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Quem foram os fenícios?

Ou da crise identitária na academia do


século XXI
MARIA CRISTINA NICOLAU KORMIKARI

30/11/23 - HISTÓRIA ANTIGA

KORMIKARI, Maria Cristina Nicolau. Quem eram os fenícios? Ou da crise identitária na academia do século XXI.
Revista Hélade, 2019, p. 13-34

Introdução .
● Apagamento de povos que não deixaram obras literárias, históricas, filosóficas ou
matemáticas. Caso dos fenícios e seus descendentes (cartagineses, gaditanos, motienses)
● Fenícios navegaram e deixaram sua cidade natal em um processo de contato. Final da Idade de
Bronze.
● Vestígios se encontram por todo o Mediterrâneo.

Os primeiros passos no estudo científico acerca dos fenícios - séculos XVIII e XIX .
● Abbé Barthélemy → decifração do alfabeto fenício
● Wilhelm Gesenius → iniciou o estudo acadêmico do hebraico; paleografia, inscrições,
moedas, língua fenícias.
● Ernest Renan → gramática comparada das línguas semíticas (hebreu, fenício, arameu,
palmireu, nabateu, árabe)

Mas quem eram os fenícios ?


● Tradição clássica transmitiu a ideia da não-autoctonia fenícia (povo não é natural da região)
● Estudiosos mais contemporâneos defendem a autoctonia fenícia com base na continuidade
cultural forte em relação à Idade de Bronze Final
○ Cidades ‘’fenícias’’ são muito mais anteriores, como Biblos.
● Na Idade de Ferro, chamavam-se entre si de cananeus ou sidonianos.
● Primeiros contatos com o Mar Egeu são do final do II milênio.
● Phoinikes/Phoiniké (Homero) → púrpura, roxo, vermelho. Indústria fenícia de coloração de
tecidos.
● ‘’Na Idade do Bronze no II milênio, muitos dos habitantes do Levante que foram chamados de
‘’cananeus’’ no Egito, Mesopotâmia e nas fontes bíblicas, os primeiros fenícios, que talvez
tenham se denominado cananeus, podem ser melhor entendidos como uma confederação
predominantemente indígena de comunidades mercantis que residiram no centro e no norte do
litoral do Levante, com uma similaridade de cultura material e linguagem, que se auto-
identificavam em termos de cidades e linhagem familiar’’ (KILLERBREW, 2019, p. 42) (p.
22) (tradução livre)

Como os fenícios se auto denominavam ?


● Consciência de unidade nacional não foi forte entre eles.
● Cananeus → área sírio-palestina
○ Não é designação única, mas estão incluidos nisso.
Há como defender a unidade fenícia ?
● Moscati → ‘’entendia que um povo era um agregado de pessoas que podiam se diversificar
por raça e proveniência, mas que assumiam um caráter homogêneo por terem em comum
uma área geográfica, uma língua, um processo histórico e cultural’’ (p. 23)
○ Fenícios → 1200-1100 a.C.
○ Inexistência de uma ‘’nação’’ fenícia.
● Biblos e futuras cidades fenícias
○ Produção forte de tecidos e de fios, que foi a principal exportação com o Egito e
outros locais.
○ Geográfico bem localizado. Apoio natural das rotas que ligam sírio-palestina ao Egito.
○ 3000 a.C. → estruturas urbanas sistemáticas e massivas, ruas com canalização para
evacuação das águas. Primeiras ligações com Egito na I dinastia e Mesopotâmia.
○ Se torna assentamento urbano desenvolvido, com dois portos.
○ Aumento das trocas internacionais com Egito, importando metais brutos, estofos,
perfumes, animais e alimentos e exportando linho e metais trabalhados.
○ 2500-2300 a.C. → futuras cidades fenícias são as principais intermediárias. Capital
de um poderoso reino.
○ Final do III milênio → crise interna egípcia que interrompe relações com Biblos.
Ocupação de amoritas, que impede o tráfico marítimo para o Egito.
■ Saquearam e incendiaram diversos centros cananitas na costa.
■ Inovações, principalmente linguísticas.
○ Egito renasce no Reino Médio e as relações são retomadas.
○ Novas destruições entre 2000 e 1725 a.C., mas são limitadas pelas muralhas.
○ 1900-1550 a.C. → desenvolvimento rural, adensamento populacional, armas,
renovação das muralhas em Biblos.
○ Invasão dos Povos do Mar, dando origem à Fenícia. Permanece o sistema de cidades-
estado nas mãos da monarquia, formas de produção artesanal e características
linguísticas. Cidades autônomas.

Então, como ficamos ?


● 1200 a.C. → cidades se tornam muito mais fechadas, dificultando o comércio por via
terrestre, os levando a buscar pelo comércio marítimo.
○ Consolidação dos estados internos, como o de Israel, restringe comércio ligado a ele.
○ Expansão egípcia e assíria restringem a atividade comercial.
● Fenícios fundaram colônias no Ocidente com características das cidades orientais, como
Cartago, Nora e Motia.

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