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SISTEMAS DE AMOSTRAGEM E TOMADA DE DECISÃO NO MANEJO INTEGRADO


DE PRAGAS DO ALGODOEIRO

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1119

REVISÃO

SISTEMAS DE AMOSTRAGEM E TOMADA DE DECISÃO NO MANEJO


INTEGRADO DE PRAGAS DO ALGODOEIRO

CRISTINA SCHETINO BASTOS1, MARCELO COUTINHO PICANÇO2 e TADEU BARBOSA MARTINS


SILVA3

RESUMO: A simples presença de uma determinada praga em uma cultura não deve governar
a tomada de decisão de controle da mesma. Ao contrário, esta decisão consiste em um dos
pontos chave do Manejo Integrado de Pragas, ou seja, controlar a praga se a mesma poderá
causar prejuízo econômico à lavoura. Entretanto, para que a tomada de decisão de controle
seja racional, a população das pragas deve ser analisada em termos quantitativos a fim de
definir numericamente sua abundância espacial e temporal. O método mais eficiente para a
obtenção das estimativas das densidades populacionais das pragas é através da amostragem.
Neste contexto, serão abordados neste artigo de revisão os sistemas de amostragem e de
tomada de decisão no manejo integrado das pragas do algodoeiro.

Termos para indexação: Gossypium hirsutum, métodos de controle e entomologia econômica

SAMPLING METHODS AND TAKE ACTION CONTROL IN COTTON INTEGRATED PEST


MANAGEMENT.

ABSTRACT: The single presence of a pest in a crop should not influence the decision for
control this pest. On the opposite, to make this decision is the key stone of Integrated Pest
Management, i.e., to control the pest when its density is suitable to cause economical
threat to the crop. However, in order to be rational, the decision of control should be based
in quantitative terms of the pest population, to numerically estimate its abundance in time
and space. Then, sampling is the most effective method to evaluate the estimative of pest
population densities. In this context, it will be reported in this review article sampling
methods and information to take action control in cotton Integrated Pest Management.

Index terms: Gossypium hirsutum, control methods and economical entomology

1 A lavoura algodoeira e o Manejo de Pragas

Dados da FAO (2006) demonstram que na safra de 2005 o Brasil ocupou o sexto lugar na
produção mundial de fibra algodão, produzindo 1.195.500 toneladas métricas de fibra, o que
correspondia a cerca de 5,09% da produção mundial. Apesar desta posição em relação ao cenário
mundial, a produtividade brasileira apresenta-se próxima àquelas alcançadas pelos principais países

1
Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, 58107-720, Campina Grande – PB. E-mail: cristina@cnpa.embrapa.br
2
Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. E-mail: picanco@ufv.br
3
Universidade Federal da Paraíba, Areia – PB. E-mail: tadeucb@yahoo.com.br

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produtores, situando-se em torno de 2.906 kg/ha (CONAB, 2006). Mato Grosso é considerado o
principal estado produtor do país e também o que alcança as maiores produtividades (CONAB,
2006).

Dentre os fatores limitantes à produção da cultura encontram-se os fatores abióticos e


bióticos (PRICE, 1997). Considerando que na grande maioria dos casos, os fatores abióticos possuem
capacidade restrita de serem manipulados, todo o esforço deve ser dirigido no sentido de minimizar
as perdas impostas pelos fatores bióticos. Neste caso, atenção especial deve ser dada ao ataque
de pragas que, a despeito da maioria das enfermidades que assolam o algodoeiro, geralmente não
possuem ações dirigidas para a busca de resistência nos programas de melhoramento de plantas
(VIEIRA e LIMA, 1999; BASTOS, 2004). Sendo assim, o sistema de convívio com as pragas em
níveis aceitáveis baseia-se predominantemente na imposição de mortalidade a estes organismos
(GALLO et al., 2002;DEGRANDE, 1998a,b; ALMEIDA e SILVA, 1999).

Avaliando-se os custos envolvidos no processo produtivo do algodoeiro cultivado em sistema


de plantio semi-direto em Primavera do Leste - MT, verifica-se que parcela significativa destes são
gastos com a aquisição de insumos (53,86%) e com operações agrícolas (9,35%). Do total gasto
na aquisição de insumos, 25,41% são utilizados na compra de inseticidas, destinados ao controle
de pragas, e este percentual representa 13,68% do custo total de produção (RICHETTI et al.,
2004).

Considerando-se apenas o aspecto econômico, observa-se que qualquer estratégia que venha
a minimizar estes gastos contribuirá para aumentar a eficiência do sistema. Isso sem levar em
conta os problemas secundários advindos da adoção de uma tática baseada exclusivamente na
mortalidade de pragas, quais sejam: a) evolução de resistência de pragas; b) erupção de pragas; c)
ressurgência de pragas; d) mortalidade de organismos benéficos e etc (RIPPER, 1956). Além
disso, existem ainda os problemas decorrentes dos efeitos tóxicos dos inseticidas sobre o ambiente
como um todo.

Na tentativa de minimizar os efeitos decorrentes do uso excessivo de inseticidas para o


convívio com as pragas das culturas, efeitos estes que emergiram a partir da descoberta das
propriedades inseticidas do DDT após a segunda guerra mundial, surgiu a filosofia preconizada pelo
Manejo Integrado de Pragas (PEDIGO, 2002; DENT, 2000).

No caso específico do algodoeiro, poucos anos após a introdução e uso em larga escala dos
inseticidas orgânicos sintéticos na região do Cotton Belt, Helicoverpa zea (Boddie, 1850)
(Lepidoptera: Noctuidae) alterou seu estatus de praga de ocorrência ocasional para praga chave.
Durante o mesmo período Heliothis virescens (FABRICIUS, 1977) (Lepidoptera; Noctuidae) saiu da
relativa obscuridade para tornar-se a principal praga do algodão. Ácaros, anteriormente
desconhecidos como pragas do algodão na maior parte da região do Cotton Belt, também alcançaram
o estatus de praga em vários locais daquela região. Outros artrópodes-praga também seguiram o
mesmo padrão, em conseqüência do uso abusivo de inseticidas orgânicos sintéticos. O uso de
misturas de inseticidas resolveu temporariamente os problemas resultantes das mudanças no estatus
de praga das várias espécies de artrópodes (BRADLEY JR., 1996).

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Um problema mais sério começou a surgir cerca de cinco anos após a adoção dos inseticidas
do grupo dos organoclorados nas lavouras algodoeiras: populações resistentes do curuquerê do
algodoeiro e do pulgão do algodoeiro começaram a aparecer. A significância deste fenômeno não
foi constatada até que resistência a inseticidas do grupo dos organoclorados foi detectada em
populações do bicudo na Louisiana, em 1955. No caso do bicudo, a principal mudança foi o aumento
no uso de misturas de inseticidas ou a substituição total dos organoclorados pelos organofosforados.
Todos estes fatos, considerados conjuntamente “forçaram” a implementação da filosofia de manejo
integrado de pragas (MIP) mais rapidamente na lavoura algodoeira (BRADLEY JR., 1996).

2 Teoria do MIP

Segundo Pedigo (2002), muitas definições têm sido sugeridas para o termo Manejo Integrado
de Pragas (MIP) e muitas delas têm em comum três elementos: a) a adoção de múltiplas táticas
(por exemplo, inimigos naturais, variedades resistentes e inseticidas) utilizadas de maneira
compatível; b) a manutenção da densidade populacional das pragas abaixo de níveis que causem
prejuízo econômico e c) a conservação da qualidade ambiental. Neste contexto, o termo pode ser
definido como “uma tecnologia de convívio com pragas, que combina vários meios, de forma a
reduzir o estatus das pragas a níveis toleráveis, ao mesmo tempo em que contribui para a
manutenção da qualidade ambiental” (PEDIGO, 2002).

