Você está na página 1de 13

UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 1

SISTEMA NERVOSO

1. Visão Geral do Sistema Nervoso Central

O sistema nervoso é formado por três subsistemas principais: (1) um eixo sensorial que
transmite sinais das terminações nervosas sensoriais periféricas para quase todas as partes da
medula espinhal, do tronco cerebral, do cerebelo e do córtex; (2) um eixo motor que conduz sinais
neurais, com origem em todas as áreas centrais do sistema nervoso para os músculos e glândulas de
todo o corpo; e (3) um sistema integrador que analisa a informação sensorial, a armazena na
memória, para um uso futuro e que utiliza tanto a informação sensorial como a armazenada na
determinação das respostas apropriadas.
O sistema nervoso pode ser assim dividido:

Córtex
Motor
Telencéfalo Córtex
Sensorial
Áreas
Cérebro Específicas
Núcleos
Basais
Diencéfalo Tálamo
Encéfalo Hipotálamo
Central Hipófise
Sistema Mesencéfalo
Tronco Ponte
Bulbo
Nervoso Cerebelo
Medula
Hipotálamo
Vegetativo Simpático
Parassinpático
Motor – Nervos Eferentes
Periférico Sensor – Nervos Aferentes

2. A Sinapse

A unidade básica de controle do sistema nervoso é a sinapse, onde os sinais passam das
fibrilas terminais de um neurônio para a célula neural seguinte. A sinapse é formada por um botão
sináptico, situado na extremidade da fibrila neural, e a membrana superficial do neurônio seguinte,
onde encosta o botão sináptico. Esse botão sináptico secreta uma substância transmissora que atua
sobre a membrana e que pode ser tanto excitatória quanto inibitória, o que permite que sinais que
cheguem possam produzir excitação ou inibição no neurônio seguinte. Um neurônio, em geral, só é
Prof. Sérgio F. Pichorim
UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 2

excitado pela descarga simultânea de grande número de sinapses; isto é, os sinais vindos de muitas
sinapses devem-se somar, antes que um potencial de ação seja produzido no neurônio estimulado.
Se esse neurônio está sendo, também, inibido por sinapses inibitórias, serão necessários sinais
excitatórios em maior número para produzir reação.

3. Circuitos Neuronais Básicos

Muitas das reações neurais mais simples são integradas a nível da medula espinhal,
incluindo efeitos do tipo de retirada de qualquer parte do corpo do campo de ação de estímulo
doloroso, e de reflexos que encurtam os músculos sempre que estiverem estirados em excesso e, até
mesmo, de sinais que produzem os movimentos de marcha, sob condições adequadas. Reações
mais complexas do sistema nervoso, como as de controle da postura e do equilíbrio, bem como as
de controle da respiração e da circulação, são integradas a nível do tronco cerebral. As funções
ainda mais complexas do sistema nervoso, como os processos do pensamento, armazenamento de
memórias, determinação de atividades motoras complexas etc. são todas integradas no cérebro. O
cerebelo atua em íntima associação com todas as outras partes do sistema nervoso central,
participando na coordenação de todas as funções motoras seqüenciais.
Os neurônios do sistema nervoso central são organizados em vários tipos de circuitos, os
mais importantes sendo os seguintes:
1. O circuito divergente, que permite a estimulação de muitos neurônios por um único sinal
que chega; cada um dos neurônios estimulados vai, por sua vez, estimular muitos outros neurônios.
Por exemplo, a estimulação de um grande neurônio do córtex motor do cérebro pode, algumas
vezes, fazer com que 15.000 fibras de um músculo periférico contraiam.
2. O circuito convergente, onde sinais oriundos de diversas origens cerebrais devem atuar, a
um só tempo, sobre o mesmo neurônio, para que este entre em atividade. Por exemplo alguns dos
neurônios do cérebro que participam na análise de sinais aderentes necessitam, não apenas dos
sinais sensoriais, originados na periferia mas, também, de sinais controladores simultâneos,
oriundos de outras partes do cérebro, antes que ocorra a reação.
3. O circuito reverberatório, formado por série de neurônios que transmitem sinais por via
circular. Isto é, um neurônio estimula outro neurônio, em seguida, outro e outro e assim por diante,
até que o sinal retorne ao neurônio inicial. Dessa forma, o sinal percorre o circuito, ou "reverbera",
até que o neurônio fatigue. Contudo, enquanto o circuito reverbera, também envia sinais para
outras partes do cérebro e para o sistema muscular, causando estimulação prolongada. Por
exemplo, as contrações musculares que produzem a respiração são o resultado complexo de
reverberação no centro respiratório do tronco cerebral.

