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A verdade, condição essencial do conhecimento, é um dos principais temas abordados dentro

da epistemologia. Assim, existem várias teorias sobre suas condições e suas definições. Neste
momento, analisaremos três delas.

A primeira definição a ser exposta é a da verdade a partir do pragmatismo. De acordo


com essa teoria, uma crença só é verdadeira se for útil ou prático de algum jeito. Essa teoria,
entretanto, assim como muitas outras, se torna vítima do relativismo, pois existem diferentes
interpretações de utilidade, e o que pode ser útil para alguém pode não ser para outra pessoa.

A próxima definição, proposta por Hegel e Espinosa, a ser analisada é a da verdade e


a coerência, segundo a qual algo só é verdadeiro se a isso houver uma outra verdade ligada,
gerando uma teia de várias afirmações, ou seja, coerência. Um de seus maiores problemas é o
da circularidade, quando a verdade depende do conceito de coerência e a coerência depende
da verdade. Outro problema seria definir quais afirmações formam coerência e quais não
formam, além de quais sistemas de afirmação devem ser usados para identificar a verdade, já
que existem vários deles. Desse modo, essa teoria também cai no relativismo, considerando
que, dependendo de qual sistema é usado, uma informação pode ou não ser verdadeira.

A verdade como correspondência, originada de Aristóteles, Livro IV da Metafísica, é


a terceira principal teoria. Nela, a verdade precisa ter uma relação de correspondência direta
com o mundo físico real. Essa teoria é considerada, em primeira instância, menos subjetiva
em comparação com as outras, pois afirma que algo não é verdade em relação à mente de
alguém, mas sim de acordo com como o mundo realmente é. Logicamente, se a cadeira em
que sento é amarela, é verdade que ela é amarela. Apesar de parecer a mais plausível para
muitos, esta teoria também tem suas dificuldades. Uma delas abrange as verdades que não
correspondem a um aspecto do mundo, por exemplo, se eu chegar ao topo do Monte Everest,
vou sentir frio. É uma afirmação verdadeira, mas que não corresponde à realidade. Outro
problema quanto a essa teoria é que não podemos provar que estamos em condições de
realmente saber se nossa percepção do mundo é real. Como eu posso dizer que a cadeira em
que eu sento, voltando ao primeiro exemplo desse parágrafo, é amarela, se essa concepção
depende dos meus sentidos, que podem me enganar, como durante um sonho?

Além das dificuldades particulares a cada teoria da verdade, temos o ceticismo, que
seria contrário a todas as teorias citadas, já que, de acordo com ele, não somos capazes de
obter o conhecimento e a verdade. Porém, como o ceticismo em si também apresenta
contradições óbvias (como eu conheço ou sei do ceticismo se o conhecimento é impossível),
ele pode ser desconsiderado para o prol da análise epistemológica em alguns casos.

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