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CAPÍTULO Hebreus, fenícios e persas

6 A cultura dos hebreus, dos fenícios e dos persas desperta o interesse de diversos
pesquisadores. Os hebreus, por exemplo, desenvolveram o judaísmo, uma reli-
gião que tinha como um de seus fundamentos a existência de um Deus único.
Os fenícios foram hábeis marinheiros e contribuíram para a criação do alfabeto.
Já os persas construíram um dos maiores impérios do Mundo Antigo.
Como o legado de cada um desses povos se apresenta na atualidade?

tHe Art ArcHive/giAnni dAgli orti/AFP/ Museu do louvre, PAris, FrAnÇA

Baixo-relevo de cerca de 522-486 a.C. representando os arqueiros de Dario I, em Susa. Os arqueiros persas foram
decisivos na expansão do Império Persa. Durante muito tempo na Antiguidade, o arco e a flecha foram as armas mais
poderosas, e os povos do Oriente eram habilidosos com esses instrumentos.

• Observe a imagem e compare os elementos desta representação com os das


pinturas egípcias. Em seguida, destaque diferenças e semelhanças entre eles.

78 UNIDADE 2 Escrita e memória


Werner ForMAn/universAl iMAges grouP/getty iMAges
Detalhe do Arco de Tito, construído em Roma, em 81 d.C. O entalhe representa o exército romano saqueando e destruindo objetos do
Templo de Jerusalém durante a conquista da cidade, em 70 d.C.

A criação do Estado de Israel


Foi apenas em 1948, com o apoio da Organização A criação do Estado de Israel, no entanto, foi prece-
das Nações Unidas (ONU), que nasceu o Estado de Is- dida e acompanhada de lutas para a expulsão do povo
rael como o conhecemos hoje em dia. Desde então, palestino, que habitava a região. Desde então, foram
milhares de judeus (como os hebreus ficaram conheci- os palestinos que passaram a lutar pelo retorno às suas
dos) de todas as partes do mundo têm migrado para lá. terras e pela criação de um Estado independente.

Fenícios
Vivência marítima e comercial
Fenícia (século VII a.C.)

selMA cAPArroZ
Os fenícios eram um povo de origem semita – as- 35° L

sim como os hebreus – que habitava a estreita pla-


nície entre o mar Mediterrâneo e as montanhas do Ugarit
Líbano desde o III milênio a.C.
Segundo historiadores, foi a partir do século XV
Chipre
a.C. que se desenvolveram as primeiras sociedades fe-
nícias marítimo-mercantis. Os fenícios estabeleceram Biblos

intensas relações comerciais com os povos vizinhos e


tornaram-se os maiores navegadores do Mundo Anti- MAR
MEDITERRÂNEO Sidon
go. Observe a área aproximada do antigo território da Tiro

Fenícia no mapa ao lado.


ÁSIA
Rio Jordão

Observar o mapa 32° N

• A maior parte da antiga Fenícia corresponde a qual MAR


MORTO
país da atualidade? Pesquise a bandeira desse país e 0 110 km

relacione o símbolo central dela com as atividades ÁFRICA Área aproximada da Fenícia
marítimas fenícias. na Antiguidade

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de et al. Atlas histórico


escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: MEC/Fename, 1986. p. 77.

82 UNIDADE 2 Escrita e memória


Cidade e sociedade
A Fenícia era formada por cidades autônomas (cidades-Estado), isto é, ci-
dades que tinham governo próprio, independente das demais, comandado ge-
ralmente por um rei que governava com o apoio dos grupos sociais poderosos,
entre os quais se destacavam os sacerdotes e os comerciantes. Na maioria das
cidades fenícias (com destaque para Biblos, Sidon, Tiro e Ugarit), a sociedade
era composta de comerciantes marítimos, donos de oficinas de artesanato, ne-
gociantes de escravos, funcionários do governo, sacerdotes, pequenos proprie-
tários, trabalhadores livres (artesãos, pescadores, camponeses, marinheiros),
escravos domésticos e marinheiros pobres.
Eram frequentes as disputas político-econômicas pelos mercados entre
os comerciantes fenícios, mas nenhuma cidade era suficientemente poderosa
para impor seu domínio às demais. Entretanto, de tempos em tempos, uma
cidade destacava-se no plano econômico e político. Foi o caso, por exemplo,
da cidade de Tiro, de 1000 a.C. a 774 a.C., quando então a região da Fe-
nícia passou a ser dominada por diversos povos. Primeiro, foram os assírios;
depois, os neobabilônios e os persas. Por fim, em 332 a.C., foi conquistada
pelos macedônios.

