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*Nesse entendimento, não é o educador que educa, mas o educador é aquele que cria
condições para que as idéias e o conhecimento sejam incorporados pelo educando. Esse
conhecimento, para fazer parte da vida do educando, precisa ser aceito como verdade,
precisa ser valorizado e corresponder às necessidades sentidas pelo educando. O
educador estimula o educando que, motivado, valoriza as idéias, de modo a ter certeza
de que elas serão significativas para a sua vida. Quando o educando incorpora essas
idéias, passa a agir de acordo com elas, com consciência. Caso contrário, as idéias e
ensinamentos só permanecem por algum tempo, enquanto houver controle, vigilância ou
mesmo, alguma empolgação por novidade ou por uma ação diferente.
* E o desenvolvimento dessa conscientização, também depende de cada sujeito. O
educador só apresenta os problemas, levanta soluções, problematiza e possibilita uma
reflexão crítica sobre o assunto.
Vamos destacar, agora, que nas relações sociais, as pessoas trocam diferentes saberes,
não apenas nas instituições formais de ensino (escolas,colégios,universidades,
academias etc), mas também nos grupos não-formais (clubes, sindicatos, associações,
empresas etc) e, mesmo, informais, também contribuindo para uma educação ampla.
Lembrando Paulo Freire, realmente “ninguém se educa sozinho”.
No processo de educação, podemos identificar diferentes áreas, como a cognitiva (do
conhecimento), a afetiva (da atitude) e a psicomotora (das habilidades e da ação),
todas intimamente ligadas. Porém, como o ser humano é sujeito e objeto da história,
isto é, responsável pela transformação da realidade, mas também influenciado por ela –
representada pelas estruturas socioeconômicas, políticas e culturais da sociedade,
podemos dizer que a educação não está voltada apenas para mudanças individuais, mas
para mudanças coletivas e, principalmente, para a transformação do sistema social a fim
de garantir melhor qualidade de vida para a humanidadee para os demais seres vivos. O
ser humano deve ser valorizado pelo que ele é, e não pelo que tem e por seu acesso a
bens e recursos.
Vamos deixar de lado a visão antropocêntrica, que coloca o ser humano como centro do
universo, acima de todos os demais seres vivos, e a quem tudo é permitido, e que
provocou, e provoca, tanta degradação no planeta, mas vamos ter bem claro que o
equilíbrio de todos os ecossistemas e, portanto, do planeta, depende de relações
equilibradas entre todos os seres vivos e não-vivos da Terra, da qual o ser humano faz
parte. O desequilíbrio provocado, geralmente, por ações antrópicas tem sido muitas
vezes irreversível. Ao atingir qualquer ser vivo, de uma forma ou de outra, acaba
atingindo também homens e mulheres.
*A educação implica um processo de formação política, isto é, que prepara para o
exercício da cidadania ativa, que dá condições para o ser humano conhecer, refletir e
analisar criticamente as informações, exigir seus direitos e cumprir seus deveres, de
forma que esteja apto a participar da construção de políticas públicas e de
mecanismos legais que não só atendam suas necessidades básicas, mas melhorem
suas condições de vida, dando possibilidades para que todos conquistem autonomia,
liberdade, justiça social e, portanto, possam assumir o controle sobre suas próprias
vidas (empoderamento) e a vida da coletividade, tornando-a cada vez melhor e mais
saudável.
3- EA e a globalização
3.1- Globalização é um processo de integração das economias através de um mercado
mundial. Este processo é visível num claro aumento dos fluxos comerciais. Sua força
motriz é tecnológica e ideológica: Tecnológica devido à redução espetacular dos
custos de processamento e de transmissão de informações; Ideológica porque, com
o fim do comunismo, ventos liberalizantes passaram a soprar fortemente pelos
países, reduzindo as barreiras comerciais entre eles.
No entanto, Estas mudanças nas relações dos países, com forte influência dos EUA e
seu modo de vida, passaram a determinar as novas formas de posicionamento das
pessoas com relação
ao consumo, definindo-se a partir daí uma nova consciência quanto ao pensamento da
sociedade. Termos como “mercado consumidor, marketing, poder de compra, etc”
começaram a ser cada vez mais utilizados, transformando a sociedade numa imensa
horda de consumidores, preocupados em comprar, não por necessidade, mas para
aplacar uma vontade de “ter por ter”. Logo a famosa frase “penso, logo existo” passou a
ser traduzida por “compro, logo existo”. Esta mudança no paradigma, da vida mais
simples dos nossos avós, para uma vida onde o “brilho louco dos diamantes definiu o
comportamento da sociedade frente as vitrines, gerou um falso bem estar, onde valores
morais e éticos foram dando lugar cada vez mais a ética do
“consumo a qualquer preço”. Obviamente que esta situação não se sustentaria, caso
alguém ainda tenha duvidas sobre onde este consumismo poderia nos levar é só olhar as
manchetes econômicas dos jornais todos os dias e observar o nível de pressão ambiental
que vivemos hoje.