Pela análise da definição percebe-se que um dos pontos críticos do conceito envolve a
correta categorização dos competidores. De acordo com Pedigo (2002), existem quatro categorias
de pragas:
• Pragas não econômicas: pragas cuja posição de equilíbrio (densidade ao longo do tempo)
sempre se localiza abaixo do nível de dano econômico (NDE).
• Pragas secundárias: pragas cuja posição de equilíbrio (densidade ao longo do tempo)
ocasionalmente alcança o NDE.
• Pragas-chave (perenes): pragas cuja posição de equilíbrio (densidade ao longo do tempo)
freqüentemente alcança o NDE.
• Pragas severas: pragas cuja posição de equilíbrio (densidade ao longo do tempo) se localiza
acima do NDE.
A inclusão de um dado organismo em uma destas categorias implicará em maior ou menor
freqüência na adoção de medidas de controle, que reduzam a densidade populacional da praga a
níveis toleráveis ou alterem seu estatus de praga severa, chave ou secundária para praga não
econômica (PEDIGO, 2002).

A avaliação da densidade populacional de pragas em diferentes estágios fenológicos da


cultura (variação no tempo) fornece ainda subsídios para a tomada de decisão, a qual é feita
levando-se em conta níveis pré-estabelecidos ou toleráveis de ocorrência. Alguns dos termos
mencionados na literatura sobre manejo integrado de pragas (PEDIGO, 2002; DENT, 2000; HIGLEY
e PEDIGO, 1996) e relacionados ao processo de tomada de decisão incluem:
• Nível de dano (ND): a quantidade total de injúria que justifica o custo da adoção de medidas
artificiais de controle. O dano econômico começa a ser verificado sempre que a quantidade de

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recurso monetário requerida para supressão da injúria do inseto se iguala à perda monetária potencial,
advinda do ataque deste mesmo inseto;
• Injúria: o efeito da atividade da praga na fisiologia do hospedeiro, sendo usualmente deletério.
Relacionado à praga e às suas atividades;
• Dano: perda mensurável na utilização do hospedeiro, incluindo quantidade de produção,
qualidade ou estética. Relacionado à cultura e a sua resposta à injúria;
• Nível de dano econômico (NDE): a menor densidade de insetos ou o menor nível de injúria
que será capaz de causar dano econômico. Como a injúria é mais difícil de ser estimada do que o
número de insetos, este último normalmente é utilizado no processo de tomada de decisão e
representa uma medida indireta da injúria tolerada pelas plantas. O NDE pode ser calculado através
da fórmula:

Onde,
C = Custo de manejo/área (Ex: R$/ha)
V = Valor de mercado/unidade de produção (Ex: R$/kg de pluma)
I = Unidades de injúria por inseto por unidade de produção (Ex: % de desfolha/inseto/ha)
D = Dano/unidade de injúria (Ex: kg de pluma perdido/ha/%desfolha)
K = Redução proporcional no potencial de injúria ou dano (relativo à eficiência do método
de controle empregado, por ex: 0,8 para 80%).

Considerando que em, algumas situações, I e D são difíceis de serem obtidos (caso de
insetos sugadores), normalmente estas duas variáveis têm sido estimadas a partir do coeficiente b
do modelo linear de regressão estabelecido entre a produtividade e o número de insetos por área.

· Nível de controle (NC): corresponde ao número de insetos (densidade ou intensidade) que


desencadeia ações de controle. Está localizado abaixo do NDE, já que, caso as ações de controle
fossem tomadas quando a população da praga atingisse o NDE, provavelmente esta população
tenderia a crescer e a ultrapassar o NDE, antes que o método de controle empregado pudesse
surtir efeito sobre ela. Neste caso, o prejuízo econômico já teria ocorrido. A adoção de medidas de
manejo quando o NC é atingido faz com que a população da praga seja reduzida a densidades não
econômicas antes que esta possa atingir o NDE. Na prática, os agricultores utilizam o NC como
guia para adoção de medidas de manejo curativas (controle químico) ou quando é necessário
realizar-se uma correção no sistema devido a falhas nas medidas de controle preventivas adotadas.
Como o NC não pode ser calculado diretamente, alguns mecanismos são empregados para gerá-lo,
baseando-se no NDE e no conhecimento da dinâmica populacional das pragas. Assim, para que ele
possa ser estimado, faz-se necessário conhecer o potencial ou as taxas de crescimento das pragas.
Em situações na qual a densidade populacional de pragas não é conhecida, normalmente o valor
adotado para o NC é o mesmo obtido para o NDE ou baseado na experiência do produtor. O NC
pode ainda assumir um valor qualquer fixo e inferior ao NDE. Quando as taxas de crescimento da
praga já tiverem sido obtidas por ensaios preliminares, o NC pode ser calculado através da expressão:

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NC = NDE x C-x

onde,
C = fator de aumento por unidade de tempo (por ex., 0,5 por semana, representa um
aumento de 50% por semana);
x = período de tempo em questão, expresso em semanas.
A Figura 1 apresenta uma representação gráfica destes níveis, tendo sido adaptada
de Pedigo (2002), Pedigo e Higley (1996) e Bohmfalk et al. (1996):

3 Amostragem ou Monitoramento de Pragas

O monitoramento de populações de insetos pode ser usado para determinar a distribuição


geográfica de pragas (a exemplo do que é feito pelos órgãos de fiscalização no Brasil para o
bicudo) ou para verificar a efetividade de medidas de controle. Entretanto, adotando-se um conceito
mais amplo, admite-se que monitoramento é o processo de medição das variáveis requeridas para
o desenvolvimento e uso em predições de surtos populacionais de pragas. Essas predições
constituem-se em importantes componentes das estratégias adotadas em manejo de pragas, uma
vez que o conhecimento da época crítica e da severidade do ataque pode melhorar a eficiência das
medidas de controle empregadas (DENT, 2000). Apenas em algumas situações, é possível contar
individualmente cada inseto que ocorre, infestando as plantas. Logo, faz-se necessário a retirada
de amostras para extrair delas, através de métodos estatísticos, informações acerca da população
como um todo (YOUNG e YOUNG, 1998; DENT e WALTON, 1997; SOUTHWOOD 1978).

FIG. 1. Representação gráfica da relação entre número de insetos, tempo e níveis utilizados na tomada de
decisão. Adaptado de: PEDIGO (2002); BOHMFALK et al. (1996).

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Várias técnicas podem ser utilizadas para a amostragem dos insetos em geral e muitas delas
são empregadas para a amostragem dos insetos que infestam a lavoura algodoeira. Todavia, antes
de serem mencionadas, deve-se considerar para o monitoramento da lavoura (PEDIGO, 2002;
BINNS et al., 2000):
• a seleção da unidade amostral: proporção do habitat na qual é feita a contagem de insetos;
• a técnica de amostragem: o método utilizado para coletar informação de uma unidade
amostral;
• o programa de amostragem: procedimento que emprega a técnica de amostragem para
obter uma amostra e fazer uma estimativa de densidade. Determina como a amostra será retirada,
isto é, o estágio do inseto a amostrar, o no de unidades amostrais, o padrão espacial de obtenção
das unidades amostrais e a época de amostragem. Os principais programas de amostragem utilizados
no manejo integrado de pragas das culturas em geral são a amostragem convencional e a
amostragem sequencial. A amostragem convencional envolve a avaliação de um número ou tamanho
de amostra fixo, exigindo maior tempo para a tomada de decisão. A amostragem convencional
envolve avaliação de amostras de tamanho variável, evitando a retirada de uma amostra de tamanho
excessivo, o que resulta em economia de tempo e esforço na amostragem, pois utiliza em torno de
1/3 do tamanho da amostra que seria requerida para a tomada de decisão na amostragem
convencional (NAKANO et al., 1981).

