpabilidade, teoria do dolo, entre outros. Portanto,
Esse obstáculo parece vencido quando tais hipóteses são concate-
apesar de se poder até criticar tal utilização por promover um certo
nadas. Roxin (1997, p. 95-103), por exemplo, propõe uma teoria uni-
distanciamento entre o mundo jurídico e o das demais ciências e
ficadora dialética da pena que conjuga as teorias preventivas geral
tecnologias, a realidade é que há no Direito um sentido diferente
e especial. Porém, apesar de vencido o primeiro obstáculo, ainda há
para o termo “teoria” e as teorias positivas da pena adequam-se a
mais um (o mais robusto): além de ter mais de uma hipótese, uma
ele – são pensamentos sistemáticos produzidos na literatura. Porém,
teoria se caracteriza por conter hipóteses majoritariamente confir-
não se deve perder de vista que, apesar de em termos jurídicos
madas e isso não se aplica a qualquer conjugação das ditas teorias
haver sentido em chamá-las de teorias, são efetivamente hipóteses,
positivas da pena. Nenhuma dessas hipóteses passou por uma ve-
não confirmadas e com problemas sérios de sustentação.
rificação tal que se possa dizer que foi confirmada. A bem da ver-
dade, o que tem ocorrido é que a observação do empírico, além de 3. Desfazendo a possível confusão
não confirmar tais hipóteses, vem impondo problemas graves para
O esclarecimento anterior, porém, ainda não resolve o equívoco
a sua sustentabilidade, os quais elas têm, em muito, se negado a
que pode advir do espelhamento realizado entre as teorias
considerar.
positivas da pena e a teoria negativa da pena. As teorias positivas
Tome-se a hipótese da prevenção geral negativa como exemplo.1 Para da pena consistem na afirmação de que a pena tem determinada
verificá-la, anteriormente seria necessário perceber que há diversas função (positiva). Trazendo para os termos referidos acima, elas
variáveis além da pena, que podem determinar a inibição de alguém contemplam hipóteses positivas acerca do funcionamento da
da prática de um comportamento lesivo, como motivações éticas, pena. Ao se espelhar esse conteúdo para a teoria negativa da pena,
afetivas ou religiosas. Assim, para tal verificação, seria necessário como sugere a retratação do próprio nome, pode-se acabar com o
fazer uma observação que isolasse a variável pena de todas essas seguinte resultado: a teoria negativa da pena consiste na hipótese
outras, constatando qual a efetiva dissuasão que ela produz. Até de que a pena não funciona da forma como as teorias positivas
onde este trabalho tem conhecimento, tal verificação não foi feita. dizem funcionar. E esse resultado é um equívoco.
Aliás, é até discutível se isso seria empiricamente possível de ser A chamada teoria negativa da pena não formula a hipótese de que a
verificado, o que colocaria em dúvida a própria classificação como pena não cumpre as funções que se declara que ela cumpre. O que
hipótese. ela faz, na verdade, é criticar as hipóteses que afirmam que a pena
Além da não confirmação, há um dado empírico que fragiliza muito cumpre determinadas funções (positivas), demonstrando que elas
a sustentabilidade de tal hipótese: a seletividade penal. Um ponto são, no mínimo, hipóteses não confirmadas e que não há qualquer
essencial para a prevenção geral negativa é a certeza da aplicação razão para acreditar que elas serão confirmadas. A implicação direta
da pena, afinal, é somente se o sujeito acreditar que ele será punido disso é não atribuir qualquer tipo de efeito para tais hipóteses: se
pelo comportamento que ele deixará de praticá-lo. A seletividade não há confirmação delas, o Direito Penal não deve tomá-las como
penal, porém, interfere diretamente na possibilidade real de existir fundamento de qualquer coisa.
tal certeza. Em todas as sociedades presentes e passadas de que Tome-se como exemplo a hipótese preventiva especial positiva,
se têm notícia, sempre houve um grupo de pessoas que teve a sua que propõe que a pena ressocializa os apenados. A chamada
criminalização muito menos provável do que a de outros – a certeza teoria negativa da pena não formula a hipótese de que a pena não
da punição para tal grupo é baixíssima. Tendo em vista, ainda, a ressocializa os apenados. O que ela faz é apresentar a citada hipótese
existência constante dessa seletividade nas sociedades, vê-se que e confrontá-la com as observações feitas no âmbito das ciências
ela não representa uma falha no sistema penal, mas, precisamente, sociais, as quais são claras no sentido de que a pena deteriora o
a forma como ele funciona, sendo tal seletividade um dado da criminalizado. Como apontam Zaffaroni e Nilo Batista (2003, p.
realidade, que não pode ser desconsiderado. E ainda há, como 125-126), a literatura das Ciências Sociais registra massivamente
observam Zaffaroni e Batista (2003, p. 117), uma seletividade dentro que a prisão tem um efeito deteriorante nos apenados, irreversível
da seletividade: quanto mais inábil tiver sido a prática do delito pelo a longo prazo. Com isso, impõe-se, no mínimo, séria dúvida sobre a
selecionado, mais provavelmente ela será punida. Portanto, quanto hipótese preventiva especial positiva: se o resultado da observação
maior a elaboração delituosa, menor a certeza da punição, o que dos efeitos da pena sobre os apenados é no sentido de que ela os
novamente interfere na alegada dissuasão. Mesmo nesse cenário deteriora, não há razões sérias para acreditar que a hipótese de que
– de existência real de seletividade e de interferência direta dela no a pena tem um significativo efeito ressocializador está confirmada.
efeito dissuasório –, a seletividade penal segue sendo ignorada pela Perceba-se que não se está formulando aí a hipótese de que a pena
hipótese preventiva geral negativa. não tem um efeito ressocializador, mas está-se criticando a hipótese
Com isso, parece bastante claro que as teorias positivas da pena que afirma tal efeito ressocializador, crítica essa tão contundente que
não constituem uma teoria científica, mas hipóteses acerca do não há mais sentido em levar essa hipótese a sério, não devendo o
funcionamento da pena. Porém, por uma questão de justiça, deve- Direito Penal tomá-la como um fundamento.
se registrar que o Direito, de forma geral, não utiliza a palavra Esse esclarecimento parece bastante sutil, mas não é tão sutil assim,
“teoria” nos termos de “teoria científica”. No mundo jurídico, todo ao menos se pensado metodologicamente. Como define Bunge
pensamento sistemático produzido na literatura é chamado de (2001, p. 67), o método científico é o conjunto de procedimentos
teoria, em oposição àquele produzido na prática dos tribunais. pelos quais coloca-se os problemas que as hipóteses tentam
Exemplo disso é a observação de Lucchesi (2017, p. 182-183) de resolver e põe-se à prova tais hipóteses. Sendo assim, a formulação

