Você está na página 1de 6

Ano II B o l et i m I n f or m at i v o d o F ó r u m R e gi o n al d e E d uc a ç ã o d o C a m p o Julho-Agosto

Edição 003 d o S u l e S u de s t e d o P a rá 2010

O conhecimento agroecológico em debate...


No dia 30 de junho em Marabá, no espaço da Escola Santa
Terezinha, foi realizada a Primeira Oficina de Agroecologia
do Fórum Regional de Educação do Campo (FREC), que te-
ve como objetivo principal os relatos das experiências regi-
onais em educação do campo, que envolve a experiência da
agroecologia. Estiveram presentes várias entidades e movi-
mentos que atuam no campo da região sul e sudeste do Pa-
rá, tanto quanto pessoas vindas de Conceição do Araguaia
e São Felix do Xingu e outras cidades vizinhas. A iniciativa
da realização da Oficina partiu do GT de Agroecologia do
FREC com apoio de várias entidades.

...socializando experiências.
Durante a Oficina de Agroecologiaforam
socializadas experiências de formações em
ensino superior e de formação escolar de
ensino fundamental e técnico em agrope-
cuária com ênfase em agroecologia.
Entre as experiências de formação escolar
de ensino fundamental e técnico em agropecuária
com ênfase em agroecologiada Escola Família Agrícola
de Marabá [EFA], da Casa Familiar Rural (CFR) de
Conceição do Araguaia, do Curso Técnico em Agrope-
cuária do Campus Rural de Marabá / Instituto Federal
do Pará- CRMB / IFPA e o Programa Projovem Campo
– Saberes da Terra na Amazônia Paraense.

Entre as experiências formação em ensino superior foram apre-


sentados os cursos de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias
Agronomia [UFPA], Licenciatura Plena em Educação do Campo
[UFPA], Especialização em Residência a-
grária e Pedagogia do Campo [UFPA], Cur-
so de Graduação em Agronomia [Pronera
UFPA – MST], Especialização em Agroeco-
logia da Faculdade de Ciências Agrárias de
Marabá [FCAM / UFPA], Licenciatura em
Educação do Campo [CRM / IFPA] e Licen-
ciatura em Pedagogia do Campo [Pronera
UFPA – FETAGRI].

Veja mais nesta edição...


A construção do conhecimento agroecológico
no Sul e Sudeste do Pará
Historicamente as regiões sul e sudeste do esta- ou seja, a base da história de expulsão e migra-
do do Pará têm sido disputadas em distintas ção de outras regiões que a maioria das famí-
perspectivas de desenvolvimento. Os extremos lias aqui estabelecidas traz em suas trajetórias
de ocupação humana desta região vão desde de expulsão.
um perfil de agricultura industrial e concentra- Também se soma a este contexto os limites im-
dora de recursos naturais e de renda, até uma postos por um pretenso “modelo de desenvolvi-
proposta mais popular, onde a agricultura fami- mento” mundial, tendo um caráter hegemônico
liar está no centro das prioridades. Nestes ex- a ser seguido por todas as nações. As evidên-
tremos, o passivo ambiental e as consequências cias da falência de tal paradigma se materiali-
sociais passaram a ser zam na vontade que cada nação e,
indicadores fundamentais mais especificamente, cada território e
para a consolidação da suas escalas menores
relação sociedade e na- (município, localidades, vilas
tureza e, portanto, influ- etc.) expressa em construir,
enciam diretamente as de forma participativa e nego-
possibilidades de suces- ciada, um projeto de desen-
so. volvimento mais sustentável
No tocante ao projeto de que o atual e, principalmente,
exploração em escala com base no contexto e nas
industrial, as últimas dé- demandas localizadas
cadas mostraram sua (considerando seu capital so-
insustentabilidade e pro- cial), economicamente viável,
porcionaram uma mu- ecologicamente sustentável e
dança significativa das socialmente justo.
políticas públicas. O in- Dentro deste processo inicial
vestimento na agricultu- de construção em que as for-
ra familiar é a maior mas de exploração do meio
prova de tal fracasso. amazônico aparece no centro
Porém, a prioridade em do debate, pensar na possibi-
uma agricultura familiar lidade de uma agricultura
regional ainda não se mais sustentável e adaptada
expressa nas políticas de aos distintos contextos deste
educação, especialmente complexo bioma é o maior
no espaço rural. desafio. Como o futuro da
Uma das temáticas re- Amazônia tem feito parte de
correntes da educação agendas nacionais e interna-
demandada pela agricul- cionais, os termos AGROECO-
tura familiar se refere as LOGIA e SUSTENTABILIDADE
limitações nas formações precisam ser incorporados na
técnicas oferecidas pelas região de uma forma mais
escolas e instituições re- operacional, ou seja, realmen-
gionais, pois ainda se ba- te considerar os contextos re-
seia, quase que unicamente, nos modelos tec- gionais. Isto ajudaria a evitar uma generaliza-
nológicos agroindustriais, ou seja, em uma ho- ção perigosa de significados mais relacionados
mogeneização extrema dos agroecossistemas com o centro sul brasileiro que propriamente
locais, buscando sua artificialização através de com a realidade amazônica.
insumos químicos, mecânicos e genéticos de E o centro desta preocupação ganha consistên-
origem industrial. Essa crítica fundamenta-se cia se considerarmos que uma grande parte das
nas consequências negativas já conhecidas so- atuais políticas públicas passa a assumir o con-
bre os aspectos ambientais e sociais, mais ex- ceito de AGROECOLOGIA, mesmo que este re-
pressamente no desmatamento e na concentra- presente mais a realidades das regiões de clima
ção de terra e renda que esse modelo significa, temperado e não os biomas tropicais.

