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Betão Armado e Pré-Esforçado II

3. Lajes Fungiformes

Definição: Lajes apoiadas directamente em pilares

3.1. VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DE LAJES FUNGIFORMES

! Menor espessura ⇒ menor altura do edifício

! Tectos planos ⇒ instalação de condutas mais fácil

! Facilidade de colocação de divisórias

! Simplicidade de execução ⇒ menor custo

3.2. PROBLEMAS RESULTANTES DA UTILIZAÇÃO DE LAJES FUNGIFORMES


(muitas vezes associadas ao facto dos apoios terem dimensões reduzidas)

! Concentração de esforços nos apoio


• Flexão
• Punçoamento

! Concentração de deformações nos apoios e deformabilidade em geral

! Flexibilidade às acções horizontais

! Comportamento sísmico

A laje fungiforme é calculada quer para as acções verticais, quer para as acções
horizontais.

3.3. TIPOS DE LAJES FUNGIFORMES

! Maciças

! Aligeiradas
• com moldes recuperáveis ou embebidos
• com ou sem capitel (ou espessamento)

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 58


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3.4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO PARA ACÇÕES VERTICAIS

Faixas mais rígidas

Ly

L y < Lx

Ly

Lx Lx

As cargas encaminham-se para as zonas mais rígidas

⇒ As lajes fungiformes funcionam predominantemente na maior direcção.

3.5. ANÁLISE QUALITATIVA DO CÁLCULO DE ESFORÇOS NUMA LAJE FUNGIFORME

Considere-se o modelo de cálculo para a laje fungiforme que se ilustra na figura


seguinte:

4 3 4

2 2

(1−α) q
1 αq 1 Ly

2 2

4 3 4
Lx

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 59


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Secção 1-1 Secção 3-3


αq (1 - α) q

Rx Rx Ry Ry

Secção 2-2 Secção 4-4


Ry Rx

Lx Ly

com
Lx Ly
Rx = α q × 2 e Ry = (1 – α) q × 2

No quadro seguinte apresenta-se a parcela de carga transmitida em cada direcção nas


zonas do vão, das bandas entre pilares e na totalidade da laje (soma da parcela
transmitida na zona do vão com a da zona das bandas).

Direcção x Direcção y
Vão αq × Ly (1 – α) q × Lx
Bandas 2 × (1 – α) q × Ly/2 2 × αq × Lx/2
Total q Ly q Lx

Como se pode observar, numa laje fungiforme é necessário equilibrar a totalidade da


carga em cada uma das direcções.

3.6. CONCEPÇÃO E PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE LAJES FUNGIFORMES

Para sobrecargas correntes em edifícios (sc < 5 kN/m2), a espessura das lajes
fungiformes pode ser determinada a partir das seguintes relações:

Lmaior
! Lajes maciças: h = 25 a 30 (µ+ < 0.18 ; µ- < 0.30)

Lmaior
! Lajes aligeiradas: h = 20 a 25

Estas expressões têm por base o controlo indirecto da deformação e o nível de


esforços na laje (nomeadamente no que se refere ao punçoamento e flexão).

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 60


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No quadro seguinte apresenta-se quer a gama de vãos em que se utiliza cada um dos
tipos de lajes fungiformes, quer as espessuras adoptadas em cada situação.

h [m]
Esbelteza
Laje fungiforme tipo L [m]
(L / h)
4 5 6 7 8 9 10 12 20
Laje maciça 20 a 25 0.15→| ≅ 0.20 ≅ 0.25

Laje maciça com capitel 35 a 40 0.15 →| ≅ 0.20 ≅ 0.25

Laje aligeirada 20 a 25 0.225→| ≅ 0.25 0.30 ≅ 0.35

Laje aligeirada com capitel 25 a 30 0.225→| ≅ 0.25 ≅ 0.30 ≅ 0.35

Laje maciça pré-esforçada 40 0.20 ≅ 0.25 ≅ 0.30

Laje aligeirada pré-esforçada 35 0.225 ≅ 0.25 ≅ 0.30 ≅ 0.35 ≅ 0.60

3.7. MODELOS DE ANÁLISE DE LAJES FUNGIFORMES

3.7.1. Modelo de grelha

! Vantagens
• Permite obter directamente o valor dos esforços por nó

! Desvantagens
• Apenas permite a análise para cargas verticais
• É difícil conseguir uma boa simulação da rigidez de torção da laje

(i) Discretização

Ly

d1 d2
Lx

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 61


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Secção transversal da barra A

h laje

b = d 1/2 + d 2/2

(ii) Simulação da rigidez de torção da laje

Em geral, para que não surjam momentos torsores nas barras (equilíbrio apenas com
momentos flectores), atribui-se às barras rigidez de torção nula (GJ = 0). Como
consequência, o modelo é mais flexível o que leva à obtenção de maiores
deslocamentos verticais do que os que na realidade se verificam.

