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VI SECEB – SEMINÁRIO DE ENGENHARIA CLÍNICA E ENGENHARIA BIOMÉDICA

INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – INATEL


ISSN 2358-338X
SETEMBRO DE 2017

Gestão da Qualidade - Aplicação de Programas de


Qualidade em uma Empresa de Manutenção e/ou
Calibração de Equipamentos Médico-hospitalares nas
Normas NBR ISO 9001:2015 e ISO 17.025:2005.
Marcos José Furlan & Bruno Nunes Bono

 outros requisitos da gestão. Esse fator de integração é o ponto-


Abstract—This document contains step by step information to chave na gestão da organização. [1]
implement ISO 9001:2015 and ISO/IEC 17.025:2005 in
companies that provide maintenance and calibration of hospital C. Desenvolvimento de um sistema de gestão
equipments. Um Sistema de Gestão é configurado ao longo do tempo, de
Index Terms — ISO 9001, ISO 17025, Balanced Scorecard. forma assíncrona nas áreas, e pode se inspirar em modelos, nos
Resumo—Este documento mostra os passos para implementar
concorrentes/parceiros e no mercado e ou aprender com os
a ISO 9001:2015 e ISO/IEC 17.025 para empresas que prestam
serviços de Manutenção/Calibração de equipamentos próprios erros. [1]
hospitalares. A Organização que está em busca da excelência na gestão
Palavras chave — ISO 9001, ISO 17025, Balanced Scorecard. pode seguir alguns caminhos: [1]
- Inspiração em boas práticas de outras organizações
I.INTRODUÇÃO (benchmarking de gestão);
O objetivo deste documento é fornecer informações para - Desenvolvimento do time gerencial: Contratação de
ajudar os leitores a entender o que significa a certificação ISO, executivos, formação gerencial, job-rotation gerencial;
e os passos para atingir tal certificação e algumas ferramentas - Análise de resultados e introdução de melhorias;
em nível de alta direção até a produção/serviços. - Experimentação de novas ideias, em busca de inovação
(pilotos, projetos, testes, ensaios, simulações e etc.).
II. SISTEMAS DE GESTÃO - Adoção de normas, códigos e modelos: ISO, SA, IBGC,
GRI, SOX, Ethos, Excelência Operacional, Lean, Six Sigma,
A. Sistema de gestão entre outros.
Sistema de gestão tem definições variadas escrita por -Contratação de consultores especializados.
diferentes autores, mas existe uma convergência nos conceitos. Organizações que buscam a excelência incorporam no dia a
Para a FNQ (Fundação Nacional da Qualidade), Sistema de dia essas formas de "aprendizado". Normalmente, esses
Gestão é um conjunto de práticas padronizadas, logicamente vetores operam simultaneamente nas organizações, inclusive
inter-relacionadas com a finalidade de gerir uma organização e de forma combinada. [1]
produzir resultados. [1]
O Sistema de Gestão da organização abrange todos os seus III. NORMAS ISO
subsistemas de gestão, composto por práticas. O sistema de
gestão costuma ser um emaranhado de práticas de gestão que A. ISO
interagem entre si, e produzem ou não resultados ISO é a Organização Internacional de Normalização, com
financeiros.[1] sede em Genebra, na Suíça. Foi criada em 1946 e tem como
associados organismos de normalização de cerca de 160
B. Objetivos de um sistema de gestão países. [2]
O objetivo do Sistema de Gestão é prover as organizações A ISO tem como objetivo criar normas que facilitem o
de elementos e de um modelo eficaz que possa ser integrado a comércio e promovam boas práticas de gestão e o avanço
tecnológico, além de disseminar conhecimentos. [2]
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de
Suas normas mais conhecidas são a série ISO 9000, para
Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado gestão da qualidade, e a série ISO 14000, para gestão do meio
de Pós-Graduação em Engenharia Clinica e Engenharia Biomédica. ambiente. [2]
Orientador: Prof. Bruno Bono. Trabalho aprovado em 06/2017.
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B. ISO 9000, 9001 F. Passo 6 - Planejamento do Sistema de Gestão


São normas que contém um conjunto de melhores práticas Nesta etapa, é definido os objetivos a serem atingidos ao
de qualidade, a serem adotadas para atender os clientes. [3] final da implementação do sistema de gestão e criar o
- ABNT NBR ISO 9000 - Sistema de Gestão da Qualidade planejamento para tais objetivos. Serão identificados os riscos
(Fundamentos e Vocabulário) - documento que contém todos e oportunidades que podem impactar o planejamento criado.
os termos utilizados no sistema; [4]
- ABNT NBR ISO 9001 - Sistema de Gestão da Qualidade
G. Passo 7 - Recursos para atendimento do planejamento
(Requisitos) - explica os requisitos para obter a certificação;
É Chamado de recursos todos os itens necessários para o
C. ISO 17.025:2005 estabelecimento, implementação, manutenção e melhoria do
A NBR ISO 17025:2005 é a norma aplicada a laboratórios sistema de gestão como: pessoas, infraestrutura, ambiente de
de ensaios e calibração. processos, recursos de monitoramento e medição,
- ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 – Requisitos gerais conhecimento organizacional entre outros. [4]
para competência de laboratórios de ensaio e calibração.
H. Passo 8 – Operação
IV. CAMINHOS PARA CERTIFICAÇÃO ISO 9001:2015 Trata-se da etapa onde serão detalhados os processos
vinculados à atividade fim, de forma a garantir a capacidade
A. Passo 1 - Identificar o contexto da organização de atendimento a requisitos das partes interessadas,
Esta etapa tem o objetivo de determinar quais são as estatutários e de legislação. [4]
questões internas e externas que podem impactar o negócio da I. Passo 9 - Verificação do cumprimento dos objetivos
empresa e assim afetar a satisfação do cliente. Para isso passa-
Nesta etapa é criado um método para verificar se os
se por 4 atividades: [4]
objetivos estabelecidos na fase de planejamento foram
- Análise da empresa
atendidos. [4]
- Definição do escopo do sistema de gestão
- Determinação dos Processos necessários J. Passo 10 - Ações corretivas
- Determinação dos Objetivos Organizacionais É criado uma metodologia para corrigir eventuais problemas
B. Passo 2 - Identificação das Partes Interessadas que tratem suas causas e evitem que voltem a ocorrer. É
definido a metodologia de identificação de não conformidades,
Nesta etapa serão identificadas as partes interessadas (e seus
tratamento de ações corretivas e consequente ciclo de
requisitos) que sejam pertinentes ao sistema de gestão e que
melhoria. [4]
por isto podem impactar no resultado da organização. Requer
o monitoramento da informação sobre o grau de atendimento K. Passo 11 - Auditoria interna
destes requisitos. [4] Nesta etapa é implementado o procedimento de auditoria
C. Passo 3 - Mapeamento dos processos interna. Existem cursos com formação específica de auditores
internos e líder. Esta formação permite a empresa encorajar a
O mapeamento dos processos é uma etapa fundamental pois,
auto declaração de conformidade. Atividade obrigatória no
normalmente, as empresas alcançam resultados de forma mais
SGQ. [4]
eficiente se as atividades são gerenciadas como um processo.
Isto porque o que é chamado de “passagem de bastão” entre L. Passo 12 – Certificação
um processo e outro fica mais claro. Incentiva a eficácia e a O INMETRO qualifica empresas que tenham a capacidade
eficiência da gestão. [4] de atestar o grau de atendimento aos requisitos das normas
D. Passo 4 - Definição da liderança ISO. Estas empresas (certificadoras), fazem a auditoria externa
para tal. Uma vez os requisitos atendidos, a empresa é
A liderança tem um papel decisivo no sistema de gestão pois
recomendada para a certificação.
é responsável por prestar contas pela eficácia do SGQ. Por
isso, seu comprometimento deve ser evidenciado em todos os M. Passo 13 – Manutenção
processos mapeados. [4] Muitos afirmam que é mais difícil manter do que construir.
E. Passo 5 - Política da Qualidade
V. INDICADORES
A política da qualidade é o compromisso, por escrito, no
qual a organização firma seu comprometimento com a A. A importância dos indicadores
qualidade e o atendimento às necessidades dos clientes, deve Para os fatores críticos da empresa, é usual a utilização de
direcionar à melhoria contínua nos processos e produtos. Dá indicadores de desempenho, como forma de identificação do
diretrizes e fornece intenções quanto ao SGQ. [4] grau de atendimento a requisitos. [5]
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Vários autores ressaltam a importância dos indicadores como TABELA I