Página 2 Fotos EFA Marabá e CFR Conceição Araguaia Boletim Educampo - FREC
Uma estratégia fundamental para contribuir desenvolvimento de um trabalho de formação
numa construção mais territorializada do signi- de agentes de desenvolvimento se torna funda-
ficado de sustentabilidade e agroecologia se mental, na medida em que se apresenta a Agri-
concentra nas recentes políticas públicas e em cultura Familiar como uma alternativa de pro-
experiências-piloto desenvolvidas na mesorre- moção para o desenvolvimento sustentável da
Agricultura Familiar desse território. Essa dis-
gião.
cussão ganha maior consistência, considerando
Estas experiências inovadoras têm como eixo que:
central a Educação do Campo e tem aglutinado - Nessa região já existe profissionais das ciên-
vários atores sociais e instituições, como: a) cias agrárias comprometidos e qualificados para
Instituições Federais e entidades com experi- atuarem na realidade articulando a prioridade à
ências na formação técnica com ênfase na a- agricultura familiar com a busca de processos
groecologia; b) Inovações tecnológicas introdu- produtivos com ênfase na sustentabilidade soci-
al e ambiental;
zidas por pesquisadores e assessorias técnicas;
c) inovações realizadas pelas famílias que habi- - Contará com o envolvimento dos parceiros
tam nos espaços rurais de território e tem es- que compõem o FREC, pois este é um dos espa-
tabelecido atividades produtivas com base em ços mais representativos em termos de deman-
das populares ligados a educação do campo e
princípios agroecológicos.
agricultura familiar no estado do Pará. O FREC
Considerando-se esses aspectos, refletir sobre tem garantido momentos amplos de reflexão de
o tema AGROECOLOGIA e sustentabilidade em experiências inovadoras na educação do campo
uma abordagem territorial é amadurecer uma em todos os seus níveis;
identidade compartilhada com os atores sociais - Contribuirá para o fortalecimento de uma rede
e respeitando a diversidade de opiniões e ex- de construção do conhecimento agroecológico
pectativas. É valorizar as expressões culturais no sudeste paraense através de ações consoli-
e incluir todos neste processo que precisa ter dadoras do GT de agroecologia;
matizes de um processo de formação e inter-
- Está inserido numa luta maior do campesinato
câmbio de saberes locais.
por terra e condições de se estabilizar, bem co-
Nesta perspectiva, que se entende justificar o mo a perspectiva de suprir lacunas e promover
um diálogo de saberes entre a academia
e os conhecimentos populares que permi-
tam a conformação de sistemas produti-
vos mais sustentáveis;
- A efetivação de um novo ambiente de
diálogo de saberes entre técnicos e os
diversos atores sociais parece ser uma
nova possibilidade de aperfeiçoamento
das instituições científico-acadêmicas e
da proposição e implementação de políti-
cas públicas relacionadas a esse campo;
Experiências de formação
assumem a pesquisa como - Muitas inovações locais vêm sendo in-
principio educativo e a troduzidas pela pesquisa e assessorias
realidade das comunidades
como objeto de estudo.
técnicas, mas especialmente nascem por
iniciativas das próprias famílias que habi-
tam o espaço rural amazônico e, infeliz-
mente, pouco se conhece ou se tem sis-
tematizado estas alternativas concretas
de repensar a relação sociedade-natureza
em ambiente amazônico.
Por isso, a sistematização dos processos
de construção do conhecimento poderá
contribuir na formação de agentes de de-
senvolvimento para o território sudeste
paraense.