Caso se pretenda simular mais aproximadamente a deformabilidade da laje, deverá


bh3 bh3 bh3
atribuir-se às barras, uma inércia de torção J = 6  6 = 2 × 3 
1
 

(iii) Obtenção dos momentos flectores


Mx

My My

Mx

mx = My / b e my = Mx /b

3.7.1. Modelos de elementos finitos de laje

Este tipo de modelos permite:

i) Análise do sistema global com a consideração das acções horizontais e da


interacção laje – pilares

ii) Análise do pavimento, sendo o efeito dos pilares tido em conta nas
condições de fronteira

! Vantagem
• Melhor simulação da deformabilidade da laje, relativamente aos
modelos de grelha

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 62


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! Desvantagem
• Os esforços são fornecidos por nó e por elemento, ou seja, num mesmo
nó existem diferentes valores dos esforços por elemento (os elementos
finitos de laje são compatíveis em termos de deslocamentos, mas não
de esforços) ⇒ é necessário fazer a média dos vários momentos no
mesmo nó

(i) Discretização

Ly

a
Lx

Dimensões de um elemento finito

hlaje
b

(ii) Obtenção dos momentos flectores

Visto surgirem momentos torsores, simplificadamente, as armaduras de flexão são


dimensionadas para os seguintes valores de momento:

m'sd, x = msd, x + |msd, xy| ≥ 0 → Asx


+
 m'sd,x = msd, x - |msd, xy| ≤ 0 → Asx
-

 
 
m'sd, y = msd, y + |msd, xy| ≥ 0 → Asy m'sd, y = msd, y - |msd, xy| ≤ 0 → Asy
+ -

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 63


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EXERCÍCIO L7

Considere a laje fungiforme representada na figura.

0.30

h = 0.25 m 5.00

0.50

0.50

5.00

0.30

6.00 6.00

Os esforços foram obtidos a partir de um modelo de grelha, tendo sido admitidas as


seguintes hipóteses de cálculo:
- barras espaçadas de 1.0 m em ambas as direcções;
- barras interiores com 1.00 m de largura e 0.25 m de altura;
- barras de contorno com 0.50 m de largura e 0.25 m de altura;
- rigidez de torção nula;
- laje simplesmente apoiada nos pilares (sem transmissão de momentos);
- acções: rcp = 2.0 kN/m2; sobrecarga = 4.0 kN/m2.

a) Verifique a qualidade dos resultados obtidos.


b) Trace os diagramas de momentos flectores segundo os alinhamentos determinados
pela grelha.
c) Dimensione as armaduras de flexão. Adopte para materiais B30 e A400NR.
d) Execute a pormenorização (planta e cortes)

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 64


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DISCRETIZAÇÃO E ESFORÇOS ELÁSTICOS OBTIDOS ATRAVÉS DO MODELO DE GRELHA

131 132 133 134 135 136

205

210

215

220

225

230

235
125 126 127 128 129 130

204

209

214

219

224

229

234
119 120 121 122 123 124

203

208

213

218

223

228

233
113 114 115 116 117 118
202

207

212

217

222

227

232
107 108 109 110 111 112
201

206

211

216

221

226

231
101 102 103 104 105 106

Barra Vsd, 1 Vsd, 2 Msd, 1 Msd, 2 Barra Vsd, 1 Vsd, 2 Msd, 1 Msd, 2
101 37.7 33.1 0.0 35.4 201 40.6 36.0 0.0 38.3
102 5.7 1.2 35.4 38.8 202 7.3 2.7 38.3 43.3
103 -2.6 -7.2 38.8 33.9 203 -9.7 -14.3 43.3 31.3
104 -9.2 -13.8 33.9 22.4 204 -32.7 -37.3 31.3 -3.7
105 -29.3 -33.9 22.4 -9.2 205 -84.1 -88.7 -3.7 -90.1
106 -82.7 -87.3 -9.2 -94.2 206 27.3 18.1 0.0 22.7
107 28.8 19.6 0.0 24.2 207 16.5 7.3 22.7 34.6
108 21.2 12.0 24.2 40.8 208 -8.5 -17.7 34.6 21.4
109 1.1 -8.1 40.8 37.3 209 -31.9 -41.1 21.4 -15.0
110 -18.0 -27.2 37.3 14.7 210 -26.0 -35.2 -15.0 -45.6
111 -36.1 -45.3 14.7 -26.0 211 3.7 -5.5 0.0 -0.9
112 -27.3 -36.5 -26.0 -57.9 212 5.4 -3.8 -0.9 -0.1
113 12.4 3.2 0.0 7.8 213 2.5 -6.7 -0.1 -2.2
114 19.0 9.8 7.8 22.2 214 4.0 -5.2 -2.2 -2.7
115 3.5 -5.7 22.2 21.1 215 9.9 0.7 -2.7 2.6
116 -16.3 -25.5 21.1 0.2 216 2.0 -7.2 0.0 -2.6
117 -13.0 -22.2 0.2 -17.5 217 2.8 -6.4 -2.6 -4.4
118 4.8 -4.4 -17.5 -17.2 218 4.2 -5.0 -4.4 -4.8
119 18.4 9.2 0.0 13.7 219 9.8 0.6 -4.8 0.4
120 23.3 14.1 13.7 32.5 220 9.4 0.2 0.4 5.2
121 3.3 -5.9 32.5 31.2 221 15.5 6.3 0.0 10.9
122 -20.7 -29.9 31.2 5.9 222 15.2 6.0 10.9 21.5
123 -26.4 -35.6 5.9 -25.1 223 -6.4 -15.6 21.5 10.5
124 -1.2 -10.4 -25.1 -30.9 224 -19.2 -28.4 10.5 -13.3
125 46.8 37.6 0.0 42.2 225 0.2 -9.0 -13.3 -17.7
126 22.5 13.3 42.2 60.2 226 48.8 39.6 0.0 44.2
127 -1.7 -10.9 60.2 53.9 227 21.6 12.4 44.2 61.2
128 -19.7 -28.9 53.9 29.6 228 -14.6 -23.8 61.2 42.0
129 -57.4 -66.6 29.6 -32.4 229 -58.2 -67.4 42.0 -20.8
130 -66.7 -75.9 -32.4 -103.7 230 -67.4 -76.6 -20.8 -92.8
131 81.5 72.3 0.0 76.9 231 85.2 76.0 0.0 80.6
132 1.9 -7.3 76.9 74.2 232 3.0 -6.2 80.6 79.0
133 -5.9 -15.1 74.2 63.6 233 -15.0 -24.2 79.0 59.4
134 -14.8 -24.0 63.6 44.2 234 -45.0 -54.2 59.4 9.8
135 -42.0 -51.2 44.2 -2.3 235 -205.9 -215.1 9.8 -200.7
136 -204.3 -213.5 -2.3 -211.3

