C.H.

Marchiori
DIVULGAÇÃO TÉCNICA

TÉCNICAS DE COLETA E CAPTURA DE INSETOS DAS ORDENS DIPTERA E

HYMENOPTERA COLETADAS NO ESTADO DE GOIÁS

C.H. Marchiori

Instituto Federal Goiano/Universidade Federal de Goiás, UFG/Instituto de

Patologia Tropical e Saúde Pública/IPTSP, Av. T-65, n. 1050, Setor Bue-
no, 74230-120, Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail: chmarchiori@yahoo.com.br

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi estudar as técnicas de coleta e captura

de insetos das Ordens Diptera e Hymenoptera em Goiás. Apresentam-se os
métodos mais eficientes na captura dos Diptera e Hymenoptera, suas vanta-
gens, desvantagens e sugere-se padronização para cada método: coletas com
armadilha Malaise, armadilhas de Moericke, armadilhas recipientes metálicos
e armadilhas do tipo pitfall. Com este trabalho concluiu-se que estes quatros
tipos de armadilhas são importantes para coleta de insetos das Ordens Diptera
e Hymenoptera.

PALAVRAS–CHAVE: moscas, parasitoides, amostragem, Brasil.

ABSTRACT
COLLECTION TECHNIQUES AND INSECT CAPTURE OF DIPTERA AND
HYMENOPTERA ORDERS COLLECTED IN THE STATE OF GOIÁS. The objective of
this study was to study the collection techniques and capture insects of Diptera and
Hymenoptera Orders in Goiás. It presents the most effective methods in capture
of Diptera and Hymenoptera, their advantages, disadvantages and suggests
standardization for each method: sampling with: Malaise traps,Moericke traps,
containers metallic traps and pitfall traps. This work is concluded that these four
types of traps are important to collect insects of Diptera and Hymenoptera Orders.

KEYWORDS: flies, parasitoids, sampling, Brazil.

Uma das melhores formas de estudar
insetos é realizar excursões para obser-
vação de seus hábitos e para coletá-los. O
manuseio e a coleta revelam informações,
por meio da observação direta, que, muitas
vezes, não estão registradas nos livros ou
artigos científicos (Rafael, 2002). Todas as
técnicas de coletas tendem a ser, em maior
ou menor amplitude, seletivas. Para sanar
essa dificuldade, deve-se, então, utilizar
diferentes técnicas para se coletar maior
diversidade e quantidade (Rafael, 2002).
Para padronizar as coletas, são necessá-
rios alguns procedimentos comuns, como
selecionar áreas em reservas ou estações
ecológicas ou estações de pesquisas, que
ainda não tenham sido, significativamente,
alteradas pelo homem e que apresentem o
mínimo de infraestrutura logística; tenham
facilidades de deslocamento no transporte
rial; utilizar as mesmas técnicas, mesmo
número de equipamentos, mesmo esfor-
ço de coleta e contar com uma equipe de
pessoal treinado para montagem das arma-
dilhasetriage do material(Nakano;Leite,2000;
Rafael,2002; Gullan, Cranston,2007).
1- Armadilha de Moericke (ba-
cias, bandejas e pratos amarelos).
Bandejas Moericke (Fig. 1) (bacias ou
bandejas amarelas) é um método utilizado
para levantamentos de insetos que deve
ser econômico, fácil de utilizar e eficiente.
Esta metodologia tem sido, vastamente,
utilizada em levantamentos de insetos
com diferentes objetivos, visando estudar
a entomofauna de himenópteros parasitoi-
des em habitats naturais e/ou culturas. As
bandejas, em geral, são colocadas no chão,

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Fig.1. Armadilhas de Moriecke.

