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DIREITO PENAL

PONTO 1: Crimes contra Administração Pública


DIREITO PENAL PONTO 2: Introdução aos crimes em espécie
PONTO 3: Crimes em espécie

1. Crimes contra Administração Pública:

► Conceito de Funcionário Público para fins penais – art. 3271, CP:


(É diferente do art. 5º2 da Lei 4898/65)

Considera-se Funcionário Público para fins penais quem exerce cargo, emprego ou
função pública, ainda que de forma transitória ou sem remuneração, incluindo-se aí os
servidores da administração direta, também estagiários.

Agente Público é qualquer pessoa que desenvolva, mesmo que transitoriamente,


função pública, ou seja, que de alguma forma está incumbido de um poder típico de estado. O
significado do termo função abrange nesse contexto cargos, empregos e funções públicas,
além de eventuais vínculos privados de contratações nas entidades que atuam em regime de
colaboração com o Poder Público (concessionárias e permissionárias são exemplos disso). É
requisito essencial agir em nome do estado e não são dados obrigatórios o vínculo permanente
e a retribuição pecuniária.

Art. 327, §1º3, CP - Equiparação a funcionário público:


Equipara-se à funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função pública em
entidade paraestatal e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou
conveniada para a execução de atividade típica da administração pública (funcionários da
administração indireta e serviços típicos da administração que são terceirizados, como por
exemplo, serviços prestados pelo SUS, CRVA, Serviços Notariais, etc).

1 Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
cargo, emprego ou função pública.
2Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou
militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.

3 Art. 327, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
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Ex: um médico do SUS que exige pagamento em dinheiro para prestar atendimento
médico pelo SUS pratica o crime de concussão. Essa competência é por exceção da Justiça
Federal, dependerá de onde saiu a verba para o SUS.

Abrange a categoria daqueles que são particulares que atuam em regime de colaboração
com o poder público: trabalham para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da administração pública. Os empregados de paraestatais,
como por exemplo, serviços sociais autônomos, organizações sociais e organizações da
sociedade civil de interesse público, concessionárias e permissionárias também estão
abrangidos pelo conceito de funcionário público.

O conceito de funcionário público para fins penais coincide perfeitamente com o


conceito de funcionário público descrito na Lei de Improbidade Administrativa – art. 2º4 da
Lei 8429/92.

Art. 327, §2º5 - Causa de aumento de pena:


A pena será aumentada 1/3 quando o funcionário público exercer função de chefia,
direção, assessoramento ou cargo em comissão.

O Defensor Dativo nomeado pelo Juiz não é considerado funcionário público para
fins penais.

2. Introdução aos crimes em espécies:

Todos os crimes praticados por funcionário público contra a administração pública são
crimes próprios. Exige-se tão somente uma qualidade do sujeito ativo. Admitem tanto a co-
autoria, como a participação do particular, ou seja, se o particular sabe da elementar
funcionário público ele responderá pelo crime funcional.

Crimes próprios – art. 306, CP:

4Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração,
por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função
nas entidades mencionadas no artigo anterior.

5 Art. 327, § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de
cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa
pública ou fundação instituída pelo poder público.
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Crimes funcionais (elementar funcionário público):

- Próprios: se retirarmos elementar funcionário público há atipicidade absoluta.


Ex: condescendência criminosa. Não há conduta de particular que configure este crime.

- Impróprios: crime que ganha especificidade quando junto a elementar


funcionário público. Caso retira essa elementar terá uma atipicidade relativa. Ou seja, o crime
será na forma genérica. Ex: peculato – sem elementar funcionário público tipifica outro crime.
Haverá emendatio libelli.

3. Crimes em espécie:

►Peculato apropriação ou desvio - art. 312, caput7, CP:


O art. 312, caput, CP trata o chamado peculato desvio ou apropriação, que é a
forma mais comum de realização deste crime, pois se utiliza da fraude para a sua realização.

Na forma do peculato-apropriação, o crime se assemelha a apropriação indébita


prevista no art. 1688 do CP, sendo que a diferença gritante é que no art. 312 do CP o
funcionário público tem a posse do bem em razão do cargo/ função e passa a agir como se
dono da coisa fosse.