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de uma hipótese demanda a sua verificação – trata-se do “pôr à delas. Esse conceito, portanto, é o mesmo que já se podia extrair
prova” a hipótese. Ao se interpretar equivocadamente que a teoria das teorias positivas, mas subtraídas as hipóteses não confirmadas.
negativa da pena é, ela mesma, uma hipótese, atribui-se a ela o Sendo assim, parece claro que o elemento diferenciador da teoria
ônus de confirmar empiricamente que o funcionamento da pena negativa é exatamente a sua crítica, não sendo injusto trazê-la ao
é diferente daquele descrito pelas teorias positivas da pena. Não é nome.
o caso. A teoria negativa da pena não é uma hipótese em si, ela
De todo modo, a denominação “teoria negativa da pena” claramente
é uma crítica às hipóteses formuladas pelas teorias positivas da
não é errada, uma vez que se adequa ao que o Direito entende por
pena, ela é um conjunto de questionamentos a tais hipóteses que
teoria. Assim, a quem não parecer adequada a troca do vocábulo
elas não conseguem ultrapassar, desnudando as suas fragilidades e “teoria” pelo vocábulo “crítica”, não parece haver maiores problemas
orientando o Direito Penal para que não as tome como fundamentos em manter-se na denominação – teoria negativa da pena –, desde
de qualquer natureza. que esteja claro que essa “teoria” não traz uma hipótese negativa
A partir disso, parece interessante pensar em uma forma de resolver sobre o funcionamento da pena, mas uma crítica às hipóteses
esse possível mal-entendido. Para tanto, este trabalho oferece uma positivas, a qual as esvazia e mostra que o Direito Penal não deve
sugestão. Por teorias positivas da pena, são designadas hipóteses se orientar por elas, e sim pela redução dos danos inerentes ao
acerca do funcionamento da pena. Ao se realizar um espelhamento exercício do poder punitivo.
no nome, pode-se levar ao equívoco de retratar também o conteúdo, 4. Considerações finais
entendendo-se a teoria negativa da pena como uma hipótese sobre
o funcionamento da pena diferente do que se declara. Todavia, como O presente artigo tinha como objetivo jogar luz sobre as teorias
dito, ela não é uma hipótese, mas uma crítica às hipóteses já postas positivas e negativa da pena, especialmente no aspecto de contraste
sobre tal funcionamento. Parece coerente, então, deixar de chamá- entre os seus nomes e os seus conteúdos, o que fez em duas etapas:
la de “teoria negativa da pena” e passar a chamá-la de “crítica primeiro focando mais nas teorias positivas da pena e, a partir disso,
negativa da pena”, rompendo com o espelhamento e acentuando na teoria negativa da pena.
a diferença metodológica entre ambas – as teorias positivas, por Nesse caminho, identificou-se, primeiramente, que as teorias
serem hipóteses, contêm em si um dever de verificação; a crítica positivas da pena, apesar de adequarem-se ao que é uma teoria para
negativa se presta tão somente a questionar criticamente tais o Direito, não constituem teorias científicas, mas hipóteses acerca
hipóteses. Aliás, recorda-se que Juarez Cirino dos Santos (2020, p. do funcionamento da pena, as quais, por serem hipóteses, carregam
440) já se referiu à teoria negativa da pena dessa forma, como crítica um ônus de verificação. Em relação a tal verificação, pontuou-se
negativa da pena criminal. que a teoria negativa indica que as hipóteses positivas não estão
confirmadas e apresentam sérios problemas de sustentação.
É verdade que, quanto a essa sugestão, poderia ser feita uma
objeção no sentido de que os propositores da dita teoria negativa da Em segundo lugar, identificou-se aqui que o espelhamento de nomes
pena formulam um conceito próprio de pena: “Pena é uma coerção, entre as teorias positivas da pena e a teoria negativa da pena não deve
que impõe uma privação de direitos ou uma dor, mas não repara conduzir a uma retratação de conteúdo: a teoria negativa da pena
nem restitui, nem tampouco detém as lesões em curso ou neutraliza não é uma “hipótese negativa” acerca do funcionamento da pena,
perigos iminentes” (ZAFFARONI; BATISTA et al., 2003, p. 99). E ao ela é uma crítica às hipóteses positivas acerca do funcionamento
produzir tal conceito de pena, essa construção não poderia ficar da pena. Isso significa que a teoria negativa não tem o ônus de
reduzida somente a uma crítica. Para tal objeção, o artigo aponta confirmar uma afirmação de que a pena não cumpre as funções
que esse conceito de pena é obtido meramente por exclusão: as declaradas, o que cabe a ela é somente a crítica a essas funções
teorias positivas entendem a pena como um exercício de poder declaradas e o apontamento de que hipóteses não confirmadas não
que cumpre determinadas funções positivas; a teoria negativa, ao devem servir como fundamentos de todo o sistema jurídico-penal.
esvaziar essas funções, somente as exclui do conceito, entendendo E para evitar que se conduza a esse equívoco de espelhamento de
a pena como mero exercício de poder, que não tem ao seu lado conteúdo, sugeriu-se que a teoria negativa da pena seja chamada de
qualquer função positiva devido a não confirmação de qualquer uma crítica negativa da pena, acentuando-se a diferença metodológica.

