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n. 02
Fortaleza, Ceará
2014
Prof. Francisco Dias da Roha
Francisco Dias da Rocha (Fortaleza-CE,1869-1960) Naturalista por vocação, mundialmente reconhecido. Co-
fundador da Escola de Agronomia e da Faculdade de Farmácia e Odontologia. Criador do Museu Rocha.
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/suplementos/ler/ode-ao-professor-dias-
da-rocha-1.366667
Introdução
Estudar insetos implica obrigatoriamente na coleta, montagem, correta
etiquetagem e conservação destes indivíduos. Para que uma coleção
entomológica cumpra com a sua finalidade seja ela de estudo inicial, seja para
pesquisa científica avançada ou como coleção de referencia que se perpetue,
este passo inicial é fundamental.
Espécimes adequadamente montados, etiquetados e preservados fazem a
diferença na ciência. Assim sendo, serão abordados, a seguir, os passos para o
inicio de uma coleção entomológica, no entanto deve ser lembrado que existem
na literatura informações mais abrangentes.
Coleta
Os insetos são encontrados nos mais variados "habitats", de modo que em
pouco tempo pode-se coletar uma quantidade apreciável deles. As coletas são
pontos de partida para a coleção, portanto, é necessário que os insetos sejam
coletados em perfeitas condições. Durante as coletas é indispensável levar um
caderno para anotar dados sobre os insetos coletados. Sempre que possível,
devem ser coletados vários exemplares de uma mesma espécie, que
constituirão uma série.
Métodos de coleta
Coleta Geral - quando se coleta, indistintamente, todos os insetos
observados. Nas coletas diurnas são utilizados os seguintes instrumentos:
1
Essa parte foi baseada e adaptada de “GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.;
BATISTA, G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D. Manual de
entomologia. São Paulo: Ed. Ceres, 1988. 649 p.
filó ou outro pano fino, em forma de coador, com o fundo arredondado. O
comprimento desse saco deve ser de 1,5 a 2 vezes o diâmetro do aro. Essa rede
é utilizada para coletar insetos em voo (Fig. 1-A).
As larvas devem ficar nesse fixador durante 12-24 horas, sendo depois
transferidas para álcool 70%. O KAAD é indicado principalmente para as larvas
de Lepidoptera, Hymenoptera, Diptera, Coleoptera e Neuroptera.
Transporte
Os insetos mortos no álcool 70% devem ser transportados e conservados
nesse fixador. Os insetos pequenos devem ser colocados em tubinhos, que
serão acondicionados em vidros maiores ou em caixas, e mantidos na posição
com auxílio de papel ou algodão. Os insetos mortos a seco são acondicionados
em caixinhas (insetos pequenos), ou em latas (insetos grandes). No fundo
desses recipientes coloca-se uma camada de naftalina em pó, sobre essa,
algodão e papel higiênico, a seguir colocam-se os insetos arrumados para não
serem danificados, e finalmente uma folha de papel impermeável. Dependendo
do tamanho do recipiente, podem-se sobrepor várias dessas camadas. Os
recipientes devem ser vedados externamente com fita adesiva,e rotulados com
o local de procedência. Insetos de asas grandes e frágeis (libélulas,
lepidópteros, etc.) deverão ser acondicionados em envelopes entomológicos
(Fig. 2), que são rotulados com o local de procedência.
Figura 2 - Etapas na montagem de um envelope entomológico (as linhas
pontilhadas indicam os locais para se dobrar o papel).
Montagem
Sempre que possível, os insetos deverão ser montados poucas horas
depois de sua morte, quando ainda estão flexíveis. Na montagem procura-se
deixar à mostra, sempre que possível, as partes utilizadas na identificação do
exemplar. Por outro lado, a montagem deve ser tal que o inseto não ocupe
muito espaço; por exemplo, insetos de antenas longas devem ficar com elas
voltadas para trás, circundando o corpo.
Antes de se montarem insetos secos e duros, é necessário colocá-los na
câmara úmida, que consiste em um vidro de boca larga (5 L de capacidade),
tendo uma camada de areia no seu fundo com naftalina ou embebida em fenol,
para evitar o bolor. A areia é molhada, e sobre ela colocam-se papel de filtro e
os insetos, sendo o recipiente fechado hermeticamente. Assim, a umidade
acabará por amolecer os insetos. A montagem é efetuada com alfinetes
entomológicos (importados) numerados de 000, 00, 0, 1, 2, até 10,
aumentando gradativamente a espessura. Os insetos são transfixados em
determinados locais, dependendo da ordem à qual pertencem (ver também fig.