Níveis de organização e abrangência (fonte: Chiavenato, 1993 p.261)
indutores de mudanças organizacionais: [5]
Para Goldratt (1999), o objetivo dos indicadores é
Níveis da Níveis da Cargos Abrangência
motivar/induzir as partes a fazer o que é bom para a
Organização Direção Envolvidos
organização como um todo. [5]
Hronec (1994) afirma que os “sinais vitais” dizem às pessoas Estratégico Direção Diretores e Altos A empresa ou
o que elas estão por fazer e como estão seus resultados como executivos áreas da
parte de um todo. [5] empresa
Rummler & Brache (1994, p.168) salientam que “a medição Tático Gerência Gerentes e Cada
é o instrumento central do gerenciamento e aperfeiçoamento Pessoal do meio departamento
do desempenho”. “Sem medidas não existe o desempenho do campo ou unidade
desejado”. “Com medidas erradas, é subotimizado o da empresa
desempenho da organização”. “É medido para que se possa
Operacional Supervisão Supervisores e Cada grupo
monitorar, controlar, e aperfeiçoar o desempenho do sistema”.
Encarregados de pessoas ou
Sem as medidas, os gerentes não têm base para (Rummler &
Tarefas
Brache, 1994, p.169): [5]
- Comunicar especificamente as expectativas do
B. Indicadores Estratégicos
desempenho aos subordinados.
- Saber o que está por acontecer em suas organizações. - Balanced Scorecard - BSC
- Identificar falhas de desempenho que poderiam ser
A NBR ISO 9001:2015 define que a organização deve definir
analisadas e eliminadas. um direcionamento estratégico. Uma das metodologias mais
- Fornecer feedback que compare o desempenho a um utilizadas no mundo é o BSC. Ele é uma metodologia que se
padrão. baseia na definição de objetivos estratégicos e na construção
- Identificar o desempenho que deve ser recompensado. de sistema de indicadores que contemplam diferentes aspectos
- Tomar e apoiar efetivamente decisões com relação a relevantes da gestão empresarial. As empresas não podem
recursos, planos, politicas, esquemas e estruturas. mais tomar suas decisões única e exclusivamente sobre os
Sem medidas os empregados de todos os níveis não têm base relatórios financeiros e contábeis. [5]
para (Rummler & Brache, 1994, p.170): O BSC encontra-se organizado perante quatro perspectivas
- Saber especificamente o que se espera deles. básicas (Kaplan e Norton 1992, 1993, 1996, 1997) [5]
- Monitorar o seu próprio desempenho e gerar seu próprio - Financeira;
feedback. - Cliente;
- Gerar suas próprias recompensas e a compreensão do - Processos Internos;
desempenho exigido para recompensas os outros. - Aprendizado e Crescimento;
- Identificar as áreas de aperfeiçoamento de desempenho. Kaplan e Norton (1997, p.50-52) afirmam que os
Indicadores que se relacionam à atividade de gerência da indicadores utilizados nesta perspectiva dependem do ciclo de
empresa não apenas de departamentos específicos. Esta vida em que a empresa se encontra – crescimento, sustentação
gerência geralmente é exercida pelo nível estratégico da e colheita. Veja na Fig. 1.
organização, mas pode ainda abranger o nível tático, conforme [5]
mostra a Tabela I. [5]

Fig. 1. Cadeia de relações de causa e efeito, englobando as quatro


perspectivas do BSC (fonte: Kaplan e Norton, 1997 p.31) [5]
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C. Perspectiva Financeira - Retenção de Clientes: Controla, em termos absolutos ou


