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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA:

1- ORÇAMENTO PÚBLICO: É a previsão da receita e a autorização de despesas


para um determinado período.
2- EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO PÚBLICO:
 Orçamento Tradicional: Previsão de receitas X Autorização de
despesas. Contudo, sem a preocupação com cobrança de resultados
nem com planejamento. (Ênfase nas compras)
 Orçamento de Desempenho: Vinculação dos gastos a algum
resultado, mas ainda sem uma definição prévia de metas e objetivos
globais a serem alcançados. (Ênfase no que é feito)
 Orçamento Programa: O Orçamento adotado no Brasil atualmente,
consolidado na CF de 1988. Contudo fora introduzido na legislação
com a Lei 4.320/64; Esse orçamento define previamente os objetivos
a serem alcançados com os recursos disponibilizados.
Cuidado: Também se fala no chamado “orçamento base 0”, que,
apesar de ter esse nome, não é um tipo de orçamento, mas sim uma
forma de elaborá-lo, partindo da revisão total anual de todos os gastos
públicos, visando verificar de fato sua necessidade ou conveniência.

3- PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS: (A desobediência pode ensejar


responsabilidade penal e civil) (Aplicados à Lei Orçamentária Anual)
 Princípio da Legalidade: O Orçamento e as suas alterações devem ser
aprovados por lei. Tal lei terá iniciativa do Poder Executivo, mas sua
aprovação deverá ser feita pelo Legislativo, em cada esfera de Governo.
Importante: A ideia é de que o orçamento seja aprovado pelos
representantes do povo e dos Estados.
 Princípio da Unidade: De acordo com esse princípio, deve haver apenas
um orçamento para cada esfera de governo (federal, estadual e municipal),
proibindo-se, assim, a existência de múltiplos orçamentos. Esse orçamento,
entretanto, apesar de ser uno, divide-se em três partes. Veja:
§ 5º A Lei Orçamentária Anual compreenderá:
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e
entidades da Administração direta e indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e
órgãos a ela vinculados, da Administração direta ou indireta, bem como os
fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
Importante: Vê-se, portanto, que essa divisão não descaracteriza o princípio
a unidade!
 Princípio da Universalidade: De acordo com tal princípio, o orçamento
deve prever todas as receitas e despesas que serão incorridas. Não se permite
a realização de nenhuma despesa que não esteja prevista no orçamento, sob
pena de responsabilização penal.
Cuidado: Existe exceção a esse princípio, que são as receitas e despesas
extraorçamentárias.
 Princípio do Orçamento Bruto: Esse princípio determina que todas as
parcelas da receita e da despesa devem aparecer no orçamento em seus
valores brutos, vedando-se qualquer dedução.
 Princípio da Periodicidade ou Anualidade: O orçamento deve ser por um
período determinado. No Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano
civil.
 Princípio da Exclusividade ou da Pureza: Não poderá conter dispositivo
estranho à previsão da receita e a fixação de despesa. Portanto, não se devem
ter outros assuntos.
Exceções: Existem duas exceções a esse princípio:
I- Créditos suplementares.
II- Contratação de crédito, ainda que por antecipação de receita.
 Princípio da Programação: Exige que os gastos sejam especificados por
programas de trabalho, permitindo a identificação de objetivos e metas a
serem alcançados.
 Princípio do Equilíbrio: As despesas previstas no orçamento não podem
ser maiores que as receitas. Em outro viés, o total de receitas deve ser igual
ao total de despesas.
Relacionado a esse princípio, têm-se diversos dispositivos constitucionais:
˃ As emendas parlamentares ao orçamento somente poderão indicar
recursos relacionados à anulação de despesas (Art. 166, §3º, II).
˃ Vedação à realização de operações de créditos que excedam o montante
das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder
Legislativo por maioria absoluta (Art. 167, III).
˃ A concessão ou utilização de créditos ilimitados (Art. 167, VI).
 Princípio da Especificação ou Detalhamento: As receitas e despesas
devem ser devidamente detalhadas no orçamento, não podendo ser feitas
dotações genéricas. A lei estipula o grau de detalhamento.
 Princípio da Publicidade: Tal princípio exige que o conteúdo do orçamento
seja de conhecimento público, divulgado pelos meios oficiais, possibilitando
o controle social. Exige-se, atualmente, que cada ente público divulgue o seu
orçamento na internet,
 Princípio da Exatidão: As receitas devem ser previstas no orçamento de
forma mais exata possível.
 Princípio da Não Afetação: Veda a vinculação de receita de impostos a
órgão, fundo ou despesa, exceto nos casos em que ela mesma prevê.
Exceções: Repartição de impostos; Destinação de recursos para a Saúde e para o
desenvolvimento do ensino; Destinação de recursos para a atividade de
administração tributária; Prestação de garantias às operações de crédito ARO;
Garantia, contragarantia à União e pagamento de débitos para com esta.

 Princípio da Clareza: A lei deve ser de fácil compreensão.

