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HADDOCK, B.A. Uma Introdução ao Pensamento Histórico. Trad. De Maria Branco. Lisboa:
Gradiva, 1989, p- 109.
2
Ibidem; p- 107.
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diferente da sua3. No entanto, a principal escola que se apoderou da idéia de um método foi a
escola positivista, também alcunhada escola metódica. Segundo os positivistas, os métodos da
ciência da natureza poderiam ser aplicados à interpretação histórica. Tal assimilação devia-se
a incessante busca pela verdade, a qual somente poderia ser alcançada caso houvesse uma
confluência entre a investigação documental, o poder da indução, da crença nos fatos
históricos e da narrativa, autorizados pelo método.
A objetividade almejada nas pesquisas históricas encetadas pelos positivistas foi sendo
lapidada a partir do desprezo pela história universal e pela elevação da história
particularizada, como única possibilidade de verdade, já que o universalismo era considerado
um ideal inatingível. Esta história dita factual acabou por exaltar os grandes acontecimentos e
as grandes personalidades. A historiografia positivista tinha um domínio sem precedentes
sobre pequenos problemas e, “uma fraqueza sem precedentes no tratamento dos grandes
problemas.”4
A noção de documento característico das visões tradicionalistas limita-se a eleger
fontes que possam oferecer maior credibilidade e segurança quanto ao seu conteúdo e
posteriormente na sua corroboração, essa seria a principal função da História, recolher dados
a partir de um grau hierarquizado de importância, seria o princípio da “história rankeana”. O
método de Ranke, historiador alemão, consiste em estabelecer critérios de conduta frente os
documentos. Para ele a fonte oficial, escrita, sempre deve se antepor a qualquer fonte e, caso
não se encontrem disponíveis documentos escritos deve-se então apelar e suportar outras
formas e outros objetos de pesquisa, sejam eles artefatos ou dados orais5. A metodologia de
Leopold Von Ranke foi, pela Nova história, superada. Insurgir contra esse método
representava negar a premissa de Ranke, sustentada sobre a égide da objetividade. Segundo
ele, "o objectivo da história é dar os acontecimentos do passado como eles na realidade se
passaram"6
O sentido progressista, o desejo de verdade, a ânsia pela exatidão, levaram os
metódicos a se posicionarem como meros observadores de suas próprias práticas. Suas fontes
históricas não passavam de objetos passíveis à apreensão sensível, empírica, como se a
complexidade documental pudesse ser denunciada a partir da aplicação de um método
3
Ibidem; p- 135.
4
COLLINGWOOD, R. G. A idéia de História. Trad. De Alberto Freire. Lisboa. Abril, 2001, p-149.
5
PRINS, Gwyn. “História oral”. In: Peter Burke (org.). A Escrita da história: novas perspectivas.
Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista,1992.
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AS CONCEPÇÕES de história e os cursos de licenciatura. Revista de História Regional. [citado em 17
abril 2006]. Disponível na World Wide Web: <http://www.uepg.br/rhr/v2n2/cerri.htm>.
7
SOUZA, Laura de Mello. “Aspectos da historiografia da cultura sobre o Brasil colonial”. In: Marcos
Cezar de Freitas (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. 5ª ed. São Paulo: Contexto, 2003.
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Ibdem; p- 20.
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VILLAR, Pierre. “História marxista, história em construção”. In: LE GOFF, Jacques e NORA, Pierre
(orgs.). História: Novos Problemas. Trad. De Theo Santiago. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.
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RAZÃO e utopia: Thompson e a História. Publicações de História.[citado em 17 abril 2006].
Disponível na World Wide Web: <http://www.dhi.uem.br/publicacoesdhi/dialogos/volume01/vol6_rsm5.htm>.
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THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998.
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FURET, François. “Da história-narrativa à história-problema”. In: FURET, François. A Oficina da
História. Tradução de Adriano Duarte Rodrigues. Lisboa: Gradiva.
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Ibdem; p- 85.
14
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. Tradução Reginaldo de Moraes. São
Paulo: Editora UNESP/ Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. 1999.
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“fazer com que ela se exercesse não sobre um objeto no qual se encontra um texto, mas sobre
o próprio texto.”16. Dessa maneira, o computador e a Internet seriam os dois principais
agentes da modernidade incumbidos de retirar a materialidade do texto e transformá-lo em
algo virtual e impalpável. Assim, Chartier localiza há três séculos atrás o precedente de tal
intenção.
A tecnologia da informação, como já foi ressaltado, modificou as relações tradicionais
entre estudiosos e seus objetos de estudo, entre o escritor e o leitor, entre um texto e seu
suporte, entre o possível e o impossível. A revolução tecnológica propiciou uma ruptura em
vários aspectos, dentre eles o aspecto espacial. A memória de um computador ou as
informações que viajam pelas ondas, fios e satélites comportam em si um arsenal infinito de
conhecimento e informações, transferindo do mundo sensível para o mundo virtual conteúdos
e formas, prescindindo de qualquer espaço físico, a não ser o espaço que separa o indivíduo
do aparelho eletrônico em questão.
15
Ibdem; p- 45.
16
Ibdem; p- 67.
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arquivos, museus e bibliotecas estão concentrados nos grandes centros urbanos ou culturais,
restringindo sua área de acesso a este espaço delimitado. Cidades que não representam um
sítio histórico relevante, e por isso não sustentam qualquer instituição de apoio ao seu
patrimônio, encontram na internet e nos multimeios eletrônicos, como microfilmes, cds, dvds,
etc., uma saída para os limites geográficos que se impõem sobre o objeto de estudo e o
pesquisador. O Laboratório Multimídia de Pesquisa Histórica (LAMPEH), da Universidade
Federal de Viçosa, funciona como um centro de pesquisa para os estudantes. Seu acervo é
composto por microfilmes relativos a imprensa do século XIX e início do XX, principalmente
do Estado de Minas Gerais, periódicos, relatórios, teses condensadas em cds, fotografias, e
consultas a sites que disponibilizam conteúdo de pesquisa. A intenção é permitir que o
historiador, ou outro profissional, tenha acesso a documentos sem precisar estar de corpo
presente na instituição que o guarda. Isso é democratizar os meios.
Mas tal revolução ainda não se consolidou por completo, ela é um processo em
corrente construção. Muitas questões devem ainda ser levantadas sobre as vantagens e
desvantagens que a tecnologia nos aponta a experimentar e incluir no cotidiano. Sabemos
apenas que sua inserção na historiografia trouxe enormes benefícios e possibilitou a
ampliação da noção de documento, a democratização da informação e o acesso irrestrito a
conteúdos de pesquisa, fatores que só tendem a fortalecer a construção do conhecimento
histórico.
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HISTÓRICO do Projeto Resgate. Centro de Memória digital. [citado em 17 abril 2006]. Disponível na
World Wide Web: <http://www.resgate.unb.br/rhistorico.html>.
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