O crescimento econômico é a meta de qualquer empresa não relativos a intensidade com que uma unidade de negócios
filantrópica. Portanto, os indicadores devem ser monitorados retém ou mantém relacionamentos contínuos com os seus
(ou controlados) de modo a garantir que as ações e decisões clientes.
tomadas no dia-a-dia levem ao crescimento e ao sucesso - Captação de Clientes: Mede em termos absolutos ou
econômico/financeiro. [5] relativos, a intensidade com que uma unidade de negócio atrai
Além deste controle (geralmente feito pela alta direção), os ou conquista novos clientes.
indicadores financeiros devem estar no final de uma cadeia de - Satisfação do Cliente: Mede o nível de satisfação dos
relações de causa e efeito, de modo que as ações do cotidiano clientes de acordo com critérios específicos de desempenho
levem a melhorias nos mesmos, como na Fig. 1. [5] dentro da proposta de valor.
Os autores da metodologia BSC, citam indicadores típicos - Lucratividade de Clientes: Mede o lucro líquido de
financeiros, tais como os presentes na TABELA II. clientes ou seguimentos depois de deduzidas as despesas
especificas necessárias para sustentar esses clientes.
. TABELA II
Indicadores para medição dos temas estratégicos financeiros (Kaplan & E. Perspectiva dos Processos Internos
Norton, 1997, p.55). [6]
Após a definição dos objetivos e indicadores para as
Temas estratégicos perspectivas financeira e do cliente, são identificados quais os
Aumento e mix de Redução de Utilização de processos internos críticos da empresa. Para estes são
receita custos e aumento ativos elaborados indicadores que focalizem a melhoria continua
da produtividade nestes processos, o que levará melhoria nas outras
- Aumento da taxa de - - Investimento perspectivas. [5]
Cresciment

vendas por segundo; Receita/Funcioná (percentual de


- Percentual da receita rio vendas)
Porém, para garantir melhorias nas outras perspectivas, os
o

gerado por novos processos de negócios devem ser vistos de uma forma mais
produtos, serviços e ampla, incorporados junto a perspectiva os clientes. [5]
clientes Kaplan e Norton (1997) afirmam que existe uma cadeia de
- Fatia de clientes e - Custos X - Índice de
valores genéricas, que serve de modelo para a construção da
contas-alvo; Custos dos capital de giro
- Vendas cruzadas; concorrentes; (ciclo de caixa a perspectiva dos processos internos de qualquer empresa, e que
Sustentação
Estratégia

- Percentual da receita - Taxa de caixa); todo e qualquer processo de negócio pode ser enquadrado
gerada por novas redução de - ROCE por como o modelo da Fig. 2: [5]
aplicações; custos; categoria-chave
- Lucratividade por - Despesas de ativo;
clientes e linhas de indiretas - Taxa de
produtos; (percentual de utilização de
venda) ativo;
- Lucratividade por - Custo unitário - Retorno;
Colheita

clientes e linhas de (por unidade de - Rendimento


produtos; produção, por (throughput)
- Percentual de clientes transação)
não lucrativos

D. Perspectiva do Cliente
Esta perspectiva engloba os indicadores relativos ao mercado
em que a empresa atua ou deseja atuar e ao comportamento
dos seus clientes atuais-satisfação, fidelidade, retenção
Fig. 2. Modelo da cadeia e valor para os processos internos (fonte: Kaplan e
capitação e lucratividade (Kaplan e Norton 1997, p.67). [5]
Norton, 1997 p.102) [5]
Torna-se imprescindível nesta etapa a formulação de
estratégias para seguimentos focalizados de clientes e
- Processo de Inovação
mercados, pois “Empresas que tentam ser tudo para todo No processo de inovação, a empresa pesquisa as
mundo acabam por não ser nada para ninguém” (Kaplan e necessidades dos clientes e depois cria produtos/serviços que
Norton 1997, p.68). [5] atendam a essas necessidades. [5]
Os indicadores desta perspectiva são comuns para todos os Os autores afirmam que além das medidas de desempenho
tipos de empresa (Kaplan e Norton 1997, p.71-72). [5] já normalmente utilizadas pelas empresas, cujo o foco é o
- Participação de mercado: reflete a proporção de um processo de operações e pós-venda, o processo de inovação é
negócio num determinado mercado (em termos de cliente: pouco visto pelas mesmas, mas constituem uma parte decisiva
valores gastos ou volume unitário vendido). da cadeia de valores. Os autores citam alguns indicadores para
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este processo de inovação: [5] - Capacidade dos funcionários.


- Percentual de vendas geradas por novos produtos. - Capacidade dos sistemas de informação.
- Lançamento de novos produtos versus novos lançamentos - Motivação empowerment e alinhamento.
dos concorrentes. Kaplan e Norton (1997) citam, baseados em sua experiência
- Tempo de desenvolvimento da próxima geração de que as empresas traçam objetivos para seus funcionários
produtos. extraídos de uma base comum de três medidas essenciais; [5]
- Processo de Operação - Satisfação dos funcionários.
O processo de operação tem início com o recebimento do - Retenção dos funcionários.
pedido pela empresa e termina com a entrega do produto ou - Produtividade dos funcionários.
serviço. Este processo enfatiza a entrega eficiente e pontual A Fig. 3 resume o que foi detalhado em relação a BSC.
dos produtos e serviços existentes aos clientes atuais. [5]
- Medidas de tempo do processo
A maior parte dos clientes considera o tempo de resposta
como um atributo critico de desempenho. Assim, o tempo
decorrido entre o recebimento do pedido e a entrega no cliente
está cada vez menor. Para tal situação, existem duas
alternativas possíveis: a empresa pode manter grandes
estoques que gerem altos custos financeiros e pode perder em
movimentação e obsolescência dos produtos; ou pode optar
por diminuir seus ciclos de produção como do Just-in-time,
para conseguir assim manter baixos estoques e custos muito
menores.
- Medidas de Qualidade dos processos
Como muitas empresas já adotaram programas de qualidade
nos dias atuais, já estão familiarizadas com os indicadores de
qualidade dos processos (Kaplan e Norton, 1997). [5]
- Taxa de defeitos em peças por milhão.
- Índices de acertos (quociente de itens corretos
produzidos em relação a itens corretos processados).
- Desperdício.
- Perdas.
- Retrabalho.
- Devoluções.
- Percentual de processos sob controle estatístico.
Em síntese, deve-se buscar indicadores que identifiquem
defeitos nos processos internos que podem afetar Fig. 3. Estrutura do mapa estratégico do Balanced Scorecard (KAPLAN;
negativamente os custos, a capacidade de resposta ou o nível NORTON,2004) [7]
de satisfação do cliente. [5]
- Medidas de Qualidade dos processos G. Indicadores Táticos
Kaplan e Norton (1997), afirmam que nada adianta São indicadores secundários, que serão acompanhados pelas
controlar o tempo e a qualidade dos processos se os custos não gerencias de cada departamento. Apesar de não serem
forem monitorados. [5] estratégicos, seus resultados devem ser intimamente ligados
aos objetivos estratégicos e aos resultados dos Indicadores
F. Perspectiva de aprendizado e crescimento
Estratégicos.
Kaplan e Norton (1997) citam que muitas vezes os Exemplo: Faturamento por Linha de Produto ou por Canal
executivos não conseguem sustentar investimentos em de Vendas; [8]
capacitação de pessoal, sistemas e processos organizacionais,
por serem pressionados para obtenção de resultados H. Indicadores Operacionais
financeiros de curto prazo. Porém, são estes os elementos que São os indicadores que serão acompanhados pelos
garantem o sucesso da empresa no futuro. A perspectiva de especialistas de cada área. Estes indicadores tem a função de
aprendizado e crescimento é a resposta pela infraestrutura que fornecer mais detalhes para entendimento dos resultados dos
garantirá o alcance dos objetivos nas outras três perspectivas. Indicadores Táticos e Estratégicos. Exemplo: Número de
Nelas estão indicadores ligados a: (Kaplan e Norton, 1997, Vendedores por Canal de Vendas. [8]
p.131-133). [5]
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I. Exemplo de impactos de indicadores Operacionais em