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 65


Betão Armado e Pré-Esforçado II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L7

Alínea a)

1. Somatório das reacções verticais


P3 131 136 P4 Pilar Barras Vsd [kN] Nsd [kN]
101 37.7
205 235 P1 78.3
201 40.6
106 (×2) 87.3 ×2
P2 259.8
231 85.2
131 81.5
P3 258.9
201 231 205 (×2) 88.7 ×2
136 (×2) 213.5 ×2
P1 101 106 P2 P4 857.2
235 (×2) 215.1 ×2

Σ Pi = 4 P1 + 2 P2 + 2 P3 + P4 = 4 × 78.3 + 2 × 259.8 + 2 × 258.9 + 857.2 ≈ 2208 kN

psd = 1.5 (cp + sc) = 1.5 × (25 × 0.25 + 2 + 4) = 18.4 kN/m2

NTOT = psd × ATOT = 18.4 × 12 × 10 = 2208 kN ⇒ NTOT = Σ Pi

2. Verificação dos momentos (direcção x)

Msd Msd, TOTAL


Alinhamento Barras
[kN] [kN]
104 33.9
110 37.3
116 21.1
½ vão 209.2
122 31.2
128 53.9
134 (/2) 63.6 / 2
106 -94.2
112 -57.9
118 -17.2
Apoio -409.6
124 -30.9
130 -103.7
136 (/2) -211.3 / 2

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 66


Betão Armado e Pré-Esforçado II

DMF 409.6 p L2 409.6


[kNm] 2
pl /8 8 = 2 + 209.2 = 414 kNm/m

p ⋅ 62
⇒ 8 = 414 ⇔ p = 92 kN/m
209.2

6.00

18.4 x 5.0 = 92 kN/m

6.00

Alínea b)
Diagramas de Momentos – Direcção X

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 67


Betão Armado e Pré-Esforçado II

Diagramas de Momentos – Direcção Y

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 68


Betão Armado e Pré-Esforçado II

Diagramas de Momentos Máximos – Direcções X e Y

Alínea c)

Hipóteses possíveis para o dimensionamento das armaduras de flexão

i) Dimensionar barra a barra


Principais inconvenientes: muitos cálculos e quantidades de armadura pouco
uniformes (dificuldades de execução)

ii) Dimensionar para os esforços de um dado conjunto de barras (regras de bom


senso)

No presente exercício, atendendo à variação de momentos flectores apresentada


pelos diferentes alinhamentos, adoptou-se:
1.00

X3
3.00

X2
1.00

X1

1.50 3.00 1.50

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 69


Betão Armado e Pré-Esforçado II

MSd Largura MSd (Total) L (Faixa) MSd


Direcção Zona Sinal Barras
[kNm] [m] [kNm] [m] [kNm/m]
X 1 M+ 103 38.8 0.5 59.2 1.0 59.2
109 40.8 1.0 =38.8+40.8/2
M- 106 -94.2 0.5 -123.2 1.0 -123.2
112 -57.9 1.0 =-94.2-57.9/2
2 M+ 109 40.8 1.0 105.2 3.0 35.1
115 22.2 1.0 =40.8/2+22.2+
121 32.5 1.0 32.5+60.2/2
127 60.2 1.0
M- 112 -57.9 1.0 -128.9 3.0 -43.0
118 -17.2 1.0 =-57.9/2-17.2
124 -30.9 1.0 -30.9-103.7/2
130 -103.7 1.0
3 M+ 127 60.2 1.0 67.2 1.0 67.2
133 74.2 1.0 =60.2/2+74.2/2
M- 130 -103.7 1.0 -157.5 1.0 -157.5
136 -211.3 1.0 =-103.7/2-211.3/2
Y 1 M+ 203 43.3 0.5 77.9 1.5 51.9
208 34.6 1.0 =43.3+34.6
M- 205 -90.1 0.5 -135.7 1.5 -90.5
210 -45.6 1.0 =-90.1-45.6
2 M+ 213 -0.1 1.0 17.0 3.0 5.7
218 -4.4 1.0 =-0.1-4.4+21.5
223 21.5 1.0
M- 215 2.6 1.0 -9.9 3.0 -3.3
220 5.2 1.0 =2.6+5.2-17.7
225 -17.7 1.0
3 M+ 228 61.2 1.0 100.7 1.5 67.1
233 79.0 1.0 =61.2+79.0
M- 230 -92.8 1.0 -193.2 1.5 -128.8
235 -200.7 1.0 =-92.8-200.7/2

MSd Armadura
Direcção Zona Sinal µ ω 2
[kNm] cm /m φ
X 1 M+ 59.2 0.073 0.077 8.1
M- -123.2 0.152 0.169 17.9
2 M+ 35.1 0.043 0.045 4.7
M- -43.0 0.053 0.055 5.8
3 M+ 67.2 0.083 0.088 9.3
M- -157.5 0.195 0.224 23.7
Y 1 M+ 51.9 0.064 0.067 7.1
M- -90.5 0.112 0.120 12.7
2 M+ 5.7 0.007 - 3.3
M- -3.3 0.004 - 3.3
3 M+ 67.1 0.083 0.088 9.2
M- -128.8 0.159 0.178 18.8

