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  • DiasJROndemar Pre-Historia e Arqueologia Da Regiao Sudeste Do Brasil PDF

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    PRE-HISTORIA E ARQUEOLOGIA DA REGIAO SUDESTE DO BRASIL Ondemar F. Dias Jr.* 1= Introdusio A Resido Sudeste ¢ uma das cinco divisdes atuais do espaco brasileira, constitu(de pelos Estados de So Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais ¢ Espirito Santo. Concentra a maior dansidade populacional do pais, aqui se localizando a extenses ¢ importantes cidades brasieiras. Foi uma das primeiras areas de fixagio dos europeus, sobretudo na orle mar i. ima, paleo de disputas colonisis que envolveram seus entigos habitantes ind/genas. Estes, que presenciaram— aceitando ou resis. tindo — 0 inicio do povoamento estrangeiro, representavam os derradeiros momentos da ocupacio pré-historica,que foi inter. ympica, normalmente de forma abrupta, encerrando um proceso iniciado milénios antes, pelos primeiros grupos humanos que s0 sontiram atreldos pela sua variada poteneialidade ecoldgic. 2-— Aspectos Ambientais Embora ocupe um espaco relativamente pequeno do territério nacional (10,86%) esta regio apresenta luma notével variacéo geogréfica, resultada de uma “obra... tecténica de falhamentos e fraturas, modelada sob um clima tro Pical”, que dou origem a uma ampla “diversidade de feigdes morfolégicas” (Brasil: 1977). © seu relevo apresenta imponentes escarpas que tanto se aproximam do litoral ocednico, como as Serras, do Mar e da Mantiqueira, como dele se afastam, como a Serra do Espinharo. Elas se constituem na base estrutural do relevo Fegional, originando as divisorias de drenagem dos rios locais e podem atingir altitudes superiores @ 2.000 metros. A este dessas montanhas, as formag5es do complexo cristalino eriaram macieos imensos, de menor altitu Ge, verdadeicas “mares de mortos", além de amplas éreas sedimentares e planélticas, onde correm os rios mais importantes da regio. 0 litoral constitui um dos aspectos principais em que se costuma dividir o relevo. Ele pode ser estreito, re cortado e escarpado, ou amplo, retilineo e interiorizado, dependendo da area estudade. Sio comuns as baixadas, as restin em sedimentos da Série Barreiras. As lagunas pontilham a costa, testérhunhando antigas linhas do litoral Outro aspecto principal é caracterizado pelos dominios morfoestruturais do. interior elementos: as escarpas e maci dimentares. : "ios que correm diretamente para o mar e no tercelro predomina o vale sanfranciscano, * Diretor de Pesquisas do IAB Professor Titulor da UFR (IFS) © clima & basicamente tropical imido, com notéveis variagSes e a durago do periodo de estiagem pode Ir de até seis meses secos a0 ano {rio Sdo Francisco nos limites com a Bahia) até zones sem seca, no litoral paulista. Tempera ‘ura média entre 17 © 220C. com precipitagdes ofcilando de mais de 4.000 mm enuais @ 853 mm. ‘ Sua cobertura vegetal reflete este quadro heterogéneo e pode ser resumida em sete tipos: Vegetacdo |itordnea, com inmeras adaptacées locais, predominando nas areas praisnas, nas restingas balxadas, Floresta perenifélia higrOfila costeira, antes chamada “tloresta latifoliada Umida da encosta”, relaciona- dda as altas escarpas e que corre paralela a vegetagao costeira Floresta subcaducifolia tropical, antiga “‘floresta latifoliada tropit estacdo seca bem marcada, podendo se associar & araucéria, Floresta caducifélia no espinhosa, ainda mal conhecida ¢ localizada no vale do Jequitinhonha, Gaatinga, tipica de zonas semi-dridas, hoje em retrocesso e principalmente localizada na bacia