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CABO FRIO
2018
ERNESTO PEREIRA DE MELO
CABO FRIO
2018
ERNESTO PEREIRA MELLO
Aprovada em ____/____/_____.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Carla Martins do Amaral
Professora Orientadora
__________________________________________________
Professor (a) 2
Membro da Banca
__________________________________________________
Professor (a) 3
Membro da Banca
DEDICATÓRIA
Este trabalho tem como objetivo compreender o serviço prestado pelo centro de
referência especializado para população em situação de rua (Centro Pop), o olhar de
seus usuários, e como o assistente social trabalha nesta instituição. Procura-se
responder ao questionamento central que visa entender qual a real situação da
pratica do serviço social propostos pelo centro pop em Araruama.
Compreender a visão que usuário do Centro Pop tem sobre o serviço social e os
serviços prestados e fator preponderante quanto avaliação e se os mesmos estão
sendo efetivos. Observou-se pelas participações freqüentes dos usuários que
utilizam os serviços prestados pelo centro pop, que o mesmo tem comprido com seu
papel de ser um equipamento que presta assistência a população em situação de
rua, porem alguns destes serviços precisam ser aprimorados para que possam ser
mais efetivos.
This work aims to understand the service provided by the specialized referral center
for the street population (Pop Center), the view of its users, and how the social
worker works in this institution. It is tried to answer the central question that seeks to
understand what the real situation of the practice of social service proposed by the
pop center in Araruama.
Understand the user's vision of the Pop Center about the social service and the
services rendered and a preponderant factor regarding the evaluation and if they are
being effective. It was observed by the frequent participations of the users who use
the services provided by the pop center, which has long been its role of being an
equipment that assists the population in the street situation, but some of these
services need to be improved so that they can be more effective.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
CAPÍTULO I – FORMAÇÃO DA MODERNIDADE, HABITUS E CLASSE SOCIAL
NO BRASIL ............................................................................................................... 12
1.1 Formação da modernidade no Brasil .................................................................. 13
1.1.1 Apresentando o HABITUS................................................................................ 15
1.1.2 Classes Sociais: O habitus precário e a ralé brasileira..................................... 16
1.2 As Mudanças no mundo do trabalho e suas conseqüências para o trabalhados a
partir da reestruturação produtiva............................................................................. . 19
1.2.1 A reestruturação produtiva mundial...................................................................20
1.2.2 A reestgruturação produtiva e o neoliberalismo no Brasil e suas
consequênciaspara os trabalhadores.........................................................................23
CAPÍTULO 2 – A POLÍTICA DO CENTRO DE REFERENCIA ESPECIALIZADO
PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA.................................................... 31
2.1 Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua Centro
Pop.............................................................................................................................31
2.2 Breve histórico do Município Araruama da Região dos Lagos – RJ....................38
2.3 Centro de Referencia para População em Situação de Rua do Município
Araruama na Região dos Lagos - RJ.........................................................................39
2.4 - Resultado da Pesquisa realizada no Centro Pop no Município Araruama da
Região dos Lagos-RJ.................................................................................................41
2.5 O trabalho do assistente social dentro do Centro Pop.........................................47
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................51
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................53
10
INTRODUÇÃO
sistema de disposições duráveis inculcadas desde a mais tenra infância que pré-
molda possibilidades e impossibilidades, oportunidades e proibições, liberdades e
limites de acordo com as condições objetivas (SOUZA, 2003, p.43-44)
Sendo assim, ele tende a gerar toda uma série de comportamentos
razoáveis e do senso comum, dando às práticas relativa autonomia em relações a
determinações externas do presente imediato. O autor afirma (2003, p.44) que “o
habitus é o passado tornado presente, a história tornada corpo e, portanto
naturalizada e esquecida de sua própria gênese”. As hierarquias existentes no
mundo social são operadas através das expressões corporais, então o corpo é,
segundo Jessé “o campo de forças de uma hierarquia não expressa – entre sexos,
classes ou grupos de idade – contribuindo decisivamente para a naturalização de
desigualdade em todas as suas dimensões” (Idem, p. 47).