4):
Exemplo:
- Coleoptera: no élitro direito perto da base
- Hemiptera: no escutelo
- Dermaptera: no meio do élitro direito
- Mantodea: no metatórax
Os insetos das demais ordens, que são mortos com gases tóxicos, são
alfinetados no meio do tórax. A numeração do alfinete empregado dependerá do
tamanho do inseto.
Para se conseguir uma uniformidade na montagem utiliza-se o bloco de
montagem, que é uma “escadinha" de madeira, com alturas de 10, 18 e 26
mm. Em cada degrau há um furo central, por onde passa o alfinete (Fig 3).
Assim, depois de alfinetar cada exemplar, usa-se um dos degraus do bloco para
completar a transfixação do alfinete. O inseto transfixado deve ficar
rigorosamente perpendicular ao alfinete, e a uma distância de 1 cm da cabeça
do alfinete. Os alfinetes entomológicos mais usados são os de 00, 0, 1 e 2.
Dupla montagem
É utilizada para insetos diminutos. Esses insetos são colocados com
esmalte de unha incolor, na extremidade de pequeno triângulo de cartolina, que
será transpassado pelo alfinete entomológico (Fig. 5). Num mesmo alfinete
podem-se montar 3 desses triângulos, colocando os insetos nas posições dorsal,
ventral e lateral, para facilitar os estudos de identificação. Por outro lado, pode-
se transfixar o inseto com micro alfinete, espetando-se este num material
macio, que será transpassado pelo alfinete (Fig. 5).
Montagem de Lepidoptera.
Inicialmente o lepidóptero é transfixado pelo mesotorax, procurando
deixar um espaço entre este a cabeça do alfinete de aproximadamente 1 cm.
Posteriormente, utilizando um bloco de distensão (Fig. 6) ou um “isopor” de
+2,5 cm de espessura com um corte em “V”, colocar o espécime com a parte
ventral para cima. Prenda o abdome usando alfinetes comuns, dois de cada
lado, para imobiliza-lo. Prepare duas tiras de papel de tamanho 2 vezes a
largura das duas asas e prenda conforme a figura 6A. A seguir vá posicionando
as asas conforme a sequencia, tendo o cuidado de não rasgar as asas. Para isto
use uma “pinça” feita de cartulina para segurá-las, nunca use alfinetes.
2.6. Conservação
Os insetos mortos em álcool 70%, bem como as formas imaturas, são
conservados nas coleções nesse mesmo fixador. Muito importante nesse tipo de
coleção é a verificação periódica do nível de álcool nos frascos, completando-o
quando for necessário.
Os insetos mortos com gases tóxicos, após serem montados e
etiquetados, são guardados em caixas ou gavetas entomológicas, que possuem
tampa de vidro, ou outro material. No setor de Fitossanidade da UFC, é adotada
uma caixa menor com as dimensões e detalhamento mostrado na figura 8.
Nessas caixas é colocado um material (geralmente isopor) para fixação dos
exemplares. Para uma melhor estética, e principalmente quando se usa isopor,
deve-se forrar esse material com papel, que proporcionará uma fixação melhor
do alfinete. Para evitar ataque de outros insetos ou bolor, utiliza-se
paraformaldeido (pó ou pastilha), que pode ser colocado dentro das caixas, ou
naftalina (bola ou pó), que deve ser colocada em caixinhas de papelão, pois
pode atacar o isopor. Esses desinfetantes devem ser renovados periodicamente.
As caixas entomológicas são fechadas hermeticamente e mantidas ao
abrigo de luz, poeira e umidade.
Os insetos mofados, de um modo geral, podem ser limpos com um pincel fino
embebido em éter ou na mistura xilol-éter. Os insetos engordurados são limpos
por imersão em éter durante 1 a 2 dias.
Os alfinetes enferrujados devem ser trocados. Para remontar o inseto num
novo alfinete, utiliza-se a câmara úmida.
Fig. 9. Caixa Entomológica tipo gaveta Fig. 10. Caixa Entomológica tipo gaveta
Fig. 11. Armário fechado Fig. 12. Armário aberto Fig. 13. Armário com gavetas
Representante:
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