Ano II Fotos Necampo, IFPA e FCAM Página 3


Valorização de conhecimentos e
iniciativas locais de formação
A I Oficina de Experiências Regionais em Educação do
Campo com ênfase agroecológica é um evento parte de
um projeto denominado “A construção do conhecimen-
to agroecológico, valorizando praticas inovadoras”. Este
projeto é fruto de reflexões do Fórum Regional de Edu-
cação do Campo (FREC Sul e Sudeste paraense) e As-
sociação Brasileira de Agroecologia (Região Norte), on-
de o Campus Rural de Marabá do Instituto Federal do
Pará ancora institucionalmente a proposta apresentada.
Este projeto se lança ao desafio de conduzir um pro-
cesso participativo de formação de agentes de desen-
volvimento sustentável, comprometidos com a consoli-
dação de alternativas produtivas de enfoque agroecológico, respeitando as peculiaridades amazônicas. O
mesmo propõe a continuidade do processo de Construção do Conhecimento Agroecológico, iniciado em
2009 pela ABA/ANA, com participação ativa de entidades e instituições afiliadas ao Fórum Regional de Edu-
cação do Campo, sediado no território Sudeste do Pará.
Através de uma metodologia participativa já testada e implementada pela ABA/ANA. Para tanto, algumas
metas são apontadas como essenciais: a) a realização de 04 reuniões técnicas de avaliação e planejamento
das oficinas e Seminário Regional; b) realização de 03 oficinas sobre experiências regionais envolvendo três
públicos distintos: instituições ligadas a formação agroecológica; cooperativas e empresas de ATER que
apóiam a agricultura familiar e agricultores familiares com experiências
inovadoras na ênfase agroecológica; c) realização do primeiro Semi-
nário Regional sobre Agroecologia, Sustentabilidade e Agricultura Fa-
miliar no território Sudeste paraense; d) a produção de um relatório
final do projeto e a edição de um livro com as experiências regionais
com ênfase agroecológica trabalhadas durante os eventos realizados.
O público envolvido diretamente diz respeito às instituições de Ensi-
no e de ATER e agricultores familiares que desenvolvem atividades
produtivas com ênfase agroecológica. E indiretamente o projeto visa
um maior envolvimento e aproximação de milhares de famílias as-
sentadas da reforma agrária do território Sudeste paraense com a
Construção do Conhecimento Agroecológico, o que será indicado
com ações de consolidação do GT de Agroecologia ligado ao FREC.
A continuidade das ações do projeto, a partir do seminário regional
que será realizado em dezembro de 2010, proporcionará um pro-
cesso de amadurecimento e mobilização para a realização, em
2011, da 5ª conferência regional de educação do campo do Sul e
Sudeste do Pará, que abordará o tema: Educação do Campo ATER
e Agroecologia. Diante de tais desafios, nesta primeira oficina de
experiências com enfoque agroecológico, realizada em dois dias,
foram discutidos aspectos relacionados às experiências de educa-
ção do campo da região Sul e Sudeste do Pará, que estivessem
voltados ou apresentassem convergências com o debate sobre
princípios agroecológicos, pensados a partir da realidade regio-
nal. Certamente, muitos aspectos dessa discussão foram debatidos e
aprofundados no período de realização da oficina. No entanto, destacam-se aqui os principais ele-
mentos que podem ser apontados a partir da reflexão conjunta dos participantes e da sistematização dos
elementos apontados pelas experiências apresentadas.
Também foram apresentadas nove iniciativas e experiências de educação do campo na região. Sendo ainda
realizado um momento inicial de reflexão sobre as possíveis convergências entre educação do campo e a-
groecologia e ainda um debate a partir de sínteses construídas a partir das intervenções de cada experiên-
cia. Destacam-se neste evento os aspectos em comum, as limitações e possibilidades de cada uma delas, e
sempre procurando refletir sobre a possibilidade de visualizar como essas experiências valorizavam e tenta-
vam incorporar elementos em suas propostas políticas e pedagógicas que fossem identificadas com os prin-
cípios agroecológicos elencados, além de seus principais elementos pedagógicos e metodológicos.

