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Universidade Federal Fluminense

Departamento de Fundamentos Pedagógicos (SFP)


Tópicos Especiais em Filosofia da Educação Popular na América Latina – 2016/01
Prof. Percival Tavares

Suzana Corrêa Barbosa

Fichamento 1
BUTTIGIEG, Joseph A. Educação e hegemonia. In: COUTINHO, Carlos Nelson; TEIXEIRA,
Andréa de Paula (Orgs.). Ler Gramsci, entender a realidade. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003, pp. 39-39.

pp. 39 e 40
 Conceito gramsciano de hegemonia: não há, nos escritos de Gramsci, uma reunião
esquematizada que trate direta e explicitamente da questão da hegemonia. Por quê?
Há a tendência de se supor que a ausência dessa formulação se atribua ao “caráter
fragmentário e incompleto do projeto que Gramsci empreendeu sob as condições [...]
difíceis da vida carcerária”.
 O autor nega essa suposição, que ignoraria a complexidade do método de estudo,
investigação e crítica de Gramsci; além de obscurecer o fato de que a hegemonia
não é simplesmente mais uma das questões ou temas gramscianos.
 A hegemonia não aparece nos Cadernos do cárcere como uma teoria pronta e
acabada, com a qual se pode explicar os fenômenos históricos ou políticos. Em vez
disso, é a análise de fenômenos específicos que leva Gramsci a considerar o
emprego do termo hegemonia num sentido diferente daquele que lhe foi atribuído
por Lenin.
 A elaboração gramsciana do conceito de hegemonia não toma a forma de uma
abstrata, sistemática e abrangente exposição teórica.

p. 41
 O desenvolvimento do conceito ocorre em conexão com seu tratamento dos temas e
fenômenos diversos.
 Os Cadernos do cárcere constituem o registro do desenvolvimento do conceito de
hegemonia pari passu com as análises de Gramsci sobre as variadas questões
políticas, sociais, históricas, filosóficas, culturais, econômicas, religiosas e literárias,
às quais o autor devotou sua energia durante os anos de cárcere.
 Examinando qualquer tópico importante das investigações multifacetadas de
Gramsci, encontra-se o leitmotiv da hegemonia.
 As ideias de Gramsci sobre educação requerem também um estudo de todo o
corpus dos Cadernos do cárcere, devendo-se ir além, uma vez que múltiplos
aspectos das esferas de atividade e das diversas instituições abrangidas pelo termo
educação ocuparam sua atenção antes de sua detenção. É preciso levar em conta
os textos jornalísticos, suas atividades como militante político e líder partidário, além
de seus escritos carcerários.

p. 42
 Espalhados no conjunto de suas cartas do cárcere, encontra-se uma série de
esboços autobiográficos em que Gramsci narra algumas das suas experiências
iniciais como estudante. As escolas que frequentou eram pobres, os professores
incapazes e seus métodos pedagógicos péssimos.
 Foi através da obstinação que Gramsci pode atingir as qualificações e o
conhecimento necessário para obter a bolsa de estudos que lhe permitiu escapar do
meio provinciano anti-intelectual e retrógrado em que foi criado.
 As dificuldades instilaram-lhe o espírito de rebelião contra os ricos e o convenceram
de que a libertação das classes subalternas requeria um esforço educacional
concentrado.

p. 43
 A atividade jornalística e política de Gramsci animava-se pela convicção de que a
tarefa mais urgente do movimento socialista tinha natureza cultural e educacional. As
classes subordinadas precisavam se libertar da sua dependência dos intelectuais
burgueses, de modo que pudessem desenvolver e disseminar sua própria cultura
(concepção do mundo e da vida).
 Para Gramsci, o positivismo reforçava uma visão de mundo fatalista, uma atitude
passiva que impedia as classes subalternas de abraçarem a noção de que podiam
ser agentes da transformação histórica.
 Para Gramsci, o socialismo requeria uma completa reforma intelectual.
 Na definição negativa de cultura de Gramsci, os alvos são, simultaneamente, o
positivismo e as formas degeneradas de educação.

p. 44
 Era preciso deixar de conceber a cultura como saber enciclopédico, no qual o
homem é visto apenas sob a forma de um recipiente a encher e entupir de dados e
fatos, que ele depois deveria classificar, para poder, em seguida, responder aos
vários estímulos do mundo exterior. Isso não seria cultura, mas pedantismo; não
seria inteligência, mas intelectualismo.
 Na definição positiva de cultura, Gramsci sublinha a obtenção de autoconhecimento
e autodisciplina, o estudo da história e dos “outros” e o cultivo do espírito crítico. Ele
explica como historicamente as pessoas só podem se tornar independentes em
relação às leis e às hierarquias sociais, impostas pelas minorias dominantes, depois
de atingir um nível mais alto de conhecimento.
 Gramsci acentua o fato de que a cultura e a história são construções humanas.
 Os Cadernos são o registro de uma investigação destinada a “conhecer os outros” (a
burguesia, em particular) através de um exame da sua história, bem como uma
análise minuciosa das instituições e atividades por meio das quais esses “outros”
construíram e sustentaram sua civilização hegemônica.