O momento consumativo do peculato apropriação ocorre quando da inversão da


posse, passando o sujeito ativo a se comportar como se fosse o dono da coisa. Ex: policial que
apreende bens do criminoso e não entrega de volta. Carcereiro que se apropria dos bens do
preso.

No Peculato-desvio não ocorre em razão de posse do bem, mas quando o agente o


desvia em beneficio próprio ou de terceiro.

6 Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

7Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

8Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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Não confundir o peculato-desvio com os crimes dos artigos 3159 do CP (emprego


irregular de verba pública) e art. 359-D10 do CP (ordenação de despesas não autorizadas). No
crime do artigo 312 do CP o sujeito ativo sempre levará vantagem para si ou para terceiro.

A forma mais comum de pratica de peculato-desvio é por meio da utilização da fraude,


falsificação de documentos, tudo com o objetivo de dar aparência de legalidade ao gasto do
dinheiro público. Exemplos: viagens para fins particulares, uso de veículos públicos,
simulações de despesas, notas falsas para aquisição de materiais de prestação de serviços, enfim
tudo aquilo que engana a administração pública acerca de gastos que não existiram e, com isso,
permitir o locupletamento ilícito do funcionário público ou de terceiro.

Questão que merece cuidado diz respeito a possibilidade de absorção do crime meio
(eventual falsidade – crime contra fé pública) ao crime fim que será peculato.

► Peculato-furto – art. 312, §1º11, CP:


Ocorre quando o sujeito ativo, funcionário público, abusa das facilidades que o cargo
propicia, oferece para subtrair bens da administração pública.

Para que haja o crime de peculato-furto é imprescindível que o bem esteja sob a
responsabilidade da administração pública. Se o bem for particular de funcionário público,
poderá haver crime de furto.

Peculato de uso não é crime, salvo se o agente for Prefeito Municipal – art. 1º, II, do
Decreto-Lei 201/67.

9Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

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Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

11Art. 312, § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai,
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário.
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Para os servidores públicos em geral, o peculato de uso caracteriza ato de improbidade
administrativa da lei 8429/92. O mesmo ocorre com o peculato de serviços, tais como mão de
obra pública para fins particulares.

Em relação ao peculato, quando se tratar de sujeito ativo Prefeito Municipal, a conduta


estará tipificada no artigo 1º, I, do Decreto-Lei 201/67.

A doutrina classifica o peculato apropriação ou desvio como peculato próprio e o


peculato-furto como impróprio.

►Peculato Culposo – art. 312, §2º12, CP:


É um crime que exige condição objetiva de punibilidade. O peculato culposo, por
excelência, é um crime que depende de forma obrigatória que tenha ocorrido um outro crime
originado obrigatoriamente desta conduta, como por exemplo, negligência do funcionário
público.

É uma exceção pluralista na teoria monista do art. 2913, CP.

Não se aplica ao art. 312, §2º, o artigo 1614 do CP (arrependimento posterior), porque
previsto de forma especifica causa de extinção da punibilidade e reparação do dano até transito
em julgado da sentença condenatória – art. 312, §3º15, CP.

►Peculato mediante erro de outrem - Art. 31316, CP:


O funcionário público não pode ter competência para receber a coisa. E o erro deve
ser do contribuinte, não pode ser induzido pelo funcionário público.
12Peculato culposo
Art. 312, § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

13 Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

14Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

15 Art. 312, § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se
lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

16Peculato mediante erro de outrem


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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►Inserção de dados falsos em sistemas de informações - Art. 113-A17, CP:


São crimes que visam a proteger os sistemas de informação da administração pública,
bem como a rede informatizada.

O sujeito ativo somente pode ser o funcionário público autorizado, isto é, aquele que
tenha senha de acesso aos sistemas.

Três são as condutas típicas: inserir dado falso, alterar ou exclui um dado verdadeiro.

O crime pressupõe um fim especial de agir, consubstanciado nos seguintes: obter


vantagem indevida ou causar dano.

O crime é formal, consumando-se com quaisquer das três condutas mencionadas.


Receber vantagem indevida ou causar dano é mero exaurimento.