Esse esquema avaliativo, comportamental, que atua como critério das
práticas no momento das escolhas cotidianas, é formado através da socialização
familiar e instrução escolar, fazendo com que essa incorporação de sentidos e
significados seja fruto de dadas condições econômicas e sociais. Dessa maneira,
variando de acordo com as classes sociais, ele passa a ter um caráter de esquema
que gera práticas tanto individuais como também coletivas.
Portanto, se essa incorporação de esquemas avaliativos e as disposições de
comportamento nos indivíduos variam de acordo com as situações econômica dos
mesmos, de maneira estrutural, Jessé propõe uma pluralidade de habitus para
responder a essas diferenças. O argumento do autor é o de que “mudanças
fundamentais na estrutura econômico-social deve implicar, conseqüentemente,
mudanças qualitativas importantes no tipo de habitus para todas as classes sociais
envolvidas de algum modo nessas mudanças” (SOUZA, 2003, p. 165).
país (enquanto que por outro lado, ou seja, os 30% restantes, são referentes aos
valores dos salários pagos). Jessé aponta para o risco de que toda indignação –
justa – da sociedade seja canalizada somente para a corrupção do Estado, deixando
assim quase que sem transparecer, a necessidade de também se denunciar os
desvios e as práticas ilícitas que acontecem no âmbito do Mercado.
Na análise de Jessé Souza, outra classe social aparece no Brasil: os
batalhadores. Durante os últimos anos, podemos visualizar no Brasil o aumento do
consumo real das chamadas classes populares. Alguns economistas e sociólogos
debatem a emergência de uma nova fração da classe média no Brasil, efeito, para
muitos, das políticas de transferência de renda, como também do acesso ao crédito.
Essas pesquisas e afirmações causam polêmica no contexto acadêmico, mas,
principalmente, no contexto real de identificação das classes sociais das quais
pertencem os indivíduos. Jessé Souza identifica-os como ‘batalhadores”. Segundo
Teixeira (2013) “o pesquisador faz o esforço de construir uma teoria de classes
sociais para o Brasil contemporâneo. Para tanto, destaca a reprodução dos
privilégios de classes e das desigualdades sociais duráveis, as dimensões
simbólicas e não-econômicas constituintes da reprodução das classes, bem como a
dinâmica entre relações fordistas e pós-fordistas em uma sociedade periférica”.
Sendo o habitus esse princípio gerador e unificador que traduz as
características intrínsecas e relacionais de um estilo de vida, isto é, um conjunto de
disposições à escolha de pessoas, de bens e de práticas, ele acaba podendo desta
forma ser analisado em diferentes perspectivas. Para Bourdieu (p. 22, 1996)
de como foi a conformação do habitus de Carlos. Para tanto, eles pesquisam sobre
sua socialização familiar e a conseqüente socialização escolar pelo qual passou
Carlos.
Nascido em uma família pobre, mas ainda assim sem a privação de produtos
alimentícios, Carlos cresceu sem a devida atenção por parte dos pais. O pai,
desempregado, apresentava um controle excessivo das coisas como uma maneira
de tentar superar a necessidade de se sentir como um pai, visto que, sem emprego,
não “colocava comida na casa”, de forma que não cumpria seu papel socialmente
construído. Sua mãe trabalhava em dois empregos para conseguir suprir as
necessidades da casa onde moravam, alimentando e vestindo os filhos. Apesar de
tumultuada, a relação entre os pais de Carlos se dava na medida em que Cida se
dispusesse a sustentar o marido em troca de segurança de ter um homem dentro de
casa para defender a família. Por estas questões, Carlos foi criado por sua avó que
por ser mais velha não conseguiu acompanhar e orientar de forma eficaz, o jovem
em sua formação.
Estes fatores combinados explicam o parco desenvolvimento escolar do
jovem Carlos. Para Rocha e Torres “a escola nunca foi um lugar que atraísse Carlos.
Aos 10, 11 anos, ele sempre preferiu os jogos de rua aos estudos e às lições de
casa” (2009, p. 212). Para a formação de um habitus primário, ou seja, das
disposições que, se portadas, permitem aos indivíduos o reconhecimento e respeito
social, são necessários certos estímulos afetivos ligados à famílias que influenciam o
estudo.