Navegação e comércio
O comércio marítimo era, como vimos, a principal ati-
vidade econômica dos fenícios. Assim, eles exportavam
armas de bronze e de ferro, joias de ouro e de prata,
estátuas religiosas, vidros coloridos, tinturas para tecidos,
entre outros produtos. E importavam marfim, metais,
perfumes, pedras preciosas, cavalos, cereais etc.
Os fenícios fundaram diversas colônias, em lugares
Peter Willi/tHe bridgeMAn Art librAry/
Keystone brAsil/coleÇÃo PArticulAr

como Chipre, Sicília, Sardenha, sul da Espanha e norte da


África, onde se destacou a colônia de Cartago. Essas colônias
serviam de entreposto comercial.

Alfabeto fenício
Os fenícios desenvolveram uma das mais importantes for- Estatueta de Baal, deus
mas de registro da comunicação humana: o alfabeto. fenício relacionado ao
Com a expansão do comércio, passaram a necessitar de um poder e à autoridade
real. Foi produzida
meio mais prático que os auxiliasse nas transações comerciais com ouro e bronze,
com outros povos. Assim, criaram, adaptaram e divulgaram a entre os séculos XIV a.C.
escrita alfabética. O alfabeto, porém, não surgiu de repente, e XIII a.C. O culto
como uma invenção abrupta dos fenícios. Desde o início do aos deuses fenícios
se espalhou pelo
II milênio a.C., houve na região algumas tentativas de desen-
Mediterrâneo junto
volver sistemas alfabéticos. ao estabelecimento de
O alfabeto fenício permitiu que a escrita se tornasse, aos colônias comerciais.
poucos, um meio de comunicação acessível a um grupo cada
vez maior de pessoas: sacerdotes, estudiosos, funcionários
etc. Composto de 22 sinais, foi posteriormente aperfeiçoa-
do pelos gregos. Do alfabeto fenício surgiram os alfabetos
grego, latino, árabe, hebreu e indiano.

CAPÍTULO 6 Hebreus, fenícios e persas 83


Persas
Um grande império no Oriente
Por volta de 1500 a.C., povos indo-europeus in- Por meio de conquistas militares, Ciro e seus su-
vadiram e conquistaram o planalto do Irã, situado a cessores (Cambises e Dario I) expandiram os domínios
sudeste da Mesopotâmia. Entre eles, destacaram-se do Império Persa, que chegou a atingir uma extensão
os medos e os persas. de cerca de 5 milhões de km2. Em 490 a.C., no en-
Ao final do século VII a.C., os medos já tinham tanto, ao tentar conquistar Atenas, Dario I foi derro-
um Estado organizado e dominavam os persas. tado na Batalha de Maratona, que marcou o fim da
Por volta de 550 a.C., comandados por Ciro, os expansão persa. Nova tentativa foi empreendida por
persas venceram a dominação dos medos e pro- Xerxes, sucessor de Dario I, que também fracassou. O
moveram a unificação dos dois povos, formando Império Persa começou a enfraquecer e, em 330 a.C.,
um império. foi conquistado pelos macedônios.

Expansão dos persas (séculos VI-V a.C.)

sidnei MourA
50° L

Rio
MAR S ir
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MAR NEGRO
40° N TRÁCIA MAR
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Mileto Merv Bactros

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Ecbátana
MEDITERRÂNEO
igr

Tiro
e

Jerusalém

Babilônia Susa

Mênfis Pasárgada

Rio Indo
ARÁBIA Persépolis
Rio Nilo

Território original
MA

Conquistas de Ciro
RV

Tebas Golfo
ER

Conquistas de Cambises Pérsico


ME

Conquistas de Dario I
LH

0 122 km Estrada Real


O

Fonte: KINDER, Hermann; HILGEMAN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa.
Madrid: Ediciones Istmo, 1982. p. 44.

Observar o mapa
• Considere o mapa e responda:
a) Que país atual ocupa a região que correspondia à Pérsia original, antes da formação do Império Persa?
b) Quais são as principais cidades do território originalmente ocupado pelos medos e persas?
c) Que povos dominados pelos persas você pode identificar ao observar as áreas conquistadas? Para respon-
der, consulte também os mapas dos capítulos anteriores.
d) Que funções pode ter tido a Estrada Real, que ligava Susa a Sardes?