3.1 Unidade amostral

Considerando que, usualmente, é impraticável a contagem de todos os insetos em todas as


unidades amostrais, um grupo de tais unidades é utilizado para caracterizar a população como um
todo. Este grupo de unidades amostrais é denominado de amostra e estas são utilizadas para fazer
as estimativas (PEDIGO, 2002). A unidade amostral irá variar em função da técnica amostral
utilizada e do inseto a ser amostrado. Geralmente dados de distribuição espacial dos insetos nas
plantas são utilizados na determinação de unidades amostrais confiáveis e protocolos de amostragem
custo-efetivos (ATAKAM et al., 1996; NARANJO et al., 1995). Utilizando dados da distribuição
espacial da espécie Helicoverpa armigera (Hübner, 1808) (Lepidoptera: Noctuidae), Khaing et al.
(2002) determinaram que o tamanho ideal das amostras a serem utilizadas no monitoramento da
praga, sob altos e baixos níveis de agregação, foram 15 e 30 plantas/140 m2, respectivamente.

Nibouche et al. (2003, 2004) verificaram a possibilidade de utilização de sub-unidades


amostrais (ramos superiores do algodoeiro) para estimativas da população de lagartas que atacam
os frutos do algodoeiro, observando que a infestação de lagartas nos dez ramos superiores é
regularmente decrescente do início do florescimento até aproximadamente 90 dias após a
emergência, e que o inverso ocorre no final da estação de crescimento. Segundo estes autores,
estes dados podem ser utilizados na definição de um método de amostragem que utilize como
unidade amostral os ramos preferencialmente atacados, o que poderá reduzir o tempo de
amostragem em até 60%.

No caso do percevejo Euschistus servus (Say) (Heteroptera: Pentatomidae) que, a despeito


de atacar preferencialmente a cultura da soja também infesta o algodoeiro, as estruturas a serem
avaliadas na amostragem são as maçãs que tiverem acumulado de 165,2 a 672 unidades de calor

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antes da antese (de aproximadamente 7-27 dias de idade), por serem as mais atacadas pelos
insetos (SIEBERT et al., 2005).

Wolfenbarger & Norman (1999) utilizaram 100 estruturas reprodutivas de algodão (botões
florais e maçãs pequenas) por campo, como unidades amostrais, para estimar as populações de
Anthonomus grandis (Boheman, 1843) (Coleoptera: Curculionidae), H. zea e H. virescens. Entretanto,
a avaliação da infestação de Pectinophora gossypiella (Saunders, 1844) (Lepidoptera: Gelechiidae)
em maçãs completamente desenvolvidas não foi considerada adequada para a tomada de decisão
em iniciar o controle químico do inseto. A estimativa do número de lagartas jovens em relação ao
número total de lagartas presentes nas maçãs foi considerada como um parâmetro mais confiável
para este propósito (EL SALAM et al., 1992). Todavia, Kalra & Sharma (1992) relatam que a
amostragem de lagartas que atacam as maçãs do algodoeiro, dentre estas P. gossypiella, pode ser
realizada através da avaliação de quatro maçãs retiradas do dossel mediano das plantas oriundas
de cinco plantas/parcela. Já Zhou e Luo (1987) sugerem que a amostragem de P. gossypiella deve
ser feita considerando-se a população da praga a ser avaliada. Isto é, na avaliação da segunda
geração da praga, deve-se proceder à contagem de ovos em maçãs pertencentes aos seis primeiros
ramos reprodutivos; a avaliação dos ovos depositados pela terceira geração da praga deve ser
feita em maçãs pertencentes ao décimo até o décimo terceiro ramos reprodutivos. Desta forma o
número de amostras é reduzido em 36 a 44%, além de haver redução no tempo e no custo da
amostragem.

Algumas espécies de tripés, que atacam o algodoeiro, infestam diferentes estruturas da


planta, as quais devem ser selecionadas como unidades amostrais no processo de amostragem
destas pragas. Enquanto a espécie Thrips tabaci (Lindeman, 1888) (Thysanoptera: Thripidae) prefere
colonizar as folhas, a espécie Frankliniella occidentalis (Pergande, 1895) (Thysanoptera: Thripidae)
coloniza preferencialmente as flores. Isso ocorre em função do fato destas espécies ficarem mais
expostas à predação quando ocorrem sobre botões florais e maçãs (ATAKAM et al., 1996). Algo
similar ocorre com a espécie Bemisia argentifolii (Bellows e Perring, 1994) (Hemiptera: Aleyrodidae),
cujos adultos são mais abundantes nas folhas dos ramos localizados no dossel superior do que
naquelas localizadas nos dosséis intermediário e inferior. Além disso, as contagens de adultos no
dossel superior (ramos de 1 a 7, a partir do ápice das plantas) demonstrou que houve maior
incidência e menor variabilidade nas contagens realizadas nas folhas do quinto ramo a partir do
ápice, ressaltando que esta deve ser a unidade amostral a ser utilizada para monitoramento da
espécie em lavouras algodoeiras (NARANJO e FLINT, 1995). No caso de Bemisia tabaci (Gennadius,
1889) (Hemiptera: Aleyrodidae), a unidade amostral mais apropriada para estimar-se a população
de ovos e ninfas demonstrou são discos foliares de 3,88 cm2, obtidos da região basal de folhas
localizadas no quinto ramo das plantas de algodoeiro.

Em muitos casos, a unidade amostral selecionada para avaliação das densidades populacionais
de insetos é variável, em função do desenvolvimento fenológico das plantas. Hardee et al. (1994)
realizaram estudos para determinação dos procedimentos de amostragem a serem adotados para
o pulgão do algodoeiro. Em função dos resultados encontrados, sugeriram que as seguintes unidades
amostrais deveriam ser adotadas para monitoramento do pulgão do algodoeiro, durante o ciclo de
crescimentos das plantas: 1) quatro a seis semanas após o plantio – amostrar a quarta folha
totalmente expandida a partir do ápice; 2) sete a nove semanas após o plantio – amostrar a

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primeira folha do ramo localizado a 1/3 do ápice das plantas; 3) resto da estação de crescimento
– amostrar a primeira folha do ramo, localizado acima do primeiro ramo frutífero basal.

3.2 Técnica de amostragem

A fim de que os objetivos da amostragem sejam atingidos, faz-se necessário realizar a


contagem dos insetos em unidades amostrais a partir de um universo de amostragem e fazer uma
estimativa da densidade populacional. Para que isto seja possível, são requeridos tanto uma técnica
quanto um programa de amostragem apropriados. A técnica de amostragem é o método utilizado
para coletar informações de uma unidade amostral. Assim, o foco da técnica de amostragem é no
equipamento ou na forma como os insetos são contados (PEDIGO, 2002).