Sem falar nas mazelas de relacionamentos que vivemos hoje, pessoas mantém
relacionamentos onde os interesses particulares estão acima dos interesses do outro.
Vivemos então uma realidade de mercado que cobra caro da sociedade em dois pontos
principais: Inverte valores & Pressiona o meio ambiente de forma insustentável.
Reúnem-se aí, os elementos para a formação de estados de insatisfação, frustração,
estresse e violência e a reprodução de uma característica da modernidade (que é a
mesma característica de espécies sob estresse ecossistêmico): todos contra todos.
Então, novos paradigmas são necessários para a globalização. Diante desse quadro, qual
é o papel da Educação Ambiental? Como a pressão consumista da sociedade define uma
insustentabilidade ambiental, um novo paradigma deverá ser implantado. A humanidade
deverá ser reeducada na sua relação com o meio ambiente e para isso deverá mudar sua
relação com o consumo. A ‘EA’ deverá ser capaz de catalisar o desencadeamento de
ações que permitam preparar os indivíduos e a sociedade para o paradigma do
desenvolvimento sustentável. (Prof. Luiz Anderson da Silva)
Muitos outros danos ambientais ainda seriam sentidos tais como em Minamata
(contaminação da baía de Minamata-Japão pelo mercúrio, provocando diversas mortes)
e Bhopal (escapamento de gás tóxico, usado na produção de agrotóxicos, em empresa
multinacional na região de Bhopal-Índia, igualmente provocando mortes e dor), entre os
históricos mais famosos. Conforme se deu o progresso em relação ao desenvolvimento
tecnológico e industrial, a sociedade se afastou do convívio humano, construindo
valores e padrões de consumo insustentáveis ao que é próprio do homem.
Muito embora este clamor sempre tenha estado como tônica permanente de suas
práticas, a Educação Ambiental passou por diversas fases, sendo a primeira a das
denúncias sobre os abusos do poder econômico perante os menos favorecidos,
especialmente quando a degradação ambiental era feita em nome do progresso. Já nos
anos 80, a fase das denúncias deu lugar às conquistas dos direitos civis e da
democracia, mesmo porque, a atuação do Partido Verde alemão na derrubada do muro
de Berlim, e, em seguida, a chegada da Perestoyka fez sentir seus efeitos no fim da
União Soviética, trazendo a Rússia para o capitalismo. Globalização, anos 1990.
Baseada nos acordos de livre mercado, a globalização atende aos mercados
internacionais mais poderosos, nos quais os países ricos impõem as regras e os países
pobres se inserem da maneira que podem. O protecionismo (dos ricos) se apresenta
contra o crescimento dos países menos desenvolvidos (às vezes, disfarçado). A
globalização se caracteriza, ainda, pela não democratização do sistema financeiro
internacional, cujos maiores obstáculos estão nas regras para as patentes e a propriedade
intelectual (dificultando o acesso dos menos desenvolvidos e favorecidos às melhores e
mais desenvolvidas tecnologias).
Globalização e Educação Ambiental ? Sim, posto que, de modo oficial, ela se inseriu no
cotidiano brasileiro com o conhecimento da consolidação da sociedade de consumo
cujas perdas efetivas dos laços sociais, delineiam indivíduos em seus isolamentos. O
“ecologicamente sensível”, perdeu um lugar até então mal conquistado na medida em
que os clamores sociais absorveram todas as classes nas questões do emprego, salário,
dignidade e moradia.
Pior para a Educação Ambiental, ou ainda, maior o desafio. Entretanto, não se pode
atribuir a ela e suas práticas, a qualidade de “capturar” pessoas para a participação em
sociedade. Ademais, o empobrecimento cultural demonstra que a sociedade
contemporânea, carente do holismo, ainda privilegia e solicita o conhecimento
compartimentado pautado pelo senso prático e não pelo senso analítico.
Quer se considerar que Educação Ambiental não foi pensada para quem se acostumou a
viver pelo poder do status, mas sim, para aqueles que querem o êxito através das
concretizações de longo prazo.
No entanto, pedir para que a Educação Ambiental solucione questões de ordem judicial,
de obras de engenharia ou de exploração do homem pelo homem, é uma tarefa que ela
não tem!
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