4. A Medula Espinhal

A medula espinhal é a área integradora para os múltiplos reflexos musculares que produzem
respostas musculares localizadas. Alguns desses reflexos são:

1. O reflexo de estiramento muscular (ver fig. 1 e 2) , que faz com que qualquer músculo que
seja esticado em demasia se contraia instantaneamente, o que impede variações significativas de seu
comprimento. Esse reflexo é especialmente importante por tornar os movimentos corporais
contínuos, fluidos e uniformes e não abruptos, trêmulos e irregulares.

Prof. Sérgio F. Pichorim


UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 3

Figura 1 – Arco reflexo de extensão monossináptico

2. O reflexo tendinoso muscular, que provoca o relaxamento muscular quando sua tensão fica
excessivamente aumentada.
3. Os reflexos com origem nos pés, que ajudam a sustentar o corpo contra a ação da gravidade.
Por exemplo, a pressão sobre a sola dos pés faz com que as pernas fiquem rigidamente estendidas,
de modo a poderem sustentar o corpo.
4. Os reflexos que ajudam a evitar a lesão do corpo. São, em sua imensa maioria, os reflexos
de defesa (ou de flexão) produtores das contrações musculares apropriadas à retirada de parte do
corpo do campo de ação de um estímulo produtor de dor.
5. Os reflexos da marcha. Existem circuitos reverberativos localizados na região da perna da
medula espinhal, que produzem os movimentos de marcha. Sinais com origem em centros
encefálicos mais superiores controlam esses movimentos de marcha, de modo a que tenham um
propósito para a locomoção.
6. Reflexos vesicais e retais. Esses reflexos produzem a contração da bexiga urinária quando
esse órgão é distendido por volume excessivo de urina ou a contração retal quando as fezes
produzirem estiramento das paredes do reto.

Prof. Sérgio F. Pichorim


UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 4

Figura 2 – Arco reflexo de flexão e extensão cruzada

5. Tronco Cerebral

O tronco cerebral (ver fig. 3) controla as contrações musculares posturais subconscientes


do corpo, inclusive as contrações que são responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal.
Essas funções de controle ficam localizadas, predominantemente, na formação reticular bulbar, que
se estende desde o bulbo raquidiano, ao longo da protuberância, até o mesencéfalo.
Quando uma pessoa está acordada e em pé, a porção superior dessa estrutura é naturalmente
excitável, e excita os músculos extensores das pernas, bem como os músculos axiais do tronco, o
que permite que as pernas e o tronco sustentem o corpo contra a ação da gravidade.
O grau de contração dos diferentes músculos, tanto nas pernas como no tronco, é controlado
por sinais que chegam à formação reticular bulbar a partir do aparelho vestibular, também chamado
de "aparelho do equilíbrio". Esse órgão sensorial contém pequenos grânulos calcificados, os
otolitos, que ficam apoiados sobre terminações nervosas sensoais muito excitáveis, as células
ciliadas, e o peso desses otolitos produz padrão específico sinais nervosos por essas células, para
cada posição da cabeça, em relação à ação da gravidade. Dessa forma, o aparelho vestibular
sinaliza se uma pessoa está em posição de equilíbrio ou não, e a formação reticular bulbar utiliza
essa informação para produzir a contração dos músculos adequados para manter o equilíbrio.

6. Córtex Cerebral, os Gânglios e o Cerebelo

As atividades motoras mais complexas do corpo são controladas pelo córtex cerebral, pelos
gânglios da base e pelo cerebelo, com essas três áreas funcionando, quase que sempre, em
conjunto e não isoladamente. Entretanto, a remoção do córtex cerebral, em alguns animais
inferiores, tem efeito muito pequeno sobre a capacidade do animal de andar, de correr e, até
mesmo de lutar. O que eles perderam foi o caráter proposital de suas atividades motoras. No ser
humano, por outro lado, o córtex cerebral é muito mais desenvolvido e, de modo correspondente,
Prof. Sérgio F. Pichorim
UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 5

parte consideravelmente maior de nossas atividades motoras é controlada pelo córtex. A lesão do
córtex no ser humano causa, principalmente, perda das capacidades funcionais das mãos, dos
dedos e das partes distais dos braços, embora os movimentos mais grosseiros do tronco, das pernas
e dos ombros ainda permaneçam parcialmente intactos. Por outro lado, se os gânglios basais são
gravemente lesados, ao mesmo tempo que o córtex o é, mesmo os movimentos corporais
grosseiros, no ser humano, ficam muito prejudicados.
A área motora do córtex cerebral (ver fig. 4) fica localizada no lobo frontal, imediatamente
à frente do sulco central. A parte posterior dessa área motora, chamada de córtex motor primário,
controla músculos individuais ou grupos de músculos intimamente associados, em especial os
pequenos músculos das mãos, dos dedos e da boca, o que permite um controle bastante preciso. As
partes mais anteriores dessa área motora, chamada de córtex pré-motor, controlam a contração
coordenada de grupos musculares múltiplos, o que permite a execução de inúmeras atividades
motores de precisão.