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 70


Betão Armado e Pré-Esforçado II

EXERCÍCIO L8

Para a laje fungiforme do Exercício L7, considere o seguinte modelo de elementos


finitos:

79 80 81 82 83 84 85

0.75
61 62 63 64 65 66
66 67 68 69 70 71 72

0.75
49 50 51 52 53 54
53 54 55 56 57 58 59

1.00
37 38 39 40 41 42
40 41 42 43 44 45 46

1.00
25 26 27 28 29 30
27 28 29 30 31 32 33

0.75
13 14 15 16 17 18
14 15 16 17 18 19 20

0.75
1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 7

0.75 0.75 1.50 1.50 0.75 0.75

Foram admitidas as seguintes hipóteses de cálculo:

- Elementos finitos de laje com 0.25 m de espessura;

- laje simplesmente apoiada nos pilares (sem transmissão de momentos);

- acções: rcp = 2.0 kN/m2; sobrecarga = 4.0 kN/m2.

Os valores dos esforços obtidos nos nós, apresentam-se no quadro da página


seguinte.

a) Verifique a qualidade dos resultados obtidos.

b) Dimensione as armaduras de flexão. Adopte para materiais B30 e A400NR.

c) Execute a pormenorização (planta e cortes)

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 71


Betão Armado e Pré-Esforçado II

Nó mxx [kNm/m] myy [kNm/m] mxy [kNm/m] vxz [kN/m] vyz [kN/m] Reacções[kN]
1 -1,3 -1,4 31,4 -42,9 -40,7 88,4
2 35,2 0,5 24,3 -31,2 -22,3
3 50,2 0,1 11,9 -10,8 -17,0
4 52,5 0,2 -4,8 10,2 -15,1
5 16,3 0,2 -22,0 33,8 -19,9
6 -17,1 1,4 -34,7 119,1 -41,0
7 -168,1 -3,5 0,0 0,0 -82,8 254,5
14 0,5 32,8 23,3 -26,7 -27,2
15 26,0 22,0 18,4 -22,2 -18,2
16 42,8 17,6 9,7 -9,1 -13,8
17 45,1 15,6 -3,5 10,0 -11,6
18 9,2 20,0 -16,9 32,4 -17,9
19 -31,5 26,4 -22,1 32,9 -34,7
20 -57,1 43,3 0,0 0,0 -47,4
27 0,0 44,0 9,7 -22,3 -7,2
28 22,6 35,0 8,2 -18,9 -7,1
29 38,4 28,3 4,9 -7,9 -5,3
30 40,6 24,7 -1,1 9,7 -3,4
31 4,4 33,7 -7,5 22,5 -7,4
32 -20,4 43,3 -7,5 16,9 -13,0
33 -30,8 46,3 0,0 0,0 -4,8
40 0,2 44,6 -5,4 -21,7 8,2
41 21,9 35,4 -4,5 -18,4 7,4
42 37,5 28,7 -2,4 -7,6 6,1
43 39,7 23,8 2,1 10,6 5,8
44 1,7 33,1 4,9 20,6 13,1
45 -19,0 39,8 3,7 14,2 16,2
46 -27,8 42,9 0,0 0,0 17,3
53 0,1 25,9 -20,3 -24,1 26,9
54 23,8 18,4 -16,4 -22,8 26,4
55 42,4 13,3 -8,7 -11,5 14,6
56 45,6 10,4 3,8 13,7 8,9
57 0,8 7,3 15,3 35,9 30,9
58 -35,6 14,7 15,0 28,4 55,9
59 -51,3 16,2 0,0 0,0 44,9
66 1,4 -1,6 -33,1 -44,0 112,0
67 29,1 -16,2 -21,5 -39,0 28,3
68 50,0 -3,9 -8,3 -17,7 11,4
69 50,1 0,8 2,8 15,5 5,5
70 7,9 -23,4 14,9 60,2 24,2
71 -53,6 -42,3 26,0 77,8 73,8
72 -103,3 -13,9 0,0 0,0 185,6
79 -3,4 -147,9 0,0 -84,5 0,0 249,4
80 45,4 -39,1 0,0 -51,2 0,0
81 52,3 -11,4 0,0 -9,8 0,0
82 52,1 -3,5 0,0 16,1 0,0
83 9,1 -37,1 0,0 48,7 0,0
84 -25,0 -90,4 0,0 189,5 0,0
85 -246,6 -234,1 0,0 0,0 0,0 843,8

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 72


Betão Armado e Pré-Esforçado II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L8

Alínea a)

1. Somatório das reacções verticais

Pilar Nó Rsd [kN]


P1 1 88.4
P2 7 254.5
P3 79 249.4
P4 85 843.8

Σ Pi = 4 P1 + 2 P2 + 2 P3 + P4 = 4 × 88.4 + 2 × 254.5 + 2 × 249.4 + 843.8 ≈ 2205 kN

psd = 1.5 (cp + sc) = 1.5 × (25 × 0.25 + 2 + 4) = 18.38 kN/m2

NTOT = psd × ATOT = 18.38 × 12 × 10 = 2205 kN ⇒ NTOT = Σ Pi

2. Verificação dos momentos

i) Direcção x

mxx Linfluência Msd Msd, TOTAL


Alinhamento Nós
[kNm/m] [m] [kNm] [kNm]
4 52.5 0.375 19.7
17 45.1 0.75 33.8
30 40.6 0.875 35.5
½ vão 43 39.7 1.0 39.7 225.7
56 45.6 0.875 39.9
69 50.1 0.75 37.6
82 52.1 0.375 19.5
7 -168.1 0.375 -63.0
20 -57.1 0.75 -42.8
33 -30.8 0.875 -27.0
Apoio 46 -27.8 1.0 -27.8 -375.5
59 -51.3 0.875 -44.9
72 -103.3 0.75 -77.5
85 -246.6 0.375 -92.5