p. 45
 Em 1916, apesar de Gramsci ainda não ter chegado ao conceito de Hegemonia, ele
já acreditava que o que possibilitava às classes dominantes tomar o poder e mantê-
lo não era apenas a força bruta, mas também a obtenção da dominação cultural –
isto é, sua capacidade de difundir por toda a sociedade suas filosofias, valores,
gostos etc.
 A revolução burguesa, para Gramsci, não fora algo espontâneo, mas a culminação
de um intenso e continuado trabalho de crítica, de penetração cultural, de
impregnação de ideias.
 As expressões trabalho de crítica, penetração cultural e impregnação de ideias são
aspectos e variações da ideia gramsciana de educação.
 Gramsci defendia uma concepção ativa ou ativista de educação: relacionava a
educação não com a recepção passiva da informação e o refinamento solitário de
uma sensibilidade individual, mas com o poder transformador das ideias, a
capacidade de produzir a mudança social radical e construir uma nova ordem
através da elaboração e da disseminação de uma nova filosofia, uma visão
alternativa do mundo.

p. 46
 Gramsci declara que o socialismo estava preparando a base para uma nova
revolução “através da crítica à civilização capitalista”, através daquele tipo de
trabalho intelectual, cultural e educacional que dava origem a “uma consciência
unitária do proletariado”. Mas no fim, as forças da reação prevaleceram. O que,
então, tornava a “civilização” burguesa tão resistente?
 Muito embora o fascismo protegesse pela força os interesses dos estratos
conservadores e dominantes da sociedade e suprimisse a oposição radical com
meios violentos, Gramsci conclui que o Estado moderno retira sua força e é
protegido por seus poderes e mecanismos de persuasão – e não apenas por seu
poder coercitivo.
 O fascismo, para Gramsci, não representava um exemplo do Estado moderno; na
verdade, considerava-o como fruto da situação de pobreza e atraso da cultura e da
educação nacional, situação cujos responsáveis julgava ser os intelectuais mais
destacados.
 A civilização burguesa moderna, para Gramsci, se perpetua através de operações de
hegemonia, isto é, através das atividades e iniciativas de uma ampla rede de
organizações culturais, movimentos políticos e instituições educacionais que
difundem sua concepção do mundo e seus valores capilarmente pela sociedade.
 Gramsci não compreende as relações hegemônicas como unidirecionais, elas não
consistem somente na transmissão e disseminação de ideias e opiniões dos grupos
dominantes para os estratos subordinados.

p. 47
 A atividade cultural estimula novas ideias nos setores privilegiados da sociedade,
permite-lhes enfrentar novos problemas e permanecerem sintonizados com as
demandas e aspirações de todos os setores da sociedade. A atividade cultural
reforça a capacidade dos grupos dominantes para olhar além do próprio interesse
corporativo e estreito, e portanto, ampliar sua ação e influência sobre o resto da
sociedade.
 A hegemonia é uma relação educacional.
 Para Gramsci, educação equivale às operações fundamentais da hegemonia. Toda
relação de hegemonia é necessariamente uma relação pedagógica, que se verifica
não apenas no interior de uma nação, entre as diversas forças que a compõem, mas
em todo o campo internacional e mundial, entre conjuntos de civilizações nacionais e
continentais.
 As relações educacionais constituem o próprio núcleo da hegemonia, que qualquer
análise da hegemonia necessariamente implica um cuidadoso estudo das atividades
e das instituições educacionais e que nem as complexidades da hegemonia nem o
significado da educação podem ser entendidos enquanto se pensar a educação
exclusivamente em termos de “relações escolares”.
Fichamento 2
SILVA, Percival Tavares da. Metodologia da práxis: alguns desafios à educação política
popular. In: TORRES, Artemis (Org.). Educação e democracia: diálogos. 1. ed. Cuiabá:
Editora da UFMT, 2012. v. 1. pp. 119-134.

p. 119
 O autor fala do seu lugar de educador junto aos movimentos sociais e sindicais
populares na Baixada Fluminense (RJ), diocese de Nova Iguaçu, onde, desde abril
de 1984, está envolvido em uma práxis de educação política popular. Essa práxis de
educador popular coincide com o auge das lutas populares e sociais pela
redemocratização do Brasil e sua inflexão com o avanço neoliberal no país, a partir
do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, da derrocada no socialismo real no
Leste Europeu e da cruzada anti-Teologia da Libertação ensejada pelo Vaticano e
seus pares locais. Nesse contexto, o pragmatismo político e o individualismo
exacerbado tomam espaço do compromisso social mais consequente com a
emancipação em que a utopia da educação política popular tende a esvaziar-se.