4- LEIS ORÇAMENTÁRIAS
 São propostas de INICIATIVA DO PODER EXECUTIVO
I – Plano Plurianual (PPA)
II – Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
III – Lei Orçamentária Anual (LOA)
Cuidado: Cada lei segue um rito próprio para a sua aprovação, distinto das
demais leis com aprovação no Congresso Nacional

 Plano Plurianual (PPA)


 Estabelece diretrizes, objetivos e metas;
 Forma regionalizada;
 Duração de 4 anos;
 Prevê as despesas de capital e as de custeio delas decorrentes, bem como
as despesas relativas aos programas de duração continuada.
 Médio prazo;
 Caráter informativo e de orientação, mas não tem caráter impositivo
nem autorizativo.
 Será encaminhada do Executivo ao Legislativo até o dia 31 de agosto do
primeiro ano do governo.
 Discutida no Legislativo até 22 de dezembro.
 Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro
poderá ser iniciado sem prévia inclusão no PPA.

 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)


 Define as metas e prioridades, incluindo as despesas de capital para o
exercício financeiro subsequente.
 Orienta a elaboração da LOA
 Dispõe sobre alterações na legislação tributária e estabelece política de
aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
 Funciona como intermediária entre a PPA e a LOA
 Caráter orientativo, embora suas definições devam ser seguidas na
elaboração.
 Enviado pelo chefe do poder executivo ao Legislativo até 15 de Abril de
cada ano
 Deve ser aprovada pelo Legislativo até o encerramento do primeiro
período da sessão legislativa.
 A LRF estabelece outras funções sobre as quais a LDO dispõe:
I- Equilíbrio entre receitas e despesas
II- Critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada em
algumas hipóteses previstas na LRF (Contingenciamento de
despesas)
III- Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos
resultados dos programas financiados com recursos dos
orçamentos.
IV- Demais condições e exigências para transferências de recursos a
entidades públicas e privadas;
V- Percentual da receita corrente líquida que será destinada à
reserva de contingência;
VI- Condições de utilização da reserva de contingência;
VII- Prazo para encaminhamento das propostas orçamentárias pelos
demais poderes.
» Além disso, a LRF diz que a LDO deve ter dois anexos:
I- Anexo de Metas Fiscais: em que serão estabelecidas
metas anuais, em valores correntes e constantes,
relativas a receitas, despesas, resultados nominal e
primário e montante da dívida pública, para o exercício a
que se referirem e para os dois seguintes. Tal anexo
deverá também trazer avaliação do cumprimento das
metas relativas ao ano anterior, e o seu não
cumprimento acarretará a limitação de empenhos e de
movimentação financeira.
II- Anexo de Riscos Fiscais: serão avaliados os passivos
contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas
públicas, informando as providências a serem tomadas,
caso se concretizem.

 Lei Orçamentária Anual (LOA)


 Orçamento propriamente dito.
 Prevê, da forma mais exata possível, a receita e autoriza as despesas para
o exercício financeiro seguinte. Diferente das outras leis, A LOA TEM
CARÁTER AUTORIZATIVO.
Importante: A LOA é dividida em três peças
I – Orçamento Fiscal: Receitas e Despesas dos três poderes, seus fundos,
órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público.
II – Orçamento de investimento das empresas estatais: Empresas em que
a união detenha a maioria do capital social com direito a voto
III – Orçamento da Seguridade Social: Abrange todas as entidades e
órgãos vinculados à seguridade social da Administração direta ou
indireta, bem como dos fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
poder público.

Importante: O projeto de LOA será acompanhado de demonstrativo


regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas, decorrente de
isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza
financeira, tributária e creditícia.
 Sua proposta será encaminhada pelo Executivo ao Legislativo até o dia
31 de agosto de cada ano e deve ser aprovada até o dia 22 de dezembro.
Caso não seja aprovada, será aplicada a chamada “regra dos
duodécimos”
 Após aprovada, somente pode ser alterada através dos chamados
“créditos adicionais”
 A LRF estipula que a LOA:
I – Deverá ser elaborada de acordo com o PPA e a LDO, devendo estar
ainda de acordo com as metas estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais.
II – Conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e
montante, definidos com base na receita corrente líquida, serão
estabelecidos na LDO, destinada ao atendimento de passivos e
contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.
III – Não consignará dotação para investimento com duração superior a
um exercício financeiro que não esteja previsto no Plano Plurianual ou
em lei que autorize a sua inclusão.
IV – Deverá trazer como despesas da União as do Banco Central do
Brasil, relativas a pessoal e encargos sociais, custeio administrativo,
inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores e a
investimentos.
V – Deverá considerar como obrigação do Tesouro para o Banco Central
o resultado negativo deste.

 RELATÓRIO RESUMIDO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA


O parágrafo terceiro do Art. 165 da CF estipula que o Poder Executivo deve
publicar, até 30 dias após o encerramento de cada bimestre, relatório
resumido da execução orçamentária.