indicadores Estratégicos
- Indicador Estratégico: Produtividade
O indicador estratégico de Produtividade geralmente é
calculado pela divisão das saídas pelas entradas:
Produtividade = Saídas/Entradas
Exemplo:
Faturamento mensal da empresa = R$ 100.000,00
Quantidade e Funcionários = 20
Horas trabalhadas por Funcionário/mês = 160hs
Então: 20 x 160 = 3200 horas/mês disponível de Mão de obra.
R$ 100.000,00 / 3200 horas/mês = 31,25 R$/Hh.
Para o cálculo apresentado acima avalie uma possibilidade de
queda de faturamento por não ter entregue o produto. O que
pode ter acontecido?
O setor de manutenção pode ter sido um dos causadores da
queda do faturamento por exemplo: Fig. 4. Ciclo PDCA (CICLO PDCA E PDCL: O QUE SÂO? 2014)
Na manutenção existem os indicadores MTBF e MTTR que [10]
juntos originam outro indicador de manutenção que é a
disponibilidade. Planejamento: Um projeto bem elaborado é primordial para o
Disponibilidade = MTBF/ (MTTR+MTBF) ciclo PDCA, pois impede falhas futuras e gera um enorme
O indicador operacional “Disponibilidade” está atrelado ganho de tempo. Paute o planejamento de acordo com a
diretamente com o indicador estratégico “Produtividade”. missão, visão e os valores da empresa, estabeleça metas e
E geralmente com esses dados em mãos é possível estabelecer objetivos e assim definir o melhor caminho para atingi-los.
um canal de comunicação com a alta Diretoria, para solicitar [11]
investimentos baseado nos resultados OPERACIONAIS que Execução: Após fazer um planejamento cuidadoso, coloque-o
interferem nos resultados ESTRATEGICOS do modelo de em prática e à risca, ou seja, procure não queimar etapas
negócio. Pois, ao saber o que cada indicador operacional tampouco improvisar, para não comprometer todo o ciclo
representa nos resultados estratégicos pode-se assim conversar PDCA. A fase da execução é subdividida em outras três
na mesma linguagem que os níveis da alta direção estão etapas: treinamento de todos os funcionários e gestores
habituados a negociar. envolvidos no projeto, seguido da realização propriamente dita
e da “colheita” de dados para uma posterior avaliação. [11]
VI. CICLO DE MELHORIA Checagem: É o estágio do ciclo PDCA onde são identificadas
possíveis brechas no projeto. As metas alcançadas e resultados
A. PDCL e PDCA obtidos são mensurados através dos dados coletados e
O ciclo PDCA (planejamento, execução, verificação dos do mapeamento de processos ao final da execução. A
resultados e ações corretivas) é método muito utilizado para as checagem pode e deve ser feita de duas maneiras:
empresas planejarem e realizarem ações e melhorias de paralelamente à execução, de modo a ter certeza que o
processos. Além das realizações previstas, esse método traz trabalho segue um bom padrão de execução, e ao final dela,
como resultado indireto a criação de conhecimento, pois ao para uma análise estatística mais abrangente que permita os
completar todo o seu ciclo se passa por todas as etapas da ajustes e acertos necessários. [11]
espiral do conhecimento. [10] Ação: A etapa final, na qual são aplicadas ações corretivas de
A Fig. 4 ilustra o ciclo PDCA. modo a estar sempre e continuamente a aperfeiçoar o projeto.
É simultaneamente fim e começo, pois após uma minuciosa
apuração do que tenha causado erros anteriores, todo o ciclo
PDCA é refeito com novas diretrizes e parâmetros. [11]
O ciclo PDCA é uma metodologia aplicada a processos
operacionais.
Quando se fala em processos gerenciais, são aqueles
processos que transformam informações em decisões
gerenciais. Exemplo: valores e princípios, diretrizes,
procedimentos, projetos, metas, desempenho etc.[1]
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Ao ser aplicada esta metodologia em um processo gerencial, tomadas e mais ainda, para realimentar o ciclo da Gestão do
existem pequenas diferenças em relação ao processo Conhecimento, de forma a conservar o aprendizado, a
operacional. [1] internalizar as experiências vivenciadas para que se possa
Pode-se dizer que são processos superiores aos processos preservar esse capital intelectual de uma forma estruturada e
operacionais. [1] que garanta à organização a reaplicação deste conhecimento
Aqui se aplica o PDCL, uma evolução da terminologia do em novas oportunidades ou necessidades, independente de
PDCA, mas aplicado aos processos gerenciais. [1] quem serão as pessoas que assumirão os diversos cargos da
- Plan ganha o sentido de padronizar para que os processos empresa. [10]
assegurem a repetição. O padrão é um plano a ser observado.
[1]
VII. CAMINHOS PARA CERTIFICAÇÃO
- Check ganha o sentido de verificar o cumprimento do padrão.
ISO/IEC 17025:2005
A verificação é o controle se o padrão está sendo cumprido.
[1] A. Características da Norma
- Act se transforma em Learn e introduz o conceito de
Para um laboratório implantar a norma ISO 17025:2005, deve
aprendizado nos conceitos gerenciais. [1]
dominar a metrologia, pois este é o requisito mais importante e
a razão da existência dessa norma. Onde há calibrações e
ensaios realizam-se medições, e não há medição sem
metrologia. [9]
A equipe técnica do laboratório precisa evidenciar que
realmente sabe executar as calibrações, as medições, os
ensaios ou qualquer atividade metrológica realizada pelo
laboratório, que possui conhecimento, experiência e
habilidades na execução das atividades técnicas. [9]
Caso o laboratório possua uma equipe sem conhecimento
metrológico a competência fica comprometida, pode-se assim
gerar resultados imprecisos, não confiáveis. A norma exige um
gerente da qualidade, conhecedor da norma e responsável pela
implantação do sistema da qualidade e envolvido com as
Fig. 5. Ciclo PDCL (MEG).
atividades laboratoriais. E também, uma gerência técnica,
As duas ferramentas, o PDCA e o PDCL, contribuem para a capaz de gerenciar a execução dos serviços, da análise dos
melhoria dos processos internos da organização e as fases do dados de serviços prestados, as avaliações de incertezas de
PDCA individualmente. Ainda que sejam parecidos, os dois medição, a emissão dos certificados e de todos os outros
métodos possuem objetivos avaliados e validados em processos importantes que garantam ao cliente resultados