no entanto, alguns autores têm realizado
levantamentos com armadilhas dispostas
em diferentes alturas (Ramiro et al., 2011).
bandejas, em geral, são colocadas no chão,
no entanto, alguns autores têm realizado
levantamentos com armadilhas dispostas
em diferentes alturas (Ramiro et al., 2011).
Essas armadilhas constam de bacias
amarelas, de aproximadamente 30 cm de
diâmetro, onde é depositada uma mistura
de 2 litros de água, 2 mL de detergente e
2mL de formol. Os insetos, atraídos pela
cor amarela (a cor amarela para Diptera
é muito eficiente) da bacia, caem nessa
mistura e morrem por afogamento, sendo,
então, coletados com o uso de peneira fina
e fixados em álcool a 70%, para posterior
identificação (Marchiori, et al., 2003).
2-Armadilhas Malaise
A armadilha Malaise (Fig. 2) captura os
insetos por interceptação do voo. Elas são
construídas utilizando-se bandas de tecido
de cor preta, que interceptam os insetos,
conduzindo-os,através de duas bandas
de cor branca, até a parte superior, onde
há dois frascos plásticos (200mL) ligados
entre si por uma tampa de rosca. No fras-
co debaixo, há líquido fixador (solução de

Fig. 2. Armadilha Malaise.

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 Técnicas de coleta e captura de insetos das ordens Diptera e
Hymenoptera coletadas no Estado de Goiás 3

Dietrich: 600 mL de álcool 96º, 300 mL de

água destilada, 100 mL de formol a 40%
e 20 mL de ácido acético), onde os insetos
caem, ficando ali fixados. Esses frascos
são posicionados para o norte, para atrair
melhor os parasitoides. Os insetos atraí-
dos caem nessa mistura, sendo coletados
com o uso de peneira fina e fixados em
álcool a 70%, para posterior identificação
(Marchiori, 2007; Marchiori, et al. 2007a).
O método tem a desvantagem de transbor-
damento causado por chuvas; necessidade
de retirada diária do material e evaporação
do liquido em locais quentes. Para solucionar
esses problemas,recomendam-se pequenos
orifícios, com tela, logo abaixo do topo do
prato ou bandeja que permitam o extrava-
samento do líquido entretanto retendo os
insetos. Para suprimir a retirada diária do
material, deve-se substituir a água pelo
etileno glicol(10%), que funciona como
líquido fixador, pouco volátil, e permanece
eficiente é mais de um mês (Rafael, 2002).
Atualmente, todas as armadilhas, tipo
tenda, que coletam insetos que apresentam
tendência de subir, quando encontram um
obstáculo vertical, são conhecidas como
armadilhas Malaise. Consiste de uma tenda
aberta com um septo (ou mais septos, no
caso de armadilha multidirecional) no meio, Fig. 3. Armadilhas de Recipientes Metálicos
preferencialmente, de cor escura (Rafael,
2002). São excelentes para captura de
insetos voadores, especialmente, Diptera
e Hymenoptera. Essas armadilhas podem
Essa armadilha pode ser utilizada
ficar montadas por tempo indeterminado,
em diversos ambientes, seja em flo-
de dia e de noite. As desvantagens: são
restas, campinas ou áreas urba
seletivas e os insetos de voo fraco ou que
banas (G u i m a r ã e s ; G u i m a r ã e s , 2003).
fecham as asas ao encontrar um obstá-
A armadilha adultrap® (Donatti; Gomes,
culo e caem (por exemplo, coleópteros),
2007), originalmente elaborada para cap-
dificilmente, são coletados (Rafael, 2002).
turar formas adultas de Aedes aegypti
L., possui características que permitem
a captura de outros insetos, como díp-
teros muscoides, apresentando como
3- Armadilhas de Recipientes Metá- vantagens sua padronização, baixo custo
licos e possível reutilização. No entanto, seu
potencial para a captura desses dípteros
As armadilhas construídas com re- ainda não foi avaliado (Souza et al.,2009).
cipientes metálicos (Fig. 3) apresen- Há armadilhas que são construídas com
tam como vantagens o baixo custo e recipiente metálico (lata de óleo de cozinha)
fácil confecção. No entanto, como são (Ferreira 1978), pintada, externamente, com
construídas pelo usuário, a falta de pa- tinta preta fosca, medindo cerca de 20 cm
dronização pode ocorrer e ser conside- de altura por 9 cm de diâmetro, com duas
rada uma desvantagem (Souza et al.,2009. aberturas tipo venezianas, confeccionadas
Como desvantagem há o colabamento do no terço inferior para permitir a entrada
saco plástico coletor em épocas de chu- dos insetos. Na parte superior da ar-
va ou vento e a aglomeração associada madilha é acoplado um funil de papel,
ao aumento de umidade produzida pela aberto nas extremidades, com a base
evapotranspiração da isca, danificando voltada para baixo e envolvido em um
alguns espécimes e dificultando sua iden- saco plástico, utilizado para a coleta dos
tificação (G uimarães ; G uimarães , 2003). dípteros e parasitoides.Utilizam-se iscas,