Existem várias técnicas disponíveis para a contagem de insetos e, no caso específico do


algodoeiro, algumas têm sido empregadas mais intensivamente. Uma das mais utilizadas é a contagem
direta de insetos ou observação direta, que normalmente não requerem equipamento especial e
são realizadas no habitat do inseto, utilizando como unidade amostral uma parte específica da
planta ou do dossel (BASTOS, 2004; GALLO et al., 2002; ALMEIDA e SILVA, 1999; DEGRANDE,
1998 a,b)

Várias espécies têm sido monitoradas através da utilização de redes. Zink e Rosenheim
(2004) utilizaram redes para amostragem de Lygus hesperus (Knight) (Hemiptera: Miridae) e
verificaram que a eficiência da amostragem através desta técnica era alterada pelo estágio de
desenvolvimento e pelo sexo do inseto. Como tanto o estágio quanto o sexo da praga podem
alterar a capacidade de injúria dos artrópodes, faz-se necessário que as amostragens realizadas
considerem a correção destas distorções.

Apesar da possibilidade de utilização de várias técnicas no processo de amostragem, muitas


delas não se constituem em instrumentos adequados de monitoramento de algumas espécies.
Kharboutli e Allen (2000) testaram a aplicabilidade de técnicas como o pano de batida, a rede
entomológica e um equipamento que lançava ar sobre as folhas para amostragem de Lygus lineolaris
(Palisot de Beauvois, 1818) (Hemiptera: Miridae) e de artrópodes predadores. Os resultados
demonstraram que o equipamento que lançava ar e o pano de batida coletaram significativamente
mais fases imaturas de L. lineolaris e de artrópodes predadores do que a rede entomológica.
Todavia, conclui-se que nenhuma das técnicas de amostragem testadas permitiram amostrar
adequadamente todos os artrópodes do algodoeiro.

Uma alternativa que tem mostrado grande aplicabilidade no monitoramento de pragas do


algodoeiro é a utilização de armadilhas contendo feromônio. Dugger e Richter (2000) obtiveram
bons resultados em termos de captura de E. servus em lavouras algodoeiras, quando utilizaram
armadilhas de feromônio. Todavia, o potencial de uso destas armadilhas para este fim ainda é
dependente da descoberta de substâncias atraentes às demais espécies de percevejo que atacam
o algodoeiro. El Zanan e El Haway (1999) testaram a eficiência de captura de Spodoptera littoralis
(BOISDUVAL, 1833) (Lepidoptera: Noctuidae), P. gossypiella e Earias insulana (BOISDUVAL, 1833)
(Lepidoptera: Noctuidae) por armadilhas luminosas e à base de feromônio. Considerando que a
coleta de adultos nas armadilhas foi bastante variável sugeriu-se que, para efeito de amostragem

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objetivando a aplicação de inseticida, seja realizada contagem direta. Alguns autores recomendam
que mesmo na amostragem de insetos para os quais o uso de armadilhas com feromônio é uma
realidade, a utilização da técnica deve ser feita levando-se em conta a aplicabilidade restrita da
mesma, em função de permitir que somente a fase adulta seja monitorada, apesar de alguns
autores mencionarem a existência de grande correlação entre o número de adultos capturados em
armadilhas e a infestação de maçãs com larvas (QURESHI et al., 1993). Outras técnicas que
permitem avaliar, por exemplo, a quantidade de ovos depositados pelas fêmeas, podem servir
tanto como indicador indireto da atividade de fêmeas adultas quanto possibilitar a detecção de
infestações larvais subsequentes (HUTCHISON, 1999). No caso de optar-se pelo uso de armadilhas
contendo feromônio, deve-se atentar para sua localização, a qual pode alterar a eficiência de
coleta. Legget et al. (1994) verificaram que armadilhas tipo delta, contendo feromônio (gossyplure)
e utilizadas para monitoramento das populações de P. gossypiella, capturavam mais adultos do
inseto quando eram fixadas 0,6 metros acima do nível do solo do que quando eram mantidas à
altura do dossel. Todavia, o posicionamento da armadilha (Norte, Sul, Leste, Oeste) e sua localização
no campo (se em torno da lavoura ou no interior desta) não alteraram a eficiência de captura. No
caso de armadilhas a base de feromônio, há que se considerar ainda a queda na eficiência de
captura, comum na presença de altas densidades de emissão natural do feromônio (altas densidades
de fêmeas, no caso de H. virescens) (WITZ et al., 1992).

Algumas técnicas amplamente utilizadas em outros cultivos (como o da soja) também têm
sido empregadas para amostragem de pragas do algodoeiro. Um estudo comparativo realizado
para avaliar a eficiência relativa do método do pano de batida e da amostragem por sucção
demonstrou que o número de insetos pertencentes a quatro taxa e o número total de predadores
no pano de batida por metro de fileira foi maior do que aquele estimado pela amostragem por
sucção (SMITH e STEWART, 1999). Todavia, o uso de baldes plásticos de 12,50 L de capacidade
associado à batida de plantas demonstrou ser um método mais rápido e confiável de amostragem
de insetos predadores na lavoura algodoeira do que o uso de redes e de contagem visual (KNUTSON
e WILSON, 1999).

As recomendações apresentadas para o Manejo Integrado de Pragas do algodoeiro na


Austrália sugerem a utilização de, no mínimo, três diferentes tipos de técnicas de amostragem
(contagem direta, pano de batida e redes entomológicas) durante o ciclo de desenvolvimento do
algodoeiro. Esta recomendação é baseada no fato de que lagartas de Helicoverpa, adultos e ninfas
de mosca-branca, pulgões e tripes são melhor amostrados através da contagem direta, enquanto
o pano de batida é recomendável para as demais espécies e a rede entomológica tem especial
aplicabilidade na amostragem de insetos que voam (tais como cigarrinhas e percevejos). Além
disso, quando as plantas possuem cerca de 9-10 ramos, o pano de batida pode chegar a detectar
até três vezes mais o número de insetos contabilizados através da contagem direta. De maneira
similar, a adoção de redes entomológicas para amostragem de mirídeos adultos pode detectar
números até 1,6 vezes maiores do que aqueles registrados na contagem direta. Tais diferenças
devem ser levadas em consideração no momento da tomada de decisão já que esta é baseada em
contagens visuais (FARREL e JOHNSON, 2005).

Modelos específicos de armadilhas têm sido desenvolvidos para amostragem de muitos


insetos-praga do algodoeiro. Chu e Henneberry (1998) conceberam um modelo de armadilha para

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1128 C.S. BASTOS, et al.

amostragem, monitoramento e controle suplementar de adultos de mosca branca (Bemisia spp.)


denominado armadilha CC (Figura 2), que não contém material adesivo ou nem qualquer tipo de
atraente. A armadilha possui ainda a vantagem de ser seletiva (não captura muitas outras espécies
de insetos), ser lavável, reutilizável e de fácil uso, permitindo ainda a fácil contagem do número de
adultos com auxílio de um fundo preto e sem a necessidade de um microscópio.

Armadilhas do tipo Pit-Fall têm sido utilizadas no monitoramento da abundância sazonal de


artrópodes de solo incidentes em lavouras algodoeiras (HANEY et al., 1996). Apesar deste tipo de
monitoramento ainda não possuir aplicabilidade prática no processo de tomada de decisão, ele
pode embasar estratégias de escape do ataque de pragas através da previsão de época de maior
ocorrência e/ou abundância de artrópodes-praga e fornecer indícios sobre a ocorrência de insetos
benéficos de solo.

