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Se Jesus pregasse hoje em dia o mesmo evangelho que pregou por volta do ano 30, quando

dizia que devemos “dar a outra face”, “perdoar, abençoar e orar pelos que nos amaldiçoam”,
“andar a segunda milha”, “dar a túnica e a capa” e “amar o próximo como a si mesmo”, ele
seria novamente torturado e crucificado pelos atuais “cristãos de direita”, conservadores e
defensores da família tradicional (Alexandre Gonçalves, Pastor Evangélico. Fonte:
https://theintercept.com/2018/09/04/jesus-bolsonaro-andre-valadao-anticristao/)

Foi com grande expressão que Bolsonaro se tornou o candidato dos evangélicos
nessas eleições. Pastores, líderes religiosos, figuras públicas do mundo gospel
manifestaram suas posições em favor do militar como uma figura messiânica,
salvadora e redentora dos males da corrupção, violência e, principalmente
envolvidos pelos temas que geram muita polemica com os cristãos tais como o
aborto, identidade de gênero, casamento LGBT, legalização das drogas e das
armas.
A sociedade brasileira tem ciência do debate religioso e moral que cercam tais
temas, mas o questionamento vívido na grande parcela da sociedade que não
levanta a bandeira das causas religiosas e dos que se levantam em uma frente
de evangélicos contra as políticas que ferem o direito à vida e os direitos
democráticos da população brasileira é “por quê evangélicos não deveriam votar
em Bolsonaro nesse segundo turno?” ou como diria a Nota da Frente de
Evangélicos pelo Estado de Direito, “Pode um crente votar em Bolsonaro? Citarei
três motivos que acredito que serão suficientes:
Bolsonaro defende a tortura e valoriza torturadores.
É muito contraditório ver um crente defendendo tal prática, pois Jesus sofreu em
sua própria carne os mais diferentes tipos de tortura. De acordo com Isaias 53:
4-7: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas
dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas;
cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca;
como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os
seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.
Será que nos apraze observar inertes todo esse sofrimento que Jesus passou
por amor de cada ser humano? Onde na bíblia é possível entender que o ódio
aos encarcerados, criminosos, às diferenças e aos não cristãos é um
ensinamento? Nos evangelhos?
Quando você apoia a pena de morte, a vingança a todo custo, o combate a
violência por meio de mais violência, você vai de encontro aos ensinamentos
basilares de Jesus sobre arrependimento, perdão e transformação de vida.
Bolsonaro defende a cultura do ódio.
A bíblia nos ensina que Deus é amor. Jesus, em outro episódio, sintetiza os
mandamentos em apenas dois: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo. Mateus 22:34. Isso significa que todas as revelações de Deus
aos seus filhos dependem do amor, a ele e ao próximo. Nossos “próximos”, são
os negros e negras, os e as LGBTS, indígenas, imigrantes, pessoas as quais
Bolsonaro incita o desprezo, o preconceito, o ódio. Porque a igreja tem de servir
para trazer as pessoas para Deus e não para condená-las.
A tarefa da Igreja é pregar o evangelho e servir não julgar ou condenar
Igreja do senhor Jesus na terra foi instituída na função de servir, evangelizar,
levar o amor de Deus ao povo que está perdido. Não adianta “ir ao mundo e
pregar o evangelho a toda criatura” se quando você tem a oportunidade de
transformar, ajudar, dar emprego, gerar mudança de vida mesmo que pela
palavra a uma pessoa que está do seu lado, você vira as costas e condena se
ao menos se lembrar de Deus. Não é tarefa da igreja como congregação ou
individualmente, como os separados, ser juízes, condenar, emitir sentenças de
vida ou de morte, conforme 1 Coríntios 4:5: “Assim, nada julgueis antes da hora
devida; aguardai até que venha o Senhor, o qual não somente trará à luz o que
está em oculto nas trevas, mas igualmente manifestará as intenções dos
corações. Então, nesse momento, cada pessoa receberá de Deus a sua
recompensa. Advertência contra a arrogância”.
Bolsonaro é um anticristão, oportunista, que não respeita as mulheres, as
pessoas negras, nordestinas, é xenofóbico, adultero, sonegador. Um ser que
representa o oposto dos ensinamentos que o Jesus, o líder maior dos cristãos,
nos deixou em sua vida, morte e ressurreição. Portanto, não é possível que nós
o elejamos para que essas sejam as praticas e politicas a nos representar como
cristãos, crentes no amor, misericórdia e perdão divinos para o Brasil nesses
próximos quatro anos.

SUZIANE NOGUEIRA, PROFESSORA, CRISTÃ, PARAENSE E MILITANTE DO


PSTU.

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