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depositadas no interior dos resipientes me- para coleta de insetos das Or-
tálicos, sobre uma camada da terra. dens Diptera e Hymenoptera.
Os adultos são sacrificados com éter etílico
e conservados em álcool 70%, para posterior
identificação.Essas armadilhas são utiliza-
das para estudo de Diptera e Hymenoptera
Parasítica (Marchiori, et al. 2007b).

4- Armadilhas do tipo pitfall

As armadilhas do tipo pitfall (Fig. 4) são

aquelas que capturam insetos, principalmen-
te, aqueles que habitam o solo, onde caem e,
uma vez coletados, não conseguem mais sair
(Feire, et al., 2011). Segundo Silva; Carvalho
(2000), as armadilhas de solo constituem
um método passivo de coleta, que depende
da atividade do inseto, fornecendo uma
estimativa aproximada do número total de
espécies de uma comunidade,
além de ser uma metodologia sim-
ples e barata para estudos ecológicos.
As armadilhas de solo (Cechin; Martins,
2000) constituem um método passivo de
coleta, que depende da atividade do inseto,
fornecendo uma estimativa aproximada
do número total de espécies de uma co-
munidade, além de ser uma metodologia
simples e barata para estudos ecológicos
(Silva; Carvalho, 2000). Essas armadilhas
de solo são especialmente voltadas para Fig. 4. Armadilha do tipo pitfall
insetos que caminham sobre o solo, por
incapacidade de voo ou por preferência de
habitat. Essas armadilhas podem ter sua
eficácia aumentada pela presença de atra-
tivos, como iscas, e devem ser colocadas
no mesmo nível do solo para não serem
percebidas pelos animais e para auxiliar REFERÊNCIAS
na captura. Essas armadilhas podem ser
usadas para a captura de diferentes gru-
pos de animais, desde invertebrados, até CECHIN, S.Z.; MARTINS, M. Eficiência de
pequenos mamíferos (Freire et al., 2011). armadilhas de queda (pitfall traps) em
A armadilha pitfall consiste em um reci- amostragens de anfíbios e répteis no Brasil.
piente plástico de 15 cm de diâmetro por 10 Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v..7,
cm de altura. Esse recipiente, contendo um n.3, p.29-740, 2000.
litro de água, 20 mL de detergente e 2 mL
de formol, é enterrado, até que sua abertura DONATTI, J.E.; GOMES, A.C. Adultrap:
fique ao nível do solo. Um copo de 150 mL é descrição de armadilha para adulto de Ae-
usado como suporte para a isca, e fica preso des aegypti (Diptera, Culicidae). Revista
no recipiente por meio de um arame fino, Brasileira de Entomologia, Curitiba, v.51,
transpassado em sua borda, que o mantém n.2, p.255-256, 2007.
pendurado e centralizado na armadilha. A .
armadilha é protegida do sol excessivo e da FERREIRA, M.J.M. Sinantropia de dípteros
chuva, colocando-se um telhado de papelão, muscoideos de Curitiba, Paraná: Callipho-
apoiado num arame, que fica a 10 cm de ridae. Revista Brasileira de Biologia, Rio de
altura do chão. Essa armadilha é utilizada Janeiro, v.38, p.445-454, 1978.
para captura de Diptera e Hymenopte-
ra parasitoide (Marchiori, et al., 2007c). FREIRE, E.S.; BATISTA, T.F.C.; SANTOS,
Com este trabalho concluiu-se que esses J.D.V; FIGUEIREDO, M.P.; OLIVEIRA,
quatro tipos de armadilhas são importantes M.S.L.; GUSMÃO, S.A.L. Eficácia de ar-

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 Técnicas de coleta e captura de insetos das ordens Diptera e
Hymenoptera coletadas no Estado de Goiás
madilhas pitfall no controle de Neocurtila
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Recebido em 13/4/16
Aceito em 18/7/16