Figura 3 – O sistema nervoso central

O cerebelo funciona em associação com todas as outras áreas motoras do sistema nervoso,
inclusive com o córtex motor, com os gânglios basais e com a medula espinhal, a fim de coordenar
principalmente, as contrações musculares seqüenciais. O cerebelo possui um tipo especial de
circuito neuronal que permite que os sinais sejam retardados por várias frações de segundo. Por
conseguinte, se se deseja realizar dois movimentos diferentes, um em seguida ao outro, o cerebelo
produz o retardo apropriado, entre as atividades motoras seqüenciais. Por exemplo, durante o
Prof. Sérgio F. Pichorim
UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 6

andar, cada passo consiste em movimentos seqüenciais da perna para a frente e para trás. Se o
seqüenciamento não é perfeito, a pessoa perde seu equilíbrio, que é o que acontece, em termos
precisos, quando o cerebelo é gravemente lesado.

Figura 4 – Organização do córtex motor.

O controle da palavra falada é um exemplo especialmente interessante de controle motor de


alta complexidade (ver fig. 5). As palavras que vão ser enunciadas não são escolhidas pelo córtex
motor mas, pelo contrário, pela parte do córtex sensorial chamada de área de Wernicke, localizada,
nas pessoas destras, na parte póstero-superior do lobo temporal esquerdo. A área de Wernicke
transmite os sinais apropriados para a área de Broca, localizada, nas pessoas destras, no córtex pré-
motor esquerdo. Essa área funciona em associação com o córtex motor primário, com os gânglios
basais e com o cerebelo para controlar as seqüências de contrações dos músculos laríngeos, orais e
respiratórios, necessários para a formação das diferentes palavras.

Prof. Sérgio F. Pichorim


UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 7

Figura 5 – Resumo das principais áreas do telencéfalo.

7. Sistema Nervoso Autonômico (Vegetativo)

O sistema nervoso autonômico controla as funções internas do corpo. É dividido em dois


componentes distintos: (1) o sistema nervoso simpático e (2) o sistema nervoso parassimpático.
Os dois componentes são estimulados por múltiplos centros cerebrais, localizados, principalmente,
no hipotálamo e tronco cerebral.
Os nervos periféricos simpáticos, junto com os nervos espinhais (ver fig. 6), têm origem nos
seguimentos torácicos e nos dois primeiros segmentos lombares da medula espinhal. Esses nervos
chegam às cadeias simpáticas, uma a cada lado da coluna vertebral. A partir desse ponto, os
nervos terminais simpáticos se distribuem por todo o corpo. A maioria das terminações simpáticas
secreta a norepinefrina, que exerce os diversos efeitos simpáticos sobre o corpo.
Entre todas as funções simpáticas são especialmente importantes as de (1) controlar o grau
de vasoconstrição na pele, o que permite o controle da perda de calor pelo corpo, (2) controle da
intensidade da sudorese pelas glândulas sudoríparas, o que também é parte do controle da perda de
calor, (3) controle da freqüência cardíaca, (4) controle da pressão sangüínea arterial, (5) inibição
das secreções e dos movimentos gastrintestinais e (6) aumento do metabolismo na maior parte das
células do corpo (ver tabela 1).

Prof. Sérgio F. Pichorim


UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 8

Figura 6 – Anatomia do sistema nervoso simpático.

O sistema nervoso parassimpático tem origem em diversos nervos cranianos e, também, de


vários segmentos sacrais da medula espinhal (ver fig. 7). Todas as terminações parassimpáticas
secretam acetilcolina. As fibras parassimpáticas no nervo oculomotor controlam a focalização dos
olhos e a dilatação das pupilas; as fibras parassimpáticas nos nervos vago e glossofaríngeo
controlam a secreção salivar, a freqüência cardíaca, a secreção gástrica, a secreção pancreática e
muitas das contrações da parte superior do tubo gastrintestinal; e, finalmente, as fibras
parassimpáticas, de origem sacral, controlam o esvaziamento da bexiga e do reto. (ver tabela 1)

Prof. Sérgio F. Pichorim


UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 9

Figura 7 – Anatomia do sistema nervoso parassimpático.