Notas
1
No trecho, o presente trabalho tomou somente uma das hipóteses – prevenção geral ao leitor que se interesse em ver as críticas a todas as hipóteses positivas da pena,
negativa – como exemplo por questões de espaço. Na continuidade, do mesmo recomenda-se a obra dos professores Zaffaroni e Nilo Batista constante nas referências
modo, toma-se como exemplo somente a prevenção especial positiva. Entretanto, do presente artigo.

Referências

BUNGE, Mario. La ciencia: su método y su filosofia. Buenos Aires: Sudamericana, 2001. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017.
CARVALHO, Salo. Penas e medidas de segurança no direito penal brasileiro: fundamentos ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general, tomo I: fundamentos. Trad. Diego-Manuel
e aplicação judicial. São Paulo: Saraiva, 2013. Luzón Peña, Miguel Díaz y Garcia Conlledo e Javier de Vicente Remesal. Madrid: Civitas,
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. São Paulo: 1997.
Atlas, 1991. SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito penal: parte geral. São Paulo: Tirant lo Blanch, 2020.
LUCCHESI, Guilherme Brenner. A punição da culpa a título de dolo: o problema da ZAFFARONI, Eugenio Raúl; BATISTA, Nilo et al. Direito penal brasileiro, volume I. Rio de
chamada “cegueira deliberada”. 2017. 366 f. Tese (Doutorado em Direito do Estado) – Janeiro: Revan, 2003.

Recebido em: 15.11.2022 - Aprovado em: 19.12.2022 - Versão final: 09.01.2023

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