diferentes níveis organizacionais. Por exemplo o “P” válidos tecnicamente, como mostra a Fig. 4. [9]
(definição das práticas e padrões) é uma etapa conduzida pelo
nível estratégico, a alta diretoria estabelece padrões e metas
organizacionais a serem atingidos e, portanto, é válido
relacionar esta fase com as estratégias definidas no BSC. Em
sequência ao esquema, ao se observa o módulo de “Práticas de
Gestão”, encontra-se ali um novo ciclo PDCA, que está
relacionado ao nível gerencial, ponto em que será criada uma
estratégia departamental a fim de que o setor em questão possa
atingir uma meta estabelecida anteriormente pelo nível
estratégico. Em sequência haverá as etapas de execução,
Fig. 4. Aspectos da Gerência da Qualidade e Técnica (GABRIELA
verificação e ação dentro do nível gerencial. Já o módulo de
MULLER,2007) [9]
“Avaliação” trata de analisar se o PDCA realizado no setor foi
válido e quais seus pontos positivos e negativos, cuja etapa é
A ISO 17025:2005 define o conjunto dos sistemas da
realizada pelo nível gerencial. Por fim, a parte de investir na
qualidade, administrativos e técnicos que governam as
efetiva “Melhoria” do processo está ligada ao “L”, que
operações de um laboratório de o sistema de gestão. [9]
consiste em reunir os diversos setores e todos os seus PDCAs Na ISO 17025:2005 a direção de um laboratório de
realizados, a fim de refletir sobre as experiências adquiridas, calibração e ensaio deve possuir um conjunto de operações
os ganhos absorvidos, enfim, refletir sobre o aprendizado administrativas que visam garantir a qualidade dos serviços
extraído e que possa servir para analisar novas ações a serem prestados bem como o rigor técnico e a eficiência
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administrativa. Desta forma a ISO 17025:2005 se divide em devem ser estabelecidos e controlados por procedimentos
requisitos da qualidade e requisitos técnicos. [9] laboratoriais. [9]
Os requisitos da direção traçam as linhas mestras para uma Estes devem ser analisados criticamente e aprovados antes
administração eficiente e eficaz do laboratório dentro dos de serem emitidos, além de serem igualmente identificados
padrões de qualidade das normas da família 9000. Esses conforme requisito do item 4.3.2.3 da ISO 17025:2005. Deve-
requisitos falam de a necessidade do laboratório definir se ter uma lista mestra para identificar o status de cada
claramente uma política da qualidade e como isso pode ser documento para evitar o uso de documentos inválidos. [9]
feito. Tratam também da estrutura organizacional, da Alterações em documentos devem ser analisadas
administração de documentos e da forma de avaliação e criticamente e aprovados por pessoal designado. [9]
manutenção do sistema de gestão. [9] O laboratório deve ter procedimentos controle de registros,
para identificar, coletar, indexar, acessar, arquivar, armazenar,
B. Requisitos da Qualidade
manter e dispor registros técnicos ou da qualidade, de forma a
- Política da Qualidade manter sua confidencialidade, segurança, preservação e
Um ponto fundamental para um laboratório funcionar legibilidade. [9]
dentro dos princípios da ISO 17025:2005 é a definição de uma - Relação com Fornecedores
política de gestão. Para tanto o laboratório deve estabelecer, O laboratório deve possuir política e procedimento para a
implantar e manter uma política de gestão condizente com a seleção e compra de serviços e suprimentos utilizados que
norma ISO 17025:2005, sua clientela e tipos de serviços podem afetar a qualidade dos ensaios ou calibrações; e para a
prestados. [9] compra, recebimento e armazenamento de reagentes e
O sistema de gestão deve ser documentado de tal forma que materiais de consumo do laboratório, estes só podem ser
todas as políticas, sistemas, programas, procedimentos, utilizados depois de inspecionados e verificada a
instruções e instrumentação sejam conhecidos e conformidade com as especificações de normas ou requisitos
compreendidos por todos os envolvidos nas atividades e definidos nos métodos em questão. [9]
estejam disponíveis para serem usados e implementados. [9] Caso haja necessidade de subcontratação de ensaios e
A Alta Direção também é responsável por manter a calibrações, o subcontratado deve ser competente e atender a
integridade do sistema de gestão no ato em que são planejadas norma ISO 17025:2005, e o cliente deve ser informado do
e implementadas as mudanças no mesmo, e com o mesmo. [9]
compromisso das boas práticas profissionais e com a - Relação com os Clientes
qualidade no atendimento de clientes. Tudo isso deve estar Os clientes valorizam a boa comunicação e orientação sobre
definido na Política da Qualidade de forma concisa, clara e assuntos técnicos, bem como interpretações baseadas nos
simples e declarado no Manual da Qualidade. [9] resultados. Então, o laboratório deve estar disposto a cooperar
O Manual da Qualidade é o documento fundamental do com os clientes, de forma a esclarecer seu pedido e monitorar
Sistema de Gestão, pois é ele que define as atribuições e o desempenho do laboratório em relação ao trabalho realizado
responsabilidades da gerência técnica e do gerente da a fim de manter sua confidencialidade. Além de fazer
qualidade, de forma a assegurar a conformidade com a ISO pesquisas de satisfação dos clientes e análise crítica dos
17025:2005 e descreve a estrutura da documentação usada no relatórios de ensaio e calibração para aprimorar o sistema de
Sistema de Gestão, isto inclui os procedimentos técnicos. [9] gestão. [9]
- Recursos Humanos Para solucionar eventuais reclamações recebidas de clientes
Para que o laboratório garanta a eficácia do sistema de o laboratório deve ter uma política e um procedimento, e
gestão é preciso que este possua pessoal gerencial e técnico manter registros de todas as reclamações, investigações e
com autoridade suficiente para desempenhar tarefas como a ações corretivas implementadas pelo laboratório. [9]
implementação, manutenção e melhoria no Sistema de Gestão, - Ações Corretivas e Preventivas
e identificar possíveis desvios do Sistema de Gestão ou dos A identificação de trabalho não-conforme, ou de problemas,
procedimentos técnicos. Deve-se definir a estrutura tanto com o sistema de gestão quanto com as atividades de