p. 120
1. Contexto da Educação Política Popular
 As práticas de educação política popular de que o autor trata é uma práxis educativa
que coloca em evidência a questão do poder, da hegemonia – em um período
histórico que coincide com o esvaziamento das práticas de educação política popular
no Brasil (caracterizado pelo discurso antiutópico neoliberal).
 Nos anos 1980, a cruzada neoliberal contra as práticas de educação popular se
delineou e consolidou em confronto ideológico, em busca da destruição da utopia.
Marcos explícitos deste confronto ideológico nos espaços da Igreja Católica:
a) escolha de Karol Wojtyla, em outubro de 1978, como papa e sua cruzada de
perseguição aos teólogos da libertação e de esvaziamento das
Comunidades Eclesiais de Base, da Igreja Popular, e de substituição de
bispos de linha avançada no social por bispos conservadores;
b) minguar do financiamento externo a essas práticas de educação popular
c) confronto ideológico de governos como o dos EUA aos movimentos de
libertação da América Latina.

p. 121
 No Brasil, na Nova República, a CNBB vem a público anunciar seus afastamento
oficial das lutas populares, sob o argumento de que a sociedade civil havia se
fortalecido e, por isso, passara a dispensar o apoio da Igreja.
 A educação popular redireciona seu foco para a educação pública popular. Embora
menos intensa, a utopia da educação política popular continua a alimentar práticas
alternativas de poder.

p. 122
 As práticas de educação popular desenvolvidas pelo CSp e pelo NUFIPE são o foco
do texto. O objetivo é destacar os acúmulos teórico-práticos a partir dos cursos
Metodologia do Trabalho Popular e da extensão universitária Escola de Formação
Política e apontar desafios para uma educação popular capaz de contribuir para a
construção de uma hegemonia de novo tipo.

2. Metodologia da educação política popular

2.1. Da técnica, método e metodologia


 Técnica: relativo à arte, à ciência ou ao saber, ao conhecimento ou à prática de uma
profissão; significa um conjunto de procedimentos ligados a uma arte ou ciência.
 Método: o caminho para, o conjunto de procedimentos e regras para se chegar a um
objetivo, por exemplo, a um determinado conhecimento. Refere-se ao conjunto de
procedimentos e regras de uma práxis política e educativa para se chegar a uma
nova sociedade, à democracia integral. Os passos dados à concretização do projeto
proposto.
p. 123
 Metodologia: ramo da lógica que se ocupa dos métodos das diferentes ciências.
Ciência do método, aquele pensar sistemático que busca garantir a coerência e a
adequação entre o modo de fazer (os procedimentos técnicos e métodos usados) e
os objetivos buscados. Em particular, a arte de pensar o conjunto de procedimentos
e regras adequados aos enfrentamento dos problemas que se apresentam no
cotidiano da educação política popular, a busca da coerência entre a prática (técnica
e método utilizados) e a concepção do homem, do mundo e da sociedade.
Concepções de ciência, de conhecimento, de educação, de homem e de sociedade
subjacentes às práticas sociais e culturais de cada sujeito político-social.

p. 124
2.2 Práxis: metodologia da educação popular
 O educador popular, pela práxis, tem na realidade social e na prática dos educandos
sua referência política e pedagógica. Para ele, o determinante fundamenta desta
realidade é o mundo material e não o pensamento.
 Ao agir, o homem transforma a natureza e a sociedade, e, ao provocar estas
transformações, ele também se transforma. Assim, o homem existe intervindo no
mundo e, ao modificá-lo, modifica a si mesmo. A atividade humana é práxis na
medida em que incorpora o homem no seu todo, pensamento (cabeça), ação (mãos)
e seus desejos / paixões / sonhos (coração.
 A práxis compreende, além do momento laborativo, também o momento existencial.
Ela se manifesta tanto na atividade objetiva do homem, que transforma a natureza e
marca com sentido humano os materiais naturais, como na formação da
subjetividade humana, na qual os momentos existenciais não se apresentam como
‘experiência’ passiva, mas como parte da luta pelo reconhecimento, isto é, do
processo de realização da liberdade humana.
 Filosofia da práxis: atividade reflexiva, conhecimento, trabalho teórico dos homens,
que não visa apenas a especular sobre os sentidos das coisas, mas justamente
fundamentar sua ação concreta com vistas a organizar a vida social.
 A práxis não é apenas método para se chegar à verdade, é sobretudo concepção de
homem, de sociedade e de relação homem-mundo. Ela surge entre homens reais,
em condições históricas e sociais reais. Historicamente, as mudanças ocorrem em
função das contradições surgidas a partir dos antagonismos das classes no
processo da produção social.
 Fundada na práxis, a educação política popular não corre o risco de subestimar as
forças reais da história, nem, consequentemente, de superestimar o poder de
persuadir pela discussão.