Tabela 1 – Efeitos sobre os diversos órgãos do corpo.


Órgão Estimulação Simpática Estimulação Parassimpática
Pupila dilatada contraída
Olho
Músculo Ciliar relaxação moderada excitado
Coração atividade aumentada diminuição da atividade
Brônquios dilatação constrição
Pulmões
Vasos sangüíneos constrição moderada nenhum
Tubo Luz diminuição do tômus e aumento do tômus e peristalse
Digestivo peristalse
Esfíncteres aumento do tômus relaxamento
Fígado liberação de glicose nenhum
Rins diminuição da produção nenhum
Corpo inibição excitado
Bexiga
Esfíncter excitação relaxamento

Prof. Sérgio F. Pichorim


UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 10

8. Hipotálamo

O hipotálamo (ver fig. 3) é a parte encefálica mais importante para o controle das "funções
vegetativas" do corpo, expressão que define o conjunto das funções orgânicas internas
subconscientes, incluindo a maioria das funções do sistema nervoso autonômico. O hipotálamo
contém muitos núcleos distintos. Algumas das funções reguladoras exercidas por esses diferentes
núcleos são:
1. Regulação do sistema cardiovascular, em especial da freqüência cardíaca e da pressão
arterial.
2. Regulação da temperatura corporal, pelo controle de funções tais como (a) perda de calor
pelo corpo, pela variação do grau de vasoconstrição cutânea, (b) intensidade da perda de calor pelo
corpo, por sudorese, e (c) intensidade da produção de calor pelos tecidos, pelo controle do
metabolismo celular.
3. Regulação da água corporal, pelo controle da sede e do mecanismo de ingestão de água e,
também, pela secreção de hormônio antidiurético que atua sobre o rim, fazendo com que retenha
água.
4. Regulação da alimentação, pela excitação de um centro da fome no hipotálamo, quando as
reservas de nutrientes do corpo estão depletadas.
5. Controle da excitação e da raiva, quando a pessoa é ameaçada por qualquer modo.
6. Controle da secreção de quase todos os hormônios pituitários. Os hormônios pituitários,
por sua vez, controlam a secreção de cerca da metade de todos os outros hormônios secretados
pelas outras glândulas endócrinas do corpo. Portanto, por meio desses sistemas hormonais, o
hipotálamo controla, pelo menos, a metade de todas as funções metabólicas do corpo.

9. Sensação Somestésica e Interpretação dos Sinais Sensoriais

As sensações somestésicas são aquelas que têm origem na superfície do corpo ou em suas
estruturas profundas. Incluem sensações como (1) o tato, (2) a pressão, (3) o calor, (4) o frio, (5) a
dor e (6) angulação das articulações.
A percepção da sensação começa nos receptores sensoriais. Muitos deles são terminações
nervosas livres de fibras nervosas periféricas de função sensorial. O mais importante exemplo
desse tipo é representado pelas fibras da dor. Outros receptores sensoriais somestésicos são muito
especializados, muitas vezes sendo formados por uma ramificação nervosa encapsulada, de modo
distinto, por um tecido próprio; essas terminações respondem a tipos específicos de sensações.
Uma dessas terminações, chamada de corpúsculo de Meissner, é extremamente sensível ao contato
extremamente leve. Grande número desses corpúsculos é encontrado nas pontas dos dedos; dão aos
dedos a capacidade excepcional de detectar forma, textura e outras características dos objetos.
Após chegar à medula espinhal, trazidos pelos nervos espinhais, os sinais sensoriais são
transmitidos ao cérebro por duas vias principais, (1) o sistema dorsal e (2) o sistema
espinotalâmico. No sistema dorsal, os sinais trafegam por fibras nervosas de grande calibre,
localizadas, em sua maior parte, nas colunas dorsais da medula espinhal, enquanto que, no sistema
espinotalâmico, os sinais trafegam por fibras com diâmetro bem menor, situadas nas colunas
anterolaterais da medula espinhal. Essas duas vias terminam no tálamo, onde esses sinais são
retransmitidos por um outro conjunto neuronal para a área somestésica do córtex cerebral,
chamada de córtex somestésico (ver fig. 5). Além disso, cada um desses sistemas, em especial o
espinotalâmico, tem fibras ramificadas, principalmente a nível da medula espinhal e do tronco
cerebral. Sinais dessas ramificações produzem reflexos medulares e; também, reflexos do tronco

Prof. Sérgio F. Pichorim


UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 11

cerebral, particularmente, reflexos que provocam contrações dos músculos da postura e do


equilíbrio.