A situação familiar apontada nos faz refletir um pouco sobre o que separava
Carlos de todas as crianças que optaram pelo sacrifício de dedicarem-se a escola e
que, por conta disso, contaram com melhores chances no futuro. “O importante não
é ela saber qual o comportamento que a escola premia de modo a poder calcular
como agir, mas o fato de ela desejar ou não o tipo de prêmio que a escola pode dar.”
(ROCHA; TORRES, 2009, p. 213). Portanto, a ausência do pai e da mãe e de
qualquer elemento humano que tornasse a casa um espaço de vivências
significativas retirou de Carlos qualquer possibilidade de adquirir uma ligação afetiva
com a escola.
Pelo que expus acima esse processo levou as empresas a buscarem por
novas formas de organização do trabalho e de produção onde a força de trabalho
foi intensificada, houve um maior controle do trabalho, onde o nível de desigualdade
e de exploração cresceu. Com a precariedade do trabalho surge a
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Antunes 2009 fala de uma “classe que vive do trabalho” uma classe
trabalhadora da contemporaneidade que são aqueles que vendem sua força de
trabalho, os trabalhadores produtivos, todos aqueles que são assalariados e os
trabalhadores improdutivos “a totalidade dos trabalhadores assalariados”
(ANTUNES, 2008. P. 102) e faz uma distinção entre proletariado industrial (aqueles
que participam diretamente da produção de mais valia) e classe que vive do trabalho
para indicar todos aqueles que vendem a força de trabalho.
De acordo com o que foi dito acima com a definição de quem é a classe
trabalhadora na contemporaneidade evidenciamos agora a classe trabalhadora que
vivencia várias transformações entre elas a desigualdade sexual entre gêneros onde
os trabalhos mais intensivos e manuais de exploração de trabalho, com menos
qualificação e temporários tem sido reservada as mulheres, onde os salários as
condições de trabalho e os direitos são totalmente desiguais para homens e
mulheres. Aos homens se destina o trabalho com conhecimentos técnicos. O
capitalismo sabe se apropriar dessas diferenças onde meninos e meninas recebem
tratamentos diferentes e são criados e capacitados desigualmente para a vida e para
o mercado de trabalho envolvendo relações de poder. A Constituição Federal
assegura aos brasileiros o direito à igualdade, mediante a isto os movimentos
travam lutas e mobilizações para emancipação de mulheres livres e autônomas, com
direitos salariais e cargos iguais aos que são destinados aos homens.
Alves (2000, p. 66) nos fala que “Não podemos deixar de salientar a
importância da fragmentação de classe em seus aspectos étnicos, de gênero,
culturais e etários, que se acentuam nas últimas décadas [...].”
Os mais jovens que é a nova geração dos filhos da classe trabalhadora, tem
vivido um processo de exclusão do mercado de trabalho por não ter perspectivas
frente ao desemprego e por não ter experiência.
Os mais velhos acima de 40 anos dificilmente conseguem se ingressar
novamente em uma empresa por já estar velho demais para o trabalho,
desatualizados, estão ultrapassados e não tem mais nada a contribuir de novo com
a empresa, são excluídos por vir de um ritmo de trabalho fordista e ao se deparar
com o novo modo de produção não se enquadram nessa lógica, pois precisam de
trabalhadores polivalente e multifuncional. Algumas pessoas vivem uma vida isolada
por se sentirem um nada, um peso inútil até mesmo para a família, pois o trabalho e
a vida do homem e a sua centralidade, outros por não terem como se sustentar
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O local a ser implantado o Centro Pop deverá ser de fácil acesso, com maior
concentração e trânsito de pessoas em situação de rua para que estas possam
acessar com facilidade o equipamento, geralmente no centro da cidade ou em
regiões centrais.
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O atendimento do Centro Pop deverá ser realizado “nos dias úteis cinco (5)
dias por semana durante oito (8) horas diárias, garantida a presença, nesse período,
de equipe profissional essencial ao bom funcionamento da Unidade.”
(ORIENTAÇÕES TÉCNICAS, 2011, p. 51) Ao analisar a localidade o equipamento
poderá ampliar o período e horário de funcionamento, mas deve se respeitar o
período mínimo de funcionamento.