 RITO DE APROVAÇÃO DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS

Após a apresentação da proposta de PPA, LDO ou LOA pelo Poder


Executivo, tal proposta será encaminhada À Comissão Mista de Orçamento
do Congresso Nacional, composta por Deputados federais e senadores. A
quem caberá:
 Examinar e emitir parecer sobre os projetos.
 Receber as emendas dos parlamentares e sobre elas emitir parecer

Importante: O Presidente da República poderá enviar mensagem ao


Congresso Nacional para propor modificação nos projetos de leis
orçamentárias enquanto não iniciada a votação, na comissão mista, da
parte cuja alteração é proposta. Após analise da comissão, o projeto e as
emendas serão apreciadas pelos plenários da Câmara e do Senado, em
votação conjunta, na forma do regimento comum. Em seguida à
aprovação, segue para o PR para a sanção.

 EMENDAS AO PROJETO DE LOA

De acordo com o Art. 166, § 3º, da CF, as emendas ao projeto de Lei do


Orçamento Anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser
aprovadas caso:
I – sejam compatíveis com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes
Orçamentárias;
II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes
de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e
Distrito Federal;
III – sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões;
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

Cuidado: As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão


aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita
corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo,
sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços
públicos de saúde.
Observação: As emendas ao projeto de LDO não poderão ser aprovadas
quando incompatíveis com o PPA.

 VEDAÇÕES RELACIONADAS AOS ORÇAMENTOS

Art. 167. São vedados:


I – o início de programas ou projetos não incluídos na Lei Orçamentária
Anual;
II – a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que
excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
III – a realização de operações de créditos que excedam o montante das
despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder
Legislativo por maioria absoluta;
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvados os casos previstos na própria Constituição
V – a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização
legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes;
VI – a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma
categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia
autorização legislativa [exceto se a transposição, remanejamento ou
transferência de recursos ocorrer no âmbito das atividades de ciência,
tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos
restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo];
VII – a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
VIII – a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos
orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir
déficit de empresas, fundações e fundos.
IX – a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização
legislativa.
X – a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos,
inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e
suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo,
inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
XI – a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que
trata o Art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do
pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o
Art. 201;

 LIMITAÇÃO DE DESPESAS COM O PAGAMENTO DE PESSOAL

O artigo 169 da CF diz que a despesa com o pessoal ativo e inativo da


União, dos Estados, do DF e dos Municípios não poderá exceder os limites
estabelecidos em lei complementar. Se desrespeitados, após o prazo
estabelecido, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas
federais ou estaduais aos entes que não observarem o limite.

 Para o cumprimento desse limite, os entes federados adotarão as


seguintes providências:
I – Redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão
e função de confiança.
II – Exoneração de servidores não estáveis.
Cuidado: O servidor estável poderá perder o cargo caso essas medidas
não forem suficientes.

 AUMENTO DE DESPESAS COM PESSOAL:

§1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a


criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras,
bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos
órgãos e entidades da Administração direta ou indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:
I – se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às
projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
II – se houver autorização específica na Lei de Diretrizes Orçamentárias,
ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

 CICLO ORÇAMENTÁRIO: o conjunto de fases que compreendem


atividades típicas do orçamento público, desde sua elaboração até etapas
posteriores à sua execução. É importante observar que o ciclo orçamentário
pode ser visto de duas formas: sob o enfoque do orçamento propriamente
dito, que é a LOA (que podemos chamar de ciclo orçamentário comum), ou
sob o enfoque das três leis orçamentárias (ciclo orçamentário ampliado).

 Ciclo orçamentário comum (LOA): Processo dinâmico e flexível,


formado pelas seguintes fases:
I – Proposta ou Elaboração
II – Aprovação
III – Execução
IV – Controle ou Avaliação

Cuidado: A duração do ciclo orçamentário é maior que a do próprio


orçamento.

I- Proposta ou Elaboração: Primeira fase do ciclo orçamentário;


Órgão central do Poder Executivo responsável recebe as
solicitações de recursos orçamentários dos demais.
II- Aprovação: Poder Legislativo analisa e aprova a proposta;
aprovação em sessão conjunta; a proposta passa por duas
instâncias: Comissão Mista de Orçamento e Plenário.
III- Execução: Quando o orçamento é colocado em prática,
executado de forma descentralizada pelos órgãos que recebem o
crédito orçamentário. Dura 1 ano, de 1°de janeiro a 31 de
dezembro.
IV- Controle ou Avaliação: Verifica-se se o orçamento foi cumprido
de acordo com o estabelecido na LOA. Tal controle é exercido
tanto de forma concomitante à execução, como posteriormente.
Há tanto controle interno, quanto externo.

 Ciclo orçamentário ampliado (Envolve as 3 leis):


I - Formulação da Proposta do PPA pelo Executivo
II – Aprovação do PPA pelo Legislativo
III – Formulação da LDO pelo Executivo
IV – Aprovação da LDO pelo Legislativo
V – Elaboração da LOA pelo Executivo
VI – Aprovação da LOA pelo Legislativo
VII – Execução da LOA
VIII – Avaliação e julgamento das contas

Cuidado: Tais fases não podem ser aglutinadas!!

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