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i reit o em r ia

V er a d
Comissão Espec ialreso bre
os Políticos
e
Mo r t o s e D
es ap a c id
© 2007 (Ano da 1ª edição) Secretaria Especial dos Direitos umanos da Presidência da República

Todos os direitos reservados. permitida a reprodução parcial ou total desta obra,


desde que citada a fonte e não seja para venda ou qualquer fim comercial.

re ogr ca
Tiragem: 5.000 exemplares

Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministro da ecretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República


Paulo de Tarso Vannuchi

laboração, distribuição e informações:


C MISS O SPECIAL OBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POL TICOS
sp ana a os n st r os - oco - a a 420
0064-900 - Brasília - DF
one: 61 3429 3142 3454 Fax 61 3223 2260
-mail: direitoshumanos@sedh.gov.br

mpresso no Brasil Printed in Brazil

ata ogaç o na pu caç o

ras . Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial


obre Mortos e Desaparecidos Políticos.
ireito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e
Desaparecidos Políticos Comissão Especialsobre Mortos e Desaparecidos
Políticos - - Brasília : Secretaria Especialdos Direitos Humanos,2007
400p. : il. (algumas color.) ; 23 x 30 cm

ISBN 978-85-60877-00-3

1. ra s – st r a . tu o. . om ss o spec a so re ortos e
Desaparecidos Políticos - Relatório.
Antígona
Apresentação
ste livro-relatório tem como objetivo contribuir para que o Brasil avance na consolidação do respeito aos Direitos Humanos, sem medo de
conhecer a sua história recente. A violência, que ainda hoje assusta o País como ameaça ao impulso de crescimento e de inclusão social em
curso e ta ra zes em nosso passa o escrav sta e paga tr uto s uas ta uras o s cu o 20.

Jogar luz no períodode sombras e abrir todas as informações sobre violações de Direitos Humanos ocorridas no último ciclo ditatorial são impera-
tivos urgentes de uma nação que reivindica, com legitimidade, novo status no cenário internacional e nos mecanismos dirigentes da ONU.

Ao registrar para os anais da história e divulgar o trabalho realizado pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos ao longo
de 11 anos, esta publicação representa novo passo numa caminhada de quatro décadas. Nessa jornada, uniram-se para um esforço conjunto
brasileiros que se opunham na arena política imediata.

Sob a gestão de Nelson Jobim no Ministério da Justiça, urante o governo Fernando Henrique Cardoso, o sta o ras e ro recon eceu sua
responsabilidade frente à questão dos opositores que foram mortos pelo aparelho repressivo do regime militar. Papel decisivo nessa con-
quista tiveram os familiares dos mortos e desaparecidos, com sua perseverança e tenacidade, e o futuro ministro José Gregori, então chefe
e a nete o n st r o a ust ça.

Executivo Federal preparou um projeto que o parlamento brasileiro transformou em lei em dezembro de 1995, criando uma Comissão Es-
pecial com três tarefas: reconhecer formalmente caso por caso, aprovar a reparação indenizatória e buscar a localização dos restos mortais
que nunca oram entregues para sepu tamento. om ss o spec a manteve uma coerente n a e cont nu a e atravessan o, at o mo-
mento, quatro mandatos presidenciais. Durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei foi ampliada em sua abrangência e praticamente
se concluiu o exame de todos os casos apresentados.

ma up a ace este ras que rompe o s cu o 21 – com son os e esa os novos – sa tar v sta os e tores este vro, se am e es
v t mas o per o o tator a , se am e es apo a ores aque e reg me, se am u zes, procura ores, par amentares, autor a es o xecut vo,
jornalistas, estudantes, trabalhadores, cidadãos e cidadãs de todas as áreas.

Uma face é a do país que vem fortalecendo suas instituições democráticas há mais de 20 anos. a face boa, estimulante e promissora de
uma naç o que parece ter opta o e n t vamente pe a emocrac a, enten en o que e a representa um po eroso escu o contra os mpu sos
do ódio e da guerra, que sempre se alimentam da opressão.

A leitura também mostrará uma outra face. aquela percebida nos obstáculos que foram encontrados por quem exige conhecer a verdade,
com estaque para quem rec ama o re to m enar e sagra o e sepu tar seus entes quer os. a st r a a uman a e, os povos ma s
sanguinários interrompiam suas batalhas em curtas tréguas para troca de cadáveres, possibilitando a cada exército, tribo ou nação prantear
seus mortos, fazendo do funeral o encerramento simbólico do ciclo da vida.

en um esp r to e revanc smo ou nosta g a o passa o ser capaz e se uz r o esp r to nac ona , ass m como o s nc o e a om ss o
funcionarão, na prática, como barreira para a superação de um passado que ninguém quer de volta.

lançamento deste livro na data que marca 28 anos da publicação da Lei de Anistia, em 1979, sinaliza a busca de concórdia, o sentimento
e reconc aç o e os o et vos uman t r os que moveram os 11 anos e tra a o a omss o spec a .

au o annuc
inistro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

Marco Ant nio Rodrigues Barbosa


res ente a omss o spec a so re ortos e es aparec os o t cos
Integrantes da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP)
1 95/2000
Miguel Reale Júnior Presidente
Nilmário Miranda — Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
Eunice Paiva — Representante da sociedade civil até 03/04/1996, quando foi substituída por Luís Francisco Carvalho Filho
uzana Keniger Lisbôa Representante dos familiares
general Oswaldo Pereira Gomes — Representante das Forças Armadas
Paulo Gustavo Gonet Branco Representante do Ministério Público Federal
João Grandino Rodas — Ministério das Relações Exteriores

2001
Miguel Reale Júnior — Presidente até 27/12/2001
Luís Francisco Carvalho Filho Presidente a partir de 27/12/2001
Nilmário Miranda — Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
Belisário dos Santos Junior — Representante da sociedade civil a partir de 27/12/2001
uzana Keniger Lisbôa — Representante dos familiares
general Oswaldo Pereira Gomes — Representante das Forças Armadas
Paulo Gustavo Gonet Branco — Representante do Ministério Pú blico Federal
João Grandino Rodas — Ministério das Relações Exteriores

2002
Luís Francisco Carvalho Filho — Presidente
Nilmário Miranda — Comiss o de Direitos Humanos da C mara dos Deputados
Belisário dos Santos Junior — Representante da sociedade civil
uzana Keniger Lisbôa — Representante dos familiares
general Oswaldo Pereira Gomes — Representante das Forças Armadas
Paulo Gustavo Gonet Branco — Representante do Ministério Pú blico Federal
Jo o Grandino Rodas — Ministério das Relaç es Exteriores

2003Filho — Presidente
Luís Francisco Carvalho
Maria do Rosário Nunes — Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a partir de 14/08/2003
Belisário dos Santos Junior — Representante da sociedade civil
uzana Keniger Lisbôa — Representante dos familiares
Coronel João Batista Fagundes — Representante das Forças Amadas, a partir de 14/08/2003
Maria Eliane Menezes de Farias — Representante do Ministério Público Federal, a partir de 14/08/2003
André Sabóia Martins — Ministério das Relações Exteriores, a partir de 14/08/2003

2004
Luís Francisco Carvalho Filho — Presidente
João Luiz Duboc Pinaud — Presidente a partir de 29/06/2004
Augustino Veit — Presidente a partir de 17/11/2004
Maria do Rosário Nunes — Comiss o de Direitos Humanos da C mara dos Deputados
Belisário dos Santos Junior — Representante da sociedade civil
uzana Keniger Lisbôa — Representante dos familiares
Coronel João Batista Fagundes — Representante das Forças Armadas
Maria Eliane Menezes de Farias — Representante do Ministério Público Federal
André Sabóia Martins — Ministério das Relaç es Exteriores
2005
Augustino Veit — Presidente
Maria do Rosário Nunes — Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
Belisário dos Santos Junior — Representante da sociedade civil
uzana Keniger Lisb a Representante dos familiares até 02/08/2005
Diva Soares Santana — Representante dos familiares a partir de 06/12/2005
Coronel João Batista Fagundes — Representante das Forças Armadas
Maria Eliane Menezes de Farias — Representante do Ministério Público Federal
André Sabóia Martins — Ministério das Relações Exteriores, até 18/10/2005, quando é substituído por
Márcia Adorno – Ministério das Relaç es Exteriores

2006 até 25/04/2006


Augustino Veit Presidente
Marco Antônio Rodrigues Barbosa — Presidente a partir de 25/04/2006
Maria do Rosário Nunes — Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados até 03/08/2006
Luís Eduardo Greenhalgh — Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a partir de 03/08/2006
Belisário dos Santos Junior — Representante da sociedade civil
Diva Soares Santana — Representante dos familiares
Coronel João Batista Fagundes — Representante das Forças Armadas
Maria Eliane Menezes de Farias — Representante do Ministério Público Federal
Márcia Adorno — Ministério das Relações Exteriores, substituída por Augustino Veit em 25/04/2006

2007
Marco Antônio Rodrigues Barbosa — Presidente
Pedro Wilson Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a partir de 06/03/2007
Belisário dos Santos Junior — Representante da sociedade civil
Diva Soares Santana — Representante dos familiares
Maria Eliane Menezes de Farias — Representante do Ministério Público Federal
Coronel João Batista Fagundes — Representante das Forças Armadas
Augustino Veit

Titulares dos Direitos Humanos entre 1995 e 2007


José Gregori
Secretário Nacional dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça – 07/04/1994 a 14/04/2000

Gilberto Sabóia
Secretário Nacional dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça – 20/06/2000 a 14/11/2001

aulo Sérgio Pinheiro


Secretário de Estado dos Direitos Humanos (Ministério da Justiça) – 16/11/2001 a 31/12/2002

Nilmário Miranda
Ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República – 02/01/2003 a 21/07/2005

ário Mamede Filho


Subsecretário de Direitos Humanos da Secretaria Geral da Presidência da República – 29/07/2005 a 05/12/2005 e Ministro da Secretaria Especial dos

Direitos Humanos da Presidência da República – 06/12/2005 a 20/12/2005


aulo Vannuch
Ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República desde 21/12/2005
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19 430
30 434
48 435
51 436
89 438
89 443
112 461
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Direito à memória e à verdade

A
Comissão Especial sobre Mortos e Desa- à comparação e identificação com certeza científica
parecidos Políticos (CEMDP) – instituí- os restos morta s que a n a ven am a ser oca za os,
da pela Lei nº 9.140/95, de dezembro de bem como de ossadas já separadas para exame.
1995 – vem cumpr n o mportante pape
na busca de solução para os casos de de- O segundo é sistematizar informações sobre a possível
aparec mentos e mortes e opos tores po t cos por oca zação e covas c an est nas nas gran es c a es
autoridades do Estado durante o período 1961-1988. e em áreas prováveis de sepultamento de militantes na
rea rura , em espec a na reg ão o r o ragua a, no
Desempenha esse trabalho com rigor e equilíbrio há ul do Pará. Ao fazê-lo, a CEMDP estará cumprindo o
ma s e 11 anos, contr u n o para a conso ação a disposto no Inciso II do Artigo 4º da Lei nº 9.140 95,
vida democrática brasileira. Enfrentou as dificuldades que a criou: “envidar esforços para a localização dos
que são nerentes a tão e ca a tare a, mas consegu u orpos e pessoas esaparec as no caso e ex st nc a
oncluir o exame de quase todos os casos apresentados, de indícios quanto ao local em que possam estar depo-
garant n o reparação n en zat r a aos am ares as ta os .
vítimas e, sobretudo, oficializando o resgate de um pe-
ríodo fundamental que já pertence à história do Brasil. A Lei nº 9.140/95 marcou o reconhecimento, pelo Esta-
o ras e ro, e sua responsa a e no assass nato e
A Comissão encerrou, no final de 2006, uma longa pri- opositores políticos no período abrangido. Reconheceu
meira etapa de suas atividades. Concluída a fase de automat camente 136 casos e esaparec os cons-
análise, investigação e julgamento dos processos rela- tantes num “Dossiê” organizado por familiares e mi-
t vos aos 339 casos e mortos e esaparec os apre- tantes os re tos umanos ao ongo e 25 anos e
entados para sua soberana decisão, que se somam a buscas. Mais tarde, foi excluída dessa lista uma pessoa
outros 136 nomes recon ec os no pr pr o nexo a que se comprovou ter morr o e causas natura s. e os
Lei nº 9.140/95, vem se concentrando, agora, em dois termos da Lei, não cabia à CEMDP diligenciar sobre os
outros proce mentos. 135 casos e n os, e s m aprec ar as en nc as e
outros registros de mortes, legalizando procedimentos
pr me ro e es, n c a o em setem ro e 2006, a co- ara n en zação as am as.
leta de amostras de sangue dos parentes consangüíneos
os esaparec os ou os mortos cu os corpos não o- s n ormações oram evanta as por am ares e a -
ram entregues aos familiares, para constituir um banco vogados, tomando por base depoimentos de ex-presos
e a os e per s gen t cos – anco e – v san o o t cos, e agentes o sta o e pessoas envo v as no

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17
COMISS O DE MORT OS E DES APARECI DOS POLÍT ICOS

processo e repressão, em como ana san o reporta- os arsantes so re ugas, atrope amentos e su c os,
gens da imprensa e documentos encontrados em ar- emitidos naqueles tempos sombrios pelos órgãos de se-
qu vos p cos a ertos para consu ta. ste t mo ator gurança, e a os autores as en nc as so re v o ação
reforça a necessidade de se permitir amplo acesso a es- de Direitos Humanos, que infelizmente terminaram se
es e outros arqu vos p cos, ou mesmo pr va os, para omprovan o ver a e ras.
onsulta e esclarecimento da realidade das mortes.
O referido “Dossiê”, preparado pela Comissão de Fami-
A elucidação das informações referentes às cir- ares e ortos e esaparec os o t cos, va eu como
unst nc as e pr são, tortura e morte e opos to- base e ponto de partida consistente para o rigoroso exa-
res permitiram que o Estado brasileiro assumisse sua e da Comissão Especial. Foram exigidos depoimentos
responsa a e st r ca e a m n strat va so re a que corroborassem as denúncias, apresentados docu-
integridade dos presos e o destino dado a eles. A in- entos e rea za as per c as c ent cas para c egar
en zação pecun r a o conseq nc a natura e e- versão definitiva dos fatos.
gal para sua efetivação.
ste livro-relatório registra para a história o resgate des-
Redemocratizado, o Estado brasileiro cumpriu também a mem r a. con ecen o pro un amente os porões
um certo pape e u z st r co ao azer o resgate a e as atrocidades daquele lamentável período de nossa
memória e da verdade. Não poderiam seguir coexistin- v a repu cana, o a s sa er constru r nstrumentos
do versões colidentes como a de inúmeros comunica- eficazes para garantir que semelhantes violações dos
re tos umanos não se rep tam nunca ma s.
Contexto histórico

A
ditadura militar brasileira não foi um fato iso- em política e diplomacia, como, por exemplo, a criação
lado na história da América Latina. Na mes- do bloco dos países não-alinhados, a partir de 1955, o
ma poca, reg mes seme antes nasceram e sma s no-sov t co os anos 1960 e a res st nc a e
rupturas na or em const tuc ona e outros Charles De Gaulle a uma liderança absoluta dos Estados
países no subcontinente, tendo as Forças Ar- nidos ao longo do período. Na América Latina, entre-
madas assumido o poder em consonância com a lógica tanto, essas iniciativas de autodeterminação avançaram
a uerra r a. mun o estava v o em o s gran es ouco. reva eceu at o na o s cu o 20 a at tu e e
ocos. m p o era coman a o pe os sta os n os e o a n amento autom t co com as pos ções norte-amer -
outro pela União Soviética. Essa divisão de poder mundial anas, com raras exceções.
teve como cenário de fundo o resultadoda Segunda Guer-
ra, com as pot nc as vence oras v n o o p aneta em ss m que, no su cont nente, os anos 1960 e 1970
uas gran es reas e n u nc a. vão conta zar um n t o orta ec mento, no m to
do poder político, das forças que haviam resistido aos
Num tabuleiro de apenas duas cores, o Brasil perma- governos de orientação nacionalista dos anos 1950,
neceu na r ta a p omac a norte-amer cana, ass m omo o e argas, no ras , er n, na rgent na, az
omo o restante os pa ses at no-amer canos. part r stensoro, na o v a, aco o r enz, na uatema a, e
de 1959, a Revolução Cubana marcou profundamente vários outros. Como regra geral, os governantes buscam
a política exterior dos Estados Unidos, que anunciaram estreitar, no plano econômico, a associação com seus
não ma s to erar nsurg nc as esa an o sua egemo- ant gos a a os o cap ta externo, so tute a m tar
n a na reg ão, ogo ap s ter ca o c ara a aprox ma- ac ona , e ncorporam p enamente a estrat g a norte-
ão entre Cuba e União Soviética. Para garantir que os americana de contenção do comunismo, resumida pela
governos da região permanecessem como aliados, os outrina de Segurança Nacional.
sta os n os apo aram ou patroc naram go pes m -
tares e exacer a o conte o ant comun sta. om ase nessa outr na, oram ecreta as no ras
ucessivas Leis de Segurança Nacional sob a forma de
Os países da região que haviam participado com tro- ecretos-Leis (DL), uma em 1967 (DL 314) e duas em
pas na eg un a uerra un a , como o ras , utaram 1969 DL 510 e DL 898 , de conteúdo draconiano, que
omo a a os os sta os n os e so seu coman o unc onaram como pretenso marco ega para ar co-
militar, iniciando aí uma cooperação operacional que bertura jurídica à escalada repressiva.
avançaria nas décadas seguintes, gerando unidade de
outr nas, tre namento con unto na ormação e qua- esp r to gera essas tr s versões a e e egurança
ros e estre ta ent a e eo g ca. ac ona n cava que o pa s não po a to erar anta-
gonismos internos e identificava a vontade da Nação
No pós-guerra, essa divisão entre influência norte-ame- e do Estado com a vontade do regime. Se o alvo inicial
r cana ou sov t ca se esten eu pe os c nco cont nen- eram apenas os opos tores no p ano part r o e na uta
tes. correram a gumas n c at vas e n epen nc a o t ca c an est na, e a to a e term nar a u m nan o

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À MEMÓRIA E À VERDADE

tam m a er a e e mprensa. o esta e ecer que os rgent na passou por um pr me ro governo tator a
jornais e emissoras de rádio e televisão deviam contri- entre 1966 e 1973, mas foi no segundo período de re-
buir para o fortalecimento dos objetivos nacionais perma- gime militar, iniciado em 24 de março de 1976, que as
nentes, a r a cam n o para pro - os e vu gar cr t cas ras a v o nc a repress va at ng ram patamares sem
ontra autor a es governamenta s porque não po er am rece entes. recuperação a emocrac a, a part r e
indispor a opinião pública contra elas, gerando animosida- 1983, após o desastre nacional causado pela aventura
de ou a chamada guerra psicológica adversa. dos ditadores nas Malvinas, teve de considerar um es-
antoso sa o e seq estros, torturas e assass natos por
Ditaduras no Cone Sul arte e agentes estata s, quan o os re tos umanos
foram violados em larga escala. Estima-se em cerca de
Esse contexto histórico regional trouxe, então, a generali- 30 mil o total de mortos e desaparecidos entre os que
zação e reg mes po t cos repress vos em to os os pa ses es st ram ao reg me.
do Cone Sul: Brasil (1964), Argentina (1966 e 1976), Uru-
guai (1973), Chile (1973), ao passo que a ditadura de Str
o- o Uruguai, que antes se orgulhava de ser um país de
essner, no Paraguai, já remontava à década anterior, 1954. onga convivência política democrática, os militares fo-
contro e a c asse tra a a ora pautou-se por orte co- am assum n o crescente contro e so re as autor a es
erção so re os s n catos, quan o não por ntervenções v s no na os anos 1960. ant veram uan a-
retas e pr são ou assassnato as eranças. m quase ia Bordaberry desde 1971 como presidente fantoche
todos os casos, os partidos políticos preexistentes foram e passaram a exercer plenamente o poder ditatorial a
ext ntos e o ar amento su met o a severas m ta ões, art r e un o e 1973. emocrac a come ou a ser

Brasília, 1º de abril de 1964

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

orta ec mento os part os e esquer a, mo zações o n c o o s cu o 21, supera os os governos repress -


de conteúdo socialista, aproximação diplomática com vos dos cinco países do Cone Sul, estão em andamento
Cuba e União Soviética, bem como pelo crescimento do rocessos judiciais no Chile, na Argentina, no Uruguai e
etor nac ona -estata a econom a, com estaque para esmo no aragua , que uscam responsa zar a tas
as m nas e co re, ma or onte e v sas o pa s. autor a es e tortura ores o per o o tator a naque-
es países.
O Chile viveu sob a ditadura do general Pinochet até que
a opos ção vencesse um p e sc to nac ona em 1988 e noc et morreu em ezem ro e 2006, quan o se en-
as e e ções pres enc a s o ano segu nte. n c ou-se, ontrava em pr são om c ar e respon a a n meras
então, uma delicada engenharia de transição política ações criminais desde que detido na Espanha. Alfre-
que seria completada ao longo dos anos seguintes. Há do Stroessner morreu exilado no Brasil, em agosto do
mu ta controv rs a e at vros pu ca os em torno a esmo ano, su met o a processos no aragua . n-
est mat va e quantos oram os mortos e esaparec os tegrantes a unta tar rgent na na pr são e, re-
durante o regime Pinochet, predominando cifras que entemente, a imprensa noticiou o suicídio de um alto
oscilam entre 3.000 e 10.000 opositores assassinados. oficial uruguaio, horas antes de comparecer em juízo
ara respon er por seus cr mes. am m o ex-pres -
uanto ao aragua , mporta reg strar que o reg me dente Bordaberry (1973-1976) está impedido de deixar
do general Stroessner, iniciado em 1954 e igualmente o Uruguai, acusado de descumprir a Constituição e de
pautado pela rotineira ocorrência de prisões, torturas graves violações de Direitos Humanos, tendo sua prisão
e execuções e a vers r os po t cos, teve caracter s- ecreta a por om c os comet os em uenos res.
t cas e um comp exo s stema tator a m tar-c v ,
que conferiu ao ditador oito mandatos sucessivos, até O Brasil é o único país do Cone Sul que não trilhou
1989. O Partido Colorado, ao qual pertencia Stroessner, rocedimentos semelhantes para examinar as violações
governa a n a o e aque e pa s, ap s passar por rec c a- e re tos umanos ocorr as em seu per o o tato-

gem super cpolíticas


instituições a , sen oparaguaias
que, no presente momento,uma
ainda ostentam as oial, mesmo
recon tendo oficializado,
ec mento a responsa com
a ea Lei nº 9.140
o sta o pe as95,
instabilidade política que destoa do observado no res- ortes e pelos desaparecimentos denunciados.
tante o one u .
Fases do Regime Militar no Brasil
Em meados da década de 1970, os regimes militares
desses cinco países articularam uma integração ope- O regime militar brasileiro de 1964 - 1985 atraves ou
rac ona e seus rgãos e repressão po t ca para n- e o menos tr s ases st ntas. pr me ra o a o
terc m o e nt e g nc a e para e etuar pr sões, se- o pe e sta o, em a r e 1964, e conso ação
q estros, atenta os com exp os vos ou mesmo executar o novo reg me. segun a começa em ezem ro e
militantes das organizações políticas que atuavam na 1968, com a decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-
resistência à ditadura em seus respectivos países. 5), desdobrando-se nos chamados anos de chumbo,
em que a repressão at ng u seu ma s a to grau. ter-
Idealizada pelo coronel Manuel Contreras, chefe da eira se abre com a posse do general Ernesto Geisel,
DINA, a polícia política de Pinochet, a chamada Ope- em 1974 – ano em que, paradoxalmente, o desapare-
ração Condor terminaria abrangendo também a Bolívia imento de opositores se torna rotina –, iniciando-se
ap s a eerru
Torres, até oaEquador.
a o governo
Comonac onadessa
parte sta operação,
e uan osfo- então
o per uma
o o enta a ertura po t ca que r a at o m
e exceção.
ram assassinados no exílio importantes líderes políticos
omo o senador uruguaio Zelmar Michelini; os minis- a fase inicial, o setor das Forças Armadasue
q prevaleceu
tros e en e, genera ar os rats e r an o ete er; a sputa nterna para coman ar o aparato estata o o
e v r os outros. roveniente da Escola Superior de Guerra (ESG), que av a

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À MEMÓRIA E À VERDADE

onstru o um ver a e ro pro eto nac ona e po er, entre outr na e egu rança ac ona , ea za a em gran-
1954 e 1964, tendo como principal líder o marechal Cas- de parte por Golbery, foi uma tentativa de fundamentar
tello Branco, primeiro presidente do ciclo militar. onceitualmente a suspensão das garantias constitucio-
a s, a m tação a s er a es n v ua s, a ntro u-
O primeiro Ato Institucional, de 09 04 1964, desenca- ão a censura aos me os e comun cação e a repressão
deou a primeira avalanche repressiva, materializada na total aos que se opunham por meio de atividades clan-
assação de mandatos, suspensão dos direitos políti- destinas. A defesa do cristianismo ocidental foi usada
os, em ssão o serv ço p co, expurgo e m tares, omo pretensa nsp ração essa outr na, o que sempre
aposenta or a compu s r a, ntervenção em s n catos o contesta o pe a on er nc a ac ona os spos o
e prisão de milhares de brasileiros. rasil (CNBB), por expoentes como Dom Cândido Padim
e padre Joseph Comblin, ambos igualmente vítimas de
nsp ra a no s m ar at ona ar o ege orte-amer - nvest gações e processos por parte o reg me.
ano, a nasceu em 1949 so a ur s ção o sta o-
Maior das Forças Armadas. Sua orientação era marcada A Doutrina de Segurança Nacional se assentava na
por forte ideologia anticomunista, que se traduziu na tese de que o inimigo da Pátria não era mais externo,
menc ona a outr na e egurança ac ona , com ase e s m nterno. ão se tratava ma s e preparar o ras
na qua se constru u o aparato capaz e contro ar to a ara uma guerra tra c ona , e um sta o contra ou-
a vida política no país e formar quadros para ocupar tro. O inimigo poderia estar em qualquer parte, dentro
argos de direção no novo governo. do próprio país, ser um nacional. Para enfrentar esse
ovo esa o, era urgente estruturar um novo aparato
grupo e o c a s a tam m montou o erv ço epress vo. erentes conce tuações e guerra – guerra
Nacional de Informações (SNI), um dos pilares da dita- sicológica adversa, guerra interna, guerra subversiva
dura, concebido pelo principal teórico do regime, o ge- – foram utilizadas para a submissão dos presos políti-
nera o ery o outo e va. eo esenvo - os a u gamentos pe a ust ça tar.

veram um
defesa pape po det co
do governo un amenta na mp antação e
exceção. Assim, já no final de 1969, estava caracterizada a ins-
talação de um aparelho de repressão que assumiu ca-
acter st cas e ver a e ro po er para e o ao sta o no
a s. eus agentes po am ut zar os m to os ma s s r-
os, mas contavam com o manto protetor representa-
do pelo AI-5 e pela autoridade absoluta dos mandatá-
os m tares, nc u n o-se a a suspensão o re to e
a eas-corpus, a orma zação e ecretos secretos e a
edição de uma terceira Lei de Segurança Nacional (DL
898), introduzindo prisão perpétua e até mesmo a pena
de morte para opositores envolvidos em ações armadas
que t vessem causa o morte.

emanescentes do Grupo Permanente de Mobilização


Industrial, responsável pela articulação do setor em-

oresar a nos preparat


a oraram vos o para
nance ramente o pe a ereestruturação
sta o e 1964,o
aparato repressivo, inicialmente de forma semiclandes-
tina. As Forças Armadas passaram a se adaptar para
en rentamento a guerra e guerr as. estrutura e
Propaganda utilizada pela ditadura militar
n ormação monta a orta eceu sua capac a e para

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

travar a guerra sur a que se eu por me o os nter- om otações orçament r as pr pr as e c e a o por


rogatórios com torturas, das investigações sigilosas, da um alto oficial do Exército, o DOI-CODI assumiu o pri-
escuta telefônica, do armazenamento e processamento eiro posto na repressão política no país. No entanto,
e n ormações so re at v a es cons era as su ver- os Departamentos de Ordem Política e Social DOPS e
vas. ram enqua ra as nesse campo, es e s mp es as e egac as reg ona s a o c a e era , em como
reivindicações salariais e pregações religiosas, até as o Centro de Informações de Segurança da Aeronáuti-
formas de oposição por métodos militares. a (CISA) e o Centro de Informações da Marinha (CE-
mantiveram ações repressivas independentes,
e o menos entre 1969 e 1976, a estrutura o s ste- ren en o, torturan o e e m nan o opos tores.
ma repressivo adquiriu o formato de uma ampla pirâ-
mide, tendo como base as câmaras de interrogatório sse gigantesco aparelho repressivo chegou a atuar tam-
e, no v rt ce, o onse o e egurança ac ona . m ora o pa s. m 1972, e xou sua marca na o v a,
t n a s o cr a o em 13 e u n o e 1964 para ap s o go pe que erru ou uan os orres; em 1973, no
recolher e processar todas as informações de inte- Chile e no Uruguai; e em 1976, na Argentina. Essa expan-
resse da segurança nacional. Seu comandante, com ão tentacular foi relatada por vários exilados submetidos
tatus e m n stro, mant n a encontros r os com o a nterrogat r os por agentes ras e ros quan o presos
pres ente a ep ca e t n a uma gran e n u n- aque es pa ses. s agentes ras e ros exp cavam sua
ia sobre as decisões políticas do governo. Tanto que, resença no exter or como parte e uma m ssão para tre -
desse órgão, saíram dois presidentes do ciclo militar, ar em técnicas de interrogatório e tortura seus colegas
o genera m o arrastazu c e o genera oão o v anos, c enos, argent nos e urugua os.
apt sta gue re o.
A resistência
Apesar do grande aparato montado, o serviço de inteligência
não consegu u respon er com e c nc a s expectatvas o o ongo os 21 anos e regme e exceção, em nen um mo-

governova,num
repress surgpru mero momento.
a necess ara me
a e e uma orar acompeta
ntegração e c ca ento adesoce
ento a e raspelos
oposição, e ra mais
e xoudiversos
e man canais
estar seu sent-diferentes
e com
entre os organismos da repressão, ligados aos ministérios do íveis de força. Já nas eleições de 1965, adversários do regime
x rc to, a ar n a e a eron ut ca, o c a e era e s vencerama sputa paraos governos esta uas e nas eras
po c as esta ua s. m ão auo, o monta a, em 1969, uma e a uana ara, evan o os m tares a ecretar em outu ro o
operação p oto que v sava a coor enar esses serv ços, c a- Ato Institucional nº 2 (AI-2), que eliminou o sistema partidário
mada Operação Bandeirante (OBAN). Não era formalmente existente e forçou a introdução do bipartidarismo.
v ncu a a ao x rc to, mas estava, e ato, so a c e a e
eu coman ante, o genera anavarro erera. o ntre 1966 e 1979, o ov mento emocr t co ras e -
omposta de efetivos do Exército, da Marinha, da Aeronáu-o (MDB) atuou como frente legal de oposições, ampla-
tica, da Polícia Política Estadual, do Departamento de Políciaente heterogênea. Nesses 13 anos, sua conduta alter-
Federal, da Polícia Civil, da Força Pública, da Guarda Civil e até
ou fases pragmáticas de conformismo e momentos de
e c v s param tares. en rentamento cora oso. o v t ma e c c os v ngat vos e
assação e man atos e so reu a e ção e pacotes com
A experiência da OBAN como centralizadora das ações egras casuísticas que buscavam perpetuar a supremacia
repressivas em São Paulo foi aprovada pelo regime do partido governista, a Aliança Renovadora Nacional
m
País.tar, que reso
Nasceu veuo esten
então er seu ormato
Destacamento a to o de
de Operações o Arena , comprovando
o as urnas quan o e que
as oe regime só aceita
eram avor ve s.va o resulta-
Informações/Centro de Operações de Defesa Interna,
lembrado ainda hoje pela temível sigla DOI-CODI, que Atingida com dureza já nos primeiros dias do novo go-
orma zou no m to o x rc to um coman o eng o- verno, quan o a se e a n ão ac ona os st u antes
an o as tr s rmas. (UNE) foi incendiada na Praia do Flamengo, Rio de Ja-

23
À MEMÓRIA E À VERDADE

vo tam as mo zações e massa que ar am n c o


onstrução de um novo sindicalismo no Brasil.

rea nte ectua e art st ca representou outro p o e


es st nc a. m s ca, o c nema, o teatro, a teratura,
distintos segmentos da vida cultural brasileira torna-
am-se arena de contestação ao regime autoritário,
ag n o mu tas vezes como ousa a tr nc e ra que ex g a
o resgate a er a e e cr ação. setor en rentou,
omo represália, períodos de vigorosa censura e mesmo
a prisão de grandes expoentes artísticos, em especial
as semanas que se segu ram ecretação o -5.

o contexto e en urec mento o reg me, a gumas or-


ganizações partidárias de esquerda optaram pela luta
arma a como estrat g a e en rentamento o po er
os m tares. asceram erentes grupos guerr e -
os, compostos por estu antes em sua gran e ma or a,
as incluindo também antigos militantes comunistas,
tares nac ona stas, s n ca stas, nte ectua s e re -
g osos. ssas organ zações po t co-m tares a otaram
táticas de assalto a bancos, seqüestro de diplomatas
estrangeiros para resgatar presos políticos, atentados a
quart s e outras mo a a es e en rentamento, o que,

neiro, o Movimento
om energia a partirEstudantil
de 1965,começou
em todoaosePaís.
manifestar
A UNE or sua vez,
agentes tam mdepro
dos órgãos uz u n emeras
segurança v t mas entre
do Estado.
desafiou abertamente a proibição das entidades estu-
ant s aut nt cas, mposta pe o pr me ro m n stro a onso ou-se, com o -5, uma n m ca e ra ca-
Educação do regime militar, Flávio Suplicy de Lacerda. zação que t n a nasc o no o o a sputa que
envolveu a escolha do sucessor de Castello Branco
Essas manifestações cresceriam até atingir seu auge nas o comando do regime. O general Costa e Silva as-
gran es passeatas e 1968, entran o em re uxo ap s a umiu a presidência, em 1967, como representante
ecretação o -5, em ezem ro aque e ano, para vo - a c ama a n a ura, va e zer, setores as tr s
tar a crescer novamente a partir de 1977. Em fevereiro de rmas que re e tavam qua quer mo eração ou to e-
1969, o governo Costa e Silva chegou a baixar um dis- ância quanto às oposições. Na chefia do SNI, Costa
pos t vo espec co para repr m r a opos ção po t ca e a e Silva colocou Garrastazu Médici, que seria o pre-
at v a e cr t ca nas un vers a es, o ecreto nº 477, que ente segu nte, representan o o per o o e ma or
previa o desligamento de estudantes, professores e funcio- trucu nc a repress va.
nários envolvidos em atividades subversivas.
essa dinâmica, o governo tinha alijado até mesmo li-
Os sindicatos de trabalhadores, fortemente golpeados eranças po
bilização pelat cas que oram
deposição gran Goulart,
de João es expoentes a mo-
como Carlos
pelo regime já nos primeiros dias de abril de 1964, con-
eguiram se reerguer gradualmente e realizar importan- acerda e vários outros. O endurecimento levou ao sur-
tes greves em 1968, em Osasco SP e Contagem MG , gimento, em 1966, de uma Frente Ampla que reunifica-
retornan o a um patamar e ermentação screta at va guras ametra mente opostas no eque part r o
atingir novo salto em 1978, quando no ABC paulista, ras e ro, como o pr pr o ac er a, usce no u tsc e ,

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

oão ou art e outros. m 5 e a r e 1968, a rente g osos, tra a a ores, estu antes, centenas e mães e a
Ampla seria terminantemente proibida pelo regime. opulação de um modo geral se uniram na “Passeata dos
Cem Mil”. O que, por sua vez, acabou acirrando ainda mais
esca a a repress va so re os estu antes eu novo sa to a tensão no se o os segmentos extrem stas o reg me.
a part r e 28 e março e 1968, quan o po c a s spara-
ram contra manifestação que protestava pelo fechamento asseatas estudantis se repetiram em quase todos os
do restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, matando o estados do Brasil naquele período. Em São Paulo, em
ecun ar sta son u s ma outo. o unera compare- 3 e outu ro, estu antes a , na rua ar a n-
eram 50 m pessoas, ocorren o ezenas ou centenas e ton a, en rentaram a po c a e a unos a n vers a e
prisões. Dias depois, a cavalaria da Polícia Militar invadiuMackenzie, sede do Comando de Caça aos Comunistas
a igreja da Candelária, onde se realizava a missa de sétimo (CCC), resultando na morte de outro secundarista, José
a, com a presença e m ares e estu antes. u marães. as epo s, ocorreu ocupação po c a que
e xou o ant go pr o un vers t r o prat camente es-
Em 21 de junho, a violência cresceu ainda mais no Rio truído. No dia 12 de outubro, a polícia invadiu um sítio
de Janeiro. Forças policiais reprimiram passeata estudantil em Ibiúna, no interior do estado, onde se realizava, de
que re v n cava ma s ver as para o ens no, restan o um orma c an est na, o 30º ongresso a , pren en o
a o e quatro mortos, num ep s o que o reg stra o os participantes (entre 700 e 1.000 pessoas), incluindo-
na imprensa como “sexta-feira sangrenta”. A opinião pú- e aí a quase totalidade de suas lideranças nacionais.
blica reagiu expressando um nível de indignação contra a
ruta a e repress va, que a n a não t n a prece entes ssa pr me ra ase o c c o autor t r o term nar a no
es e 1964. o a 26 e un o, art stas, nte ectua s, re- na aque e ano. governo pe u cença ao eg s a-

Em seu governo, o marechal Arthur da Costa Silva (1967 – 1969) editou o AI-5, que lhe dava poderes para fechar o Parlamento,
cassar políticos e institucionalizar a repressão

25
À MEMÓRIA E À VERDADE

t vo para processar o eputa o e era rc o ore ra om o a astamento e osta e va, em agosto e


Alves, do MDB, que havia discursado da tribuna da Câ- 1969, por motivos médicos, uma Junta Militar ocupou
mara denunciando a violência policial e militar exercida de forma provisória o poder, impedindo a posse do vice-
ontra as passeatas estu ant s. om r o ovas na res ente c v , e ro e xo. e me ato, a unta e -
erança a opos ção, o par amento ras e ro não se tou, em setem ro e 1969, uma nova e e egurança
urvou à exigência e essa negativa foi utilizada pelo acional, com elevação drástica do conteúdo repressivo
regime como pretexto final para a decretação do AI-5, e introduzindo a pena de morte. Na disputa sucessória
em 13 e ezem ro. então e agra a, o genera c o o vence or em
uma votação reta entre genera s o to- oman o.
O AI-5 foi considerado um verdadeiro “golpe dentro do Médici pertencia ao grupo palaciano que havia aposta-
golpe”. O Congresso Nacional foi fechado, as cassações do no fechamento político do Estado e sua posse abriu
e man atos oram retoma as, a mprensa passou a ser a ase e repressão ma s extrema a em to o o c c o e
omp etamente censura a, oram suspensos os re tos 21 anos o reg me m tar.
n v ua s, nc us ve o e a eas-corpus. O Conselho
de Segurança Nacional teve seus poderes ampliados e A Constituição de 1967, que Castello Branco havia intro-
a c ama a n a ura assum u o contro e comp eto no uz o em su st tu ção arta e 1946, e que tentava
nter or o reg me. ções e guerr a ur ana, n - ega zar um s stema carente e eg t m a e const tu-
iadas antes do AI-5, se avolumaram nitidamente até ional, é trocada, por decreto, pela Constituição de 1969.
etembro de 1969, quando o espetacular seqüestro do ste último arremedo de Constituição, completamente in-
em a xa or norte-amer cano no ra s , ar es ur e onst tuc ona uz e qua quer a or agem apo a a nos
r c s gn cou uma esmora zação o po er o re- r nc p os un versa s o re to, na a ma s az a o que
press vo o reg me e, ao mesmo tempo uma convoca- es o rar as mpos ções cont as no racon ano -5.
ão para que ele fosse redobrado. este tinha abolido os direitos individuais, que representam

Reunião da Campanha pela Anistia, em 19 78, na Câmara de Vereadores de São Paulo

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

o e xo centra e to os os prece tos o const tuc ona smo, vo v am a t ma campan a m tar e an qu amento
bem como da própria democracia. ontra os militantes do PCdoB no Araguaia.

part r e então, num c ma e ver a e ro ter ror e uan o, o se tornou o a vo pr nc pa o apare o


sta o , o reg me ançou o ens va u m nante so re os epress vo, em 1974 e 1975, os rgãos e segurança e -
grupos armados de oposição, que tinham imposto uma inaram fisicamente a quase totalidade de seu Comitê
derrota desmoralizante aos militares que cederam no Central, sem fazer qualquer anúncio público. O regime
eq estro o em a xa or norte-amer cano, trocan o- anteve comp eto s nc o so re as notas e esapa-
o pe a ertação e 15 pr s one ros po t cos. a em ec mento que a mprensa, vo tan o a exper mentar
diante concentrou seu fogo, em primeiro lugar, contra equenas brechas na censura, começou a publicar com
as organizações que agiam nas grandes capitais: ALN, autela.
-8, , a erme a, , - a mares e mu -
tas outras. ntre 1972 e 1974, com ateu e exterm nou A distensão
uma base guerrilheira que o PCdoB mantinha em trei-
namento na região do Araguaia desde 1966. Entre 1975 rnesto Geisel assumiu a Presidência da República em
e 1976 an qu ou 11 ntegrantes o om t entra o arço e 1974, anunc an o um pro eto e stensão enta,
PCB e, em 16 12 1976, cercou uma casa onde se reunia gra ua e segura. nco anos epo s, ao transm t r o posto
a direção do PCdoB, matando três dirigentes e prenden- ao genera oão apt sta gue re o, entregar a ao sucessor
do quase toda a direção daquele partido. um regime ainda não democrático, mas onde a repressão
o t ca era menos acentua a. star a a o o o -5, a -
um computo na , a v o nc a repress va não poupou er a e e mprensa v n a sen o evo v a aos poucos, as
as organ zações c an est nas que não t n am a er o ropostas de anistia eram debatidas abertamente e Gol-
à luta armada, e nem mesmo religiosos que se opunse- bery do Couto e Silva, que voltou então à primeira cena na
ram ao reg me sem ação a qua quer organ zação. s v a po t ca nac ona , preparava uma proposta e re orma

pres osso caram


mortes super
torturas puota
aramos eeasa gumas
stas enunc an oe
ezenas art r a ext ngu n o o part ar smo orça o.
opositores, em 1962, para várias centenas, em 1979, o entanto, é certo que nos três primeiros anos de Geisel,
ano a n st a. os nterrogat r os me ante tortura e a e m nação s ca
os opos tores po t cos cont nuaram sen o rot na. e-
A temática dos Direitos Humanos, que antes da ditadura aparecimento de presos políticos, que antes era apenas
era um elemento quase ausente na agenda pol ítica nacio- uma parcela das mortes ocorridas, torna-se regra predo-
nal, passa a representar um ponto de vulnerabilidade do inante para que não ficasse estampada a contradição
reg me. cumu am-se e se tornam ca a vez ma s con - entre scurso e a ertura e a repet ção s stem t ca as
veis as denúncias sobre torturas relatadas pelos presos que velhas notas oficiais simulando atropelamentos, tentati-
obreviveram. Cresce o desgaste da imagem do Brasil no vas de fuga e falsos suicídios.
exterior e, principalmente, a pressão que a hierarquia da
gre a at ca exerce em torno o assunto. m 25 e outu ro e 1975, o orna sta a m r erzog
foi assassinado sob torturas no DOI-CODI de São Paulo,
No final de 1973, último ano de Médici, já estava evi- valendo o episódio como gota d’água para que aflorasse
dente o esgotamento do chamado “Milagre Brasileiro”, um forte repúdio da opinião pública, na imprensa e na so-
c o emc nco
grupos anose com
tares or gemorte crescsta
caste mento o ram, ere-
consegu os e aaviltantes
ões e c v como um to o,para
(suicídio) contra a repet
tentar ção e aencena-
encobrir verdadeira
uperam força, impondo Ernesto Geisel como próximo otina dos porões do regime.
presidente. No momento de sua posse, em março de
1974, os rgãos e repressão t n am ogra o x to r s meses epo s, no mesmo - e ão au o,
no com ate aos grupos e guerr a ur ana e esen- assass na o so torturas o oper r o meta rg co anue

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À MEMÓRIA E À VERDADE

e o, sen o expe a, ma s uma vez, nota o c a com Anistia e fim do regime militar


a inacreditável versão de suicídio. Mas, pela primeira vez
na história do regime militar, o presidente decide agir
con- o m to po t co, 1979 o ano a n st a, que o
tra os porões e em te o oman o o x rc to o genera aprovada em 28 de agosto, envolvendo questões po-
Ednardo D’ vila Mello. Abre-se, então, um confronto claro êmicas a ser abordadas logo adiante neste livro-rela-
entre Geisel e militares mais à direita, que só terminaria t r o. esmo ncorporan o o conce to e cr mes co-
om a queda de Sylvio Frota do comando do Exército, em exos para ene c ar, em tese, os agentes o sta o
outu ro o ano segu nte. envolvidos na prática de torturas e assassinatos, a Lei
de Anistia possibilitou o retorno de lideranças políticas
Antes disso, em abril de 1977, o regime militar volta a de- que estavam ex a as, o que trouxe novo mpu so ao
retar o fechamento do Congresso Nacional para editar o rocesso e re emocrat zação. esse mesmo ano, o
acote e r , con unto e me as casu st cas que se aprovada a reformulação política que deu srcem ao
est navam, pr or tar amente, a conter o orta ec mento istema partidário em vigência até os dias de hoje.
o , que t n a co o um surpreen ente cresc mento
nas urnas em 1974. Repete-se, assim, o expediente anti- es e 1978, no entanto, v n am se repet n o atenta os
emocr t co ut za o no ano anter or, quan o o e ta- a bomba, invasões ou depredações de entidades de ca-
a a e a cão, est na a a pre u car os can atos a áter oposicionista, jornais e mesmo bancas de revista,
oposição nas eleições municipais daquele ano. O Pacote u a autor a sempre o nterpreta a como s po en o
de Abril introduziu a esdrúxula figura do senador biônico, a er aos ntegrantes o apare o e repressão. aque e
omo recurso autor t r o para mpe r o cresc mento o ano, registraram-se 24 atentados desse tipo somente em
nas e e ções o ano segu nte. Minas Gerais. Praticamente coincidindo com o primeiro
an vers r o a e e n st a, em 27 e agosto e 1980
Apesar de todos os expedientes arbitrários, o governo mi- uma bomba explodiu na sede da OAB do Rio de Janeiro,
tar so reu outro rev s nas urnas e 1978, com novo sa to ausando a morte da secretária Lyda Monteiro da Silva.
no
ua orta ec mento
trajetória o com
contava , part
umaoimportante
que nessa aala
turade e“au-a me a em que, at o e, nunca o ras o n orma-
tênticos”, designação assumida por deputados e senado- o o c a mente so re a ver a e ra ra ogra a o apa-
res que enunc avam as v o ações e re tos umanos e ato de repressão, incluindo dados sobre sua história,
eram ntrans gentes no em ate par amentar contra a re- estruturação interna, orçamento e, sobretudo, sobre as
na, sendo muitos deles ligados às lutas sindicais e popula-atas e cronograma e seu esmante amento ou rees-
res que vinham crescendo no cenário de abertura. truturação, a n a preva ecem ncertezas e nterpreta-
ões discordantes a respeito de quem foram os respon-
m u o e 1977, a cassação e man ato votou a atng r a áveis por mais esse assassinato.
figura do líder do MDB na Câmara dos Deputados. A violên-
ia do regime militar contra o deputado paranaense Alen-m 30 e a r e 1981, parece ter se con rma o e
ar Furtado era resposta ao pronunciamento feito por ele no
forma inequívoca a existência de algum tipo de braço
programa part r o o , em ca e a nac ona , quan o landestino da repressão ainda operando plenamente.
a or ou o tema os esaparec os e manera contun ente: o que tu o n ca, o s mem ros o - o o
“Hoje, menos que ontem, ainda se denunciam prisões arbi-e ane ro so reram um ac ente, quan o preparavam
trárias, punições injustas e desaparecimento de cidadãos. atentado
O terrorista no Riocentro, durante um show
programa o para
pessoa umana e en
queenão
a nv oa aa aresa em
e os re tos aos
prantos; de música popular em comemoração ao 1º de Maio.
om a exp o u no carro em que estava um cap tão e
órfãos de pais vivos – quem sabe Mortos talvez. Os ór- um sargento, am os o x rc to, morren o este e can o
fãos do talvez e do quem sabe. Para que não haja esposas gravemente ferido o oficial. O inquérito instaurado pelo
que env vem com mar os v vos, ta vez, ou mortos, quem egime foi encerrado com conclusões absolutamente inve-
abe Viúvas do quem sabe e do talvez”. oss me s. oão apt sta gue re o não t n a orça ou não

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

qu s repet r, no caso, a at tu e rme a ota a por e se , a equa o para que o ras pu esse na mente escre-
inco anos antes, no episódio Manuel Fiel Filho. ver uma verdadeira Constituição democrática.

as e e ções e 1982, que marcaram a estr a as no- romu ga a em 5 e outu ro e 1988, a arta que
vas s g as part r as – , , , e –, sses u marães at zou como onst tu ção a ã
as oposições conquistam o governo estadual em várias definiu o país como uma democracia representativa e
unidades da Federação, destacando-se São Paulo, Rio participativa, fixando, no artigo 1º, que o Estado Demo-
e ane ro e nas era s. cr t co e re to tem como um e seus un amentos a
gn a e a pessoa umana. ras vo tou s urnas
A sociedade brasileira queria mais. Entre novembro de em 1989 para eleger livremente o presidente da Repú-
1983 e o abril de 1984, uma grande pressão popular blica, pela primeira vez em quase 30 anos.
ex g u e e ções retas, mo zan o m ões e pesso-
as em passeatas e com c os. ssa campan a, con ec - urante to a a ca a e 90, as nst tu ções po t cas
da como “Diretas Já”, não logrou vitória na votação da funcionaram em absoluta normalidade, verificando-se
Emenda Dante de Oliveira, em 25 de abril de 1984, mas convivência regular entre os três poderes da República.
apressou o m o reg me m tar. a s mostrou-se capaz e superar grav ss mas cr ses
po t cas, como a que evou ao mpeac ment o pres -
No Colégio Eleitoral reunido em janeiro de 1985, o go- dente Collor, em 1992. Segue em perfeita rotina a dis-
vernador de Minas Gerais, Tancredo Neves, foi eleito puta e alternância de partidos políticos nos municípios,
pres ente, mas uma grave en erm a e mpe u sua nos esta os e no n ve e era .
posse em 15 e março, v n o a a ecer em 21 e a r .
Foi empossado o vice, José Sarney, senador do Mara- Ao ingressar no século 21, o Brasil se revela portador de todos
nhão que havia pertencido à Arena, mas já em maio os os ingredientes de uma verdadeira democracia política. Reú-
part os comun stas oram ega za os, os ana a etos ne, portanto, con ções p enas para superar os esa os a n a

oramalgumas
voto, a m t os na c a da
restrições an Anistia
a p ena de
com o re
1979 to aore-
foram restantes
aos re tos e umanos.
etvação ão
e um
po erotemer
usto oscon
stema e proteção
ec mento ma s
visadas e abriu-se amplo debate sobre o caminho mais profundo a respeito do próprio passado.
A história da Comissão Especial

A
busca da verdade pelos familiares das pes- ão consumadas; 130 pessoas foram banidas do País;
oas que morreram na luta contra o regime 4.862 tiveram cassados os seus mandatos e direitos po-
m tar uma st r a onga e rep eta e t cos; 6.592 m tares oram pun os e pe o menos 245
o st cu os. e n c o, as a m as e seus a - estu antes oram expu sos a un vers a e.
vogados tinham em mãos apenas uma ver-
ão falsa ou simplesmente um vazio de informações. Há Apesar de limitada e de excluir arbitrariamente de seus
ma s e 35 anos, seguem aten o em to as as portas, ene c os uma gran e parce a os presos po t cos
ns st n o na oca zação e ent cação os corpos. ve- ex stentes na poca, a e e n st a teve pape pos t vo
ram sucesso em poucos casos. Mas alcançaram êxito num a criação do clima de abertura que se consolidaria no
primeiro objetivo importante: o Estado brasileiro reconhe- aís no transcurso da década de 1980. As eleições de
eu sua responsa a e pe as mortes enunc a as. 1982 evaram ao governo os pr nc pa s esta os ra-
e ros eranças a opos ção como ancre o eves,
A legítima pressão exercida por militantes dos Direitos ranco ontoro e eone r zo a. os anos segu ntes, o
Humanos, ex-presos políticos, exilados, cassados e fa- ovimento “Diretas Já”, a posse de um presidente civil
m ares e mortos e esaparec os a avor a n st a e ea areconstrução
promu gaçãoo astaonst
o tuemocr
ção et co
1988e comp
re to.etaram
o re to ver a e a qu r u v gor em mea os a -
ada de 1970, até resultar na conquista da Lei nº 6.683,
de 28 de agosto de 1979, conhecida como Lei da Anis- esse novo ambiente, o fortalecimento da luta dos fa-
t a. veram pape marcante nessa orna a o ov mento ares as v t mas o reg me m tar a r r a cam n o
em n no pe a n st a e o om t ras e ro pe a n st a, ara a conqu sta – ma s tar e – a e nº 9.140. a r-
om várias unidades estaduais, impulsionados por lideran- ou a responsa a e o sta o pe as mortes, garan-
as como Therezinha Zerbini, Mila Cauduro, Luiz Eduardo tiu reparação indenizatória e, principalmente, oficializou
reen a g , ny aymun o ore ra, a re r st na o r o recon ec mento st r co e que esses ras e ros não
r a, ramaya en am n, e ena reco, c a eres, eot - o am ser cons era os terror stas ou agentes e pot n-
nio Vilela, Paulo Fonteles e muitos outros. ias estrangeiras, como sempre martelaram os órgãos de
egurança. Na verdade, morreram lutando como oposito-
s a o a repressão po t ca exerc a pe o reg me at n- es po t cos e um reg me que av a nasc o v o an o a
g a c ras mu to e eva as. a cu a-se que cerca e 50 onst tuc ona a e emocr t ca ergu a em 1946.
mil pessoas teriam sido detidas somente nos primeiros
meses da ditadura, ao passo que em torno de 10 mil romulgada no governo do general Figueiredo, a Lei da
a ãos ter am v v o no ex o em a gum momento o Anistia é considerada polêmica, ainda hoje, por muitos ju-
ongo c c o. o pesqu sar os a os constantes e 707 stas, so retu o quanto nterpretação e que e a a so ve
processos políticos formados pela Justiça Militar entre automat camente to as as v o ações e re tos umanos
1964 e 1979, o projeto Brasil Nunca Mais contou 7.367 que tenham sido perpetradas por agentes da repressão po-
acusa os u c a mente e 10.034 at ng os na ase e ítica, caracterizando-se assim o que seria uma verdadeira
nqu r to. ouve quatro con enações pena e morte, auto-an st a conce a pe o reg me a s mesmo.