O crime absorve a corrupção passiva do art. 31718 do CP, em razão do elemento


subjetivo do tipo. Trata-se de um erro – do legislador. A partir disso, o funcionário público
que, por exemplo, recebe propina para excluir uma multa de trânsito do sistema, fica sujeito as
penas do artigo 313-A do CP, que se não existisse, sujeitaria o agente ao crime mais grave do
artigo 317, §1º19, CP (corrupção passiva majorada).

Se o funcionário público emitir novo documento em razão da fraude feita no sistema,


haverá concurso material com o crime do artigo 29920 do CP. Quem paga ou oferece propina

17Inserção de dados falsos em sistema de informações


Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos
nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
outrem ou para causar dano:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

18Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
19 Art. 317, § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

20 Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante:
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ao funcionário publico para fraudar sistemas responderá pelo crime 33321 do CP (corrupção
ativa).

►Modificação ou alteração não autorizada em sistemas de informações - Art.


313-B22, CP:
O crime visa a proteger o software, que são os programas de computador dos sistemas
informatizados da administração pública. O crime somente poderá ser praticado por
funcionário público que tenha senha de acesso a estes sistemas informatizados.

Este crime admite também a prática por “hacker”. É que o que se modifica ou se altera
não são os dados, mas o programa, o próprio arquivo.

►Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento – Art 31423, CP:


Extraviar significa dar sumiço. Sonegar significa esconder. Inutilizar significa danificar
ou destruir.

O sujeito ativo somente pode ser funcionário público que tenha acesso, bem como que
tem o dever de gelar pela guarda do livro ou do documento. Exemplo, escrivão que arranca
folha ou documento de processo judicial.

Se o livro ou documento disser respeito a ordem tributário o crime será do artigo 3º,
I,24 da Lei 8137/90.

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é
particular.

21 Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa

22 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações


Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação
de autoridade competente:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa

23Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento


Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

24Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
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Se o crime for praticado no sentido de dar sumiço efetuado por advogado será do
artigo 356 do CP.

Este crime do artigo 314 não pressupõe que o funcionário público tenha tido
vantagem. Caso tenha obtido vantagem ele terá praticado o crime de corrupção passiva
majorada ou qualifica – art. 317, §1º, CP.

►Emprego irregular de verba pública – art. 31525, CP:


Trata-se de crime praticado por funcionário público responsável por ordenar despesas,
porque o crime consiste em gastar dinheiro público de forma diversa daquela prevista no
orçamento.

O crime é de competência do JEC.

Jamais haverá auferimento de vantagem pelo servidor ou por terceiro – o que existe é
uma mera violação à lei orçamentária.

Se o crime tiver sido praticado por prefeito municipal, a tipificação far-se-á no art 1º,
III, IV e V26 do Decreto-Lei 201/67.

Não confundir com o crime do artigo 359-D27 do CP, que consiste em se ordenar
despesa não autorizada. A diferença reside em que, neste último, dinheiro não existe.

I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-
lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social.
25Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

26 Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do
pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
III - desviar, ou aplicar indevidamente, rendas ou verbas públicas;
IV - empregar subvenções, auxílios, empréstimos ou recursos de qualquer natureza, em desacordo com os planos ou programas a que
se destinam;
V - ordenar ou efetuar despesas não autorizadas por lei, ou realizá-las em desacordo com as normas financeiras pertinentes.

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Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
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► Concussão - Art. 316 do CP:
A conduta exigir significa impor, intimidar, valendo-se do cargo, com o fim de obter
vantagem indevida. É uma espécie de extorsão, porém sem a grave ameaça que caracteriza,
aliás, um tipo penal autônomo, qual seja, o art. 14729 do CP.

O funcionário público apenas ameaça cumprir o seu dever legal, ou pratica uma
arbitrariedade. Por esta razão, é que não se pode confundi-lo com o crime de extorsão, em que
o mau é injusto e grave e nada tem haver com a função pública.

Havendo ameaça ou violência não pode ser concussão.

Por exemplo: para não executar mandado de prisão, o oficial de justiça exige uma certa
quantia em dinheiro isso é concussão.