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 73


Betão Armado e Pré-Esforçado II

DMF 375.5 p L2 375.5


8 = + 225.7 = 413.5 kNm/m
2
pl /8 2
p ⋅ 62
⇒ 8 = 413.5 ⇔ p = 91.9 kN/m
225.7

6.00

18.38 x 5.0 = 91.9 kN/m

6.00

ii) Direcção y

myy Linfluência Msd Msd, TOTAL


Alinhamento Nós
[kNm/m] [m] [kNm] [kNm]
40 44.6 0.375 16.7
41 35.4 0.75 26.6
42 28.7 1.125 32.3
½ vão 43 23.8 1.5 35.7 194.5
44 33.1 1.125 37.2
45 39.8 0.75 29.9
46 42.9 0.375 16.1
79 -147.9 0.375 -55.5
80 -39.1 0.75 -29.3
81 -11.4 1.125 -12.8
Apoio 82 -3.5 1.5 -5.3 -300.2
83 -37.1 1.125 -41.7
84 -90.4 0.75 -67.8
85 -234.1 0.375 -87.8

p L2 300.2 p ⋅ 52
8 = 2 + 194.5 = 344.6 kNm/m ⇒ 8 = 344.6 ⇔ p = 110.3 kN/m
110.3 / 6 = 18.38 kN/m2

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 74


Betão Armado e Pré-Esforçado II

Alínea b)

1. Zonas consideradas para o dimensionamento das armaduras

1.125
X3

2.75
X2

1.125
X1

1.50 3.00 1.50


Y1 Y2 Y3

2. Determinação dos momentos de dimensionamento

(i) Direcção x

total
Linfluência msd, x msd, xy m’sd, x Msd,x Msd,x Lzona Msd,x
Zona Sinal Nó
[m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm] [kNm] [m] [kNm/m]
4 0.375 52.5 -4.8 57.3 21.5
M+ 58.0 1.125 51.6
17 0.75 45.1 -3.5 48.6 36.5
1
7 0.375 -168.1 0.0 -168.1 -63.0
M- -105.8 1.125 -94.0
20 0.75 -57.1 0.0 -57.1 -42.8
30 0.875 40.6 -1.1 41.7 36.5
+
M 43 1.0 39.7 2.1 41.8 41.8 121.5 2.75 44.2
56 0.875 45.6 3.8 49.4 43.2
2
33 0.875 -30.8 0.0 -30.8 -27.0
-
M 46 1.0 -27.8 0.0 -27.8 -27.8 -99.7 2.75 -36.3
59 0.875 -51.3 0.0 -51.3 -44.9
69 0.75 50.1 2.8 52.9 39.7
M+ 59.2 1.125 52.6
82 0.375 52.1 0.0 52.1 19.5
3
72 0.75 -103.3 0.0 -103.3 -77.5
M- -170.0 1.125 -151.1
85 0.375 -246.6 0.0 -246.6 -92.5

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 75


Betão Armado e Pré-Esforçado II

(ii) Direcção y

total
Linfluência msd, y msd, xy m’sd, y Msd,y Msd,y Lzona Msd,y
Zona Sinal Nó
[m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm] [kNm] [m] [kNm/m]
40 0.375 44.6 -5.4 50.0 18.8
+
M 41 0.75 35.4 -4.5 39.9 29.9 60.4 1.5 40.3
42 0.375 28.7 -2.4 31.1 11.7
1
79 0.375 -147.9 0.0 -147.9 -55.5
-
M 80 0.75 -39.1 0.0 -39.1 -29.3 -89.1 1.5 -59.4
81 0.375 -11.4 0.0 -11.4 -4.3
42 0.75 28.7 -2.4 31.1 23.3
+
M 43 1.5 23.8 2.1 25.9 38.9 90.7 3.0 30.2
44 0.75 33.1 4.9 38.0 28.5
2
81 0.75 -11.4 0.0 -11.4 -8.6
-
M 82 1.5 -3.5 0.0 -3.5 -5.3 -41.7 3.0 -13.9
83 0.75 -37.1 0.0 -37.1 -27.8
44 0.375 33.1 4.9 38.0 14.3
+
M 45 0.75 39.8 3.7 43.5 32.6 63.0 1.5 42.0
46 0.375 42.9 0.0 42.9 16.1
3
83 0.375 -37.1 0.0 -37.1 13.9
-
M 84 0.75 -90.4 0.0 -90.4 67.8 -169.5 1.5 -113.0
85 0.375 -234.1 0.0 -234.1 87.8

3. Cálculo das armaduras

Armadura
Msd
Direcção Zona Sinal µ ω 2
[kNm/m] cm /m φ
+
M 51.6 0.064 0.067 7.10
1 -
M -94.0 0.116 0.127 13.40
+
M 44.2 0.055 0.057 6.03
X 2 -
M -36.3 0.045 0.047 4.95
+
M 52.6 0.065 0.069 7.24
3 -
M -151.1 0.187 0.215 22.70
+
M 40.3 0.050 0.052 5.47
1 -
M -59.4 0.073 0.078 8.22
+
M 30.2 0.037 0.039 4.13
Y 2 -
M -13..9 0.017 0.018 3.30
+
M 42.0 0.052 0.054 5.72
3 -
M -113.0 0.140 0.155 16.34

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 76


Betão Armado e Pré-Esforçado II

3.7.3. Método dos Pórticos Equivalentes (REBAP – artigo 119º)

! Processo simplificado para a determinação dos esforços actuantes nas lajes


fungiformes

! Pode considerar-se o efeito das acções horizontais e verticais.