Entretanto, em muitos casos, as estimativas das densidades populacionais de insetos obtidas


através de armadilhas podem estar subestimadas. Neste caso, é comum a utilização de um fator
de correção, que permita ajustar a estimativa a um valor próximo àquele que seria obtido através
de métodos de contagem absoluta. Snodgrass e Scott (1997) amostraram populações de L. lineolaris
através de contagem absoluta visual e de redes de varredura e constataram que a amostragem
através de rede de varredura subestimava as populações do inseto, demandando um fator de
correção de valor numérico três. Todavia, não só a natureza da estimativa como também o custo
devem ser levados em conta no momento da seleção por um método mais apropriado. Naranjo et
al. (1995) estudaram a confiabilidade e eficiência de armadilhas adesivas de diferentes tamanhos,
orientações e localizações e de dois métodos de contagem direta (pano preto e contagem na fase
ventral da folha) para amostragem de B. tabaci. Levando-se em conta o tamanho das amostras
necessário para um nível aceitável de precisão e o custo por unidade (tempo) de cada método de
amostragem, o pano preto mostrou-se 3,5 vezes mais caro do que a contagem na face ventral das

FIG. 2. Descrição de armadilha CC para mosca


branca. (a) Ápice da armadilha; (b) placa deflectora;
(c) base da armadilha. Fonte: CHU & HENNEBERRY
(1998).

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SISTEMAS DE AMOSTRAGEM E TOMADA DE DECISÃO NO MANEJO 1129

folhas e as armadilhas adesivas foram entre 3,6 a 19,7 vezes mais caras. Baseado na variabilidade
entre amostras e nos custos para obtenção das estimativas, a técnica de estimativa da abundância
de adultos de B. tabaci via contagem dos insetos na face ventral das folhas foi considerada a mais
eficiente e confiável. Natwick et al. (1995) testaram a aplicabilidade de três tipos de armadilhas
amarelas adesivas, dois equipamentos de sucção (bug buster e D-vac) de insetos, pano preto
associado a um fino filme de óleo e amostragem da planta inteira através do empacotamento em
sacolas plásticas individuais, para amostragem de adultos de mosca branca e constataram que
tanto o pano preto quanto os dois equipamentos de sucção permitiram a obtenção de boas
estimativas. As estimativas populacionais obtidas por estes dois métodos foram altamente
correlacionadas com aquelas obtidas através da contagem da planta inteira. Todavia, o método do
pano preto foi considerado o mais barato, o mais rápido e o que menos demandou a utilização de
mão-de-obra.

Alguns países utilizam equipamentos acoplados a tratores na amostragem de insetos. Um


equipamento pneumático, operado manualmente e denominado KISS (Keep-it-simple sampler) foi
comparado quanto à eficácia e confiabilidade da estimativa obtida com um amostrador montado
sobre trator (TMS). Ambos os equipamentos foram utilizadas para detecção e quantificação do
bicudo do algodoeiro em lavouras em fase de pré-florescimento. A eficácia do KISS foi cerca de
50% a do TMS e sua confiabilidade, medida pela variação entre as repetições, foi semelhante. De
modo geral, as duas técnicas demonstraram boa eficiência de amostragem, a qual foi considerada
muito superior àquela exigida por métodos manuais de contagem. Todavia, na fase em que as
plantas já apresentam frutos, os resultados obtidos com métodos de amostragem através do uso
de equipamentos pneumáticos acoplados a tratores podem ser subestimados, uma vez que nesta
situação os insetos normalmente se localizam entre as maçãs e as brácteas, algo que reduz
consideravelmente a eficiência de captura de cerca de 70% na ausência de frutos para cerca de
13% na presença de frutos (RAULSTON et al., 1998). O uso de amostrador acoplado a tratores
mostrou-se ainda de especial aplicabilidade na amostragem de lagartas, fases adultas e imaturas
de hemípteros e de predadores mastigadores no início do desenvolvimento do algodoeiro. As
estimativas obtidas com este método mostraram-se altamente correlacionadas com aquelas obtidas
por outros métodos de amostragem (rede de varredura e pano de batida), possibilitando a obtenção
de estimativas da densidade populacional destes artrópodes mesmo quando em baixas densidades
populacionais (SPURGEON e RAULSTON, 1997).

No caso de sugadores, algumas técnicas específicas têm demonstrado aplicabilidade. Micinski


et al. (1995) compararam a eficiência de extração de duas técnicas baseadas na lavagem de
plantas, utilizadas para amostragem de Frankliniella fusca (HINDS, 1902) (Thysanoptera: Thripidae)
e Aphis gossypii (GLOVER, 1877) (Hemiptera: Aphididae). Ambas as técnicas foram igualmente
efetivas na extração destes insetos de plântulas de algodoeiro permitindo a obtenção de eficiência
satisfatória tanto em altos quanto em baixos níveis populacionais dos insetos. Todavia, o método
que incluía a lavagem de plantas associada à flotação por centrifugação permitiu redução no
tempo requerido para quantificação da amostra em 30 a 69%. A técnica de lavagem de plantas
mostrou-se adequada ao monitoramento de F. occidentallis em outros estudos, detectando
densidades do inseto de aproximadamente 4,6 a 6,7 vezes maiores do que aquelas estimadas
através da contagem direta das plantas (RUMMEL e ARNOLD, 1989).

Uma técnica comumente utilizada para monitoramento de sugadores é a adoção de painéis

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1130 C.S. BASTOS, et al.

adesivos coloridos, que podem ser de diferentes tipos e cores. Diraviam e Uthamasamy (1992)
utilizaram armadilhas amarelas e aluminizadas, de formato cilíndrico para amostragem de diferentes
espécies de Thysanoptera, incluindo algumas que atacavam o algodoeiro. Rao et al. (1989) utilizaram
armadilhas adesivas amarelas para monitoramento de B. tabaci.

3.3 Plano ou programa de amostragem

Pode ser definido como o procedimento que emprega a técnica de amostragem para obter
uma amostra e fazer uma estimativa da densidade. Os programas de amostragem fornecem indícios
de como a amostra deve ser retirada, incluindo: (1) o estágio do inseto a amostrar; (2) o número de
unidades amostrais; (3) o padrão espacial para obtenção das unidades amostrais (Figura 3) e (4) a
época de amostragem (PEDIGO, 2002).

No Brasil, os planos de amostragem mais empregados na lavoura algodoeira são os planos


de amostragem convencional e, em menor extensão, os de amostragem sequencial. A amostragem
sequencial tem como características a retirada de amostras de tamanho variável (até que os
resultados demonstrem que a população da praga está acima ou abaixo dos limites pré-
estabelecidos), testar uma hipótese sobre determinados parâmetros sem necessitar estimá-los;
algo que economiza tempo e esforço, evitando uma amostragem excessiva e, geralmente, utilizar
amostras com 1/3 do tamanho que seria usado na amostragem convencional. A amostragem
convencional, por sua vez, opera com número fixo e pré-estabelecido de amostras, não possui
teste de hipótese associado à tomada de decisão e empreende maior esforço na sua execução
(NAKANO et al., 1981). Em ambos os sistemas de amostragem, em algumas situações, torna-se
impossível saber se a população alcançou ou não os limiares que determinam a adoção de medidas

FIG. 3. Padrões de caminhamento utilizados na amostragem de insetos. Fonte: BOHMFALK et al., 1996

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SISTEMAS DE AMOSTRAGEM E TOMADA DE DECISÃO NO MANEJO 1131

curativas. Nestes casos a melhor solução é, cerca de dois a três dias após a realização da
amostragem, proceder novo monitoramento (UNIVERSITY OF CALIFORNIA, 1996).