30
e qua quer orma, ca e estacar que, ao xar a ata o t cos es e 2001, para tentar esvaz ar a campan a
inicial de abrangência da Anistia em 2 de setembro de ela Anistia, o Governo Geisel obteve, como um de seus
1961, os legisladores entenderam que, já na crise polí- últimos atos, a aprovação de uma nova Lei de Seguran-
t ca a ren nc a o pres ente n o ua ros, a norma- a ac ona , a e n mero 6.620, em ezem ro e 1978,
a e emocr t ca av a s o romp a por uma nter- anten o como ase a outr na e egurança ac o-
venção militar inconstitucional. al, mas introduzindo a diminuição de todas as penas,
em função de que inúmeros presos políticos foram sol-
os meses que antece eram a aprovação a e , o tos, pe a a equação e suas con enações nova e .
om t ras e ro pe a n st a encam n ou ao sena-
dor alagoano Teotônio Vilela, presidente da Comissão Mais de dez anos depois, persistindo na batalha perma-
Mista formada para examinar a matéria no Congresso ente para obter informações e denunciar os crimes co-
ac ona , um amp o oss com a st r a os mortos et os pe o sta o so o reg me m tar, os ras e ros
e esaparec os. a s tar e, esse ocu mento o s s- que uscavam o para e ro e seus os, pa s, rmãos
tematizado e ampliado pela Comissão de Familiares e e am gos es e os anos 70 reav varam a esperança em
pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da As- 4 de setembro de 1990, com a descoberta de uma vala
em a eg s at va o o r an e o u , serv n o e omum no cem t r o om osco, em erus, per er a a
ase para n meros tra a os poster ores. a e e ão au o. scavações reve aram 1.049 ossa-
as on e, provave mente, se m sturavam restos morta s
A orientação imposta por Figueiredo à tramitação do de opositores políticos, indigentes e vítimas dos esqua-
pro eto e an st a era contr r a e en a pe os paren- rões a morte. ão por acaso, no mesmo cem t r o
tes os persegu os po t cos e pe os om t s e n st a. av am s o encontra os, em 1979, os restos morta s e
Uma das poucas sobreviventes da chamada Guerrilha uiz Eurico Tejera Lisbôa, o primeiro desaparecido polí-
do Araguaia, Criméia Alice Schmidt de Almeida, aponta tico a ser localizado, depois de a viúva, Suzana Keniger
as ncons st nc as aque e pro eto: a so nom a prev s- s a, persegu r p stas urante sete anos.

ta na onst
quando tu ção
pessoas era esrespe por
já condenadas ta acrimes
e modeoopinião
agranteeram uzana e outros familiares retomaram, em 1990, a inves-
ontempladas, ao passo que se excluíam aquelas com tigação das suspeitas envolvendo aquele cemitério como
processo a n a em an amento. m e não an st ar os oca on e os agentes a repressão po t ca ocu tavam ca-
part c pantes nas organ zações e operações e res st nc a veres. orna sta aco arce os pro uz u mat r a para
arma a, a proposta e xava rec as para auto-a so v ção o programa Globo Repórter, mas a emissora preferiu não
dos agentes do Estado envolvidos em crimes de tortura, exibir a reportagem naquele momento. O caso só foi adian-
eq estro, assass nato e ocu tação e ca veres . te, e ato, pe a eterm nação a pre e ta u za run na
(1989-1992), que após a abertura da vala de Perus assu-
O artigo 1º da lei, explica Criméia, fala em crimes po- iu as investigações e apoiou a criação de uma Comissão
líticos ou conexos com estes, frase que deu margem à arlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de
interpretação de que abrange todas aquelas modalida- ão Paulo, para examinar a questão, contribuindo para
es e ação repress va. o entanto, o nome e ca a amp ar a scussão na soc e a e
an st a o era pu ca o orma mente no Diário Oficial da
União, ao passo que nenhum agente da repressão política m 1992, pressões exercidas sobre o presidente da Re-
teve seu nome incluído nesses anúncios. Dezenas de pre- ública, Fernando Collor de Mello (1990-1992), levaram-
os
en po
o sot cos permaneceram
tos apenas por orçaencarcera os apntro
e mu anças s a uzn stas,a, deo São
a eterm
Paulo,nar
quea tinham
evo ução os arqu vos para
sido transferidos o a Po-
meses antes, na Lei de Segurança Nacional”. ícia Federal como precaução do governo militar quando
o PMDB venceu as eleições estaduais. Em seguida, eles
egun o e s r o os antos un or, a voga o e mem- oram a ertos para consu tas os am ares, a voga os e
bro da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos orna stas, repet n o-se a transpar nc a emonstra a

31
À MEMÓRIA E À VERDADE

antes pe o governo esta ua , que av a ranquea o ocu- a m tem que, sem o tra a o, sem a pers st nc a e sem
mentos e fotos do Instituto Médico Legal, em 1990. a lealdade das famílias nada disso teria acontecido. Ha-
via entre os parlamentares muitos ex-presos políticos,
om as novas ontes e pesqu sa, o oss organ za o pe- a vers r os a ta ura, m tantes e opos ção ao reg -
os am ares o amp a o com mu tos a os re evantes. e m tar nas ma s st ntas tr nc e ras, que apo avam
Papéis localizados no arquivo paulista permitiram, por essas ações. Em 1995, foi também de Nilmário Miranda
exemplo, descobrir o local de sepultamento do desapareci- o projeto instituindo a Comissão Permanente de Direi-
o uy ar os e ra er ert, enterra o com nome a so em tos umanos a mara e era , que assum r a como
at v a e e o s. esse per o o, tam m oram a er- r me ra an e ra o recon ec mento pe o sta o ras -
tos os arquivos do DOPS de Pernambuco, em seguida os do eiro de sua responsabilidade quanto às torturas e as-
Paraná e depois os do Rio de Janeiro, tendo os governos assinatos de opositores ao regime de 1964.
e ernam uco e ão au o mpr m o para pu cação
o oss os ortos e esaparec os a part r e 1964 . s as e e ções pres enc a s e 1994, os o s pr nc pa s
papéis do DOPS de Minas Gerais, declarados incinerados andidatos, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio
pela Secretaria de Segurança Pública do estado, seriam ula da Silva, firmaram compromisso com as famílias.
tam m a ertos ao p co em ezem ro e 2004. e e e tos, recon ecer am os esaparec os po t cos e
e es orçar am para encontrar os restos morta s as v -
esqu sas rea za as em to os esses arqu vos constata- timas. Afinal, era preciso assegurar a todos o sagrado
ram evidências de que teriam sido “trabalhados” antes direito ao funeral, bem como o amplo conhecimento
a a ertura, uma vez que p g nas oram e m na as e co as ver a e ras c rcunst nc as em que as mor-
eq nc as nt e ras oram pu a as, mu tas vezes co nc - tes ocorreram.
dindo exatamente com datas de ocorrências relatadas
no dossiê srcinal dos familiares. Mesmo assim, foram A posse do ex-exilado Fernando Henrique Cardoso
e gran e ut a e para comp ementação as n or- 1995-2002 como presidente da República animou os

mações
as orçaspreexrma
stentes e o tenção eco
as permaneceram novas.
ertos spor
arqu
s gvos
o, amJustiça
da ares. que
novo pres ente
a questão dos eterm nouHumanos
Direitos ao n stfosse
ro
embora o ministro da Justiça Maurício Correa tenha tratada como política específica a partir de então. Con-
o t o, em 1993, a gumas n ormações mportantes em tr u u para esses avanços a vu gação pe a mprensa
re at r os que so c tou ao x rc to, ar n a e e- e mat r as como o art go e arce o u ens a va,
ronáutica durante o governo Itamar Franco. filho do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido polí-
tico, que publicou na revista Veja o texto ós não es-
epo s e quase su oca o, com a controvert a n s- uecemos, em como a ntervenção o secret r o-ge-
t a e 1979, o tema o re to mem r a e ver a e a a n st a nternac ona , erre ane, na mprensa
vo tou a a qu r r v s a e crescente nos anos 90. o gaúcha, declarando: “O presidente talvez não entenda
Congresso Nacional, em 1991, o deputado Nilmário Mi- que o crime de desaparecimento é imprescritível, é um
randa, ex-preso político, teve êxito na proposta de criar rime contra a humanidade”.
uma om ssão e epresentação xterna a mara,
para acompan ar as uscas o cem t r o e erus e m 1995, cumpr n o or entação expressa o pres ente
apoiar as famílias dos mortos e desaparecidos. Apesar da República, o ministro da Justiça, Nelson Jobim, rece-
de não ter o poder de uma CPI, a Comissão Externa beu pela primeira vez os representantes da Comissão de
unc onou
e ate uranteatrquestão
em torno s anos,e va en oucomo
contr espaço
n o para que oe eamo grupo
ares eortura
resos unca
o t cos,a s.ortos e esaparec
a au os
nc a, oram
assunto ganhasse ainda mais divulgação. apresentadas as posições defendidas há cerca de 20
anos por esses militantes, assim resumidas nos 10 pon-
s par amentares enga a os na uta pe o recon ec - tos a arta- omprom sso vu ga a urante a campa-
mento os mortos e esaparec os o reg me m tar a e e tora e 1994:

32
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

tantes em passeata pe a n st a

1. Reconhecimento público formal pelo Estado 6. Edição de lei incriminadora assegurando o


brasileiro de sua responsabilidade plena na pri- cumprimento do artigo 5º, parágrafo III da Cons-
são, na tortura, na morte e no desaparecimento tituição Federal, que proíbe a tortura e o trata-
de opositores políticos entre 1964 e 1985. mento desumano e degradante.

2. Imediata formação de uma Comissão Especial de In- 7. Desmilitarização das Polícias Militares estadu-
vestigação e Reparação, no âmbito do Poder Executivo ais e sua desvinculação do Exército.
Federal, integrada por Ministério Público, Poder Legis-
lativo, Ordem dos Advogados do Brasil, representantes 8. Aprovação do projeto de Hélio Bicudo, que re-
de familiares e dos grupos Tortura Nunca Mais, com tirava da Justiça Militar a competência para jul-
poderes amplos para investigar, convocar testemu- gar crimes praticados contra civis.
nhas, requisitar arquivos e documentos, exumar ca-
dáveres, com a finalidade de esclarecer cada um dos 9. Desmantelamento de todos os órgãos de re-
casos de mortos e desaparecidos políticos ocorridos, pressão política.
determinando-se as devidas reparações.
10. Revogação da chamada Doutrina de Seguran-
3. Compromisso de não indicar para cargos de ça Nacional.
confiança pessoas implicadas nos crimes da dita-
dura militar e de afastá-las do serviço público. Como nasceu a Lei nº 9.140

4.
vosCompromisso
da repressãode abrir irrestritamente
política os arqui-
sob sua jurisdição. o encontro
am a ser xacom o mases
as as n stroa ee son
que oserm, começa-a
a aprova
em dezembro daquele ano. Os membros da Comissão
5. Compromisso de anistiar plenamente cidadãos de Familiares também entregaram ao ministro o Dossiê
vítimas da ditadura e reparar os danos causados os ortos e esaparec os , nessa a tura um vo umo-
a eles e seus familiares. o ocumento conten o a un antes n ormações so re

33
À MEMÓRIA E À VERDADE

as c rcunst nc as as mortes e os esaparec mentos, amenta , ou para emen as em p en r o. conte o


incluindo-se agora vítimas brasileiras das ditaduras mi- do projeto foi divul gado no dia 28 de agosto de 1995,
litares do Chile e da Argentina. quando se completavam já 16 anos da conquista da
an st a e quase sete anos ap s a v g nc a a onst -
c e e e ga nete o n st r o a ust ça, os tu ção e 1988, que, ao ser promu ga a, na mente
Gregori, foi encarregado de preparar o projeto de lei, assegurou uma anistia ampla, geral e irrestrita, cor-
merecendo registro seu empenho e habilidade no cum- igindo as limitações de 1979.
pr mento a c tare a. a usca e enten mento
omum entre am ares e representantes o governo os regor part u a e e n st a para esta e ecer os
federal, também cabe ressaltar a contribuição do advo- arâmetros da proposta de reconhecimento da respon-
gado Belisário dos Santos Junior, secretário da Justiça abilidade pelas mortes e desaparecimentos. “O Estado
e a e esa a a an a o sta o e ão au o entre permanente, n epen ente os governos. ren er c -
1995 e 2002, que nterme ou esse ogo. e em- a ãos e, em vez e su met - os a u gamento, execu-
bra que ocorreram reuniões difíceis, refletindo a tensão tá-los, é agir contra a lei. O Estado não protegeu quem
empre existente entre sociedade civil e Estado na ro- estava sob sua custódia”, lembra ele, ao fundamentar a
t na a v a emocr t ca, mas ressa ta que o poss ve ecess a e e o governo e era assum r to o o nus
esta e ecer om n ve e consenso. a necess r a reparação.

Os familiares conseguiram garantir, no escopo da lei, a elaboração do projeto de lei foram estabelecidos três
a poss a e e ser nc u os, poster ormente, outros ontos s cos: o sta o a m t r a sua responsa a-
mortos e esaparec os que a n a não constavam o e pe as mortes; recon ecer a o c a mente os mortos e
oss . Foram atendidos também na reivindicação de esaparec os; pagar a as n en zações ev as, es e
que a proposta não assumisse a forma de Medida Provi- que a família assim o desejasse. Foi organizada uma
r a, para garant r amp o e ate no ongresso ac o- sta n v ua zan o as pessoas e as ncorporan o e

na dar
era antes e sua aprovação.
à sociedade eu o et vo,
e aos parlamentares exp caram,
a oportunidade o familiares
os a orma edas anexo.
vítimas, m o oss
valeram apresenta
também o pe-
como fonte
de conhecer melhor os fatos ocorridos no País durante de informações o reverendo Jaime Wright e Dom Paulo
o per o o tator a . var sto rns, respons ve s pe o pro eto ras unca
a s, e anotações pessoa s o pr pr o os regor , e -
José Gregori, mais tarde secretário nacional dos Direi- tas na época em que integrou a Comissão Justiça e Paz
tos Humanos (1997-2000) e também ministro da Justi- da Arquidiocese de São Paulo.
a 2000-2001 , assumiu o compromisso de realizar to-
os os es orços para esten er a a rang nc a a e , para unca o apresenta a qua quer contestação sta e
riar a Comissão Especial incumbida de analisar novos ortos e desaparecidos que compôs o anexo da Lei nº
asos e para adotar como lista oficial o rol de desapa- 9.140. Contudo, como o rol não era completo, houve
recidos contido no Dossiê compilado pela Comissão de ecessidade de deixá-la em aberto, atribuindo à co-
am ares. ssegurou, tam m, que aver a um repre- ssão espec a nst tu a nessa e a compet nc a para
entante as am as na compos ção a com ssão. exam nar e recon ecer novos casos.

No processo de construção da nova lei, a Comissão O conteúdo da Lei


e re tosavauman
acompan os a to mara
e perto os eputapercorreu
a a scussão, os, que O Projeto de Lei 869, que resultaria na Lei nº 9.140 e na
vários estados realizando audiências públicas para riação da Comissão Especial sobre Mortos e Desapa-
ouvir familiares, colher detalhes dos casos já regis- ecidos Políticos, foi considerado tímido por boa parte
tra os, n agar so re outros nomes e reun r sugestões os am ares. m seu nexo , constava uma re ação
a ser ncorpora as na ormu ação a proposta gover- e 136 nomes e pessoas esaparec as urante o re-

34
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

g me m tar, que ser am recon ec as como mortas por ova e . m esses o st cu os ser a nc u r na e ,
responsabilidade do Estado brasileiro. um primeiro momento, a abertura dos arquivos do re-
gime militar. “Havia feridas profundas, de ambos os la-
oss as am as stava 152 nomes, mas nesse pr - os. rec s vamos encontrar uma sa a avor ve para
me ro momento oram exc u os os que esapareceram to os , ava a os regor .
no exterior (Argentina, Chile e Bolívia) e três referidos ape-
nas por apelidos. A Comissão Especial prevista na lei não Com relação aos mortos, a lei previu a possibilidade de
rece eu nstrumentos ou p enos po eres para apuração nc usão, ap s exame a om ssão spec a , e pessoas
as c rcunst nc as os tos, em ora a qu r sse autor - que morreram e causas não natura s em epen nc as
dade para realizar diligências em busca dos corpos, desde oliciais u assemelhadas. Para Suzana Lisbôa – primei-
que fossem apresentados indícios pelos parentes. a representante dos familiares na Comissão -, esta foi
a pr nc pa conqu sta o mov mento. utra conqu sta
e prev a, a n a, n en zação aos am ares, ex g n- mportante, segun o e a, o que as n en zações eve-
do, porém, que cada parente beneficiado apresentas- iam seguir critérios de eqüidade. Como ponto negativo,
e requerimento e atestado de óbito, o que se revelou ela argumenta que o ônus da prova de que a pessoa
extremamente cu toso. ma or a os cart r os se t n a s o v t ma o sta o ca er a aos am ares. ca-
negava a conce er o atesta o e o n st r o a ust ça va para e es a tare a e convencer a om ssão spec a e
tinha de interferir diretamente para que fosse expedido que as versões de suicídios e tiroteios encobriram assas-
um documento que narrava apenas, nos termos da lei, a inatos por tortura. Cada morte tinha uma versão oficial
morte presum a a pessoa em questão. a sa, a egava-se sempre que a v t ma t n a s o morta
em uga ou t rote o, ou, a n a, comet o su c o. ontu o,
Para Nilmário Miranda, ministro da Secretaria Especial as investigações demonstraram que a maioria absoluta foi
dos Direitos Humanos entre 2003 e 2005, a lei proposta resa, torturada e executada. Aos familiares e advogados
pe o overno ernan o enr que ar oso era apenas a er a provar sso, mesmo com a guns setores o sta o

uma eg s ação Declarava


er aprimorada. e car ter nformalmente
en zat r o, aque prec sava
responsabili- cu tan o o acesso n ormação.
dade objetiva do Estado, mas ninguém, individualmen- ara Belisário dos Santos Junior, no entanto, essa im-
te, ser a nv est ga o . ressão resu tava e uma e tura mu to tera a e .
om ssão, exp ca e e, es e o n c o, tra a ou com o
Prevaleceu como interpretação oficial acerca da Lei de enten mento e ser seu ever a esco erta a ver a-
Anistia, naquele momento, a idéia de que eram inimpu- e real. A verdade formal, aquela que resulta da prova
t ve s os cr mes comet os pe os agentes a repressão os autos era apenas o n c o as uscas, em mu tos ca-
po t ca. e nº 9.140 o cons era a restr t va pe- os. ão o stante a escassa prova ou a a ta e prova
los familiares, argumenta ele, e poderia ter sido mais o requerimento inicial, a Comissão sempre diligenciou,
abrangente, possibilitando exame profundo das cir- té os limites de suas possibilidades, para obtenção de
unstâncias em que ocorreram as violações dos Direitos rovas que autorizassem o reconhecimento da morte ou
umanos causa oras aque as mortes, a ent cação esaparec mento. ouve v r os casos em que o resu ta-
os respons ve s e vu gação as n ormações para o final deveu-se mais ao esforço, às pesquisas, às dili-
toda a sociedade. ências empreendidas pela Comissão que ao material a
ela apresentado pela família requerente”.

n aovextraor
são os autores
n r o paraa ae ,emocrac
no entanto,
a no ouve um ga-
a s, mesmo Cabe lembrar que não houve um esquema amplo de di-
om as divergências mencionadas. Integrantes do Go- vulgação governamental para informar e mobilizar as
verno Fernando Henrique Cardoso consideram que hou- famílias dos mortos e desaparecidos políticos. Para con-
ve compet nc a em encontrar uma sa a ace t ve , sem egu r mo zar o ma or n mero e pessoas, os rupos
ma ores o st cu os para a aprovação e a ap cação a Tortura Nunca Mais, a Comissão de Direitos Humanos

35
À MEMÓRIA E À VERDADE

a mara os eputa os e a om ssão e am ares pas- ep sa como ter a s o mportante ntro uz r na e ,


aram a fazer um trabalho de orientação e apoio às famí- aquelas negociações, a exigência de se abrir novas
lias para que entrassem com os requerimentos, procuras- fontes de informação. “Todos os indícios apresen-
em ex-presos po t cos e ex-compan e ros que pu essem ta os por n s estavam esgota os. rec s vamos e
prestar epo mentos, oca zar testemun as e rea zar pes- ovas ontes e n ormações, quer amos sa er em
quisas nos arquivos já abertos para consultas. que lugar estavam os corpos, como foram parar lá”,
afirma. De acordo com ela, quando os familiares dis-
eputa o e era pe o ato rosso, o ex-preso po t co ut am a proposta com o governo e o eg s at vo, o
ney mor m ana, casa o com ara av er ere ra, t mo ponto toca o o a n en zação. empre s-
viúva de Arnaldo Cardoso Rocha e irmã de Alex Xavier emos que queríamos saber a localização dos corpos,
Pereira e Iuri Xavier Pereira, os três mortos pelos órgãos as circunstâncias das mortes, a responsabilidade. In-
e repressão, trans ormou seu ga nete e seu aparta- en zação era a questão t ma .
mento unc ona numa esp c e e com ssão para e a
de apoio, hospedando familiares, fornecendo suporte ouve pouca scussão em torno o pro eto no eg s-
logístico e monitorando informações sobre as buscas ativo. Os parlamentares que participaram das discus-
por restos morta s. ara mergu ou no contato com os ões na om ssão spec a que ana sou o 869 se
am ares e na organ zação os processos, unto com ecor am as ortes res st nc as apresenta as pe os
Criméia, Suzana e outros colaboradores voluntários. egmentos que entendiam a exigência de apuração e
unição como revanchismo. Para estes, só seria possível
s que não consegu ssem provar a morte o parente apontar cu pa os se osse revoga a, antes, a parte a
ter am nega a a n en zação. prazo para apresen- e e n st a que o erec a co ertura aos que v o aram
tar requerimento ficou estabelecido em 120 dias a ireitos Humanos no exercício da repressão política.
partir da publicação da lei, podendo as provas ser unca houve consenso ou maioria no Congresso para
anexa as poster ormente. ara os regor , era ne- ntro uz r mu anças esse teor.

cess r o ter
questão, um senso
porque po er ae responsa
aver quem sea aprove
e com essa
tasse ara José Gregori, a justificativa do projeto de lei foi
do momento para conquistar uma indenização in- uito bem elaborada, tendo como mecânica os desdo-
ev a , exp ca o ex-m n stro a ust ça. as pre- ramentos a e e n st a. ex-m n stro cons era,
va eceu entre os am ares e mem ros a om ssão tam m, que a pr me ra sta vu ga a era a rangente
Especial a opinião de que seria mais justo e eficaz o suficiente para chamar a atenção da sociedade. Ca-
que o próprio Estado cuidass e de construir tais pro- beria à Comissão Especial providenciar o resgate dos
vas. as c rcunst nc as em que o agente o sta o espo os para ent cação, es e que so c ta o por
respons ve , como po er amos ser o r ga os a re- um am ar, a quem ca er a n car a oca zação a
const tu r a st r a, sen o que nunca t vemos acesso ossa a. Matéria publicada no jornal O Estado de São Pau-
às informações? ”, indaga Gilney Viana. o, om o esboço da lista que integraria a lei, levantou
discussão pública sobre o projeto. Com isso, José Gre-
uan o a proposta e e estava pronta, surg ram co- gor acre ta que a ata a com os setores ma s conser-
ment r os e que não aver a espaço para negoc ação va ores estava prat camente gan a.
dentro do Congresso Nacional. Mais uma vez, os famili
ares
recorreram a José Gregori, pedindo sua ajuda para garantir Mas o assunto ainda era considerado tabu entre al-
eterm
ões na mpe
para as mur que
anças.ossem
s am v as reasventre
n cavam
aque aastera-
que guns
ernanc rcu
o os
enrmquetares.
e o mman stro
reun ão
a usto pres
ça eente
son
tiveram seus casos reconhecidos e as que não tiveram. Jobim com os representantes das Forças Armadas foi
onvocada para anunciar a decisão de criar a lei em
o rev vente as torturas, com pape estaca o na que o sta o assum r a a responsa a e pe os atos
uta os am ares, ar a m a e me a e es omet os urante o reg me m tar. argumentação

36
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

a) Esclarecimento detalhado (como, onde, porque


e por quem) das mortes e dos desaparecimentos
ocorridos.

b) Reconhecimento público e inequívoco pelo


Estado de sua responsabilidade em relação aos
crimes cometidos.

c) Direito de as famílias enterrarem condigna-


mente seus entes queridos, visto caber ao Estado,
e não a elas, a responsabilidade pela localização
e identificação dos corpos.

d) Inversão do ônus da prova: é dever do Estado,


e não dos familiares, diligenciar as investigações
cabíveis, buscando provar não ser ele o responsá-
A busca pelos parentes vel direto pelos assassinatos.

e) Abertura incondicional de todos os arquivos da


apo ou-se na tese e que não av a sent o revan- repressão sob jurisdição da União.
sta na ec são.
f) Compromisso de não nomear e de demitir de cargos
Dois militares considerados importantes no processo, e públicos todos os envolvidos nos crimes da ditadura.
que apo aram a n c at va, e acor o com regor , oram
o m n stro
genera - e-a v são
eron amoyo
ut ca, r ere
ga ra
e roas auro
eves, an
quera,av
e oa g) Inclusão
agentes de todos
do Estado noosperíodo
militantes
entreassassinados
1964 e 1985.por
ido chefe de gabinete do ministro da Segurança Institu-
ona , genera erto ar oso. ntes e tu o, o s gn - h) Indenização como direito e, principalmente,
a o a ec são era ur co. ratava-se e uma o r gação efeito de todo o processo de luta.
do Estado Democrático de Direito. Não era um ataque ao
governo A ou B. Transcendia a essa questão. “Na época, A Comissão Especial
não ex st a a poss a e e rea r r a responsa zação.
o co oca a uma pe ra em c ma o assunto , a rma os om ssão spec a so re ortos e esaparec os o-
Gregori, que procurou ser cuidadoso na redação do pro jeto íticos (CEMDP), instituída pela lei, era composta de
de lei. “Nenhum parágrafo ou inciso da lei poderia propi- ete integrantes: um deputado da Comissão de Direi-
ar acusações part cu ares . tos Humanos da Câmara, uma pessoa ligada às vítimas
a ta ura, um representante as orças rma as, um
Enquanto os familiares discutiam o projeto, foi solicitada em ro o n st r o o e era e tr s pessoas
ua votação em caráter de urgência urgentíssima. Os fa- ivremente escolhidas pelo presidente da República. A
miliares redigiram um documento onde declaravam que “ omposição inicial, bem como as sucessivas alterações

teredas
to famílias,
e to a a soc e a e arasverdade
resgatar e ra, e não exc us vamen-
histórica. Essa não é ocorr as ao ongoas esses
oram apresenta no n c11o anos
este evro-re
sua exatst rnc
o. a,
uma questão humanitária entre os familiares e o governo
– uma ex g nc a e um re to a soc e a e . Os trabalhos começaram no dia 8 de janeiro de 1996,
a sa a 621 o pr o anexo ao n st r o a ust ça,
am m p e tearam: o a pres nc a e gue ea e un or. part r esse

37
À MEMÓRIA E À VERDADE

a, começou a contagem regress va para rev sar uas ress ona os pe o prazo ex guo e pe o surg mento e
décadas de história deliberadamente escondidas. Houve uitos casos novos devido à divulgação pela mídia, o
embates e discussões acirradas na CEMDP. Os familiares trabalho teve de ser acelerado. Os requerimentos fo-
nunca ace taram a n cação o genera swa o ere ra am str u os entre os n tegrantes, que t n am a
omes, pe o ato e seu nome estar c ta o como part c - ssão e montar os processos, anexan o ocumen-
pante os apare os e repressão no ras unca a s , tos e um relatório com explicações sobre as circuns-
livro que se tornou uma espécie de bíblia sobre os cri- tâncias da morte.
mes comet os urante a ta ura m tar.
empre o mu to c o acesso a ocumentos pro a-
O general, que deixou a Comissão em 2003, orgulha- tórios. Aqueles obtidos para comprovar que o Estado
e de sua participação, embora defenda que as inde- era responsável pelas mortes foram procurados nos ar-
nizações também deveriam ser destinadas às famílias qu vos esta ua s a ertos, vros os cem t r os c an-
e m tares e c v s mortos na e esa o reg me. - est nos, reg stros mun c pa s e tam m aprove tan o
n a presença representava o contra t r o, os em ates testemunhos de sobreviventes. Fragmentos foram re-
eram travados com base jurídica, eu atuava como ad- olhidos e juntados minuciosamente para reconstruir o
vogado indicado pelas Forças Armadas”, argumenta o st r co as mortes, mas o n mero e esaparec os
m tar a reserva. ara e e, um os u gamentos ma s u os corpos pu eram ser oca za os e ent ca os
m cos o o e uzu nge . e n c o, o nega o o ainda é considerado ínfimo.
reconhecimento da responsabilidade do Estado por sua
morte e a conseqüente indenização. Em seguida, houve s pesqu sa ores procuraram tam m a ocumentação
rev são o processo e a am a o teve os re tos, con- do Superior Tribunal Militar (relativa aos processos for-
tra o seu voto. O general também não concordou com ados na Justiça Militar) e ali localizaram dados im-
o reconhecimento das mortes e com a indenização às ortantes. Um exemplo foi o de Luiz José da Cunha,
famílias de Carlos Marighella e Carlos Lamarca. que segun o os autos ngressou na pr são apenas e

Familiares se mobilizam por informações


sobre filhos, maridos, esposas e irmãos

| 38 |
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

uecas e me as e, portanto, não po er a ter morr o em orça po c a era ev ente e mass va, como nos casos
tiroteio. Com lupas, respirando o ar viciado e o mofo de Marighella e Lamarca, entre outros”.
dos arquivos, os parentes dos mortos reviravam papéis
amare a os, gar mpan o eta es per os em cau a- corone oão at sta agun es, que entrou na o-
osos textos e nguagem t cn ca ou ss mu a a, em ssão em 2003, concor a com seu antecessor, genera
especial nos arquivos do DOPS de Pernambuco, do Rio Oswaldo Pereira Gomes, no sentido de que suas pre-
de Janeiro e de São Paulo. Também as fotos dos corpos enças tiveram significado especial por permitirem o
oletadas no Instituto Médico Legal IML foram fun- exerc c o o contra t r o. a ato em onstra tam m
amenta s para que m cos eg stas em t ssem au os que a om ssão não se est na a pertro ar erros e
omprovando as marcas de tortura. violências cometidos por autoridades policiais ou mi-
itares, mas à apuração da verdade que possa ensejar
r m a re em ra quan o entrev stou parentes e v t mas um ressarc mento mora e mater a s v t mas e ta s
e camponeses o ragua a, encontran o ex-presos e tor- v o nc as , ass na a, ressa tan o que a uma
turados. Auxiliou, em uma visita à região da guerrilha, a instância de Estado, e não de governo.
Equipe Argentina de Antropologia Forense, ONG especia-
za a na usca os esaparec os aque e pa s e respon- e acre ta que a orça a om ssão res e na etero-
ve pe a exumação e centenas e ossa as em v r os gene a e a or gem e seus ntegrantes, cre enc an-
ontinentes. Os argentinos trabalharam sem cobrar ho- do-a a julgar os casos com isenção. “Ela é um colegia-
norários, solicitando apenas o pagamento de despesas. do que tem opiniões muito próprias, que às vezes são
vergentes. gu m sse que a scussão nasce a
a op n ão e ranc sco e er ac o ere ra, que uz. temos scussões aca ora as mesmo. v ente-
atuou como assessor administrativo da Comissão, entre ente, eu, como ntegrante as orças rma as, não
1996 e 2004, o início não foi tão difícil, pois os primei- enso da mesma forma que pensam outros integrantes.
ros casos a ser n en za os constavam no nexo as e es t m to o o re to e pensar aque a mane -

a e nºe9.140,
Federal em ora
das Forças ouvesse
Armadas em res st nc informações.
fornecer a a o ca a,emocrático
at porqueden Direito.
s v vemos a p en
Tenho tu e e um
procurado sta o
interpretar
Mesmo com as informações preliminares constando no o pensamento da Forças Armadas. Temos algumas fa-
anexo a e , o excesso e tra a o, o tempo ex guo as no nosso passa o, a guns per o os e tur u n-
e a cu a e e o tenção e ocumentos re et am- a, em que eterm na os mov mentos e orça eram
e no clima das reuniões da Comissão. Os integrantes justificados. E que hoje não são mais justificados. As
discutiam com freqüência e os embates mais acirrados orças Armadas têm o maior interesse em restabelecer
ocorr am com o representante as orças rma as. a ver a e os atos e, se poss ve , quan o or o caso,
at promover o ressarc mento o ano. gora, n s não
gue ea e un or, que pres u a com ssão urante odemos é atribuir ao Exército e às Forças Armadas
inco anos, confirma que houve momentos de confron- determinados erros e exageros dos quais participaram
to, quando teve de impor ordem nas discussões mais o passado”.
aca ora as, so retu o urante an se os casos e
ar g e a, amarca e uzu nge , os ma s em em t - ara ele, o trabalho da CEMDP registra para a posteri-
os”. O jurista, que seria ministro da Justiça entre abril e dade um período nebuloso da história do Brasil, “que,
julho de 2002, compara os trabalhos do período em que esperamos, não volte nunca mais, para que possamos
esteve rente como
terror. estaca a mportante
com um cont nuo
avanço a ampme açãoe v an
verapac
e on camente
e to os seem
amumguaras com respe
s perante a e , to
me cante
a-
do conceito de localidade em que a vítima está sujeita o fiel cumprimento do preceito constitucional”.
ao poder do Estado. “Não apenas em quatro paredes se
ava o recon ec mento a responsa a e o sta o, corone agun es em ra tam m o processo so re o
mas mesmo na rua ou no campo, quan o a su m ssão orna sta exan re on aumgarten, o qua o re ator.

39
À MEMÓRIA E À VERDADE

a requereu o pagamento e n en zação, com ase nas o gera , t vemos uma postura equ ra a as orças
versões de que ele teria sido assassinado a mando do ge- Armadas, com pouquíssima oposição de alguns oficiais
neral Newton Cruz. Houve um rumoroso pr ocesso à época, da reserva, mas creio que houve um entendimento su-
ewton ruz o su met o a u gamento na ust ça r - er or e que era necess r o que o sta o assum sse
m na o o e ane ro, sen o a so v o por unan m a e, a responsa a e , ana sa o s regor , que em ra,
inclusive em segunda instância. “eu disse, ao indeferir o ainda, a atuação sempre serena de Miguel Reale Junior
rocesso, cujo relatório foi aprovado por unanimidade, que omo primeiro presidente da Comissão.
não po er a ap car o pr nc p o o n u o, pro reo or-
na sta era um omem e m t p as n m za es. e estava e s r o os antos un or tam m ava a a om ssão
escrevendo um livro, ‘Yellow Cake’ no qual alegava o inte- omo um órgão de Estado, e não de governo, o que faci-
resse de Israel e do Iraque na compra de urânio brasileiro. ita a melhor compreensão de seu papel para a socieda-
tam m era mu to po m ca a a e que preten a re- e. ss m, os mem ros a sempre proce eram
cuperar, com o patroc n o a apem , a rev sta ruze ro om n epen nc a tota . ama s, em qua quer gestão,
ara fazer propaganda do regime. Por que razão o Exército ouve tentativa de decidir neste ou naquele sentido. Sei
o mataria? Matar um amigo? Ele inclusive teria recebido a que houve embates verbais muito duros com o primeiro
e a a o ac ca or , conta o o c a a reserva. epresentante as orç as rma as, o genera swa o
ere ra omes. corone oão at sta, a atua repre-
Os envolvidos na criação da CEMDP e seus integran- entação militar, é um homem com imenso respeito
tes são unânimes em afirmar que o momento de maior elos Direitos Humanos, cujos votos têm honrado a tra-
exasperação o quan o se ec u acatar os pe os as ção esta om ssão. e sa e que as orças rma as
am as e ar os amarca e ar os ar g e a. m se- ão se con un em com os tortura ores que se escon-
nador chegou a telefonar dizendo que o governo estava deram em passado recente atrás de uma farda. E que
passando dos limites. “O deferimento de indenizações a tortura, sob qualquer forma, deve ser punida, e suas
nesses o s casos su meteu nossa nc p ente emocra- v t mas evem ser recon ec as e n en za as pe o s-

a aSantos
dos ma s um teste Elder
Junior. e e a res st u em
Macêdo , op que
lembra na oe voto
s r ode ta o , z e s ro .
Paulo Gonet no processo de Carlos Lamarca tinha 38 Cada processo concluído pela Comissão Especial era
au as e mu tos t p cos oram at mesmo usa os como apresenta o e vota o, mas, como regra gera , o vere-
re er nc a em outros processos. cto não era ec o por consenso, e s m por votação,
após longos debates. Por determinação da lei, as inde-
izações não ocorriam automaticamente. Os familiares
rec savam so c t - as me ante requer mento.

a fase inicial foram protocolados 373 processos, re-


ferentes a 366 pessoas – sendo 132 de desaparecidos
encionados no Anexo I da Lei. Dos 234 restantes, 166
eram mortos re er os no oss or g na e 68 eram ca-
os novos. erença num r ca ocorreu pe a up c -
dade de pedidos ou pela existência de processos repeti-
dos, quando duas pessoas solicitavam indenização pela
esma
a s n vent ma ou uma
zações porquen em
ca pessoa
sua amso ac tava uass ou
av a ma e
uma vítima. Dos processos apreciados, foram aprova-
dos, de início, 148 nomes, 130 deles contidos no dossiê
e 18 casos novos. s n e er mentos somaram 86 pro-
Marighella morto em São Paulo essos, sen o 36 o oss .

40
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

o na os tra a os a , a m os 132 nomes ugust no e t re orça a mport nc a, aqu para a


do Anexo da Lei, aprovou 221 casos e indeferiu 118. As frente, de localizar os restos mortais dos desaparecidos,
indenizações não obedeceram a um cronograma prees- assinalando a necessidade da colaboração das Forças
ta e ec o. cr t r o n co e c cu o o o a expecta- rma as e a o c a e era , tanto na a ertura os
t va e v a e ca a um os mortos ou esaparec os. arqu vos quanto na or entação so re oca zação e
O critério único de cálculo foi o da espectativa de vida orpos e pistas que ajudem. “Nunca houve normativa
de cada um dos mortos e desaparecidos. O piso foi fi- de que documentos fossem destruídos. Acredito que
xado em R$ 100 mil e a maior indenização paga — R$ t veram est no rregu ar , a rma, assum n o que
152.250,00 — o para os am ares e a arva o ão se po e ace tar a a egação e que os arqu vos
Cunha. O primeiro pagamento, feito em maio de 1996, foram destruídos.
beneficiou a gaúcha Ermelinda Mazaferro Bronca, mãe
e os u erto ronca, esaparec o no ragua a. om Busca dos corpos
quase 90 anos, e a era a ma s ve a entre os am ares.
No ano seguinte, Ermelinda ofereceria parte do dinhei- part r e 1996, conqu sta a a e nº 9.140 e nsta-
ro da indenização para financiar a busca dos corpos na ada a CEMDP, os familiares passaram a se concen-
a e e a m o , o e esta o e ocant ns. trar ma s na usca os corpos. m ora a pr me ra
etapa os tra a os t vesse s o c , pe a urg nc a
Para o atual presidente da CEMDP, Marco Antônio Ro- de análise dos diversos casos, a busca dos despojos
drigues Barbosa, os mortos e desaparecidos políticos ostrou-se muito mais desgastante. Miguel Reale
a ta ura sempre retornam, não escans am. que un or conta que prec sou n s st r com o n st r o
não ass m a o pe a st r a reaparece como s nto- a e esa, mostran o ser mposs ve que se esco-
ma , z. ara e e, em pr me ro ugar, o tra a o a ecesse, pe a enverga ura a operação m tar no
Comissão Especial é a possibilidade, com a resposta Araguaia, onde tinham ocorrido confrontos e onde os
o sta o, a restauração a ust ça e a paz, para evo ta os av am s o presos e mortos .

que nunca
dos persegu ções,
mais mortes
voltem e esaparec
a acontecer nestementos orça-
país. Depois, esde 1990, a descoberta da vala de Perus, onde foram
esses trabalhos possibilitam a cicatrização de feridas: identificadas duas ossadas – Frederico Eduardo Mayr e
a uta os am ares const tu uma ec são com orç a en s asem ro – av a emonstra o que essa usca
e um est no tr g co grego, po s, como nt gona em va a a pena. epo s sso, outras va as comuns oram
ua uta para ar sepu tura ao rmão, ass m eles fazem ocalizadas e abertas, como a do Cemitério Ricardo de
om relação aos seus entes queridos mortos e desa- Albuquerque, no Rio de Janeiro, e do Cemitério da Vár-
parec os, mu tos e es assass na os pe a ta ura e ea, em ec e. o entanto, pe as cu a es nan-
enterra os como n gentes . e ras e a ta e co a oração os rgãos o c a s, oram
m nutos os avanços.
“Nessa atribuição de reconhecer a morte ou desapare-
imento dos perseguidos políticos e de indenizar seus m abril de 1996, corroborando o argumento dos fami-
am ares, a om ssão spec a esempen ou um pape ares e que a n a ex stem arqu vos não reve a os, es-
st r co, po s esmontou a ment ra o c a os rgãos on os em repart ções o c a s ou em mãos pr va as,
de repressão em vários casos”. A opinião é de Augustino o jornal O Globo publicou reportagem sobre a Guerri-
Veit, ex-presidente e ainda integrante da CEMDP. “Para ha do Araguaia, na qual teriam desaparecido quase 70
aa assum
a morto,
amapresentavam
a cu pa ou expuma ustos cat
cavam etava,esmas nun-
contra- aessoas. e aapr pmetese
re orçava ra vez, um mu
e que rgão a gran
tos m e mpren-
tantes ter am
ditórios”. Ele avalia que os problemas enfrentados para ido presos antes de ser eliminados.
fazer instrução processual dos casos estudados sempre
ocorreram pe a não-a ertura e arqu vos a n a guar a- orna pu cou uma oto e ar a c a et t a -
os, ou at mesmo tos nc nera os. va, integrante do PCdoB, morta naquela operação mili-

41
À MEMÓRIA E À VERDADE

tar. eu corpo av a s o exuma o em 1991 pe a equ pe mposs ve exec utar a tare a se não osse o aux o os
de legistas da Unicamp, no cemitério de Xambioá. Mas, rofissionais da imprensa, responsável pela cobertura
na ocasião, o coordenador da equipe, Badan Palhares, das buscas.
av a escarta o a p tese e que se tratasse e a-
r a c a. om a pu cação a o to, cou ev ente que utra arre ra en renta a pe os t cn cos oram os re-
o cadáver encontrado vestia as mesmas roupas (uma eios da população local, que, duas décadas depois,
blusa de anlon e um cinturão) e também tinha a ca- ainda se mostrava traumatizada e refratária a confi-
eça envo v a por um saco p st co e o corpo envo - nc as. sensação a usca os corpos exatamente
v o por tec o e p ra-que as. na mente, em ma o, a e procurar uma agu a no pa e ro – to a aque a
a Unicamp reconheceu a identidade da jovem, sendo ata, toda aquela extensão e a necessidade de fixar
eus restos mortais finalmente entregues à família para exatamente onde escavar, d ão uma sensação d e total
rea zação o unera . esamparo , quan o se sa e que o x rc to po er a
o a orar e o governo po er a eterm nar a a ertura
Entre as revelações feitas pelo jornal carioca, cons- de todos os arquivos, argumentou Suzana Lisbôa no
tavam, ainda, indícios de locais de sepultamento elatório Azul , publicado pela Comissão de Cidada-
an est nos ut za os pe os m tares, ato que con- a e re tos um anos a ssem a eg s at va o
trar ava uma versão o c osa e que os corpos a- o ran e o u .
v am s o nc nera os. a tentat va e oca zar ma s
desaparecidos, representantes da CEMDP rumaram Mesmo com todos esses entraves, foram exumados dois
para am o com a na a e e e m tar e pre- orpos no cem t r o e am o . m e es av a s o
ervar os oca s para uturas escavações. s am - esenterra o e escarta o, em 1991, pe a equ pe a
liares trataram de providenciar também uma equipe n camp. e a segun a vez, pa rava a suspe ta e que
de antropólogos especializados no assunto. Foi assim odiam corresponder aos restos mortais do guerrilheiro
que entraram em cena os c ta os espec a stas a oão ar os aas o r n o, m co ga c o, ntegrante

qu pe rg ent na e ntr opo og a orense. o


omo or. , uca.
que cou con ec o na reg ão o ragua a
No Brasil, essa equipe havia realizado, em 1991, no
o e ane ro, uma capac tação para pro ss ona s n a urante a caravana e 1996, oram e tas escava-
a rea, na tentat va e organ zar um grupo nter- ões na reserva n gena os n os uru s, no ar , me-
sc p nar que tra a ar a no exame as 2.100 os- ante autor zação expressa o então m n stro a ust -
adas localizadas pelo Grupo Tortura Nunca Mais no a Nelson Jobim. Uma moradora apontou com exatidão
em t r o car o e uquerque, no o e ane ro. on e av a v sto os m tares enterran o corpos. ntre-
em otação orçament r a, a proposta não segu u tanto, ap s a rea ser vascu a a, esco r u-se que os
a ante. m 1996, o grupo argent no tra a ou no orpos já haviam sido retirados da sepultura, deixando
Araguaia, em três áreas delimitadas pelos familiares: ara trás apenas poucos ossos, o que dificultava a iden-
pátio do DNER em Marabá (PA), parte frontal do ce- tificação. Foi possível concluir unicamente que entre o
mitério de Xambioá TO e Fazenda Fortaleza PA . ater a não exuma o encontravam-se restos morta s
e pe o menos uas pessoas.
A equipe permaneceu no local entre 29 de junho e 27
de julho, enfrentando inúmeras dificuldades. A área to- O saldo da incursão, à primeira vista, foi baixo: apenas
2
ta
– deonXambioá,
e ocorreunaa época
guerr ainda
a esten e-sedeporGoiás,
estado 7.000a Ma-
m um
em esque etoam
ora ten em con
s o ções e poss tarement
e tas escavações o to cação,
s t os.
rabá, no Pará –, o que significou longas distâncias per- a avaliação dos familiares, a expedição serviu para
orridas em estradas poeirentas e cheias de buracos, em evelar indícios de alguma “operação limpeza”. Para o
reg ão evasta a pe o esmatamento. om orçamento esgate a st r a, no entanto, o sa o o astante po-
estre to, a ocomoção tornou-se c ma e ter a s o t vo, que os epo mentos co os con rmaram a

42
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

ocorr nc a e execuções e guerr e ros e mora ores,


a prisão e tortura de um grande número de pessoas, e
eu confinamento em locais semelhantes a campos de
oncentração.

Importância dos arquivos


u z ranc sco arva o o, mem ro a om ssão
spec a urante 10 anos e seu pres ente no per o o
2002-2004, reclama da falta de colaboração de inúmeras
autoridades governamentais, o que sempre limitou o tra-
a o a equ pe. m sua v são, stor camente a
tem um status e n epen nc a. e reg stra que nunca
ofreu qualquer tipo de pressão quando fazia parte do
olegiado. Quando assumiu a presidência, passou a lidar
om a usca e n ormações e perce eu res st nc a por
Sonia Hass procura o corpo de João Carlos morto no Araguaia
parte e rgãos o governo em erar ocumentos, por
exemplo. Segundo ele, quando o presidente Luiz Inácio determinado momento, seus integrantes chegaram a co-
Lula da Silva assumiu o governo, aexpectativa era que os gitar a possibilidade de demissão coletiva, que terminou
anse os a om ssão em re ação a ertura e ocumen- ão ocorren o. ara e sar o os antos n or, a cr ação
tos ser am aten os. as a res st nc a pareceu a n a essa com ssão o um esper c o e tempo sem nen um
mais forte, crescendo a decepção quando investigações esultado prático, a não ser as recomendações finais do
obre o Araguaia foram atribuídas a outra comissão, de elatório”. Segundo ele, “criou-se uma comissão de go-
ar ter nterm n ster a . verno para um assunto que era e esta o geran o um

Criada logo após o governo ter decidido recorrer con- ontencioso


assaria a sejustamente no momento
dedicar a uma de suas em que a CEMDP
atribuições mais
tra sentença expedida pela juíza Solange Salgado, da 1ª importantes, a busca de corpos”.
ara a ust ça e era , eterm nan o a ertura os ar-
qu vos m tares e pronta oca zação os esaparec os part r e 2006 essa tensão m nu u. m março e
no Araguaia, essa comissão interministerial foi instituí- 2007, o relatório final dessa outra comissão reco-
da pelo decreto 4.850, de 2 de outubro de 2003, sendo endou ao presidente da República que determine
omposta, na poca, pe os m n stros a ust ça, arc o aos c e es o x rc to, a ar n a e a e ron ut ca
omas astos, a e esa, os egas, e a asa v , ornecer to as as n ormações requer as pe a ust -
José Dirceu, além do advogado-geral da União, lvaro a Federal. Propõe também a abertura imediata dos
Augusto Ribeiro Costa, e do ministroda Secretaria Espe- arquivos relacionados com as operações militares no
ial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda. Otrabalho ragua a, sugere mu anças na e so re arqu vos,
o ass st o pe os coman antes a ar n a, x rc to e ea rma o comprom sso o governo e era com a
Aeronáutica – almirante-de-esquadra Roberto de Gui- busca dos corpos e se compromete a coordenar no-
marães Carvalho, general-de-exército Francisco Roberto vas diligências na região, a partir das informações
de Albuquerque, e tenente-brigadeiro-do-ar Luiz Carlos que everão ser orn ec as pe as tr s rmas. omo
a va ueno. onc usão, recomen
ermanente a a manutenção
de cooperação e um entre
e troca de dados cana
Durante quase um ano, a tensão entre os dois colegia- o Ministério da Defesa e a CEMDP, reiterando que a
dos foi visível, pois boa parte dos integrantes da CE- esta ca e a responsa a e e coor enar os es or-
cons erou a ormação a om ssão nterm n ster a os para oca zar os restos morta s e rest tu - os s
uma tentat va e esvaz ar o tra a o por e a rea za o. m espectivas famílias.

43
À MEMÓRIA E À VERDADE

Anteriormente, logo depois de empossado como mi- nte g nc a a o c a e era , em como e a gumas
nistro da Justiça, em abril de 2002, o ex-presiden- ivisões de Segurança Interna (DSI) dos ministérios.
te a om ssão spec a , gue ea e un or, t n a
ega o a anunc ar a a ertura os arqu vos, mas e - pesar sso, se a na un vers a e, se a nos grupos e
xou o cargo antes de concretizar a promessa. O novo am ares e e ensores os re tos umanos, se a na
ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, por sua grande imprensa, seguem ocorrendo manifestações de
vez, em t u um conv te para so en a e e a ertura egmentos da sociedade civil que pressionam pela li-
os arqu vos, em outu ro e 2002. as, tampouco eração os arqu vos a n a escon ec os, em como
esse comprom sso se concret zou. or mu anças na e nº 11.111 no tocante s rec as
que possibilitam renovação de sigilo indefinidamente,
m 21 e ezem ro e 2005, a m n stra-c e e a asa dispositivo considerado inconstitucional por juristas de
v ma ousse – e a pr pr a uma v t ma os rgãos expressão nac ona .
de repressão – anunciou a transferência da documenta-
ão relativa ao período da ditadura militar que estava Mudanças na Lei e
em poder da Agência Brasileira de Inteligência Abin os próximos passos
para o rqu vo ac ona , su or na o a sua pasta.
material pertencia ao Serviço Nacional de Informações, m agosto e 2002 o e ta a a e nº 10.536, ntro uz n-
ao Conselho de Segurança Nacional e à Comissão Geral do alterações na Lei nº 9.140/95 – que tinha como data de
de Investigações, compreendendo o período de 1964 a abrangência, para efeito de indenizações, 15 de agosto de
1990. oram transporta os 13 arqu vos e aço com o- 1979. nova e amp ou essa ata para 5 e outu ro e
tos, cartazes, filmes, livros, panfletos e revistas, além de 1988 – ata a promu gação a nova onst tu ção. m
220 mil microfichas e 1.259 caixas-arquivo. sso, rea r u o prazo para apresentação e processos em
120 dias a partir de sua publicação no Diário Oficial.
m n stra a rmou que ao t rar os arqu vos os rgãos
e nte gpreservar
permite nc a e passar para osdorgãos
a memória País earqu
quevastsocieda-
cos, se utra deputada
ário, mu ança afederal
n a serpelo
a e Rio
ta em 2004.do ar
Grande a integrou
Sul, o o- a
de reflita sobre os valores da democracia”. Os arquivos CEMDP como representante da Câmara entre 2003 e 2006,
oram a ertos, permanecen o nv o ve s tão-somente er o o em que o pr nc pa tra a o o art cu ar ma s uma
n ormações so re a onra, a ma gem, a nt m a e e a amp ação a e nº 9.140. resu ta o o a e a ro-
vida privada dos cidadãos, por força de determinação visória 176/2004, transformada na Lei nº 10.875/04, que
onstitucional e legal. Os arquivos datados até 1975 assou a abranger os casos de mortes em conseqüência de
t veram seu s g o exp ra o e tornaram-se spon ve s repressão po c a so r a em man estações p cas ou
para pessoas retamente nteressa as – que ten am em con tos arma os com agentes o po er p co , e os
os nomes neles citados – ou seus cônjuges, ascendentes uicídios cometidos “na iminência de serem presas ou em
ou descendentes. decorrência de seqüelas psicológicas resultantes de atos
de tortura praticados por agentes do poder público”. Antes
sse assunto regu amenta o pe a e nº 11.111, e a promu gação a nova e , qua quer processo que n -
11 de maio de 2005, srcinária da Medida Provisória asse su c o, ou morte em passeata, por exemp o, per a
228/2004. A lei atribui a uma Comissão de Averiguação o direito ao reconhecimento e à indenização.
e n se e n ormações g osas o po er e a m n s-
trar os ocumentos
do sigilo u tra-secretos
imprescindível e trata
à segurança o enomena-
da sociedade do eputa essa
eração a v parte
a a stcomo
r a respons
o a s, evetape
peaorecu-
pr -
Estado. Durante o ano de 2006, a ministra Dilma Rous- rio Estado, que travou e ainda trava luta com setores
e co or enou outras n c at vas a c ama a esc as- do poder público pelo direito fundamental à verdade e
cação e arqu vos, que resu taram na trans er nc a mem r a. mu ança promov a pe o governo u a
ao Arquivo Nacional dos documentos pertencentes à ostrou que o sta o ras e ro não quer apagar a st -

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

e au os e eg stas, ornecen o n ormações cruc a s


ara mostrar contradições e derrubar registros fraudu-
entos, como no caso das vítimas Gastone Lúcia Beltrão
e rem as e zo cov, entre outros. o pre u ca o em
ua carre ra, per eu grat cações e oportun a es, mas
unca aceitou qualquer pagamento por tudo que fez.

a v são e e s r o os antos un or, os tra a os


e as man estações a om ssão spec a contr u ram
ara amenizar, em certa medida, a dor das famílias que
tiveram membros mortos ou desaparecidos. Quando
um rgão o sta o recon ece a morte ou o esapa-
ec mento, esse ato surgem conseq nc as ur cas,
omo o acesso a um atestado de óbito, a possibilidade
de regularização de determinadas situações familiares,
a n en zação. o entanto, tam m conseq nc as
s co g cas mportantes. am a v ust ca o to o
o período de busca, sente a resposta do Estado, que vale
omo se fosse um pedido formal de desculpas.

egun o e e, c aro que mu tos setores, nota amente


da Polícia Federal e das Forças Armadas, não colabo-
aram com as informações de que dispunham. Houve
ot c as e nc n os, esaparec mento e o cumen-

tos, sem
Mas que qua
acredito quequer respons
o saldo ve t vesse
é positivo”. s oconforme
Ainda pun o.
avaliação de Belisário, infelizmente a questão das mor-
tes e esapar ções po t cas não c ega a ser um tema,
Equipe de antropólogos argentinos faz escavações uma pauta e nossa emocrac a. soc e a e parece
em Xambioá, no Araguaia ter ace ta o a tese e que a n st a se esten eu aos
torturadores – “o que juridicamente é equivocado, pois
r a; que recon ece sua responsa a e em re ação aos o conce to e cr mes conexos traz o pe a e e n st a
que morreram durante a ditadura militar e às famílias. e 1979 não tem o con ão e ene c ar os autores e
Acredito que foi mais um passo na direção da transparên- tortura e outros cr mes o mesmo t po, como, os esa-
a, po s a n a prec sa recon ecer a nversão o nus a arecimentos forçados”.
prova. s, que nascemos urante o reg me m tar, temos
a responsabilidade de resgatar a história,edexigir a verda- ara va antana – representante os am ares na
de, em respeito às vidas que se perderam naquele período CEMDP desde o final de 2005 e vice-presidente do
e res st nc a a um reg me autor t r o . Grupo Tortura Nunca Mais da Bahia – o maior trau-
a para os familiares é não poder enterrar os corpos
Em
que,sua comovente
algumas vezes,persistência,
os familiaresétambém
importante registrar
encontraram e seuseparentes.
queiro cunhada dea Vandick
rmã eCoqueiro,
nae zaambos
antana o-
desa-
ens a e e apo o entre os po c a s a quem recorr am arecidos durante a Guerrilha do Araguaia. As infor-
buscando informações. Celso Nenevê, policial civil da ações de que Dinaelza foi morta sob tortura, Diva
Polícia Técnica do Distrito Federal, fez mais do que par- evantou conversan o com os mora ores e am-
ticipar e ajudar. Dedicou-se a conferir fotos dos corpos o . ara e a, mu to mportante que os tra a os

45
À MEMÓRIA E À VERDADE

e usca pe os corpos cont nuem. e não ex stem o exam nar o caso e uma ras e ra morta no e,
mais arquivos, como alegam os militares, muitas das Jane Vanini, constatou-se que o exame de DNA era
pessoas que participaram daqueles episódios estão assinado por um laboratório brasileiro, o Genomic.
v vas. toma a e seus epo mentos po er tra zer esco r u-se, então, que a n a na ca a e 1980 o
n ormações e c s vas para c egar oca zação os esmo a orat r o t n a procura o a n camp e se
desaparecidos no Brasil”. oferecido para desenvolver uma tecnologia especial
ara identificação de ossadas. A sucessão de fatos
ar a ane enezes e ar as representante o n s- evou a om ssão a pe r ao governo prov nc as
t ro co e era na , es e 2003, cons era este sent o.
a nova fase de trabalhos da Comissão de extrema im-
portância para passar a limpo esse período da história omente muitos anos depois, em 2006, o projeto de
o pa s. assa a a ase e u gamento os processos e onstru r um anco e o na mente co oca o
pagamento as n en zações, os mem ros a em pr t ca. o uc ona os os morosos proce mentos
têm agora mais condições de se dedicar e ir às últimas de licitação, foi firmado um contrato com o Genomic
onseqüências na busca e identificação dos restos mor- – Engenharia Molecular. A coleta de sangue dos fa-
ta s os mortos e esaparec os , a rma. ares teve n c o em 25 e setem ro, em ão au o,
um evento rea za o con untamente pe a ecretar a
Banco de DNA special dos Direitos Humanos, pela Comissão de Fami-
iares de São Paulo e também pelo Grupo Tortura Nunca
cu a e en renta a para ent car os restos mor- a s, com apo o o rograma as ações n as para o
ta s os e saparec os marca a por st r as quase esenvolvimento ( NUD). oca esco o o a ant ga
urrealistas. Uma delas é a ossada batizada como X-2 aculdade de Filosofia da USP, na rua Maria Antonia,
pelo grupo de legistas argentinos. Ela foi encontrada or seu significado simbólico de sítio histórico onde
no cem t r o e am o no começo os anos 90, mas ocorreram en rentamentos entre estu antes e orças

os tdescartarem
de cn cos a anpossibilidade
camp tornaram a enterr -aoa gaúcho
de pertencer epo s epress vas no ano e 1968.
João Carlos Haas Sobrinho, o Dr. Juca. sse tipo de evento repetiu-se em Recife, Salvador, Rio
e ane ro e e o or zonte, estan o em curso um p a-
m 1996, quan o os argent nos vo taram ao oca , os o e co eta n v ua za a em to o o ras . m março
ossos foram recolhidos outra vez para novo exame. Pro- de 2007 foi coletado, em San Lucido, pequena cidade
edimentos burocráticos e a falta de verbas atrasaram o da Calábria, na Itália, material genético de uma senho-
proce mento. ossa a -2 aca ou ep os ta a em uma a ta ana e 90 anos, ena ert n ast g a, mãe
a xa na o c a e era e ras a, enquanto a rmã e e ero ancar o ast g a, um os esaparec os no
João Carlos, a professora Sônia Haas, e os membros da ragua a.
Comissão Especial pleiteavam exame de DNA.
A fundadora do Movimento Tortura Nunca Mais de Per-
or essa poca, surg ram en nc as e que as ossa as es- am uco, mparo ra o, o uma as pr me ras pessoas
tavam a an ona as e ma conserva as, o que cu tar a a reco er mater a para o anco e . spera oca zar
a identificação. Nilmário Miranda, então ministro da Se- e fazer o reconhecimento do corpo de seu irmão, Luiz Al-
retaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da eida Araújo, morto em São Paulo em 1971. Acredita que

a epuenos
ca, tomou a n cazer
res para at vao exame,
e evar amostras a ossapeaas
uma vez que, u z eve ter s o enterra o na va a e erus.
informações então existentes, o Brasil não disporia de tec- Os exames de DNA já conseguiram identificar, quase 15
nologia para isso. O resultado comparativo com a amostra anos depois da localização daquela vala, os restos mortais
e sangue os am ares eu negat vo. e v o o na e u z os a un a. s restos morta s e

46
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

am os oram env a os pe a para o nst tuto eno- a , como se osse uma mpressão g ta . xtra n o-se
mic, que procedeu à identificação de Molina, em sete
mbro NA dos restos mortais encontrados sem identificação,
de 2005, e de Luiz José da Cunha, em junho de 2006. Este é possível fazer a comparação com as informações do
t mo, r gente a con ec o como oman ante anco e exc u r ou encontrar o v ncu o gen t co. per
r ou o , compan e ro e mparo ra o, teve seu tras- e ca a morto ou esaparec o po t co ser constru o
lado de São Paulo a Recife e sepultamento realizados em dentro de padrões internacionais, permitindo compara-
1º e 2 de setembro de 2006. Foi morto sob tortura em ju- ões com o DNA de ossadas encontradas até mesmo em
o e 1973. a nossa cu tura, temos e v ver o r tua a outros pa ses.
morte. nquanto não v vemos, camos sempre esperan o
pela pessoa”, afirma a viúva. Com a incorporação desse avanço científico recente ao
acervo documental da Comissão Especial, estão asse-
mparo ra o atua como o serva ora na om ssão s- gura as as con ções e ent cação exata, custe o
pec a e, es e 1996, contr u nesse es orço e usca tempo que custar, os restos morta s e ca a ras e ro
persistente. Acredita que haverá novos avanços nessa e e ca a ras e ra que a n a prec sam ser oca za os
procura e que o trabalho da CEMDP só estará conclu- ara que o Estado Democrático de Direito assegure aos
o quan o or encontra o o t mo es aparec o. a am ares o sagra o re to ao unera e uma reparação
a gran e mport nc a o anco e , cons eran o m ca que an a es ev a.
que alguns dos familiares de desaparecidos já morre-
ram e muitos já ultrapassam os 80 anos de idade. m 2007, a CEMDP prossegue desempenhando sua res-
onsa a e e sta o. onsc ente e ter cumpr o
ara e s r o os antos un or, o anco e um os om r gor o seu pape at o presente momento, con-
mais importantes legados da Comissão, porque permite o egu n o conc u r o exame e quase to os os casos
armazenamento de material genético das famílias para apresentados, buscará concentrar esforços, amparada
uturas comparações, poss tan o, ass m, ent cação os termos a e nº 9.140, na oca zação os restos

poster or eemmortos
República ou esaparec
São Paulo, os. Fávero,
Maria Eugênia procura que
ora traba-
a orta s osume acervo
tematizar saparecdeos.depoimentos
gora, a pr de
or familiares
a e s s- e
lhou em conjunto com a CEMDP no caso das ossadas da ompanheiros dos desaparecidos, bem como de agentes
va a e erus, e 1990, z que, naquee momento, c nco os rgãos e repressão, autores e vros, orna stas e
ou se s pessoas po er am ser ent ca as se o anco e esqu sa ores que ten am n ormações a ornecer, para
DNA já existisse. Ela ressalta a importância da Comissão auxiliar nessa busca e na organização das diligências
Especial no trabalho do Ministério Público para reconhe- que sejam necessárias.
er os corpos e aposta nesse novo nstrumento e tra a o
para retomar as at v a es. usca que eve prossegu r at o a em que o ras
onsiga, com a contribuição de todos, oferecer condi-
O material colhido de pessoas com parentesco próximo ões para uma virada de página nessa trágica história
e consangüíneo permitirá gerar um perfil genético dos ecente da vida política nacional. E isso nunca será pos-
esaparec os, que car spon ve para comparações. ve com a sos c ama os ao esquec mento, e s m com
Cada perfil genético é distinto, praticamente individu- a ma s amp a e uc ação e tu o o que se passou.
Casos da Comissão