84 UNIDADE 2 Escrita e memória


Administração do império
Durante o reinado de Dario I (521-485 a.C.), o e controle designando um general de sua confiança
Império Persa atingiu sua extensão máxima: do vale como chefe do exército de cada satrapia. Além disso,
do rio Indo até o Egito e o Mediterrâneo oriental. periodicamente enviava altos funcionários a todas as
Para cuidar dos territórios conquistados, desen- províncias para fiscalizar os sátrapas.
volveu-se uma complexa organização administrativa. Buscando manter a unidade dos territórios con-
O império foi dividido em províncias, chamadas quistados, habitados por diferentes povos, os persas
satrapias, e cada uma passou a ser governada por um aperfeiçoaram os transportes e as comunicações.
administrador, denominado sátrapa. Construíram grandes estradas para ligar as principais
Prevenindo-se contra o excesso de autoridade cidades do império, destacando-se a Estrada Real, en-
dos sátrapas, Dario I criou um sistema de vigilância tre Susa e Sardes, com cerca de 2600 km de extensão.

Investigando
• Os meios de comunicação e transporte da sua cidade são eficientes? Debata o assunto com seus colegas.

Interpretar fonte Estradas e estratégias


Há 2 500 anos, a Pérsia era, provavelmente, o maior império de seu tempo. Para administrar esse
território, os persas construíram estradas largas e retas. Fabricaram carruagens capazes de percorrer
longas distâncias. Organizaram um serviço postal que transmitia mensagens rapidamente por diversas
províncias do império.
Além disso, os persas adotaram uma postura relativamente tolerante frente a outras culturas.
Segundo alguns pesquisadores, essa estrutura administrativa, aliada ao poder militar, garantiu a ma-
nutenção de um império vasto e duradouro.
HeritAge iMAges/dioMediA

Escultura persa de ouro (500-


-300 a.C.) que parece representar
um sátrapa viajando em uma
carruagem. Pertence ao acervo do
Museu Britânico, em Londres.

1. Em sua interpretação, que aspectos da cultura persa podem ser relacionados com esta escultura?
2. Esta escultura pode ser utilizada como fonte histórica? Explique.

CAPÍTULO 6 Hebreus, fenícios e persas 85


Comércio e cunhagem de moedas
A economia persa baseava-se na agricultura (centeio, trigo e
cevada) e na criação de gado. Depois, com a expansão do império,
Zev rAdovAn/biblelAndPictures/AlAMy/FotoArenA/coleÇÃo PArticulAr

estimulou-se o artesanato e o comércio.


Para facilitar as trocas comerciais, Dario I mandou cunhar moedas
de ouro (chamadas de daricos). Posteriormente, permitiu-se a cunha-
gem de moedas de prata.

Zoroastrismo
Por volta do século VI a.C., Zoroastro (ou Zaratustra) fundou o
zoroastrismo, religião cuja doutrina foi exposta no livro Zend-Avesta.
Zoroastro pregava a existência de uma incessante luta entre
Ormuz, deus do bem, e Arimã, deus do mal. Afirmava que no dia do
Juízo Final, quando todas as pessoas seriam julgadas por suas ações,
Ormuz venceria definitivamente Arimã. Além disso, valorizava o livre-
-arbítrio, isto é, cada pessoa era livre para escolher entre o caminho
Moeda cunhada na época de do bem e o do mal; conforme sua escolha, a pessoa responderia pelas
Dário I (521-485 a.C.). consequências no dia do Juízo Final.
O zoroastrismo, à sua maneira, contém alguns princípios reli-
giosos e morais encontrados também no cristianismo, no judaísmo
e no islamismo, como as ideias de juízo final, ressurreição dos mor-
tHe bridgeMAn Art librAry/Keystone brAsil/coleÇÃo PArticulAr

tos, eternidade no céu ou no inferno.


Até o final do século XX, o zo-
roastrismo tinha, em todo o mun-
do, cerca de 200 mil adeptos, dos
quais a maior parte (60%) estava
na Índia, seguida por Irã, Estados
Unidos e Paquistão.

Escultura de Faravahar, um dos símbolos


do Zoroastrismo.

KenAre AttA/AFP

Iranianas dançam
em festival
tradicional do
Zoroastrismo, em
Teerã. Fotografia
de 2015.

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