1) Considerar a estrutura, constituída pela laje e pelos pilares de apoio, dividida em


dois conjuntos independentes de pórticos em direcções ortogonais;

L 3 /2 L 3 /2 L 4 /2 L 4 /2

L 1 /2
L1

L 1 /2

L 2/2
L2
L 2 /2

L3 L4

2) As cargas actuantes em cada pórtico correspondem à largura das suas travessas


(não se considera qualquer repartição de cargas entre pórticos ortogonais);

p sd x (L1/2 + L2/2)

L3 L4
(pórtico na direcção x)

3) Após a determinação dos momentos flectores, estes devem ser distribuídos nas
faixas central e lateral, de acordo com as seguintes regras:

Faixa central da Faixas laterais da


Momentos flectores
travessa travessa
Momentos positivos 55% 45%
Momentos negativos 75% 25%

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 77


Betão Armado e Pré-Esforçado II

L 1 /4 FAIXA LATERAL

L 1 /4 FAIXA CENTRAL
L 2 /4
L 2 /4 FAIXA LATERAL

Esta repartição tem em consideração, de forma simplificada, a distribuição real dos


esforços.

Nota: Para a análise às acções horizontais utiliza-se apenas metade da largura da


travessa (metade da rigidez), por forma a reduzir os momentos flectores transmitidos
entre a laje e o pilar (modelo mais realista).

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 78


Betão Armado e Pré-Esforçado II

EXERCÍCIO L9

Considere a laje fungiforme do Exercício L7.

0.30

h = 0.25 m 5.00

0.50

0.50

5.00

0.30

6.00 6.00

Dimensione e pormenorize as armaduras da laje recorrendo ao método dos pórticos


equivalentes. Adopte para materiais betão C25/30 e aço A400NR.

(acções: rcp = 2.0 kN/m2; sobrecarga = 4.0 kN/m2)

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 79


Betão Armado e Pré-Esforçado II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L9

(i) Direcção x

1. Divisão em pórticos
Pórtico Lateral

2.50

5.00
Pórtico Intermédio

5.00

5.00
Pórtico Lateral

2.50

6.00 6.00

2. Modelo de cálculo
psd x Lpórtico

6.00 6.00

2
DMF pl /8
[kNm]
(-)

(+) (+)

2 2
pl /14.2 pl /14.2

3. Cálculo dos momentos de dimensionamento

Pórtico Lpórtico [m] psd [kN/m] Msd+ [kNm] Msd- [kNm]


Lateral 2.50 46.0 116.7 207.0
Intermédio 5.00 92.0 233.3 414.0

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 80


Betão Armado e Pré-Esforçado II

4. Distribuição de momentos

Lfaixa Coef. Msd Msd


Pórtico Sinal Faixa
[m] repartição [kNm] [kNm/m]
M+ Central 1.25 0.55 64.2 51.3
(116.7) Lateral 1.25 0.45 52.5 41.9
Lateral -
M Central 1.25 0.75 -155.3 -124.2
(-207.0) Lateral 1.25 0.25 -51.8 -41.4
+
M Central 2.50 0.55 128.3 51.3
(233.3) Laterais 2.50 0.45 104.9 41.9
Intermédio
M- Central 2.50 0.75 -310.5 -124.2
(-414.0) Laterais 2.50 0.25 -103.5 -41.4

5. Cálculo das armaduras

Msd Armadura
Faixa Sinal µ ω
[kNm/m] cm2/m φ
M+ 51.3 0.063 0.067 7.05
Central -
M -124.2 0.154 0.171 18.09
+
M 41.9 0.052 0.054 5.70
Lateral -
M -41.4 0.051 0.053 5.63

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 81


Betão Armado e Pré-Esforçado II

3.8. ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE PUNÇOAMENTO

Definição: tipo de rotura de lajes sujeitas a forças distribuídas em pequenas áreas.

3.8.1. Mecanismos de rotura de punçoamento

1.5d a 2d Fendas anteriores à rotura

Fendas na rotura

! Mecanismo de colapso local associado a uma rotura frágil (essencialmente


condicionada pela resistência à tracção e à compressão do betão)

! Pode gerar um colapso progressivo da estrutura (rotura junto a um pilar implica um


incremento da carga nos pilares vizinhos).

! As acções sísmicas, em sistemas estruturais com lajes fungiformes, aumentam a


excentricidade da carga a transmitir ao pilar agravando as características
resistentes por punçoamento.

3.8.2. Mecanismos de resistência ao punçoamento

(3)

(2)

(1)

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 82


Betão Armado e Pré-Esforçado II

! Força de compressão radial (1)

! Atrito entre os inertes (2)

! Efeito de ferrolho (3)

(3)

(2)

(1)

Forças que equilibram a força de punçoamento:

! Componente vertical da compressão radial

! Componente vertical da força atrito entre os inertes na fenda

! Componente vertical da força do efeito de ferrolho

3.8.3. Verificação da segurança (artigo 54º do REBAP)

vsd ≤ vRd (esforços de corte por unidade de comprimento, ao longo do contorno crítico
de punçoamento)

vRd = (1.6 – d) τ1 d com (1.6 – d) ≥ 1.0

(i) Carga centrada

Vsd
vsd = u , u – perímetro crítico

(ii) Carga excêntrica

Vsd
vsd = u + vsd’

vsd’ - termo que tem em consideração a penalização de parte do contorno, por efeito
da excentricidade

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 83


Betão Armado e Pré-Esforçado II

Se vsd > vRd, mas vsd < 1.6 vRd ⇒ é necessário adoptar armaduras

Nota: Esta forma de definir a resistência ao punçoamento é um método indirecto que


não tem em consideração, de uma forma clara, o mecanismo de rotura.