E
m 11 anos de trabalho, passaram pela CEMDP Desaparecimento: um crime
processos re erentes a 475 casos. esse tota , sem vestígios nem provas
136 nomes já constavam no Anexo da Lei nº
9.140 95, ou se a, t veram sua morte ou e- esaparec mento e presos po t cos o moe a cor-
saparecimento imediatamente reconhecidos ente na América Latina dos anos 70, principalmente no
omo responsa a e o sta o. essa sta, ano- Cone Sul. Essa prática consistia em seqüestrar e fazer
el Alexandrino morreu de causas naturais, como ficou um r opos tores po t cos os reg mes tator a s. o
prova o poster ormente, não sen o, portanto, ene c - rasil, o processo não foi diferente. Com o desapare-
ário da lei. Os familiares de Edmur Péricles Camargo e mento, não av a como ac onar qua quer spos t vo
e ranc sco anoe aves não oram oca za os, o egal para tentar salvar a vida das vítimas. Não havia
que impediu a abertura de processo e conseqüente pa- vest g os, nem provas. m mu tos casos comprova os,
gamento e n en zações. o caso o ep uta o u ens a pessoa desaparecida permaneceu semanas ou meses
Paiva, a família preferiu não entrar com processo na em oca ncerto, sen o tortura a por seus a gozes.
Comissão Especial por já existir uma causa em tramita-
ão no u c r o; o s o c ta a apenas a expe ção e ss m, os rgãos e repressão po am spor so re a
atestado de óbito. Os familiares de Hélio Luiz Navarro vida e a morte dos presos políticos. Não necessitavam
de Magalhães e de Pedro Alexandrino de Oliveira abri- e nen uma us t cat va para seus atos. ren am, tor-
ram mão da indenização a ser paga pelo Estado. turavam, executavam e faziam desaparecer os corpos
as v t mas, sem ar sat s ação a tr una s, a voga os,
Os outros 339 casos foram objeto de análise, debates familiares, amigos e a nenhum setor da sociedade civil.
e g nc as pe os mem ros a , na usca a s pr pr as e s nconst tuc ona s o reg me eram v o a-
verdade. Desse total, 118 foram indeferidos. Alguns, das rotineiramente. A perpetuação do sofrimento dos
mesmo ten o comprova a a m t nc a po t ca e am ares e a ncerteza so re o para e ro e seus entes
oposição ao regime militar, esbarraram em outros queridos levaram a uma situação de prolongada inse-
ques tos ex g os pe a e . oram e er os 221 ca- gurança. o uma outra orma e tortura permanente,
os e os familiares receberam as devidas indeniza- evada a cabo pelo Estado policial.
ões. ão ora m ana sa os, nem u ga os, os atos
dos envolvidos na atividade de repressão política, A CEMDP computou, como saldo de suas investigações,
mas as c rcunst nc as a morte. u se a, o oco se erca e uma centena e me a e esaparec os po t -
oncentrou em examinar apenas as se pessoas foram os. Muitos deles foram vistos em dependências poli-
ou não mortas pe os agentes o sta o e como sso iais por outros presos, que testemunharam sobre sua
aconteceu. r são e tortura. e outros não se t m not c as, nem as

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

uas passagens por pr sões. ram, quase sempre, at - as po c a s. ano e 1974, part cu armente, traz uma
vistas políticos notoriamente perseguidos pelos órgãos estatística macabra. Oficialmente não houve mortes nas
e segurança. r os estavam su met os a processos r sões. o os os presos po t cos mortos esaparece-
judiciais. Seus últimos contatos foram com companhei- am”. Em plena distensão lenta, gradual e segura, teo-
ros e suas organ zações. epo s, sum ram. unca ma s camente não aver a ma s necess a e e repressão,
foram vistos. orque a subversão já teria sido esmagada. Por isso,
o reg me passou a não ma s assum r o assass nato e
No entanto, tantos foram os esforços na busca de pistas opositores.
e n ormações por parte e am ares e am gos, com-
provaram a sua detenção e execução pelos órgãos de ntre os grupos políticos com maior número de militantes
egurança o sta o. xemp os como o e ar ano o- esaparec os, estaca-se o a uerr a o ragua a, v n-
aquim da Silva se repetiram dezenas de vezes. Preso ulada ao PCdoB, com 64 ativistas identificados, conforme
em ec e, no a 1º e ma o e 1971, pe o - e o oss os ortos e esaparec os , e ta o em 1995.
levado para um “aparelho” clandestino da repressão, a sse número de guerrilheiros varia conforme a fonte. Na
“Casa da Morte”, em Petrópolis RJ , foi visto pela presa CEMDP deram entrada 62 processos de desaparecidos no
política Inês Etienne Romeu, que falou com ele naquele ragua a. o menc ona o oss , o termo esaparec o
tene roso oca . ar ano era r gente a - a ma- usado para definir a condição daquelas pessoasue,
q apesar
res e a ata e sua c ega a ao apare o ter a s o 2 e terem s o presas ou seq estra as, tortura as e mor-
de maio. No dia 31 do mesmo mês, Inês percebeu uma tas pelos órgãos de segurança, não tiveram suas prisões
mov mentação ncomum e se eu conta e que ar a- e mortes assum as pe as autor a es o sta o. oram
no havia sido retirado da “Casa da Morte”. Desde então, onsideradas foragidas, fazendo que seus familiares bus-
n ngu m ma s v u nem teve not c as e e. quem, at o e, o merec o esc arec mento e a oca zação
de seus corpos. De todos os desaparecidos brasileiros, até
n s t enne reve a ser testemun a, v sua ou n re- o e, transcorr os quase 20 anos e v g nc a p ena o s-
ta, da prisão de outros militantes desaparecidos, como tado Democrático de Direito, que a Constituição de 1988
ar os erto oares e re tas, u ens a va, u s o acramentou, apenas tr s corpos oram encontra os e e-
Palhano, Ivan Mota Dias, Walter Ribeiro Novais, Hele- vidamente sepultados pelos seus familiares: Maria Lúcia
n uar a e au o e arso e est no a va. guns et t, u z ur co e era s a e en s asem ro.
destes teriam sido levados para a famigerada casa em
etr po s. oram nterroga os, tortura os e, ao que os tra a os a , quan o se ut za o termo
tudo indica, assassinados. Mas os órgãos de segurança “morto”, em vez de “desaparecido”, significa que a mor-
nunca assum ram essas mortes, nem entregaram seus te a pessoa presa o re con ec a pu camente pe os
restos mortais aos familiares. “ ão cruzes sem nomes, órgãos do Estado. Nos jornais televisivos ou impressos
em corpos, sem atas , como cantou onzagu n a, em a poca, a versão que c rcu ava era un camente a os
Legião dos Esquecidos, música composta em homena- órgãos de segurança: os presos tinham sido mortos em
gem aos que utaram contra o reg me m tar. t rote o, ou av am comet o su c o, ou so r o atro-
elamento quando tentaram fugir dos policiais. Hoje,
vro ras unca a s t am m az re er nc as a ou- a e-se que a ma or a essas mortes se eu nas pr sões,
tros desaparecidos políticos como Edgar Aquino Duar- o ntensas torturas. u tos esses corpos, no entanto,
te, ergson ur ão ar as, rman o e xe ra ructuoso. ont nuam ocu tos e os am ares ns stem na necess -
Também foram vistos por outros presos em dependên- a e e que se am ev amente oca za os, resgata os

49
À MEMÓRIA E À VERDADE

e entregues para rea zação o unera , r to m enar que orpos e na a reve a, pers ste, pe o s nc o, prat can-
atravessa todas as religiões e culturas. do o crime de ocultação até os dias de hoje, quando
a v g nc a a norma a e emocr t ca ret ra qua quer
Aspecto relevante a respeito da figura do desaparecido justificativa para tanto.
que, pe o ato e os autores o cr me manterem at
hoje a ocultação dos cadáveres, nada informando sobre as páginas seguintes, será apresentado, um resumo do
ua oc a zação, ur stas mu to cre enc a os susten- rocessamento e to os os casos que oram eva os
tam que pode ser argüida nos tribunais a tese de crime CEMDP ao longo de 11 anos, incluindo sempre que pos-
ont nua o. m outras pa avras, mesmo se preva ecer ve , um pouco a st r a e ogra a esses persona-
a interpretação de que a Anistia de 1979 estendeu um gens e de como foi possível desvendar o que realmente
manto de absolvição sobre os crimes cometidos cone- aconteceu com ca a um e es.
xos) pelos torturadores, é como se o delito da oculta-
ão e ca ver vo tasse a ser comet o no a segu nte
à Anistia. Na medida em que determinado agente do Para que não se esqueça.
sta o sa e para on e oram eva os mu tos esses Para que nunca mais aconteça.
lguns dos casos levados a exame da CEMDP correspondiam a mortes ocorridas antes do advento do regime
militar de 1964-1985. Conforme já mencionado neste livro-relatório, quando aprovada a Lei nº 9.140, em
dezembro de 1995, prevaleceu entre os legisladores a interpretação de que a ordem constitucional brasileira
já havia sido quebrada em 2 de setembro de 1961 – data limite fixada pela lei – quando da intervenção militar que

A
tentou impedir a posse do vice-presidente João Goulart, após a renúncia do presidente Jânio Quadros.

Cinco casos do Massacre de Ipatinga


Na manhã de 7 de outubro de 1963, rajadas de metralhadoras foram disparadas contra mais de cinco mil operários que protestavam contra
s con ç es n gnas a que estavam su met os na s er rg ca s m nas, naugura a um ano antes, em pat nga, nas era s. or vo ta
das 10 horas, uma pedra foi lançada em direção à coluna de policiais militares chamados para sufocar a greve, ferindo um dos soldados. A
PM abriu fogo contra a multidão de trabalhadores, metalúrgicos da empresa e operários da construção civil. Na versão oficial, o saldo foi
de 78 feridos e oito mortos, entre eles um bebê. Durante o tumulto, os tiros eram desferidos a esmo e atingiram a menina Eliane Martins,
e apenas tr s meses, eva a pe a m e para ser vac na a no am u at r o a empresa.

Antes de ter início a construção da Usiminas, no final dos anos 50, Ipatinga era um minúsculo distrito do município de Coronel Fa-
briciano, com 60 casas e 300 habitantes. Por isso, a construção da siderúrgica foi saudada como sendo a chegada de um verdadeiro

ora o. popu aç o pu ou para 10 m pessoas, mas o v are o n o t n a n ra-estrutura para suportar essa so recarga e a empresa
não realizou os necessários investimentos sociais para suprir as carências dos operários. O quadro de penúria era agravado pelas
condições salariais oferecidas.

at ra pu ca a no o rna n m o, ta e n epen ente cr a o em e o orzon te em 1952, conta que os unc on r os e a xa erarqua a


Usiminas moravam em alojamentos apertados, revezando-se com os colegas para poder dormir, já que as camas eram compartilhadas. Transporte
e alimentação não eram melhores. Viajavam em caminhões sempre lotados e, na comida, tocos de cigarros e baratas eram encontrados com fre-
qüência. Também eram comuns os abusos de autoridade, existindo registro de violências físicas contra os trabalhadores. O protesto ocorreu como
man estaç o espont nea em resposta s agress es prat ca as por v g antes e po c a s contra a guns co egas na no te anter or. em o arr mo e
uma organização partidária ou sindical, os operários agiram movidos pela indignação e foram metralhados.

Para apreciação na CEMDP, foram encaminhados cinco processos em 2004. Segundo os relatores, a Lei n° 10.875/04 introduziu duas novas
poss a es e n en zaç o, propostas pe a pr pra om ss o spec a , necess r as para comp ementar os e e tos e pac caç o preten-
didos pela lei. Uma delas se refere às passeatas e manifestações reprimidas pela polícia durante o período fixado em lei. Para os relatores,
não seria possível distinguir vítima de repressão à manifestação que estivesse dela participado ou vítima casual. Os relatores entenderam
que não importava saber quem determinou ou como se originou o comportamento da tropa policial militar convocada para manter a ordem
e a segurança as pessoas: a aç o ou reaç o po c a e sparar contra uma mu t o esarma a n o po er a ter outra conseqü nc a sen o
as várias mortes e inúmeros feridos .

s cinco processos foram deferidos por unanimidade, conforme relatado a seguir, não sendo apresentados requerimentos relativos à criança
e tr s meses, ane art ns, nem aos o s outros mortos re ac ona os pe a reç o a empresa: es as arva o, o e o o as e
Carvalho e Maria Motta, e Gilson Miranda, da empresa EBSE.

51
À MEMÓRIA E À VERDADE

ALVINO FERREIRA FELIPE (1921-1963)


Número do processo: 13 0 04
Filiação: ar a o atroc n o va e nt n o e pe
Data e local de nascimento: 27/12/1921, Ferros (MG)
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 07 10 1963, Ipatinga MG
e ator: e s r o os antos r.
Deferido em: 26/10/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 29/10/2004

v no morreu em ecorr nc a e er mentos causa os por sparos e arma e ogo. egu n o re ato a a ar a a once ç o omes
elipe, Alvino fazia um tratamento de saúde devido a um acidente em que foi atingido pela roda do caminhão que transportava operários
para o trabalho. Naquele dia de 1963, ele se dirigia à sede do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), em Acesita,
para se submeter a uma perícia médica. Ao passar nas imediações do conflito, foi atingido por uma bala que perfurou seu crânio na região
occ p ta . orreu antes e ser socorr o. corpo o eva o para o escr t r o centra a s m nas e epo s encam n a o am a.

uncionário da empreiteira A.D. Cavalcanti, Alvino foi tido pelas autoridades como indigente, por causa das roupas que usava, um paletó
muito simples, diferente do uniforme dos colegas. Porém, um funcionário da usina reconheceu o corpo na sala da empresa e avisou a famí-
a. ar a a once ç o sou e que o pa , a cam n o o , c egou a ser av sa o a greve na portar a a s m nas. egun o e a, e e n o
creditou no que estava acontecendo e continuou a caminhar em direção ao escritório central, onde foi atingido pelo tiro. O legista Hercílio
Costa Lage assinou o óbito, atestando “hemorragia interna devido a ferimento penetrante no crânio, por projétil de armas de fogo”.

ANTÔNIO JOSÉ DOS REIS (1925-1963)


Número
Filiação: do processo:
Almerinda 120/04dos Reis e Manoel Celestino dos Reis
Antônio
ata e oca e nasc mento: 5 12 1925, Mantena MG
Organização política ou atividade: não definida
Data e local da morte: 07/10/1963, Ipatinga (MG)
Relator: Belisário dos Santos Júnior
e er o em: 26 10 2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 29 10 2004

No laudo da necropsia de Antônio José dos Reis, assinado pelo legista Hercílio da Costa Lage, está escrito: “ ratura na base do crânio devi-
o a pro t e arma e ogo . e tra a ava na onvap, empresa e construç o c v , o s meses. aque e a, av a sa o e casa no
horário de costume, quatro da manhã, para pegar a condução. A esposa, Tereza Gomes, acordou com o chamado do sogro, que a avisou
dos graves acontecimentos na portaria da Usiminas. No primeiro momento ninguém se preocupou, pois Antônio José certamente já estaria
dentro da empresa. Ao final do dia, Tereza percebeu que ele demorava demais para chegar em casa. Ficou então sabendo da morte do ma-
r o por me o e um co ega e serv ço, r neu, presente no oca na ora os t ros.

52
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

GERALDO DA ROCHA GUALBERTO (1935-1963)


º o processo: 12 1 04
Filiação: ar a ereza a oc a e omeu ua erto
Data e local de nascimento: 01/03/1935, Braúnas (MG)
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 07 10 1963, Ipatinga MG
e ator: ar a ane enezes e ar as, com v stas e e s r o os antos n or
Deferido em: 07/10/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 11/10/2004

alfaiate Geraldo da Rocha Gualberto saiu de casa na manhã do dia 07 10 1963 para comprar material de trabalho em uma loja de Ipatin-
ga (MG). No caminho, deparou-se com a manifestação de funcionários da Usiminas e parou para conversar com um primo, quando ambos
tentaram se proteger das balas disparadas em todas as direções. A Polícia utilizava até mesmo uma metralhadora com tripé, instalada na
carroceria de um caminhão. Uma das centenas ou milhares de balas atingiu o alfaiate mineiro, que morreu na hora.

Documentos anexados ao processo na CEMDP relatam que Geraldo foi enterrado em sua terra natal sem exame de necropsia, o que ensejou
necessidade de exumá-lo algumas semanas depois, para corrigir tal ilegalidade.

JOSÉ ISABEL DO NASCIMENTO (1931-1963)


Nº do processo: 151/04
Filiação: Maria Claudina de Jesus e Joaquim Isabel do Nascimento
ata e oca e nasc mento: 8 07 1931, Timóteo MG
Organização política ou atividade: não definida

Data e local
Relator: da morte
Belisário 17/10/1963,
dos Santos Júnior Coronel Fabriciano (MG)
e er o em: 26 10 2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 29 10 2004

José Isabel do Nascimento, fotógrafo amador e funcionário da empresa Fichet, empreiteira da Usiminas, era casado com Geralda Aguiar do
asc mento, com quem teve c nco os. egun o a am a, os sa e sa u e casa, no centro e orone a r c ano, para ma s um a
de trabalho na área de montagem e construção. Ficou junto aos operários grevistas no piquete organizado em frente à portaria principal
de acesso à usina.

omo traz a a m qu na otogr ca, os passou a reg strar a mov mentaç o em rente r ca. otogra ou um so a o com uma metra a ora e
tripé, momentos antes do inicio do tiroteio. Naverdade, José teve tempo debater um filme inteiro, tirá-lo da máquina ecolocar outro. Quando ia
bater a primeira foto do novo filme, foi atingido por disparo defuzil e caiu. José Isabel foi submetido a duas cirurgias, mas morreu dez dias depois,
no Hospital Santa Terezinha, em Coronel Fabriciano. O legista JoséÁvila diagnosticou abscesso
“ subepático devido a projétil de arma de fogo
”.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

SEBASTIÃO TOMÉ DA SILVA (1943-1963)


º o processo: 16 1 04
Filiação: era a rs t na a va e os om e ra o
Data e local de nascimento: 20/08/1943, Guanhães (MG)
Organização política ou atividade: não definida
Data e local da morte: 07/10/1963, Ipatinga (MG)
e ator: es r o os antos n or
Deferido em: 26/10/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 29/10/2004

orto aos 20 anos, e ast o mu ou-se para pat nga em usca e me ores con ç es e v a, po s era arr mo e am a. ss m que con-
seguiu um emprego na Usiminas como ajudante, buscou a mãe, viúva, e seus seis irmãos menores. Como fazia todos os dias, chegou para
trabalhar e foi impedido de entrar nas dependências da empresa. Resolveu, então, ficar nas imediações da usina até que a chefia resolvesse,
por meio de negociações, a volta ao trabalho. Enquanto esperava, foi atingido por uma bala no crânio, morrendo no local. O legista Hercílio
osta ag e e n u como ausa mort s es es ence cas, an o er mento penetrante no cr n o por pro t e arma e ogo .

INDEFERIDOS
Das mortes ocorridas antes de abril de 1964, trazidas para exame da CEMDP, quatro casos foram indeferidos:

JOÃO PEDRO TEIXEIRA (1918-1962)


º o processo: 31 3 96
Data e local de nascimento: 5/03/1918, Guarabira (PB)
Filiação: Maria Francisca da Conceição e João Pedro Teixeira
Organização política ou atividade: gas amponesas
ata e oca a morte: 02/04/1962, Sapé (PB)
Relator: Nilmário Miranda
Indeferido em: 19/11/96
ata a pu caç o no : 21 11 1996

m 02/04/1962, João Pedro Teixeira, conhecido líder dos trabalhadores rurais nordestinos e um dos fundadores das Ligas Camponesas foi morto,
na estrada Sapé-Café do Vento, naParaíba. Três homens armados de fuzil montaram tocaia no caminho dasua casa, no Sítio Sonodas Antas, onde
res a com a esposa e 11 os. orreu com c nco t ros.

Sua morte teve grande repercussão local e nacional. Nos anos 80, o cineasta Eduardo Coutinho finalizou o documentário: Cabra Marcado
para Morrer, onde relata a história de João Pedro, tendo como protagonistas a viúva, Elisabeth Teixeira, e remanescentes daquele movimen-
to. s pr me ras magens estavam sen o rea za as antes e a r e 1964, nos qua ros o entro opu ar e u tura a n o ac ona
dos Estudantes (CPC da UNE). O clima de repressão imediatamente instalado interrompeu o trabalho. A família Teixeira se dispersou e
lizabeth teve de viver na clandestinidade.

m 1981, conqu sta a a n st a, o ocumentar sta sa u novamente em usca os camponeses-atores o pr me ro a ra e mo s rou-


lhes as filmagens realizadas 17 anos antes. As gravações foram retomadas e Coutinho lançou o filme comercialmente em 1984, com
impacto nacional.

54
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

s nomes dos mandantes da emboscada que vitimou João Pedro Teixeira, segundo escritura declaratória feita por Francisco de Assis Lemos
Souza, foram Aguinaldo Veloso Borges usineiro , Pedro Ramos Coutinho e Antônio José Tavares, o “ nt n o tor , con orme ec s o o
Juiz Walter Rabelo, dada em 27 03 1963. Os executores foram os pistoleiros Cabo Antônio Alexandre da Silva, o “Gago , so a o ranc sco
Pedro da Silva, conhecido por “Chiquinho”, “Nóbrega” ou “Chicão”, ambos da Polícia Militar, e o vaqueiro Arnaud Nunes Bezerra.

o oca on e o o e ro morreu o ergu o um monumento em sua omenagem, com as ns cr ç es: qu tom ou o o e ro e xe ra,
mártir da Reforma Agrária”. O depoimento do jornalista Jório de Lira Machado, anexado ao requerimento protocolado na CEMDP, relata
que: “No dia 01/04/1964 o monumento foi destruído por policiais e por capangas dos latifundiários. Os grandes proprietários de terra da
Paraíba realizaram, assim, o primeiro ato comemorativo do Golpe Militar de 64. Não há dúvida de que o assassinato de João Pedro Teixeira se
eu pe os mesmos mot vos que eterm naram o go pe m tar e 64 .

No entanto, o caso foi indeferido pela CEMDP, por unanimidade, ainda que tivesse ficado clara e incontestável a atuação política de João
Pedro Teixeira em defesa dos trabalhadores e de seus direitos. Na interpretação da Comissão Especial, essa decisão denegatória se impôs
como conseqü nc a ncontorn ve o at o e ex st r ec s o u c a con enan o os assass nos e n o atr u n o qua quer responsa -
a e ao sta o no eps o.

ANGELINA GONÇALVES (1913-1950)


º o processo: 02 7 02
Filiação: Onorina Gonçalves e Angelino Danton
Data e local de nascimento: 1913, Rio Grande (RS)
Organização política ou atividade: e sn ca sta
ata e oca a morte: 01 5 1950, Rio Grande RS
Relator: André Sabóia Martins
Indeferido em: 19/12/2003, por unanimidade
ata a pu caç o no : 26 12 2003

Angelina Gonçalves, líder operária e militante do PCB, foi morta durante as manifestações de 1º de maio de 1950, na cidade de Rio Grande
(RS). Sua história é contada nos movimentos de mulheres como exemplo da participação feminina nas lutas do povo brasileiro. Naquela
ata, os s n catos av am organ za o um com c o e versos outros eventos. o t rm no, sa ram em passeata. nge na carregava um cartaz
com os zeres O Petróleo é Nosso , quan o o a ea a pe a po c a, un tamente com ma s tr s tra a a ores.

A campanha pelo petróleo, na década de 50, galvanizava setores populares, de norte a sul do país. Naquele 1º de maio, as mulheres
e os tra a a ores organ zaram protestos contra a exp oraç o o petr eo ras e ro por empresas estrange ras. morte e nge na
onçalves marcou historicamente a participação da mulher brasileira nessa campanha.

Angelina nasceu na cidade de Rio Grande (RS), em 1913, e teve uma filha, Shirley Ferreira. Seu processo foi indeferido pelo fato incontes-
tável de que a data de sua morte está fora da abrangência da Lei nº 9.140 95.
JONAS JOSÉ DE ALBUQUERQUE BARROS (1946-1964)
Número dos processos: 361/96 e 019/02

açeooca
ata : nt
on eta aro no e uquerque e arros e ever no e uquerque arros
e nasc mento: 15 06 1946, Recife PE
Organização política ou atividade: Movimento Estudantil
Data e local da morte: 01/04/1964, Recife (PE)
e ator: João Grandino Rodas 1º e coronel João Batista Fagundes 2º
Deferido em: 07 10 2004 por unanimidade em 10 04 1997 fora indeferido ;
Data da publicação no DOU: 11/10/2004

IVAN ROCHA AGUIAR (1941-1964)


Número dos processos: 28 8 96 e 077 02
Filiação: Luzinete Rocha Aguiar e Severino Aguiar Pereira
Data e local de nascimento: 14/12/1941, Triunfo (PE)
Organização política ou atividade: ov mento stu ant
ata e oca a morte: 01 04 1964, Recife PE
Relator: João Grandino Rodas (1º) e João Batista Fagundes (2º)
Deferido em: 07/10/2004 por unanimidade (em 07/08/97 fora indeferido)
ata a pu caç o no : 11 10 2004

sses dois estudantes pernambucanos foram mortos a tiros, no próprio dia 01/04/1964, em Recife, quando participavam de manifestação
de rua contra a deposição e prisão do governador Miguel Arraes. De acordo com notícias veiculadas na imprensa, eles foram as primeiras
v t mas ata s o reg me m tar naque e esta o. ep s o narra o no vro caso eu conto como o caso o , e au o ava cant .

Jornal do Commercio, na edição do dia seguinte, assim descreveu o ocorrido: “ a esquina Dantas Barreto – Marquês do Recife, os soldados
pararam. Os estudantes continuavam a gritar. Os soldados tomaram posição. Um disparo para o ar foi feito. Os estudantes continuavam a gri-
ar. ovos sparos, agora em to as as reç es. s gr tos aumentaram e o s ca ram, mortos. o so o, a n a, a guns er os . epo mento
e swa o e ve ra oe o o ecretar a e ust ça e ernam uco, que consta os autos o processo na , eta es so re
o dia da morte dos estudantes. “Eles carregaram a bandeira brasileira, entoaram o Hino Nacional e, em seguida, passaram a gritar contra os
soldados e a jogar-lhes pedras e cocos vazios, que se amontoaram no meio-fio. Então, o piquete militar fez disparos diretamente contra eles
com t ros e rev veres .

Inicialmente, ambos os processos foram indeferidos pela Comissão Especial, em reuniões de 1997 e 1998. Reapresentados depois da am-
pliação da Lei nº 9.140/95, foram aprovados por unanimidade quando entrou em vigor a nova redação introduzida em 2004. Conforme o
re ator os o s processos, arta mat r a orna st ca unta a aos autos perm te conc u r que onas e van oram v t mas e um con to e
rua na c a e o ec e, portanto em p ena a equaç o eg s aç o v gente que contemp a os que ten am a ec o em v rtu e e repress o
policial sofrida em manifestações públicas ou em conflitos armados com agentes do poder público’”.

e acor o com o au o o eg sta a ga o a e ros, a causamorts o secun ar sta onas os e uquerque arros, morto aos 17 anos, o emorrag a
externa ecorrente e er mento penetrante a ace com raturacomnutva o max ar n er or e couna cerv ca por pro t e arma e ogo.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Ivan da Rocha Aguiar havia sidosecretário do Grêmio Joaquim Nabuco e, posteriormente, vice- presidente da União dos Estudantes de Palmares. No
segun o processo mpetra o pe a am a, o re ator a rmou que a ocumentaç o n o e xava v as e que van morrera em v rtu e e er men-
tos a bala – em seu atestado de óbito, olegista Nivaldo Ribeiro, do Hospital Pronto-Socorr
o de Recife, registrou como causa da morte “emorrag a
interna decorrente de ferimentos transfixiantes no hemitórax direito
” - e votou pelo deferimento do processo.

AUGUSTO SOARES DA CUNHA (1931-1964)


Número do processo: 345/96
Data e local de nascimento: 3/06/1931, Governador Valadares (MG)
aç o: u omar oares a un a e t v o oares erre ra a un a
Organização política ou atividade:no e n a
Data e local da morte: 01/04/1964, Governador Valadares (MG)
Relator: Nilmário Miranda
e er o em: 10 04 1997 por 4x3
Data da publicação no DOU: 16 04 1997

OTÁVIO SOARES FERREIRA DA CUNHA (1898 - 1964)


Número do processo: 34 5 96
Filiação: Anna Soares de Almeida e Roberto Soares Ferreira
Data e local de nascimento: 898, Minas Gerais
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 04 04 1964, Governador Valadares MG
e ator: mro ran a
Deferido em: 10/04/1997 por 4x3
Data de publicação no DOU: 16/04/1997

m Governador Valadares, norte de Minas Gerais, na véspera do movimento que depôs João Goulart, ruralistas radicalizados haviam cercado
e metralhado a residência de Francisco Raimundo da Paixão, conhecido nacionalmente como Chicão, sapateiro e presidente do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais, líder das mobilizações regionais em defesa da Reforma Agrária. Nesse cerco, houve troca de tiros e restou morto
um os atacantes, genro o corone t no ac a o. o a o o pe e sta o, o c ma entre azen e ros a c a e era, portanto, e
mo zaç o por v ngança.

Nesse ambiente tenso, Augusto Soares da Cunha e seu pai Otávio Soares Ferreira da Cunha morreram também como vítimas do novo regime
em seus pr me ros momentos. o morreu no pr pr o a 1º e a r e 1964 e o pa tr s as epo s, consegu n o so rev ver seu outro
o, son, gravemente er o no mesmo ataque.

Segundo o processo nº 35.679, do Superior Tribunal Militar, no dia 1º de abril de 1964, o tenente coronel delegado de Polícia na cidade de
overna or a a ares ec arou que ev o a ta e e ementos no estacamento po c a convocou aur o ve no e ve ra, n o o
Rodrigues Coelho e Wander Campos, todos reservistas, para prestarem serviços localizando e interceptando elementos comunistas e condu-
zindo-os à Delegacia em virtude do ‘Estado de Guerra’ em que se encontrava o Estado de Minas Gerais, aliás expressamente declarado pelo

general Olímpio Mourão Filho, comandante, da 4ª Região Militar, a cujo mando foi incorporada a PMMG
”.
convocaç o os tr s az en e ros para prestar serv ços e natureza po c a pe o e ega o corone au o e s ter a ocorr o s 8 a
manhã do dia 1º/04/1964, apenas uma hora antes da ocorrência criminosa, cabendo deixar em aberto, portanto, a possibilidade de essa
convocação ter sido tão-somente um expediente formal forjado a posteriori.

57
À MEMÓRIA E À VERDADE

egun o o testemun o e a a e ma oares, esposa e son, e e un ce erre ra a va, emprega a om st ca na res nc a a


am a, e evan o em conta as ec araç es os pr pr os assass nos, sa e-se que s 9 oras o mesmo a, os tr s r g ram-se casa e
Wilson Soares da Cunha, na rua Osvaldo Cruz, 203, naquela cidade mineira. Maurilio Avelino de Oliveira aproximou-se dos três ocupantes
de um Jeep Land Rover – o pai Otávio e os filhos Augusto e Wilson – fazendo-se passar por amigo. Depois de retirarem a chave do jipe, os
azen e ros passaram a at rar. ugusto teve morte me ata. pa , t v o, ent o com 70 anos, a ve a o, a n a consegu u sa r o ve cu o,
engat n ou tentan o re ug ar-se no nter or a casa, mas o persegu o por n o o, que o at ng u no rosto. a eceu tr s as epo s, no
hospital. Wilson Soares da Cunha, gravemente ferido, sobreviveu. Os assassinos ainda foram ao hospital procurar o outro filho de Otávio, o
médico Milton Soares, que foi protegido pelos colegas médicos e enfermeiros.

alvo principal da incursão seria o filho Wilson, que sobreviveu aos disparos, e sabidamente apoiava as atividades de Chicão em defesa
da Reforma Agrária, tendo também ligações políticas com o jornalista Carlos Olavo, conhecido nacionalmente por defender as Reformas
de Base e o governo João Goulart por meio do jornal tablóide O Combate, de Governador Valadares. O jornalista Carlos Olavo conseguiu
escapar a c a e com a am a, o teve ex o no rugua e s retornou ao ras em 1979, com a ecretaç o a an st a.

A viúva Guiomar Soares da Cunha conseguiu do delegado Paulo Reis a abertura de Inquérito Policial. Segundo o jornal Última Hora, em 72
horas o delegado Bastos Guimarães tinha o nome dos criminosos e os denunciou ao juiz Alves Peito, que decretou a prisão preventiva dos
mesmos. s assass nos passaram con ç o e orag os. part r a travou-se uma ata a po t ca envo ven o os coron s e ro erre ra
e Altino Machado, o major do exército Henrique Ferreira da Silva, a Associação Ruralista de Governador Valadares e outros apoiadores do
novo governo, resultando na decisão do coronel Dióscoro Gonçalves do Vale, comandante do ID-4, de requisitar, com base no primeiro Ato
Institucional, que o processo das mortes fosse transferido para a Justiça Militar.

InquEerito Policial Militar IPM foi chefiado pelo Major Célio Falheiros. Em 19 08 1966, o Conselho Extraordinário de Justiça do Exército, na
sede da Auditoria da 4ª Região Militar, homologou a farsa jurídica inicial. O promotor Joaquim Simeão de Faria pediu ao Conselho que decidisse se,
“no dia do crime ainda se considerava em Estado Revolucionário, pois apesar dos tiros terem sido desfechados pelas costas, se estivessem em estado
evo uc on r o aver a e ser cons era a a s tuaç o em que ta s t ros oram es ec a os ou se os acusa os s mp esmente cometeram om c o
o oso. s a voga os os cr m nosos a egaram que os tr s acusa os estavam no estr to cumpr mento o ever ega , que a s tuaç o era revo uc o-
nária e estavam em guerra”, que “os acusados, ao receberem voz de prisão, tentaram a fuga, o que determinara a reação dos acusados, que somente
poderiam tomar atitude enérgica e viril eis que de dentro da casa onde tentaram refugiar não se sabia o que de”. lá viria

a ec s o, o conse o man ou apurar as responsa a es as pessoas aponta as como su vers vas e, por ma or a e votos, 4 contra 1,
bsolveu os acusados Wander Campos e Lindolfo Rodrigues Coelho e, por 3 a 2, absolveu o acusado Maurílio Avelino de Oliveira. O Minis-
tério Público recorreu ao STM, que reformou a sentença.

m Governador Valadares, havia sido oferecida denúncia contra os assassinos em 17 05 1965. Os réus obtiveram no STF a eas-corpus
recolhendo os mandados de prisão. Depois de uma série de tramitações judiciais, o STM, em 11/1/1967, condenou os três criminosos a 17
nos e meio de reclusão, por unanimidade. O jornal Estado de Minas de 03/11/1996, com o titulo Memória de um crimeem matéria assinada
por m o, n orma que os cr m nosos oram n u ta os por nterme aç o o governa or on on ac eco.

relator na CEMDP concluiu que, h“ á decisões jurídicas comprovando que os três criminosos desempenhavam serviço de natureza policial convoca-
dos por autoridades militares. Tanto é que foram julgados, absolvidos e condenados no âmbito da Justiça Militar. Comprovada está também, farta-

mente, a mot vaç o po t ca os cr mes. uas pessoas oram mortas, com t ros pe as costas e uma er a, estan o to as esarma as, ap s rece erem
pela Lei nº 9.14095, e votou pe o e er mento o processo.
ordem de prisão. Preenchidosestão todos os requisitos exigidos

general Oswaldo Pereira Gomes solicitou vistas ao processo e lavrou o seguinte voto vencido: “ Verificamos que o STF tomou uma
ec s o po t ca por 4 a 3 votos, man an o u gar pe a ust ça tar um ato evo uc on r o e c v s que o v amente n o po er am
ser pun os, por terem s o v tor osos e, se oss e o caso e pun r, o u gamento ever a ter-se rea za o na ust ça omum. o na e

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

udo e para reparar o absurdo, a pedido do austero governador Rondon Pacheco e sob a responsabilidade do inatacável homem público
ue o o pres ente aste o ranco, os om c as or am n u ta os. ssa om ss o n o eve e n o po e u gar com cr t r os po t cos,
obretudo revanchistas; estaremos, se assim fizermos, cometendo atos ilegais e contrariando frontalmente a Lei nº 9.140 95, que nos
briga no art 2º a acatar o princípio da reconciliação e pacificação nacional, expresso na Lei nº 6.683,de 28/08/1979 – Lei de Anistia.
naplica-se, pois, a Lei nº 9.140/95, no caso de pessoas baleadas em via pública, no dia 01/04/1964, às 9h no quadro de um movimento
evo uc on r o, vez que esses n v uos n o eram agentes p cos, nem po er am s - o naque e momento quan o o mov mento n o
ra a n a v tor oso; no caso os agentes eram s mp esmente re e es .

s processos de Augusto e Otávio Soares Ferreira da Cunha tramitaram juntos e ambos foram aprovados por 4 votos a três pela CEMDP,
com votos contr r os genera sva o omes, e o o ran no o as e e au o onet.

LABIBE ELIAS ABDUCH (1899-1964)


Número do processo: 29 9 96 e 055 02
Filiação: Helena Elias Carneiro e João Carneiro
Data e local de nascimento: 899, na Síria
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 01 4 1964, Rio de Janeiro RJ
e ator: João Grandino Rodas 1º ; coronel João Batista Fagundes 2º
Deferido em: 07/10/2004 por unanimidade (fora indeferido em 07/08/1997)
Data da publicação no DOU: 11/10/2004

sexagen r a a e as uc era casa a com orge co au uc , com quem teve tr s os. o morta por um sparo no a
1/04/1964, quando caminhava pela Cinelândia, no Rio de Janeiro, interessada em obter informações sobre o movimento militar no Rio
rande do Sul, onde se encontrava um filho. Narrando a cena e os fatos desse dia, a revista O Cruzeiro, em edição extra de 10/4/1964, traz
segu nte mat r a: 4 horas. o sangue. A multidão tenta mais uma vez invadir e depredar o Clube Militar. Um carro da PM posta-se diante
o Clube. O povo presente vaia os soldados. Mais tarde, choque do Exército... dispersam os agitadores, que voltam a recarga, pouco depois.
epelidos a bala, deixam em campo, feridos, vários manifestantes: entre eles Labib Carneiro Habibude e Ari de Oliveira Mendes Cunha, que
morreram às 22h no Pronto-Socorro”.

corpo de Labibe deu entrada no IML no dia 02 04 1964, de onde foi retirado para sepultamento pela família. De acordo com o legista
elson Caparelli, a causa mortis foi “ erimento transfixante do tórax, por projétil de arma de fogo, hemorragia interna”.

oram apresenta os o s processos so re o caso. a pr me ra aprec aç o, o re ator cons erou que n o estava comprova a a m -
nc a po t ca e a e e que sua morte n o se eu em epen nc a po c a ou asseme a a. o cons erou poss ve o enqua ramento o
caso na Lei nº 9.140/95 e votou pelo indeferimento do pedido. Dois conselheiros apresentaram voto pela aprovação do requerimento e Luís
rancisco Carvalho Filho pediu vistas. Depois de analisá-lo, também votou pelo indeferimento, sendo acompanhado por todos os membros
a om ss o spec a , ev o a ta os ques tos part c paç o, ou acusaç o e part c paç o em at v a es po t cas , e e n o ter a ec o
em dependência policial ou assemelhada. Tais exigências, constantes na Lei nº 9.140 95, foram superadas pela Lei nº 10.875 04, que passou
reconhecer os casos de mortes em manifestações e passeatas. O caso foi, então, reapresentado e o novo relator concluiu que “pouco

mporta se o tiro foi ou não desfechado contra a vítima. E nem mesmo discutir a autoria do disparo. O certo é que ela morreu em decorrência
o t ro spara o em man estaç o p ca .

Quanto ao segundo morto mencionado nessa reportagem da revista O Cruzeiro, Ari de Oliveira Mendes Cunha – apesar de seu nome constar
no Dossiê dos Mortos e Desaparecidose em outras listas de vítimas da ditadura – seus familiares não foram localizados e o caso não foi
presenta o para exame na .

59
À MEMÓRIA E À VERDADE

ALFEU DE ALCÂNTARA MONTEIRO (1922-1964)


úmero do processo: 05 6 96 e 284 96
iliação: o o c ntara onte ro e ata na c en n onte ro
ata e local de nascimento: 31/03/1922, Itaqui (RS)
Organização política ou atividade: oficial da Aeronáutica
ata e local da morte: 04/04/1964, Porto Alegre (RS)
e ator: mro ran a
eferido em: 27/08/1996 por unanimidade
ata da publicação no DOU: 29/08/1996

tenente-coronel Alfeu de Alcântara Monteiro foi morto no quartel geral da 5ª Zona Aérea, em Canoas RS , no dia 04 04 1964. Segundo
o jornal Folha da Tarde, de 06/04/1964, a nota oficial sobre a morte do tenente-coronel aviador informava “a lamentável ocorrência acon-
ecida no Quartel general deu-se devido à indisciplina do tenente-coronel, que não acatou a voz de prisão que lhe foi dada pelo seu novo
Comandante”. Teria ocorrido troca de tiros, sendo que “ s ferimentos recebidos pelo excelentíssimo brigadeiro comandante são de natureza
eve, encontran o-se osp ta za o, em p eno exerc c o e seu coman o, o mesmo n o acontecen o, entretanto, com o tenente-corone -
feu, cujo falecimento lamenta informar”.

Alfeu de Alcântara Monteiro ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1941, e no ano seguinte passou para a Escola
a eron ut ca, on e se ormou asp rante em 1942. erv u em orta eza, o au o, o e ane ro, ata e anoas. enente-av a or es e
946, fez o curso de Estado-Maior da Aeronáutica em 1958, incorporando-se a esse colegiado no ano seguinte.

Com folha de serviços repleta de elogios, o coronel Alfeu era nacionalista e defensor dos direitos e garantias constitucionais, engajando-se
na n a e rente o mov mento pe a ega a e que o governa or ga c o eo ne r zo a e o coman ante o x rc to, genera ac a-
do Lopes, encabeçaram em Porto Alegre contra a intervenção militar que tentou impedir a posse do vice-presidente João Goulart após a

renúncia
cordo quedeensejou
Jânio Quadros,
a saída,em setembro
daquela de 1961.
unidade, Alfeu tornou-se,
dos oficiais favoráveisnaà prática,
quebra dacomandante da constitucional,
normalidade Base Aérea de Canoas, naqueles
amplamente dias, pela
rejeitada após
a xa o c a a e, sargentos e praças. e o um os respons ve s por mpe r que os caças aque a ase eco assem para om ar ear o
Palácio Piratini, sede da resistência legalista, desobedecendo ordens expressas que foram emitidas por autoridades militares superiores.

Quanto ao episódio de sua morte, ocoronel médico Medeiros (chamado dessa forma pelo jornal citado), da Aeronáutica, relatou, anos mais tarde,
em epo mento ao orna ero ora, de 03 04 1988, que no dia 0404 1964 servia na Base Aérea de Canoas, onde Alfeu Monteiro era subcoman-
ante e n o a er ra ao gope m tar, untamente com seus su or na os, sargentos e so a os. aque e a, pea man , c egou o coman ante
recém-designado da 5ª. Zona Aérea, brigadeiro Nélson Freire Lavanere-Wan
derley, que determinou a prisão detodos os rebelados. Faltava oco-
ronel Alfeu. Quando chegou sua vez de receber a voz de prisão, ele reagiu:
etira“ essa ordem!” – gritou Alfeu
ilegal.
, “ Eu estava defendendoa
autor a e eg t ma, e e ta pe o povo. u n o po es me pren er!

Há versões colidentes sobre o contexto exato da morte. Prevalece a versão de que o brigadeiro Lavanere e o coronel Roberto Hipólito da
Costa trouxeram Alfeu para uma sala fechada, de onde se ouviram tiros após uma discussão. Num dos registros, o tenente-coronel teria sido
v t ma e ra a a e metra a ora nas costas, com 16 per uraç es aponta as numa per c a m ca. as ex stem vers es n can o que eu
teria sacado sua arma e efetuado disparos contra o novo comandante, sendo então baleado pelo coronel Hipólito, que teria respondido a
processo por homicídio, sendo absolvido. Alfeu foi levado ainda com vida ao Hospital do Pronto Socorro, em Porto Alegre, falecendo meia
hora depois. O brigadeiro Lavanere-Wanderley foi o primeiro ministro da Aeronáutica de Castello Branco, assumindo a pasta 16 dias após
o grave nc ente e anoas.

Marcio Gontijo, assessor jurídico da CEMDP, concluiu em seu parecer que, “a causa da morte de Alfeu, conforme auto de necropsia, deu-se
em função de disparos de arma de fogo recebidos quando estava na Base Aérea de Canoas (RS), ocasião em que deveria ser preso em função

60
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

de seu posicionamento diante do golpe militar de 1964. Portanto, seu falecimento esteve ligado à participação em atividades políticas e
a morte causa a por t ros rece os em epen nc a asseme a a a po c a , ca en o o recon ec mento e eu c ntara onte ro nas
disposições da Lei nº 9.140 95 .

relator na CEMDP votou pelo deferimento. Em 15/12/1998 o general Oswaldo Pereira Gomes solicitou a revogação do ato que concedeu
n en zaç o, asean o-se nos segu ntes argumentos: o e er mento a n en zaç o por parte o sta o o e et va o, as camente pe o
que afirma o oss os ortos e esaparec os o t cos ”. Segundo o general, “a afirmação do Dossiê está muito longe da verdade uma vez
que este membro da Comissão tomou conhecimento do Inquérito Policial Militar e do Processo Penal correspondente que correu na Justiça
Militar. Nesses processos fica provado que Alfeu de Alcântara Monteiro foi morto no ato de tentar contra a vida de seu superior hierárquico
ma or- r ga e ro son re re av anere- an er ey, no a nete e oman o este; e neste ato cr m noso acertou com t ro e arma e ogo,
que empunhava, a cabeça e o omoplata direito do referido major, sendo nesse momento abatido com 2 tiros pelo coronel-aviador Roberto
Hipólito da Costa. Tudo isso é comprovado em documentação anexa ”.

assessor ur co rc o ont o, ana san o o requer mento a revogaç o o ato n en zat r o, pon erou que: (...) não cabe discutir se a
morte ocorreu pelo exercício de legítima defesa ou por execução sumária, bastando que tenha ocorrido nas circunstâncias mencionadas na
decisão da Comissão Especial. (...) De qualquer forma, o deferimento do pedido se deu por decreto presidencial, embora baseado no parecer
da Comissão Especial, o que vale dizer que o órgão citado não tem competência para revogar o ato, que é do presidente da República, pelo
que n o como a aten er ao pe o, que n o tem compet nc a para ta . Em 15 09 2003 a conselheira Maria Eliane Menezes de
arias acolheu, na íntegra, as considerações constantes no parecer, votando pela manutenção da decisão da CEMDP.

ANTOGILDO PASCOAL VIANA (1922-1964)


Número do processo: 50 96 e 042 02
Filiação: Elvira Pascoal Viana e Ranulfo Viana
Data e local de nascimento: 21/4/1922, Itacoatiara (AM)
Organização política ou atividade: sn ca sta
ata e oca a morte: 08 04 1964, Rio de Janeiro RJ
Relator: Suzana Keniger Lisbôa (1º) e Belisário dos Santos Jr. (2º)
Deferido em: 08/12/2005 por unanimidade (fora indeferido em 15/05/97)
ata a pu caç o no : 19 12 2005

Amazonense de Itacoatiara, dirigiu o Sindicato dos Estivadores de Manaus desde 1954 e, pouco antes do movimento que depôs João Goulart,
mudou-se para o Rio de Janeiro por ter assumido o cargo de tesoureiro na Federação Nacional dos Estivadores, integrando também o re-
c m-cr a o oman o era os ra a a ores. ereceu o s processos na , sen o o prme ro n e er o unan memente, por n o se
enquadrar na Lei nº 9.140 95. O sindicalista teria se jogado do 5º andar do prédio do Hospital do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos
mpregados em Transportes e Cargas (IAPETEC), no dia 08/04/1964, morrendo em decorrência da queda.

oram anexa as aos autos c p as e vros que quest onam a morte por su c o, entre e es o e rc o ore ra ves, orturas e ortura os;
o de Elio Gaspari, ta ura nvergon a a e o oss os ortos e esaparec os . rc o ore ra ves enunc ou o caso como morte so
tortura por agentes de segurança do Rio de Janeiro. Informe reservado do Serviço Secreto do DOPS/SP, referente à reunião para deliberação

sobre eleições na Federação Nacional de Estivadores, traz o nome de Antogildo, que teria vínculos com o PCB, na lista dos 100 maiores
inimigos do regime militar, cassados pelo primeiro Ato Institucional, de 10 04 1964. Alguns documentos anexados ao processo na CEMDP
presentam strog o, como gra a ncorreta e seu nome, aven o menç o tam m a ter s o r gente comun sta.

Segundo o relator do segundo processo na CEMDP, Antogildo foi uma importante liderança sindical brasileira, tendo exercido o cargo de represen-
tante do Conselho da Confederação e do Comando Geral dos Trabalhadores CGT . ara o re ator, se a v a mpe u o recon ec mento na pr me ra

61
À MEMÓRIA E À VERDADE

preciação do caso, com a edição da nova lei (Lei nº 10.875/2004), a solução deveria ser diferente, pois cabia deferimento mesmo na hipótese de
ter ocorr o reame nte su c o, vers o que nos anos segunt es passar a a rece er cre a e sempre ecrescente. atuaç o s n ca , o envo v -
mento po t co, as c rcunst nc as o su c o , as pr t cas e pr s o sem mot vo usto e e v o nc a os rg os e segurança n o e xavam
dúvidas de que o suposto suicídio teria ocorrido na iminência da prisão. O relator concluiu que o sindicalista poderia ter sido preso, tortu-
rado e morto, “ou simplesmente tenha se suicidado, na iminência de ser preso, como tudo leva a crer”, e votou pelo deferimento.

EDU BARRETO LEITE (1940-1964)


Número do processo: 263/96 e 157/04
aç o: arreto e te e ss s a emar e te
ata e oca e nasc mento: 20 08 1940, Dom Pedrito RS
Organização política ou atividade: sargento do Exército Brasileiro
Data e local da morte: 13/04/1964, Rio de Janeiro (RJ)
e ator: Suzana Keniger Lisbôa 1º e 2º
Deferido em: 31 05 2005 por unanimidade fora indeferido em 05 05 1998, por 5 a 2
Data da publicação no DOU: 28/06/2005

morte o ga c o u arreto e te – 3º sargento o x rc to que tra a ava no serv ço e o o n st r o a uerra – apenas 13 as


depois da deposição de João Goulart, foi anunciada pelas autoridades do novo regime como suicídio. Ele teria se atirado pela janela, pouco
ntes de agentes de segurança invadirem seu apartamento, na rua Frei Caneca, no Rio de Janeiro. Ao buscar maiores esclarecimentos sobre
o ocorrido, porém, seu irmão Danton Barreto Leite ouviu do zelador do prédio uma história diferente. O zelador escutou muitos disparos e
ru os e uta corpora entro o apartamento, testemun an o que u o oga o pe a ane a. ma mora ora o pr o em rente estava
cor a a, com a uz apaga a, unt o ane a, e repet u exatamente a mesma vers o.

Danton Barreto Leite foi avisado da morte por um amigo de Edu, que leu a notícia na imprensa. Na mesma noite, ligou para o Exército atrás
e n ormaç es. omo n ngu m e prestasse qua quer esc arec mento, no a segu nte segu u e orto egre para o o, c egan o ao
Ministério da Guerra somente depois do enterro. Os militares alegaram não ter avisado a família por desconhecer o endereço, o que é pouco
plausível na disciplina tradicional do Exército. Danton foi levado a uma sala de reuniões onde os militares tentaram convencê-lo de que o
irmão, “comunista e subversivo”, havia se suicidado, saltando do sétimo andar do prédio onde morava. Sentiu que se não concordasse com
que a vers o ser a et o, mas n o cou convenc o. o a 15 e a r , esteve no apartamento e u, acra o pe o x rc to, e conversou
com a gumas pessoas sem se ent car. essa ocas o, ouv u o ze a or que c nco n v uos esperavam u quan o e e c egou no te.

Posteriormente, o Exército nomeou uma equipe para conduzir Danton ao apartamento. O local encontrava-se muito revirado e, segundo a
no va e u, tam m presente na ocas o, a tavam o etos pessoa s e a m qu na ot ogr ca. que ma s c amou a atenç o o rm o o
porta, com várias perfurações de bala, de fora para dentro, e nenhum vestígio de sangue. No Hospital Souza Aguiar, Danton foi informado
de que Edu dera entrada vivo e com fraturas múltiplas no braço esquerdo e nas costelas. O laudo do legista Amadeu da Silva Sales não
judou a esclarecer as circunstâncias da morte, determinando apenas que o óbito ocorreu em decorrência de “hematoma retro-peritonial
ao n ve e s gm e, ematoma a pare e ves ca .

As autoridades militares abriram inquérito, mas o 5° Distrito Policial apenas registrou o ocorrido. Um documento de 29/07/1964, assinado pelo

presidente em exercício do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Washington Vaz de Mello, relata que nos autos do IPM instaurado para apurar
responsa a e e o s ntegrantes o x rcto na morte e u ava ev ncas e que e e ora v t ma e um ac ente, n o e um cr me.

No relatório para a CEMDP, a relatora observou que o depoimento de Hilton Paulo Cunha Portella, então comandante do Pelotão de In-
vestigações Criminais do 1° Batalhão de Polícia do Exército, deixava clara a natureza política da morte: Edu era acusado de subversão por
pertencer ao c ama o rupo os nze . m outu ro e 1996, a om ss o spec a ec u que, na a ta e per c a, otos ou o a u o

62
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

necroscópico de Edu, deveria buscar informações e documentação no Exército. A relatora solicitou, então, a devolução do processo, ao qual
tam m o anexa a a ntegra o . nqu r to n o cont m ocumentos mportantes para uma ava aç o segura os atos, como as
n ormaç es re at vas s suspe tas com re aç o a u e o au o e per c a o oc a . am m n o oram ouv as as pessoas com outra vers o
dos fatos. A relatora deu parecer favorável ao enquadramento legal do caso, mas o processo foi indeferido por 5 a 2, foi acompanhada no
voto vencido por Nilmário Miranda.

m 04 01 2005, depois de reaberto o prazo para apresentação de novos requerimentos, por força da nova Lei, a CEMDP recebeu de outro
irmão de Edu, Jacob Barreto Leite, solicitação de reabertura do processo. Em nova apreciação, já à luz da Lei nº 10.875, que reconhecia a
responsabilidade do Estado em casos de suicídio – mesmo quando em versões oficiais tão inconsistentes como a relativa a Edu Barreto Leite
–, o processo o en t o e er o por unan m a e, sen o que a re atora recomen ou e xar reg stra a a necess a e e nvest gaç o peo
sta o ras e ro as rea s c rcunst nc as essa morte so a responsa a e o x rc to.

JOSÉ DE SOUZA (1931-1964)


úmero do processo: 07 8 96
iliação: Nair Barbosa de Souza e Alcides de Souza
ata e local de nascimento: 931, local não definido
Organização política ou atividade: sn ca sta
ata e oca a morte: 17 04 1964, Rio de Janeiro RJ
elator: general Oswaldo Pereira Gomes
eferido em: 29/02/1996 por unanimidade
ata a pu caç o no : 06 03 1996

José de Souza era membro do Sindicato dos Ferroviários do Rio de Janeiro. Foi preso e conduzido ao DOPS/RJ, na rua da Relação, no dia
08/04/1964, para averiguações. A versão oficial foi de que José cometeu suicídio nove dias depois, atirando-se pela janela do terceiro andar
o pr o a o c a entra o o e ane ro.

m depoimento à Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Seção do Estado do Rio de Janeiro da OAB, em 04/12/1995, anexada
o processo da CEMDP, José Ferreira, também preso nas dependências do DOPS na rua da Relação, conta que viu José de Souza chegar àquela
un a e po c a . egun o erre ra, e e estava astante nervoso com a pr s o, ev o aos constantes gr tos e t ros e metra a ora, mas, pr ncpa -
mente, por constatar que os presos vo tavam esma a os quan o am prestar epo mento. os erre ra contou a n a que, na man e 17 e a r ,
s 5 horas, foram acordados pelos agentes policiais que alertaram para o fato de José de
Souza encontrar-se morto no pátio do DOPS.

necrops a, rea za a por cente ernan es opes e as re tas, con rmou a vers o e su c o com esmagamento o cr n o. corpo o
retirado do IML e enterrado em 18 04 1964. O relator do processo na CEMDP aceitou a versão do suicídio, mas votou pelo deferimento, “pois
José de Souza encontrava-se em poder do Estado e os agentes não tomaram as mais elementares cautelas que a situação exigia”.

CARLOS SCHIRMER (1896-1964)


úmero do processo: 234/96 e 115/04

iliação: Mariae Benedita


ata e oca nasc menda
to:Costa Schirmer e Leopoldo Carlos Schirmer
30 03 1896, Além Paraíba MG
Organização política ou atividade:
ata e local da morte: 01/05/1964, em Divinópolis (MG)
elator: Nilmário Miranda (1º) e Maria Eliane Menezes de Farias (2º)
e er o em: 26 08 2004 por unanimidade fora indeferido em 09 02 98, por 5 a 2
ata da publicação no DOU: 03 09 2004

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À MEMÓRIA E À VERDADE

Nascido em Além Paraíba (MG) no final do século 19, Carlos Schirmer era filho de um engenheiro austríaco que veio para o Brasil a convite
o mpera or . e ro tra a ar na construç o e uma as pr me ras estra as e e rro ras e ras, em atu r t , no ear . arte a n n-
cia e da adolescência viveu no interior de São Paulo, onde o pai possuía uma fazenda de café. Esgotado o ciclo do café, a família perdeu
todos os bens e mudou-se para o Rio de Janeiro. Na capital federal, Carlos trabalhou na Casa Mayrink Veiga, sendo eletricista de dia e, à
noite, ascensorista. Como técnico em eletricidade, especializou-se na montagem de usinas hidrelétricas, algumas das quais funcionam até
o e – armo o a uru, tapecer ca, e o ton , to as em nas. tou no ar t o omun sta es e os pr me ros anos e ex st nc a o
partido, batizando um de seus filhos como Luiz Carlos, em homenagem a Prestes.