Alguns modelos de amostragem convencional em uso no Brasil incluem:

1) Retirada de 100 amostras por talhão homogêneo (10 ha), ao acaso, percorrendo-se a
área em ziguezague ou demarcando-se 20 pontos de amostragem ao acaso, sendo oito pontos na
bordadura e 12 pontos no interior da área, em cada um dos quais se retiram cinco amostras. No
caso da avaliação de viroses, deve-se escolher 100 pontos de amostragem por unidade (10 ha),
sendo 30 pontos na bordadura e 70 no seu interior, e contar o número de plantas com vírus em um
metro linear de plantas em cada ponto. A freqüência de amostragem é variável com a fase da
cultura, devendo ser realizada, pelo menos, uma vez por semana da germinação ao florescimento,
duas vezes por semana do florescimento ao primeiro capulho e uma vez por semana do capulho à
colheita (GALLO et al., 2002).

2) Tomar aleatoriamente 100 plantas em talhões de até 100 ha, em área homogênea,
através do caminhamento em ziguezague. A ficha de amostragem deverá ser preenchida, anotando-
se na linha do número correspondente a planta examinada e, somente quando necessário, na
célula pertencente à coluna da praga ou dos inimigos naturais. Em relação a quando amostrar, os
dois principais aspectos a serem levados em consideração são o período crítico e a freqüência de
amostragem. O primeiro é definido para cada espécie de inseto, caracterizado pela fase do
desenvolvimento da cultura mais suscetível ao ataque da praga. No caso do pulgão do algodoeiro,
esta fase se estende da germinação ao aparecimento do primeiro capulho. A freqüência determina
o intervalo de cada avaliação da praga, devendo ser realizada a cada cinco dias (ALMEIDA e
SILVA, 1999).

3) Monitorar as pragas e os inimigos naturais duas vezes por semana (três a quatro dias de
intervalo). Durante o planejamento da lavoura, a área total de cultivo deve ser dividida em talhões,
visando permitir amostragens representativas. Os talhões devem ser uniformes (época de
semeadura, variedade, topografia, tratos culturais, proximidade de focos de infestação e áreas de
risco de pragas e doenças, etc). O tamanho de cada talhão varia em função dessa uniformidade,
não devendo exceder 100 ha, mesmo em áreas muito uniformes do cerrado brasileiro, pois as
pragas habitualmente não têm distribuição uniforme. O percurso na lavoura deve ser em espiral,
fazendo-se primeiro a área referente às bordaduras e posteriormente atingindo o interior da cultura,
enquanto o caminhamento deve ser em ziguezague (DEGRANDE, 1998a, b);

4) Dividir a área em talhões, cujos tamanhos serão determinados pela uniformidade do


relevo e das paisagens. Em relevos mais planos, os talhões poderão ser de até 100 hectares,
enquanto nos relevos mais acidentados os talhões deverão ser em torno de 20 hectares. De um
modo geral, dois estratos (bordadura e áreas restantes) deverão ser estabelecidos em todas as
lavouras de algodão e também deverão receber amostragem específicas, as quais geralmente
determinarão tomadas de decisão diferenciadas quanto ao controle químico. Para obter maior
confiabilidade nos dados, deve-se amostrar um ponto para cada dois hectares, em talhões acima
de 50 hectares. Nas amostragens, deve-se dar preferência ao levantamento das pragas em um
metro linear de plantas ou em sete plantas seguidas (SANTOS, 1999).

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1132 C.S. BASTOS, et al.

No caso específico do bicudo do algodoeiro, dados de Pierozzi Jr. et al. (1996) demonstram
que, como a amostragem é destrutiva, o plano de amostragem deve variar em função da área
amostrada e ser realizado com freqüência semanal. Assim, para lavouras com área entre 1-10 ha,
amostrar 100 plantas e/ou frutos; com área entre 11-50 ha, amostrar 150 plantas e/ou frutos;
com área entre 51-150 ha, amostrar 200 plantas e/ou frutos; com área entre 151 – 250 ha,
amostrar 230 plantas e/ou frutos e com área entre 251-350 ha, amostrar 250 plantas e/ou frutos.
Lavouras áreas maiores que 350 hectares devem ser divididas em áreas menores, as quais devem
ser consideradas separadamente em relação ao índice de infestação, aplicando-se o tamanho da
amostra para a área de cada divisão.

Pizzamiglio et al. (1989) também recomendam que seja utilizado número de amostras variável
em função da densidade das espécies Eutinobothrus brasiliensis (Hambleton, 1937) (Coleoptera:
Curculionidae), Alabama argillacea (Hübner, 1818) (Lepidoptera: Noctuidae) e Dysdercus sp.
(Hemiptera: Pyrrhocoridae). Entretanto, no caso de A. gossypii, os autores ressaltam que a
ocorrência deste inseto na lavoura em altas densidades populacionais torna os planos de amostragem
baseados em presença e ausência do inseto mais adequados para sua amostragem. Desta forma,
a proporção de plantas infestadas por A. gossypii pode ser facilmente convertida, para a densidade
do inseto que ocorre infestando as plantas, através de modelos criados para este fim, tornando a
estimativa menos subjetiva. De acordo com plano de amostragem proposto por estes autores,
para um mesmo nível de acurácia, à medida que a densidade de insetos cai, o número de amostras,
requeridas para a tomada de decisão, aumenta.

Na Tabela 1 apresentam-se os níveis de controle propostos para o controle dos principais


artrópodes-praga, que ocorrem infestando o algodoeiro no Brasil, quando se utiliza a amostragem
convencional.

STERLING et al. (1996) atentam para o fato de que, apesar dos NC’s serem amplamente
empregados no MIP do algodoeiro, existe a necessidade de inclusão de mais variáveis no cálculo
destes NC’s, com o objetivo de que sejam levadas em consideração todas as variáveis que influenciem
os custos, os benefícios e os lucros obtidos com o emprego de uma dada tática. Para tal, estes
autores têm sugerido o cálculo do Comprehensive Economic Thresholds ou nível de controle
compreensivo, via construção de modelos multidimensionais, como o TEXCIM50 (STERLING et
al., 1992), o TEXCIM for Windows (STERLING et al., 1993), o TEXCOT ou o ICEMM (LANDIVAR
et al., 1991) os quais permitem simular os efeitos de muitas variáveis simultaneamente, ao invés
de focar simplesmente a densidade da praga ou injúria.

De toda maneira, algumas regiões da Austrália e dos Estados Unidos incluem em seus planos
de amostragem convencional, além do monitoramento da praga, o monitoramento do hospedeiro
e, em alguns casos, alguns grupos de inimigos naturais (FARREL e JOHNSON, 2005; BOHMFALK
et al., 1996; UNIVERSITY OF CALIFORNIA, 1996).

No plano de amostragem adotado para o manejo integrado de pragas do algodoeiro na


Austrália, recomenda-se: 1) a utilização de diferentes técnicas para amostragem de diferentes
espécies; 2) quantidade de unidades amostrais requeridas para tomada de decisão diferencial em
função da técnica empregada (contagem direta: amostrar no mínimo 50 plantas ou 3 ou 4 metros

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C.S. BASTOS, et al. 1133

TABELA 1. Descrição da unidade amostral e nível de controle utilizados na amostragem convencional


dos insetos-praga que ocorrem infestando o algodoeiro.