3.8.4. Perímetro crítico de punçoamento

Definição: linha fechada que envolve a área carregada a uma distância não inferior a
d/2 e cujo perímetro é mínimo.

Exemplos:

d/2

d/2

d/2

d/2

Casos particulares:

(i) Para pilares de bordo e de canto, quando não existe excentricidade de cálculo
(cargas verticais)

Em pilares de bordo e de canto existe excentricidade devido à excentricidade da área


carregada (diferença entre o CG do pilar e o CG do contorno crítico). Esta
excentricidade pode ser tida em consideração, na verificação da segurança ao
punçoamento, através da redução do perímetro crítico, conforme ilustrado nas figuras
seguintes.

d
d

d/2
d

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 84


Betão Armado e Pré-Esforçado II

(ii) Consideração de aberturas junto ao pilar

Uma abertura localizada junto a um pilar pode reduzir substancialmente o valor da


capacidade resistente ao punçoamento, Deverá então reduzir-se o perímetro crítico de
acordo com as indicações da figura abaixo.

≤ 5d L1 ≤ L2

caso L1 > L2 substituir L2 por


L1 L2
d/2
L2
d – altura útil da laje

Caso a abertura se encontre a uma distância superior a 5d, não é necessário


considerá-la para efeitos de verificação da segurança ao punçoamento.

3.8.5. Indicações para o dimensionamento

! Tentar que as dimensões da laje e pilar sejam tais que não haja necessidade de
armadura (vsd < vRd), em particular para as cargas verticais totais.

! Se não for possível, prever capiteis (caso sejam esteticamente aceitáveis) por
forma a garantir que vsd < vRd.

! O dimensionamento de armaduras só deverá ser adoptado para a combinação de


acções sísmicas.

3.8.6. Dispensa do cálculo ao punçoamento

A verificação da segurança ao estado limite último de punçoamento pode ser


dispensada nos seguintes casos:

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 85


Betão Armado e Pré-Esforçado II

(i) Pilar circular

a ≥ 3.5 d

(ii) Pilar rectangular

b2 1 b1
2 (b1 + b2) ≥ 11 d e 2 ≤ b2 ≤ 2

b1

3.8.7. Esforço resistente em pilares alongados

Em pilares alongados, o mecanismo resistente nos cantos é por punçoamento, e nas


zonas afastadas dos cantos por esforço transverso (mais desfavorável). Na figura
seguinte encontram-se definidos os limites para a consideração de cada um destes
mecanismos.

b1/2 punçoamento
d/2 b
esforço transverso
b1/2

a1/2 a1/2
a

 a
 b
com a1 <  2 b e b1 < 
 5.6 d - b1  2.8 d

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 86


Betão Armado e Pré-Esforçado II

Neste caso, o valor do esforço de corte resistente é dado pela expressão

VRd = (1.6 – d) τ1 d (u1 + 0.6 u2)

Onde u1 representa o perímetro do contorno crítico referente ao punçoamento, e u2 o


perímetro do contorno crítico referente ao esforço transverso.

3.8.8. Verificação ao punçoamento em lajes com capiteis

3.8.8.1. Perímetro crítico para capiteis de forma cónica

a) α < 45° b) α > 45°

contorno crítico contorno crítico

d d

d/2 45° α
α d/2

3.8.8.2. Perímetro crítico para espessamentos

contorno crítico

d2 d1

d1/2
≥ 2.5 d1

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 87


Betão Armado e Pré-Esforçado II

3.8.9. Armaduras de punçoamento

(i) Cálculo das armaduras de punçoamento (artigo 54.3 do REBAP)

A dimensionar se vRd ≤ vsd ≤ 1.6 vRd

3 3/4 Vsd
4 Vsd ≤ Asp × fsp × sen α ⇒ Asp ≥ fsp sen α , com fsp ≤ 350MPa

(ii) Pormenorização das armaduras (artigo 110º do REBAP)

A armadura de punçoamento pode ser constituída por varões inclinados ou por


estribos, sendo esta última a solução mais utilizada.

varões inclinados estribos

Esta armadura deve ser distribuída conforme ilustram as figuras seguintes:

d/2 d

≤ 0.75d

d/2 d

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 88


Betão Armado e Pré-Esforçado II

(iii) Armadura longitudinal inferior junto ao pilar (de colapso progressivo)

É conveniente adoptar uma armadura inferior sobre o pilar, por forma a gerar um
mecanismo secundário de resistência, e evitar uma rotura em cadeia, caso se verifique
uma rotura por punçoamento num dos pilares.

3.8.10. Punçoamento excêntrico

(i) Pilar rectangular

Vsd  |ex| + |ey|


vsd,máx = u 1 + 1.5 
 bx b y 

bx, by – dimensões do contorno crítico medidas segundo as direcções x e y (paralelas


aos lados da área carregada)

ex, ey – excentricidade de VSd segundo as direcções x e y e = N 


M
 

(ii) Pilar circular

vsd,máx = u 1 + do 
Vsd 2 |e|
 

do – diâmetro do contorno crítico.

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 89


Betão Armado e Pré-Esforçado II

EXERCÍCIO L10

Considere a laje fungiforme do exercício L7, representada na figura.