organizacional e gerencial do laboratório, especificar a ensaio ou calibração, pode ocorrer em vários pontos no
responsabilidade de todas as pessoas que gerenciam, realizam sistema de gestão e nas operações técnicas. Por isso o
ou verificam trabalhos que afetam a qualidade dos ensaios laboratório deve implementar uma política e um procedimento
e/ou calibrações. [9] que garantam a responsabilidade e tomadas de ações ao se
O laboratório é responsável por nomear o gerente da identificar a não conformidade, avaliação da importância do
qualidade e garantir que este implementará o sistema da mesmo, correção imediata, e se necessário a notificação do
qualidade. Além de designar substitutos e assegurar que o cliente e o trabalho cancelado, e a responsabilidade pela
pessoal envolvido no processo está ciente de como contribuem autorização da retomada do trabalho. [9]
para o bom funcionamento do sistema de gestão. [9] Ações corretivas devem ser previstas na política da
- Administração de Documentos qualidade para serem implementadas no momento em são
Os documentos que fazem parte do sistema de gestão, tanto identificados problemas com o sistema de gestão ou com
os gerados internamente como os obtidos de fontes externas, operações técnicas do laboratório. [9]
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A norma ISO 17025:2005 não prevê somente a correção de trabalhem de acordo com o sistema de gestão do laboratório.
uma não-conformidade, mas também a sua prevenção. Por [9]
isso, devem ser identificadas possíveis melhorias ou fontes de - Instalações e Condições Ambientais
grande potencial de não-conformidade para desenvolver, As instalações do laboratório para ensaio ou calibração não
implementar e monitorar planos de ações de melhoria. [9] se limitam a fontes de energia, iluminação e condições
- Analise Crítica ambientais. Deve ser dada atenção especial à esterilidade
A análise crítica é definida como qualquer análise de tarefas biológica, poeira, umidade, alimentação elétrica, temperatura e
de rotina, resultados de participação em comparações Inter níveis sonoros e de vibração conforme apropriado para as
laboratoriais ou ensaios de proficiência ou programas de atividades técnicas em questão. Pois o laboratório deve
ensaio ou calibração experimentais, usa-se amostras ou itens assegurar que tais condições não invalidem os resultados ou
de valores conhecidos, de forma a determinar incertezas de afetem adversamente a qualidade requerida de qualquer
medição, limites de detecção, limites de confiança. [9] medição. [9]
Para assegurar a contínua adequação, eficácia e para - Métodos de Ensaios e Calibração e Validação de Métodos
introduzir mudanças ou melhorias necessárias, a Alta Direção Métodos de Ensaio e Calibração devem ser utilizados pelo
do laboratório deve realizar periodicamente uma análise crítica laboratório para todos os ensaios e calibrações dentro do seu
do sistema de gestão do laboratório e das atividades de ensaio escopo, devem ser incluídos amostragem, manuseio,
ou calibração. [9] transporte, armazenamento e preparação dos itens a serem
- Auditoria Interna ensaiados ou calibrados, bem como estimativa da incerteza de
Auditoria interna é uma verificação da adequação e da medição e técnicas estatísticas para análise dos dados de
conformidade de um sistema de gestão da qualidade quanto às ensaio ou calibração. [9]
normas de referência e aos documentos internos (Mizuta e Se um cliente não especificar o método a ser utilizado, o
Matteucci, 2003). [9] laboratório deve selecionar métodos apropriados conforme
Por isso são feitas periodicamente para verificar se as requisitos especificados no item 5.4.2 da norma. [9]
operações do laboratório continuam a atender os requisitos do Desta forma, com o objetivo de confirmar que os métodos
sistema de gestão e também para verificar e registrar a são apropriados para o uso pretendido, o laboratório deve
implementação e a eficácia das ações corretivas. É de validá-los. Após a validação deve-se registrar os resultados
responsabilidade do gerente da qualidade planejar e organizar obtidos, o procedimento utilizado e uma declaração de que o
essas auditorias. [9] método é ou não adequado para o uso pretendido. A validação
deve atender às necessidades de uma determinada aplicação.
C. Requisitos Técnicos
[9]
A ISO 17025:2005, diz que são diversos os fatores que A validação é sempre um equilíbrio entre custos, riscos e
determinam a correção e a confiabilidade dos ensaios e possibilidades técnicas. Existem muitos casos em que a faixa e
calibrações realizados por um laboratório. São contribuições a incerteza dos valores só podem ser fornecidas de forma
de erros humanos, acomodações e condições ambientais, simplificada devido à falta de informações. [9]
métodos de ensaio e calibração e validação de métodos, Um laboratório de calibração ou de ensaio que realiza suas
equipamentos, rastreabilidade da medição, amostragem e próprias calibrações deve possuir um procedimento para
manuseio de itens de ensaio e calibração. Além da incerteza estimar a incerteza de todas as calibrações. As fontes que
total da medição que difere entre tipos de ensaio e calibração. contribuem para a incerteza incluem padrões de referência e
[9] materiais de referência utilizados, métodos e equipamentos
- Fatores Humanos usados, condições ambientais, propriedades e condição do
Para que se tenha um bom resultado dos ensaios e item ensaiado ou calibrado e o operador, mas não
calibrações, é necessário assegurar a competência de todos os necessariamente se limitam a estes. [9]
integrantes do laboratório. Convém que o pessoal responsável O controle de dados é feito de maneira sistemática, ou seja,
pelas opiniões e interpretações incluídas em relatórios de cálculos e transferências de dados devem ser submetidos a
ensaio, além das qualificações, treinamento, experiência verificações apropriadas. E ao ser utilizados computadores ou
apropriada na área de execução e conhecimento satisfatório do equipamentos automatizados para aquisição de dados, o
ensaio realizado, tenha conhecimento pertinente da tecnologia laboratório deve assegurar que o software seja apropriado para