Continua...

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1134 SISTEMAS DE AMOSTRAGEM E TOMADA DE DECISÃO NO MANEJO

TABELA 1. Continuação...

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C.S. BASTOS, et al. 1135

em diferentes pontos de talhões de no máximo 50 ha; pano de batida: amostrar pelo menos 8-10
metros por campo; rede entomológica: pelo menos seis amostras de batida de rede/ campo); 3)
amostragem dos níveis de parasitismo de ovos por Trichogramma spp. (Hymenoptera:
Trichogrammatidae) e Telenomus spp. (Hymenoptera: Scelionidae); 4) amostragem do parasitismo
larval por Microplitis spp. (Hymenoptera: Braconidae); 5) frequência de amostragem semanal ou
antes que uma pulverização seja realizada; 6) monitoramento do hospedeiro (algodoeiro); 6) adoção
de níveis de controle dinâmicos em função das características do hospedeiro (estruturas danificadas,
abortadas, retenção de estruturas reprodutivas, etc); 7) amostragem de predadores para cálculo
da taxa predação = predadores (joaninhas, percevejos Nabidae e Reduviidae, bicho-lixeiro, Geocoris
(Hemiptera: Lygaeidae), etc)/praga [(Ovos de Helicoverpa spp. – % de ovos parasitados) + larvas
muito pequenas + larvas pequenas]. Todos estes fatores são levados em conta na tomada de
decisão do manejo integrado de pragas do algodoeiro (FARREL e JOHNSON, 2005).

O plano de amostragem convencional adotado por algumas regiões dos EUA para o manejo
integrado de pragas do algodoeiro considera: 1) o desenvolvimento do hospedeiro (número de
botões e maçãs de primeira, segunda e terceira posição no ramo reprodutivo, altura da planta,
número de ramos abaixo do primeiro ramo reprodutivo, número de nós acima da primeira flor
branca, número de nós acima do primeiro capulho, retenção de botões na primeira posição dos
primeiros cinco ramos reprodutivos a partir do ápice das plantas, retenção de botões e maçãs nos
primeiro cinco ramos reprodutivos a partir da base das plantas); 2) as taxas altura/nó, taxa de
crescimento, % de retenção de frutos nos primeiro cinco ramos reprodutivos superiores ou inferiores,
número médio de nós de ramos frutíferos de primeira posição, número médio de nós acima da
primeira flor branca e acima dos capulhos; 3) os graus-dias acumulados pelas plantas; 3) amostragem
de insetos através da contagem visual e por intermédio de redes entomológicas (no caso de
percevejos); 4) uso de armadilhas contendo feromônios, armadilhas adesivas amarelas e de graus-
dia acumulados pela praga para monitoramento dos ciclos das populações das pragas; 5) adoção
de um dos tipos de caminhamento na lavoura apresentados na Figura 3 (BOHMFALK et al.., 1996;
UNIVERSITY OF CALIFORNIA, 1996).

Algumas regiões dos EUA já possuem plano de amostragem sequencial para H. zea, H.
virescens, P. gossypiella e algumas espécies de ácaros, bem como tomada de decisão, associada
ao número de adultos de bicudo coletados por armadilha contendo feromônio (BOHMFALK et al.,
1996; UNIVERSITY OF CALIFORNIA, 1996).

Nas condições brasileiras, alguns consultores têm adotado o número de bicudos/armadilha/


semana (BAS) na tomada de decisão, de controlar ou não a praga, e na determinação da freqüência
com que este controle será realizado. Todavia, como esta recomendação é baseada na adaptação
de metodologias utilizadas fora do Brasil, seu emprego deve ser feito com restrições (BASTOS et
al., 2005).

No caso da amostragem sequencial, recentemente alguns modelos têm sido propostos para
amostragem de pragas do algodoeiro no Brasil. Na Tabela 2 apresenta-se um plano de amostragem
sequencial proposto para Spodoptera frugiperda (JE Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) em
algodoeiro. Fernandes et al. (2003) também propuseram um modelo de amostragem sequencial
para o curuquerê do algodoeiro (Tabela 2). De acordo com o plano proposto por Fernandes et al.
(2003), a Tabela 1 deve ser utilizada para amostragem da praga, procedendo-se da seguinte

Rev. bras. ol. fibros., Campina Grande, v.10, n.3, p.1119-1146, set./dez. 2006
1136 C.S. BASTOS, et al.

TABELA 2. Plano de amostragem sequencial para avaliar a infestação de Spodoptera frugiperda na cultura
do algodoeiro. Adaptado de: FERNANDES et al. (2002).

ND – Não Definido.

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SISTEMAS DE AMOSTRAGEM E TOMADA DE DECISÃO NO MANEJO 1137

maneira: 1) a primeira observação realizada é anotada no campo “Plantas Infestadas” da unidade


amostral 1; 2) a segunda observação é feita, somada à observação anterior e anotada no campo
da unidade amostral 2, e assim sucessivamente; 3) em cada observação deve ser anotado a
ocorrência de lagartas na planta amostrada (unidade amostral); 4) caso a planta esteja infestada
com pelo menos uma lagarta, soma-se o valor um ao valor encontrado na unidade amostral anterior;
5) este procedimento é repetido até que a regra para finalizar a amostragem seja satisfeita, ou
seja, a amostragem termina quando o total de organismos contados for igual ou exceder o limite
superior e, nesse caso, recomenda-se o manejo apropriado da praga. Se o total de organismos
contados for igual ou menor que o limite inferior deve-se parar a amostragem e, nesse caso, não se
recomenda o tratamento. No caso da Tabela 3, o procedimento é bastante similar: a) após a
realização da primeira contagem, essa é anotada no campo da primeira unidade amostral; b) a
segunda observação feita é somada à observação anterior e anotada no campo da segunda unidade
amostral, e assim sucessivamente; c) este procedimento é repetido até que a regra para finalizar
a amostragem seja satisfeita, a qual é igual à descrita para amostragem sequencial de S. frugiperda
(FERNANDES et al., 2002).

Recentemente, modelos adaptados da agricultura de precisão têm se mostrado de grande


aplicabilidade à amostragem de insetos. Dentre estes, o sensoriamento remoto tem especial
aplicabilidade no monitoramento de densidades populacionais de diferentes espécies de insetos
dentro da mesma lavoura, algo que ocorre, principalmente, devido à presença de diversos habitats
dentro de um mesmo cultivo. A amostragem da abundância de uma população heterogênea como
se ela fosse homogênea pode levar a tomadas de decisão errôneas super ou subestimando as
densidades populacionais de pragas em diferentes áreas da lavoura. Assim, a subdivisão da lavoura
de forma a considerar as diversas classes de habitat torna-se essencial para a tomada de decisão
pontual. Essa subdivisão, se realizada em extensas áreas, pode ser bastante trabalhosa. Todavia,
através do sensoriamento remoto podem ser criados mapas estratificados e geo-referenciados da
lavoura de algodão. O emprego destes mapas possibilita a utilização de um design de amostragem
ao acaso e de maiores unidades amostrais ao invés da utilização de grande número de amostras,
reduzindo o esforço dispendido na amostragem de extensas áreas e permitindo o controle espacial
ou localizado dos insetos. Esse plano de amostragem pode empregar técnicas diversas, como a
utilização do pano de batida para amostragem de percevejos e contagem direta para amostragem
de diversas espécies, entre outras (WILLERS et al., 2005; GOZE et al. 2003; WILLERS e AKINS,
2000; WILLERS et al., 1999).