O crime guarda semelhança com a corrupção passiva (art. 31730, CP) em razão do
verbo solicitar. A diferença reside exatamente no “poder de barganha” do funcionário público.
Quem pode exigir não solicita. Exemplos: caso uma pessoa é presa em flagrante delito, para
não ser presa o Policial irá pedir dinheiro.

A pena do artigo 316 do CP, embora a conduta exigir seja muito mais grave que
solicitar, é menor do que a do artigo 317 do CP.

O crime de concussão é um crime formal e, portanto, de consumação instantânea. O


recebimento da vantagem se acontecer é mero exaurimento. Nota-se que o concurso de
pessoas cabe até o exaurimento do crime.

28 Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
29Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
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Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
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O crime pode ser praticado for a da função ou antes do funcionário público tê-la
assumido, mas sempre deve ser em razão dela – nexo funcional.

Se a conduta disser respeito a lançamento de tributo a menos ou a não lançamento de


tributo, o servidor público pratica o crime do art. 3º, II31, da Lei 8137/90.

►Excesso de Exação - Art. 316, §1º32, CP:


O excesso de exação está topologicamente mal colocado, pois se refere ao rigor na
cobrança de tributos ou dividas. O que a lei pune é o excesso do funcionário público. Este
crime deveria estar tipificado na Lei 1137/90. A única semelhança que possui com a concussão
é o verbo exigir.

Tributo indevido é aquele que não possui base legal para cobrança, diversamente do
tributo inexigível, que é o caso de tributo prescrito. Se for devido o tributo, mas o meio
empregado for vexatório, humilhante, também haverá a prática do crime de excesso de exação.

O §2º33 do artigo 316 se refere exclusivamente ao §1º. Consiste no dinheiro que foi
cobrado indevidamente, ilegalmente pelo funcionário público, ou seja, oriundo da ilegal
cobrança feita no §1º.

► Corrupção Passiva – art. 31734 do CP:

31 Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu
exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou
contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
32Excesso de exação
Art. 316, § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega
na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

33Art. 316, § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
34Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
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Pune-se o funcionário público corrupto, cujo crime pode ocorrer por meio de suborno
do particular (art. 33335 do CP) ou porque o funcionário público “peita o cidadão”, mediante a
solicitação de vantagem indevida.

a) Forma simples: o crime tem nomen iuris equivocado, porque o primeiro verbo é
solicitar, o que implica conduta ativa positiva. Assim, pode tanto o sujeito ativo tomar a
iniciativa, isto é, “morder o cidadão”, solicitando a vantagem indevida, quanto receber ou
aceitar a proposta para promessa de vantagem por suborno, quando o particular oferece ou
promete a vantagem a um funcionário público – por esta razão é imprescindível que se faça
uma leitura conjunta de ambos os crimes – corrupção passiva e ativa.

No caso o funcionário solicitar a vantagem e o particular efetuar o pagamento, apenas


por isso, somente o funcionário público é que comete o crime.

O particular oferece ou promete a vantagem, isto é, suborna o funcionário público,


consumando-se, desde já, o artigo 333 do CP. Se o funcionário público aceitar, também haverá
o crime do art. 317 do CP. Se a promessa ou entrega/oferta da vantagem pelo particular não
for aceita pelo funcionário público somente haverá o crime do art. 333 do CP

O crime deve ser praticado em razão da função pública (nexo funcional), mas o
funcionário público não precisa estar no exercício da função naquele momento, podendo
ocorrer antes mesmo de assumi-la.

O crime é formal, consumando-se independentemente da obtenção da vantagem. Basta


o verbo solicitar. A obtenção da vantagem é mero exaurimento.

Observação:
Pequenos mimos, presentinhos, recebido pelo funcionário público como forma de
agradecimento pelo ato praticado não configura o crime de corrupção passiva. Para que haja o
crime de corrupção passiva é imprescindível que a oferta ou promessa de vantagem preceda ao
ato funcional.

35 Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa
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b) Forma majorada - Art. 317, §1º36, CP:


Alguns autores referem ser a forma qualificada, porém é majorada, pois aumenta a
pena apenas.

36 Art. 317, § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

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