Viveu em Divinópolis (MG) de 1921 até morrer em 01/05/1964, aos 68 anos de idade, sem ser medicado, de asfixia por um disparo de arma de
ogo. vers o o c a o su c o. s rg os e segurança nva ram sua casa so a a egaç o e que ter a um arsena – e e possu a uma esp n-
garda Flaubert e um facão para trabalhar no quintal. Nessa versão, após resistir à prisão e ferir isdopoliciais, Schirmer foi transportado primeiro
o Hospital de Divinópolis e depois ao Hospital Felício Roxo, em Belo Horizonte, para ser operado. Segundo o relator na CEMDP, o militante,
“morreu por omissão de socorro ou socorro intencionalmente inadequado pelos agentes policiais que o conduziram aos hospitais ”.

Na CEMDP, o parecer do perito criminal Celso Nenevê registra que o laudo de necropsia descrevia duas lesões: “uma por tiro de arma de
fogo, disparada a curta distância ou à distância, e não por arma encostada ao corpo”. Fica evidente, assim, a contradição entre a descrição
do laudo de necropsia e o relatório assinado pelo encarregado do inquérito, coronel Melquíades Horta, pois seria impossível para Schirmer
sparar uma cara na 22 contra o pr pr o que xo sem manter a arma encosta a no que xo ou curt ss ma st nc a, porque seu raço n o
cançar a o gat o. segun a es o, tam m por arma e ogo , ocas onou a morte por ematoma retro- ngua e as x a .

atestado de óbito, firmado por Celso Tafuri, registra que Schirmer faleceu por asfixia, às 21h do dia 01/05/1964, no Hospital Felício Rocho.
au o n o escreve qua quer ntervenç o c r rg ca ou que ten am s o m n stra os me camentos. e c egou a ser eva o ao osp ta
Nossa Senhora Aparecida, em Divinópolis, segundo a esposa, onde foi atendido inicialmente, e em seguida conduzido a Belo Horizonte pelos
policiais que o prenderam, onde faleceu antes de ser operado.

conc us o o re ator o e que quan o c rmer encontrava-se so a cust a e agentes po c a s, e er o com um ematoma retro ngua , n-
dicando a necessidade de uma traqueotomia para não morrer sufocado, até uma intervenção cirúrgica mais cabal; foi, na verdade, inadequadamente
atendido por policiais que o trataram com violência e desmazelo
”, levando o relator a concluir que o deixaram morrer como represália ao fatode ter
reagido à prisão, e ao fato de um homem de 68 anos ter provocado a mobilização de dezenas de policiais, com ferimentos ainda que superficiais
em o s agentes. m ss o e socorro ou socorro ntenc ona mente na equa o pe os agentes po c a s que o con uz ram aos osp ta s.

No dia 9/2/1998, o caso foi colocado em pauta pela primeira vez na CEMDP, sendo indeferido por cinco votos a dois, vencidos os conselheiros
Nilmário Miranda e Suzana Keniger Lisbôa. No segundo processo, a relatora afirmou que “a introdução da Lei nº 10.875/04 enquadra perfeitamente
no caso ana sa o, posto que a vers o o c a as c rcunst nc as a morte, em ora quest ona a, aponta para a pr t ca e su c o . rman o n o
ser possível determinar se Schirmer teria sido baleado por agentes da repressão ou tentado suicídio, votou pelo deferimento.

PEDRO DOMIENSE DE OLIVEIRA (1921-1964)


úmero do processo: 04 4 96
iliação: Januária Domiense de Oliveira e João Fagundes de Oliveira

ata e local de
Organização nascimento:
política 4/05/1921, Salvador (BA)
ou atividade:
ata e oca a morte: 07 ou 09 05 1964, Salvador BA
elator: Oswaldo Pereira Gomes (1º) e Suzana Keniger Lisbôa (2ª)
eferido em: 02/10/97 por 6x1, (voto contra do general Oswaldo Pereira Gomes)
ata a pu caç o no : 1 4 10 97

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Natural de Salvador, o funcionário público Pedro Domiense era casado com Maria de Lourdes Santana Domiense de Oliveira, com quem teve
tr s os. o pres ente a ssoc aç o os osse ros o or este e mara na, a e e ene cente os ora ores e aranas e as
Classes Fardadas do Departamento de Correios e Telégrafos de Salvador (BA). Começou a militância política no Colégio Central da Bahia.
Concluiu o curso de bacharel em Ciências e Letras, mas interrompeu os estudos em função de perseguições políticas. Havia trabalhado no
jornal O Momento, ligado ao PCB, sendo espancado com outros colegas quando o Exército efetuou ocupação de sua sede. Em 1950, ingres-
sou no epartamento e orre os e e gra os.

oi preso no dia 04/05/1964, na sede dos Correios, em Salvador. Segundo a versão oficial, suicidou-se no Quartel da 6ª Região Militar, no dia
09/05, mas uma testemunha indica taxativamente o dia 7 como data da morte. Consta como ausa mortis, “intoxicação aguda exógena”,
ss na a pe o eg sta gar os assos arques. ua esposa passou um ano sen o v g a a pe o x rc to.

primeiro relator na CEMDP considerou que a única prova “ e que Pedro Domiense de Oliveira fora preso por motivos políticos” era uma
breve notícia de jornal e deu parecer pelo indeferimento. Foi apresentado um pedido de vistas do processo e, em 19/11/1996, a relatora
presentou o voto pe o e er mento, com novas provas ocumenta s. onstatou que apesar e o nome e e ro om ense n o constar o
oss os ortos e esaparec os o t cos , az a parte e outras stas e mortos e a ora as anter ormente, nc us ve os nais da Comis-
são Mista sobre Anistia do Congresso Nacional.

onstou tam m no novo re at r o um recorte o orna ar e, a a a, on e se , so o t tu o xpurgo no que ora eterm na a


prisão de Pedro Domiense de Oliveira, ex-presidente das Classes Fardadas do DCT, encaminhado para a 6ª Região Militar para o devido
interrogatório, dentro do plano de expurgo iniciado dias atrás pelo atual diretor regional dos Correios”. Foi anexado, ainda, depoimento de
Maria Helena dos Santos, que presenciou a prisão de Pedro, declarando que ele foi conduzido por dois soldados do Exército que informaram
estar sen o eva o ao uarte genera a 6ª eg o tar, na ourar a, para nterrogat r o. o mesmo a 4 e ma o e 1964, me r g 6ª
Região Militar para saber o paradeiro do sr. Pedro Domiense e o coronel Maurino informou-me que ele estava preso e incomunicável. Retornei
à casa dos seus familiares, que estava tomada por soldados do Exército, e informei à sua esposa o que me foi dito pelo coronel Maurino
”.

No dia 06 05 64, um vendedor ambulante contou à sra. Maria de Lourdes que, ao passarnas imediações da base aérea, no local conhecido como
Santo Amaro, havia visto o sr. Pedro Domiense quase morto. Maria se dirigiu ao local e levou o marido à base aérea que imediatamente o encami-
nhou à 6ª Região Militar. Chegando lá, o mesmo coronel Maurino mandou levá-la em um carro, acompanhado por soldados, até o Pronto-Socorro
etúlio Vargas. No dia 7 de maio de 1964, o sr. Pedro Domiense de Oliveira faleceu às 15h10.

o encam n ar o e er mento, a re atora ressa tou que as rea s c rcunst nc as a morte e e ro n o po er am ser resta e ec as, mas que
versão de suicídio por ter ingerido veneno durante a prisão era insustentável. A CEMDP solicitou novas diligências para confirmar a data
da prisão. Em reunião do dia 02/10/1997, a relatora apresentou um Adendo ao Relatório, em resposta às diligências solicitadas. Agregou
que o om an o tar o or este, em o c o ass na o pe o genera n o argas e re re, coman ante a 6ª eg o tar, n ormava
não dispor das ordens de prisão e soltura de Pedro Domiense de Oliveira, ou de qualquer outro documento sobre ele. Acrescentou a relatora
que o IML encaminhara o laudo de exame cadavérico, reafirmando a morte por intoxicação, e que os peritos teriam enviado fragmentos
do estômago e fígado para exame toxicológico, sendo detectada a presença de substâncias utilizadas em raticidas ou inseticidas. Foi ainda
nexa o ep o mento e as ngton os e ou za, compan e ro e pr s o e e ro om ense, a rman o que e e o tortura o. re atora
re terou o pe o e e er mento, que o en t o acata o por 6 x 1.

65
À MEMÓRIA E À VERDADE

MANUEL ALVES DE OLIVEIRA (1934-1964)


úmero do processo: 07 6 02
iliação: Maria Alves de Oliveira e Manoel Cândido de Oliveira
ata e local de nascimento: 21/10/1934, Sergipe
Organização política ou atividade: sargento do Exército Brasileiro
ata e oca a morte: 08 05 1964, Rio de Janeiro
elator: Augustino Pedro Veit
eferido em: 28/06/2006 por unanimidade
ata da publicação no DOU: 13/07/2006

No livro Torturas e Torturados, Márcio Moreira Alves denunciou a prisão de Manuel Alves de Oliveira, 2º sargento do Exército, retido no
Regimento Andrade Neves, em abril de 1964, onde respondia a IPM. O livro informa ainda que ele foi removido para o Hospital Central do
xército, no Rio de Janeiro, e morreu no dia 8/5, em circunstâncias não esclarecidas. O laudo necroscópico elaborado no IML/RJ confirma
que o corpo deu entrada no dia 08 05 1964, procedente do HCE.

Na primeira vez em que foi protocolado, o processo não chegou a ser analisado pela CEMDP, por estar fora do prazo estabelecido pela Lei
nº 9.140/95, mas um novo processo foi apresentado em 12/12/2002. Entre os documentos apresentados, consta uma permissão para visitas
da esposa de Manuel, em 22 04 1964, que confirma a prisão: “... este comando leva ao conhecimento de V. Ex que autoriza o 2º sargento
Manuel Alves de Oliveira, preso em unidade dessa UG, a receber a visita de sua esposa, D. Conceição Martorelli de Oliveira, em caráter ex-
cepcional. ”Em outro documento do HCE, o médico chefe do SDP, Samuel dos Santos Freitas, presta a seguinte declaração, em 23/4/1964:
“Declaro que o 2º sargento Manuel Alves de Oliveira encontra-se baixado na 13ª enfermaria e devido às suas condições atuais encontra-se
mposs ta o e ass nar qua quer ocumento .

Matéria do Correio da Manhã, de 16/9/1964, traz a seguinte notícia: “ do sargento Manuel Alves de Oliveira, Norma Conceição Martorelli de
A viúva

Oliveira, disse ontem ao Correio da Manhã que o seu marido foi torturado no HCE, onde inclusive, aplicaram-lhe choques elétricos. ‘Numa das poucas
vezes em que consegu v s t - o... ver que que o seu corpo estava co erto e marcas, que ma s tar e sou e serem e erro quente. stava trans or-
mado em um verdadeiro flagelado, com a barba e os cabelos crescidos’..”.. A notícia continua: “... revelou ainda a viúva do militar torturado que as
utoridades procuraram convencê-la de que seu marido era débil mental. ‘
Chegaram a dizer... que ele ficou despido na enfermaria 13 e colocou a
roupa pendurada nas grades do cárcere. Se isso ocorreu, é porque as torturas já o haviam enlouquecido’..”
..

ma s: ... nem sei mesmo como explicar porque o internaram no HCE, pois quando Manuel saiu de casa estava em perfeita saúde. Não tinha
nenhuma doença e jamais demonstrou qualquer desequilíbrio mental, como,... Acrescentou
aliás, prova o fato de ter 10 anos de Exército..”.. “
a Sra. Norma que conseguiu avistar o marido apenas três vezes e depois teve suspensa essa ordem: ‘Na primeira vez... apesar de seu estado,
consegu u ar- e com a na oca. epo s a pro ç o e v s t - o, somente vo tou a ter not c as suas quan o estava morto. o consegu
saber qual causa foi atribuída à sua morte e o atestado de óbito também não a esclarecia’..”..

No livro de registros de enterros do cemitério do Realengo (RJ), onde o sargento foi sepultado no dia seguinte ao da sua morte, não há
qua quer re er nc a so re a causa, reve an o apenas que o sepu tamento ocorreu s expensas o rupo e an o nt - reo-90, on e
servia. Segundo depoimento da esposa, Manuel foi preso em casa, na presença dos cinco filhos menores do casal, por um homem em trajes
civis que chegou com outras pessoas sem farda, em uma Kombi. Somente dois dias depois, recebeu a confirmação de que ele estava preso
e ficou surpresa ao descobrir que era mantido no HCE, pois não se encontrava doente ao sair de casa.

Antes disso, no I Exército, disseram à esposa que o sargento estava preso em um navio-presídio, o que não era verdade. Segundo conseguiu
purar, a única acusação feita a seu marido foi ter sido candidato à presidência do Clube dos Subtenentes e Sargentos do Exército nas últi-
mas eleições, sendo simpatizante do ex-presidente João Goulart. O arquivo público do Rio de Janeiro forneceu à CEMDP diversos documen-
tos nos qua s constam v r os c a os com o nome e anue ves e ve ra, sem qua caç o, mas to os c a os como m tantes o

66
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

PCB por órgãos de informação, o que serviu como evidência de sua militância política. Quanto à morte, ainda que não haja prova material
conc us va nos autos atestan o as torturas a que anue o su met o, o re ator a om ss o spec a votou pe o e er mento.

PÉRICLES GUSMÃO RÉGIS (1925-1964)


úmero do processo: 21 5 96
iliação: Laudicéia Gusmão de Freitas Silva e Adalberto Régis Keler da Silva
ata e local de nascimento: 5/12/1925, Vitória da Conquista (BA)
Organização política ou atividade: vereador do MTR
ata e oca a morte: 12 05 1964, Vitória da Conquista BA
e ator: João Grandino Rodas
eferido em: 30/01/97 por unanimidade
ata da publicação no DOU: 8/02/1997

Casado e pai de quatro filhos, estando sua esposa no sétimo mês de uma nova gravidez, Péricles Gusmão Régis era vereador em Vitória da
Conquista (BA), do partido Movimento Trabalhista Renovador (MTR). Foi preso no Quartel da Polícia Militar (9º BPM/VC), em 06/05/1964,
junto com o prefeito, Pedral Sampaio, e várias pessoas de seu grupo político. O vereador era líder do prefeito na Câmara Municipal. De acor-
do com a versão oficial, foi encontrado morto no dia 12 05 1964. O médico oftalmologista Hugo de Castro Lima, preso na mesma época,
testou como causa mort s anemia aguda, devido à hemorragia externa, devido a secção de vasos sanguíneos (suicídio) .

Péricles foi detido por ordem do comandante do 19º Batalhão de Caçadores do Exército, para responder a IPM presidido pelo capitão
nton o an oqu em raz o e cr me contra a segurança nac ona . o nqu r to consta que: p s pro onga o nterrogat r o, rea za o
em dependências daquele quartel (...) Péricles (...) foi reconduzido à ‘sua’ cela, onde foi encontrado morto, em 12 05 1964 . a ver a e, o
vereador foi interrogado ininterruptamente das 7 horas do dia 11 de maio às 2 horas do dia seguinte.

re ator na ressa tou em seu voto o epo mento o ra a sta son oura va, que cou na ce a at ma s e me a-no te o
dia 11 05 1964, quando chegaram dois soldados trazendo Péricles, que, segundo eles, “term nara seu ongo e tenso nterrogat r o ”. Gilson
recebeu ordens de sair da cela para que o vereador ficasse sozinho. “Péricles estava muito deprimido, semblante carregado, muito diferente
daquele que eu encontrara dias atrás (...) Mais tarde vimos passar Dr. Hugo de Castro Lima. Horas depois é o próprio Hugo que nos dá a pavo-
rosa not c a a morte e r c es. e n o suportara a tortura menta que so rera na ce a, so a o, ap s o nterrogat r o .

No depoimento de Raul Carlos Andrade Ferraz, consta que “a cela já estava um pouco vazia (...) e quando Péricles voltou (...) o fez apenas
para apanhar seus pertences pessoais (...) Foi proibido de conversar (...) estava transtornado (...) saiu e foi para outra cela (...) Pouco depois
ouv vozes e v r. ugo e astro ma entrar pe o corre or e, segun o sou e em segu a, este e etuou aut ps a e conc u u que r c es ter a
se su c a o, ter a se corta o com g ete, nos pu sos, no pescoço e no raço .

relator acrescenta em seu voto q ue, nos depoimentos das pessoas mencionadas, ficou clara a militância política de Péricles, o que causou
sua pr s o no quarte a o c a tar, restan o comprova o que, ten o s o acusa o e part c paç o em at v a es po t cas, a eceu
por causas n o natura s, mu to provave mente por su c o, em epen nc a po c a m tar ”. O reconhecimento da morte de Péricles Gusmão
Régis como responsabilidade do Estado foi aprovado por unanimidade, com ressalva à versão de suicídio, apresentada pelos conselheiros

Suzana Keniger Lisbôa e Nilmário Miranda.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

BENEDITO PEREIRA SERRA (1913-1964)


Número do processo: 11 4 96 e 113 04
ata e oca e nasc mento: 8 12 1913, Bragança PA
Filiação: Tereza Joana Pereira de Moraes e Benvindo de Moraes Serra
Organização política ou atividade: sindicalista rural
ata e oca a morte: 16 05 1964, Belém PA
e ator: Nilmário Miranda, comvistas de Suzana Keniger Lisbôa 1º , Belisário dos Santos Junior 2º
Deferido em: 26/08/2004 por unanimidade (fora indeferido em 19/11/1996)
Data de publicação no DOU: 03/09/2004

Paraense de Bragança, Benedito Pereira Serra adoeceu e morreu em conseqüência de torturas. Antes de ser preso, em 09 04 1964, em
Castanhal, quando seguia para sua terra natal, gozava de plena saúde. Na prisão, torturado e submetido a condições degradantes, con-
raiu hepatite infecciosa viral e, mais tarde, hepatite aguda fulminante, falecendo no mês seguinte. Integrante da União dos Lavradores e
Trabalhadores Agrícolas do Pará (ULTAP), Benedito morreu no Hospital do Exército, em Belém (PA), em 16/5/1965, sendo atestada hepatite
n ecc osa, nsu c nc a epato-rena e toxem a.

A prisão foi noticiada nos principais jornais da região, mas sua esposa, Miracy, só pode vê-lo quase um mês depois, em 3 de maio, quando
o marido preso já estava doente, febril e debilitado por torturas e maus tratos. No dia 9, quando foi novamente visitá-lo, Miracy soube que
e e ora trans er o para o osp ta o x rc to. o a 19, o orna rov nc a o ar n ormou: a eceu o comun sta que estava preso ,
vítima de forte hepatite aguda.

m depoimentos para a CEMDP, tomados no 4° Oficio de Notas de Belém, amigos e companheiros de Benedito confirmaram a liderança que
exerc a entre os tra a a ores rura s, re em ran o que era um omem orte e a egre. o com espanto que o encontraram p o, magro,
sem forças, e ouviram os relatos de tortura e as péssimas condições de prisão. O laudo da necropsia foi assinado pelo patologista José Mon-

eiro
da Leite. O diagnóstico
Universidade Federal domacroscópico foi confirmado
Pará, confirmou pelo àexame
em 23/02/1996 CEMDPhistopatológico dos órgãos.
que Benedito Pereira SerraEdraldo
faleceuLima Silveira,Militar
no Hospital médicodepatologista
Belém no
dia 16 05 64, às 19h.

m 14/05/1996, o relator na CEMDP votou pelo deferimento, alegando que a morte ocorrera por causa não natural. Devido a questio-
namentos levantados durante a discussão do parecer, um conselheiro pediu vistas e apresentou seu relatório no dia 19/11/1996. Em seu
voto, acrescentou ec araç o e ra o ma ve ra : omo est artamente ocumenta o, sa emos que o ene to o preso e
orturado durante o regime militar de 1964 com posterior morte no Hospital do Exército em Belém do Pará. Conforme depoimento da esposa,
a vítima esteve em prisões diversas, onde eram péssimas as condições de higiene. Conforme laudo da necropsia, sua causa mortis foi hepatite
infecciosa. Considerando que o Benedito gozava de perfeitas condições de saúde física e mental, antes de ser preso, fica fácil concluir que a
oença que ocas onou sua morte o contra a no am ente pr s ona , portanto e nte ra responsa a e o reg me a poc .

Numa primeira decisão, a maioria da CEMDP considerou não ter sido provado que a morte ocorrera por causa não natural, indeferindo o
processo. Em 2004, com a ampliação dos critérios da Lei nº 9.140/95, o processo foi reapresentado, incluindo declaração de Almir Gabriel,
e e to governa or o ar em 1994, que c egou v s tar ene to no ata o e n antar a a , em e m, 30 anos antes, ten o reco-
mendado sua remoção urgente para o Hospital Geral, em razão de seu precário estado de saúde. O relator do segundo processo tornou
ressaltar a certeza do caráter político da prisão e também dos maus tratos sofridos. Ponderou: “ Ainda que a hepatite pudesse ter sido
contraída antes da prisão, o fato é que a tortura e os maus tratos, nestes incluídos a falta de assistência médica inicial antes da situação tor-
nar-se cr t ca, a a ta os cu a os extremamente espec a s que a oença ex ge, a trans er nc a e ta na m n nc a a morte, provoca a por
reclamação de influente político local, agravaram em muito e devem ter sido determinantes do resultado óbito, além de denotar o desprezo
da autoridade militar pela pessoa, pela dignidade e pela integridade e saúde do detido, seguramente por sua suposta condição de militante
comunista e ‘agitador subversivo’”. Votou pelo deferimento, sendo acompanhado na decisão por todos os integrantes da CEMDP.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

DILERMANO MELLO DO NASCIMENTO (1920-1964)


úmero do processo: 18 8 96
iliação: ga e o o asc mento e anoe o erto o asc mento
ata e local de nascimento: 9/2/1920, Paraíba
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 15 08 1964, Rio de Janeiro RJ
e ator: swa o ere ra omes
eferido em: 02/04/1996 por unanimidade
ata da publicação no DOU: 11/04/1996

ara ano e nasc mento, a ro escen ente e 1º tenente a eserva o x rc to, ntegrou o 11º eg mento e n antar a a orça xpe -
cionária Brasileira, embarcando para a Itália no dia 20/09/1944. Participou da célebre Batalha de Monte Castelo, retornando ao Brasil em
8/5/1945. Economista, integrou a equipe da Sudene e fez cursos na Cepal. Era chefe da Divisão de Administração do Ministério da Justiça,
quando foi preso no Rio de Janeiro, no dia 12/08/1964, para responder a inquéritos presididos pelo comandante da Marinha de Guerra, José
e ace o orr a nto, e pe o corone o x rc to a emar au uro a. orreu em 15 e agosto, no nterva o o nterrogat r o a que
estava sendo submetido no 4° andar do edifício do Ministério da Justiça. Seu nome consta no ossiê dos Mortos e Desaparecidos.

s legistas Cyryaco Bernardino Pereira de Almeida Brandão e Mário Martins Rodrigues determinaram como causa mortis “esmagamento
o cr no . e acor o com a vers o o c a , ermano sa tou a ane a o 4º an ar o pr o o n st r o a ust ça, no o e ane ro,
deixando um bilhete que dizia: “Basta de tortura mental e desmoralização”.

corpo de Dilermano foi retirado do IML por seu irmão, Paulo Mello do Nascimento, sendo sepultado por sua família no Cemitério São João
Batista. A viúva, Natália de Oliveira Nascimento, colocou em dúvida a versão policial ro e otcas , Rio de Janeiro, 11 11 64 . Segundo
ela, até mesmo o bilhete seria falsificado. O laudo pericial concluiu, por exclusão de provas, que ele foi induzido a saltar da janela do 4°

ndar, após
revelou que longo interrogatório,
não houve dirigido pelo
nenhum elemento capitão-de-mar-e-guerra,
que pudesse CorreiaNem
fundamentar o suicídio. Pinto. Laudoforam
mesmo elaborado pelo perito
encontradas Cosme
marcas Sá Antunes
no parapeito da
ane a, e on e ter a sa ta o a v t ma.

Jorge Thadeu Melo do Nascimento, filho de Dilermano, prestou depoimento ao Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, em 3/01/1995, declarando que,
no dia 14/8/1964, às 20 horas, quando tinha 15 anos de idade, dois militares à paisana foram a sua casa, convidando-o para visitar seu pai,,
que se encontrava preso es e o a 12. o c egar , o cap t o orre a nto o o r gou a sentar e n o o e xou ver o pa , ameaçan o-o:
seu pai não confessar, não sairá vivo daquie Se ele não confessar, quem vai pagar por tudo é a família. ssas ameaças – ao que e pareceu
– foram dirigidas a seu pai, que deveria estar ouvindo e sabendo da presença do filho. No dia seguinte, soube que Dilermano estava morto.

ara o re ator na – que votou pe o e er mento – ermano morreu por causa n o natura em epen nc a po c a ou asseme a a,
acusa o e at v a es po t cas .

JOÃO ALFREDO DIAS (1932-1964)


Número do processo: 133 96 e 170 96
Filiação: Amélia Gonçalo Dias e Alfredo Ulisses Gonçalo
Data e local de nascimento: 23/06/1932, Sapé (PB)
Organização política ou atividade: sindicalista rural PCB
ata e oca o esaparec mento: setembro de 1964, João Pessoa (PB)
Data da publicação no DOU: 04/12/95

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À MEMÓRIA E À VERDADE

PEDRO INÁCIO DE ARAÚJO (1909-1964)


Número do processo: 13 5 96
Filiação: Ana Maria da Conceição e Pedro Antônio Félix
Data e local de nascimento: 08/06/1909, Itabaiana (PB)
Organização política ou atividade: sindicalista rural/PCB
ata e oca o esaparec mento: setembro de 1964, João Pessoa PB
Data da publicação no DOU: 04/12/95

Conforme denúncia de Márcio Moreira Alves no livro Torturas e Torturados Pedro Inácio e João Alfredo desapareceram juntos, em setembro
de 1964, no 15° Regimento de Infantaria do Exército, em João Pessoa PB , onde foram torturados. Tempos depois, dois corpos carbonizados
pareceram na estrada que liga João Pessoa a Caruaru. De acordo com testemunhas, seriam os corpos de João Alfredo e Pedro Inácio de
Araújo. A história da vida de João Alfredo, assim como de João Pedro Teixeira e outros camponeses, aparece no filme Cabra marcado para
morrer dirigido por Eduardo Coutinho.

João Alfredo era sapateiro e camponês, militante do PCB. Foi o organizador das Ligas Camponesas de Sapé. Antes de 1964, esteve preso em
várias ocasiões devido a seu trabalho político com os camponeses. Nas eleições municipais de 1963, foi eleito vereador em Sapé, com mais
de três mil votos, tendo sido na ocasião um dos mais votados. Logo após o golpe que depôs o presidente Goulart, João Alfredo foi preso,
ortura o e cou et o at setem ro e 1964, quan o esapareceu.

Também filiado ao PCB, Pedro Inácio de Araújo, conhecido por Pedro Fazendeiro, era trabalhador rural e militou em defesa dos direitos dos
rabalhadores rurais, com João Pedro Teixeira, líder camponês assassinado em 1962. Antes de 1964, sofreu ameaças de morte por parte dos
at un r os a reg o, ten o, em 1962, eva o um t ro na perna. o v ce-pres ente a ga amponesa e ap , na ara a, e mem ro a
ederação das Ligas Camponesas. Morava em Miriri. No dia 08 05 1964, foi preso pelos órgãos de repressão e levado para o 15° Regimento
de Infantaria do Exército, em João Pessoa, onde foi torturado. Respondia a inquérito presidido pelo coronel famoso Hélio Ibiapina Lima.

s nomes de João Alfredo e Pedro Inácio estavam incluídos entre os 136 da lista anexa à Lei nº 9.140 95, sendo portanto automaticamente
reconhecidos, sem necessidade de escolha de relator ou realização de diligências pela CEMDP.

ISRAEL TAVARES ROQUE (1929-1964/1967)


Número do processo: 34 8 96
Filiação: Lygia Violeta Tavares Roque e Lydio José Roque
Data e local de nascimento: 3/01/1929, Nazaré (BA)
Organização política ou atividade:
ata e oca o esaparec mento: Entre 1964 e 1967, Rio de Janeiro (RJ)
Relator: Oswaldo Pereira Gomes, com pedido de vistas de Nilmário Miranda
Deferido em: 15/05/1997 por unanimidade
ata a pu caç o no : 20 05 1997

A primeira prisão de Israel aconteceu ainda na década de 50, mais precisamente no dia 31/07/1953, quando trabalhava no jornal O Mo-
mento, órgão do PCB na Bahia. Já no segundo semestre de 1964, Israel seria detido por um policial baiano, em frente à Central do Brasil,
no o e ane ro, e con uz o a uma e egac a que unc onava na estaç o. eu rm o eres o procurou , mas sseram que srae n o se
encontrava naque a e egac a. epo s sso, nunca ma s o v sto.

No primeiro exame feito na CEMDP, o relator registrou a certeza d a militância política de Israel no PCB da Bahia, motivo que o levara
ser preso na ca a e 50. as pe u n e er mento o processo, a egan o n o aver provas a t ma pr s o, em ora o rm o

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

firmasse que Israel fora detido em 15/11/1964, próximo à Central do Brasil, pelo mesmo policial que o prendera em Salvador, e por
ma s quatro agentes.

Houve pedido de vistas ao processo e foi realizada diligência para reunir provas a favor do pedido da família de Israel. No Arquivo Público do Rio de
Janeiro, onde estão asfichas do extinto DOPS, foramencontrados documentos referentes a ele: um relatório18/5/1955,
de expedido pela polícia per-
nambucana, afirmando queIsrael era um dos principaisdirigentes comunistasdo Comitê Municipal de Salvador; docum ento com data de 139 1957
fazendo referência ao relatório de 185 1955, da polícia pernambucana. E, porúltimo, documento de 232 1958, queafirmava aexistência deum
relatório de janeiro de 1957, daolícia
p de Pernambuco, sobre o militante comunista e membro dirigente do Comitê Municipal de Salvador.

o parecer, o rev sor n cou que os ocumentos mostram que srae con t nuou tra a an o no orn a omentoe m tan o no ,
sendo vigiado pela polícia política. Levou também em consideração as declarações de algumas pessoas, entre elas a professora Sônia de
Alencar Serra, da Universidade Federal da Bahia, que serviram para comprovar a militância de Israel no PCB depois de 1953. Colheu, ainda,
o depoimento de um capitão-de-fragata, amigo de um colega do requerente, informando que, na época, a pedido de seu amigo, buscou
n ormaç es so re s rae e que e e n o ter a s o preso pe a ar n a, x rc to ou eron ut ca, e s m pe a po c a po t ca a a a, que
informou ao DOPS do Rio que faria uma diligência no estado para prender Israel. Esse depoente dá como data da prisão “2º semestre de
967”. A CEMDP seguiu o voto pelo deferimento do pedido.

DIVO FERNANDES DE OLIVEIRA (1895-1965)


úmero do processo: 192/96
iliação: Thamasia Bernarda de Jesus e João Tomaz de Oliveira
ata e oca e nasc mento: 3 01 1895, Tubarão SC
Organização política ou atividade: PCB
ata e local do desaparecimento: 1964/1965, Rio de Janeiro (RJ)
elator: Nilmário Miranda
e er o em: 14 05 1996 por unanimidade
ata da publicação no DOU: 17 05 1996

Catarinense de Tubarão, antigo militante do PCB e taifeiro da Marinha, participou, no Rio de Janeiro, do polêmico comício da Central do
ras , a 13 e março e 1964, quan o ango anunc ou o esenca eamento as c ama as e ormas e ase. ogo epo s o o pe e
sta o, vo o p reso, aos 69 anos e a e, e eva o para o pres o emos r to.

Sua esposa, Nayde Medeiros, professora em Criciúma (SC), chegou a visitá-lo uma vez. Ao retornar ao Rio para nova visita, descobriu que seu
mar o ava esaparec o. ece eu n ormaç es esencontra as os unc on r os o pres o. ns z am que e e ava ug o outros, que ora
trans er o para o pres o angu . ay e v s tou to as as pr s es e cem t r os, escreveu s autor a es, mas nunca rece eu respostas, nem cert -
dão de óbito, nem o corpo, nem explicação alguma. Em abril de 1965, foram localizados alguns pertences de Divo no Departamento do Sistema Pe-
nitenciário (DESIP) do Rio de Janeiro. A CEMDP não conseguiu estabelecer se o desaparecimento ocorreu no final de 1964 ou no início de 1965.

a e vo, a a r a, começou a procurar o pa epo s e a u ta. m 1989, esteve no o e ane ro v s tan o v r as repart ç es
públicas e presídios. Uma funcionária do DESIP localizou uma pasta, número 21.426, onde havia o nome de Divo Fernandes D’Oliveira. Na

pasta, Alba encontrou alguns documentos pessoais e nada mais.


on orme as ec araç es e orge e c ano, ex-m tante o e ex-pres ente o n cato os ne ros e r c ma, e e ma eu uz,
dirigente do PCB em Criciúma e em Santa Catarina, Divo deve ter sido morto na prisão Lemos Brito, no Rio de Janeiro. O corpo nunca foi
entregue à família. Com base nos depoimentos e na carta enviada por Nayde ao marido na prisão (em resposta à carta dele), o relator da
votou pe o e er mento o pe o, sen o acompan a o por to os os nt egrantes o co eg a o em seu voto.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

ELVARISTO ALVES DA SILVA (1923 - 1965)


Número do processo: 34 0 96
ata e oca e nasc mento: 28 12 1923, Ibirama RS
Filiação: Julieta Alves da Silva e Francisco Alves Dias
Organização política ou atividade: PTB
Data e local da morte: 23/04/1965, Santa Rosa (RS)
e ator: uzana en ger s a
Deferido em: 27/08/96 por unanimidade
Data da publicação no DOU em: 29/8/1996

var sto ves a va – an n mo ntegrante a comun a e em que v v a, agr cu tor po re e sem nstruç o – era con ec o no str to e to
Uruguai, onde residia, pela dedicação ao trabalho necessário ao sustento de numerosa família, pela honestidade e pelo incomum espírito de so-
lidariedade muitas vezes demonstrado. Ativista político, filiado ao Partido Trabalhista, era fervoroso defensor da política desenvolvida por Leonel
Brizola, quando governador do Rio Grande do Sul (1958-1962). Suas atividades partidárias e o entusiasmo às vezes demonstrado na defesa de suas
as ama s c egaram a trazer conseqü ncas n ese a as sua v a ou ao seu re ac onamento na soc e a e, mu to menos, or em p ca . o
com essas palavras que o ex-deputado gaúcho Fernando Guedes do Canto definiu Elvaristo em depoimento à Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, em 1995, antes da aprovação da Lei nº 9.140/95.

sse caso, at ent o, era escon ec o pe as com ss es e am ares e n o constava em nen uma sta ou oss e en nc as os cr mes
da ditadura. Perseguido pela militância contrária ao regime militar, membro do PTB e conhecido como brizolista ferrenho, Elvaristo chegou
ser preso várias vezes após abril de 1964. Foi morto no 1º Quartel de Cavalaria Motorizada de Santa Rosa (RS), em 23/04/1965, após ter
ficado detido em Três Passos (RS). A versão oficial de sua morte indicou suicídio.

m março de 1965, o coronel Jefferson Cardin Alencar Osório, na esperança de desencadear um movimento armado contra o regime vi-

gente, iniciou
município umateve
em que açãosrcem,
de guerrilha a partir
nem trouxe de Trêsalteração
qualquer Passos. Aà insurgência não
vida nacional. recebeutrouxe
Contudo, apoio várias
popular digno deàregistro,
alterações vida dosnem mesmoda
habitantes no
c a e. esenca earam-se severas me as e repress o, v r as pessoas oram presas para aver guaç o e poss ve en vo v mento com os
insurgentes. Comerciantes, profissionais liberais, funcionários públicos e agricultores, entre os quais Elvaristo, foram presos em suas resi-
dências ou no exercício de suas atividades cotidianas. Sobre eles não pesava acusação alguma, a não ser a suspeita de cumplicidade com a
“subversão”. Após a prisão, foram levados para um quartel do Exército no município de Santa Rosa.

ntre os presos, conforme conta Fernando do Canto, Elvaristo mostrava-se mais inconformado, tendo, inclusive, ensaiado uma tentativa
de fuga. Por tudo isso, foi retirado da companhia dos demais, que na noite do mesmo dia souberam de seu suicídio por enforcamento. Sua
esposa, Eva, foi informada de que Elvaristo teria se enforcado no banheiro da prisão, mas estranhou a presença, em seu corpo, de dois cortes,
c ma e a a xo o pe to.

No momento de sua prisão, em março de 1965, enquanto o pai se vestia para acompanhar os militares, um tenente que o prendia, dizendo
imaginar serem caluniosas as acusações apresentadas, pediu-lhe que negasse ser brizolista, que assim logo seria solto. Elvaristo, segundo
seu o or erto, pe u escu pas, zen o- e ser o tenente uma autor a e e e e, um preso. segu r a rmou, mas se o sen or n o
omem, eu sou. asc neste part o e morro neste part o; se tocar e r gar unto com r zo a, erramamos sangue untos . ez as epo s,
família foi comunicada de sua morte.

n o teve como ana sar o ato o su c o, que n o ocumentos ou testemun os capazes e quest onar a vers o o c a ,
sendo, entretanto, unânime a votação para inclusão do nome de Elvaristo Alves da Silva entre os beneficiários da Lei nº 9.140 95.

72
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

LEOPOLDO CHIAPETTI (1906 - 1965)


Número do processo: 10 4 02
Filiação:erena anta apett e acomo apett
Data e local de nascimento: 7/06/1906, Garibaldi (RS)
Organização política ou atividade: Grupo dos Onze
Data e local da morte: 21/05/1965, Erexim (RS)
e ator: o o atst a agun es
Deferido em: 01/12/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 07/12/2004

Leopoldo Chiapetti foi preso em casa, na cidade de Mariano Moro RS , no dia 30 04 1964, pela PM gaúcha, sob acusação de participar de
tividades políticas contrárias ao regime, mais precisamente, de integrar o chamado “Grupo dos Onze de Mariano Moro”, ligado a Leonel
Brizola, cujas reuniões eram abertas e destinadas a discutir problemas políticos e sociais do Brasil.

Um relatório da Delegacia Regional de Polícia de Erechim, de 30 04 1964, afirmava que ele era presidente do “Grupo dos Onze” e fora en-
quadrado no Art. 24 da LSN. Durante o período em que ficou preso, na delegacia de Severiano de Almeida e no presídio regional de Erechim,
de 30/4 a 21/5/1964, sofreu torturas físicas em todo corpo, inclusive órgãos genitais, afogamento em água gelada e choques elétricos, e
ambém torturas psicológicas, permanecendo nu e incomunicável durante todo o período de detenção, para que “ ntregasse informações
o re as aç es o rupo e as armas .

No dia 03/05/1964 foi internado em decorrência das graves lesões resultantes e ficou sob custódia da polícia, no Hospital Santa Terezinha,
de Erechim, como atestam os documentos do Arquivo Público do Rio Grande do Sul. Posto em liberdade no dia 21/05/1964, Leopoldo con-
nuou sen o o r ga o a comparecer semana mente e egac a e ever ano e me a para ass nar o vro os ementos v g a os .

m conseqüência
meses, dos 21/05/1965,
morreu no dia maus tratos,aos
a saúde ficou
59 anos. debilitada.
Segundo JofreNão obstante
Laurau, submeter-se
também a tratamento
preso e perseguido comomédico-hospitalar durante
integrante do Grupo várioso
dos Onze,
colega Leopoldo sofreu mais violências por ser líder e a morte não aconteceu pelo que consta na certidão de óbito choque operatório . Para
Jofre, ela foi conseqüência das graves lesões corporais das quais o companheiro jamais se recuperou, embora nenhum médico se arriscasse
declarar a verdade, sob pena de sofrer retaliações.

utra testemun a o so r mento e eopo o o rt m o oce n. egun o e e, a am a e eopo o consum u quase to a a sua pequena
propriedade rural na tentativa de salvá-lo. Uma de suas filhas, Leda, então com sete anos, precisou de tratamento médico e psicológico por
er presenciado a prisão do pai e por vê-lo desfigurado na volta.

m ec araç o , o conse e ro aposenta o o r una e o ntas o o ran e o u , e so esta, a rmou que apett era
um grande líder político na região de Mariano Moro. Com a prisão e as torturas praticadas dentro e fora das grades, a mando do coronel
onçalino Curio de Carvalho, ele ficou abalado psicologicamente. No relatório para a CEMDP, o relator afirmou que o processo de Leopol-
do Chiapetti foi aprovado pela Comissão de Indenização aos Presos Políticos do Rio Grande do Sul e, conseqüentemente, votava pela sua
provaç o tam m na .

73
À MEMÓRIA E À VERDADE

SEVERINO ELIAS DE MELLO (1913 - 1965)


úmero do processo: 22 6 96
iliação: eom ra ra o e e o e au no e e o
ata e local de nascimento: 20/07/1913, Espírito Santo (PB)
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 30 07 1965, no Rio de Janeiro RJ
e ator:u s ranc sco arva o o
eferido em: 14/05/1996 por unanimidade
ata da publicação no DOU: 17/5/1996

ara ano e nasc mento, o comerc ante ever no as se mu ou para o o e ane ro aos 17 anos, enga an o-se na eron ut ca. o
preso em 1935, quando da tentativa de insurreição liderada por Luiz Carlos Prestes, do PCB e da Aliança Nacional Libertadora. oi preso o
dia 28/07/1965 por oficiais da Aeronáutica, que estavam à paisana e armados de metralhadoras, sendo conduzido à Base Aérea do Galeão,
no Rio de Janeiro (RJ). Lá permaneceu incomunicável por um dia, ao fim do qual teria cometido suicídio com um lençol, segundo a versão
oficial. O registro de ocorrência nº 1122, da 37ª DP 30 7 1965 confirma comunicação da Base Aérea e informa que “...cerca e zero ora e
hoje o indivíduo Severino Elias de Melo, de qualificação ignorada, preso para averiguações por ordem do encarregado de um IPM instaurado
no Núcleo do Parque de Material Bélico, suicidou-se (enforcou-se) no xadrez da Base Aérea do Galeão”.

to nº 29.474 teve como ec arante a ton ere ra e ou za, e o rma o por yr aco ernar no e me a ran o. am a ret -
rou o corpo de Severino para enterrá-lo no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador (RJ). Consta no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos
Políticos que a militância política de Severino é “desconhecida”. Mas sua filha incluiu no processo depoimento onde comprova a atividade
política do pai. Além disso, o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro guarda um dossiê do departamento Federal de Segurança Pública,
omun smo no x rc to , que nc u seu nome em uma sta e pessoas erta as em 1935.

relator da
Registrou CEMDP
que, avaliou ter
independente da sido preenchidos
apuração da causaosmortis
requisitos legais para
, era possível reconhecimento
verificar de Severino
pelos documentos comoque
da época vítima da repressão
ele não política.
morrera de forma
natura e que se encontrava em epen nc a m tar. re ator acrescentou que o ato e n o ser con ec os os eta es a m t nc a
política de Severino não impediam seu reconhecimento. “ ssenc a o car ter po t co a aç o, n o sua extens o terr tor a . o s a car-
eirinha de um partido, a simpatia por uma organização ou a notoriedade da militância que contam. Não é necessário que haja um processo
formal. Basta a prisão decorrente de atividade política, ainda que apenas verbal e circunscrita”.

DARCY JOSÉ DOS SANTOS MARIANTE (1928 - 1966)


Número dos processos: 356/96 e 150/04
aç o: ar a n a os antos ar ante e eoton o ar ante o
ata e oca e nasc mento: 29/11/1928, Caxias do Sul (RS)
Organização política ou atividade: PTB e Grupo dos Onze
Data e local da morte: 08/04/1966, Porto Alegre (RS)
e ator: Oswaldo Pereira Gomes 1º e Belisário dos Santos Júnior 2º
Deferido em: 08/12/2005 por unanimidade (fora indeferido em 27/08/96)
Data da publicação no DOU: 09/10/2006

arcy os os antos ar ante era cap t o a r ga a tar o o ran e o u , casa o com res e o ar ante, com quem teve o s
filhos. Membro do PTB e do “Grupo dos Onze”, foi preso e torturado de janeiro a fevereiro de 1965 no I Batalhão da Polícia Militar de Porto
Alegre. Devido às humilhações sofridas, Mariante se matou com um tiro no peito, diante da família, no dia 08/04/1966. A versão oficial foi

74
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

e su c o entro a res nc a, em pr o a m n stra o pe a r ga a tar, com arma e o go . eg sta o caso o aco aestr o,
que e n u como causa mort s parada cardíaca pós-operatória, hemotórax agudo, ferimento por projétil de arma de fogo .

relator do primeiro requerimento apresentado à CEMDP concluiu não haver provas de que o envolvimento político do capitão fosse a
causa a sua morte, nem que o su c o ten a ocorr o em epen nc as po c a s ou asseme a as. otou pe o n e er mento o pe o,
que o ent o nega o por unan m a e num pr me ro exame.

No segundo processo, os autos registram que Darcy José dos Santos Mariante foi processado, punido disciplinarmente e afastado de suas
funções em função com base no artigo 7, I, do Ato Institucional de 09 04 1964, pois teria permitido discussão interna de assuntos políticos.
e acor o com o pe o n c a , respon er a nqu r to e ser processa o, por nsu or naç o, mot m, revo ta com arma, concentraç o para
prática de crime, desobediência, indisciplina, e aliciamento de militares, entre outros crimes, representou para Darcy José uma grande coação
psicológica e o desmoronar de um perfil e de uma família ”.

a op n o o segun o re ator, n o restava qua quer v a em re aç o at v a e e car ter po t co a v t ma e a persegu ç o ecorren-


te. O processo, as punições, as humilhações por ele sofridas estão relatadas na palavra de seus ex-companheiros de Brigada Militar, como o
coronel Itaboraí Pedro Barcellos, que afirmou ter conhecimento da afinidade política de Darcy com a ideologia trabalhista, tendo sido ligado
eone r zo a e o o ou art. egun o a testemun a, o ato e ter s o est tu o as unç es contr u u para seu su c o. a es ves
de Mello, advogado e coronel reformado da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, relatou ter sido colega de academia de Darcy. Em 1954,
segundo ele, ambos aderiram à candidatura de Alberto Pasqualini ao governo do Estado, com o que ficaram visados pelo movimento militar
de 1964. “Diante da pressão política irresistível e envergonhado perante os colegas, suicidou-se”, afirmou Maildes.

epo s e ana sar os testemun os, o segun o re ator conc u u que, no caso, o su c o ecorreu, como emonstra o pe as testemun as, a
prisão e da tortura psicológica – esta, nos depoimentos, afirmada como humilhações, constrangimentos etc. – a que foi submetido o capitão
Darcy José dos Santos Mariante”. Votou pelo reconhecimento da morte como tendo ocorrida em decorrência da prisão e das seqüelas psi-
co g cas conseqüentes es sas ete nç es e o tratamento um ante que rece eu no oman o a r ga a tar.

MANOEL RAIMUNDO SOARES (1936 - 1966)


úmero do processo: 21 8 96
iliação: tev na oares o antos
ata e local de nascimento: 5/03/1936, Belém (PA)
Organização política ou atividade: MR-26
ata e oca a morte: entre 13 e 20 de agosto de 1966, Porto Alegre RS
e ator: mro ran a
eferido em: 02/04/1996, por unanimidade
ata da publicação no DOU: 11/04/1996

corpo do ex-sargento do Exército Manoel Raimundo Soares foi encontrado por um pescador no dia 24 08 1966, com as mãos e os pés
tados às costas, boiando no Rio Jacuí nas proximidades de Porto Alegre. Conhecida como “Caso das mãos amarradas”, a morte de Manoel
Raimundo tornou-se foco de uma CPI na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul que, junto com relatório do promotor de justiça Paulo

u o ovo, comprovou as torturas a que o su met o, responsa zan o o ma or u z ar os ena arreto e o e ega o os orsc
pe o ocorr o. e acor o com as provas que serv ram e ase para o re at r o a , e e o morto quan o era su met o ao ca o ou
fogamento e seu corpo foi “desovado” posteriormente.

asc o em e m o ar , anoe mu ou-se para o o e ane ro aos 17 anos e ngressou no x rc to em 1955, sen o trans er o em
963 para o ato rosso como repres a por suas pos ç es po t cas. p s a r e 1964, teve a pr s o ecreta a e passou a v ver na c an-

75
À MEMÓRIA E À VERDADE

destinidade, no Sul, vinculando-se em seguida ao Movimento Revolucionário 26 de Março, pequeno grupo remanescente do movimento
guerr e ro que o menc ona o corone e erson ar n s r o erou em r s ontas e enente or te a, s v speras o pr me ro an ver-
sário do Golpe de Estado que depôs o presidente João Goulart.

Manoel Raimundo foi preso no dia 11/03/1966, em frente ao auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, por dois militares à paisana – o
sargento Carlos Otto Bock e Nilton Aguinadas, da 6ª Companhia de Polícia do Exército PE –, por ordem do comandante da guarnição,
capitão Darci Gomes Prange. Foi conduzido à PE, onde começaram as sessões de espancamento, coordenadas pelo tenente Glênio Lemos
Carvalho Sousa, auxiliado por dois colaboradores, 1º tenente Nunes e 2º sargento Pedroso. Posteriormente, Manoel foi entregue ao DOPS
com a recomendação de que só poderia ser solto por ordem do major Renato, da Polícia do Exército.

No DOPS, Itamar Fernandes de Souza e José Morsch, submeteram-no a novas torturas. Ele foi visto ali, em 13 08 1964 e nos dias sub-
seqüentes, pelo guarda civil Gabriel Medeiros de Albuquerque Filho, conforme declaração ouvida na Delegacia de Segurança Pessoal, em
31/11/1966. Segundo depoimentos das testemunhas ouvidas no inquérito instaurado para esclarecimento da prisão, tortura e morte do
sargento, a v a-cr c s pe os rg os e repress o o a segu nte: at o a 19 e março esteve et o no ; em segu a, o t rans er o
para a ilha-presídio existente no Rio Guaíba; em 13 de agosto foi recambiado para o DOPS e, em 24 de agosto, cinco meses depois de sua
prisão, seu corpo foi encontrado boiando no Rio Jacuí.

a tentat va e aco ertar os respons ve s pe o om c o, as autor a es vu garam a n ormaç o e que anoe ter a s o so to no a
3 08, versão contraditada pelo promotor Tovo em seu relatório: “Entre 13 (data da suposta Libertação) e 24 de agosto (data do encontro do
cadáver da vitima), não há a menor notícia de um suspiro, aos menos, de Manoel, fora das dependências do DOPS. Nenhum rastro ou vestígio
sequer de um passo de Manoel fora dos umbrais do DOPS. E não é crível que o DOPS o deixasse ir assim, em paz, principalmente em se tratando
de um agente subversivo. (...) E se ninguém viu Manoel, depois do dia 13 de agosto, fora das dependências do DOPS, – não obstante o amplo
noticiário do caso, com fotografias do morto – como bem acentua o relatório policial, é porque Manoel nunca foi posto em liberdade. Tanto
isto é verdade que o estudante de agronomia Luís Renato Pires de Almeida, preso na mesma época, afirmou que Manoel Raimundo estava em
uma das celas do DOPS gaúcho na noite de 13 de agosto e nos dias seguintes; informação confirmada pelo depoimento do ex-guarda civil
a r e uquerque o .

A necrópsia, feita no IML/RS, em 25/08/1966, pelos médicos Fleury C. Guedes e Antônio F. de Castro, confirma que houve lesões no corpo
de Manoel Raimundo, provavelmente houve violência e indicou que Manoel faleceu entre os dias 13 e 20/8/1966. Em depoimento publicado
no orna ero ora de 17 09 1966, o ex-preso político Antônio Giudice relata que, de 10 a 15 de março de 1966, esteve preso no DOPS RS
e que conversou com anue a mun o, ven o os ematomas e c catr zes ecorrentes as torturas que v n a so ren o. ra ar amente
orturado, colocado várias vezes no pau-de-arara, sofrendo choques elétricos, espancado e queimado por pontas de cigarros ”. Durante os
52 dias em que esteve preso, Manoel escreveu várias cartas da prisão, a última das quais enviada da cela nº 10 da Ilha-Presídio de Porto
Alegre, datada de 25 6 1966. O caso teve grande repercussão nacional e causou comoção na opinião pública.

Um fato revelador do impacto provocado pelo “Caso das mãos amarradas” foi a declaração do ministro marechal Olímpio Mourão Filho,
do STM, quando da apreciação de um habeas-corpus em favor de Manoel Raimundo: “Trata-se de um crime terrível e de aspecto medie-
va , para cu os autores o go ena ex ge r gorosa pun ç o . m conseqü nc a a aprec aç o esse a eas-corpus, o eterm na a a
remessa dos autos ao Procurador-Geral da Justiça Militar para abertura de um IPM, que no entanto foi arquivado sem sequer indiciar os
cusados. Apesar dos inúmeros depoimentos que mostravam o crime cometido contra Manoel Raimundo Soares, os responsáveis pela sua

morte permaneceram impunes.


Manoel foi enterrado no dia 02 09 1966, acompanhado por uma pequena multidão. Por onde passou seu enterro, lojas se fecharam e foi
hasteada a bandeira nacional.

76
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

m seu voto, acolhido por unanimidade, o relator do processo na CEMDP afirmou: “É certo que Manoel Raimundo Soares teve participação
em at v a es po t cas, ten o s o assass na o por agentes o sta o em cu a cust a se encontrava, even o ter sua morte recon ec a
nos termos da Lei nº 9.140 95 .

MILTON SOARES DE CASTRO (1940 - 1967)


úmero do processo: 21 1 96
iliação: Universina Soares de Castro e Marcirio Palmeira de Castro
ata e local de nascimento: 23/06/1940, Santa Maria (RS)
Organização política ou atividade:
ata e oca a morte: 28 04 1967, Juiz de Fora MG
elator: Nilmário Miranda
eferido em: 02/04/1996 por unanimidade
ata a pu caç o no : 11 04 1996

aúcho de Santa Maria, Milton Soares de Castro trabalhava em PortoAlegre (RS) como operário metalúrgico, quando se vinculou ao MNRpara
participar da frente guerrilheira da Serra do Caparaó, na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. Ele e mais 12 militantes haviam ocupado a serra
para mapear o local onde seria feito treinamento de guerrilha. Todos foram presos pela Polícia do Exército, no dia 01 04 1967, sendo levados depois
para a Penitenciária Estadual de Linhares, em Juiz de Fora MG . Companheiros de Milton, presos na mesma época, afirmam que ele foi morto em
conseqüência de uma discussão com o major Ralph Grunewald Filho, já falecido, o qual assumiu, logo após a morte de Milton, o comando do 10º
Regimento de Infantaria de Juiz de Fora. Após a discussão, Milton foi recolhido a uma cela isolada. No dia seguinte, 28/04/1967, estava morto.

Segundo a versão oficial, Milton teria se suicidado por enforcamento, fato desmentido por depoimentos dos próprios soldados do quartel,
que disseram ter visto seu corpo sangrando abundantemente ao ser retirado da cela. Preso junto com Milton em Linhares, Gregório Men-
donça, também do MNR e depois da VPR, nunca acreditou na versão de suicídio. Ele diz que o amigo teria passado por um longo interro-
gat r o no uarte genera eg ona , na no te que antece eu sua morte. reg r o estava quan o o corpo o compan e ro o re t ra o a
ce a. Ele foi levado dentro de um lençol, como um embrulho. O que ninguém sabe é se Milton morreu na cela ou se foi colocado dentro dela
morto. Ele estava sendo pressionado pelo Exército para entregar outros companheiros”.

A necrópsia realizada no Hospital Geral de Juiz de Fora, em 28 04 1967, pelos médicos Nelson Fernandes de Oliveira e Marcus Antônio
agem ssa , escreve a gumas equ moses em suas pernas, pr nc pa mente nos oe os, mas con rma a vers o o c a e su c o por en or-
camento. A certidão de óbito atesta sua morte no mesmo dia 28, na Penitenciária de Juiz de Fora, sendo assinada pelo legista J. Guadalupe,
que não participou do exame. Milton foi enterrado como indigente.

relator do caso na CEMDP, concluiu que, “Milton teve efetivamente participação em atividades políticas, tendo sido preso em conse-
qüência desta atividade, vindo a falecer por causa não-natural, em dependência policial ”.

m 28 04 2002, 35 anos depois do ocorrido, o jornal r una e nas p u cou a mat ra ova e m tante esaparec o encontra a em uz
e ora, assinada pela jornalista Daniela Arbex, contestando a versão doExército. Segundo a reportagem,O“ atestado de óbito, encontrado pela
ribuna, indica equivocadamente que o sepultamento de Milton ocorreu no Cemitério Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ao contrário do que está

escrito no documento, o guerrilheiro da Serra do Caparaó foi enterrado na sepultura número 312, quadra L, do Cemitério Municipal de Juiz de Fora.
m ugar que, e t o v o, nunca o cog ta o pe os am ares o m tante e nem por pesqu sa ores, nestes 35 anos. ton o enterra o na c a e
s 14 o a 29 e a r e 67, con orme reg stro o vro e to o cem t r o . n a na mat r a, egun o o rm o e ton, e son oares e
Castro, hoje com 55 anos, sua mãe passou vários anos em busca do corpo do filho, porém jamais conseguiu do Exército a informação sobre onde
eria sido sepultado”. “Para nós, disseram apenas que era sigilo militar. Somente, agora, com esta matéria, pudemos saber que, enquanto o Exército
negoc ava conosco a entrega o corpo e nosso rm o, e e av a s o enterra o .

77
À MEMÓRIA E À VERDADE

A matéria traz ainda depoimento inédito do vice-diretor da Penitenciária, na época, Jairo Vasconcelos. Ele estava na unidade quando Milton
e seus compan e ros oram captura os na erra e apara . e mpress onou o aparato monta o para traz - os para c . s m tantes
estavam com aspecto físico deplorável. Além de algemados no caminhão que os trouxe, estavam presos uns aos outros. A ficha deles estava
acompanhada com o termo: perigosos”. Em 1980, Vasconcelos deixou a penitenciária. Quando retornou, cinco anos depois, todas as fichas
sobre esses militantes haviam desaparecido.

esmo com as esco ertas o r una e nas so re o ugar on e o corpo e ton o enterra o, os am ares optaram por n o azer a
exumação dos restos mortais. A irmã de Milton, Gessi Soares, 65 anos, disse que o assunto lhe trazia muitas lembranças dolorosas. “O que
fizeram com o Milton não se faz nem com um bicho. Ele tinha um ideal, queria mudar o país. Quando soubemos de sua morte, lutamos por
mu to tempo para que o x rc to nos entregasse seu corpo. o t vemos o re to e ve ar por nosso rm o .