p. 125
 A metodologia exige do educador popular coerência utópica entre seu pensar e seu
agir frente aos problemas que a práxis educativa e política apresenta.
 O educador popular, em contraposição
o à educação bancária de mera transmissão de conteúdo, busca transmitir o
conhecimento universal acumulado, adequado à realidade dos educandos,
levando-os a sistematizarem e construírem conteúdos de conhecimento
vinculados à sua realidade;
o à prática de educar para a alienação / subserviência das classes
trabalhadoras, busca educá-las para a criatividade, a criticidade (entendida
como crítica e autocrítica), a autonomia e a liberdade;
o à mentalidade competitiva, individualista de mercado, busca trabalhar
relações e valores alimentadores de uma mentalidade “solidária”,
participativa, “cooperativa”, comunitária;
o à divisão, à desconexão, cabeça / pensar (idealismo) e mão / agir (ativismo),
trabalha a educação buscando a reintegração do humano em todas as suas
dimensões e lateralidades – o homem integral;
o ao projeto de manutenção da velha ordem social, investe enquanto sujeito
individual e comunitário num projeto de transformação e emancipação
humana e social;
o à democracia representativa burguesa, trabalha para a conquista da
democracia participativa integral;
o à centralidade do capital dada pelo mercado, tem o humano como central.
 Em contraposição à centralidade dada pelo capital aos meios de educar para o
mercado, a educação política popular centra-se no humano, busca “educar para
além do capital”, tem a emancipação humana como fim último de sua ação: o
transitar do reino da necessidade para o reino da liberdade, a democracia radical.

3. Desafios à práxis de educador popular


 São desafios a serem enfrentados pelo educador popular, para que possa motivar a
sociedade a canalizar as energias de seu “espírito popular criativo” a um projeto
alternativo de sociedade:

p. 126
3.1. Valorizar a educação política popular
 Segundo Marx, uma persuasão popular tem, com frequência, a mesma energia de
uma força material, que é muito significativa.
 Destaca-se a necessidade de se valorizar o potencial da “persuasão popular” na
relação hegemônica. No entanto, nota-se que a vanguarda pouco tem investido na
sua educação política.
 É, portanto, para o autor, um desafio, pois assim como não há organismo que
permaneça vivo por muito tempo se não for capaz de renovar suas células, da
mesma forma, as organizações da sociedade civil popular precisam renovar-se
constantemente, enquanto recomposição de seus quadros e enquanto
redimensionamento de seus marcos teórico-práticos.
 A formação política pela metodologia da práxis é fundamental, senão a única capaz
de reiteradamente “refontizar” a luta pela hegemonia popular.
 Para Gramsci, todo movimento cultural que pretenda substituir o senso comum e as
velhas concepções de mundo tem necessidade de trabalhar incessantemente para
elevar intelectualmente camadas populares cada vez mais vastas, isto é, para dar
personalidade ao amorfo elemento de massa – o que significa trabalhar na criação
de elites intelectuais de novo tipo, que surjam diretamente da massa e que
permaneçam em contato com ela. É a satisfação desta necessidade que modifica o
panorama ideológico de uma época.

p. 127
 O educador popular democrático reconhece a importância da cultura política e do
saber populares, mas sem mistificá-los, para a construção da hegemonia das
classes populares. Ele direciona sua ação a homens reais, reconhece que esse
elemento de “espontaneidade” não pode ser descuidado, mas, sim, deve ser
educado, orientado, depurado de todo elemento estranho que possa corrompê-lo,
para fazê-lo homogêneo, mas de um modo vivo e historicamente eficaz, com a teoria
moderna.
 A educação enquanto práxis se realiza quando educando e educador são sujeitos do
processo educativo, quando os intelectuais orgânicos interferem ativamente na vida
prática como organizadores, persuasores permanentes da massa, das e com as
classes populares.
 Na educação pela práxis, o educando torna-se sujeito do processo político-
educativo; sua prática social é a fonte privilegiada do novo conhecimento, pois o
conhecimento humano é um processo sempre em construção.
 O educador orgânico às classes populares é um guia permanente dos próprios
sujeitos da aprendizagem. O desafio, para ele, é tornar-se um sujeito entre sujeitos,
potencializando as capacidades criativas de cada um na dinâmica do trabalho
coletivo.

p. 128
 O objetivo estratégico de todo processo político-educativo é o desenvolvimento das
capacidades e das potências de cada educando para sentir, pensar e agir d forma
autônoma, crítica e criativa, no contexto dos grupos sociais em que vive e trabalha;
provocar o afloramento do espírito popular criativo, ajudando-o a potencializar-se.
 Subjaz à práxis educativa a ideia de que a política não é apenas tarefa prática de
políticos profissionais, mas envolve uma espécie de mediação intelectual do
educador, do educador-político (Paul Ricoeur).
 O trabalho de educação popular é exatamente não se limitar ao corporativismo dos
grupos sociais, mas exatamente ser essa pedagogia da constituição de uma
hegemonia de classe.