envolvida no produto, o modo como são usados e dos defeitos o uso e tenha proteção de dados, a integridade e
que possam ocorrer em serviço, bem como conhecimentos dos confidencialidade da entrada ou coleta, armazenamento,
requisitos gerais expressos na legislação e nas normas, e a transmissão e processamento de dados. [9]
importância de desvios que venham a ocorrer. [9] - Equipamentos
O laboratório deve ter políticas e procedimentos para O laboratório deve ser aparelhado com todos os
identificar as necessidades de treinamento e proporcioná-las ao equipamentos para amostragem, medição e ensaio requeridos
pessoal, além de assegurar que todos os envolvidos com o para o desempenho correto dos ensaios e calibrações, e estes
laboratório sejam supervisionados e competentes, e que devem ser capazes de alcançar a exatidão requerida e devem
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atender às especificações pertinentes aos ensaios ou objetividade, sem ambiguidade e de acordo com quaisquer
calibrações em questão. [9] instruções específicas nos métodos de ensaio ou calibração. Os
Os equipamentos devem ser verificados e calibrados antes resultados devem constar em um relatório de ensaio ou em um
de serem utilizados, e operados apenas por pessoal autorizado. certificado de calibração, no qual deve estar contido toda a
Instruções atualizadas sobre o uso e manutenção do informação solicitada pelo cliente e necessária à interpretação
equipamento devem estar prontamente disponíveis para uso do ensaio ou calibração, além de conter toda informação
pelo pessoal apropriado do laboratório. [9] requerida pelo método utilizado. O relatório de ensaio ou o
Registros de cada item do equipamento e do seu software certificado de calibração deve incluir algumas informações
que sejam significativos para os ensaios ou calibrações devem básicas que são descritas no item 5.10.2 da Norma ISO
ser guardados. E deve ser retirado de serviço o equipamento 17025:2005.
que mostre ter defeitos ou estar fora dos limites especificados. Requisitos podem ser acrescentados aos relatórios de ensaio
[9] caso for necessário à interpretação dos resultados de ensaio ou
- Rastreabilidade de Medições incluírem resultados de amostragem. Estes requisitos são
É imprescindível que o laboratório estabeleça um programa listados no item 5.10.3 da Norma ISO 17025:2005.
e procedimento para a calibração dos seus equipamentos, pois Os certificados de calibração também são passíveis de adição
todo equipamento utilizado em ensaios ou calibrações, de requisitos caso for necessária a interpretação dos resultados
também os equipamentos para medições auxiliares, que tenha da calibração, e estes são descritos no item 5.10.4.1 da norma.
efeito significativo sobre a exatidão ou validade do resultado Os resultados de ensaio e calibração obtidos de subcontratados
do ensaio, calibração ou amostragem, deve ser calibrado antes devem estar claramente identificados no relatório de ensaio. E
de entrar em serviço. [9] se uma calibração for subcontratada, o laboratório que realizou
Assim, para laboratórios de calibração, o programa de o trabalho deve emitir o certificado de calibração para o
calibração do equipamento deve ser projetado e operado de laboratório contratante. No caso de transmissão de resultados
forma que a assegurar que as calibrações e medições feitas de ensaios ou calibrações por meio eletrônico ou
pelo laboratório sejam rastreáveis ao Sistema Internacional de eletromagnético, os requisitos do item 5.4.7 da norma ISO
Unidades (SI). É evidência suficiente da rastreabilidade dos 17025:2005 devem ser atendidos. O formato de relatórios e de
dados de calibração, o certificado de calibração de um certificados deve ser projetado de modo a atender a cada tipo
laboratório acreditado, para a norma ISO 17025:2005, que de ensaio ou calibração realizada e para minimizar a
contenha o logotipo de um organismo de acreditação. [9] possibilidade de equívoco ou uso incorreto do mesmo.
- Amostragem Convém que seja dada atenção ao layout do relatório de ensaio
Amostragem é definida por um procedimento de retirada de ou certificado de calibração, especialmente com respeito à
parte de uma substância, material ou produto para produzir apresentação dos dados de ensaio ou calibração e à fácil
uma amostra representativa do todo. [9] assimilação pelo leitor. [9]
Convém que os procedimentos de amostragem do
laboratório descrevam a seleção, o plano de amostragem, a VIII. VANTAGENS PARA UMA EMPRESA DE CALIBRAÇÃO E
retirada e a preparação de uma amostra ou amostras de uma MANUTENÇÃO DE EMH
substância, material ou produto para produzir a informação Para uma empresa de manutenção e calibração de EMH as
requerida, e que sejam mantidos registros em detalhes com os vantagens de ter a certificação ISO, reflete em maior controle
dados de amostragem apropriados. [9] dos processos de calibração e manutenção, já que são estes a
- Manuseio de Itens de Ensaio e Calibração razão da existência da empresa. Por exemplo, para dar entrada
Para manuseio de itens de ensaio e calibração, o laboratório a qualquer equipamento, seja, para manutenção ou para
deve possuir procedimentos que assegurem a integridade do calibração, o processo de entrada precisa ser o mesmo, caso
item, instruções para manuseio e um sistema de identificação contrário será criado vários processos e documentos diferentes
para evitar que sejam confundidos. Ao receber o item de com a mesma finalidade, que é dar entrada no equipamento
ensaio ou calibração devem ser registradas as anormalidades para ser realizado um trabalho, no próximo estágio realizar a
ou desvios das condições normais. separação de o que é manutenção e o que é calibração.
- Garantia da Qualidade de Resultados de Ensaio e Para manutenção deve ser criado um check list para cada tipo
Calibração de equipamento que sera trabalhado, assim como para
Para garantir a qualidade nos resultados de ensaio e calibração. Pois desse modo é mais ágil identificar qual área
calibração, o laboratório deve ter procedimentos de controle precisa de maior atenção para investimentos em mão de obra,
da qualidade para monitorar a validade dos ensaios e aquisição de ferramentas/analisadores, maior investimento em