Página 4 Fotos FREC Boletim Educampo - FREC


Principais contribuições das
Experiências apresentadas...
 A questão central não é discutir conceitos nem esgotar o tema da agroe-
cologia, mas discutir princípios que poderiam ser identificados como a-
groecológicos, principalmente para ter um referencial regional sobre essa
temática, que pode ser diferenciado de outras regiões, mas que é mais
próximo da realidade amazônica.
 Proximidade dos conceitos entre agroecologia e educação do campo
(mesmo que haja pouco referencial teórico sobre a articulação entre es-
ses temas): nasceram ambos na mesma base social, fazem a crítica ao
modelo de desenvolvimento rural vigente e ao modelo científico adotado,
tem a interdisciplinaridade como elemento conceitual e contestam o mo-
delo de comunicação adotado no campo. A relação campo-cidade é muito
dispersa e precisa ser revista – o esvaziamento do campo é um processo
que é estimulado por grande parte das iniciativas voltadas para o desen-
volvimento rural e pelas políticas públicas de educação. Não se pensa uma
política efetiva para aquelas famílias que querem permanecer no campo
(crise do modelo mais geral).
 Discussão sobre as formas de ação das organizações (direcionamentos das
ações realizadas, ou seja, como as experiências voltadas para os debates
agroecológicos e para as experiências de educação do campo se colocam a
partir da construção das intervenções) e o lugar dos agricultores nos mode-
los de intervenção. Ou seja, é fundamental visualizar o papel das famílias e
de suas organizações no envolvimento e na construção dessas iniciativas,
através de diferentes formas de participação. Isso de certa forma constrói
uma identidade acerca do agricultor experimentador, que mostra certo pro-
tagonismo dos agricultores nessas experiências.
 Perspectivas do aprofundamento do diálogo entre as duas áreas: fortalecer o
processo de sistematização das iniciativas existentes na região; institucionali-
zação das ações sem se perder o controle social (protagonismo dos sujeitos
do campo); ampliar as diferentes iniciativas a partir dos seus princípios; além
de avançar na pesquisa-desenvolvimento como elemento articulador da Esco-
la-Comunidade-Movimento (como construir uma sinergia entre diferentes
ações adotadas por diversos atores protagonistas do campo).
 Há uma ciência que utiliza conceitos para construir formas de transferência de tecnologias a partir da artifi-
cialização da realidade. É difícil colocar a complexidade do pensamento em termos dicotômicos. O ideal se-
ria construir princípios ou conceitos que estão mais próximos da realidade local. É preciso distinguir técnica
de prática: como produzir conceitos mais próximos da realidade e da contextualização do real. Se questiona
a concepção de ciência própria da ciência normal, e se busca construir uma nova concepção de ciência que
se contraponha à predominante atualmente.
 A estratégia das experiências busca pensar muito mais uma valorização e o reconhecimento da validade dos
conhecimentos tradicionais, muito mais no que se refere à sua importância política e estratégica para as
disputas sociais que se colocam no âmbito do meio rural, e não apenas para reconhecê-lo a partir de parâ-
metros científicos. A lógica é pensar o conhecimento tradicional como tão importante quanto o acadêmico, e
ver essa discussão dentro de uma arena de disputas, porque se avança também para uma disputa de socie-
dade e de modelos de desenvolvimento, e a partir disso se coloca uma discussão mais profunda sobre o que
pode ser visto como conhecimento popular e como conhecimento científico, e como esses dois tipos podem
dialogar. O debate que precisa ser feito não é negar os conhecimentos científicos, mas como esses saberes
vêm sendo usados de maneira ideológica, e se colocam a serviço de certos interesses e de certas visões
sobre a sociedade. O importante nesse debate é validar e igualar os diversos tipos de conhecimento, indo
para além disso ao se levantar um questionamento sobre como se constrói ciência nessa perspectiva predo-
minante. O debate se coloca nos termos em torno do conhecimento científico e das disputas que se estabe-
lece em torno do mesmo e de sua validade.
A metodologia e os princípios agroecológicos são trabalhados no sentido da horizontalidade dos saberes e
exercitar a multidisciplinaridade. E este é um exercício difícil de fazer na prática, mas seria necessário se
estabelecer diálogos com as distintas realidades. E as experiências apresentadas apontam algumas inova-
ções metodológicas importantes para apoiar esta construção.