3.2. Educação popular e cultura política no corporativismo e clientelismo


 O corporativismo e o clientelismo são dois dos maiores desafios a serem superados
pelas classes populares brasileiras. Ambos podem ser entendidos como
mecanismos cruciais (um formal e outro informal) para o esvaziamento de conflitos
sociais, para o remanejamento hegemônico das classes dominantes.
 No Brasil, por um lado, o corporativismo tem sido utilizado como uma tentativa de
controlar e organizar as classes inferiores através de sia incorporação ao sistema;
por outro lado, a práxis confirma que os arranjos clientelistas ainda permanecem
integrados de maneira conspícua à moderna ordem capitalista.

p. 129
 A superação do corporativismo e do clientelismo no Brasil é tarefa básica concreta
para a hegemonia dos grupos sociais subalternos e sua “autonomia integral”.
 Do corporativismo, duas frentes de luta necessárias para que um grupo social
consiga se apresentar como alternativa de poder e tornar-se direção: luta pela
superação do corporativismo próprio dos grupos sociais e luta contra o
corporativismo de Estado enquanto forma de incorporação ao sistema.
 O trabalho popular deve ser crítico não só em relação à sociedade, mas também em
relação ao seu próprio modo de se fazer (ser crítico e autocrítico). Os grupos
populares que almejam a transformação da sociedade e da humanidade devem
procurar viver, nas suas formas de organização e relacionamento, as alternativas
que buscam para o futuro.
 O educador popular educa para a autonomia, pois leva os sujeitos da ação educativa
a pensarem por si mesmos, a analisarem novas situações, a teorizarem suas
próprias práticas; em última instância, a se autoeducarem.

p. 130
3.3. Importância da mística na educação popular
 Mística: força vital que mantém firmes os seres humanos, apesar de todas as
vicissitudes da vida e dos reveses da luta, que precisa ser continuamente regada
pela dimensão utópica do socialismo, através do rito e da celebração.
 Um dos grandes desafios do educador popular é exatamente compreender a
importância e saber desafiar os educandos para momentos celebrativos, que tornem
presente e mantenham a chama da esperança em meio às vicissitudes da
hegemonia.
 Em situações-limte, a mística surge como poderoso recurso à manutenção e
“refontização” da esperança.

p. 131
 É importante desenvolver na luta hegemônica uma mística pessoal e comunitária,
que leve em conta os caminhos e descaminhos, rumo à hegemonia das classes
populares.

3.4. Restabelecer a dimensão utópica do Socialismo


 O grande desafio hoje à atuação do educador político popular, a partir do
esmaecimento da dimensão política utópica do socialismo, está na ausência de um
projeto utópico como referência para sua práxis educativa. Sem um projeto
emancipador delineado como horizonte, o dilema está em como e para que educar.
 Conforme Gramsci, o partido político representa a forma concentrada de poder, o
núcleo a partir do qual se dá a direção ideológica das classes populares, se busca o
consenso das massas, a hegemonia de novo tipo. Uma das mais importantes tarefas
do partido, ainda conforme Gramsci, é empreender uma reforma intelectual e moral,
isto é, criar o terreno para um desenvolvimento ulterior da vontade coletiva nacional-
popular no sentido de alcançar uma forma superior e total de civilização moderna.
 Essa reforma intelectual e moral seria realizada principalmente através dos
intelectuais orgânicos, aqueles cuja relação com a classe revolucionária torna-se
fonte de um pensamento comum.
 Gramsci entende que o movimento social somente avança se possuir, elaborar seus
intelectuais orgânicos e não existe organização sem intelectuais, isto é, sem
organizadores e dirigentes, sem que o aspecto teórico da ligação teoria-prática se
distinga concretamente em um estrato de pessoas especializadas na elaboração
conceitual e filosófica. Os intelectuais são organizadores da vida social na medida
que são partido dirigente de uma massa ativa.
Fichamento 3
SEMERARO, Giovanni. Gramsci e os movimentos populares: uma leitura a partir do Caderno
25. In: ______ et al (Orgs.). Gramsci e os movimentos populares. Niterói: Editora da UFF,
2011, pp. 287-302.

p. 287
Premissas para uma interlocução crítica e fecunda
 Conceito de popular, em Gramsci: deriva do seu pertencimento ao mundo popular e,
principalmente, das opções políticas que o levaram a se posicionar decidida e
abertamente em sintonia com as lutas das classes subalternas.
 O grande interesse de Gramsci pelo senso comum, religião, linguagens, bom senso
e folclore não figuram como curiosidades e aspectos marginais, mas são terreno
fértil para descobrir fermentos de uma visão de mundo própria dos subalternos.
 Gramsci talvez tenha sido o primeiro marxista ocidental que manifestou um interesse
autêntico eminentemente político pela cultura popular, porque nela se manifestava
uma produção de significados e interpretações do mundo provenientes das classes
subalternas.
 Para Gramsci, não há política, transformação social, democracia, revolução e
unidade nacional sem o protagonismo do “espírito popular criativo”.