de Sio ", vinculada a clima semi-imido e com Francisco. Gorrado, associado ao clima semi-imido com estaedo chuvosa bom marcada © com inémeras fisionomias locals. Campo, sssociado a altitudes superiores a 900 metros e 2 solos rasos, de drenagem incipiente e clima (O ambiente da Regido Sudeste mostra-se, pois, muito variado, apresentando condiées heterogéneas para a adeptaeo humana, De uma forma geral, os recursos naturais para a alimentacdo do homem pré:historico se mostraram satisfa- torios, proporcionando elementos para a sua fixagio e possibilitando variagées adaptativas amplas. 3 ~ Desenvolvimento Cultural ‘Segundo a perspectiva arqueologica atual o quadro do povoamento © de desenvolvimento cultural pr hhistorico regional pode ser abordado em dues grandes etapas. A primeira se refere as comunidades pré-agricolas (e normal mente, pré-cerémicas) @ 2 segunda aos grupos’ que praticavam algum tipo de intervenc3o no processo de reproducso dos ve- ‘getais, depenclendo basicamente dos recursos advindos da agricultura para sobrevivéncia, Na maioria dos casos, esta segunda etapa 6 reconstitufda a partir dos restos de olaria das comunidades que a constituram, Primeira etapa ~ Origens ‘Ainda no se pode determinar com precistio o momento inicial do povosmento da ragido. Seus restos s80 melhor conhecidos nas éreas vizinhas, especialmente Goiis, mas alguns vestigios tanto em Minas (Eperaire et alli: 1979) quanto em S¥0 Paulo [Beltrdo: 1974) tem sido associados a estes “Paleo-fndios”. Entre 12.000 ¢ 9.000 anos atrds, especialmente as ca- verns foram ccupadas e, graras ao seu micro-clima, que conserva melhor o& restos, pode-se ter algumas idéias sobre a: caracteris: ticas dessas comunidades. 156 Aparentemente eram grupos de cacadores com economia complementar de pesca e colete que pos sufam_utensilagem Iitica e que testemunharam indmeras mudancas ambientais. Habitarem especialmente o interior e, Segundo AB’Saber (1978/80), eram impedidos de atingir 0 litoral por causa do obsticulo constitufdo pele Serra do ‘Mar, entdo semidrida e muito fria, Por outro lado, sabe-se que durante © Periodo Pleist 0 nivel do mar estava bem mais baixo do que hoje © que a tendéncia do Holoceno foi a de que se elevasse gradualmente, sem te isto, no entanto implique num movimento uniforme. Acredite-se que, pelo contrério, a linha costeira tenha avangado e recuado em épocas alternadas, obedecendo, no entanto, & tendéncia referida. Recentemente, Schmitz (1984) props que na faixa de terra deixada & descoberto 10 litoral, pelo recuo do mar (até 100 metros meis baixo) o homem pode ter se expandido, contando, inclusive, com um elima ‘mais ameno e maiores recursos de alimentacéo. Entre 9,000 e 6.000 anos passedos as alteracdes de ambiente continuam ocortendo e 0s s{tios do perfodo jo mais ebundantes, no interior ¢ no litoral. Aparentemente os grupos humanas permanecem nio muito numerosos, dependen- ‘tes dos recursos naturais © se espalhavam por amplas éreas. No interior ceveriam depender da caca, complementando sua dieta com alimentos vegetais. Adaptaram-se a0s campos, cobertos pela caatings ou cerrado, sendo raras a¢ florestas e utilizavam- ainda, das cavernas, ndo s6 como refdgio habitacional (pelas reservas de agua), como locais cerimoniais. Ali costumavam enterrar seus mortos e deixar os registros pintados. Ao redor de 8.000 anos atras, no litoral, 0s grupes comecaram a explorer os moluscos, entdo beneficiados pelas condi¢des ecolégicas que Ihes eram favoréveis. Passam, entdo, a depender, em grande parte desse recurso, Os restos de sua

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