A capacidade de atendimento do Centro Pop mensal é de oitenta (80) casos
de indivíduos e ou famílias, caso ultrapasse este numero deverá ser analisada a
possibilidade da implantação de uma nova Unidade.
para todos, mas para os mais pobres, ou para o não consumidor de serviços
privados. O caráter conservador quer minimizá-los como responsabilidade do
Estado, o eu encontra apoio na persistência no padrão de política social, que dista
das condições objetivas e precárias de vida da população brasileira.
De acordo com os dados do IBGE (2010), “a estimativa de famílias pobres
no município Araruama é de 8.206, totalizando 15.242 famílias cadastradas no
2cadúnico até maio de 2013”. O município, segundo dados do IBGE (2010), possui
o seu PIB em R$1,26 bilhões de reais com renda domiciliar per capita de R$657,25.
Segundo a Lei Orgânica do Município, em seu Art 5º, no que tange à organização
político administrativa, o município “é dotado de autonomia política, administrativa e
financeira”.
Segundo Silveira (2009) Os municípios, em sua grande maioria, apresentam
uma realidade de baixa capacidade de gestão-político administrativa, serviços, e
estrutura institucional precarizados, relações estreitas de mando e favor, além de
frágil organização e participação de entidades e movimentos populares e
democráticos, especialmente nas instâncias de controle social e fiscalização da
assistência social.
Os municípios carecem de uma gestão pública que seja de qualidade onde o
maior desafio, é repassar os recursos, no qual deverá garantir a população a
efetividade dessas políticas.
Nos espaços acima citados o assistente social atuam em várias frentes a fim
de efetivar os direitos da população que vive em vulnerabilidade social assim como
todos aqueles que vivem do trabalho e vivenciam em seu cotidiano as expressões
da questão social. Iamamoto² (2009, p. 5-6) nos fala que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
no Centro Pop da Região dos Lagos, mostra que grande parte desta população
migra de outros locais para a região em busca de condições melhores de vida, por
um trabalho que lhe traga condições de sobrevivência.
As pesquisas e estudos realizados neste trabalho acerca da realidade dos
cidadãos em situação de rua mostram que a sua condição é uma realidade marcada
pelas atuais relações de capital/trabalho. A política do Centro Pop visa garantir
condições para esta população que é excluída e não tem seus direitos garantidos
pelo Estado. O Centro Pop do Município Araruama da Região dos Lagos-RJ tem
uma equipe focada e comprometida com seus usuários viabilizando os direitos
previstos na Política da assistência social para a população em situação de rua,
visando a autonomia e reinserção dessa população nas relações sociais da
sociedade.
O papel do assistente social nesse processo é de extrema importância, com
um olhar diferenciado e crítico da realidade que cerca essa população em situação
de rua. No Centro Pop trabalha diretamente com essa população, viabilizando seus
direitos.
O espaço da rua é um direito do ser humano, mas, para aqueles que
desejam sair dessa situação o Centro Pop é uma política que visa à garantia de se
ter um mínimo para a sua sobrevivência oportunizando a saída dessa situação.
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REFERÊNCIAS
ARGILES, Mariglei dos Santos. SILVA, Vini Rabassa da. Assistência Social e
população em situação de rua, V Jornada Internacional de Políticas Publicas.
2011, Maranhão.
CARTILHA, moradores de rua do estado de Minas Gerais. Disponível em
<www.domtotal.com/direito/pagina/detalhe/29919/cartilha-direitos-do-morador-de-
rua> acesso em: 02/12/2016.
Constituição Federal de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.brccivil03/constituicaocompilado.html> acesso em:
25/11/2016.
VEJA SÃO PAULO. Morador de rua tem corpo queimado enquanto dormia em
Taubaté, SP Do G1 do Paraíba e Região Publicado em 12/02/2016. Disponível em:
<http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/02/morador-de-rua-tem-
corpo-incendiado-enquanto-dormia-em-taubate-sp.html > Acesso em: 11/11/2016.
SILVA, Maria Lopes da. Trabalho e população em situação de rua no Brasil. São
Paulo: Cortez, 2009.