p. 288
 O popular deixa de ser definido por suas características internas e por seu repertório
de conteúdos tradicionais, e passa a ser caracterizado por sua posição frente às
classes hegemônicas.
 Em Gramsci, o conceito de intelectual é recriado a partir da sua estreita
“organicidade” com a realidade popular. A educação e a “escola unitária” são
interpretadas pela capacidade de se conectar profundamente com o mundo do
trabalho e a formação das classes subalternas para se tornarem “dirigente”.
 A hegemonia, o partido, a sociedade civil e o Estado, para Gramsci, só podem obter
êxito se tiverem conotação popular, se orientados a organizar uma “vontade coletiva
nacional popular”.
 Os Cadernos do cárcere se apresentam como um original projeto de “teoria política
popular”, em que as classes subalternas encontram instrumentos para desenvolver
sua visão crítica, para construir a própria hegemonia e assumir a direção de uma
nova concepção de Estado e de sociedade.

p. 289
 Gramsci não confunde popular com populismo (concepção demagógica e
paternalista do povo). Critica toda visão que mitifica e sacraliza o povo, considerado
depositário de valores genuínos e de verdades infalíveis. O povo personifica-se em
sujeitos populares concretos, classes e “grupos sociais subalternos” historicamente
existentes e operantes.
 Gramsci não alimenta dicotomias simplistas que contraponham autenticidade
popular e artificialismo institucional, movimentos populares e partidos,
espontaneidade e organização.

O Caderno 25: atualidade e conexões com os movimentos populares


 O autor tem a intenção de tecer algumas considerações a partir do Caderno 25 - Às
margens da história (História dos grupos sociais subalternos): escrito em 1934,
composto por oito parágrafos, nos quais Gramsci retoma e reelabora 13 notas do
Caderno 1 e do Caderno 3 e a nota 81 do Caderno 9.

p. 290
 No Caderno, encontram-se uma análise crítica dos “grupos sociais subalternos”,
critérios para o resgate da sua história, e indicações para a unificação das suas lutas
em vista da construção da hegemonia popular em torno de uma nova concepção de
Estado e de sociedade.
 Gramsci traça um projeto de pesquisa que pretendia desenvolver, abrindo um novo
horizonte de compreensão sobre um campo colocado “às margens da história”.
p. 291
 Explicita claramente “critérios metodológicos” e “critérios metódicos”, i.e., horizontes
epistemológicos em que condensa as orientações fundamentais para balizar suas
argumentações e se adentrar no terreno de investigação. Gramsci enfatiza o rigor
metodológico e deixa claras suas posições teóricas e políticas.
 Começa o Caderno 25 abordando a vicissitude de Davide Lazzaretti, um carreteiro
da Toscana que conseguiu galvanizar o descontentamento e a rebelião popular de
sua região durante os anos de 1868 a 1878.

p. 292
 A partir de bibliografia relativa ao caso de Lazzaretti, Gramsci faz uma crítica às
elites e aos seus intelectuais que criminalizavam as sublevações populares e as
desqualificavam. Deixa claro ao longo do Caderno sua contraposição a uma
tendência dominante na cultura do seu tempo, que procurava explicar
“cientificamente” (ou seja, naturalisticamente) o fenômeno da barbárie.
 Em Alguns temas da questão meridional (1926), Gramsci ataca a conexão entre a
ciência positivista e o Partido Socialista, ao qual os intelectuais (Lombroso e seus
seguidores) pertenciam, o que legitimava ainda mais a política de desqualificação e
de repressão aplicada às massas populares do sul da Itália.
 Na reconstrução do episódio de Lazzaretti, Gramsci concentra-se na análise da obra
fundamental de G. Bazellotti, afirmando que esse servira para formar a opinião
pública italiana sobre Lazzaretti encobrindo o mal-estar que existia na Itália depois
de 1870 com “explicações reducionistas, individuais, folclóricas, patológicas etc.”.