0.30

h = 0.25 m 5.00

0.50

0.50

5.00

0.30

6.00 6.00

a) Verifique a segurança ao punçoamento. Caso seja necessário:


a.1) adopte um capitel;
a.2) coloque armaduras específicas de punçoamento
b) Admitindo a continuidade nas ligações laje-pilar e considerando vãos diferentes
segundo x (5.0 m e 7.0 m, respectivamente), obtiveram-se os seguintes esforços:

Pilar Nsd [kN] Msd, x [kNm] Msd, y [kNm]


central 708.0 75.0 0.0
bordo 280.0 58.0 0.0
canto 108.0 29.0 24.0

Verifique a segurança ao punçoamento.

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 90


Betão Armado e Pré-Esforçado II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L10

Alínea a)

(i) Pilar central (Vsd = 857.2 kN)

u = 4a + π ⋅ d = 4 × 0.5 + π × 0.22 = 2.69 m

vRd = (1.6 – d) τ1 ⋅ d = (1.6 – 0.22) × 750 × 0.22 = 227.7 kN/m

VRd = vRd × u = 612.5 kN < 857.2 kN

⇒ é necessário adoptar um capitel ou armaduras específicas para a resistência ao


punçoamento.

(ii) Pilar de bordo (Vsd = 259.8 kN)

π
u = 0.22 × 2 + 0.5 + 2 × 0.22 = 1.29 m

vRd = (1.6 – d) τ1 ⋅ d = (1.6 – 0.22) × 750 × 0.22 = 227.7 kN/m

VRd = vRd × u = 293.7 kN > Vsd

(iii) Pilar de canto (Vsd = 78.3 kN)

π
u = 0.22 × 2 + 4 × 0.22 = 0.61 m

vRd = (1.6 – d) τ1 ⋅ d = (1.6 – 0.22) × 750 × 0.22 = 227.7 kN/m

VRd = vRd × u = 138.9 kN > Vsd

Alínea a.1) – adopção de capitel

(i) Pilar central

VRd ≥ Vsd ⇔ (1.6 – d) τ1 ⋅ d ⋅ u ≥ 857.2 kN ⇔

⇔ (1.6 – d) × 750 × d × (4 × 0.5 + π × d) ≥ 857.2 kN ⇔ d = 0.3 m (h = 0.35 m)

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 91


Betão Armado e Pré-Esforçado II

Alínea a.2) – adopção de armadura específica

1.6 VRd = 1.6 × 612.5 = 980 kN > 857.2 kN

3/4 Vsd 3/4 × 857.2


Asp ≥ = × 104 = 18.85 cm2
fsp sen α 348×103 × sen 90°

Alínea b)

(i) Pilar central

75
Vsd = 708 kN; Msd, x = 75 kNm ⇒ ex = 708 = 0.106 m

u = 4a + π ⋅ d = 4 × 0.5 + π × 0.22 = 2.69 m

bx = by = 0.5 + 0.22 = 0.72 m

Vsd 1 + 1.5 |ex| + |ey| 708 1 + 1.5 × 0.106 


vsd = u  =
bx by  2.69  0.72  = 321.3 kN/m

vRd = (1.6 – d) τ1 ⋅ d = (1.6 – 0.22) × 750 × 0.22 = 227.7 kN/m < 321.3 kN

⇒ é necessário adoptar um capitel

708 1 + 1.5 × 0.106  ≤ (1.6 – d) × 750 × d ⇒ d ≥ 0.30 m


(2 + π ⋅ d)  0.5 + d

(ii) Pilar de bordo

58
Vsd = 280 kN; Msd, x = 58 kNm ⇒ ex = 280 = 0.207 m

π
u = 0.3 + 0.3 + 0.5 + 2 × 0.22 = 1.45 m

0.22
bx = 0.3 + 2 = 0.41 m ; by = 0.5 + 0.22 = 0.72 m

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 92


Betão Armado e Pré-Esforçado II

Vsd  |ex| + |ey| 280  0.207 


vsd = u 1 + 1.5 = 1 + 1.5 ×
 bx by  1.45   = 303.5 kN/m
0.41 × 0.72 

vRd = 227.7 kN/m < 303.5 kN

⇒ é necessário adoptar um capitel

1 + 1.5 × 0.207 
280  
 0.3 +  × (0.5 + d) ≤ (1.6 – d) × 750 × d ⇒ d ≥ 28 m
d
1.1 + π ⋅ d   2 
 2 

(iii) Pilar de canto

29
Vsd = 108 kN; Msd, x = 29 kNm ⇒ ex = 108 = 0.27 m

24
Msd, y = 24 kNm ⇒ ex = 108 = 0.22 m

π
u = 0.3 + 0.3 + 4 × 0.22 = 0.77 m

0.22
bx = by = 0.3 + 2 = 0.41 m

Vsd  |ex| + |ey| 108  0.27 + 0.22 


vsd = u 1 + 1.5  = 0.77 1 + 1.5 ×
 bx b y   0.41  = 391.7 kN/m

vRd = (1.6 – d) τ1 ⋅ d = (1.6 – 0.22) × 750 × 0.22 = 227.7 kN/m < 391.7 kN

⇒ é necessário adoptar um capitel

108 1 + 1.5 × 0.49  ≤ (1.6 – d) × 750 × d ⇒ d ≥ 0.34 m


(0.6 + π ⋅ d /4)  0.3 + d / 2

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 93


Betão Armado e Pré-Esforçado II

EXERCÍCIO L11

Considere a laje fungiforme do exercício L7 e o modelo de grelha considerado.

Admitindo que a solução vazada corresponde a uma laje com 0.30 m de espessura e
de igual peso (relativamente à solução maciça), dimensione e pormenorize.

MÓDULO 1 – Lajes de Betão Armado 94

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