Ano II Página 5
 O acúmulo que se tem nas regiões do Sul e do Sudeste do Pará sobre educação do campo é importante, e
quando se parte das experiências práticas sobre agroecologia na região, é preciso que quem trabalhe e-
ducação do campo incorpore os desafios sobre como interligar a agroecologia com a discussão estabeleci-
da pelas instituições. Como incorporar isso nessas experiências de formação, como referencial concreto. A
discussão ainda está muito restrita ao âmbito do técnico e do educador, com participações externas da-
queles que constroem essas experiências na prática, mas o desafio que se coloca é como incorporar essas
experiências concretas na construção do conhecimento e nos processos educativos realizados nas experi-
ências educacionais / institucionais dentro do campo da agroecologia e dos debates mais amplos de De-
senvolvimento sustentável.
 No entanto, essas experiências apresentadas ainda não conseguem interagir em torno de uma reflexão
mais articulada. A pergunta que fica é: como pensar linhas de ação e de pesquisa em conjunto no campo
da agroecologia?
 Alguns desafios relacionados às experiências apresentadas, percebe-se que o perfil dos ingressantes nas
experiências também é um tema importante para a evolução e amadurecimento destas experiências vol-
tadas para agroecologia, agricultura familiar e educação do campo. Os questionamentos levantados preci-
sam ser reforçados para amadurecer as reflexões e ações relacionadas com uma nova proposta de forma-
ção que atenda outras visões de desenvolvimento. Outro ponto importante é a questão dos egressos: a
avaliação é que nem sempre os egressos seguiram as propostas apresentadas e amadurecidas nos cursos
envolvidos. Nesse sentido, seria preciso relacionar os egressos e sua relação com as políticas públicas
ligadas às demandas regionais. E isto faz diferença nesta construção.

Síntese & Encaminhamentos


Seria importante refletir como a busca de respos- construir processos mais concretos de pesquisa-
tas e inovações produtivas tem sido um elemento desenvolvimento; necessita de projetos de inter-
motivador e desmotivador do processo de forma- venção. Ainda esbarramos na baixa capacidade
ção. Além disso, é preciso problematizar sobre os de produção de reerenciais técnicos locais;
limites no funcionamento das áreas de experimen-
tação das experiências, confusão de identidade/
Sobre a questão dos egressos, percebe-se a ne-
sujeitos e práticas/objetivo, pois é uma decisão cessidade de considerar os papeis das Instituições
política, muito mais que falta de infra-estrutura. de Ensino e do Movimento Social. Os sujeitos in-
gressos nos cursos acabam por determinar a lógi-
Também seria necessário provocar debates sobre ca de formação com base nos princípios da Agro-
as experiências diferenciadas, pois às vezes nem ecologia em função de serem em maioria agricul-
seus protagonistas dão conta do seu potencial tores familiares camponeses vinculados a movi-
produtivo questionador do modelo agrícola homo- mentos sociais que buscam uma reprodução sócio
gêneo. -econômica-ambiental dos assentamentos rurais;
Percebe-se nas experiências um alargamento da Seria necessário ter clareza/cuidado sobre os de-
visão disciplinar, convergindo para uma aborda- safios/riscos da ampliação da educação do campo
gem de áreas de conhecimentos (temáticas con- enquanto política pública.
textualizadas). No ensino superior, a garantia do
protagonismo dos movimentos sociais vem de Próxima oficina será nos dias 29 e 30 de
certa forma, possibilitando uma relativa democra- setembro de 2010, em Marabá.
tização do conhecimento científico;
A incorporação do termo agroecologia tem se da- Eventos financiados por:
do de forma menos explícita. Não se limita aos
processos produtivos, mas expressa seus princí-
pios em outras práticas de formação. Consolida-
ção da pesquisa e da alternância como princípios
educativos na direção de uma visão mais susten-
SOCIEDADE DE MEIO AMBIENTE
tável de desenvolvimento. Limitação metodológica EDUCAÇÃO E CIDADANIA
no sentido de pouco valorizar as informações
(diagnósticos etc.) em ações concretas (na forma- PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA
ção e em intervenções de desenvolvimento). Falta COLEGIADO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL CODETER
SUDESTE PARAENSE

Coordenação Executiva FREC:


Idelma Santiago - UFPA (idelmasantiago@gmail.com), Ronailde Lima - FETAGRI (rona_lima@hotmail.com),
Shauma Tamara – COPSERVIÇOS (shauma_2009@hotmail.com), Rosemeri Scalabrin IFPA/CRMB (rosemeri.scalabrin@gmail.com),
Rosemary Bezerra - CPT Sul do Pará (rosemayreb@yahoo.com.br), Nelson Jean Junior– EMATER.
Equipe Responsável pelo Boletim nº 003:
Coordenação: Francinei Bentes e Evandro Medeiros, Diagramação: Evandro Medeiros e Danilo Santos, Textos: GT de Agrecologia.
Página 6 Boletim Educampo - FREC

Você também pode gostar