calibrações realizados. Este monitoramento deve ser planejado marketing, e outros.
e analisado criticamente. A criação de POP´s para cada tipo de serviço e para cada
- Apresentação dos Resultados tipo de equipamento, auxilia a padronizar os trabalhos e
Para a Norma ISO 17025:2005, os resultados de cada ensaio, melhora assim o controle sobre o tempo gasto para realizer tal
calibração ou séries de ensaios ou calibrações realizadas pelo atividade e assim poder ser reanalisado os custos destas
laboratório devem ser relatados com exatidão, clareza,
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atividades, que reflete em maior competitividade financeira no Ao investir em gestão fica mais fácil encontrar novas formas
mercado. Também auxilia na organização de documentos, de geração de riqueza, parcerias e outros.
evita extravios e/ou perdas.
Pode ser dito que na visão da empresa certificada sua REFERÊNCIAS
diretoria tem a tranquilidade de que os trabalhos são realizados [1] SISTEMAS DE GESTÂO. Disponível: http://www.fnq.org.br/sistemas-
com o mínimo de perdas, máxima confiabilidade e assim de-gestao_.pdf. Acessado em 2017
menos custo. [2] O QUE É ISO? Disponível:
Na visão do mercado, facilita muito na credibilidade junto http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/o-que-
iso.asp. Acessado em 2017
ao cliente quando existe a concorrência com outros [3] NORMAS ISO. Disponível: http://gestao-de-qualidade.info/normas-
fornecedores não certificados, pois, para o mercado a iso.html. Acessado em 2017
certificação é sinônimo de credibilidade, qualidade e [4] GUIA BASICO DA IMPLEMENTAÇÂO DA ISO 9001. Disponível:
profissionalismo. http://certificacaoiso.com.br/iso-9001/guia-de-implementacao-
requisitos. Acessado em 2017
[5] C. SCHUCH. ANALISE DE INDICADORES VOLTADOS À
IX. CONCLUSÕES TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL – UM COMPARATIVO
ENTRE TEORIA E A PRATICA. Dissertação de Mestrado ano 2001.
A necessidade de melhorar a gestão das empresas dos
Disponível: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/3936
diversos segmentos no Brasil é uma real necessidade. Pois a [6] F. ROZO. RELATÓRIO DE ANÁLISE ESTRATÉGICA BASEADO
má gestão é um dos maiores problemas relacionados a perda NA METODOLOGIA DO BALANCED SCORECARD – BSC.
de clientes, perda de faturamento, endividamento e por sua vez Dissertação de Graduação ano 2014. Disponível:
https://pt.slideshare.net/Franrozo1/tcc-relatrio-de-anlise-estratgica-
falência e fechamento de postos de trabalho. baseado-na-metodologia-do
Cada vez mais, os clientes requerem mais dos prestadores [7] A.C. TONINI - N. S. LESMES YOO e E.M. KATAYOSE. BALANCED
de serviço e muitos já começam a exigir tais certificações, e/ou SCORECARD: UMA ANÁLISE HORIZONTAL DE IMPLANTAÇÃO
E MANUTENÇÃO. Dissertação de Graduação ano 2014. Disponível:
se tem uma delas, a qualificação é automática. http://www.simpoi.fgvsp.br/arquivo/2012/artigos/E2012_T00283_PCN
As normas e ferramentas apresentadas nesse trabalho 44523.pdf.
mostram o quanto é complexo manter uma empresa com [8] Key Performance Indicators (KPI) – O Guia definitivo para sua
empresa! Parte II. Disponível: https://www.treasy.com.br/blog/key-
índices de qualidade aceitáveis nos produtos e serviços performance-indicators-kpi. Acessado em 2017
ofertados. [9] G. MULLER. ENTENDENDO A NORMA ABNT ISO/IEC
A implantação de qualquer ISO pode exigir um grau de 17025:2005. Disponível:
envolvimento grande devido à complexidade e requer http://www.abcm.org.br/anais/creem/2007/PDF/0181.PDF. Acessado
em 2017
profissionais qualificados, empenhados e certamente exige [10] CICLO PDCA E PDCL: O QUE SÂO? Disponível:
muito das pessoas envolvidas. É necessário investir em http://www.stratec.com.br/blog/2014/agosto/ciclo-pdca-e-pdcl-o-que-
conhecimento em todos os níveis da empresa, sejam, empresas sao . Acessado em 2017
[11] Entenda o que é ciclo PDCA e como aplicá-lo na gestão de melhoria e
estatais ou privadas, de pequeno, médio e/ou grande porte. É qualidade na sua empresa. Disponível: http://www.venki.com.br/blog/o-
necessário que exista uma maior impulsão da alta diretoria em que-e-ciclo-pdca. Acessado em 2017
direção as áreas internas. A Alta Diretoria deve estabelecer a [12] NORMAS CONSULTADAS ISO 17025:2005. Erratas 2006, 2010. e
ISO 9001:2015.
estratégia a ser desempenhada, todo o restante fica menos
complicado, pois, assim é fácil para os funcionários de cargos Marcos José Furlan nasceu em Americana, SP, em janeiro de 1987. Possui
inferiores enxergarem o impacto das atividades desenvolvidas os títulos de Técnico em Mecatrônica pelo Colégio Salesiano DOM BOSCO
de Americana e o de Engenheiro Eletricista pela FAM Faculdade de
por eles nos resultados finais da empresa. Um dos pontos mais
Americana 2004 e 2011, respectivamente.
difíceis de suplantar em um sistema de gestão da qualidade e Desde setembro de 2016 é sócio proprietário da empresa MJF Engenharia e
outros tantos é a resistência dos funcionários em relação às Assessoria Elétrica e Hospitalar, onde atua na área de Manutenção e
mudanças. A empresa durante anos teve sistemática de Calibração de equipamentos hospitalares. Tem interesse nas áreas de Energia
Limpa, Tecnologias Hospitalares e Gestão Empresarial.
trabalho, e ao tentar mudar isto, encontra-se uma certa
resistência, geralmente por falta de conhecimento e Bruno Bono, doutorando em Ciências da Informação UFMG, Mestre em
comodismo dos funcionários e diretores. Gestão de Riscos pela Fundação Pedro Leopoldo/MG, Especialista em
Engenharia da Qualidade pela PUC/MG, Engº Eletricista pela UCPEL/RS.
É necessário tomar cuidado na hora de decidir o que será Diretor técnico da BONO CONSULTORIA.
controlado e como será feito esse controle, caso contrário será
criado uma burocracia exagerada, e isso faz com que as
pessoas percam o interesse no trabalho padronizado.
E é neste ponto que surge uma questão: É necessário medir
e controlar tudo o que é feito dentro da empresa?
O que responderá essa pergunta são os desdobramentos da
estratégia adotada.
Uma estratégia bem definida, resulta em velocidade e
credibilidade nas informações que circulam na empresa.

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