p. 293
 O “lazzarettismo”, para Gramsci, é um “drama” típico que mereceria uma análise
político-histórica, pois revela a revolta popular diante das políticas das classes
dominantes. As análises de Gramsci sobre esse fenômeno evidenciam que a mistura
de religião e política manifesta que a “tendência subversiva-popular-elementar podia
nascer entre os camponeses”, cujas esperanças e expectativas haviam sido
decepcionadas pelas esquerdas no governo. Na ausência de partidos regulares,
buscavam-se dirigentes locais que emergiam da própria massa.
 Pontos de contato com os movimentos populares brasileiros: mescla explosiva de
política e religião; reconhecimento do potencial de resistência dos levantes
populares; criminalização e estigmas de “patologia” aplicados às suas ações
políticas; modernização imposta pelo alto contra o “atraso” popular; ilusão de uma
“unidade nacional” sem a participação ativa dos camponeses e das massas
populares; decepção dessas com as políticas das esquerdas instaladas no poder e
busca de lideranças próprias na falta de partidos; violência disfarçada e impune das
classes dominantes contra os movimentos populares; ampliação dos horizontes da
política e do conceito de “classe” com o resgate da história e da cultura dos “grupos
sociais subalternos”; necessidade de reconstrução da história popular em
contraposição às leituras distorcidas difundidas pelos dominantes.

p. 294
 Segundo parágrafo do Caderno 25: formulação dos “critérios metodológicos.
Gramsci apresenta o pano de fundo de sua leitura: os grupos subalternos sofrem
sempre a iniciativa dos grupos dominantes, mesmo quando se rebelam. Toda
unificação que eles procuram construir é continuamente quebrada pela iniciativa dos
grupos dominantes.
 Para Gramsci, só a vitória permanente quebra, e não imediatamente, a
subordinação. A vitória precisa ser consistente e contínua, assim como o fato de que
ela é sempre histórica e ameaçada. A ruptura nunca é instantânea, mas uma
atividade política difícil, demorada e processual.
 Todo sinal de iniciativa autônoma da parte dos grupos subalternos deveria ser de
valor inestimável para o historiador integral.

p. 295
 Em oposição ao reducionismo da ideologia dominante e à manipulação das suas
fontes, Gramsci propõe a realização de uma história “integral”, de modo a resgatar a
riqueza das inúmeras insurgências populares, a gênese, a complexidade, o jogo das
forças em ação, suas conexões com o contexto, o “assédio recíproco” que se
estabelece entre os grupos dominantes e os subalternos, o reconhecimento da
capacidade de iniciativas desses e as potencialidades que emergem dos fatos
históricos.
 Quarto parágrafo do Caderno 25: Gramsci parte de um ensaio no qual há referências
ao desenvolvimento histórico das classes populares nas nascentes comunas
italianas. A necessidade de defender a própria cidade leva a desenvolver uma
consciência política na população.
 Enquanto menciona a importância de questões relativas às raças, à mulher, ao
machismo e alerta sobre os perigos inerentes ao método da analogia histórica,
Gramsci trata a evolução do Estado antigo e medieval para o moderno, que substitui
ao bloco mecânico dos grupos sociais uma subordinação à hegemonia ativa do
grupo dirigente e dominante: abole algumas autonomias, que no entanto renascem
em outra forma, como partidos, sindicatos e associações de cultura.

p. 296
 Nesse quarto parágrafo, Gramsci focaliza a formação do poder popular no final da
Idade Média e seu papel fundamental na constituição das sociedades modernas. Ele
destaca como a progressiva organização da vontade coletiva se torna decisiva na
configuração das cidades italianas, na composição das suas leis e das suas
constituições.
 Mostra como a defesa externa e interna da cidade, a função do “capitão do povo”, a
religião e os laços de solidariedade são fundamentais para a constituição do poder
político popular e da sua identidade social.
 Gramsci estabelece uma conexão com a longa tradição de protagonismo popular
que está na base das associações, dos partidos, dos sindicatos, das organizações
políticas, da formação do Estado moderno e da democracia.
 Quinto parágrafo do Caderno 25: Gramsci retoma as considerações do segundo
parágrafo sobre a desagregação dos grupos sociais subalternos e a necessidade da
sua unificação. Proposta: considerando que “a unidade histórica das classes
dirigentes acontece no Estado”, em relação orgânica com a sociedade civil, “as
classes subalternas, por definição, não são unificadas e não podem se unificar
enquanto não chegam a se tornar ‘Estado’”.
 Gramsci defende a construção do Estado pelas classes subalternas que lutam para
sair da sua condição e buscam a unificação e a hegemonia. Ele aponta que os
subalternos devem criar uma nova concepção de Estado.