LUCINDO COSTA (1919 - 1967)


úmero dos processos: 37 2 98 e 039 02
iliação: Maria Gracinda Costa e Pedro Costa
ata e local de nascimento: 29/05/1919, Laranjeira (SE)
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 26 07 1967, Curitiba PR
e ator: Nilmário Miranda 1º e Maria Eliane Menezes de Farias 2º
eferido em: 02/02/2006 por unanimidade (fora indeferido em 09/02/1998)
ata da publicação no DOU: 10/2/2006

Lucindo Costa faleceu no dia 26 07 1967, atropelado, em Curitiba, Paraná. Foi enterrado como indigente. Embora exista a certidão de óbito,
entregue à esposa, Elizabeth Baader Costa, não houve reconhecimento do corpo e nem enterro pela família. No dia 24/07/1967, Lucindo
viajou de Mafra (SC) para Curitiba e os familiares não tiveram mais notícias dele. Pouco depois, uma pessoa não identificada foi até sua
casa e con scou to os os seus ocumentos. nco as ap s o esaparec mento, uc n o o em t o o emprego no osto e ass caç o
e o egro, o n st r o a gr cu tura, por ncont n nc a e con uta e n sc p na . m sua c a unc ona , no entanto, n o constava
uma única advertência.

pr me ro processo encam n a o o n e er o por ter s o protoco a o ora o prazo. o ser amp a os os prazos a e , o
berto novo processo. Consta nos autos documento da Comissão de Indenização aos Presos Políticos do Paraná, confirmando que Lucindo
Costa foi preso político, fato comprovado por sua ficha no DOPS. Ele tinha sido preso em Centenário do Sul (PR) e transferido para a prisão
provisória de Curitiba, logo após abril de 1964 e permaneceu recluso por cerca de um mês.

A relatora da CEMDP observou que as circunstâncias da morte de Lucindo eram estranhas: “Como um funcionário público com endereço
certo e sabido – consta na certidão de óbito que residia em Mafra (SC) – fora enterrado como indigente”? Ela lembrou ser do conhecimento
de todos que, na época, a repressão matava ativistas políticos, forjava documentos para demonstrar que eles haviam se suicidado ou sofrido
c entes, e e es esaparec am m ster osamente. ar a ane cons erou ncontest ve s as provas a m t nc a po t ca e uc n o osta
em at v a es po t cas contr r as ao reg me e, essa orma, o recon eceu como v t ma a ta ura m tar.

78
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

LUIZ GONZAGA DOS SANTOS (1919 - 1967)


Número do processo: 29 5 96
Filiação: ar a om ngos os antos e apo e o ement no os antos
Data e local de nascimento: 18/06/1919, Natal (RN)
Organização política ou atividade: ex-vice-prefeito de Natal
ata e oca a morte: 13 09 1967, Recife PE
e ator: auo ustavo onet ranco
Deferido em: 10/4/1997 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 16/4/1997

ce-pre e to e ata em a r e 1964, quan o era pre e to a ma aran o, u z onzaga os antos t n a s o preso no pr pro
gabinete, logo nos primeiros dias do novo regime, permanecendo sete meses detido e submetido, em seguida, a reiterados constrangimen-
tos e perseguições. Casado com Maria de Lourdes Barbalho dos Santos, com quem teve dois filhos, era definido em jornais da época como
político “ligado às hostes esquerdistas e ao presidente João Goulart”. Ao ser libertado, mudou-se com a família para Niterói (RJ), trabalhando
como comerc ante.

m meados de 1967, Luiz Gonzaga recebeu, em Niterói, nova ordem de prisão, decorrente de condenação pela Auditoria da 7ª Região Mi-
litar, de Recife. Sob custódia, recebia a visita diária da família. Em setembro, os familiares foram comunicados de que ele havia sido trans-
ferido para Recife. Dois dias depois, receberam a notícia de seu falecimento. Na certidão de óbito consta como data da morte 13 09 1967.
óbito ocorreu no Hospital Geral do Recife, causado por “ dema agudo do pulmão e insuficiência cardíaca”, conforme o legista Elói Faria
Telles. Documentos obtidos no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro mostram que Luiz Gonzaga dos Santos fora condenado, à revelia,
pena de detenção, em 16/06/1967, por crime contra a segurança nacional.

Consta ainda, nos autos do processo na CEMDP, ofício de 11 09 1967, proveniente da Companhia de Guardas, apresentando a vítima ao Di-

retor do Hospital
de saúde do preso,Geral de Recife. problema
apontando-se Nele se fazdemenção a um prévio
insuficiência entendimento
cardíaca. verbal entre
Pelas informações as autoridades,
constantes bema morte
no processo, como ao precário
teria estado
ocorrido dois
dias depois, em 13 09 1967. Conforme o relator na CEMDP, “ n o se po e uv ar, e acor o com ava aç o o caso, que u z esteve preso, em
Recife, quando morreu. O motivo específico da prisão não está comprovado, mas é certo que se tratava de pessoa com envolvimento político
contrário ao regime então estabelecido e morto sob guarda do Estado”.

EDSON LUIZ LIMA SOUTO (1956 - 1968)


Número do processo: 310/96
Filiação: Maria de Belém Lima Souto
ata e oca e nasc mento: 22 08 1956, Belém PA
Organização política ou atividade: ov mento stu ant
Data e local da morte: 28/03/1968, Rio de Janeiro (RJ)
Relator: João Grandino Rodas (1º) e Nilmário Miranda (2º)
e er o em: 24 04 1997 por 4x3 contra João Grandino Rodas,Paulo Gonet Branco e o general Osvaldo Gomes
Data da publicação no DOU: 29 04 1997

A morte do secundarista Edson Luiz Lima Souto ficou como grande marco histórico das mobilizações estudantis de 1968. Com 18 anos
rec m-comp eta os, 1m59 e a tura e arma o apenas com o son o e conqu star con ç es gnas na esco a on e estu ava, o morto com
um tiro certeiro no peito, disparado à queima-roupa por um tenente da PM, em 28 03 1968, contra estudantes que se manifestavam no
restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro. A bala varou seu coração e alojou-se na espinha, provocando morte imediata.

79
À MEMÓRIA E À VERDADE

Indignados, seus colegas não permitiram que o corpo fosse levado ao IML, conduzindo-o para a Assembléia Legislativa em passeata. Lá, sob
cerco e po c as c v s e m tares, o re a za a a aut ps a e aconteceu o ve r o. ca x o c egou ao cem t r o o o at sta nos raços e
m ares e estu antes.

Nascido em Belém do Pará, Edson era filho de uma família muito pobre que se empenhou para enviá-lo ao Rio de Janeiro, a fim de que concluísse
os estu os secun r os. atr cu ou-se no nst tuto ooperat vo e ns no, nas prox m a es a ecretar a e conom a o sta o. on orme
entrev stas conce as rev sta atos e otos por integrantes da Frente Unida dos Estudantes do Calabouço, o garotonão chegava a ser um líder
estudantil. Falava pouco e ainda estava meio desconfiado, mas colaborava colando jornais murais e dando recados, contaram os colegas.

stava programa a ma s uma passeata e son reso veu antar ma s ce o, naque e 28 e março, para ter tempo e preparar a guns cartazes.
egurava a bandeja na mão quando começou uma correria e foi atingido por um cassetete no ombro. Os policiais militares, que tinham in-
vadido o local, começaram a atirar. Os estudantes armaram-se de paus e pedras para responder. Foi quando Edson caiu. Na mesma ocasião,
iros atingiram o comerciário Telmo Matos Henrique e o estudante Benedito Frazão Dutra.

Conforme a versão de algumas testemunhas, o tenente PM Alcindo Costa teria ficado enraivecido ao ser atingido por uma pedrada na cabeça.
utros jovens presentes no local afirmaram que Edson foi atingido porse encontrar à porta quandoa tropa chefiada por Alcindo entrou em for-
mação fechada de ataque.

local da morte foi o principal motivo que levou o relator do processo na CEMDP a propor o indeferimento do caso. No seu entendimento,
o Calabouço não configurava “dependências policiais ou assemelhadas”, conforme exigido na Lei nº 9.140/95. Houve um pedido de vistas e,
no novo relatório, prevaleceu por estreita margem a argumentação de que o restaurante estava invadido pelas forças policiais e, portanto,
po er a per e tamente ser cons era o um oca a sseme a o s epen nc as ex g as ega mente para con gurar a responsa a e o
stado na morte. Com base nisso, o processo foi deferido.

DAVID DE SOUZA MEIRA (1943 - 1968)


Número do processo: 0360 96 e 041 02
Filiação: Alzira Novais Meira e Valdomiro de Souza Meira
Data e local de nascimento: 22/06/1943, Nanuque (MG)
Organização política ou atividade: n o e n a
ata e oca a morte: 01 04 1968, no Rio de Janeiro RJ
Relator: João Grandino Rodas (1º) João Batista Fagundes (2º)
Deferido em: 07/10/2004 por unanimidade (fora indeferido em 10/04/1997)
ata a pu caç o no : 11 10 2004

David trabalhava na Companhia de Navegação Costeira do Rio de Janeiro e morreu baleado aos 24 anos, durante manifestação pública de
protesto contra o assassinato de Edson Luiz, realizada no quarto aniversário do regime militar, na avenida Nilo Peçanha, centro do Rio. O
corpo foi encaminhado ao IML RJ, após exame necroscópico em 02 04 68, assinado pelos legistas Nelson Caparelli e Ivan Nogueira Bastos,
que atestava a morte por ferimento penetrante do tórax por projétil de arma de fogo, determinando lesão no pulmão . cert o e to,
cujo declarante é Nelson Gonçalves Chaves, informa que a mãe de David, Alzira Novaes Meira, retirou o corpo do IML para ser enterrado

no Cemitério de Inhaúma. Seu nome consta no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos.


Na CEMDP, ao apresentar o caso, o relator ressaltou que a requerente solicitou os benefícios da Lei nº 9.140 95 após o término do prazo le-
gal estabelecido, e votou pelo não acolhimento, em razão de intempestividade, o que foi acatado por todos os membros daquele colegiado.
Reapresentado o processo, o relator destacou duas irregularidades dos autos: a irmã de David não comprovou sua legitimidade postulatória

80
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

e o exame cadavérico apresentava rasura. Foram solicitadas diligências à Secretaria Executiva da CEMDP no sentido de obter informações
respe to a m t nc a po t ca e av e sua cert o e nasc mento.

inalmente, em reunião de 07/10/2004, o relator afirmou que foram juntadas aos autos as documentações requeridas anteriormente, e
ssinalou ter sido supridas as exigências formuladas. Por isso, julgou procedente o processo de David Souza Meira, morto a tiros durante
repress o po c a a man estaç o e rua rea za a no o e an e ro.

JORGE APRÍGIO DE PAULA (1938 - 1968)


úmero do processo: 31 6 96 e 048 02
iliação: Geralda Maria de Jesus e Joaquim Paula
ata e local de nascimento: 0/02/1938, Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade: Operário
ata e oca a morte: 02 04 1968, Rio de Janeiro RJ
e ator: João Grandino Rodas 1º , com pedido de vistas de Luiz Francisco; João Batista Fagundes 2º
eferido em: 07/10/2004, por unanimidade (fora indeferido em 07/08/1997)
ata da publicação no DOU: 11/10/2004

perário, Jorge Aprígio de Paula foi outra vítima do mesmo dia de manifestações no Rio de Janeiro, em protesto contra a morte de Edson
Luiz. Naquele 1º de abril de 1968, um dos vários grupos de estudantes em passeata se aproximou do Palácio de Laguna, residência do mi-
nistro da Guerra, na rua general Canabarro. Soldados da Polícia do Exército, que protegiam o local, abriram fogo contra os manifestantes,
tingindo várias pessoas e matando Jorge. O corpo do estudante entrou no IML no dia 02 04 1964, denotando que o óbito pode ter ocorrido
na v spera ou no a 02.

Segundo o relator do primeiro processo apresentado à CEMDP, “a morte de Jorge não se deu em dependência policial, portanto, não consi-
dero possível o enquadramento do caso na tipificação da Lei nº 9.140 95 . m seu re at r o a rma a n a que, as manc etes os orna s,
poca, comprovam a vonta e po t ca os que ent o c egavam ao o er – e repr m r po c a mente e e tratar uramente os contesta ores
do regime”. Apesar disso, declarou o relator, “ ão se pode afirmar que as ruas do Rio de Janeiro tenham se transformado em dependência
policial assemelhada. O teor das reportagens não aponta para uma multidão dominada pelas forças policiais e, sim, o contrário, em ataque e
epre aç o por parte os c v s . compan ou o voto o re ator o genera swa o ere ra omes.

correu pedido de vistas e, na reunião de 07/08/1997, o novo relatório concordou com o anterior, sustentando que “Jorge Aprígio de Paula
é uma vítima da violência política no Brasil, mas não existe prova de que foi atingido quando se encontrava sob domínio direto de agentes do
po erp co . processo o , ent o, n e er o por quatro votos a tr s, venc os os conse e ros uzana en ger s a, m r o ran a
e o presidente Miguel Reale Júnior. A conselheira Suzana fez constar em ata declaração de voto do seguinte teor: “ Sendo participante de
manifestação política contrária à ditadura militar, o referido cidadão era considerado inimigo no regime e, portanto, acusado de participação
política. Foi sumariamente executado, ao invés de ser preso e julgado”.

Com as mudanças introduzidas na Lei nº 9.140 95 a partir de 2004, novo processo foi encaminhado à CEMDP e, na reunião de 7 10 2004,
o caso foi deferido com base no parecer do novo relator, o coronel João Batista Fagundes, onde consta que a morte de Jorge Aprígio “se

insere nos parâmetros estabelecidos pela Lei nº 10.536/04 que ampliou os efeitos da lei anterior sobre tal matéria”.

81
À MEMÓRIA E À VERDADE

ORNALINO CÂNDIDO DA SILVA (1949 - 1968)


Número do processo: 00 4 96
Filiação: orc a n a a va e e ast o n o a va
Data e local de nascimento: 949, Pires do Rio (GO)
Organização política ou atividade: Movimento Estudantil
ata e oca a morte: 01 04 1968, em Goiânia
e ator: o o ra n no o as, com v stas e m r o ran a e o genera swa o ere ra om es
Deferido em:15/05/97, por 4x3 (contra JoãoGrandino, Paulo Gustavo Gonet e general Oswaldo Pereira)
Data da publicação no DOU: 20/05/1997

rna no n o a va o morto aos 19 anos, numa outra man estaç o estu ant em protesto contra o assass nato e son u z ma
Souto, no quarto aniversário do regime ditatorial, desta vez em Goiânia (GO), dia 01/04/1968, com um tiro na cabeça disparado por policiais
que o confundiram com outro estudante. Filho de família pobre, começou a trabalhar desde cedo como lavador de carros. Era casado com
Maria Divina da Silva Silvestre, com quem teve um filho.

Na noite anterior à passeata, Ornalino havia ajudado a confeccionar os cartazes de protesto no Diretório Central dos Estudantes, e convocou
seus amigos para a manifestação. No dia seguinte à sua morte, o jornal O Social informou: “Traindo a palavra empenhada ao arcebispo
metropolitano e ao bispo auxiliar de Goiânia, o coronel Pitanga, secretário de Segurança Pública de Goiás e comandante da Polícia
tar, eterm nou que seus coman a os armassem cr m nosa c a a contra os estu antes, que ap s o com c o ret ravam-se pac -
camente, rumo à Faculdade de Direito.(...) Armados com fuzis, metralhadoras, bombas, cassetetes e revólveres, os militares cometeram
oda sorte de violências, culminando com o fuzilamento de um transeunte, que, alheio ao Movimento Estudantil postava-se nas ime-
diações do Mercado Central, quando foi mortalmente atingido por um sargento da Polícia Militar, que, deliberadamente, sacou seu
rev ver, apontou para o ovem escon ec o e ac onou o gat o, u gan o, ta vez, tratar-se o er estu ant u er e ra, a a a
semelhança física entre o desconhecido e o estudante .

Com efeito, depoimentos incorporados ao processo na CEMDP confirmam a grande semelhança física entre Ornalino e Euler Ivo Vieira,
estaca a erança estu ant e o s naque a poca, em como reg stram ameaças exp c tas que oram r g as a u er nas v speras,
que c egou a rece er pe os para n o part c par a mo zaç o porque ser a morto pe os po c a s.

Autoridades do Estado sustentaram que houve tiroteio. Mas o tiro foi certeiro, na região temporal esquerda da cabeça, o que seria difícil
se rna no est vesse corren o. pres ente o r m o ter r o e x e u es, o o g o sta ua e o n a, an ar e mente ,
disse que o estudante, mesmo precisando trabalhar para se sustentar, não deixava de participar das mobilizações, e tinha consciência do
momento político. “Ele tinha uma profunda percepção do papel da juventude naquele ano difícil. Ele era o mascote do grupo”, contou Allan.
Seu enterro teve a participação de muitos estudantes.

Documentos particulares do morto não foram juntados, sob a alegação de terem desaparecido. Buscas empreendidas pela família em cartórios e na
Secretaria de Segurança Pública, com o intuito de obter 2ª via, resultaram infrutíferas. O único documento anexado foi o atestado de óbito.

relator do processo na CEMDP votou peloindeferimento, por considerar que o caso não seenquadrava na Lei nº 9.14095, em virtude de não ter
havido qualquer comprovação de participação ou acusação de participação em atividades políticas. Foi feito
um pedido de vistas ao processo, para
ser anexados documentos confirmando a participação política de Ornalino. O relatório foi apresentado em 24/04/1997, e houve novo pedido de
vistas. Mesmo com o voto contrário do novo relatório, em 15/05/1997 a CEMDP deferiu o processo em votação apertada, de 4 a 3.

82
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

FERNANDO DA SILVA LEMBO (1952 - 1968)


Número do processo: 04 3 02
Filiação: rstote na a va em o e rcu es em o
Data e local de nascimento: 5/07/1952, Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 01 07 1968, Rio de Janeiro RJ
e ator: o o atst a agun es
Deferido em: 07/10/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 11/10/2004

as antes e comp etar 16 anos e a e, o comerc r o ernan o a va em o morreu a ea o pe a o o e ane ro. e o uma as
inúmeras vítimas da repressão política exercida contra manifestações de protesto que ocorreram naquela cidade no dia 21/06/1968 A virulência
policial atingiu tal escala, nessa data, que ensejou a realização de uma gigantesca manifestação cinco dias depois, a histórica Passeata dos Cem
Mil, quando a população do Rio tentoudar um basta à escalada repressiva das autoridades desegurança do regime militar.

Atingindo na cabeça, Lembo foi levado para o Hospital Souza Aguiar. Lá, permaneceu em estado de coma e faleceu no dia 1º de julho. O
legista Alves de Menezes definiu como causa mortis: “ferida penetrante no crânio com destruição parcial do cérebro”.

ene c o e n en zaç o, segun o o re ator, encontra tutela jurídica no texto da Lei nº 10.875 04 que contempla todas as vítimas da
violência política, ainda que não fossem participantes ativos das manifestações de rua ”. No requerimento encaminhado à CEMDP, a família
de Lembo tomou como exemplo o processo de Edson Luiz, morto em condições muito semelhantes. O relator acolheu a petição “ m home-
nagem à Lei mais favorável que entrou em vigor no ano de 2004, e que vem sendo invocada para fundamentar o direito em casos análogos”.

estudante morreu no Hospital Souza Aguiar. O boletim de informações fornecido pelo IML RJ, documento indispensável para a remoção

do cadáver,na
de entrada também informa que
região temporal. Lembo,
Projétil ao ser internado
localizado na região naquele
occipitalhospital, apresentava
”. O relator afirma não“ haver
erida por projétil
dúvida de quede Lembo
arma demorreu
fogo com orifício
vítima da
v o nc a po c a , o que tam m comprova o por mat r a or na st ca anexa a aos autos.

MANOEL RODRIGUES FERREIRA (1950 - 1968)


Número do processo: 31 9 96 e 046 02
Filiação: ar a a a ena o r gues erre ra e anoe ves erre ra
Data e local de nascimento: 06/03/1950, Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 05 08 1968, Rio de Janeiro RJ
e ator: João Grandino Rodas (1º), com vistas de Luís Francisco Carvalho Filho; João Batista Fagundes (2º)
Deferido em: 03/03/2005 por unanimidade (fora indeferido em 09/02/1998)
Data da publicação no DOU: 17/03/2005

caso de Manoel Rodrigues Ferreira esteve duas vezes na CEMDP. Em reunião realizada em 10 04 1997, o relator do processo votou pelo
indeferimento do pedido, por não ter elementos suficientes para comprovar a militância política e a morte do estudante e comerciário, de
penas 18 anos, em dependência policial ou assemelhada. Foi feito pedido de vistas do processo e, em reunião do dia 07/08/1997, o novo
re at r o acompan ou o voto anter or pe o n e er mento. om ss o spec a ec u por 5 a 2 pe o n e er mento o pe o, sen o ven-
cidos Suzana Keniger Lisbôa e Nilmário Miranda.

83
À MEMÓRIA E À VERDADE

Manoel morreu no Rio de Janeiro, em 05 08 1968, depois de ser ferido na cabeça por duas balas, na avenida Rio Branco, esquina com Sete
de Setembro, quando participava da mencionada manifestação de 21 de junho. Ele foi socorrido no Hospital Souza Aguiar e operado. Em
seguida, foi transferido para a Casa de Saúde Santa Luzia e, posteriormente, para o Hospital Samaritano, onde não resistiu, conforme consta
no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos. O corpo do estudante entrou no IML/RJ pela Guia n° 85, da 10ª DP. O atestado de óbito (n° 92.932)
o ass na o pe o eg sta u ens e ro acuco an n , ten o como ec arante ranc sco e ouza me a. enterro, rea za o pe a am a,
conteceu no Cemitério de Inhaúma (RJ).

estudante trabalhava em uma loja chamada 5ª Avenida, no centro da cidade. Ao chegar para trabalhar observou que a passeata avançava
e estava ca a vez ma s perto e seu oca e tra a o. aque e a as o as ec aram ma s ce o. o ver uma pessoa tom ar na man estaç o,
o rapaz correu ao seu encontro e cou e oe os, tentan o socorrer o er o, quan o rece eu os t ros que o mataram 45 as epo s.

Judiciário reconheceu a responsabilidade civil do Estado, concedendo indenização e pensão requeridas pelos familiares, conforme
ocumentos anexa os ao processo. stava prova o que anoe o v t ma a v o nc a po t ca, mas n o ex st am provas e que o
ocorrido se dera sob o domínio direto dos agentes do poder público. O presidente da CEMDP, à época, solicitou nova diligência para
melhor análise do caso.

processo foi nova mente protocolado em 12 12 2002. O novo rela tor destacou que “ anoe o as sass na o urante o reg me m tar, ten o
como prova o exame de corpo de delito anexado nos autos; que a família ganhou o caso contra o Estado na Justiça do Estado do Rio de Janei-
ro, comprovando a relação entre a morte de Manoel e a manifestação pública, sendo deferido com base na Lei nº 10.875 de 01/06/2004.

JOSÉ GUIMARÃES (1948 - 1968)


Número do processo: 327/96 e 047/02
Filiação: Magdalena Topolovsk e Alberto Carlos Barbeto Guimarães
ata e oca e nasc mento: 04 06 1948, São Paulo SP
Organização política ou atividade: ov mento stu ant
Data e local da morte: 03/10/1968, São Paulo (SP)
Relator: João Grandino Rodas (1º), com vistas de Luís Francisco Carvalho Filho; João Batista Fagundes (2º)
e er o em: 07 10 2004 por unanimidade fora indeferido em 07 08 1997
Data da publicação no DOU: 11 10 2004

estudante secundarista José Guimarães foi morto em S ão Paulo, aos 20 anos, no dia 03/10/1968, por membros do chamado Comando de
aça aos omun stas e do DOPS SP, no conflito entre estudantes da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia da USP, na
rua Maria Antônia, perto do Colégio Marina Cintra, onde estudava. Nesse dia, membros do CCC e do DOPS deflagraram um conflito entre
estudantes das duas universidades.

os u mar es o assass na o, con orme testemun o e outros estu antes, pe o ntegrante o e n ormante po c a sn car o. s
legistas Armando Canger Rodrigues e Irany Novah Moraes assinaram o laudo necroscópico e definiram como causa mort s, es o cr no -
encefálica traumática”. Entre os policiais instigadores do conflito foram reconhecidos Raul Nogueira de Lima, o Raul Careca, do DOPS e
ctávio Gonçalves Moreira Junior, que seria morto em 1973 como agente do DOI-CODI de São Paulo.

No processo formado na CEMDP, consta declaração assinada por José Dirceu de Oliveira e Silva, presidente da União Estadual dos Estu-
dantes paulistas naquela época, afirmando que participou ativamente da manifestação no dia 03/10/1968, quando José foi assassinado. O
primeiro processo que tramitou na CEMDP foi rejeitado, depois de um pedido de vistas, por não ter ficado comprovado, à época, que José
u mar es morreu em epen nc as po c a s ou asseme a as.

84
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

segundo requerimento foi analisado sob a Lei nº 10.875/04, que reconheceu as mortes em manifestações públicas e por suicídio. Os autos
n o e xaram margem a v as. v t ma morreu em v rtu e e v o nc a po c a com mot vaç o po t ca. re ator cons erou, no voto
provado, que “sua morte foi conseqüência de um conflito de rua à época dos fatos apurados. E à luz da Lei nº 10.875 de 1º 6 2004, que
hoje vigora sobre a matéria, é o quanto basta para julgar procedente o presente pedido”.

LUIZ PAULO DA CRUZ NUNES (1947 - 1968)


úmero do processo: 315/96
iliação: Lucia da Cruz Nunes e Álvaro Goulart Nunes
ata e oca e nasc mento: 3 10 1947, Rio de Janeiro RJ
Organização política ou atividade: ov mento stu ant
ata e local da morte: 22/10/1968, Rio de Janeiro (RJ)
elator: João Grandino Rodas
e er o em: 24 04 1997 por unanimidade
ata da publicação no DOU: 29 04 1997

estudante Luiz Paulo da Cruz Nunes cursava o segundo ano da Faculdade de Medicina da UERJ (à época Universidade do Estado da Gua-
nabara , sendo também estagiário em patologia, quando foi morto, aos 21 anos, no Rio de Janeiro, depois ter sido atingido por um tiro em
manifestação estudantil em frente à sua faculdade, no dia 22 10 1968. Internado no próprio Hospital Pedro Ernesto, local da manifestação,
com ferimento no crânio, foi operado mas faleceu na mesma data. A necrópsia foi realizada pelos legistas João Guilherme Figueiredo e
Nelson Caparelli.

e acor o com o m co a ayette ere ra, co ega e turma e u z au o, os o s est veram com cerca e outros 600 a unos protestan o
contra o regime militar no dia 22/10/1968, à tarde, em frente ao Hospital Pedro Ernesto, no bairro de Vila Isabel, quando um camburão
da polícia estacionou em frente aos manifestantes e cinco pessoas armadas com pistolas calibre 45 saltaram e descarregaram suas armas
contra e es. cua os pe a estre ta porta e entra a para o osp ta , n o t veram para on e correr. erca e 10 co egas oram a ea os,
mas o n co com grav a e o u z au o, at ng o na ca eça. a eceu na mesa e c rurg a o osp ta que e e, a n a ovem, gostava
de freqüentar como estudante brilhante que foi. Assisti à luta dos neurocirurgiões para salvar-lhe a vida. Teve duas paradas cardíacas que
foram recuperadas e uma terceira, definitiva, às 21 horas”, contou Lafayette. Cópia da certidão de óbito juntada aos autos estabelece como
causa mort s: er a penetrante o cr n o com estru ç o parc a o tec o nervoso e emorrag a as men nges .

jornal Correio da Manhã de 23/10/1968 estampou: Polícia mata estudante a tiros e ataca Hospital das Clínicas. A matéria descreve: “Pela
manhã foram realizadas duas passeatas e várias assembléias internas. Depois das 12h os estudantes da UEG foram para a porta do Hospital
as n cas e estavam nauguran o a est tua er a e-68 quan o oram ataca os por agentes o , a t ros. r s po c a s oram er os
em lutas corporais. Depois do primeiro choque os estudantes foram para dentro do hospital, que funciona junto da Faculdade de Ciências
Médicas, em Vila Isabel, e os policiais os cercaram totalmente. Mas numa das salas do hospital a luta continuava: um aluno do segundo ano
de Medicina, Luiz Paulo Cruz Nunes, de 23 anos, baleado no crânio, não resistiu a duas horas de operação, respiração artificial e choques
elétricos no coração. s nove da noite, estava morto .

Para o relator do processo na CEMDP, “as publicações anexadas provaram ter havido o cerco total do Hospital Pedro Ernesto, na parte da

arde do dia 22 de outubro de 1968. Luís Paulo, consoante certidão de óbito, faleceu às 21h40. Tendo ele sobrevivido aos tiros e sofrido longa
ntervenç o c r rg ca, razo ve c rer ter s o o mesmo at ng o ao entar ecer o a em te a, quan o, comprova amente, a epen nc a
un vers t r a, em que os estu antes se av am re ug a o, estava cerca a pe a po c a. o ere g ca, portanto, cons erar que ten a a-
lecido em dependência policial assemelhada devido ao estado de sítio e cerco total no qual se encontravam”. A CEMDP votou o deferimento
do pedido por unanimidade.

85
À MEMÓRIA E À VERDADE

CLOVES DIAS AMORIM (1946 - 1968)


úmero do processo: 31 7 96 e 053 02
iliação: omergues as e mor m e os e te e mor m
ata e local de nascimento: 22/07/1946, Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade: não definida
ata e oca a morte: 23 10 1968, Rio de Janeiro RJ
e ator: João Grandino Rodas 1º , com vistas de Luís Francisco Carvalho Filho; João Batista Fagundes 2º
eferido em: 07/10/2004 por unanimidade (fora indeferido em 07/08/1997)
ata da publicação no DOU: 11/10/2004

LUIZ CARLOS AUGUSTO (1944 - 1968)


Número do processo: 334/96 e 054/02
Filiação: Conceição Agostinho Augusto e Luiz Augusto
Data e local de nascimento: 8/11/1944, Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade: ov mento stu ant
Data e local da morte: 23/10/1968, Rio de Janeiro (RJ)
Relator: João Grandino Rodas, com vistas de Luís Francisco Carvalho Filho (1º); João Batista
agundes (2º)
e er o em: 15 12 2004 por unanimidade fora indeferido em 15 5 1997
Data da publicação no DOU: 27 12 2004

Ambos foram mortos no Rio de Janeiro, em 23/10/1968, como conseqüência da violenta repressão policial dirigida a manifestações de
protesto contra o assass nato e u z au o a ruz unes, no a anter or.

x-servente
baleado da Companhia
por agentes Antarctica
policiais. Paulista,
O estudante o operário
e escriturário Cloves
Luís CarlosDias Amorim
Augusto morreu
morreu aosaos
23 22 anos,
anos, no Hospital
quando tambémPedro Ernesto,nasapós
participava ser
mani-
estaç es e protesto, ou percorr a suas prox m a es. p a e sua cert o e to aponta como causa mort s er mento trans xante o
abdômen e penetrante do tórax com lesão do fígado, estômago e perfuração do estômago; hemorragia intestinal .

Conforme notícia veiculada à época no jornal O Globo, “Luiz Carlos Augusto, escriturário, 23 anos, e Clóves Dias Amorim, operário, 22 anos,
ca ram ontem nas ruas o o, mortos em con tos entre estu antes e po c a s, quan o estes spararam contra uma passeata e cerca e
.000 pessoas, que protestavam contra a morte do universitário Luiz Paulo da Cruz Nunes, também vitimado por arma de fogo durante ataque
levado a efeito por agentes do DOPS e da Polícia Militar à Faculdade de Ciências Médicas da UFGuanabara e ao Hospital Pedro Ernesto”.

m seu voto no pr me ro processo orma o na para exam nar o caso e oves as mor m, o re ator optou pe o n e er mento,
cons eran o que, as not c as, manc etes e t tu os orn a st cos anexa os ao processo comprovam a vonta e po t ca os ent o no o er,
de reprimir policialmente e de tratar duramente os contestadores do regime. Esses objetivos, mesmo que materializados, não podem, per si,
comprovar que as ruas do Rio de Janeiro tenham-se transformado em dependência policial assemelhada. (...) Essa prova inexiste nos presen-
es autos, can o, a meu ver, o u ga or mposs ta o e asear o seu u gamento, em aç es gen r cas. teor as reportagens acosta as
não aponta para uma multidão dominada pelas forças policiais. Fala, ao contrário, em conflito entre estudantes e policiais, e em quase três
mil manifestantes. Não tendo havido a subjugação completa dos estudantes, não há que se falar em dependência policial assemelhada. Nem
mesmo a descrição que o Correio da Manhã faz da morte de Clóves aponta no sentido de que tenha havido um cerco total. Diz apenas que os
ros ata s v eram os ocupantes e uma cam oneta ver e, com agentes o , que estava pr x ma ao pe o coman o a

oi requerido um pedido de vistas ao processo, por Luís Francisco Carvalho Filho, que terminou acompanhando o relator com o seguinte
rrazoado: “as manifestações públicas do final da década de 60 caracterizaram-se por um clima de extrema tensão. Muitas vezes se trans-
ormaram em ata a campa . guns morreram pe o que o e se c ama e aa per a . o av a, pe o menos aparentemente, um mot vo

86
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

concreto para a eliminação das pessoas atingidas. Seus nomes, aliás, não estavam nas listas de suspeitos ou de inimigos do regime militar.
ara oxa mente, este que um mot vo a ma s para a reparaç o po t ca – a morte ac enta – aparece como um empec o no momento
e se ap car a e . responsa a e o et va o sta o pe as mortes estas pessoas parece nquest on ve , tanto que o re con ec a pe a
Justiça do Rio de Janeiro no caso de outra vítima que morreu em circunstâncias análogas, Manoel Rodrigues Ferreira. Mas o requisito legal
da dependência não pode ser ignorado. A Lei nº 9.140/95 não contemplou genericamente os chamados mortos em passeata. Portanto, cada
caso deve ser analisado isoladamente. preciso verificar, sem sofismas, se configurou uma situação de cerco que situasse a vítima sob o
om n o reto os agentes o po er p co .

Ao votar pelo indeferimento, Luiz Francisco propôs que a CEMDP encaminhasse mensagem ao Ministro da Justiça sugerindo a elaboração
e antepro eto a ser encam n a o ao ongresso ac ona para que am ares e outras v t mas ata s o reg me autor t r o ossem con-
templados pelo mesmo espírito de reparação histórica que inspirou a edição da Lei nº 9.140 95.

Com a edição da nova lei, a 10.875, em 01/06/2004, o processo de Cloves foi novamente protocolado e terminou sendo deferido por una-
n m a e. segun o re ator estacou a amp aç o o escopo a e e o pe o o a co o por unan m a e.

De forma semelhante, na primeira análise do caso referente a Luiz Carlos Augusto na CEMDP, o processo não foi aprovado por se tratar de
morte em manifestação, situação que não era abrangida pela Lei nº 9.140/95. Em 2004, a Lei nº 10.875/04, ao alterar dispositivos da Lei nº
9.140 95, permitiu segunda avaliação e o caso foi aprovado.

CATARINA HELENA ABI-EÇAB (1947 - 1968)


Número do processo: 09 0 02
Filiação: e ena as av er erre ra e ra ano av er erre ra
Data e local de nascimento: 29/01/1947, São Paulo (SP)
Organização política ou atividade: ALN
ata e oca a morte: 08 11 1968, Vassouras RJ
e ator: Belisário dos Santos Júnior
Deferido em: 2/8/2005 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 22/8/2005

JOÃO ANTONIO SANTOS ABI-EÇAB (1943 - 1968)


Número do processo: 026/02
aç o: eatrz - ça e o o - ça
ata e oca e nasc mento: 04 6 1943, São Paulo SP
Organização política ou atividade: ALN
Data e local da morte: 08/11/1968, Vassouras (RJ)
e ator: e s r o os antos n or
Deferido em: 02 08 2005 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 22/08/2005

asc os na capta pau sta, atar na e o o nt n o se con eceram quan o estu avam oso a na acu a e e oso a, nc as e etras a
. o o era um at v sta estu ant . ez parte a om ss o e struturaç o e nt a es, no 18º ongresso a n o sta ua os stu antes e
São Paulo, realizado em Piracicaba, entre 4 e 9 de setembro de 1965, e do Diretório Acadêmico da Filosofia em 1966. Em 31/01/1967 esteve detido
no DOPS, sendo indiciado porterrorismo. Foi solto porhabeas-corpus. João e Catarina se casaram em maio de 1968.

87
À MEMÓRIA E À VERDADE

Morreram juntos, no dia 8/11/1968, na BR-116, altura da cidade de Vassouras (RJ). Durante três décadas, não havia sido possível contestar
vers o o c a n can o que o casa te r a a ec o em v rtu e e um ac ente e carro. o ve cu o ter am s o encontra os uma ma a
com armamentos e g ande quantidade de munição. Os legistas Pedro Saullo e Almir Fagundes de Souza estabeleceram como causa mort s
“fratura de crânio com afundamento (acidente)”.

s processos e atar na e ena - ça e e o o nton o antos - ça oram ana sa os em con unto, porque uma n ca so uç o ever a
ser dada aos dois pedidos. A CEMDP recebeu e anexou aos aut os cópia do processo nº 20669, com informações dos órgãos de repressão sobre o
caso, arquivado no Superior Tribunal Militar (STM), e cópia doprocesso E-06/070928/2004, instaurado pelo Estado do Riode Janeiro, buscando
coletar informações sobre as circunstâncias das mortes documentadas no Arquivo do Estado. O relator colheu depoimentos de Aluísio Elias Xavier
errera e e rc o gar ao e o ncum os peas am as e uscar os corpos na c a e e assouras.

Apesar da referência sobre a realização de exame necroscópico nos corpos, nem o material vindo do estado do Rio de Janeiro ou o pesqui-
sado no STM trouxe essa prova. Não há registro de perícia de local ou dos veículos, apenas da metralhadora encontrada. Os documentos
o c a s a rmam a tese o ac ente – o carro em que v a avam co u com a trase ra e um cam n o, na -116, s 19 35. po c a o
v sa a s 20 oras, prov enc an o a remoç o os ca veres e a reco a os pertences as v t mas. m a metra a ora e a mun ç o,
teriam sido encontrados dinheiro, livros e documentos pessoais.

o o et m e corr nc a que reg strou o ac ente consta que foi dado ciência à Polícia às 20 horas de 8 11 68. Três policias se dirigiram ao
oca constatan o que na a tura o m 69 a -116, o 349884-SP dirigido por seu proprietário João Antonio dos Santos Abi-Eçab, tendo
como passageira sua esposa Catarina Helena Xavier Pereira (nome de solteira), havia colidido com a traseira do caminhão de marca De Soto,
placa 431152-RJ, dirigido por Geraldo Dias da Silva, que não foi encontrado. O casal de ocupantes do VW faleceu no local. Após os exames de
praxe, os ca veres or am encam n a os ao necrot r o oc a .

m abril de 2001, entretanto, denúncias feitas pelo repórter Caco Barcellos, veiculadas no Jornal Nacional (TV Globo), derrubaram a versão
policial de acidente e mostraram que João e Catarina foram executados com tiros na cabeça. O jornalista entrevistou o ex-soldado do
x rc to a emar art ns e ve ra, que re ata a gumas m ss es reserva as a e e atr u as por rg o m tar e segurança – entre e as a
n traç o em grupos e teatro –, a pr s o, tortura e a execuç o e um casa e estu antes pe o c e e a operaç o m tar. suspe ta era
de participação desses jovens na execução do capitão do exército norte-americano Charles Chandler. Valdemar reconheceu Catarina como
presa, torturada e morta em um sítio em São João do Meriti e afirmou que os órgãos de repressão, após a execução, teriam forjado o aci-
ente. om ase nesses re atos, aco arce os entrou em contato com a am a e atar na, que concor ou em exumar os restos morta s.
s laudos da exumação concluíram que a morte foi conseqüência de “traumatismo crânio-encefálico ca usa o por ç o vu nerante e
projétil de arma de fogo ”, indo contra a hipótese de acidente.

relator, na tentativa de obter o laudo necroscópico realizado em 9 11 1968, fez diligência ao Conselho Regional de Medicina RJ e conse-
guiu entrevistar, por telefone, o médico Almir Fagundes de Souza, cujo nome consta no oss os ortos e esaparec os o t cos como
legista do exame necroscópico. Ele declarou que, “ ...) admite a possibilidade de o Dr. Pedro Saullo, diante das informações prestadas pela
Polícia e dada sua pouca experiência, sequer ter necropsiado a calota craniana. (...) que acredita que esse caso possa ser um dos primeiros
casos analisados de Pedro Saullo (...)”

A prova dos autos, segundo o relator, não


utorizava
a a tese de acidente. Nenhum indício aponta para qualquernação
deto de explosivos, hipótese que tam-

bém foi aventada. A reportagem de Caco Barcellos e as providências que a ela se seguiram introduziram duas novas possíveis versões: 1) prisão, tortura e
execução docasal, compreparo forjado deuma cenade acidentena seqüência;2 perseguição do VWpor agentes doEstado, com disparos fatais. re ator
sustentou que am as as p teses eram veross me s e t n am amparo na prova, con uz n o ao mesmo resu ta o e responsa zaç o o sta o.
concluiu:...“presentes as condições legais após
e detida análise de toda a prova defiro
o pedido inaugural, reconhecida a condição deatarina
C Helena
Abi-Eçab e de João Antonio dos Santos Abi-Eçab como mortos por ação de agentes do Estado, no período previsto pela Lei”.
1969

A
decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, abre uma nova fase
no cômputo geral das mortes e desaparecimentos de opositores políticos do regime militar.
O número de casos levados a exame da CEMDP relativos a 1969 mais do que dobra, em
comparação com 1968, volta a subir em 1970 e atinge seu ápice no triênio 1971/1973, quando se
registra média de aproximadamente 50 casos por ano.

MARCOS ANTÔNIO BRÁZ DE CARVALHO (1940-1969)


Número do processo: 01 7 02
Filiação: Anna Braz de Carvalho e José de Carvalho Filho
Data e local de nascimento: 5/01/1940, Angra dos Reis (RJ)
Organização política ou atividade: ALN
ata e oca a morte: 28 01 1969, São Paulo SP
Relator: André Sabóia Martins
Deferido em: 15/12/2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 27/12/2004

desenhista mecânico Marcos Antônio Braz de Carvalho, conhecido como Marquito, foi morto no dia 28 1 1969, na sua residência em
São Paulo. Os policiais do DOPS, chefiados pelo delegado Raul Nogueira de Lima, o “Raul Careca” (já mencionado no caso José Guimarães),
invadiram um apartamento na rua Fortunato, área central da capital paulista, sendo o militante da ALN morto com vários tiros. Os legistas
oram rasm o . e astro e o osa e r an o ran o, que apontaram como causa a morte emorrag a nterna traum t ca .

As condições de sua morte foram assim descritas pelo jornalista Elio Gaspari em Ditadura Escancarada: “No dia 28 de janeiro, depois de
ir a um ‘ponto’ onde deveria encontrar um colega, resolveu procurá-lo no aparelho. Virou a chave na fechadura, e a polícia caiu-lhe em cima.
o morto a t ros .

Documentos dos órgãos de segurança do regime militar o apontam como pessoa diretamente ligada a Carlos Marighella, com treina-
mento de guerrilha em Cuba, e que comandava o grupo de fogo do Agrupamento Comunista de São Paulo, depois rebatizado para ALN.
ntre as n meras aç es arma as a e e mputa as est a execuç o o cap t o o ex rc to norte-amer cano, ar es o ney an er, em

2 10 1968, acusado, pelos executores, de ser agente da CIA.


Na CEMDP, o relator André Saboia Martins apresentou o caso em reunião de 11/12/2003. O perito do Instituto de Criminalística do Departamento
e o c a cn ca o str to e era , e so enev , ap s ana sar v r os ocumentos o processo, constatou que o epo mento o nspetor au
Nogueira de Lima não é coincidente com os achados necroscópicos no tocante às regiões atingidas (o depoimento apresenta que Marcos Antônio
encontrava-se ‘atirado na perna’) e na quantidade de disparos efetuados (depreende-se da declaração que foram efetuados apenas dois disparos

89
contra Marcos), enquanto que o depoimento constante do processo efetuado pelo irmão da vítima, João Pedro Braz de Carvalho é coincidente com
esses ac a os no tocante aos or c os e sa a na reg o pe tora e na aus nca e es es nas pernas .

Para o relator, as contradições entre a versão oficial sobre as circunstâncias da morte, expressa no depoimento do inspetor Raul Nogueira
de Lima, e os achados do laudo de exame de corpo de delito/exame necroscópico, destacadas em parecer criminalístico, favoreceram a
consideração da hipótese de que Marcos Antônio teria sido executado por agentes policiais do DOPS SP.

Concluiu André Saboia que “a despeito da ausência de parecer conclusivo sobre a dinâmica dos eventos que culminaram no homicídio per-
petrado contra Marcos Antônio, em 28/1/1969, os elementos existentes não deixam dúvida de que o caso se enquadra na hipótese prevista
na Lei nº 9.140 95 .

HAMILTON FERNANDO CUNHA (1941-1969)


Número do processo: 16 0 96
Filiação: Filomena Maria Rosa e Fernando Manoel Cunha
Data e local de nascimento: 941, Florianópolis (SC)
Organização política ou atividade: VPR
ata e oca a morte: 11 02 1969, São Paulo SP
e ator: Suzana Keniger Lisbôa, com vistas de Luís Francisco Carvalho Filho
Deferido em: 25/03/1998 por 6x1 (voto contra do general Oswaldo Pereira Gomes)
Data da publicação no DOU: 27/3/1998

catarinense Hamilton Fernando Cunha, conhecido como “Escoteiro”, afro-descendente e operário da indústria gráfica, foi morto em
1/2/1969, por policiais do DOPS/SP, em seu local de trabalho, a Gráfica Urupês, no bairro paulistano da Mooca. Militante da VPR, Hamilton
participava do cotidiano cultural e intelectual de São Paulo, atuando em grupos de teatro e, com voz de tenor, cantava em coral. onda
e pr s es ocorr a ogo ap s o -5 at ng u a re e e apo o a , azen o que, naque e n c o e evere ro e 1969, am ton
estivesse morando na mesma residência de outros dirigentes da organização, entre eles Carlos Lamarca, que abandonara o quartel
do Exército em Quitaúna, Osasco, poucos dias antes. Preocupado com a possibilidade de ser identificado pelos órgãos de segurança,
Hamilton resolveu se demitir da gráfica onde trabalhava e, ao comparecer para assinar a rescisão trabalhista, por volta de 16 horas
aque a ata, o preso e morto.

Na CEMDP, o processo teve dois indeferimentos, tanto no início dos trabalhos desse colegiado, em 18/3/1996, quanto em setembro do ano
seguinte, ao ser apresentado recurso relatando novos fatos. Nessa segunda ocasião, houve pedido de vistas e o processo voltou à pauta um
no epo s, sen o ent o aprova o.

Para sustentar que a morte não ocorreu em tiroteio, conforme versão oficial, a Comissão Especial se baseou em documentos do próprio
DOPS, que registravam os antecedentes da operação policial e informavam que Hamilton deixara a arma na entrada da gráfica. As demais
provas oram extra as o epo mento e um compan e ro, o exame a ocumentaç o o e a oto e seu corpo.

laudo necroscópico, assinado por Pérsio José Ribeiro Carneiro, descreve um único tiro e registra que o fato teria ocorrido às 16 horas, no

Alto da Moóca, em São Paulo. Não descreve os grandes edemas na face e na fronte, as equimoses e ferimentos corto-contusos visíveis na
oto o ca ver. m sso, o corpo e am ton eu entra a no somente s 23 30 – sem ca ças – tra an o apenas cam sa e n on
ver e, me as e e sapatos pretos.

m depoimento prestado a Nilmário Miranda, membro da Comissão Especial, o militante da VPR, José Ronaldo Tavares de Lira e Silva, co-
n ec o como o erto or o , que comparecera gr ca unto com am ton, conta que aguar ou na recepç o por um tempo que e

90
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

pareceu demasiado longo, já que Hamilton dissera ter acertado todos os detalhes anteriormente. De repente, ouviu o companheiro gritando
que n o era an o, o em sua reç o e o v u sen o carrega o por po c a s. o os ona o quem reag u a t ros, uscan o sa var o
compan e ro. ec arou ter spara o um n co t ro, er n o um os po c a s. a vers o o c a , e e o responsa za o pe a morte e a-
milton, fato debatido exaustivamente durante o julgamento do caso na CEMDP. Ao aprovar o requerimento, a Comissão levou em conta a
diversidade de informações e as contradições constantes nos documentos do DOPS, e desconsiderou a versão oficial, dando como provado
que am ton est vera so a guar a e agentes o sta o antes a morte.

HIGINO JOÃO PIO (1922-1969)


Número do processo: 16 4 96
Filiação: Tarcília Maria Simas e João Francisco Pio
Data e local de nascimento: 1/1/1922, Itapema (SC)
Organização política ou atividade: Prefeito eleito pelo PSD
ata e oca a morte: 3 3 1969, Florianópolis SC
e ator: general Oswaldo Pereira Gomes, com vistas de Suzana Keniger Lisbôa
Deferido em: 15/5/1997 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 20/5/1997

Higino João Pio foi o primeiro prefeito de Balneário Camboriú SC , eleito pelo PSD em 1965, assim que o novo município foi desmembrado
de Camboriú. Em função de disputas políticas locais e, sendo amigo pessoal de João Goulart, foi acusado de irregularidades administrativas
pós o Golpe de 1964, sendo inocentado na Câmara Municipal. m fevereiro de 1969, precisamente na quarta-feira de cinzas, Higino João
o e outros unc on r os a re e tura oram presos por agentes a o c a e era e con uz os para a sco a e pren zes e ar n e -
ros e or an po s. p s prestarem epo mento, to os oram so tos, exceto g no, que permaneceu ncomun c ve . o a 3 e março, a
família foi notificada de sua morte, por suicídio.

m seu voto na , o re ator a rmou que, os a vers r os po t cos ape aram para a eg s aç o excepc ona a xa a pe o -5, su me-
endo-o à Comissão Geral de Investigações”. Concluiu pelo deferimento em função da morte na prisão por causas não naturais. Sendo um
caso pouco conhecido até então, houve pedido de vistas ao processo, buscando-se confirmar a real motivação política da prisão e esclarecer
s circunstâncias da morte. A CEMDP localizou no Superior Tribunal Militar o IPM instaurado por ocasião de sua morte. Parecendo evidente,
pe o exame as ot os a cont as, que a cena e su c o ora or a a, uscaram-se novas n ormaç es acerca a pr s o.

xame documental revelou que os adversários políticos do prefeito encaminharam cópias da investigação realizada pela Câmara Municipal
Polícia Federal de Curitiba e à Procuradoria Geral. Cerca de um ano depois, o SNI requisitou à Câmara os srcinais do processo. Insatis-
e tos com a moros a e as prov nc as, os enunc antes pe ram, por me o e o c o, ap caç o o -5, com enqua ramento no art. 4º,
solicitando a cassação do mandato e envio dos autos à Comissão Geral de Investigações para averiguação de enriquecimento ilícito.

oram colhidos depoimentos para comprovar a natureza política da prisão de Higino, todos ressaltandoliderança
a e o grande prestígio que tinha
na c a e. am a ora ameaça a, poca, e optara pe o s nc o. tentou trancar o an amento o nvent r o, mas a tentat va o n rut era,
pos g no, segun o to os os epome ntos, era c a o onesto, um po t co sem m cu a, cu o patr m n o m nura urante a gest o.

laudo necroscópico, assinado por José Caldeira Ferreira Bastos e Leo Meyer Coutinho, indicava morte por asfixia e enforcamento, regis-
tran o n o aver equ moses ou escor aç es em to o corpo. au o e per c a e oca mostra que o corpo ora encontra o, tranca o
c ave, entro o an e ro, em pos ç o e suspens o ncomp eta, com o rosto encosta o pare e, ten o ao pescoço uma toa a. exame
das fotos, no entanto, mostra que a referida posição de suspensão incompleta é invisível do ângulo tomado. Pelo contrário, o prefeito Hi-
gino, um homem de grande porte, tem os pés completamente apoiados ao chão.

91
À MEMÓRIA E À VERDADE

Considerou a autora do pedido de vistas que estava clara a montagem de cena para sustentar a versão de suicídio, mais clara e mais evi-
ente, pr me ra v sta, o que a pr pr a mot vaç o po t ca o assass nato, para a qua ora necess r o uscar provas. pesar o me o, o
enterro o pre e to o o ma s concorr o o cem t r o e ta a e seu nome, es e 1976, at zou uma mportante praça aque e concorr o
balneário catarinense.

JOÃO LUCAS ALVES (1935-1969)


Número do processo: 152/96
Filiação: Odília Pimenta Alves e José Lucas Alves
ata e oca e nasc mento: 3 11 1935, Canhotinho PE
Organização política ou atividade: COLINA
Data e local da morte: 06/03/1969, Belo Horizonte (MG)
Relator: Maria Eunice F. Paiva
e er o em: 18 03 1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 21 03 1996

Sargento da Aeronáutica e pernambucano de Canhotinho, João Lucas Alves estudou no Grupo Escolar Marcelo Pinheiro e fez o Colegial no
inásio Visconde de Mauá, em Recife, seguindo então para a Escola de Especialistas da Aeronáutica, em Guaratinguetá SP . Serviu na Base
rea e ura, na cap ta pernam ucana, e 1957 a 1960. m 1961, o esc o o para az er curso e espec a zaç o em v o nos , ten o
lcançado melhor classificação no curso de inglês técnico do que os próprios americanos.

estacou-se entre as eranças a e e o os argentos, em 1963, e agra a ap s ec s o o con rman o a ne eg a e esse


segmento militar para órgãos do Legislativo. Com o primeiro Ato Institucional, de abril de 1964, foi expulso da Aeronáutica e preso na Base
Aérea de Santa Cruz. Dirigente do COLINA, sua segunda prisão ocorreu em 8 de novembro de 1968, pela Polícia Federal, Serviço de Ordem
Política e Social, no Rio de Janeiro, sendo em seguida transferido para a Polícia do Exército, na rua Barão de Mesquita. Documentos dos
rg os e segurança o reg me m tar o nc uem, gener camente, como part c pante e v r as aç es arma as rea za as em e o or zonte
e no Rio de Janeiro em 1968, com destaque para a execução, em 01 07 1968, no Rio, do major do exército alemão Edward Von Westernha-
gen, que cursava a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, que teria sido confundido pelo COLINA com o capitão boliviano Gary
Prado, responsável pela morte de Che Guevara no ano anterior.

m 20 e novem ro aque e ano, o ecreta a sua pr s o prevent va por 30 as, prorroga a por ma s 30 as. o na os 60 as, o
requerido o relaxamento da medida, ato reiterado em 29 de janeiro, mas ambos os pedidos não foram apreciados pela Justiça. Em 28 de
fevereiro, conforme nota oficial, foi transferido para Belo Horizonte e, em 6 de março, foi anunciada sua morte por suicídio na Delegacia
e urtos e ou os aq ue a cap ta . s eg stas ezzar onça ves e o o osco ac a va agnost caram as x a mec n ca em conse-
qü nc a e su c o por en orcamento.

Sua mãe, já alertada por João Lucas, que temia pela própria vida com a transferência, procurou-o insistentemente em Belo Horizonte. Ela
n ou e e egac a em e egac a at esco r r no que o o estava morto, uma semana epo s o acontec o, e que av a s o
sepultado. Somente cinco anos mais tarde a família pode exumar os restos mortais, que foram trasladados para o Cemitério São João Ba-
tista, no Rio de Janeiro.

r os presos po t cos enunc aram as torturas so r as por o o ucas em epo mentos rea za os na us t ça tar. m 1996, o a voga o
Antonio Modesto da Silveira prestou depoimento à Comissão de Direitos Humanos da OAB RJ contestando a versão oficial. Nas fotos de
seu corpo, as evidências de torturas estão claras: unhas arrancadas, escoriações e equimoses ao longo do corpo, inclusive no rosto e nas
nádegas, não demonstrando qualquer indício do suposto suicídio por enforcamento.

92
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

A necropsia realizada no Departamento de Medicina Legal de Belo Horizonte, assinada pelos legistas Djezzar Gonçalves Leite e João Bosco
ac a va con rma a vers o po c a e su c o por as x a mec n ca, mas escreve escor aç es no raço esquer o, no p re to e na
reg o g tea, ass m como a a ta e uma un a e c anose em outras. re atora conc u u que o o ucas a eceu em epen nc as po c a s
por causas não naturais, ficando confirmado que tal causa não foi suicídio.

PAULO TORRES GONÇALVES (1949-1969)


Número do processo: 258/96 e 155/04
Filiação: Miracy Torres Gonçalves e Paulo Fernandes Gonçalves
ata e oca e nasc mento: 28 12 1949, Rio de Janeiro RJ
Organização política ou atividade: es tu ante
Data e local da morte: Desaparecido em 26/03/1969, Rio de Janeiro (RJ)
Relator: Paulo Gustavo Gonet Branco (1º) e Belisário dos Santos Júnior (2º)
e er o em: 10 10 2006 por unanimidade fora indeferido em 17 10 1996
Data da publicação no DOU: 26 10 2006

caso de Paulo Torres Gonçalves, estudante secundarista carioca, funcionário do Ibope e aluno do curso científico do Colégio Profissional
erre ra ana, aracan , o e ane ro, teve o s processos na , sen o o pr me ro n e er o. oram anexa os ocumentos os pa s
enunc an o o esaparec mento o o em 26 e março e 1969, aos 19 anos, e sua usca nos versos rg os p cos. m seus re atos,
informam que receberam de um sargento da Aeronáutica e de um capitão do Exército a notícia de que Paulo teria sido preso pelo DOPS e
encaminhado à Marinha. Nada havendo contra ele, seria libertado em breve, o que não ocorreu.

Um detento da Ilha Grande enviou carta aos pais de Paulo contando que teria estado com ele, no Presídio Tiradentes, em São Paulo SP ,
encontrando-se o jovem completamente desmemoriado. O relato foi confirmado na presença do casal e do chefe da segurança da Ilha
rande. Em 1971, a família recebeu a notícia de que o estudante apareceu morto, vítima de afogamento. O cadáver, contudo, não corres-
pon a a e e. s n ormaç es a poca, em aten mento aos pe os e oca zaç o, n cavam que au o orres n o reg strava antece entes
nos rg os e segurança.

segundo relator desse processo fez inúmeras diligências buscando novas informações. Em seu voto, reafirmou o extremo valor da peregrinação
a am a e au o, es e o a o seu esaparec mento, e n ormou que a om ss o spec a estava tentan o oca zar as pessoas re er as por
e a, sem sucesso, acrescentan o que a União teve 37 anos para fazê-lo e nada realizou nesse sentido. E, se o fez, não informou a CEMDP
.