Outros modelos, também derivados da agricultura de precisão e descritos na literatura,


associam a utilização de diversas técnicas (equipamentos que utilizam vácuo, contagem direta,
pano de batida) a esquemas de amostragem, baseados na subdivisão da lavoura em quadrados,
estabelecidos com base em uma referência (ELLINGTON e SOUTHWARD, 1999; DUGGER e
RICHTER, 1998)

A acurácia da técnica amostral empregada será comprometida nos casos em que as pragas
não se distribuem ao acaso pelos campos de amostragem (HIGLEY e PEDIGO, 1996), já que,
apesar da distribuição espacial das espécies-praga dentro da lavoura e da planta variar
consideravelmente, muitos autores recomendam a utilização de um padrão espacial único para a
obtenção das unidades amostrais (GALLO et al., 2002; ALMEIDA e SILVA, 1999; DEGRANDE,

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1138 C.S. BASTOS, et al.

TABELA 3. Plano de amostragem sequencial de A. argillacea em algodoeiro. Adaptado de: Fernandes et


al. (2003).

ND - Não Definido

1998a,b). Enquanto espécies como H. armigera, F. occidentalis, T. tabaci, B. tabaci, S. frugiperda,


A. argillacea (FERNANDES et al., 2002; KHAING et al., 2002, DELIGEORGIDIS et al., 2002,
WANG et al., 2000; YU et al., 1997, JOGINDER et al., 1995) possuem distribuição agregada,
espécies como E. brasiliensis demonstram uma distribuição em gradiente, ocorrendo em maiores
densidades nas bordas dos campos do que no centro (SANTOS et al., 1989). PIZZAMIGLIO et al.
(1989) relataram que, enquanto E. brasiliensis e A. argillacea eram distribuídas ao acaso entre as
plantas de algodão, A. gossypii e Dysdercus spp. demonstravam agregação pronunciada.

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SISTEMAS DE AMOSTRAGEM E TOMADA DE DECISÃO NO MANEJO 1139

4 Estratégias

De acordo com PEDIGO (2002) uma estratégia para manejo de uma praga pode ser
considerada como o plano a ser adotado, visando eliminar ou minimizar o problema real ou percebido
advindo do ataque de pragas, via alteração do estatus desta praga para não-praga ou praga não
econômica. Como o estatus da praga é determinado tanto pelo inseto como pela cultura, o programa
de manejo a ser utilizado envolve a modificação de um destes componentes ou de ambos. Assim,
as possíveis estratégias envolvem:

• Não fazer nada: adotar uma ação não é justificável, seja pelo fato da praga não ter alcançado
o NC, seja pelo fato do recurso a ser empregado no manejo superar o ganho líquido esperado; neste
caso, nenhuma tática é implementada.

• Reduzir a população das pragas: esta estratégia é empregada de uma maneira terapêutica,
sempre que as densidades das pragas atinjam o NC, ou de uma maneira preventiva, baseanda no
histórico de problemas anteriores. Os métodos mais apropriados de uso desta estratégia envolvem
ações que possibilitem reduzir a adequabilidade do ambiente às pragas e reduzir a sua habilidade
reprodutiva e de sobrevivência.

• Reduzir a suscetibilidade da cultura à injúria da praga: nesta estratégia não há interferência


na população de insetos. Porém, as características do hospedeiro, que o tornam favorável ao
ataque da praga, são modificadas de forma a desfavorecer a injúria, geralmente, via resistência de
plantas, mecanismos de escape (pela alteração da data de plantio, por exemplo), aumento da
vitalidade da planta, etc.

• Combinação de estratégias: consiste em combinar as estratégias mencionadas


anteriormente, produzindo um programa de manejo de pragas, contendo várias táticas. Do ponto
de vista de manejo integrado de pragas, esta é a estratégia mais desejável.

5 Táticas

Após a escolha da estratégia mais apropriada, os métodos de implementação desta estratégia


devem ser escolhidos. Estes métodos são denominados táticas e em uma condição ideal, muitas
táticas são utilizadas na implementação de uma dada estratégia (PEDIGO, 2006). Dentre as várias
táticas disponíveis para a implementação de estratégias no manejo integrado de pragas do algodoeiro,
têm-se (KING et al., 1996):
1) Controle químico;
2) Controle cultural e físico;
3) Controle comportamental;
4) Controle biológico;
5) Resistência de plantas a insetos;
6) Outros: uso de biotecnologia, insetos estéreis, etc.
Algumas destas táticas serão abordadas detalhadamente nos artigos subsequentes.

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1140 C.S. BASTOS, et al.

6 Tomada de decisão

Normalmente, após a amostragem das densidades populacionais de pragas que ocorrem


infestando as lavouras, sucede-se a tomada de decisão em controlar ou não a praga em questão.
Essa decisão é tomada com base na comparação entre as densidades encontradas ou o nível de
infestação das plantas, com densidades capazes de causar prejuízo econômico. Isso equivale a
dizer que a decisão em controlar as pragas será adotada sempre que estas alcançarem o nível de
controle (no caso da amostragem convencional) ou suas densidades forem iguais ou superiores ao
limite superior constante na tabela de amostragem sequencial (PEDIGO, 2002; FERNANDES et
al., 2003; FERNANDES et al., 2002; HIGLEY e PEDIGO, 1996; NAKANO et al., 1981).

Uma limitação da adoção de níveis de controle é que estes são mais bem empregados
quando se planeja adotar uma ação isolada e curativa para o controle de pragas (como o controle
químico). A determinação da injúria econômica (ou da densidade de insetos capaz de causar dano
econômico) possui valor restrito, caso as únicas opções de controle disponíveis devam ser empregadas
antes da infecção ou do dano ter ocorrido. A amostragem visando identificar se uma praga atingiu
o nível de dano econômico ou o nível de controle só terá valor para as táticas preventivas, quando
se objetiva avaliar o seu sucesso e não a necessidade de utilização destas (PEDIGO, 2002; HIGLEY
e PEDIGO, 1996;).

7 Considerações finais

Apesar da maior parte do conhecimento que subsidia as ações do manejo integrado de


pragas do algodoeiro já estar consolidada, a evolução tecnológica, que vem ocorrendo nas últimas
décadas, permite que se evolua muito neste aspecto. Esta evolução caminhará no sentido do
aprimoramento dos sistemas de manejo de pragas em vigência através de geração de ferramentas
específicas para as novas cultivares obtidas, via melhoramento tradicional, da incorporação de
técnicas da agricultura de precisão, do emprego de modelos multicomponentes na tomada de
decisão, da utilização de técnicas de convívio com pragas, que demonstrem menor impacto sobre
organismos não alvo e sobre o ambiente como um todo, dentre outras.

No caso do Brasil, o panorama atual demonstra que o país encontra-se defasado, em muitos
aspectos, em relação à forma como o manejo de pragas do algodoeiro é praticado em outros
países produtores e competidores no mercado mundial. A sustentabilidade da cultura encontra-se
seriamente ameaçada, em grande parte, devido a um custo de produção elevado, do qual grande
parte deve-se aos gastos com controle de pragas. Logo, a tendência do manejo de pragas do
algodoeiro no Brasil é, a exemplo do que vem ocorrendo mundialmente, absorver as novas tecnologias,
aprimorando os sistemas de amostragem, de tomada de decisão e de convívio com as pragas, a
fim de que o país possa manter sua importância no cenário mundial de produção de algodão.

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