10. Tálamo

O tálamo desempenha um papel especialmente importante na determinação do tipo de


sensação - a chamada modalidade sensorial - que uma pessoa irá experimentar, isto é, se será tato,
ou pressão, ou frio, ou calor ou dor. A função do córtex somestésico é, principalmente, a de
determinar em qual ponto do corpo esses sinais sensoriais têm origem (ver fig. 3).
As sensações de dor desempenham papel fundamental na proteção dos tecidos corporais
contra a lesão. Em verdade, é a própria lesão do tecido que estimula as terminações nervosas da
dor. Quando são estimuladas, o sistema sensorial da dor causa respostas múltiplas, começando com
reflexos de defesa (flexão) integrados a nível da medula espinhal, que retiram partes do corpo do
campo de ação dos estímulos dolorosos. A dor também provoca um nível muito elevado de
excitabilidade de modo quase instantâneo no tronco cerebral e no cérebro, seguido por reações do
tipo de correr, lutar, gritar etc. Entretanto, até certo ponto, o grau de estoicismo de uma pessoa
pode controlar sua reatividade à dor. Parte desse controle depende de um mecanismo de controle
da dor especial que transmite sinais do cérebro e do tronco cerebral até às pontas posteriores da
medula espinhal, onde inibem a transmissão dos sinais de dor, no ponto onde primeiro chegam à
medula espinhal.

11. Eletroencefalografia (E.E.G.)

Registros das atividades elétricas em pontos externos na cabeça demostram contínuas


oscilações elétricas dentro do cérebro. Estas ondas são denominadas Ondas Cerebrais e o registro
completo de Eletroencefalografia (EEG). Registros de até 10mV são feitos diretamente sobre o
cérebro, mas no escalpo estes níveis ficam na faixa de 100µV. Estas ondas mudam marcantemente
entre estados de alerta e sono, e em geral esta ondas são irregular e nenhum padrão pode ser
observado. No entanto, em situações específicas algumas ondas podem ser clessificadas em grupos,
conforme figura 8.
As ondas Alfa com freqüências entre 8 e 13 Hz ocorrem quando a pessoa está acordada em
um estado quieto e de repouso. As ondas Beta com freqüências entre 14 e 30 Hz ocorrem quando a
pessoa está em atividade mental, podendo chegar a 50 Hz durante intensa atividade mental. As
ondas Teta com freqüências entre 4 e 7 Hz ocorrem quando a pessoa está sob estresse emocional ou
durante períodos de desapontamento ou frustração. Já as ondas Delta com freqüências inferiores a
3,5 Hz ocorrem quando a pessoa está em sono profundo e em patologias cerebrais graves.
Quando um indivíduo em estado relaxado fica sonolento (drowsy) ou dorme (asleep), as
ondas Alfas ficam mais altas e mais lentas (figura 9), chegando as ondas Delta no sono profundo
(deep sleep). No entanto, durante o sono profundo ocorrem momentos de ondas rápidas,
denominado de sono paradoxal ou sono REM (rapid-eye-movement), pois neste período a pessoa
apresenta movimentos nos olhos. Pessoas acordadas durante o sono REM normalmente lembram o
que estavam sonhando, ao passo que pessoas acordadas durante o sono com ondas Delta não
lembram.

Prof. Sérgio F. Pichorim


UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 12

Figura 8 – Tipos diferentes de ondas EEG normais.

Figura 9 – Mudanças no EEG que ocorrem quando um humano dorme

Prof. Sérgio F. Pichorim


UTFPR - DAELN Sistema Nervoso 13

O padrão mais utilizado para a colocação dos eletrodos em diagnóstico clínico do EEG é o
sistema 10-20, da Federação Internacional das Sociedades de EEG. Os sinais podem ser coletados
entre pares de eletrodos (bipolar), entre um eletrodo e um ponto de referência distante (monopolar)
ou entre um eletrodo e a média de todos os outros. Os biopotenciais registrados são amplificados
por amplificadores diferenciais de alto ganho e alta CMRR, e com acoplamento capacitivo. O sinal
é normalmente registrado em papel por agulhas com tinta, um método que delimita a resposta em
uma faixa de 0,5 a 80 Hz.

Referência:
Resumo cap 8, 9, 10, 11 e 12 : FISIOLOGIA HUMANA, Arthur C. GUYTON.
Figuras do cap. 4 : Medical Instrumentation, J. Webster.

[Pichorim, 2006]

Prof. Sérgio F. Pichorim

Você também pode gostar