Concluiu que restava tão somente aplicar a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos ao caso para responsabilizar o
sta o: m certas c rcunst nc as po e ser c a nvest gaç o e atos que atentem contra os re tos as pessoas. e nvest gar , unto
com a de prevenir, uma obrigação de meio ou de comportamento que não é descumprida somente com o fato de que a investigação produza
um resultado satisfatório. Entretanto, deve empreender-se com seriedade e não como uma simples formalidade condenada de antemão a ser
inútil. Deve ter sentido e ser assumida pelo Estado como um dever jurídico próprio e não como uma simples gestão de interesses particula-
res, que epen a a n c at va processua a v t ma ou e seus am ares ou a contr u ç o part cu ar e e ementos pro at r os sem que a
autoridade pública busque efetivamente a verdade. Esta avaliação é validada qualquer que seja o agente ao qual se possa efetivamente ser
atribuída a violação, ainda os particulares, pois, se seus fatos não são investigados com seriedade, resultariam, de certo modo, auxiliados pelo

poder público, comprometendo a responsabilidade internacional do Estado “. (Caso Velásquez Rodriguez).


e s r o os antos n or recon eceu que n o av a uma n caç o prec sa a m t nc a po t ca e au o, por m em rou que a acusaç o e
participação política a quem não a tenha igualmente enseja o reconhecimento de desaparecimento. Segundo o relator, as circunstâncias do caso
davam a entender – e as próprias autoridades assim o reconheceram em suas buscas – que a prisão pelas forças de repressão teria como causa
pr nc pa , ou pretexto, a su vers o. essa orma, enten eu que estavam presentes no caso as con ç es para e er mento o pe o.

93
À MEMÓRIA E À VERDADE

NELSON JOSÉ DE ALMEIDA (1947-1969)


Número do processo: 07 4 96
Filiação: na ereza e me a e anoe eza p m e me a
Data e local de nascimento: outubro de 1947, Mendes Pimentel (MG)
Organização política ou atividade: Corrente
ata e oca a morte: 11 04 1969, Teófilo Otoni MG
e ator: mro ran a
Deferido em: 23/04/1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 25/04/1996

estu ante m ne ro e son os e me a era o e camponeses um es a reg o o a e o o oce. os 10 anos, mu ou-se


com sua família de Mendes Pimentel para Governador Valadares. Desde muito cedo já trabalhava, vendendo produtos agrícolas. Depois
de terminar o antigo primário, mudou-se novamente, com a família, desta vez para Brasília, onde o irmão mais velho já estava morando.
Nelson teve que encarar serviços pesados, como ajudante de pedreiro, apesar de sua pouca idade. Estudou, à noite, em Sobradinho, e assim
conc u u o curso g nas a .

oi nessa época que passou a militar na Corrente, grupo dissidente do PCB em Minas Gerais, incorporado mais tarde à ALN. Documentos dos
órgãos de segurança do regime militar o acusam de ter participado em algumas ações armadas em Belo Horizonte, sendo que no assalto a
uma boate, em 01 12 1968, teria disparado contra um cozinheiro, que foi ferido mas sobreviveu.

Nelson foi morto aos 21 anos, em 11/04/1969, na cidade de Teófilo Otoni. Na prisão, foi reconhecido pelo soldado, Artur Orozimbo, seu
colega de infância, que avisou a família de sua morte. Há diferentes versões para as circunstâncias concretas da morte nos documentos
o c a s, n o ten o s o poss ve c onstatar a ver a e, apesar o gran e empen o o re ator. guns ocumentos n ormam que ter a morr o
durante assalto a uma agência da Caixa Econômica Federal em Teófilo Otoni, assalto esse que nunca ocorreu. Outros documentos registram

que fora capturado


no atestado emonde
de óbito, diligência
constapolicial e que,falecera
que Nelson ao tentar
na fugir foi baleado,
via pública, à rua tendo morrido
Wenefredo em um- endereço
Portella hospital da
dacidade.
cadeia Outra versão da
e do Quartel é dada
PM
e ro e uerra.

assento de óbito foi feito em 12/04/1969, tendo sido declarante o cidadão João Gabriel da Costa, mais conhecido por “Siono”, agente
funerário da cidade durante meio século. O atestado foi firmado por Christobaldo Motta de Almeida, que declarou “rigidez, hipóstase dorsal,
poterm a, m r ase . omo causa a morte, a n caç o e er a per uro contusa o t rax com es o e rg o e v scera nterna, an o em
conseqüência grave hemorragia interna – conforme certidão da necropsia .

Para a CEMDP, a prova definitiva foi localizada nos arquivos do STM, quando encontrado um documento da PM de Minas Gerais com o
segu nte teor:
e o or zonte - 20 e ma o e 1969
Do Major PM Rubens Jose Ferreira, Chefe Int. da G/2
Ao Senhor Tem. Cel. EB Manoel Alfredo Camarão de Albuquerque
ncarrega o e
OFICIO Nº 730-69
ASSUNTO: MATERIAL APREENDIDO DE NELSON JOSÉ DE ALMEIDA
REFERÊNCIA: ‘OPERAÇÃO CORRENTE’

I - No dia 10 de Abril de 1969 esta Secção enviou a Teófilo Otoni, MG, o 1º Tenente PM MURILO AUGUSTO DE ASSIS TOLEDO, a fim de fazer o
levantamento do ‘Aparelho da Corrente’, localizado naquela cidade e, se encontrado, prender os componentes da referida ‘Organização’ que
poderiam ser ali encontrados.

94
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

II - O Oficial, com a ajuda do Contingente Policial daquela cidade, localizou o endereço - Travessa do Rubim, 23 -, constatando a existência,
e ato, o pare o .
III - Durante a diligência foi capturado, ao chegar no ‘Aparelho’, Nelson José de Almeida, que, posteriormente, ao forçar fuga, foi baleado e
veio a falecer em Hospital de Teófilo Otoni”.

re ator o processo conc u u, com as provas aponta as, que sem v a e son ora preso e morto so a cust a a .

SEVERINO VIANA COLOU (1930-1969)


Número do processo: 01 6 02
Filiação: Maria Belarmina da Conceição e Ulisses Viana Colou
Data e local de nascimento: em 1930, Caruaru (PE)
Organização política ou atividade: COLINA
ata e oca a morte: 24 05 1969, Rio de Janeiro RJ
e ator: o o a t sta agun es
Deferido em: 19/12/2003 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 26/12/2003

sargento Severino Viana Colou, nascido em Pernambuco e ex-presidente da Associação de Cabos e Sargentos da PM do Estado da Gua-
nabara, militante do COLINA, foi preso e morreu em uma cela da 1ª Companhia da Polícia do Exército, no Rio de Janeiro. De acordo com o
IPM nº 1.478, realizado no quartel general da 1ª Divisão de Infantaria, na Vila Militar, ele estava preso e foi encontrado morto por volta das
1h35 do dia 24 05 1969, enforcado com a própria calça, amarrada em uma das barras da cela. Assinou a necropsia o legista Rubens Pedro
acuco an ne. am a somente requereu em 2002.

Da mesma forma que já mencionado a respeito de João Lucas Alves, documentos dos órgãos de segurança do regime militar acusam Seve-
r no, gener camente, e part c paç o em a gumas aç es arma as ocorr as em 1968, ao a o o sargento ucas, tanto em e o or zonte
quanto no o e ane ro, nc u n o-o tam m como ntegrante o coman o que matou o ma or o ex rc to a em o war on ester-
nhagen, já mencionado.

m seu parecer, o re ator o processo na a ertou para o ato e que, no processo, constavam contra ç es em re aç o ata a
morte e o sobrenome do morto. A documentação não fazia referência a Severino Viana Colou, mas nas folhas 12 uma certidão de óbito
expedida em nome de Severino Viana Callôr, falecido em 24/06/1969, registrava filiação de Ulisses Viana Colou e Belarmina da Conceição,
o que coincide com a documentação fornecida pela requerente, a irmã Gertrudes Maria Colou.

am m o nqu r to po c a rea za o na a tar o o e ane ro reg stra c p a aut nt ca o expe ente ass na o pe o ma or coman-
dante da 1ª Companhia de Polícia do Exército, de 24/05/1969, comunicando a morte de Severiano Viana Callôr, com a mesma filiação.
auto de autópsia é datado de 24/05/1969, sendo que o cadáver deu entrada no IML às 17h20 do dia 02/06/1969, oriundo do Hospital
entra o x rc to. ua morte so torturas o enunc a a em epo mentos e presos po t cos nas au tor as m tares.

Ainda de acordo com o relator, pequenas imprecisões encontradas no processo não retirariam da requerente a legitimidade para buscar na

CEMDP o esclarecimento sobre a morte de seu irmão.


au o per c a o oca e morte o ass na o pe os sargentos u er ore ra e oraes e r va o ma os antos. m ora reg stre que
“Em ambas as pernas, na altura da canela, apresentava ferida contusa e escoriações generalizadas pelo tronco. Nas nádegas apresentava
hematomas de formato irregular”, o documento não menciona torturas e, pelo contrário, tece malabarismos de interpretação para justificar
outro os su c os em que o corpo encontra o com p s apo a os no so o: e etuou ro op os a esquer a para a re ta at que com essa

95
À MEMÓRIA E À VERDADE

ação as duas pernas da calça enrolaram-se, passando a constituir um tirante único. Com a continuação dos movimentos, a pressão produzida
passou a ag r retamente so re o pescoço, causan o o es a ec mento. onseqüentemente, suas pernas per eram a sustentaç o o tronco,
aumentando, desse modo, a pressão sobre o pescoço, atuando com mais eficácia por baixo do queixo, pouco acima do ´pomo de adão`, ocor-
rendo com a duração da ação aí localizada, a interrupção do fluxo normal de”.ar

PADRE ANTÔNIO HENRIQUE PEREIRA NETO (1940-1969)


Número do processo: 063/96
Filiação: Isaíras Pereira da Silva e José Henrique Pereira da Silva Neto
ata e oca e nasc mento: 28 10 1940, Recife PE
Organização política ou atividade: s acer ote cat co
Data e local da morte: 27/05/1969, Recife (PE)
Relator: Nilmário Miranda
e er o em: 08 02 1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 12 02 1996

Assassinado em Recife, em maio de 1969, padre Henrique era coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife, professor e es-
pec a sta em pro emas a uventu e. ux ar reto o arce spo om er mara, oram am os autores e re tera as e contun entes
en nc as so re os m to os e repress o ut za os pe o governo m tar. m 1968, t n a ce e ra o m ssa em mem r a o estu ante son
Luiz Lima Souto. Recebia constantes ameaças de morte por parte do chamado Comando de Caça aos Comunistas – CCC.

oi seqüestrado em 26 05 1969, sendo seu corpo encontrado no dia seguinte, em um matagal da Cidade Universitária de Recife, pendurado
e ca eça para a xo numa rvore, com marcas ev entes e tortura: ematomas, que ma uras e c garro, cortes pro un os por to o o
corpo, castração e dois ferimentos produzidos por arma de fogo.

o nqu r to a erto no r una e ust ça e ernam uco para apurar as c rcunst nc as a morte oram acusa os como respons ve s
pelo seqüestro, tortura e morte do Padre, Rogério Matos do Nascimento, o delegado Bartolomeu Gibson, o investigador de polícia Cícero
Albuquerque, o tenente José Ferreira dos Anjos, da PM, Pedro Jorge Bezerra Leite, José Caldas Tavares e Michel Maurice Och. Segundo o de-
sembargador Agamenon Duarte de Lima, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, “ á provas da participação do CCC no assassinato do Padre
enr que, mas poss ve que tam m este a mp ca o no ep s o o erv ço ecreto os sta os n os, a . esmo ass m, o nqu r to
o ar qu va o e nen um os acusa os o con ena o, apesar os testemun os e as provas r re ut ve s.

Conforme o voto aprovado por unanimidade na CEMDP, “mesmo sem ter ocorrido em dependência policial, dúvida não há de que sua morte
ocorreu so cust a e agentes o sta o . morte n o-natura , com s na s e crue a e, cou ev enc a a pe o atesta o e to rma o
pelo legista Salgado Calheiro, que considerou como causa os ‘ferimentos penetrantes e transfixantes do crânio e hemorragia cerebral .

REINALDO SILVEIRA PIMENTA (1945-1969)


Número do processo: 18 7 96
Filiação: Maria do Carmo Silveira Pimenta e José Bastos Pimenta

Data e local de
Organização nascimento:
política 4/03/1945, Niterói (RJ)
ou atividade: -8
ata e oca a morte: 27 06 1969, Rio de Janeiro RJ
Relator: João Grandino Rodas
Deferido em: 10/04/1997 por unanimidade
ata a pu caç o no : 1 6 04 97

96
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

No dia 27/06/1969, na rua Bolívar, em Copacabana, Rio de Janeiro, o apartamento onde estava o estudante fluminense Reinaldo Silveira
menta o nva o por agentes a po c a po t ca. m c rcunst nc as n o esc arec as, e na o ca u ou o oga o pe a ane a o aparta-
mento. Foi encaminhado ao Hospital Miguel Couto, morrendo poucas horas depois. Seu corpo deu entrada no IML RJ com a guia nº 13, da
4ª D.P., como desconhecido, “morto ao cair na área interna do prédio”.

necrops a o ass na a no a segu nte pe o m co r o art ns o r gues, que eterm nou a causa mort s como ratura a co una ver-
e ra com ruptura o pu m o esquer o e emorrag a nterna ”. O prontuário do DOPS RJ, registra que Reinaldo, “ uicidou-se em 27 06 69,
ao ser preso no aparelho da rua Bolivar, nº 124, apto 510, em Copacabana, alugado pelo Partido”.

Constam no processo notícias veiculadas nos jornais do dia 01 07 1969, informando o ocorrido, sendo fato que agentes do DOPS ou do
Cenimar, segundo alguns registros ocupavam o prédio e suas imediações, aguardando a chegada de Reinaldo.

relator da CEMDP considerou não restarem dúvidas acerca da militância política e da morte por causa não natural. Ao exame das circuns-
t nc as, n o ten o a morte ocorr o em epen nc a po c a , e s m no osp ta , conc u u: x ste nos presentes autos provas que corro oram
que o apartamento de Reinaldo estava sitiado, tendo portanto, se transformado em dependência policial assemelhada. Comprovam esse fato
as transcrições dos periódicos da época”.

Reinaldo cursava o 3º ano de Engenharia na Universidade do Estado da Guanabara hoje UFRJ , depois de ter estudado no Colégio Sale-
siano Santa Rosa, em Niterói, freqüentando também aulas de Inglês no Instituto Brasil-Estados Unidos, além de trabalhar como professor.
Militante do Movimento Estudantil, morreu como dirigente do primeiro MR-8, grupo nascido da Dissidência do PCB em Niterói, que ten-
tou iniciar a implantação de uma base guerrilheira no Oeste do Paraná. Documentos dos órgãos de segurança do regime militar incluem
seu nome como ntegrante o oman o e xpropr aç es a organ zaç o, m putan o- e a part c paç o em a gumas aç es arma as e
re uz a express o, em 1968 e 1969.

oi sepultado no cemitério de Maruí, em Niterói, e durante o mandato do prefeito Saturnino Braga, do Rio de Janeiro, a Câmara Municipal
provou a es gnaç o e uma rua a a enne y com o seu nome.

CARLOS ROBERTO ZANIRATO (1949-1969)


Número do processo: 32 8 96
Filiação: rnest na urta o an rato e erm n o an rato
Data e local de nascimento: 9/11/1949, Ourinhos (SP)
Organização política ou atividade: VPR
ata e oca a morte: 29 06 1969, São Paulo SP
e ator: Suzana Keniger Lisbôa
Deferido em: 27/08/1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 29/08/1996

Morto antes de completar 20 anos, o soldado Carlos Roberto Zanirato havia deixado o 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna, Osasco
(SP), em janeiro de 1969, logo após a decretação do Ato Institucional nº 5, para seguir o seu superior hierárquico, capitão Carlos Lamarca,

nas atividades da VPR. Cinco meses depois dessa fuga, foi preso por agentes do DOPS/SP, no dia 23/06/1969, quando saía de sua casa para
r ao c nema. er a morr o por su c o, na vers o o c a , no a 29.

laudo necroscópico nº 30757 do IML, assinado por Orlando Brandão e José Manella Netto, desconhece os dados da requisição de
exame, que contém a qualificação pessoal, e refere-se a ele como um desconhecido. Faz constar que apresentava um par de algemas
com a corrente part a, can o uma a gema em ca a pu so. stas oram serra as, ret ra as e entregues so rec o ao r. oac r
a o, guar a cv nº 22548.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

A versão oficial é de que, no dia 29/06/1969, foi conduzido pelos policiais a um encontro no cruzamento da rua Bresser com Avenida Celso
arcia, em São Paulo SP . Lá chegando, teria aproveitado um descuido dos policiais e se jogou sob um ônibus que trafegava pela avenida,
sofrendo morte instantânea. Documentos do DOPS informam que ele teria sido preso por elementos do 4º Regimento de Infantaria, ou seja,
mesma unidade de onde desertara em janeiro.

a , o parecer a re atora escreve que corpo parece n o ter espaço on e n o a a equ moses, escor aç es ou raturas. o as as
costelas fraturadas à direita, fratura do osso ilíaco, das clavículas, do úmero, ruptura do pulmão, ferimentos, escoriação plana de 20 x 30 cm
na região lombar etc. Esses são os ferimentos de Carlos Roberto Zaniratto após seis dias de intensas torturas”.

p e o o ac o o por unan m a e na om ss o spec a , ten o s o aprova a a tese a pr s o e morte n o-natura , sen o que o genera
swaldo Pereira Gomes e Paulo Gonet discordaram da ressalva da relatora sobre a versão oficial.

GERALDO BERNARDO DA SILVA (1925-1969)


Número do processo: 124 2004
Data e local de nascimento: 20/08/1925, Minas Gerais
Filiação: Erotilde Malta da Silva e João Ricardo da Silva
Organização política ou atividade: sn ca sta
ata e oca a morte: 17 07 1969, Rio de Janeiro RJ
Relator: Maria Eliane Menezes de Farias, com vistas de Diva Santana
Deferido em: 09/11/2006 por unanimidade
ata a pu caç o no : 08 12 2006

Afro-descendente e ascensorista da Rede Ferroviária Federal, onde foi funcionário durante 19 anos, Geraldo Bernardo foi preso na madru-
gada de 08/07/1969 quando sua casa foi invadida por uma patrulha do Exército. Foi levado para a Vila Militar de Deodoro, onde ficou por
guns as. o vo tar para casa, era o, que segun o sua esposa rac e ma va empre o uma pessoa gent , passou a mostrar-se
nervoso e irritado. No dia 17 07 1969, ele foi levado por Iraci e pelo irmão José Vicente da Silva ao serviço médico da Rede Ferroviária
ederal, que funcionava no 19º andar do edifício sede no Rio de Janeiro. Geraldo disse, então, que precisava ir ao banheiro. Ao estranhar a
longa demora, Iraci foi verificar o que estava acontecendo e constatou que ele havia se jogado da janela.

Na CEMDP, a relatora requereu várias diligências para serem juntadas aos autos e, na primeira reunião em que o processo foi avaliado,
propôs indeferimento. Diva Santana pediu vistas e ponderou que a informação prestada pelo Comando Militar Leste, declarando que Ge-
raldo Bernardo da Silva esteve detido na Vila Militar de Deodoro em 07/1969, cópias de documentos expedidas pelo Arquivo Público do
o e ane ro, com mpress es g ta s quan o e sua pr me ra pr s o, em setem ro e 1964, c p as e comprovaç o e sua m t nc a em
organização sindical no local de trabalho, oriunda dos órgãos repressivos, constituem forte evidência de que Geraldo, exercendo ou não
tividade política à época de sua detenção, foi preso por autoridades do regime militar.

ocumentaç o constante o processo na e xa c aro que era o o mem ro e com t s n ca os errov r os a stra a e
erro Central do Brasil e, já em 1963, participava ativamente nas mobilizações em defesa das chamadas Reformas de Base.

Com base no art. 4º da lei nº 10.875, que prevê o reconhecimento da responsabilidade do Estado nos casos de pessoas “que tenham falecido
em ecorr nc a e su c o prat ca o na m n nc a e serem presas ou em ecorr nc a e seqüe as ps co g cas resu tantes e atos e tortura
prat ca os por agentes o po er p co , va pe u que a re atora recons erasse o parecer pe o n e er mento. processo o ent o aco-
lhido por unanimidade na Comissão Especial.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

FERNANDO BORGES DE PAULA FERREIRA (1945-1969) e


Número do processo: 07 9 02
ome:
Data e local de nascimento: 1/10/1945, São Paulo (SP)
Filiação: Célia Borges de Paula Ferreira e Tolstoi de Paula
Organização política ou atividade: VAR-Palmares
ata e oca a morte: 30 07 1969, São Paulo SP
Processo extinto sem julgamento em 08/12/2005

JOÃO DOMINGUES DA SILVA (1949-1969)


Número do processo: 321/96
Filiação: Eliza Joaquina Maria da Silva e Antônio José da Silva
Data e local de nascimento: 2/04/1949, Sertanópolis (PR)
Organização política ou atividade: a -mares
Data e local da morte: 23/09/1969, São Paulo (SP)
Relator: Suzana Keniger Lisbôa; com vistas de Luís Francisco Carvalho Filho
Deferido em: 09/02/1998 por 6x1 (voto contra do general Oswaldo Pereira Gomes).
ata a pu caç o no : 18 02 1998

Por volta da meia noite do dia 29/07/69 e início da madrugada do dia 30, os militantes da VAR-Palmares João Domingues da Silva e Fer-
nando Borges de Paula Ferreira foram interceptados por policiais civis na Avenida Pacaembu, proximidades do Largo da Banana, em São
au o. a vers o o c a , os po c a s suspe taram o ve cu o ut za o por am os. ernan o ter a morr o me atamente e o o om ngues,
pesar de gravemente ferido, conseguiu escapar, refugiando-se na casa de sua irmã, em Osasco, onde foi preso no mesmo dia. Três policiais

ficaram feridos, de acordo com documentos dos órgãos de segurança.


ernan o, con ec o por ernan o u vo, cursava nc as oc a s na , ten o s o um os pr nc pa s r gentes a – ss nc a stu ant
do PCB/SP, agrupamento que no final de 1968 se dispersou, repartindo-se a maioria de seus membros entre a ALN e a VPR (em seguida VAR-Pal-
mares). Documentos dos órgãos de segurança do regime militar o incluem como participante do assalto a uma agência do Banco Aliança, em São
Paulo, no dia 11/07/1969, quando para fugir de perseguição policial os participantes da ação mataram um motorista de táxi.

Processo em seu nome foi protocolado na CEMDP pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, na expectativa de poder localizar
seus parentes, o que de fato ocorreu. Entretanto, não quis a família requerer os benefícios da Lei, sendo o processo retirado de pauta, sem
exame do mérito, em 08/12/2005. Assinaram o laudo de necropsia os médicos legistas Pérsio Carneiro e Antônio Valentini, que atestaram
emorrag a nterna traum t ca. corpo o sepu ta o pe a am a no emt r o a az.

operário João Domingues da Silva tinha sido, ao lado de seu irmão Roque Aparecido da Silva, um dos líderes da greve realizada em Osasco
(SP) pelos trabalhadores metalúrgicos, em julho de 1968, passando a ser constantemente ameaçado de prisão e morte. Desde os 10 anos,
judava o pai no trabalho com o gado, onde viviam, em Jataizinho, no Paraná. Aos 12 anos, trabalhava no matadouro de Ibiporã PR e,
os 13, em Osasco, num açougue. Em vários documentos anexados ao processo da CEMDP, a grafia de seu nome aparece como Domingos,
no lugar de Domingues. Militante da VPR e, depois, da VAR-Palmares, é mencionado em documentos dos órgãos de segurança do regime
militar como participante, no Rio de Janeiro, do roubo de 2,8 milhões de dólares, guardados num cofre que pertencia ao ex-governador
pau sta emar e arros, su tra o a casa e sua amante.

Seu processo foi relatado na CEMDP em agosto de 1996 e recebeu dois pedidos de vistas antes de ser aprovado. Ao ser preso na casa da
irmã, foi levado para o Hospital das Clínicas, onde os médicos submeteram-no a uma delicada cirurgia. Mesmo correndo risco de vida,

99
À MEMÓRIA E À VERDADE

gentes do DEIC – Departamento Estadual de Investigações Criminais – transportaram-no para o Hospital Geral do Exército - HGE, onde
n c aram um processo e nterrogat r o e torturas que cu m nou com sua morte, a 23 e setem ro. am a o procurou ns stentemente no
HGE, onde diziam nada saber. Após 33 dias, a irmã foi chamada para autorizar uma cirurgia, quando seu estado de saúde já era terminal.

Um exame de corpo de delito, assinado pelos médicos José Francisco de Faria e Abeylard de Queiroz Orsini, descreve “ m único ferimento
por arma e ogo, na ace anter or o em t rax esquer o e v r os er mentos corto-contusos na reg o occ p ta . au o e necrops a n-
c u , a m o er mento escr to ac ma, c catr zes c r rg cas, escaras e ec to na reg o sacra e ma s um er mento per uro contuso na
região vertebral, terço inferior. Assinam o laudo os legistas Octávio D’Andrea e Orlando Brandão, apontando como causa mortis ‘colapso
óxico infeccioso’.

A CEMDP realizou inúmeras diligências tentando esclarecer os fatos. Oficiou ao HGE, onde João Domingues esteve internado e morreu, ob-
tendo como resposta que esse nome não constava em qualquer prontuário, livro de entrada ou ficha de internação. O Hospital das Clínicas
informou que João Domingues fora internado em 30/07/1969, tendo obtido alta no mesmo dia, após ser submetido a uma cirurgia. A Se-
cretaria de Segurança Pública SP, dentre outras informações, encaminhou “ e at r o spec a e n ormaç es nº 23 , o uarte genera o
xército em São Paulo, datado de 01 08 1969, poucos dias depois da prisão. Esse documento contém capítulo dedicado a João Domingues,
contando como fora preso e que fora submetido a leve interrogatório devido ao seu estado de saúde. Ressaltando a importância da prisão,
o relatório ressalta a expectativa de que viesse a ser convenientemente interrogado quando seu estado de saúde permitisse.

A CEMDP apurou, portanto, que João Domingues deu entrada no Hospital das Clínicas em 30 de julho e foi imediatamente submetido a
exame de corpo de delito, sendo constatado o risco de vida. Após “laparatomia exploratória”, cirurgia de grande extensão, com “sutura de
estômago, fígado, diafragma e pulmão”, em vez de ser levado para uma UTI, recebeu alta no mesmo dia para ser levado pelos órgãos de
segurança. Foi localizado pela família um mês depois, com estado de saúde muito precário, no Hospital Geral do Exército que não acusa sua
internação , quando sua irmã foi informada de que os médicos necessitavam de uma autorização escrita para a realização de outra cirurgia.
Não restou dúvida de que João Domingues faleceu sob a guarda de agentes do poder público, morrendo de causa não natural.

JOSÉ WILSON LESSA SABBAG (1943-1969)


Número do processo: 013/02
Filiação: Maria Lessa Sabbag e Wilson José Sabbag
ata e oca e nasc mento: 25 10 1943, São Paulo SP
Organização política ou atividade:
Data e local da morte: 03/09/1969, São Paulo (SP)
Relator: Belisário dos Santos Júnior
e er o em: 22 04 2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 26 04 2004

José Wilson Lessa Sabag, estudante do 5º ano de Direito na PUC de São Paulo, era membro de um pequeno grupo de militantes da
oposição arm ada, ligado à ALN. Casado com Mar ia Tereza de Lucca Sabba g, com quem teve uma fil ha, foi morto em 03 09 1969, na
capital paulista, aos 25 anos de idade. A família requereu os benefícios fora do prazo legal estipulado pela Lei nº 9.140 95, o que
ocasionou um indeferimento inicial.

m outu ro e 1968, os son av a s o preso no 3º ongr esso a em na, permanecen o et o por cerca e o s meses e,
quan o erta o, n o se sent u seguro para retornar s au as a e ao emprego no anco o sta o e o au o. egou a pro uz r
lgumas filmagens sobre o Movimento Estudantil de 1967 e 1968. Documentos dos órgãos de segurança registram-no como “namorado”
de Maria Augusta Thomaz, que seria morta em maio de 1973, no interior de Goiás, como militante do Molipo.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

A versão oficial dos fatos registra que, no dia 03/09/1969, após perseguição policial iniciada em um estabelecimento comercial na avenida
p ranga, os son e ntenor eyer tentaram se re ug ar no apartamento e um am go naque a reg o, rua p t c o essoa. so a o
João Guilherme de Brito, ao tentar prender José Wilson, teria sido atingido por disparo de arma de fogo, vindo a falecer. Enquanto José
Wilson trancou-se no banheiro do apartamento, Antenor Meyer, ao tentar fugir, caiu do 4º andar, sendo preso em seguida, com fraturas
e ruptura da bexiga. Ainda de acordo com os registros policiais, como José Wilson se recusasse a sair do banheiro, foi acionada a tropa de
c oque a orça ca e o . gentes po c a s at raram om as e g s acr mog neo e os son ter a sa o, ravan o-se t rote o
que cu m nou com sua morte .

Para o relator do processo na CEMDP, essa versão bastaria para o deferimento do pedido. No entanto, o estudo do processo indicou ele-
mentos contraditórios dignos de registro. O Boletim de Ocorrência, aberto às 16h20min de 03 09 1969 pela Força Pública, indica que “
elementos foram detidos , ao mesmo tempo em que n ormava ter s o o po c a er o. ec araç o e ntenor eyer, anexa a ao processo
na Comissão Especial, reporta que os ferimentos de José Wilson produziram forte hemorragia e praticamente o prostraram, levando-o a
demonstrar evidente fraqueza física, não podendo, portanto, ter efetivado saída violenta do banheiro, como afirma a versão oficial.

Segundo o relator, uma curiosidade que se transforma em indício diante dos demais elementos é que o corpo do soldado Brito foi submetido
exame necroscópico ainda no dia 03/09 e o de José Wilson foi para o IML apenas no dia seguinte. A explicação está no relatório oficial
do 11º Batalhão Policial, onde consta que “o caso foi entregue a OBAN quando se evidenciou que os indiciados eram elementos suspeitos de
part c parem e organ zaç o terror sta . v r as outras a rmaç es nos autos, exp ca a n a, mostran o que os son estava cerca o,
ferido e sujeito a um forte aparato policial envolvendo Polícia Civil, Força Pública, Marinha e OBAN.

desenho anexado ao laudo necroscópico, assinado pelos legistas Ruy Barbosa Marques e Orlando Brandão, ofereceu o argumento final à
tese a execuç o, a rma o re ator. e e se mostra a tra et r a os pro te s que at ng ram os son. o as as per uraç es t m o mesmo
sent o – e c ma para a xo – com exceç o e um pro t com entra a pe o o super or e sa a na reg o tempora e squer a, com sen-
tido de baixo para cima. A lesão provocada por esse projétil foi fundamental para a morte, conforme o laudo, que determina como causa
mortis: “lesões crânio encefálicas traumáticas e hemorragia interna aguda”.

SÉRGIO ROBERTO CORRÊA (1941-1969)


ISHIRO NAGAMI (1941-1969)
úmero do processo: 10 0 03
ata e oca e nasc mento: 941, São Paulo SP
iliação: Kikue Nagami e Keizo Nagami

Organização
ata e oca política
a morteou
: 04atividade: ALN
09 1969 em São Paulo SP
e ator: e s r o os antos n or
ndeferido em: 26/08/2004 por unanimidade
ata da publicação no DOU: 03/09/2004

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À MEMÓRIA E À VERDADE

m 04/09/1969, na madrugada seguinte à prisão de Antenor Meyer e morte de José Wilson Sabag, um veículo Volkswagen placa 44-52-75 explo-
u na rua a onso aç o, esqu na com ar a nton a, em o au o, causan o a morte e o s m tantes que, segun o n ormaç es os rg os e
segurança, pertencer am . a poca, especu ou-se que os o s ovens e 28 anos se r g am rumo ao e c o se e a est , poucas qua ras
diante, para praticar um atentado abomba, quando o petardo teria explodido, causando a morte imediata dosocupantes do automóvel.

ocumentos os rg os e segurança o reg me m tar n ormam que s ro usava o co nome ar es e ter a gaç es com os son
Lessa Sabag e também com outro militante da ALN, Otávio ngelo, que em 1970 foi banido do país em troca da libertação do cônsul japonês
em São Paulo. Os jornais informaram que, imediatamente após a explosão, policiais localizaram o endereço do motorista, Ishiro Nagami, à
rua Jaguaribe, 619, prendendo em seu apartamento os professores Francisco Roberto Savioni e Suziko Seki, do cursinho Equipe, apreenden-
o tam m ma s e 50 cartuc os e nam te que ter am s o rou a os a pe re ra oc ester, em og as ruzes.

nome de Ishiro Nagami consta do ossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos, mas seu processo foi indeferido por não ter se caracteri-
zado a morte por responsabilidade de agentes do Estado vinculados à repressão política. Há informações de que ele também era professor
no referido curso pré-vestibular. Seus restos mortais foram sepultados pela família no Cemitério de Guarulhos SP .

Sérgio Corrêa teve o corpo completamente destroçado e foi enterrado como indigente no Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, não
tendo sido apresentado, por seus familiares, requerimento à CEMDP em seu nome. Nascido em Mogi das Cruzes em 27/07/1941, filho de
ene to e e ona e ena, ten o como rm os om e os . stu ou naque a c a e at conc u r o co eg a no nst tuto e ucaç o r.
Washington Luís e ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, na rua Maria Antonia, por volta de 1966.

Documentos dos órgãos de segurança e da Justiça Militar Federal de São Paulo o incluem como militante da ALN, integrante de seu Grupo
t co rma o, on e a otava o co nome erto e ter a part c pa o e v r as aç es arma as. er a part c pa o, a n a, e um curso so re
exp os vos, m n stra o pe o m tante ans u o anz.

ROBERTO CIETTO (1936-1969)


Número do processo: 26 2 96
Filiação: Dorvalina da Silva Cietto e Primo Cietto
Data e local de nascimento: 2/10/1936, Pederneiras (SP)
Organização política ou atividade:
ata e oca a morte: 04 09 1969, Rio de Janeiro RJ
Relator: Luís Francisco Carvalho Filho
Deferido em: 14/05/1996 por unanimidade
ata a pu caç o no : 17 05 1996

Segundo relatos levados à CEMDP, Roberto Cietto foi preso no dia 04/09/1969, quando passava casualmente em frente à casa do embai-
xador americano Charles Burke Elbrick, seqüestrado no mesmo dia. Era conhecido e procurado pelos agentes de segurança, pois em maio
aque e ano av a ug o a pen tenc r a emos r to, no o e a ne ro. eva o retamente para o r me ro ata o a o c a o x r-
c to, na rua ar o e esqu ta, res st u a apenas a gumas oras e torturas.

Roberto havia iniciado a militância política na penitenciária, onde cumpria pena como preso comum, após estabelecer contato com os
presos po t cos, a er n o ass m res st nc a po t ca. ug u o pres o un to com um grupo e presos po t cos, entre e es a guns ex-ma-
rinheiros, como Avelino Capitani, José Duarte e Marco Antônio da Silva Lima morto em janeiro de 1970 , além do ex-sargento da Aeronáu-
tica Antonio de Paula Prestes, que constituíram uma nova organização clandestina denominada MAR – Movimento de Ação RevoLúcionária.
De início, o grupo de nove prisioneiros evadidos se instalou na região de Angra dos Reis, onde realizou deslocamentos e treinamentos de
guerr a. m segu a, retornaram ao o e ane ro, on e, segun o os rg os e segurança, eto part c pou e a gumas aç es arma as.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

m A Ditadura Escancarada, o jornalista Elio Gaspari escreveu sobre Cietto: “ nterrogaram-no durante três horas, no máximo. Às 18h40 ele
morreu de pancada. O cadáver tinha o olho direito roxo, com um corte na pálpebra e ferimentos na testa, no tórax, num braço e numa perna.
o sepu ta o como su c a. e acor o com as vers es o c a s, era o 17º o reg me, o s t mo a se en orcar numa ce a, o sexto a az - o num
quartel. Segundo o laudo da perícia, asfixiou-se sentado .

corpo deu entrada no IML no mesmo dia 4, sendo necropsiado por requisição do Quartel do I Exército, de onde foi removido. A necropsia,
ssinada pelos médicos Elias Freitas e João Guilherme Figueiredo, em 05 09, confirma a versão oficial de que Roberto teria cometido sui-
cídio por enforcamento, em sua cela, no DOI-CODI RJ, apesar de descrever algumas escoriações encontradas no corpo, como hematomas
na pálpebra direita, no braço direito e na perna esquerda. As fotos da perícia de local, realizada pelo Instituto de Crimininalística Carlos Éboli,
mostram claramente marcas de torturas. Além disso, análise do material fotográfico mostra que não havia como Roberto ter se enforcado, pois estava
prat camente senta o. am m o au o e per c a e oca , e to pe o mesmo rg o o c a c ta outras escor aç es a m as apresenta as na necrops a,
firmando que, “ ... a necropsia a ser procedida deverá esclarecer a recenticidade dos ferimentos por ação contundente constatadas nas regiões frontal
orbitária direita e face anterior do joelho direito da vítima
” (sic).

atesta o e to cont m apenas seu nome. o as as outras n ormaç es constam como gnora as, apesar e tratar-se e a gu m que
av a cumpr o pena, ten o to os os a os e ent caç o spon ve s para as autor a es, o que o c on rma o por sua c a o nst tuto
élix Pacheco. Roberto Cietto foi enterrado como indigente no Cemitério de Santa Cruz (RJ), em 30/09/1969.

re ator a cons erou nsustent ve a vers o apresenta a e conc u u que as ev nc as apontavam para o assass nato a v t ma.
s otos emonstraram a ex st nc a e es es no seu corpo, ruto e v o nc a anter or, a m e mostrarem que e e se en orcou senta o no
chão, o que afasta a hipótese de suicídio. Outros indícios apontaram para a montagem da cena: o laudo registra que o instrumento usado
para se suicidar foi um cordão, “ tilizado para atar coturnos de soldados”, reconhecendo ser um elemento “não comum naquele ambiente
(cela de preso) . ara o re ator, mesmo que a p tese e su c o oss e, em tese, a m ss ve , a n a ass m o erto etto ter a morr o so
guar a o sta o, por mot vos po t cos e e causa n o-natura .

LUIZ FOGAÇA BALBONI (1945-1969)


Número do processo: 05 9 96
Filiação: Francisca Áurea Fogaça Balboni e Luiz Balboni
Data e local de nascimento: 25/05/1945, Itapetininga (SP)
Organização política ou atividade:
ata e oca a morte : 25 09 1969, em São Paulo SP
Relator: Nilmário Miranda
Deferido em: 10/04/1997 por 6x1 (voto contrário do general Oswaldo Pereira Gomes)
ata a pu caç o no : 16 04 1997

studante da Escola Politécnica da USP, ondecursou até o 3° ano, trabalhava como professor e desenhista da Empresa Geotécnica. Passou a infân-
cia em São Miguel Arcanjo (SP), onde sua história se perpetua hojeParque
no “ do Zizo” (seu apelido familiar), uma área de preservação ambiental
que soma 300 ectares e ata t nt ca or g na , mp anta o por seus rm os com o n e ro a n enzaç o aprova a pe a .

Depois de estudar em Itapetininga (SP), Balboni mudou-se para a capital paulista e integrou a Ala Vermelha até março de 1969, quando passou a
militar na ALN. Pela versão oficial, teria morrido fuzilado ao resistir à prisão, em
São Paulo (SP), em emboscada montada pelos delegados Sérgio
Paranhos Fleury, Rubem Tucunduva e Firminiano Pacheco, do DOPS, dia 2409 1969, nas proximidades da avenida Paulista.

laudo necroscópico é assinado pelos legistas Irany Novah Moraes e Antônio Valentini. A requisição de exame, datada de 25/09/1969,
informa que morreu à 1h30min no Hospital das Clínicas; vem marcada com um T em vermelho, signo que em vários documentos localizados
nos arqu vos a ertos para consu ta assoc a o pa avra terror sta. como st r co: sparo e arma e ogo a esc arecer . eu corpo

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À MEMÓRIA E À VERDADE

só deu entrada no necrotério às 17:00 horas do dia 25/09/1969 e foi retirado pela família no dia seguinte, para ser enterrado no cemitério
e o gue rcan o.

Relatório encontrado nos arquivos do DOPS-SP, datado de 09/11/1969 e assinado pelo delegado Ivair Freitas Garcia, descreve o esquema
policial montado para matar Carlos Marighella cinco dias antes, pede a promoção de policiais que participaram da operação e faz referência
outras pr s es e etua as, em como morte e u z ogaça a on , n orman o que ter a ocorr o no osp ta as n cas, ap s ser
baleado entre 18 e 18:30 horas na Alameda Campinas.

Na verdade, Luiz Fogaça foi ferido por volta das 15 horas, conforme depoimento prestado por Manoel Cyrillo de Oliveira Neto. Ambos foram
surpreen os pe o cerco po c a qua n o tentavam ret rar um ve cu o que av am estac ona o na rea. anoe consegu u ug r o cerco
montado e relata que, durante a fuga, ouviu Fogaça chamar seu nome. Tinha a camiseta manchada de sangue na altura do peito. Continu-
va a correr, mas em passo lento. Tentou socorrê-lo, mas em seguida Luiz caiu na calçada.

uscan o me or ocumentar os atos, o re ator o processo na o c ou ao retor o osp ta as n cas so c tan o n ormaç es
so re o or r o em que u z ogaça a on eu entra a no osp ta , causa a morte, au os etc . o ten o a resposta e xa o c aro o
horário de entrada no hospital, foi refeita a solicitação e se obteve, finalmente, a confirmação de que “foi atendido no Pronto Socorro deste
Hospital às 18h33min do dia 24.09.1969, quando foi internado, vindo a falecer às 1h30min do dia 25/09/69 ”.

Provado ficou, portanto, que, apesar de preso com ferimento grave, Luiz Fogaça Balboni permaneceu em poder dos agentes do DOPS por
pelo menos três horas, antes de ser encaminhado para o devido socorro médico.

VIRGÍLIO GOMES DA SILVA (1933-1969)


Número do processo: 065/96
Filiação: Izabel Gomes da Silva e Sebastião Gomes da Silva
ata e oca e nasc mento: 5 08 1933, Santa Cruz RN
Organização política ou atividade:
Data e local da morte: 29/09/1969 em São Paulo
Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95

Nascido no Rio Grande do Norte e dirigente da ALN em São Paulo, seu nome integrou a lista de 136 desaparecidos do Anexo à Lei nº
9.140/95. Ainda criança, deslocou-se com sua família para o Pará, onde o pai trabalhou na extração de borracha, em Fordlândia. Aos 11
nos, retornou à terra natal em 1945, com sua mãe e irmãos, decidindo mudar-se sozinho para São Paulo em 1951, na busca de sobrevi-
v nc a e apo o am a. os pr me ros tempos na cap ta pau sta, c egou a orm r em ancos e ar m no argo a onc r a.

perário da Nitroquímica, importante indústria do Grupo Votorantim em São Miguel Paulista, zona leste da cidade, filiou-se ao PCB em
957, tornou-se membro da diretoria do Sindicato dos Químicos e Farmacêuticos de São Paulo, e liderou uma forte mobilização grevista
naque a empresa em 1963. o preso em 1964, permanecen o et o por quatro meses. ersegu o pe a sua m t nc a, n o consegu a ser
readmitido nas fábricas. Próximo a Carlos Marighella, acompanhou esse dirigente comunista no rompimento com o PCB em 1967, sendo
enviado a Cuba para treinamento de guerrilha, segundo várias anotações constantes de sua biografia. Com o nome de guerra Jonas, dirigiu

o Grupo Tático Armado da ALN e era acusado pelos órgãos de segurança de participação em ações armadas que resultaram em mortes.
oi preso no dia 29 09 1969, na Avenida Duque de Caxias, em São Paulo, por agentes da OBAN, poucas semanas após ter comandado, no
Rio de Janeiro, o seqüestro do embaixador norte-americano no Brasil, operação guerrilheira que representou forte derrota para o regime
militar, levando-o a desencadear violenta escalada repressiva em resposta. No dia anterior, fora preso seu irmão, Francisco Gomes da Sil-
va. o mesmo a 29, a po c a tam m eteve, num s t o em o e ast o, tora pau sta, sua mu er a e tr s e seus quatro os:

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Wladimir, com 8 anos, Virgílio, com 7, e Maria Isabel, um bebê de quatro meses. Gregório, que tinha dois anos, não foi levado por não estar
na casa. a permaneceu presa por nove meses, sen o que ncomun c ve , sem qua quer not c a os os urante a meta e esse tempo.
Depois da OBAN, foi levada para o DOPS e, por último, esteve no Presídio Tiradentes. As crianças foram enviadas por dois meses ao Juizado
de Menores, onde a menina sofreu grave desidratação.

rg o c egou encapuza o, por vo ta e 10:30, e morreu 12 ora s epo s. ra nc sco, o rm o, o n orma o a morte pe o cap t o
Albernaz. O preso po t co Celso Antunes Horta viu o corpo na cela. Outros presos políticos foram informados da morte de Virgílio. Mas a
informação oficial dos órgãos de segurança a partir desse dia foi sempre no sentido de que Virgílio estava foragido.

en nc a e seu assass nato o e ta em epo mentos na ust ça tar e em ocumentos e a ora os pe os presos po t cos. egun o e es, rg -
lio morreu nas mãos de torturadores liderados pelo major Inocêncio F. de Matos Beltrão e pelo Major Valdir Coelho, chefes da OBAN. Participaram
também os capitães Benone Arruda Albernaz, Dalmo Lúcio Muniz Cirillo, Maurício Lopes Lima, Homero César Machado - capitão conhecido como
“Tomás”, da PM-SP - delegado Octávio Gonçalves Moreira Jr., sargento da PM Paulo Bordini, agentes policiais Maurício de Freitas, vulgo “
Lunga-
rett , au o osa, vu go au o ex ga e um agente a o c a e era con ec o como m rc o .

Na busca de esclarecimento, os familiares foram reunindo, ano a ano, cada uma das informações que terminaram comprovando as verdadeiras
circunstâncias de sua morte. Nos arquivos do DOPS/PR, seu nome constava de uma gaveta de “falecidos”. No encaminhamento nº 261 do SNI, de
31 10 1969, lê-se: “ rg o omes a va - onas , a ec o por res st r pr s o ”. Em sua ficha nos arquivos do DOPSSP está escrito, à máquina,
o lado do seu nome, entre parênteses: “morto”. Um relatório da Marinha, de 1993, solicitado pelo ministro Maurício Corrêa, reconhece a morte,
mas com falsa versão:morreu
“ em 29 de setembro de 1969, ao reagir à bala quando de sua prisão em um aparelho
”.

Novas informações surgiram com a abertura da Vala de Perus, em 1990 e o acesso aos arquivos do IML SP. A Comissão de Familiares tentou
resgatar, no Cemitério de Vila Formosa, o corpo enterrado através da requisição de exame identificada com o nº 4059 69. Tratava-se do
corpo de um desconhecido enterrado como indigente na data do desaparecimento de Virgílio, com suposta procedência da 36ª DP – sede da
BAN. As buscas foram infrutíferas, por não existir um mapa das quadras na época por ter sido plantado um bosque no local.

Somente em 2004 a verdade sobre o destino de Virgílio foi confirmada por documentos oficiais. O jornalista Mário Magalhães, ao pesquisar
o arquivo do DOPS, localizou o laudo e a foto do corpo de Virgílio. Enterrado como desconhecido sob o nº 4059/69, anteriormente pesqui-
sado, o corpo fora identificado.

laudo assinado por Roberto A.Magalhães e Paulo A. de Queiroz Rocha descreve escoriações em todo o rosto, braços, joelhos, punho direito e
inda equimoses no tórax e abdômen, hematomas intensos na mão direita e na polpa escrotal. Internamente registraram hematoma intenso e
extenso na calota craniana, fratura completa com afundamento do osso frontal, hematomas em toda a superfície do encéfalo, hematoma intenso
no tec o su cut neo e muscu ar a s t ma c ma-pr me ra coste as esquer as, ratura comp eta a o tava, nona e c ma coste as re tas.
morte, que concuem ter s o em conseqü nca e traumat smo cr n o-ence co, causa o por nstrumento contun ente, n o ter a s o causa a
por tortura, como fizeram questão de registrar os legistas, interessados em homologar a versão oficial dos órgãos de segurança.

ent caç o o e ta atrav s as g ta s. texto as s na o peo e ega o m o attar e peo agente erto a ruz, a v s o e ent -
ficação Civil e Criminal da Secretaria de Segurança Pública, sendo que
o delegado Mattar era o diretor do órgão que identificou o cadáver desco-
nhecido como sendo o de Virgílio. Junto aos documentos, um bilhete escrito à mão arbitra o desaparecimento: Não deve ser informado.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

JOÃO ROBERTO BORGES DE SOUZA (1946-1969)


Número do processo: 36 4 96 e 029 02
Filiação: u na orges e ouz a e ranc sco av er orges e ouz a
Data e local de nascimento: 4/10/1946, João Pessoa (PB)
Organização política ou atividade: PCB
ata e oca a morte: 10 10 1969, Catolé do Rocha PB
e ator: João Grandino Rodas 1º e João Batista Fagundes 2º
Deferido em: 22/04/2004 por unanimidade (fora indeferido em 10/04/1997)
Data da publicação no DOU: 26/04/2004

o o o erto pres u o ret r o c a m co a acu a e e e c na a n vers a e e era a a ra a, em o o essoa, e o v ce-


presidente da União Estadual dos Estudantes da Paraíba. Sua primeira prisão ocorreu em outubro de 1968, quando participava do 30º
Congresso da UNE, em Ibiúna. Nessa época era membro da AP. Teve seus direitos de estudante cassados por dois anos pelo decreto 477.

ntegrante os qua ros o , esteve novamente et o no 1º rupamento e ngen ar a a onstruç o, em o o essoa e, pe a ter-
ceira vez, em Recife (PE), permanecendo no DOPS, por três meses no primeiro semestre de 1969. Durante esse tempo João Roberto sofreu
torturas e, ao ser liberado, foi informado que estava marcado para morrer e que isto só não ocorreria se passasse a auxiliar os órgãos de
repressão política. João Roberto não aceitou a proposta e voltou para a Paraíba onde, no dia 07/10/1969, foi preso ao sair de casa por
ntegrantes o e o . pr s o o testemun a a por am ares e v z n os. am a me atamente procurou as autor a es
para saber de seu paradeiro, mas não obteve nenhuma informação.

Três dias depois, em 10 deoutubro, foi noticiada a sua morte, segundo aversão oficial, em
“ conseqüência de afogamento no açude Olho D’Agua
”,
no mun c p o e ato o oc a, sert o a ara a. p s a vu gaç o essa notc a, sua am a empreen eu ver a e ra uta com os agentes
policiais para poder enterrá-lo. As autoridades chegaram a informar que ele já havia sido enterrado. A família conseguiu, por fim, ter acesso ao

corpo e constatou
João Roberto, quefamília
filho de ele estava desfigurado
de Cabedelo, porportuária,
cidade inúmerosfoiferimentos - hematomas,
criado na beira equeimaduras
da praiasabia porbem.
nadar muito cigarros e unhas perfuradas. Além, disso,

No primeiro processo junto à CEMDP, a mãe de João Roberto requereu os benefícios da Lei nº 9.140 95 após o término do prazo legal
estabelecido, o que levou a um indeferimento inicial, por intempestividade. Após a promulgação da Lei 10.536, ampliando o escopo da
nterior, a família deu entrada com um novo requerimento na Comissão.

Segundo o relator, a documentação anexada aos autos permitiu concluir que havia relação de causa e efeito entre a morte de João Roberto,
cujo nome consta no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos, e sua militância política. O relator reconheceu a procedência do pedido
e considerou que a morte de João Roberto estava amparada pelos benefícios da nova lei.

EREMIAS DELIZOICOV (1951-1969)


Número do processo: 162/96
aç o: u ov ra nar e zo cov e orge e zo cov
ata e oca e nasc mento: 27/03/1951, São Paulo (SP)
Organização política ou atividade: VPR
Data e local da morte: 16/10/1969, no Rio de Janeiro
e ator: auo ustavo onet ranco, com pe o e v stas e uzana en ger s a e e u s rancsco arva o o
Deferido em: 02/12/1997 por 4x2 (contrários o general Oswaldo Pereira Gomes e Paulo Gustavo Gonet Branco)
Data da publicação no DOU: 04/12/1997

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

estudante paulista Eremias Delizoicov foi morto aos 18 anos de idade, no Rio de Janeiro, em 16/10/1969. Militante da VPR, estava na sua
res nc a, na a osmos, quan o a casa o cerca a pea o c a o x rc to.

Criado no bairro da Mooca, na capital paulista, Eremias militava no Movimento Estudantil secundarista, como aluno da escola estadual
MMDC, tendo se engajado na campanha para obter fundos de solidariedade à greve dos metalúrgicos de Osasco, em julho de 1968. Em
967, ora aprova o no exame e se eç o a sco a cn ca e era e o au o e cursou, s mu taneamente ao co eg a no , o curso
de mecânica. Estudava música e praticava esportes. Com 11 anos, havia disputado, em 1962, o torneio paulista de judô, obtendo a primeira
colocação na sua categoria. Em 1967, integrou a equipe de remadores do Corinthians e começou a treinar capoeira. Em 1969, ao saber que
fora identificado pelos órgãos de segurança, comunicou aos pais sua militância política. Tentaram convencê-lo a sair do país, mas o filho
optou pe a ut a na c an est n a e.

corpo de Eremias deu entrada no IML/RJ sem identificação e foi enterrado com o nome de José de Araújo Nóbrega, o sargento Nóbrega,
militante da VPR que ainda vive. Conforme documento da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, foi sepultado no Cemitério São
ranc sco av er e reco o ao ossu r o gera c nco anos epo s, sen o nc nera o, como e praxe .

s pais de Eremias somente foram informados de sua morte pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury em janeiro de 1970, mas nunca rece-
beram os restos mortais. Somente 23 anos depois obtiveram judicialmente o atestado de óbito. O processo levou mais de um ano para ser
votado na CEMDP após o relator propor o indeferimento em reunião do dia 18 03 96. Foi feito um pedido de vistas pela conselheira Suzana
Lisbôa e o processo foi encaminhado para parecer do perito Celso Nenevê.

A perícia oficial registra que Eremias foi atingido por disparos de armas de fogo e apresentava ferimentos lácero-contusos, cuja procedên-
c a ser a ver ca a na necrops a, sen o c ta os pe o menos 29 sparos nas pare es a casa. s eg stas as re tas e yg no e arva o
rcu es atestaram er mento trans xante a ca eça com aceraç o o enc a o e n o es astou to o o a a eto – e a a z- para
identificação dos orifícios de entrada e saída dos projéteis de arma de fogo. Sendo insuficiente o número de letras, iniciaram uma nova
série, de ‘a’ a ‘f’’, com acréscimo de novo símbolo, e ainda, para viabilizar o trabalho, passaram a identificar os orifícios de forma agrupada.
o to o, s o escr tas 19 es es e entra a e 14 e sa a e pro te s.

perito criminal Celso Nenevê analisou os laudos de perícia e de exame cadavérico, comparando-os com as fotos anexadas. Constatou
que os responsáveis pela perícia de local, estranhamente, não verificaram ou não descreveram disparos feitos do interior para o exterior
a res nc a cerca a. essa tou que a pos ç o o corpo, pe a oto, n o compat ve com sua pos ç o e repouso na , nem tampouco
con zente a manc a e sangue que aparece na pare e com a pos ç o o corpo. s em v a que, no oca , pu esse ter av o exp os o
capaz de causar as lesões descritas, já que até os fragmentos de vidro oriundos dos tiros nas janelas são identificados.

uanto ao exame ca av r co, enev escreve que a vítima apresenta contusões profundas (...) com características daquelas produzidas
por onda de choque, oriunda da detonação de artefato explosivo. Dada a grande intensidade das lesões que experimentou a vítima em função
da onda de choque, é praticamente certo o estado de, no mínimo, morte cerebral da vítima”, impossibilitando que ela tivesse condições de
taque, defesa ou fuga. Mas registra a impossibilidade de uma conclusão definitiva, deixando indagações em aberto: “onde estas lesões
se pro uz ram, que a res nc a n o o este oca , e a n a como o ter naque e oca ap s a exp os o, estes s o quest onamentos que n o
puderam ser esclarecidos pela falta de elementos materiais no processo .

relatório de vistas, depois de analisado o parecer de Celso Nenevê, foi pelo deferimento do processo. Houve mais um pedido de vistas do
conse e ro u s ranc sco arv a o o, ap s o voto contr r o e au o ustavo one t ranco.

Na reunião de 02/12/1997 o relatório de vistas de Luís Francisco ressaltou: “mesmo admitindo, em tese, que o militante resistira armado
ao cerco da polícia política, a prova dos autos aponta para uma execução, não para a imobilização e detenção do infrator, como autoriza e
autor zava a e em v gor . processo o ent o aprova o pe a .

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À MEMÓRIA E À VERDADE

s familiares de Eremias, ao receberem a indenização doaram o valor para a criação do site www.desaparecidospoliticos.org.br, construído e ali-
menta o pe a om ss o e am ares e ortos e esaparec os o t cos, que o enom nou entro e ocumentaç o rem as e zo cov.

CARLOS MARIGHELLA (1911-1969)


Número do processo: 27 2 96
Filiação: Maria Rita do Nascimento Marighella e Carlos Augusto Marighella
Data e local de nascimento: 5/12/1911, Salvador (BA)
Organização política ou atividade: ALN
ata e oca a morte: 04 11 1969, São Paulo SP
e ator: Luís Francisco de Carvalho Filho
Deferido em: 11/09/1996 por 5x2 (votos contra do general Oswaldo Pereira Gomes e de Paulo Gonet Branco)
Data da publicação no DOU: 18/09/1996

er a e cons era o n m go n mero 1 o reg me m tar em 1969, o at ng o na aorta por uma a a spara a quase que ma-
roupa, e não por projéteis desferidos à distância em um tiroteio, como alegaram os órgãos de segurança. Entre estas e outras evidências
inquestionáveis, um parecer médico legal confirmou: o corpo de Marighella não poderia estar na posição em que se encontrava nas fotos,
entro o carro, caso a vers o o c a correspon esse rea a e.

Carlos Marighella era um dirigente comunista conhecido nacionalmente há três décadas e vivia na clandestinidade quando foi morto, em
São Paulo, no dia 04/11/1969. Baiano de Salvador, filho de um imigrante italiano e de uma negra descendente de escravos, rebelde desde
os tempos em que estu ava ngen ar a, passou por versas pr s es es e 1932, quan o, rec m- a o uventu e o art o omun sta,
escreveu um poema criticando o interventor de Getúlio Vargas na Bahia, Juracy Magalhães. Preso novamente em 1936, foi torturado duran-
te 23 dias. Solto por decisão do ministro Macedo Soares em 1937, voltou às masmorras de Filinto Muller em 1939, derrotando novamente
os seus torturadores. Foi libertado em 1945, depois de anos nos cárceres de Fernando de Noronha e da Ilha Grande. Na CPI que investigou
s v o nc as prat ca as urante a ta ura e argas, o m co o o r gues a rmou nunca antes ter presenc a o taman a res st nc a
maus tratos e tanta ravura.

oi eleito deputado pelo Partido Comunista à Assembléia Constituinte de 1946, ocupando a tribuna 195 vezes em apenas dois anos para
azer n ama os scursos. er eu o man ato quan o o c assa o o reg stro ega o art o, no governo utra, sen o mpe o m t nc a
c an est na at sua morte. ogo ap s a r e 1964, o er o a a a quan o tentou res st r pr s o pe a po c a po t ca o o e an e ro,
num cinema da Tijuca. Em 1967, rompeu com a direção do PCB e passou a dedicar-se a atividades de resistência armada, criando uma
organização político-militar que em 1969 adotaria o nome ALN.