p. 297
 A configuração desse Estado criado pelos subalternos deve ser diferente da
concepção convencional, burocrática, elitista e autoritária. Para Gramsci, “tornar-se
Estado” quer dizer um incessante movimento de construção política, que as forças
populares devem aprender a conduzir de forma histórica e coletiva.
 Os subalternos precisam se unificar e afirmar sua hegemonia ao “fundar novos
estados”, a fim de saírem da condição de súditos e cidadãos formais.
 Gramsci enumera um conjunto de critérios para construir a história dos subalternos.
O historiador deve observar e justificar a linha de desenvolvimento em direção à
autonomia integral; desde as fazes mais primitivas, deve perceber toda manifestação
do [...] ‘espírito de ruptura”, mostrando como no enfrentamento dos “inimigos a
serem abatidos e na adesão de grupos aliados” as “forças inovadoras dos grupos
subalternos tornam-se “dirigentes e dominantes” e se unificam em Estado.
 Gramsci não adere às teorias de um pluralismo amorfo e relativista, mas está
convencido de que “Entre os grupos subalternos, um vai exercer ou tenderá a
exercer uma certa hegemonia por meio de um partido” para liderar o processo
histórico-político de ruptura e de criação.
 Há a necessidade de ruptura com o sistema implantado pelas classes dominantes,
afirmação da “autonomia integral”, construção da identidade pelo regate da própria
história, aglutinação em torno de uma organização dotada de hegemonia para
unificar as diversas forças populares e criar um novo Estado.
p. 298
Convergências e diferenças entre os “grupos sociais subalternos e os movimentos
populares”
 Os temas tratados no Caderno 25 estabelecem pontos de contato e análise crítica
em relação aos movimento populares brasileiros: numerosas insurgências, revoltas e
guerras de grupos populares que se ergueram em defesa da própria terra e das suas
reivindicações. Expressões explosivas, episódicas, alimentados por elementos
religiosos e visionários, de grupos “à margem do sistema”, “em permanente
fermente, mas incapazes, como massa, de dar uma expressão unitária às próprias
aspirações e necessidades”.
 Particularmente no período da ditadura militar, com a repressão dos partidos e das
organizações políticas dos trabalhadores, foram aparecendo na cena política, “novos
personagens”.

p. 299
 É no contexto da ditadura militar que diversos conceitos provenientes do trabalho de
Gramsci passaram a ser utilizados e reinterpretados também nas organizações
político-pedagógicas populares.
 Nos anos 1980, acontece uma leitura mais ampla e aprofundada dos escritos de
Gramsci, quando os movimentos populares se reorganizam em torno das lutas pelo
processo de democratização do país. As iniciativas populares desempenham papel
fundamental na elaboração da nova Constituição, e na formação de novos partidos,
sindicatos e organizações sociais.
 A partir dos anos 1990, os movimentos populares entram em uma nova fase.
Percebem que as lutas pelo Estado Democrático de Direito e algumas conquistas
governamentais deixaram intocados o poder das elites e a estrutura econômica do
país. Ainda que formalmente democrática, a reestruturação que prevaleceu no Brasil
continuava a favorecer as forças conservadoras, que se rearticulavam e conseguiam
deflagrar uma ofensiva neoliberal, esvaziando as conquistas populares e
implantando um sistema político e representativo que não refletia os reais anseios da
população.

p. 300
 Mesmo alcançando o poder político central com o consenso popular, partidos de
esquerda acabaram enredados nas teias do “transformismo” e de uma “revolução
passiva” que os manteve longe de estabelecer uma verdadeira hegemonia
democrático-popular.
 Diferenciando-se de movimentos sociais que se limitam a buscar melhorias e obter
benefícios pontuais, os movimentos populares se atestam sobre posições radicais,
denunciando as contradições do sistema e o aprofundamento das divisões de
classe. Reivindicam uma democracia voltada para a universalidade dos direitos e a
socialização do poder material e simbólico – persistentes pressões pelas reformas
fundamentais.
 Os movimentos populares atuais não se limitam a combater o neoliberalismo, a
regulamentar o capital ou a promover ações voltadas a amenizar a pobreza e as
desigualdades com um modelo superado de desenvolvimento, mas se organizam
local e mundialmente com a intenção de romper com o capitalismo e construir um
projeto alternativo de sociedade e de civilização.

p. 301
 A atuação dos movimentos populares é constituída por uma grande capacidade
político-organizativa em conexão com partidos e sindicatos e chegam a catalisar
setores das periferias, desempregados e precarizados que não se sentem incluídos
no círculo da produção nem representados pela democracia liberal e pelas
organizações políticas tradicionais.
 A nova construção só pode surgir de baixo, enquanto toda uma camada nacional, a
mais baixa econômica e culturalmente, participe de um fato histórico radical que
envolva toda a vida do povo.
 A determinação dos movimento populares de quererem ser os governantes de um
outro Estado e uma outra república revela “uma consciência ‘teórica’, criadora de
valores históricos e institucionais, de fundadora de Estados”, acompanhada de um
outra concepção de política, de cultura, de desenvolvimento e de economia.
 São muitas as inspirações que os movimentos populares derivam de Gramsci,
particularmente quando se mostram convencidos de que, para sair da condição
subalterna, é necessário realizar “o espírito de ruptura e a progressiva conquista da
própria personalidade histórica” que se adquire na construção de uma hegemonia
que pode nascer só depois de algumas premissas: as grandes organizações
populares de tipo moderno.

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