Morreu em uma via pública de São Paulo, durante emboscada de proporções cinematográficas, na qual teriam participado cerca de
50 agentes policiais equipados com armamento pesado, sob o comando de Sérgio Paranhos Fleury, delegado do DOPS que respo ndeu
inúmeros processos por liderar um grupo de extermínio de marginais, auto-intitulado Esquadrão da Morte. A gigantesca operação
o monta a a part r a pr s o e re g osos om n canos que atuavam como apo o a ar g e a. a vers o o c a , um e es o e-
vado pelos policiais à livraria Duas Cidades, onde recebeu ligação telefônica com mensagem cifrada estabelecendo horário e local
de encontro na alameda Casa Branca.

s vers es e sua morte guar am contra ç es e a mentam agu as po m cas. m a gumas e as, c egam a ser menc ona os o s t rote os
s mu t neos, em esquna s erentes. a vers o e um re at r o po c a , ar g e a o prece o por um ate or e apareceu s arça o,
usando peruca. Alguns documentos mencionam que ele chegou de carro, outros dizem que chegou andando. Para uns, puxou uma arma
da cintura; segundo outros, trazia dois revólveres em uma pasta, junto com granadas. Seus protetores teriam fugido pulando um muro ou
ut zan o um ur g o. x ste at mesmo um re ato e que e e ter a provoca o sua pr pr a execuç o, gr tan o a xo a ta ura! va a

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

democracia!”. Carlos Marighella foi enterrado sem atestado de óbito. O sepultamento baseou-se em um ofício com seus dados pessoais,
ornec o pe os rg os e repress o. m sso, ex ste apenas uma gu a po c a ass na a pe o eg sta arry ata, m co que a cançar a
notor e a e em 1975, ao ass nar um au o arsante so re a suposta morte por su c o e a m r erzog.

A precariedade de documentos, o confronto das versões, contradições e inverdades flagrantes constituíram o foco do trabalho da CEMDP e
ase para u gar se aros ar g e a t n a morr o num en rentamento ou se t n a s o executa o. re at r o na apo ou-se, ncus ve,
em documentos do DOPS e da Secretaria de Segurança Pública. O processo teve um pedido de vistas por parte do general Oswaldo Pereira
omes, representante das Forças Armadas na Comissão Especial, mas acabou sendo deferido em setembro de 1996.

ato neg ve que o oca a ocorr nc a n o o ev amente preserva o ou n o ouve a necess r a per c a, po s nex st am otogra as
e exames os o etos que comprovar am a tentat va e reaç o o em osca o. suposta pasta e a arma o guerr e ro apareceram no
Instituto Criminal de Balística 22 dias depois. Embora cientes da impossibilidade de recompor plenamente os fatos, passados tantos anos,
membros da CEMDP solicitaram parecer do médico legista Nelson Massini, que forneceu elementos conclusivos para afastar a possibilidade
e ar g e a ter sucum o em uma troca e t ros.

Uma das informações decisivas no parecer do médico é a de que o líder da ALN foi morto com “um disparo fatal no tórax esquerdo dado com
uma arma a curtíssima distância”. Além disso, segundo o perito, o local não foi devidamente preservado pela polícia. Após analisar a foto
o m tante morto, o per to conc u u: pos ç o o ca ver n o natura e s m orça a, reve an o c aramente que o corpo o co oca o no
banco traseiro do veículo. Esta informação é baseada nos sinais de tracionamento do corpo para dentro do veículo, revelado pelas rugas da
calça e seu abaixamento da cintura, bem como a elevação da camisa, indicando que o corpo foi puxado pela mesma (...) o corpo jamais teria
caído para dentro do veículo na posição em que se encontrava (...) ”.

laudo revela, ainda, incompatibilidade entre os ferimentos sofridos por Marighella e as perfurações encontradas no veículo. “ Os
projéteis que atingiram o corpo do senhor Carlos Marighella não tem correspondente na lateral do veículo por ele utilizado ”. Ele se re-
feria aos tiros que atingiram ambos os músculos glúteos. Como a vítima se encontrava sentada, deveriam existir pelo menos os furos
correspon entes e entra a o pro t na atera re ta o ve cu o. a m m n o per uraç o correspon ente o a o esquer o,
on e e e o at ng o na coxa.

Ao final de consistentes ponderações, derivadas da análise das contradições detectadas e do parecer de Nelson Massini, o relator do proces-
so na ust cou seu voto avor ve conc u n o: morte e ar os ar g e a n o correspon e vers o o c a vu ga a na poca
pelos agentes policias. Os indícios apontam para a não ocorrência do tiroteio entre a polícia e seus supostos seguranças e indicam, também,
que ele não morreu na posição em que o cadáver foi exibido para a imprensa. Carlos Marighella, afirma o parecer médico legal (...) foi morto
com um tiro à curta distância depois de ter sido alvejado pelos policiais, quando já se encontrava sob seu domínio, e, portanto, sem condições
de reagir. Confirma-se, assim (...), que a operação policial extrapolou o objetivo legítimo de prendê-lo (...) .

CHAEL CHARLES SCHREIER (1946-1969)


Número do processo: 26 0 96
Filiação: Emilia Brickmann Schreier e Ire Schereier
Data e local de nascimento: 23/09/1946, São Paulo (SP)

Organização
ata e oca política
a morteou
: 22atividade: VAR-Palmares
11 1969, Rio de Janeiro RJ
e ator: uzana en ger s a
Deferido em: 23/04/1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 25/04/1996

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À MEMÓRIA E À VERDADE

Dirigente da VAR-Palmares, cursava o 5º ano de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em
968, ntegran o a xecut va a n o sta ua os st u antes. p s a ecretaç o o –5, passou a atuar na c an est n a e. n a s o
ntes militante da DISP. Participou da redação e distribuição de um jornal denominado Luta Operária. ocumentos os rg os e segurança
registram sua participação em algumas ações armadas em São Paulo, inclusive em dois assaltos a banco onde ocorreram mortes.

oi preso no dia 21 11 1969, em uma cas a no bairro de Lins de Vasconcelos , Rio de Janeiro, onde residia com Mari a Auxiliador a
Lara Barcelos, a Dora, e Antônio Roberto Espinosa, também integrantes da VAR-Palmares. Os três foram levados para o Batalhão da
Polícia do Exército e Chael morreu no dia seguinte, submetido a indescritíveis torturas, como chegou a ser noticiado pela revista
Veja , driblando a rigorosa censura de imprensa vigente na época. O caso também foi publicado em veículos internacionais como o
ew or mes, e on e e e mes .

A versão oficial, registrada em documento do II Exército encontrado nos arquivos do DOPS/SP, resumia: “reagiram violentamente com
disparos de revólver, espingarda e mesmo com bombas caseiras. Da refrega, os três terroristas saíram feridos, sendo Chael o que estava em
esta o ma s grave. oram me ca os no , entretanto ae so reu um ataque car aco, v n o a a ecer .

m depoimentos à Auditoria Militar, Dora e Espinoza denunciaram a morte de Chael e a tortura sofrida pelos três. Marcada profundamente
pela violência a que foi submetida, Maria Auxiliadora viria a cometer suicídio em 1976, atirando-se nos trilhos do metrô na Alemanha. Na
t ma vez em que am os v ram ae na o c a o x rc to, e e t n a o p n s acera o e o corpo ensopa o e sangue. pontaram, em
juízo, o nome dos torturadores e responsáveis pela morte de Chael: capitão João Luís, tenente Celso Lauria e capitão Airton Guimarães,
sendo este último um conhecido expoente do jogo de bicho no Rio de Janeiro, preso mais de uma vez em anos recentes por contravenções
e crimes mais graves.

utro importante depoimento constante do processo de Chael na CEMDP é do coronel Carlos Luiz Helvécio da Silveira Leite, publicado no
jornal O Estado de São Paulo , em 24/02/1988. Conforme declarou na entrevista, esse oficial estava de plantão quando recebeu a comunica-
ção da Vila Militar de que o universitário paulista havia falecido naquela dependência durante o interrogatório. O coronel, que fora membro
o entro e n ormaç es o x rc to, ec arou que o o c a por e e env a o para esc arecer os atos e sse: que en ca u a o e ver o
corpo esp o e o n mero e equ moses e sev c as que o ca ver apresentava .

m Ditadura Escancarada, Elio Gaspari acrescenta mais informações e analisa: “Havia um cadáver na 1ª Companhia da PE. Em casos an-
er ores esse t po e pro ema ora reso v o com um proce mento rot ne ro. ec ava-se o ca x o, proc amava-se o su c o e sepu tava-se
o morto. O método já dera certo duas vezes, naquele mesmo quartel. Em maio, com Severino Viana Colou, e em setembro, com Roberto Cieto.
ratava-se de seguir o manual, e Helvécio despachou para a PE de Deodoro o tenente-coronel Murilo Fernando Alexander, do CIE.

ca ver e ae o eva o por exan er para o osp ta centra o x rc to. o concor aram em ace t - o como se t vesse entra o v vo,
contou o tenente-coronel Helvécio. A decisão fora tomada pelo próprio diretor do hospital, general Galeno da Penha Franco. Pior: o general
reteve o morto e determinou que se procedesse à autópsia. O CIE tinha dois problemas. O tiroteio e as prisões da rua Aquidabã eram públicos,
pois haviam sido noticiados pelas rádios. Ademais, os presos foram três, e dois estavam vivos. Isso excluía a fórmula do sumiço do corpo,
usa o o s meses antes na per aç o an e rante, epo s o assass nato e rg o omes a va. atesta o e to exc u a a vers o e
suicídio. A srcem social de Chael, um ex-estudante de medicina saído de uma família judia da classe média paulista, cortava o caminho ao
funeral de indigente que ajudara a abafar a morte de Severino Colou”.

o parecer acata o por unan m a e na , a re atora rea çou como prova e n t va a natureza as es es escr tas pe os eg stas
u ens e ro . an n , swa o aymm e rre ra e u erme c es e ar a e o: contus o a om na , ruptura os mesoco ons
ransversos e mesetéricos, e hemorragia interna”. No laudo da necropsia, não consta qualquer descrição de entrada ou saída de projéteis
no corpo de Chael.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

corpo do estudante foi entregue à família em caixão lacrado. Militares do II Exército acompanharam o traslado dos restos mortais para
o au o, pro n o a rea zaç o o r tua u a co e sepu tamento no cem t r o srae ta o utant , que nc u um an o no ca ver, para
que as ver a e ras c rcunst nc as e sua morte n o cassem estampa as.

WLADEMIRO JORGE FILHO (1938 - encontrado vivo)


Número do processo: 07 5 96
Filiação: Arlinda da Silva Gonçalves e Wlademiro Jorge Gonçalves
Data e local de nascimento: 27/05/1938, local não consta nos autos
Organização política ou atividade: s n ca sta e guerr a e apara
ata e oca a morte: esaparec o es e 1969 e oca za o v vo em 1998.
Relator: Nilmário Miranda
Deferido em: 10/04/97 por unanimidade
ata a pu caç o no : 1 6 04 97

caso de Wlademiro Jorge Filho foi apresentado em 1996 à CEMDP pelo seu filho Ueliton Nascimento Jorge. Casado com Maria José Nascimento
Jorge, Wlademiro foi durante 13 anos ferroviário na Estação Leopoldina, Rio de Janeiro, onde trabalhou como auxiliar de trens até ser demitido
por abandono de emprego em 1710 1966. Desapareceu em13 02 1969, conforme alegação documental desua esposa e deseu filho. Segundo a
esposa, Wlademiro viajava muito em razão de sua militância política. Em 1982, a esposa obteve Declaração de Ausência por via judicial. Com base
nos documentos apresentados, o processo foi aprovado por unanimidade na Comissão Especial, sendo efetivado o pagamento da indenização.

ntretanto, em agosto e 1998, e ton asc mento orge, o o requerente e ene c r o, env ou uma arta ec arat r a om ss o
spec a n orman o que: ao requerer a pensão de minha mãe junto à agência do INSS do Município de Cantagalo(RJ), fui surpreendido por
um funcionário daquela agência informando que havia um cidadão aposentado recebendo pensão previdenciária, cujo nome e qualificação
corresponde com a de meu pai”. Ueliton investigou e concluiu que seu pai está vivo e residindo na cidade de São Paulo. Em sua carta à
, o o so c tou n ormaç es e como proce er, po s av a s o paga a n en zaç o.

Matéria da Folha de S. Paulode 09/08/1998 com o títuloeaparece


que “ em SP desaparecido de 69 ”, informa que “ele abandonou a família
em 69 e nega ter atividade política. Não sou morto-vivo, disse. A polícia está no caso e, se descobrir que houve má-fé, o dinheiro da indeni-
zaç o e ver s er e vo v o .

oram colhidos, também, inúmeros depoimentos de antigos companheiros de Wlademiro, que reafirmam terem atuado com ele em greves e
tividades sindicais dos ferroviários já antes de 1964, bem como de um comandante da chamada Guerrilha de Caparaó, Amadeu Felipe da
uz erre ra, que atesta ter s o e e um os m tantes envo v os no apo o og st co aque a tentat va e res st nc a arma a, ocorr a co n-
c entemente no per o o em que e e a an onou o emprego. a em ro recusou-se a a m t r essa m t nc a anter or, epo s e oc a za o
vivo, configurando-se, assim, uma situação misteriosa que ainda não pode ser devidamente decifrada.

env ou ocumento o c a e era n orman o so re a oca zaç o e a em ro e so c tan o as nvest gaç es necess r as para
e uc aç o o acontec o, mas em ran o que: O artigo 11, da Lei nº 9.140 95, prevê no caso de localização com vida, de pessoa desapare-
cida, ou de existência de provas contrárias às apresentadas, serão revogados os respectivos atos decorrentes da aplicação da Lei, não cabendo

ação regressiva para o ressarcimento do pagamento já efetuado, salvo na hipótese de comprovada má-fé. Ressaltamos, por oportuno, que
vemos c nc a o ato, por me o e e ton asc mento orge, o o suposto esaparec o, cu a cre a e n o nos e xa crer ter av o
m os am ares . n ormaç o passa a om ss o spec a no n c o e 2005 reg stra que e ton asc mento orge estava prestan o
contas junto ao Ministério Público.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

1970
MARCOS ANTÔNIO DA SILVA LIMA (1941-1970)
Número do processo: 285/96
aç o: ar ce a va ma e oaqu m ucas e ma
ata e oca e nasc mento: 21/10/1941, João Pessoa (PB)
Organização política ou atividade: PCBR
Data e local da morte: 14/01/1970, Rio de Janeiro (RJ)
e ator:u s ranc sco arva o o
Deferido em: 09/02/1998 por 4x3 (votos contra de Paulo Gustavo Gonet Branco, João Grandino Rodas e general
Oswaldo Pereira Gomes)
Data da publicação no DOU: 18/02/1998

Paraibano de João Pessoa, afro-descendente e ex-sargento da Marinha, Marcos Antônio da Silva Lima foi um dos fundadores e, por duas
vezes, vice-presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, entidade que comandou importantes mobilizações
reivindicatórias e políticas no âmbito da Armada, no período entre 1962 e março de 1964. Já nas vésperas do movimento que depôs João
ou art, 1113 mar n e ros, reun os em v g a no n cato os eta rg cos o o e ane ro, t veram a pr s o ecreta a por nsu or -
nação aos seus comandantes militares, que já ultimavam, àquela altura do calendário, os últimos preparativos para o Golpe de Estado.

Marcos Antônio estudou no Colégio Lins de Vasconcelos, em João Pessoa, na Escola Técnica de Comércio, em Campina Grande, e no Colégio
sta ua ceu ar a ano, tam m em o o essoa. n a na ara a, o og a or e ute o peo t me st re a o ar. m 1958, n c ou sua
formação de marinheiro na Escola de Aprendizes de Pernambuco. Trabalhou no navio Ary Parreiras e no Porta Aviões Minas Gerais. Como
marinheiro de 1ª classe, viajou pelo mundo: Itália, Egito, França, Japão.

os pr me ros as e a r e 1964, ogo ap s ouv r pe o r o a notc a e que av a s o expuso a ar n a por or ça o pr me ro to


Institucional, buscou asilo na Embaixada do México, deixou o País e transferiu-se para Cuba, onde recebeu treinamento de guerrilha num
primeiro grupo de ex-militares que, sob a liderança de Leonel Brizola, constituíram o MNR, sigla às vezes traduzida como Movimento Na-
cional Revolucionário e, outras vezes, como Movimento Nacionalista Revolucionário. Em outubro de 1964, foi condenado a nove anos de
pr s o e, em 1966, a ma s tr s anos.

Retornando ao Brasil para engajar-se na resistência clandestina, instalou-se no Mato Grosso, em articulação com os militantes do MNR
que tentaram organizar uma guerrilha na Serra do Caparaó entre fins de 1966 e abril de 1967. Nesse período, Marcos Antônio foi preso em
o au o e trans er o para a en tenc r a emos r to, no o e ane ro, a c egan o em março e 1967

Marinheiros e outros militantes ali reunidos, em boa parte militares, recrutaram alguns presos comuns e constituíram nova organização,
denominada Movimento de Ação Revolucionária – MAR, que protagonizou audaciosa fuga daquele presídio, em 26/05/1969, escondendo-
se o grupo na rea rura e ngra os e s, at romper o cerco m tar ap s a gumas semanas. esmo ass m, o urou poucos meses,
sendo que Marcos Antônio e a maioria de seus integrantes se engajaram no PCBR.

Na noite do dia 14/01/1970, já moribundo, com uma bala na cabeça, foi deixado no Hospital Souza Aguiar, como desconhecido, morrendo
em poucos m nutos. ua mu er rece eu por te e one a not c a a morte, com a or entaç o e aguar ar a pu caç o o ato, para que n o
v esse a ser nt erroga a so re suas pr pr as at v a es e so re como rece era a n ormaç o. not c a somente o vu ga a uma semana
depois, através de nota do comando da 1ª Região Militar, informando que Marcos Antônio morrera num tiroteio onde foi ferida e presa
Ângela Camargo Seixas, também do PCBR, e dois agentes dos órgãos de segurança.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

laudo de necropsia é assinado pelo legista Nilo Ramos de Assis, que definiu como causa mortis “ferida transfixante do crânio com destrui-
ç o parca o enc ao . rm e arcos nt n o, ar ene ucas e ma, s consegu u ret rar o corpo no a 20 e ane ro, evan o-o
para sepultamento no Cemitério de Inhaúma.

A CEMDP fez diligências ao Hospital Souza Aguiar, que respondeu não possuir qualquer registro do fato, e também às autoridades militares,
buscando mais detalhes sobre a operação e a identificação dos agentes feridos. Não recebeu resposta. Depoimento de ngela Camargo
Seixas, em declaração pública enviada da Irlanda, onde vivia depois de exilar-se na Inglaterra, esclareceu amplamente os fatos. Relatou
que Marcos Antônio e ela chegavam a sua casa, por volta das 23 horas do dia 13, e Marcos estava colocando a chave na porta quando os
gentes de segurança, que já estavam no apartamento, começaram a atirar. O prédio estava cercado e, ao buscarem fugir pelas escadas, viu
quan o arcos o at ng o. er a, per eu a consc nc a e n o sa e quanto tempo epo s acor ou, a n a no corre or, sen o presa.

relator do processo junto à CEMDP considerou que as provas apresentadas apontavam para a eliminação do militante, tomando como
base esse depoimento, onde ficava claro que Marcos portava, mas não empunhava arma, e que não fora feita perícia de local, prática co-
mum no o e an e ro e, neste caso, o nteresse os agentes, que ouve po c a s er os. ons erou tam m s gn cat vo o s nc o
das autoridades militares, que não ofereceram qualquer informação ou esclarecimento às indagações da Comissão Especial.

MÁRIO ALVES DE SOUZA VIEIRA (1923-1970)


Número do processo: 09 1 96
Filiação: Julieta Alves de Souza Vieira e Romualdo Leal Vieira
Data e local de nascimento: 4/06/1923, Sento Sé (BA)
Organização política ou atividade:
ata e oca a morte: 17 01 1970 no Rio de Janeiro
Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95

Jornalista, fundador e principal dirigente do PCBR, foi morto em 17 01 70, no Rio de Janeiro, aos 46 anos, sob brutais torturas. Seu nome
integra a lista de desaparecidos anexa à Lei nº 9.140 95 . Baiano de Sento Sé, fez o curso secundário em Salvador, iniciou sua militância
política aos 16 anos e foi um dos fundadores da União dos Estudantes da Bahia. Durante o Estado Novo, participou de congressos e ativi-
dades da UNE. Formou-se em Letras, em Salvador, mas nunca chegou a buscar o diploma.

Ingressou no PCB e, em 1945, passou a integrar seu Comitê Estadual na Bahia, sendo eleito em 1957 para o Comitê Central. Nos anos seguintes,
tuaria como dirigente comunista no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Dirigiu os jornais Novos Rumos e Imprensa Popular. Após abril de
964, tornou-se um dos líderes da corrente de esquerda dentro do PCB. Atuando nas difíceis condições de clandestinidade foi preso, em julho de
964, no o e ane ro, sen o erta o somente um ano epo s por concess o e a eas-corpus. m 1966, teve os re tos po t cos cassa os por
0 anos. Em 1968, ao lado de Apolônio de Carvalho e outros membros dissidentes da direção do PCB, fundou o PCBR.

m 16 de janeiro de 1970, perto das 20:00 horas, saiu de sua casa, no subúrbio carioca de Abolição, e nunca mais voltou. Foi preso pelo
DOI-CODI RJ nessa data e morreu no dia seguinte nas dependências do quartel da rua Barão de Mesquita. As ilegalidades que cercaram a
prisão e assassinato do jornalista começaram a ser levadas ao conhecimento das autoridades judiciárias do regime militar em 20 07 1970,
denunciadas por presos políticos. Entretanto, o crime nunca foi apurado.

m depoimento à 2ª Auditoria do Exército, no Rio de Janeiro, em 2007 1970, Salatiel Teixeira Rolins, que seria morto por seus próprios companhei-
ros ap s ser so to, a rma que pertenc a ao , ten o presenc a o o espancamento e tomou con ec mento a pr s o o orna sta r o ves
no dia 16/01/1970, que faleceu em vista de brutal espancamento que recebera e pela introdução em seu ânus de um pedaço de vassoura”.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

René Louis Laugery de Carvalho, também em depoimento na mesma auditoria militar, em 20/07/1970 afirmou “que tomou conhecimento, durante
os 26 dias que permaneceu naquela unidade ... da morte de Mário Alves, em conseqüência de hemorragia interna, decorrente de torturas”.

Carta endereçada ao então presidente da OAB, Eduardo Seabra Fagundes, em 15/07/1980, pelo advogado Raimundo José Barros Teixeira
Mendes, denuncia que, no dia 16/01/1970, por volta de 20h, Mário Alves chegou preso ao local onde ele também estava detido, o quartel
a o c a o x rc to, na rua ar o e esqu ta, na uca, ten o ouv o to o o nterrogat r o, que se esten eu at cer ca e 4 oras a
man . ec arou a n a que v u r o ves pen ura o no pau- e-arara e ser carrega o a ce a quase sem v a.

Sua esposa, Dilma Borges Vieira, foi uma das precursoras do movimento dos familiares de mortos e desaparecidos. Esteve em todos os pos-
s ve s ugares on e pu esse us car not c as e enunc ar o esaparec mento o mar o - na ar n a, eron ut ca, , cem t r os. ent o
comandante do DOI-CODI RJ chegou a dizer-lhe que também ele buscava Mário Alves.

A carta que escreveu em 29/09/1970 a Aparecida Gomide, esposa do cônsul brasileiro seqüestrado no Uruguai pelo movimento guerrilheiro
upamaros, comp e um ram t co retrato a poca:

“Todos conhecem seu sofrimento, sua angústia. A imprensa falada e escrita focaliza diariamente o seu drama. Mas do meu sofrimento, da
minha angústia, ninguém fala. Choro sozinha. Não tenho os seus recursos para me fazer ouvir, para dizer também que ‘tenho o coração
part o , que quero meu mar o e vo ta. seu mar o est v vo, em trata o, va v o tar. meu o truc a o, morto so tortura, pe o 1°
xército, foi executado sem processo, sem julgamento. Reclamo seu corpo. Nem a Comissão de Direitos da Pessoa Humana me atendeu.
Não sei o que fizeram dele, onde o jogaram.

m ta ura scancara a , o aspar narra a segu nte orma as con ç es a morte e r o ves:

“No fundo do corredor havia cinco pequenas celas, cada uma com um colchão de palha no chão, um buraco sanitário no fundo e uma janela
gradeada perto do teto. Nelas ficavam os presos que a qualquer momento poderiam ser levados para a Sala Roxa. Não porque houvesse
tanta pressa em traz - os, mas para que ouv ssem o que acontec a ao a o. uma essas masmorras estava nt n o ar os e arva o.
outra, a mun o e xe ra en es. es ouv ram:

- ‘Teu nome completo é Mário Alves de Souza Vieira?’


- oc s sa em.
- ‘Você é o secretário-geral do comitê central do PCBR?’
- ‘Vocês já sabem’.
- ‘Será que você vai dar uma de herói?’

Mário Alves ficou oito horas na Sala Roxa. No início da manhã seguinte o cabo da guarda chamou quatro prisioneiros para limpá-la. Num
canto, havia um homem ferido. Sangrava pelo nariz e pela boca. Tinha sido empalado com um cassetete. Dois outros presos, militantes do
PCBR, reconheceram-no, deram-lhe de beber e limparam-lhe o rosto”.

No livro Combate nas Trevas, Jacob Gorender, também dirigente do PCBR e preso quatro dias depois, acrescenta detalhes sobre as torturas:

“Horas de espancamentos com cassetetes de borracha, pau-de-arara, choques elétricos, afogamentos. Mário recusou dar a mínima infor-
maç o e, naque a v v nc a a agon a, a n a extravasou o temperamento atrav s e respostas esa a oras e sarc st cas. mpot entes para
que rar a vonta e e um omem e s co , os a gozes o empa aram usan o um cassetete e ma e ra com estr as e aço. per uraç o
dos intestinos e, provavelmente, da úlcera duodenal, que suportava há anos, deve ter provocado hemorragia interna”.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

CARLOS ANTUNES DA SILVA (1939-1970)


Número do processo: 13 1 04
ata e oca e nasc mento: 2 09 1939, Piranga MG
Filiação: Odete Izaurina Reis e Benone Antunes da Silva
Organização política ou atividade: Grupo dos Onze
ata e oca a morte: 16 01 1970, Belo Horizonte MG
e ator:corone o o at sta agun es
Deferido em: 02/02/2006 por unanimidade
Data de publicação no DOU: 10/02/2006

Acusado de organizar o Grupo dos Onze, em Mariana, Minas Gerais, Carlos Antunes da Silva, foi preso pelo DOPS MG em 1964, logo após
o golpe militar de 31 de março. Morreu em 16/01/1970 de “coma hepático, hepatite crônica e tuberculose pulmonar”, segundo certidão de
óbito, como desdobramento dos danos físicos permanentes que resultaram das torturas a que foi submetido na época da prisão, conforme
depoimentos de testemunhas anexados aos autos.

No processo da CEMDP, consta declaração de Derly Pedro da Silva, de que foi preso junto com Carlos Antunes, na cidade de Mariana, por membros
do DOPS. Segundo ele, Derly foi espancado com toalha molhada na prisão, decorrendo daí as complicações de saúde que o levaram à morte. Em
outra declaração, Neiva da Silva diz que Carlos, após a prisão, apresentava-se doente e foi internado em diversas casas de saúde até falecer.

Segundo o relator João Batista da Silva Fagundes, os requerentes não comprovaram nos autos que a vítima tenha sido efetivamente presa
no período em que participava do chamado Grupo dos Onze, que tenha sido hospitalizada após a suposta prisão e que a morte tenha sido
relacionada com atos de tortura praticados por agentes públicos durante a prisão. Não ficou registrada a data em que houve a prisão;
somente comprovado que Carlos Antunes foi indiciado com base na Lei 1.802 de 05 01 1953 que tratava de crimes contra o estado e a
ordem política e social.

m janeiro de 2006, João Batista da Silva Fagundes apresentou um novo relatório onde reconheceu ter sido comprovada a atividade política
a v t ma, atrav s e cert o expe a pe o u z au tor a u tor a tar, a 4ª , na qua se ver ca que ar os ntunes o enun-
ciado perante aquele juízo como incurso na sansão penal do artigo 24 da Lei 1802 que tipificava os crimes contra a Segurança Nacional.
Da mesma certidão consta que a vítima era um dos líderes que atuavam na cidade de Mariana “para organizar na cidade um dos chamados
grupo dos Onze, entidade subversiva e de finalidade revolucionária”. Essa informação foi confirmada por certidão fornecida pela ABIN.

ABELARDO RAUSCH DE ALCÂNTARA (1927-1970)


Número do processo: 166/96
ata e oca e nasc mento: 5 08 1927, Teófilo Otoni MG
Filiação: Carmen Oliveira de Alcântara e Nabor Rausch de Alcântara
Organização política ou atividade: não definida
Data e local da morte: 13/02/1970, Brasília (DF)
e ator: o o ran no o as, com v stas e m r o ran a
Deferido em: 15 05 1997 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 20/05/1997

Mineiro de Teófilo Otoni MG , funcionário da Caixa Econômica Federal no Distrito Federal, Abelardo morreu em circunstâncias bastante
misteriosas após ser preso em 13 de fevereiro 1970 e transferido ao PIC – Pelotão de Investigações Criminais, do Exército, unidade que
funcionou como principal centro de torturas em Brasília, durante o regime militar. Antes de trabalhar na Caixa, Abelardo esteve empregado
na Sociedade de Abastecimento de Brasília, onde atuou como militante da Associação de Funcionários e foi advertido de que o SNI estava
compan an o suas at v a es.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

nome do ex-bancário consta do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos, a partir de denúncia divulgada pela Anistia Internacional, que por
sua vez se aseou em uma pu caç o e or entaç o trots sta, em ranc s. e sa u e man para tra a ar e, no te, vo tou com agentes
da polícia, que o levaram novamente para prestar declarações no 3º D.P., de onde foi enviado ao PIC. No dia seguinte, a esposa Elza soube
que Abelardo estava morto. Desconfiada, durante o velório, abriu o terno do marido e percebeu hematomas, marcas de queimaduras com
cigarro, unhas roxas e o braço esquerdo quebrado.

Conforme versão oficial, Abelardo foi levado para prestar esclarecimentos sobre um roubo ocorrido na agência da Caixa Econômica Federal
de Taguatinga, onde trabalhava. Durante o interrogatório, teria se apossado de um copo de vidro e cortara os pulsos com os cacos, sendo
imediatamente socorrido pelo serviço médico do Batalhão de Polícia do Exército, e transportado em ambulância. Ainda segundo a versão,
am u nc a c ocou-se v o entamente com uma om a ecretar a e overno o , resu tan o er mentos graves em um sargento e
em e ar o, que n o res st u e a eceu.

No primeiro relatório apresentado na CEMDP, o voto do relator foi pelo indeferimento, por não haver comprovação do envolvimento polí-
t co e e ar o, ten o a v o pe o e v stas ao processo. oca zou, ent o, o motor sta a om envo v o no ac ente, at r
Rodrigues Souza. Ele afirmou que a Kombi foi abalroada por trás pela ambulância Rural-Willis do Exército; que a ambulância só amassou
na frente; que não tinha dúvidas de que Abelardo já estava morto quando o acidente ocorreu e que o acidente fora intencional, provocado;
que foi absolvido da acusação de crime culposo e que, na sentença do juiz, declarou-se que o réu fora acusado pela morte de um defunto.

requerimento foi, então, aprovado por unanimidade seis votos numa reunião da CEMDP em que estava ausente o relator, proponente
do indeferimento.

JOSÉ ROBERTO SPIEGNER (1948-1970)


Número do processo: 066/96
Filiação: Szajna Spiegner e Jacob Spiegner
ata e oca e nasc mento: 30 12 1948, Barra do Piraí RJ
Organização política ou atividade: -8
Data e local da morte: 17/02/1970, no Rio de Janeiro (RJ)
Relator: Nilmário Miranda
e er o em: 02 04 1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 11 04 1996

José Roberto cursou o antigo ginásio e científico no tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, quando começou a participar do Movi-
mento stu ant , atuan o no gr m o. stu ou tam m na ança rancesa e u tura ng esa, aze n o v r os outros cursos como c nema
e orna smo. art c pou e um concurso e c nema ama or e curta metragem, o ten o o 1º ugar. m 1966, ngressou na acu a e e
conomia da UFRJ, sendo aprovado em 1º lugar no vestibular. Tornou-se ativista do Diretório Acadêmico.

p s a ecretaç o o -5, passou a atuar na c an est n a e como ntegrante a ss nc a a uana ara, que assum r a em setem ro
de 1969 o nome MR-8. Era, então, namorado de Vera Sílvia Araújo Magalhães, também militante do MR-8 que participou do seqüestro
do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, sendo posteriormente presa e torturada. Ela foi banida do país após o seqüestro do

embaixador alemão no Brasil, Von Holleben, em junho de 1970.


ocumentos os rg os e segurança o reg me m tar reg stram que, em a r e 1969, na on er nc a essa organ zaç o c an est na, p eg-
ner foi escolhido como um dos três integrantes de sua Direção Geral, ao lado de Daniel Aarão Reis Filho e Franklin de Souza Martins, grupo que foi
mpliado no final daquele ano com a entrada de Cid de Queiroz Benjamin, Stuart Edgard Angel Jones e Carlos Alberto Vieira Munizlll.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Spiegner morreu aos 21 anos, em 17/02/1970, no Rio de Janeiro, na rua Joaquim Silva,nº 53, entrada 5, quarto 8, por agentes do DOI-
CODI RJ, onde, segundo a versão oficial, teria ocorrido tiroteio. Seu corpo deu entrada no IML às 12h30min do dia 17 02 1970. No laudo
de necropsia, assinado pelos legistas Ivan Nogueira Bastos e Nelson Caparelli, consta que, “a morte ocorreu às 05h30min do dia 17. Consta
na guia que ele foi “perseguido como elemento subversivo por agentes do DOPS, reagiu à bala ferindo policial, e finalmente foi alvejado
mortalmente”. O corpo foi enterrado pela família no Cemitério Comunal Israelita de Vila Rosali.

relator do caso na CEMDP, ao analisar o processo, ressaltou a estranha demora de sete horas entre o horário da morte e a entrada no IML. A
verdade dos fatos foi obtida dopróprio laudo do IML, quedetalha os ferimentos no corpo. José Roberto recebeu vários tiros, sendo que dois deles
contestam a versão oficial. Examinando as fotos de perícia de local, verifica-se que o corpo fora encontrado em uma sala com o piso acarpetado,
on e n o av a espaço para que pu esse ter s o at ng o, e onge, na coxa. outro er mento s ntom t co e execuç o.

Afirmou o relator que o laudo descreve “na região temporal direita uma ferida estrelar de bordas
escoriadas e queimadas com aspecto das produ-
zidas por entrada de projétil dearma de fogo disparada com arma encostada acabeça... ambas as regiões orbitárias estão ligeiramente tumefeitas
e recobertas por equimoses arroxeadas ... membro superior esquerdorevela três equimoses arroxeadas no cotovelo ... duas escoriações pardo
vermelhadas no dorso do punho; ... dedos de ambas as mãos apresentam nas polpas tintapreta da usada para tomar impressão digitais”.

Agregou que as equimoses e escoriações descritas não são compatíveis com a versão de tiroteio e que “a forma das lesões localizadas na
ace re ta a ca eça enota c aramente execuç o, e a n a que as escor aç es oca zam-se em reg es o corpo umano que con guram
tortura em pau-de-arara. Há ainda escoriações na região do punho, denotando que José Carlos foi algemado”. Além disso, a identificação
de José Roberto se deu antes de seu corpo ir para o IML, e mostra que o DOPS já o conhecia.

ntre os ocumentos anexa os ao processo na , tam m um requer mento a 1ª u tor a a ar n a, o o e ane ro, e
03 04 1970, solicitando o laudo ao IML e referindo-se à morte de José Roberto Spiegner “por acidente”. O relator concluiu seu voto afir-
mando que José Roberto Spiegner foi morto quando se encontrava detido por agentes dos órgãos de segurança, sob custódia do Estado.

ANTÔNIO RAYMUNDO DE LUCENA (1921-1970)


Número do processo: 245/96 e 062/02
Data e local de nascimento: 1/09/1921, Colina (MA)
aç o: ngela Fernandes Lima Lucena e José Lucena Sobrinho
Organização política ou atividade:
Data e local da morte: 20/02/1970, em Atibaia (SP)
Relator: Luís Francisco Carvalho Filho com vistas de Suzana Keniger Lisbôa e Belisário dos Santos Júnior
e er o em: 22 04 2004 por unanimidade fora indeferido em 05 05 98
Data da publicação no DOU: 26 04 2004

Maranhense de Colinas, operário e feirante, morreu na cidade de Atibaia (SP), quando o sítio em que residia com a esposa e três filhos foi
cercado pela polícia, em 20 02 1970. Lucena, desde muito jovem, aprendeu os ofícios de eletricista, pedreiro e mecânico, sendo que perdeu
v s o o o o re to aos 12 anos. os 17 anos, era mestre e o c na mec n ca, a m e acumu ar os cargos e aponta or e encarrega o
de uma pequena estatal.

epo s e se casar com amar s, sua compan e ra tam m na m t nc a po t ca, ucena tra a ou como mestre e serrar a. m 1950, o
casa se mu ou para o au o e part c pou at vamente na campan a etr eo nosso , nos anos segu ntes. ra a aram am os como
operários da Jafet, no bairro do Ipiranga, assumindo militância sindical como operários da indústria têxtil. Em 1954, ingressaram no PCB,
militando nesse partido até 1964.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

m 1967 vincularam-se ao grupo de militantes que, no ano seguinte assumiria a denominação VPR. Documentos dos órgãos de segurança
reg stram a part c paç o e nton o a mun o em v r as aç es arma as es e o na e 1967, nc us ve o rou o e 10 ca xas e nam te
em Cajamar, na Grande São Paulo, no penúltimo dia daquele ano. Em 1969, o casal já vivia na clandestinidade com os filhos menores.
Ariston, o filho mais velho, engajado na VPR antes de completar 18 anos, não mais morava com os pais e viria a ser preso em 1970, após ter
conseguido escapar, com Lamarca, de um grande cerco militar no Vale do Ribeira, região de Registro, interior de São Paulo. Ariston chegou
ser con ena o pena cap ta , epo s comuta a em pr s o perp tua e epo s pena e 30 anos, pe a part c paç o na morte o tenente
Alberto Mendes Junior, da PM de São Paulo, no Vale do Ribeira.

De acordo com os autos do processo na CEMDP, no dia 20 de fevereiro de 1970, por volta das 15 horas, a porta do sítio em Atibaia foi
go pea a v o entamente por agentes po c a s. egun o o re ato e amar s, ucena orm a quan o começaram a at rar e ora. ucena
tom ou gravemente er o e, ogo em segu a, rece eu ma s t ros. a sustenta que seu mar o, at ng o, ca ra ao a o o tanque, ora
de casa, quando um último tiro foi disparado em sua têmpora, na presença dela e dos filhos.

ocumentos o nqu r to po c a reg stram que na res nc a estar am armazena os uz s su tra os por amarca o quarte e u -
ta na. ucena ter a reag o com uma essas armas, sen o morto nesse cerco o sargento nt n o parec o once ogue ra, ato que tor-
nava delicada a tomada de decisão na Comissão Especial. Damaris, os gêmeos de 9 anos e o caçula de 3 foram presos, sendo ela submetida
violentas torturas, antes de ser libertada, no mês seguinte, com as crianças, por ocasião do seqüestro do cônsul japonês em São Paulo,
rea za o pe o oman o nt n o a mun o e ucena, a . ermaneceram an os o ras at a n st a e 1979. ucena o sepu ta o
no Cemitério de Vila Formosa, na capital paulista. Em 1990, após a abertura da Vala de Perus, diversas escavações foram feitas, sem êxito,
na tentativa de localizar seus restos mortais.

Apresentado o processo em 02 12 97 à CEMDP, o parecer inicial do relator foi pelo indeferimento, por considerar que a morte não tivera
car ter po t co, nem ora comprova o o t ro e m ser c r a re er o pe a esposa. o t n am s o oc a za os, at ent o, o au o ou a
perícia de local, apesar das tentativas do relator. Houve pedido de vistas.

a s tar e, o oca za a oc umentaç o na e egac a e o c a e t a a, em como a ntegra o nqu r to a morte e u cena no .


Luiz Francisco Carvalho Filho tomou o depoimento de Damaris, reproduzido em gravação anexada ao processo. A versão oficial, assinada por
Alcides Singillo, do DOPS/SP, é de que a morte ocorreu por reagir à prisão, quando policiais averiguavam denúncia de que ali havia um carro
furtado. O laudo de necropsia, assinado por Frederico Amaral e Orlando Brandão, se refere a nove tiros de entrada e um de saída. Nenhum
na ca eça, como re er o por amar s e seus os.

Um novo parecer se baseou nos documentos localizados. Não há perícia de local ou fotos do corpo. Os depoimentos de policiais e mora-
dores são contraditórios, em especial dos civis, alguns portando indícios de serem fantasiosos. O novo relatório na CEMDP levantou muitas
v as acerca a vers o o c a e conc u u que era nveross m . a casa n o av a emprega a, n o av a mov mento e carros, n o av a
v s tas. am m n o av a carro rou a o - a om ora compra a ega mente. ucena estava sen o procura o pe os rg os e segurança.
Sua foto, em cartazes ampliados, havia sido vista por Damaris nas redondezas de Atibaia. Damaris afirma que ele nunca saía de casa, que
quase não mais enxergava, visto que vinha perdendo a visão também no outro olho.

exame da foto de Lucena localizada no STM não permite identificar o tiro fatal na cabeça, descrito por Damaris e seus filhos, mas revela
grandes edemas no nariz e no olho esquerdo, além de escoriações e um afundamento no meio da testa. Mais do que isso, permite ver as

marcas de um tiro desfechado à queima-roupa junto ao coração. Apesar desses dados novos, o processo foi novamente indeferido.
Reapresentado após a ampliação dos critérios de abrangência da Lei nº 9.140 95, o processo voltou à votação. O novo relator chamou a
tenção para o fato de que a verdade não fora uma presença constante nos autos do inquérito instaurado, lembrando que o aparato cons-
tituído para a operação somou todas ou praticamente todas as forças policiais da cidade, dando a entender que haveria ou poderia haver
res st nc a. em rou a n a que o onse o eg ona e e c na censurou pu camente o per to re ator o au o, pe as e c nc as a

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

peça e pela atitude do médico. É fato, diz o relator, que ocorreu o conflito armado com agentes da polícia militar, que vitimou fatalmente
ucena e um sargento, mas ressa tou que au os ora m a s ca os, epo mentos ora m rau a os em mu tos momentos a cr n ca po c a
e u c a esse per o o, sen o poss ve qu e ten a ocorr o execuç o sum r a.

A CEMDP considerou, ao final, que a verdade sobre a operação no Jardim das Cerejeiras, em Atibaia, ainda não estava totalmente esclarecida, mas o
pe o e amar s ucena e seus os estava p enamente ampara o pe as spos ç es a e a rov s r a 176, que antece eu a e nº 10.875,
em vigência no momento de julgamento do caso na Comissão Especial, sendo o requerimento aprovado por unanimidade.

CASSIMIRO LUIZ DE FREITAS (1912-1970)


Número do processo: 32 6 96
Filiação: Benedita Francisca Pires e Leolino Luiz de Freitas
Data e local de nascimento: 1/12/1912, Catalão (GO)
Organização política ou atividade: a -mares
ata e oca a morte: 19 03 1970, em Pontalina GO
Relator: Luís Francisco Carvalho Filho
Deferido em: 19/11/96 por unanimidade
ata a pu caç o no : 2 1 11 96

lavrador Cassimiro Luiz de Freitas foi sindicalista e militante da VAR-Palmares. Trabalhava para a formação de uma associação de cam-
poneses em Goiás, tendo anteriormente, nos anos 50, simpatizado com o PCB e mantido ligações com José Porfírio de Souza, desaparecido
político que é um dos 136 nomes da lista anexa à Lei nº 9.140 95, líder de importantes mobilizações agrárias na região de Trombas-Formoso.
nome de Cassimiro não constava de nenhuma relação de militantes mortos e desaparecidos antes do exame pela CEMDP. Foi preso em
26 de janeiro de 1970, em Pontalina (GO), junto com o filho Cornélio e mais dois trabalhadores rurais. Morreu no dia 19 de março, em sua
casa, três dias depois de ter sido solto.

Cornélio e os dois lavradores foram levados para o batalhão Anhanguera,da PM, em Goiânia, onde foram interrogados e soltos dez dias de-
pois. Só voltou a ver o pai 50 dias depois, quando ele foi encontrado na Praça de Pontalina, onde teria sido deixado por um jipe do Exército,
em péssimo estado de saúde, apresentando marcas de tortura. Ali foi socorrido e levado para casa por um casal de amigos.

Além de declarações escritas, foi juntada cópia de dossiê do arquivo do DOPS, atualmente sob a guarda da Universidade Federal de Goiás,
onde constam as prisões efetuadas pela PM. Foi relatada também a sua passagem pelo 10° Batalhão de Caçadores do Exército, em Goiânia.
Cassimiro foi inquirido formalmente pela Polícia Federal em 30/01/1970.

Não há, nos autos, documento oficial comprovando que Cassimiro permaneceu preso até meados de março. Contudo, declara o relator, o
procedimento de manter militantes políticos aprisionados arbitrariamente, por longo período de tempo, era comum. Não havia mecanismos
de controle da ação policial na esfera de apuração de delitos contra a Segurança Nacional e os abusos eram praticados impunemente.

oram juntadas três declarações tomadas pelo Procurador da República, Marco Túlio de Oliveira e Silva, que trazem esclarecimentos sobre a prisão
e condições de saúde no momento da libertação, quando vomitava sangue, tinha manchas nos braços, estava magro e decaído e contou às teste-

munhas que, além de lhe ‘arrebentarem’, deram-lhe um ‘chazinho da meia-noite’, expressão que no meio rural se refere a veneno.
Também foi apresentado relatório do médico que atendeu Cassimiro em casa, no dia 17 03, e que assinou seu atestado de óbito. Mauro
Lourenço Borges constatou que o paciente se encontrava em “pré-coma, apático, palidez intensa, respiração ruidosa, desidratado, panículo
diposo diminuído, pele flácida, caquético, apresentando hematomas e escoriações disseminadas pelo corpo, além de vômitos e diarréia
sangu no enta, prat camente em ase term na . o t rm no o exame, suger am a o nternamento, mas ac aram que n o reso ver a a a

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À MEMÓRIA E À VERDADE

gravidade do estado do paciente. Seu estado clínico era bastante crítico, agravando-se nas horas seguintes, vindo a falecer 24 horas após,
em v rtu e as es es so r as, que provocaram anem a pro un a, que o a causa e c ente e seu a ec mento em 18 e março e 1970,
ocas o em que ornec o atesta o e to .

Segundo o relator, é compreensível, em virtude do tempo decorrido e da simplicidade das pessoas envolvidas, que haja uma ou outra imprecisão
nas n ormaç es traz as para os autos, que os epo mentos vergem quanto ao tempo em que ass m ro permaneceu v vo em casa. m re aç o
o aspecto fundamental do caso, no entanto, os depoimentos são bastante claros. O fato de Cassimiro ter morrido em casa, outer
de sido solto
para que não morresse no interior de estabelecimento prisional, não altera a responsabilidade dos agentes do poder público.

AVELMAR MOREIRA DE BARROS (1917-1970)


Número do processo: 257/96
Filiação: Vergilina Moreira de Barros e Avelmar de Barros
ata e oca e nasc mento: 1 03 1917, Viamão RS
Organização política ou atividade: a -mares
Data e local da morte: 24/03/1970, em Porto Alegre/RS
Relator: general Oswaldo Pereira Gomes
e er o em: 14 05 96 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 1 7 05 96

Chacareiro do ex-tenente Dario Viana dos Reis, membro da VAR-Palmares, também preso e torturado no mesmo período, Avelmar morreu
no e orto egre no a 25 e março e 1970. eu nome consta o oss os ortos e esaparec os . necrops a, rea za a no
IML RS e firmada pelos legistas Gastão E. Schirmer e Nicolau Amaro Guedes, descreve ferimentos no rosto e punhos, além de corte na
carótida. A versão oficial é de morte por “suicídio no xadrez do DOPS ”, com uma lâmina de barbear.

re ator o processo na ez constar que a part c paç o po t ca e ve mar cou comprova a tanto atrav s a nota o c a a
Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, que informou sua morte, quanto da declaração à imprensa do diretor do DOPS RS,
delegado Firmino Peres Rodrigues.

onc u u a rman o que o exame as peças o processo, espec a mente not c as os orna s, evavam-no a rmar a conv cç o pessoa e
que a vers o o c a era ver a e ra e que a v t ma, case ro e um m tante po t co, envo veu-se nas at v a es este. ortanto, se tratava
de suicídio, na prisão, de um cidadão acusado de participação em atividades políticas. O pedido foi acolhido por unanimidade, mas Nilmário
Miranda, Suzana Keniger Lisbôa e Luís Francisco Carvalho Filho fizeram constar formalmente sua desconfiança em relação à versão oficial
as autor a es e segurança so re a morte por su c o.

DORIVAL FERREIRA (1931-1970)


Número do processo: 08 3 96
Filiação: v na erre ra e om ngos nton o erre ra
Data e local de nascimento: 5/12/1931, Osasco (SP)

Organização
ata e oca política
a morteou
: 03atividade: ALN
04 1970, São Paulo SP .
e atora: ar a un ce a va
Deferido em: 29/02/1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 06/03/1996

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Militante da ALN, operário era filiado ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Osasco e Região – do qual foi candidato
presidência em 1965. Casado, pai de seis filhos, Dorival Ferreira morreu aos 38 anos, após ser preso pelos agentes do DOI-CODI SP. Na noite de
02 04 1970, agentes de segurança vadiram
in a tiros sua casa em Osasco, à rua Zum a Sá Pereira, 18, quando foi ferido e preso. A versão oficial alegou
que Dorival morreu em tiroteio e documentos dos órgãos de segurança registram que ele pertenceria setor
ao de apoio da ALN mas seria responsável
pela fabricação de explosivos. A relatora do
processo na CEMDP assim analisou os fundamentos doedido: p foi
“ preso em sua própria casa, em Osasco-
SP, em 0204 1970, depois de receb er um tiro nas costas, na altur
a dos quadris, logo que atendeu a um chama do, no portão de sua casa.

As provas que contrariam a versão oficial vieram do IML, da perícia técnica e do DOPS. No Termo de Declarações do pai de Dorival – Domin-
gos Antônio Ferreira –, prestado ao delegado Edsel Magnotti, colhido no DEOPS no dia 2 de junho, consta que ao chegar na casa do filho
s en controu po c a s que e sseram que or va t n a s o preso, sem n ormar para on e ora eva o. am m ve o o uma c a
de Dorival, com data de 30 04 1970, informando que ele morreu em 03 04 1970, isto é, no dia seguinte à sua prisão.

Jornais da época – Notícias Populares e Última Hora -, anexados ao processo na CEMDP, divulgaram a versão oficial, mas também informa-
ram que epo s o t rote o or va o et o, e que o s o c ta o re orço po c a , pr nc pa mente, para as me aç es a e egac a e o c a
de Osasco”. A cópia do laudo necroscópico, assinado por Otavio D’Andrea e Antônio Valentini, não está muito clara em alguns trechos, mas
nas duas últimas linhas se pode ler: “retiramos um projétil de calibre maior que os anteriores e localizado na articulação coxo femural es-
querda”. O relatório da Polícia Técnica identifica, nas seis fotos que o acompanham, 11 ferimentos perfuro-contusos, número muito superior
o t ro nas costas que ter a rece o ao ser preso. re atora conc u u que as not c as o c a s e as repro uz as nos orna s con rmavam os
relatos da família de que Dorival Ferreira estava vivo quando foi levado para a prisão. Seu voto favorável ao deferimento foi acompanhado
por todos os integrantes da Comissão Especial.

JOSÉ IDÉSIO BRIANEZI (1946-1970)


Número do processo: 266/96
Filiação: América Tomioto Brianezi e José Paulino Brianezi
ata e oca e nasc mento: 23 03 1946, Londrina PR
Organização política ou atividade:
Data e local da morte: 13/04/1970, São Paulo (SP)
Relator: Nilmário Miranda
e er o em: 07 08 1997 por 6x1 voto contra do general Oswaldo Pereira Gomes
Data da publicação no DOU: 13 08 1997

Nascido em Londrina, participou de atividades estudantis em Jandaia do Sul e Apucarana, tendo participado do 19º Congresso Paranaense
e stu antes ecun ar stas, em orn o roc p o, em 1968. ra a ou na secretar a o o g o 7 e etem ro, em pucarana. m 1969,
integrou-se à ALN de São Paulo, juntamente com Antônio dos Três Reis de Oliveira, que seria morto no mês seguinte. Documentos dos
órgãos de segurança registram que ele seria um dos subcomandantes do Grupo Tático Armado da ALN, em São Paulo, no início de 1970. A
certidão de óbito traz a versão de que faleceu em 13/04/1970, na pensão onde morava, à rua Itatins, nº 88, no Campo Belo, capital paulista.
s eg stas o ypr ano swa o naco e au o ue roz oc a eterm naram como causa a morte emorrag a nterna traum t ca.
versão oficial é de que ele morreu em tiroteio com agentes da OBAN DOI-CODI SP . Foi encontrada somente uma parte da documentação
do IML relativa a essa morte, nos arquivos do DOPS/SP, não havendo informações de horário de entrada do corpo.

prova ec s va exam na a pe a o a oto e seu corpo, encontra a no arqu vo o , on e aparece o orso nu, com a ar a
por azer as, to que n o era seu e que contrar ava as regras e segurança os m tantes, e acor o com epo mento anexa o
os autos. Além disso, a foto contradizia informações da única folha do laudo que foi localizada, onde consta que Brianezi dera entrada
no IML vestindo “ amisa de seda fantasia, calça de brim zuarte, calção ”. O relator solicitou exame do perito Celso Nenevê, que analisou
os ocumentos, mas n o consegu u reconst tu r os atos em ecorr nc a e mprec s es o au o, a a ta e otogra a a necrops a e e

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À MEMÓRIA E À VERDADE

perícia de local, apesar da referência documental de que dois agentes de segurança haviam sido feridos. Nenevê concluiu que o laudo não
perm te caracter zar a st nc a os sparos, mas sustentou que pe o menos o s t ros – o pr me ro, que provocou es o e entra a na
reg o carot ana esquer a e e sa a na reg o occ p ta , e o segun o, que penetrou na n a ax ar esquer a e se a o ou nos m scu os
dorsais – apresentaram trajetórias de frente para trás, e não de trás para frente como descrito no laudo.

re ator escartou a exumaç o os restos morta s para exame porque os pa s, que ret raram o corpo o em t r o e a ormosa, on e
fora enterrado como indigente, levantaram dúvidas se o corpo entregue pertencia realmente ao filho. Concluiu, em seu voto, que o fato de
Brianezi medir 1m84, conforme descrito no laudo de necropsia, era um forte indício de execução sumária, pois ele levou três tiros de frente
para trás com evidente diferença de nível entre o corpo e os autores dos disparos.

JUAREZ GUIMARÃES DE BRITO (1938-1970)


Número do processo: 116/04
aç o: m a u mar es e r to e ayme erre ra e r to
ata e oca e nasc mento: 22 01 1938, Belo Horizonte MG
Organização política ou atividade: VPR
Data e local da morte: 18/04/1970, no Rio de Janeiro (RJ)
e ator: n r a a artn s
Deferido em: 07 10 2004 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 11/10/2004

r gente a , epo s e ter ntegra o a - a mares e, antes, a o op e o o na, o qua o um os un a ores, uarez u mar es e
r to recorreu ao su c o para n o ser preso. av a marca o um encontro com um compan e ro na agoa o r gues e re tas, no o e
Janeiro, em 18/04/1970. Chegando à área, na esquina das ruas general Tasso Fragoso com Jardim Botânico, o carro em que estava com a
mulher, Maria do Carmo Brito, foi fechado por um Volkswagen grená. Segundo depoimento dela, Juarez seguiu dirigindo o veículo enquanto
e a mane ava uma pequena p sto a. s ocupantes o o swagen sa ram o carro at ran o contra os o s m tantes. uan o se perce eu
completamente cercado, Juarez, já baleado no braço e no abdômen, tirou a arma da mão de Maria do Carmo e desferiu um tiro contra o
próprio ouvido direito, cumprindo um pacto que tinha firmado com ela, de não serem presos vivos.

asc o em e o or zonte, ua rez passou parte a n nc a no aran o, quan o seu pa , engen e ro, o secret r o e gr cu tura aque e
estado. Na capital mineira, estudou no Colégio Batista e formou-se em 1962 nos cursos de Sociologia e Política e Administração Pública na
UFMG. Apaixonado por cinema, era assíduo freqüentador do cineclube do Colégio Arnaldo. Foi membro da juventude trabalhista do PTB e
trabalhou junto aos sindicatos de trabalhadores, assessorando e organizando cursos de história e oratória. Participou de várias mobilizações
a poca, como a greve os m ne ros e ova ma, contra a anna orporat on, e os tra a a ores a ga amponesa e r s ar as.

m 1963, foi trabalhar em Goiás como assessor e professor da Universidade Federal. Em 1964, mudou-se para Recife, onde exerceu
funções na Sudene. Após a deposição de Goulart, foi preso e permaneceu cinco meses detido. Ao ser libertado, transferiu-se para
o o e an e ro, on e cont nuou a tra a ar como soc ogo e pesqu sa or. erou o grupo ss ente a o op que, em u o e
968, constituiu o Colina, responsável por inúmeras ações armadas, em Belo Horizo nte e no Rio. Após a fusão entre Colina e VPR, que
deu srcem à VAR-Palmares, Juarez foi um dos dirigentes da nova organização. Comandou a maior operação armada para obtenção

de recursos financeiros ocorrida em todo o ciclo da guerrilha urbana, o roubo do cofre de uma amante do ex-governador paulista
emar e ar ros, conten o 2,8 m es e ares.

caso somente foi apresentado à CEMDP após a ampliação da Lei nº 9.140/95, que, a partir de 2004, passou a abranger os suicídios co-
metidos sob cerco policial.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

JOELSON CRISPIM (1948-1970)


Número do processo: 12 8 96
Filiação: ncarnac n opes eres e os ar a r sp m
Data e local de nascimento: 6/04/1948, Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade: VPR
ata e oca a morte: 22 04 1970, em São Paulo SP
e ator: mro ran a
Deferido em: 29/02/1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 06/03/1996

Nascido no Rio de Janeiro e morto na capital paulista, em 22 04 1970, depois de ferido em tiroteio com agentes dos órgãos de segurança,
conforme a versão das autoridades na época, Joelson começou a trabalhar muito cedo como operário em fábricas e oficinas de rádios e
parelhos elétricos, cursando também uma escola técnica, em São Paulo.

ra o e os ar a r sp m e e nca rnac n opes erez, am os m tantes e opos ç o ao eg me tar, sen o o pa ex-sargento


do Exército, preso político durante o Estado Novo, um dos integrantes da bancada do Partido Comunista na Constituinte de 1946. A mãe,
militante da VPR assim como Joelson, foi também presa em 1970, sendo banida do país em 13/01/1971, por ocasião do seqüestro do embai-
xador da Suíça no Brasil. A irmã Denise Crispim, também militante da VPR e que havia participado, juntamente com seu irmão, do seqüestro
o c nsu ap on s em o au o, era compan e ra e uar o o en e te, o acur assass na o so torturas em ezem ro e 1970.

Após a abertura dos arquivos do DOPS/SP, foi possível localizar um relatório da Casa de Saúde Dom Pedro II, para onde Joelson teria sido
levado, ferido, “vindo a falecer antes de intervenção cirúrgica”. Segundo o relatório, ele deu entrada com cinco ferimentos perfurantes por
pro t e arma e o go.

Apesar de identificado,
em vermelho, como
identificado commostram
o nomeos documentos
falso de RobertodoPaulo
DOPS,Wilda,
deu entrada
sendo ono IMLregistrado
óbito como desconhecido,
em cartóriocom requisição
do Brás, marcada ao
sem referência comlocal
“T”
o sepu tamento. ss nam o au o rg o e ve ra e au o ugusto e ue roz oc a, que con rmaram a vers o e morte em t rote o.
Joelson foi enterrado como indigente, sob o nome falso, no Cemitério de Vila Formosa, em São Paulo.

Afirma o laudo que as balas seguiram uma trajetória de trás para frente, o que, segundo o relator, descaracteriza a existência de tiroteio.
as uscas rea za as, n o o oca za o o assento e to e oe son r sp m e o cart r o se negou a entregar o que estava em nome e
o erto au o a, a egan o aver em argo u c a .

relator concluiu seu voto na CEMDP afirmando a convicção de que, “a identificação falsa de Joelson e seu sepultamento como indigente
const tuem as ev nc as ma ores e que sua morte eu-se por execuç o sum r a pe os agentes a repress o . os ocumentos o ro eto
ras : unca a s mencionados nos autos do processo junto à Comissão Especial, consta que os responsáveis pela morte de Joelson foram
gentes do DOI-CODI de São Paulo, comandados pelo capitão Coutinho.

s rm s e oe son, en se e ga, so c taram om ss o spec a que oca ze e ent que os restos morta s e e, o que n o po e ser con-
cretizado pelas modificações procedidas na quadra de indigentes do cemitério e pela falta de registros exatos do local de sepultamento.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

ÂNGELO CARDOSO DA SILVA (1943-1970)


Número do processo: 23 2 96
Filiação: ean ra ac a o ar oso e o o ar oso a va
Data e local de nascimento: 27/10/1943, Santo Antônio da Patrulha (RS)
Organização política ou atividade: M3G
ata e oca a morte: 23 04 1970, Porto Alegre RS
e ator:genera swa o ere ra o mes, com v stas e m r o ran a
Deferido em: 27/08/1996 por unanimidade
Publicado no DOU em: 29/08/1996

aúcho de Santo Antonio da Patrulha, residente em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, ngelo Cardoso da Silva era um motorista
de táxi vinculado à organização M3G - Marx, Mao, Marighella e Guevara, pequeno grupo de oposição armada ao regime militar, praticamente
circunscrito ao Rio Grande do Sul, que teve como fundador e líder um dos 136 nomes da lista anexa à Lei nº 9.140/95, Edmur Péricles Camargo.

ngelo encontrava-se detido no Presídio Central de Porto Alegre por sua participação política nesse agrupamento clandestino, conforme
declaração firmada por outro preso político do período, Paulo de Tarso Carneiro, anexada ao processo formado junto à CEMDP. As autorida-
des divulgaram que Ângelo teria se enforcado dentro de sua cela, no dia 23/04/1970, às 16h. O laudo da necropsia foi assinado por Izaías
rtiz Pinto e Carlos B. Koch, confirmando a versão oficial. Seu nome consta no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos.

relator da CEMDP, general Oswaldo Pereira Gomes, apresentou voto pelo indeferimento alegando não haver provas de que Ângelo fora
preso por motivos políticos. Nilmário Miranda pediu vistas ao processo e em seu relatório esclareceu as dúvidas sobre a existência do M3G
e a militância de Ângelo, comprovando a prisão política através de declarações de ex-presos, sendo inquestionável a sua morte em depen-
nc a o sta o. omo resu ta o, o requer mento o e er o por unan m a e na om ss o spec a .

doacerto
Brasil”,dessa decisãopelo
produzido receberia
CIE pornova confirmação
orientação em abril
do ministro do de 2007, Leônidas
Exército quando sePires
tornou conhecido
Gonçalves. Na opágina
chamado356“desse
ivro Negro do Terrorismo
documento, consta
uma informação que comprova a militância política de ngelo: “ part r a , at o a 2 e março e 1970, o 3 assa tou ma s tr s esta-
belecimentos de créditos no Rio Grande do Sul. Foram assaltadas: a agência da União de Bancos, em dezembro, em Cachoeirinha; a agência
risteza, do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, em 28 de janeiro de 1970, em Porto Alegre; e, finalmente, a agência Viamão, do Banco do
Brasil, em 2 de março (...) Participaram desses assaltos: João Batista Rita, Paulo Roberto Telles Frank, Bertolino Garcia Silva, Ângelo Cardoso
a va e ar o ana os e s. mur r c es tomou parte em to as as aç es .

NORBERTO NEHRING (1940-1970)


Número do processo: 17 6 96
ata e oca e nasc mento: 20/9/1940, São Paulo (SP)
Filiação: Nice Monteiro Carneiro Nehring e Walter Nehring
Organização política ou atividade: ALN
ata e oca a morte: 24 04 1970, São Paulo SP
e ator: Paulo Gustavo Gonet Branco
Deferido em: 23/04/96, por unanimidade
Data da publicação no DOU: 25/04/96

conomista e professor da USP, Norberto morreu em São Paulo, provavelmente em 25 04 1970. O nome dele já constava do oss os ortos
e Desaparecidose a denúncia de sua morte no DOPS foi feitaem depoimentos nas auditorias militares. Norberto militou no PCB e acompanhou
Marighella na cisão que gerou a ALN, fazendo parte da Coordenação de São Paulo, em estreita ligação com Joaquim Câmara Ferreira.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Depois do ginasial, cursou Química Industrial no Mackenzie e trabalhou na Brasilit e na Pfizer. Casado com Maria Lygia Quartim de Moraes,
t veram em 1964 a a arta, que ma s tar e ser a co- retora e um prem a o ocument r o c nematogr co so re os os os mortos
e esaparec os po t cos o ra s .

Dotado para a matemática, Norberto se distinguiu na Faculdade de Economia da USP, onde ingressou em 1963, recebendo várias ofertas
para ser nstrutor. onc u o o curso em 1967, tornou-se ass stente na ca e ra e st r a con m ca e começou me atamente a tra a ar
em planejamento econômico, no Grupo de Planejamento Integrado – GPI, tendo como colegas Sérgio Motta, Sérgio Ferro e Diógenes Arruda
Câmara. Em 1968, passou a cursar a pós-graduação no Instituto de Pesquisas Econômicas da USP.

m 07 01 1969, já tinha sofrido uma primeira prisão pelo DOPS SP, lá permanecendo por dez dias e testemunhando torturas sofridas por
seus companheiros, pertencentes a um grupo da ALN em Marília SP . Novamente em liberdade, passou a atuar na clandestinidade. Docu-
mentos dos órgãos de segurança do regime militar incluem seu nome como integrante do chamado 2º Exército da ALN, ou seja, um grupo
de 25 militantes da organização que teriam recebido treinamento de guerrilha em Cuba, entre março e setembro de 1969.

Segundo informações constantes no processo junto à CEMDP, bem como nos dossiês elaborados por familiares, Norberto retornava de Cuba
em 18/04/1970, quando teria sido preso, ou detectado pelos órgãos de segurança, ao entrar no Brasil pelo aeroporto do Galeão. Morreu em
circunstâncias não esclarecidas até hoje, havendo o registro de que o responsável por sua prisão foi o delegado Sérgio Paranhos Fleury. A
vers o o c a e que se su c ou, en orcan o-se com uma gravata no quarto que ocupava no ote ra , con ec o or e e po c a s
naquela época, no centro de São Paulo, proximidades da antiga estação rodoviária e do próprio DOPS. Não há perícia de local, laudo ne-
croscópico e nem fotos do corpo.

vers o e su c o, con rma a em nota o c a pe o ent o e ega o o omeu uma, consta no nqu r to e to pe o e ega o ry
Casagrande, onde há um bilhete que Norberto teria escrito para enviar à família. Buscando esclarecer os fatos, seu sogro foi até o hotel e lá
soube que ali ninguém se suicidara. O próprio inquérito contribui para desmentir a versão oficial. Na requisição de exame, consta que teria
se afogado e o laudo necroscópico ali citado, mas nunca localizado, informa que a morte se dera por asfixia.

Ao elaborar seu parecer, o relator na CEMDP argumenta que o bilhete atribuído a Norberto revela estado de aflição por pressentir a captura,
demonstra consciência do risco de vida que corria, e não uma vontade suicida. Buscando ganhar tempo e demonstrando certeza do que lhe
ocorria, informava à família que viajara para Niterói, Campos, Vitória, Belo Horizonte, terminando em São Paulo.

relator ressaltou que apesar de não haver provas irrefutáveis de sua morte sob a custódia do Estado, os indícios eram suficientes para o
deferimento, sendo o seu voto aprovado por unanimidade na Comissão Especial.

ROBERTO MACARINI (1950-1970)


Número do processo: 324/96
Filiação: Herminia Juliano Macarini e Dolarato Antônio Macarini
ata e oca e nasc mento: 5 07 1950, São Paulo SP
Organização política ou atividade:
Data e local da morte: 28/04/1970, São Paulo (SP)

Relator:
e er oSuzana
em: 27 Keniger Lisbôa
08 1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 2 9 08 96

estudante e bancário Roberto Macarini, de 19 anos, foi preso em São Paulo no dia 27/04/1970 e levado à sede da OBAN, onde foi sub-
met o a v o entas torturas. tante a , ter a s o eva o pe os agentes po c a s, con orme a vers o o c a , a um suposto encontro

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À MEMÓRIA E À VERDADE

com companheiros da organização clandestina no Viaduto do Chá, onde atirou-se sobre o Vale do Anhangabaú, tendo morte instantânea.
o sepu ta o por seus am ares no cem t r o a a ormosa.

De acordo com denúncia apresentada por presos políticos, de fevereiro de 1973, reproduzida no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos, Maca-
rini foi preso pelo DOI-CODI/SP e torturado pela equipe C, dirigida pelo capitão do exército Homero Machado e pelos seguintes policiais:
escr v o e po c a ae ta; unc on r o a o c a e era e a cun a em o , tenente a eron ut ca que part c pou o a rente
Unida dos Estudantes do Calabouço, de nome Alberto; o carcereiro de alcunha “Lungaretti”.

No dia 28/4/1970, Macarini foi retirado do DOI-CODI pela equipe do capitão PM Coutinho, capitão do Exército Benoni de Arruda Albernaz;
cap t o omas; nvest ga or o au o osa; tenente o en mar e a cun a ar n e ro , ca o e a cun a ; um e e-
gado de polícia que anteriormente havia servido em São Carlos SP , de alcunha “Dr. Raul”, e outros.

ichas sobre Roberto Macarini foram encontradas nos arquivos do DOPS de São Paulo e se referem ao suicídio, ao material de imprensa
contendo a denúncia da morte sob tortura e, em uma delas, consta textualmente: torturado p equipe C do Exército.

já mencionado relatório da Marinha, de 1993, confirma a versão oficial, agregando que o fato não fora noticiado para não prejudicar as
operações em curso de desmantelamento da VPR. A requisição do laudo de necropsia foi feita pelo delegado Michel Miguel, está assinalada
com um , e ass na a pe os m cos eg stas am ue a er orn e au o ugusto ue roz oc a, que atestaram a causa mort s
choque traumático, lesões traumáticas crânio encefálicas .

A relatora pediu a aprovação alegando que fora confirmada a prisão e, conforme a própria ficha do DOPS, a tortura. Foi acompanhada em
seu voto por to os os ntegrantes a .

OLAVO HANSEN (1937-1970)


Número do processo: 08 2 96
Filiação: or orema ansen e ara ansen
Data e local de nascimento: 4/09/1937, São Paulo (SP)
Organização política ou atividade: PORT
ata e oca a morte: 09 05 1970, em São Paulo.
e ator: general Oswaldo Pereira Gomes
Deferido em: 29/02/1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 06/03/1996

Dirigente do PORT assassinado sob torturas em São Paulo, em maio de 1970, Olavo fez o curso primário em Guarulhos e continuou os
estudos no Ginásio Dona Leonor Mendes de Barros, em São Bernardo do Campo, onde passou a residir. Em 1954, mudou-se para Mauá e
fez o científico no Colégio Américo Brasiliense, em Santo André. Ingressou na Escola Politécnica da USP, onde freqüentou até o 2º ano do
curso e n gen ar a e nas, m tan o no ov mento stu ant . nt es, t n a s o o ce- o em v r as empresas, tra a ou em ancas
e orna e montou a pr me ra esco a e at ogra a e au , uscan o sempre custear seus pr pr os estu os.

Abandonou o curso de Engenharia para dedicar-se integralmente à militância sindical e política, passando a trabalhar como operário em uma
r ca e carrocer as no a rro e a ar a. om o n cato os eta rg cos so ntervenç o ap s 1964, tornou-se at vo uta or a opos ç o
s n ca . uan o preso e assass na o so torturas, tra a ava como oper r o na n str a qu m ca , e ert zantes, em anto n r .

m seu prontuário, encontrado nos arquivos do DOPS/SP, constam diversas prisões: 07/03/1963, por distribuir panfletos sobre Cuba;
07 11 1964, por suas atividades nas recentes assembléias do Sindicato dos Metalúrgicos, sendo solto através de a eas-corpus

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

30/11/1965. E a referência à ultima prisão, da qual não saiu vivo: preso e colocado à disposição da Delegacia de Ordem Social em
02 05 1970 por estar distribuindo panfletos subversivos na praça de esportes do Sindicato dos Têxteis, no dia anterior.

lavo participava de atividades comemorativas do Dia Internacional do Trabalho, ao ser preso pelo DOPS/SP, junto com outras 18 pessoas, na
praça de esportes da Vila Maria Zélia. Passou por diversos presídios – Batalhão Tobias Aguiar, QG da Polícia Militar, OBAN e finalmente DOPS,
on e cou et o na ce a n° 2. o a 5 e ma o, o ret ra o essa ce a e con uz o sa a e nterrogat r os, on e permaneceu por ma s
e 6 oras. a vo ta, os compan e ros ouv ram e e o re ato as torturas so r as: o r ga o a esp r-se, so reu que ma uras com c garros e
charutos, choques elétricos oriundos do tubo de imagens de um televisor, palmatória nos pés e nas mãos, espancamentos e pau-de-arara com
fogamentos. Os presos políticos passaram a exigir que fosse chamado um médico para prestar assistência a Olavo, o que só aconteceu no dia
6 e ma o. m os er mentos v s ve s por to o o corpo, e e apresentava s na s ev entes e comp caç es rena s e e ema nas pernas.

médico que o assistiu, Geraldo Ciscato, lotado no DOPS/SP, recomendou somente que ingerisse água, providenciando curativos em alguns
ferimentos superficiais. O estado de Olavo vinha se agravando a cada dia. Os demais presos políticos promoveram manifestações coletivas
para que os se prov enc a a ass st nc a m ca e et va. u o em v o. omente no a 8 e ma o, quan o seu esta o era grav ss mo, o
m co vo tou a v - o, an o or ens para que osse remov o a um osp ta .

No dia 13 de maio, a família foi informada de que Olavo se suicidara no dia 9, intoxicado por ter ingerido o inseticida Paration. Assinou a
so c taç o e exame necrosc p co o e ega o o c es ntra ueno o e, o au o, os eg stas era o e e o e au o ugusto
Queiroz Rocha. Os legistas descreveram equimoses, lesões e ferimentos, registrando que tais lesões não teriam ocasionado a morte; e con-
cluíram que poderia ter sido decorrente de envenenamento.

ua morte o enunc a a na mara os eputa os por 27 s n catos e o au o, c nco e eraç es n ca s, pe a gre a, nte ectua s e estu an-
tes, como também por organizações sindicais latino-americanas, tendo como porta-voz o líder do MDB Oscar Pedroso Horta. Diante das denúncias,
o governo viu-se na contingência de abrir um inquérito, que foi encerrado com o seguinte resultado: Olavo Hansen praticara suicídio ingerindo o
inseticida Paration, que mantinha escondido em suas vestes após a prisão. Nenhum dos militantes presos com Olavo foi ouvido.

s presos políticos que se encontravam no DOPS acusaram os responsáveis pela morte de Olavo: delegado Ernesto Milton Dias e delegado
Josecyr Cuoco, com suas respectivas equipes, sob o comando do investigador Sálvio Fernandes do Monte e, ainda, a colaboração do médico
eraldo Ciscato.

Somente com a abertura de alguns arquivos da repressão política se pode constatar, pela requisição de necropsia ao IML e pelo laudo, que
seu corpo fora encontrado no Hospital Central do Exército, e não no Museu do Ipiranga, conforme a versão do laudo e da nota oficial dos
órgãos de segurança. O Relatório do Ministério da Aeronáutica, de 1993, registra sobrei Olavo “ alecido em São Paulo, no Hospital Militar,
em 8 e ma o e 1970, e morte natura , segun o comprova o atrav s e nqu r to, cu o e at r o, em como o espac o e arqu vamento
do Juiz Auditor, foram publicados no ‘Correio da Manhã’ de 20 de novembro 1970 .

relator na CEMDP destacou que o processo protocolado incluía um detalhado depoimento da atriz Dulce Muniz, que esteve presa com
avo ansen. xp ca e a que 13 s n catos organ zaram uma esta e 1º e a o, no est o ar a a, com a part c paç o e am ares,
numa tentativa de reorganizar os trabalhadores. O grupo de presos foi levado para o Batalhão Tobias Aguiar e, depois, para a OBAN. Dulce
tinha 22 anos e estava com o marido, Hélio, e mais 15 jovens. O mais velho era Olavo, com 30 anos, que tentava acalmar a todos. Já no

DOPS, quando, uma tarde, Dulce desceu do interrogatório, Olavo quis falar com ela. Ele estava sentado no meio da cela e os companheiros
t veram que carreg - o pe os o s raços para c egar at a ane n a a porta. o a t ma vez que o v u. esta mesma no te, avo o
eva o em coma para o osp ta .

relator concluiu que “é inaceitável a versão de suicídio e encontro do cadáver em via pública, devendo ser reconhecido, por esta Comissão,
o falecimento de Olavo Hansen em 09 05 1970, por causa não natural, em dependência hospitalar militar, para onde foi levado em estado de
coma, no dia anterior, estando preso, sem interrupção desde o dia 01 05 1970 .

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À MEMÓRIA E À VERDADE

ALCERI MARIA GOMES DA SILVA (1943-1970) e


Número do processo: 06 0 96
ata e oca e nasc mento: 25 05 1943, Cachoeira do Sul RS
Filiação: Odila Gomes da Silva e Oscar Tomaz da Silva
Organização política ou atividade: VPR
Data e local da morte: 17/05/1970, São Paulo (SP)
e ator: auo ustavo onet ranco
Deferido em: 18/03/1996 por 5x2 (votos contra do general Oswaldo Pereira Gomes e João Grandino Rodas)
Data da publicação no DOU: 21/03/1996

ANTÔNIO DOS TRÊS REIS DE OLIVEIRA (1948-1970)


Número do processo: 068/96
Filiação: Gláucia Maria de Oliveira e Argeu de Oliveira
ata e oca e nasc mento: 9 11 1948, Tiros MG
Organização política ou atividade: ALN
Data e local da morte: 17/05/1970, São Paulo (SP)
Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95

mbora militantes de organizações clandestinas distintas, Alceri Maria Gomes da Silva e Antônio dos Três Reis de Oliveira foram mortos
juntos, no dia 17/05/1970, em São Paulo. Ambos os nomes constam do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos, Alceri na lista de mortos e An-
tonio como desaparecido, tendo seu nome integrado o Anexo da Lei nº 9.140/95.

Alceri, gaúcha de Porto Alegre e afrodescendente, trabalhava no escritório da fábrica Michelletto, em Canoas, onde começou a participar do

movimento operário
que estava de e filiou-se
mudança aoPaulo,
para São Sindicato dos Metalúrgicos.
engajada Emosetembro
na luta contra de 1969,
regime militar. visitou
Após sua família
sua morte, em Cachoeira
a família viveu um do Sul para informar
verdadeiro processo
e esestruturaç o. pa , esgostoso, morreu menos e um ano epo s e sa er, por um e ega o e anoas, que a a ora morta em
São Paulo. Uma de suas irmãs, Valmira, também militante política, não suportou a culpa que passou a sentir por ter permitido que a irmã
saísse de sua casa. Suicidou-se ingerindo soda cáustica.

nt n o era natura e ros, nas era s. ez o curso g nas a no o g o o a ro e estu ava conom a na acu a e e pucarana. o
membro da União Paranaense de Estudantes e produzia programas para a rádio local, junto com José Idésio Brianesi, também militante da
ALN. Foi processado por participar do 30º Congresso da UNE, em 1968, em Ibiúna (SP).

epo mento os presos po t cos e o au o enunc ou a morte esses o s m tantes por agentes a , c e a os pe o cap t o au-
rício Lopes Lima. Ambos foram enterrados no Cemitério de Vila Formosa e os corpos nunca foram resgatados, apesar das tentativas feitas
em 1991, a cargo da Comissão de Investigação da Vala de Perus. As modificações na quadra do cemitério, feitas em 1976, não deixaram
registros de para onde foram os corpos dali exumados.

pesar a pr s o ou morte e nt n o ter s o nega a pe as autor a es e segurança, no e at r o o n st r o a eron ut ca e 1993 consta


que ele morreu no dia 17/05/1970, no bairro do Tatuapé, em São Paulo, quando uma equipe dos órgãos de segurança averiguava a existência
de um “aparelho”. Os documentos acerca de suamorte somente foram encontrados na pesquisa feita no IML/SP 1991. em Ali, foi localizada
uma requ s ç o e exame, ass na a pe o e ega o o c es ntra ueno o, eterm nan o que o corpo somente osse enterra o ap s
autorização do órgão. Os legistas João Pagenoto e Albeylard Queiroz Orsini assinaram a certidão de óbito, dando como causa da morte lesões
traumáticas crânio-encefálicas, causadas por um tiro que penetrou no olho direito e saiu pela nuca. Apesar da confirmação da morte após tantos
nos de busca, seu nome continuou a fazer parte da lista de desaparecidos políticos por decisão da Comissão de Familiares.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Alceri foi morta com quatro tiros, de acordo com o laudo necroscópico assinado pelos legistas João Pagenotto e Paulo Augusto Queiroz
oc a, que escrevem er mentos no raço, no pe to e o s que penetraram pe as costas, na co una. o exam nar o processo e cer ,
considerou o relator na CEMDP que as circunstâncias de sua morte foram exatamente as mesmas de Antônio, invocando o reconhecimento,
por analogia, de que se o falecimento de Antonio atraiu o benefício previsto na lei, a Comissão Especial tivesse como satisfeitos, também
em relação a Alceri, os pressupostos para que sua morte fosse enquadrada na Lei nº 9.140/95.

MARCO ANTÔNIO DIAS BAPTISTA (1954-1970)


Número do processo: 006/96
aç o: ar a e ampos apt sta e a om ro as apt sta
ata e oca e nasc mento: 7 08 1954, Sorocaba SP
Organização política ou atividade: VAR-Palmares
Data e local da morte: maio de 1970, Goiás
ata a pu caç o no : Lei nº 9.140 95 – 04 12 95

Desaparecido político constante da lista anexa à Lei nº 9.140/95, Marco Antonio era paulista de Sorocaba, mas residia desde criança em Goiânia
(GO). Preso e presumivelmente morto antes de completar 16 anos, é o mais jovem dentre todos os desaparecidos políticos do regime militar. Era
m tante a rente evo c on r a stu ant , v ncu a a - a mares. stu ante secun ar sta o o g o sta ua e o n a, part c pou o
congresso da UBES, em Salvador, em 1968, sendo também dirigente daquela entidade. Jovem extremamente precoce, trabalhava na Secretaria da
azenda do Estado de Goiás no turno da tarde e, pela manhã, dava aulas particulares de inglês e português. Praticava halterofilismo. Em 1969, teria
permanecido preso por um dia, após evitar que a polícia efetuasse a prisão de um irmão, também vinculado à VAR, que se entregaria aos órgãos
e segurança no segun o semestre e 1970.

Não foi possível definir a data precisa de seu desaparecimento. As pesquisas em torno de informações sobre seu desaparecimento, inicial-
mente, indicaram que ele foi visto pela última vez em Porto Nacional, naquela época estado de Goiás, hoje Tocantins, por volta de março-
r e 1970. epo mento e outro ex-m tante a poca n orma que manteve encontro com e e numa praça e ragua na, em ma o.

Segundo declarações do médico Laerte Chediac – irmão do ex-delegado da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás, Hibrain
Chediac – ao jornal Tribuna Operária, em 1981, Marco Antônio teria sido detido em maio de 1970 pelo “Grupo do capitão Marcus Fleury ,
e que, ao ter perm ss o para v s tar a am a, ug u e provave mente estar a morto. e ega o c ta o na a con rmou. arcus eury era
oficial do Exército, no 10º BC, e também comandou a Polícia Federal de Goiás naquele período. O Relatório do Ministério da Marinha, de
993, informa sobre Marco Antônio que era “líder secundarista goiano, preso e desaparecido em 1970”.

m setem ro e 2005, a ust ça e era e o s eu prazo e 90 as para que a n o entregasse a ossa a e arco nt n o a sua m e,
utora e uma aç o u c a v tor osa e, em au nc a reserva a, exp casse as c rcunst nc as que envo veram a pr s o e morte o estu ante.
A União foi condenada, ainda, a pagar uma indenização de R$ 500 mil à família.

No dia 15 02 2006, cumprindo a determinação do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho o então ministro da Defesa e vice-presidente da
República, José Alencar, realizou audiência com a família do estudante. A mãe de Marco Antônio, Maria de Campos Baptista, veio a Brasília
pedir ao vice-presidente firmeza nas investigações para encontrar o filho ou seus restos mortais. Aquela alta autoridade da República ouviu

um relato emocionado da mãe, que contou ter mantido a porta da casa sempre aberta, durante anos e anos, na esperança de que o filho
um a retornasse. egun o re ato a m e aos orna stas, o v ce-pres ente e m n stro a e esa n o t n a as n ormaç es requer as pe a
am a e ex g as pe o o er u c r o, mas emonstrou oa vonta e e nteresse em a u - a.

Aos 78 anos, Dona Santa, como era conhecida em Goiânia, guardava esperanças de enterrar Marco Antônio no jazigo da família. Ao voltar
para o n a, ap s a au nc a, ona anta a eceu em grave ac ente ro ov r o na -060, num trec o con ec o como ete urvas.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

31º Congresso da União Estadual dos Estudantes de Goiás, realizado em maio daquele ano, prestou a ela e ao filho desaparecido uma
omenagem espec a .

ANTÔNIO BEM CARDOSO (1938-1970)


Número do processo: 36 9 97 e 075 02
Filiação: Otavina Bem Cardoso e Antônio Figueira Cardoso
Data e local de nascimento: 21/09/1938, Serrita (PE)
Organização política ou atividade: ALN
ata e oca a morte: 01 06 1970, Jati CE
e ator: Nilmário Miranda e Suzana Keniger Lisbôa
Deferido em: 02/08/2005 por unanimidade (fora indeferido em 25/03/1998)
Data da publicação no DOU: 22/08/2005

Seu nome nunca constou das listas de mortos e desaparecidos, sendo conhecido a partir do requerimento apresentado por sua viúva.
Protocolado em 10/04/1997 foi examinado pela CEMDP na reunião de 25/03/1998, sendo indeferido por unanimidade, por se tratar de
pleito intempestivo. O caso voltou a ser apresentado à Comissão Especial quando entrou em vigor a Lei 10.536/02, que substituiu a Lei nº
9.140 95, abrindo novamente o caso para apresentação de requerimentos.

Antônio Bem Cardoso foi morto na madrugada de 01/06/1970, na cidade de Jati, no Cariri cearense. O relato do ocorrido foi feito por sua
mulher, Iulene, que presenciou a morte, na casa onde moravam. Iulene foi despertada por um estouro. Ato contínuo, Antônio passou corren-
o pe o corre or, gr tan o: t raram em m m . n a o pe to enc arca o e sangue. s as acor aram em p n co. a rua, a esposa ouv u
vozes que se identificavam como sendo da Polícia Federal e ordens para que o marido se entregasse. Antônio agonizava. Com a arma de um
policial apontada para sua cabeça, Iulene foi obrigada a sair de casa com as duas filhas. No pátio e na rua, outros policiais ameaçavam os
que tentavam defendê-la. À tarde, foi levada da casa onde se refugiara para prestar depoimento na delegacia de Brejo Santo.

at r a e um orna a poca, n o ent ca o, not c ou a morte. m u o e 2004, o orna O Povopu cou a st r a e nt no , ct a o


dentre os 15 cearenses mortos ou desaparecidos durante a ditadura.

versas tentat vas oram e tas pe a re atora para oca zar o nqu r to, au o ou per c a e oca unto e egac a e o c a e at e e
Brejo Santo. Duas fotos do corpo integram o processo, cuja procedência não é informada. Antonio fora militante da ALN, atuando no Ceará
sob a coordenação de Arnaldo Cardoso Rocha, dirigente da organização morto em 1973.

SILVANO SOARES DOS SANTOS (1929-1970)


Número do processo: 297/96
Data e local de nascimento: 5/08/1929, Três Passos (RS)
aç o: a v na oares os antos e nt n o e ra os santos
Organização política ou atividade: no e n a
Data e local da morte: 25/06/1970 em Humaitá (RS)

Relator:
n e er Oswaldo
o em: 10Pereira Gomes e Nilmário Miranda
04 1997 por unanimidade

Silvano era camponês e vivia na cidade de Campo Novo (RS). Participou da chamada Guerrilha de Três Passos, no Rio Grande do Sul, que
não passou de uma tentativa de desencadeamento de reação da população gaúcha contra o regime militar, às vésperas de completar seu
primeiro aniversário. No dia 26 03 1965, o coronel cassado do Exército, Jefferson Cardim Osório, ligado a Leonel Brizola, liderou algumas

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

pequenas operações militares no extremo noroeste daquele estado, divisa com Santa Catarina e fronteira com a Argentina, entre Três Passos
e enente orte a. mov mento o rap amente e e a o e ar m su met o a v o entas torturas.

Silvano Soares dos Santos temseu nome registrado no ossiê dos Mortos e DesaparecidosPolíticos, no capítulo “Outras Mortes”,onde estão inclu-
ídos os óbitos ocorridos entre 1964 e 1979 que de alguma forma estão vinculados à ação da repressão política. Silvano teria sido preso no 2º andar
do Batalhão de Fronteiras, vindo a morrer 15 dias depois, em 2506 1970, com 41 anos de idade, vitimado por um derrame. O médico, que assina
o atesta o e to, n cou como causa a morte caquex a”, informamos que Silvano morreu em seu domicílio. Após voto pelo indeferimento
inicial, houve pedido de vistas ao processo, mas não foi possível comprovar o nexo causal entre a sua última prisão e a morte. O processo não foi
reapresentado após a ampliação dos critérios da Lei nº 9.140/95, o que poderia ter permitido seu deferimento.

EIRALDO DE PALHA FREIRE (1946-1970)


Número do processo: 329/96
aç o: a yr a y vete e a a re re e mer n o e ampos re re
ata e oca e nasc mento: 5 05 1946, Belém PA
Organização política ou atividade: ALN
Data e local da morte: 04/07/1970, Rio de Janeiro (RJ)
e ator: uzana en ger s a
Deferido em: 05 05 1998 por 5x2 votos contra de João Grandino Rodas e Oswaldo Pereira Gomes
Data da publicação no DOU: 07/05/1998

iraldo de Palha Freire foi baleado e preso no dia 01 07 1970, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por militares da Aeronáutica,
quando tentava seqüestrar um avião de passageiros da empresa Cruzeiro do Sul para libertar presos políticos. Também foram presos na
mesma operação seu irmão Fernando Palha Freire e o casal Colombo Vieira de Souza Junior e Jessie Jane, militantes da ALN que teriam deci-
dido realizar o seqüestro para libertar o pai de Jessie, preso político em São Paulo como militante da mesma organização. Eiraldo morreu em
04 07 70, no Hospital da Aeronáutica, sendo sepultado pela família no dia seguinte, no Cemitério São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro.

s três presos sobreviventes da tentativa de seqüestro do avião foram formalmente acusados pela morte de Eiraldo, e Colombo indiciado
por tê-lo atingido. No decorrer do julgamento, a Promotoria concordou com a versão da defesa de que Eiraldo havia cometido suicídio.

No processo junto à CEMDP, o relatório salienta as diferentes versões contidas nos jornais e documentos oficiais. Numa delas, Eiraldo foi
morto por Colombo; em outra, suicidou-se, tendo morte imediata ainda dentro do avião; numa terceira, foi socorrido, morrendo poste-
riormente. Na verdade, ficou provado que ele chegou a ser acareado com Jessie Jane no DOI-CODI, na rua Barão de Mesquita, onde estava
sen o nterroga o.

exame de corpo de delito, realizado um dia antes da morte, no Hospital da Aeronáutica, no Galeão, quando Eiraldo já se encontrava em
coma, foi firmado por Fausto José dos Santos Soares e Paulo Erital Jardim, que simplesmente registraram estar baleado. A necropsia, firma-
a por os ves e ssunç o enezes e van ogue ra astos, escreve a gumas escor aç es no seu corpo, como na ronte, nar z, nc s es
c r rg cas nas reg es tempora s e traqueostom a.

fato inquestionável é que foi visto por Jessie Jane no DOI-CODI e somente foi levado a exame de corpo de delito dois dias depois da prisão.
m sso, t n a, ap s o exame e corpo e e to, outros er mentos n o escr tos no au o, mas re er os na necrops a.

m decisão tomada na reunião de 05/05/1998, a CEMDP aprovou o requerimento, por maioria de votos, tendo prevalecido o entendimento
de que a soma de contradições entre documentos oficiais, o desencontro entre versões, a prova taxativa de que Eiraldo foi interrogado no
- e v r os outros n c os converg am no sent o e recomen ar o e er mento.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

LUCIMAR BRANDÃO GUIMARÃES (1949-1970)


Número do processo: 355/ 96
Filiação: ar a na u mar es e eoveg o uma r es
Data e local de nascimento: 8/02/1949, Lambari (MG)
Organização política ou atividade: VAR-Palmares
Data e local da morte: 31/07 /1970, Belo Horizonte (MG)
e ator: m r o ran a, com pe o e v stas e au o ustavo onet ranco
Deferido em: 27/08/1996 por 4x2 (votos contra do general Oswaldo Pereira Gomes e Miguel Reale Jr.)
Data da publicação no DOU: 29/08/1996

Lucimar Brandão Guimarães foi militante do PCB, de onde saiu para a dissidência chamada Núcleo Marxista Leninista NML e, posterior-
mente, ligou-se à VAR-Palmares. Passou sua infância em Lambari, no sul de Minas Gerais, onde nasceu. No Rio de Janeiro, foi líder estudan-
til secundarista, estudou no Colégio Pedro II e participou da Juventude Estudantil Católica. Em fins de 1969, foi morar em Belo Horizonte
(MG). Foi preso na capital mineira no dia 26/01/1970, no apartamento onde residia, na avenida Augusto de Lima. Foram presos também
ugusto ezar a es a v o, ortunato a va ernar es e os o erto orges amps.

Lucimar foi visto pelos companheiros quatro dias depois da prisão, quando chegava escoltado à penitenciária Magalhães Pinto, em Ribeirão
das Neves (MG). Morreu, aos 21 anos, no dia 31/07/1970, no Hospital Militar de Belo Horizonte, onde teria definhado desde março. Pela
vers o o c a , a morte o atr u a a er mentos so r os por ocas o e um grave ac ente ocorr o com o ve cu o po c a que o transpor-
tava e que teria capotado. Essa mesma notícia foi repassada aos companheiros de prisão pelo capitão da PM Pedro Ivo Gonçalves Ferreira,
em março de 1970.

m epo mento, os o erto orges amps a rma que esteve com uc mar no res o aga es nto, sen o que em 28 e a ne ro
ele foi levado pelos agentes. Decorrido algum tempo, o capitão Pedro Ivo Gonçalves Ferreira compareceu ao presídio exclusivamente para

percorrer as celas e comunicar


que o transportava. queafirmou
José Roberto Lucimarainda
haviaque,
sofrido ferimentos
em março graves ano,
do mesmo em conseqüência
quando estavadenoacidente
quartelocorrido com a viatura
do 8º Batalhão policial
de Guardas da
, um sent ne a e contou ter v sto uc mar agon zan o, no osp ta tar, e que cara mpress ona o ao sa er sua a e, 21 anos,
pois imaginara que tivesse mais de 60. Dessa forma, descrevia o quanto era precário o estado físico em que Lucimar se encontrava, coberto
de hematomas e imobilizado por estar com a coluna quebrada. A mãe de Lucimar, ao visitar o filho no hospital após o acidente, no qual
também se feriram policiais, soube que ele sofrera sevícias. Relatou que tentara transferi-lo para outro hospital, o que considera poderia
ter sa va o sua v a.

relator votou pelo deferimento do processo, havendo pedido de vistas após voto em contrário. O pedido de vistas de Paulo Gustavo Gonet
Branco pretendeu possibilitar que dois integrantes da CEMDP, ausentes na reunião, também votasem, conforme a praxe observada de evitar
que assuntos po m cos ossem ec os sem o voto e to os os mem ros o co eg a o. o acompan ar o voto anter or, onet se eteve
em examinar se a morte fora ou não por causa natural, conforme os preceitos da Lei nº 9.140 95, concluindo que o acidente causador da
morte, conforme a versão das próprias autoridades, se deu durante remoção em veículo policial de um presídio a outro, o que caracteriza
claramente o conceito de dependência policial ou assemelhada.

JOSÉ
NúmeroMARIA FERREIRA
do processo: 223/96
DE ARAÚJO (1941-1970)
aç o: ar a a once ç o erre ra e ra o e os exan re e ra o
ata e oca e nasc mento: 6/06/1941, Fortaleza (CE)
Organização política ou atividade: VPR
Data e local da morte: 23/09/1970, São Paulo (SP)
ata a pu caç o no : Lei nº 9.140 95 – 04 12 95

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Conhecido na militância clandestina da VPR como Aribóia ou Araribóia, foi morto em São Paulo em 23/09/1970, sendo enterrado no cemi-
t r o e a or mosa so a ent a e a sa e son a ra ar n a, nome que aca ou constan o em v r as stas que enunc avam as
mortes e esaparec mentos po t cos urante o reg me m tar.

Cearense de Fortaleza, com a família residindo no interior da Paraíba, José Maria ingressou na Marinha em 1959, no Rio de Janeiro. Logo
p s a epos ç o e o o ou art, o preso e acusa o e ser um os organ za ores a ssoc aç o os ar n e ros e uz e ros ava s o
ras . ermaneceu ncomun c ve na a as ores, o e ane ro, por quatro meses, sen o expu so a rma a em ezem ro e 1964.
Mais tarde, foi condenado pela 1ª Auditoria da Marinha a 5 anos e 1 mês de prisão.

os ar a esteve em u a como ntegrante o grupo e m tantes o . ra um os contatos reqüentes e os nse mo os antos ,


o ca o nse mo, com quem atuara nas mo zaç es os mar n e ros no n c o os anos 60, e que ma s tar e ser a esmascara o como
gente infiltrado, responsável pela prisão e morte de um número incalculável de militantes das organizações clandestinas de resistência ao
regime militar. Naquele país, foi casado com a militante de srcem paraguaia Soledad Barret Viedma, com quem teve uma filha. Soledad
ser a morta em 1973, em ernam uco, quan o m tava na e estava gr v a e seu parce ro ca o nse mo, que tra a ava at va-
mente para os rg os e repress o.

Documentos dos órgãos de segurança do regime militar registram a informação de que José Maria foi morto em 23/09/1970, num terminal
de ônibus no Anhangabaú, no centro da capital paulista, quando reagiu à prisão que seria efetuada por agentes do DOI-CODI SP. Na vés-
pera, os agentes desse órgão de repressão teriam detido Mário de Freitas Gonçalves, também militante da VPR, conhecido como Dudu, que
informou sobre o encontro com Aribóia, conseguindo fugir espetacularmente quando José Maria reagiu, sendo esse um primeiro episódio
em que a VPR se viu envolvida com a possibilidade de existir infiltração em suas fileiras.

s con ç es a morte e os ar a somente o t veram a gum esc arec mento em 1990, a part r a a ertura a a a e erus, em
São Paulo, e do acesso aos arquivos do IML/SP. Uma requisição de exame ao IML, assinada pelo delegado do DOPS Alcides Cintra
Bueno Filho, datada de 23/09/1970, informa que preso por atividades terroristas, faleceu ao dar entrada na Delegacia Distrital,
presum n o-se e ma s to. on orme a pr pr a requ s ç o, a e egac a str ta em quest o oca zava-se na ua ut a e era a
própria sede do DOI-CODI de São Paulo.

laudo necroscópico assinado por Sérgio Belmiro Acquesta e Paulo Augusto de Queiroz Rocha descreve diversas equimoses e escoriações:
no que xo – a n ca v s ve na oto e seu corpo encontra a nos arqu vos – e a n a nos raços, reg o g tea e sacra, e em orma e co ar
em torno dos dois punhos, o que foi visto na CEMDP como prova de que José Maria foi preso. Os legistas afirmam, no entanto, que não
puderam determinar a causa da morte. Sugerem duas possibilidades: envenenamento com alguma substância volátil não identificada no
exame toxicológico, ou a morte súbita em função da comoção causada pela prisão. Assim, a certidão de óbito, lavrada no Cartório da Vila
ar ana tem como ec arante au no e au a me a e a causa a morte consta como n eterm na a .

Posteriormente, foram localizados nos arquivos do DOPS/SP outros documentos oficiais que contradizem a versão apresentada, tal como
resposta que o mesmo delegado Alcides Cintra Bueno Filho enviou ao Coronel Lima Rocha, chefe da 2ª Secção do II Exército: “ alecido
em conseqü nc a e v o ento t rote o que travou com agentes os rg os e segurança . utro ocumento, tam m ass na o pe o mesmo
delegado Cintra Bueno, datado de 07 01 1971, informa: “ o o n staura o nqu r to po c a a respe to o to, a a a agrante ev nc a
da naturalidade do óbito. Diante do exposto, determino o arquivamento do presente, protocolado no Arquivo Geral deste Departamento, para

fins de prontuário”. Os restos mortais jamais puderam ser encontrados, apesar das inúmeras tentativas feitas durante o governo da prefeita
u za run na, em unç o as trans ormaç es ntro uz as nas qua ras o cem t r o, sem o ev o reg stro ocumenta as mu anças.

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À MEMÓRIA E À VERDADE

JORGE LEAL GONÇALVES PEREIRA (1938-1970)


Número do processo: 08 9 96
Filiação: osa ea onça ves ere ra e n as onça ves ere ra
Data e local de nascimento: 26/12/1938, Salvador (BA)
Organização política ou atividade: AP
Data e local da morte: 20/10/1970, Rio de Janeiro (RJ)
Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140 95 – 04 12 95

Desaparecido político, seu nome integra a lista anexa à Lei nº 9.140/95. Baiano de Salvador, engenheiro eletricista, trabalhou na Petrobras,
na Refinaria de Mataripe, sendo preso em abril de 1964 e, nesse mesmo ano, demitido da empresa estatal. Foi casado com Ana Néri Rabello
onça ves er e ra, com quem teve quatro os. p s ser erta o tra a ou na oe a – ompan a e etr c a e a a a.

oi seqüestrado na rua Conde de Bonfim, na Tijuca, Rio de Janeiro, no dia 20/10/1970, por agentes do DOI-CODI/RJ. Levado para aquele
destacamento no Batalhão de Polícia do Exército, foi acareado com o estudante Marco Antônio de Melo, com quem tinha marcado um en-
contro de rua. Cecília Coimbra, psicóloga e fundadora, mais tarde, do Grupo Tortura Nunca Mais, presa no DOI-CODI RJ naquele momento,
viu Jorge sendo levado para interrogatório.

m 06/12/1971, o advogado de Jorge Leal conseguiu a suspensão da audiência de um processo na 1ª Auditoria da Aeronáutica, no Rio de
ane ro com 63 r us acusa os e pertencerem , pe o ato e seu const tu nte n o ter s o apresenta o ao tr una , mesmo estan o
preso conforme informações de outros acusados. O Conselho de Justiça decidiu ouvir, então, o depoimento de Marco Antonio de Melo, que
confirmou a prisão de Jorge no DOI-CODI. Mesmo assim, o I Exército oficiou à Auditoria da Aeronáutica negando o fato.

m novem ro e 1972, a m e e orge ea , sen ora osa ea onça ves ere ra, env ou uma carta, que n o o teve resposta, esposa o
presidente da República, senhora Scyla Médici, com o seguinte teor:

“Há dois anos meu filho Jorge foi preso na Guanabara. Jorge é casado, tem quatro filinhos e eu, como mãe e avó, venho lhe pedir para ter pena
destas crianças que ainda tão pequenas estão privadas do seu amor e do seu carinho. Os meninos têm 8, 6, 4 e 2 anos.(...)E a menina está com
anos e meio, e esta não conhece o pai. D. Scyla, perdoe-me tomar algum tempo seu para me ouvir, mas acho que não tenho outra pessoa a
quem me dirigir. Assim faço neste momento, lhe dirijo o pedido de uma mãe e avó à outra: onde está Jorge ”?

Nos arquivos do DOPS PR o nome de Jorge figura numa gaveta com a identificação de “ ae c os”. Em 08 04 1987, a revista Isto ,
matéria “Longe do Ponto Final”, publicou revelações de Amílcar Lobo, médico cassado pelo Conselho Federal de Medicina em 1989 por
participar das sessões de tortura, que afirmava ter visto Jorge no DOI-CODI/RJ, sem precisar a data. A morte de Jorge e de mais outros 11
desaparecidos foi confirmada por um general entrevistado pelo jornal Folha de S. Paulo, no dia 28/01/1979, cujo nome não foi publicado.

JOAQUIM CÂMARA FERREIRA (1913-1970)


Número do processo: 132/96
ata e oca e nasc mento: 5 09 1913, Jaboticabal SP
Filiação: Cleonice Câmara Ferreira e Joaquim Baptista Ferreira Sobrinho
Organização política ou atividade: ALN
Data e local da morte: 23/10/1970 em São Paulo
e ator: uzana en ger s a
Deferido em: 23 04 1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 25/04/1996

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Joaquim Câmara Ferreira foi preso em São Paulo no dia 23/10/1970 e morto sob torturas no mesmo dia. Mais conhecido por Toledo, era
cons era o o n mero 2 a en o part c pa o retamente o seqüestro o em a xa or norte-amer cano, ar es ur e r c , em
setem ro e 1969. e encontrava em Cuba quando Carlos Marighella foi morto, em novembro do ano anterior. Retornou então ao Brasil e
ssumiu o comando geral daquela organização clandestina.

ua morte o vu ga a na mprensa, ma s uma vez, como sen o trun o o e ega o rg o aran os eury, o pau sta, con ec o
chefe de torturas, processado várias vezes como líder maior do Esquadrão da Morte. Quem teria levado a polícia a localizar Toledo foi o
militante da ALN José da Silva Tavares, preso meses antes em Belém e que teria passado a colaborar com os órgãos de segurança. Joaquim
Câmara Ferreira nasceu em Jaboticabal (SP), em 05/09/1913. Era membro do Partido Comunista desde 1933. Jornalista, foi diretor de diver-
sas pu caç es o part o e, em 1937, passou a atuar e orma c an est na, concentran o seu tra a o no s n ca smo o setor er rov r o.
Durante o Estado Novo foi preso numa gráfica do PCB e torturado no DOPS paulista até perder algumas unhas da mão. Em 1946, elegeu-se
vereador em Jaboticabal, mas no ano seguinte, com a cassação do registro eleitoral do PCB, perdeu o mandato. Em 1953, atuou de forma
destacada na greve geral de São Paulo. Foi vogal da Justiça do Trabalho.

m 1964, foi preso em São Bernardo do Campo, onde realizava palestra para operários sobre o papel da imprensa na luta pelas re-
formas de base, sendo libertado pouco depois. Em 1967, acompanhou Marighella na formação do Agrupamento Comunista de São
Paulo, embrião da ALN.

Toledo foi preso por volta de 19 horas do dia 23 10 1970, na avenida Lavandisca, bairro de Indianópolis, em São Paulo. A versão divulgada
foi de que Câmara morrera ao entrar em luta corporal com os agentes que buscavam prendê-lo. Na verdade, foi levado para um sítio clan-
destino pelo delegado Fleury, onde morreu no mesmo dia, por volta da meia-noite, conforme apurou a CEMDP.

m telex encontrado nos arquivos do DOPS PE, o II Exército informa que o DOPS localizara e prendera às 19h30min do dia 23 de outubro,
Joaquim Câmara Ferreira, que investira contra os policiais causando em vários deles ferimentos generalizados, tendo falecido no decurso da
diligência. Continua a mensagem: “ nformo ainda foi dado conhecer repórteres imprensa falada escrita seguinte roteiro para ser explorado
entro o esquema monta o na rea .

Um Relatório Especial de Informações nº 7/70, exemplar nº 18, do Ministério do Exército, assinado pelo general de Brigada Ernani Ayrosa
da Silva, Chefe do Estado-Maior do II Exército, encontrado nos arquivos do DOPS/SP com o título de prisão e morte de Joaquim Câmara
erre ra, o e o ou e o, reg stra que o e ega o rg o ara n os eury, ten o o t o n ormaç o e que os a va avares, esteve
com Toledo, antes de seguir para o norte do país, obteve autorização e apoio do II Exército para buscar o preso e trazê-lo para São Paulo.
Depois de cerca de um mês de exaustivo processo de investigação, partindo da colaboração do infiltrado, fora levantada uma pista, no dia
21 outubro. No relatório consta que: “ endo submetido a interrogatório, Toledo foi acometido de crise cardíaca, que lhe ocasionou a morte,
apesar a ass st nc a m ca a que o su met o .

A morte de Toledo sob torturas já havia sido denunciada pelos presos políticos da época, baseada nos relatos de Maria de Lourdes Rego Melo
e Viriato Xavier de Mello Filho, que também foram torturados no mesmo sítio clandestino do delegado Fleury.

m depoimento prestado à CEMDP, Maurício Klabin Segall, que é filho de Lasar Segall, um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil,
e convivia com Câmara Ferreira desde a década de 50, relatou o ocorrido com detalhes bem precisos. Maurício foi preso na tarde do dia 23

de outubro, junto com Maria de Lourdes Rego Melo. Os dois foram levados ao sítio do delegado Fleury. Maurício assim narrou os fatos:
(...) No sítio, bem primitivo, ao qual chegamos de olhos vendados, a iluminação era de velas, pois não havia luz elétrica. O sítio aparentemen-
e tinha dois quartos, uma sala/cozinha e um banheiro. Os choques elétricos aplicados no pau-de-arara eram gerados num aparelho, acio-
nado por manivela manual. Já estava lá sendo torturado Viriato, recém chegado de Cuba. (...) Tudo que se passava num dos cômodos, mesmo
com porta fechada, se ouvia nos demais. (...) Quando fui pendurado, o interrogador era o próprio Fleury. (...) Em meio da minha tortura no

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À MEMÓRIA E À VERDADE

pau-de-arara, já de noite, que vinha durando algum tempo, houve uma agitação coletiva, colocaram uma espécie de apoio nos meus quadris,
e orma que que s parc a mente pen ura o e a ma or a os po c a s e xou s pressas o s t o, e xan o apenas o s ou tr s para tr s. o
sei quanto tempo isto durou (no mínimo 2 horas) mas, a um certo momento, fui tirado com as pernas totalmente inermes do pau-de-arara, só
podendo andar amparado e fiquei sentado na sala com uma venda nos olhos, mas que deixava uma fresta na parte de baixo. Logo depois, ouvi
uma pessoa chegando, arfando desesperadamente, com falta de ar, com sintomas muito parecidos com ataque cardíaco (que eu conhecia
pois eram semelhantes daqueles do meu pai, por ocasião de sua morte). Esta pessoa foi levada para o quarto que tinha a cama e não o pau-
de-arara. Fiquei sabendo que era Toledo pelos comentários que vinham sendo feitos pelos policiais. Havia muita agitação entre eles e Toledo
não parava de arfar. A um certo momento, vi pela fresta inferior da venda dos olhos, passarem duas pernas vestidas de branco, calçadas com
sapatos brancos. Não havia dúvida que era um médico. Logo depois, Toledo parava de arfar. Muito rapidamente o acampamento foi levantado
e fomos levados de olhos vendados para o DOPS e, a seguir, para a OBAN. (...) Ouvi diversas manifestações de irritação do pessoal da OBAN
com o pessoal do Fleury devido à morte de Toledo sem que eles pudessem tê-lo interrogado também (...) Soube depois, também, que Maria,
Viriato e eu termos sobrevivido ao sítio se deveu, em boa parte, à morte prematura de Toledo”.

Com base em todas essas informações, coletadas e sistematizadas no parecer apresentado à Comissão Especial na reunião de 23 04 1996,
o caso o e er o por unan m a e.

ARY ABREU LIMA DA ROSA (1949-1970)


Número do processo: 31 1 96
Filiação: Maria Corina Abreu Lima da Rosa e Arci Cattani da Rosa
Data e local de nascimento: 28/05/1949, Porto Alegre (RS)
Organização política ou atividade: ov mento stu ant
ata e oca a morte: 28 10 1970, em Canoas RS
Relator: general Osvaldo Pereira Gomes, com vistas de Suzana Keniger Lisbôa
Deferido em: 30/01/1997 por unanimidade
ata a pu caç o no : 18 02 1997

Ary Abreu Lima da Rosa era estudante de Engenharia em Porto Alegre, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e morreu aos 21 anos.
Na discussão do caso na CEMDP, foi apresentado inicialmente um voto pelo indeferimento por falta de provas. Ocorreu, então, um pedido
e v stas que susc tou mportante tra a o e nvest gaç o, e va a a ante com sucesso pe a om ss o spec a .

A informação que se tinha até então era a de que Ary havia se suicidado, em 28/10/2007, na Base Aérea de Canoas, onde cumpria pena por
condenação política, conforme relatado no Dossiê dos Mortos e DesaparecidosPolíticos. Existia também uma referência no boletim d e mar-
ço e 1974 a n st a nternac ona , que n ormava ter o estu ante morr o so torturas, mas reg stran o como ata novem ro e 1970.

Somente o fato de ser preso político e ter morrido em dependência policial bastaria para a aceitação do caso dentre os dispositivos da Lei
nº 9.140/95 , mas a investigação foi além. A CEMDP localizou no STM a Apelação nº 38.749, referente a um processo na 1ª Auditoria da 3ª
rcunscr ç o u c r a tar, e o nqu r to so re o suposto su c o. s ocumentos encontra os causam mpacto n o s pe o mot vo a
con enaç o, mas pe o teor e um au o m co anexa o ao processo, que reve a a ut zaç o a s qu atr a como nstrumento e repress o
política, seguindo a cartilha das piores sociedades totalitárias.

Inicialmente, Ary foi preso em 09 01 1969, junto com Paulo Walter Radke, militante do POC e de um grupo dissidente denominado MRC
Movimento Revolucionário Comunista , quando ambos estariam distribuindo na Universidade um manifesto que criticava a falta de vagas,
nalisava a situação do ensino universitário, condenava o regime militar e conclamava os estudantes à união e à participação na eleição
do DCE-Livre, apoiando o MUC – Movimento Universidade Crítica. Ao tomar conhecimento da panfletagem, a diretora da Faculdade de
arm c a, e c s ar a m t antana, c amou o , que evou os o s estu antes.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Depois de solto, Ary decidiu se mudar para São Paulo com a namorada, Eliane Cunha, filha de José Gay Cunha, militante brasileiro que lutou
o a o os repu canos na uerra v span o a. ry n o se a ustou v a c an est na em o au o e retornou a orto egre. m 28
e agosto e 1969, o con ena o reve a pena e 6 meses e rec us o.

Com o retorno de Ary a Porto Alegre, seu pai, Arcy Cattani da Rosa, engenheiro hidráulico, professor na Universidade Federal, que se opunha
ortemente part c paç o o o nas at v a es estu ant s, reso veu ntern - o na c n ca ps qu tr ca e um parente. ermaneceu entre
02 09 69 e 01 09 1970 no Sanatório São José, sen do submetido a tratamento farmacológico e psicoterapia de apoio. Tra nsferido no dia
seguinte para o hospital da Base Aérea de Canoas, por interferência do pai, veio a falecer quase dois meses depois. Teria cometido suicídio
seccionando os vasos do antebraço.

Como prova de que Ary teria se suicidado por ser “doente mental”, conforme sustentava o procurador da Justiça Militar, foi anexado ao
IPM cópia de ficha médica arquivada no Sanatório, onde o médico psiquiatra José A. Godoy Gavioli diagnosticara reação esquizoparanóide,
dizendo que, em função de sua inadequação ao ambiente familiar, Ary tivera abalos psíquicos. Eis as palavras do psiquiatra: “ Passou a
apresentar as re orm stas, pr nc pa mente e natureza mater a sta, ent can o-se com os pr nc p os esquer stas, soc a smo, e mesmo
comun smo. e xou crescer a ar a e ca e o como um protesto ao mun o cap ta sta . o aten o em om c o, que se negava a sa r
de casa para entrevistas no consultório e a abordagem para sua hospitalização naquela oportunidade tornou-se impraticável. Atualmente
recidivam alguns aspectos do quadro acima relatado, embora em menor intensidade e tendo em vista ter realmente se envolvido em política
estu ant e esquer a, on e procurava, entro e sua ps copato og a esqu zoparan e, por em pr t ca certos aspectos quase e rantes as
concepções que morbidamente defende, sugerimos a baixa, que foi aceita pelo paciente .

inquérito formalmente instalado para investigar o suicídio foi desenvolvido com tanta superficialidade que nem sequer menciona qual
o eto ter a s o usa o por ry para cortar as pr pr as ve as. om as novas n ormaç es traz as ap s a so c taç o e v stas, o processo
recebeu voto favorável também do relator, general Osvaldo Pereira Gomes, sendo o deferimento uma decisão unânime na CEMDP.

EDSON NEVES QUARESMA (1939-1970)


úmero do processo: 22 2 96
iliação: Josefa Miranda Neves e Raimundo Agostinho Quaresma
ata e local de nascimento: 1/12/1939, Apodi (RN)
Organização política ou atividade:
ata e oca a morte: 05 12 1970, São Paulo SP
elator: Suzana Keniger Lisbôa
eferido em: 30/01/1997 por 4x3 (votos contra do general Oswaldo Pereira Gomes, Paulo Gustavo Gonet
ranco e João Grandino Rodas
ata da publicação no DOU: 18 02 1997

YOSHITANE FUJIMORI (1944-1970)


Número do processo: 32 5 96
Filiação: arue u more e a a azu u mor
Data e local de nascimento: 9/05/1944, Mirandópolis (SP)

Organização
ata e oca política
a morteou
: 05atividade: VPR
12 1970, São Paulo SP
e ator: uzana en ger s a
Deferido em: 30/01/1997 por 6x1 (voto contrário do general Oswaldo Pereira Gomes)
Data da publicação no DOU: 18/02/1997

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À MEMÓRIA E À VERDADE

No dia 05/12/1970, Edson Neves Quaresma e Yoshitane Fujimori, militantes da VPR, trafegavam de carro pela Praça Santa Rita de Cássia,
na capital paulista, quando foram interceptados por uma patrulha do DOI-CODI SP. Os fatos foram relatados à CEMDP por Ivan Akselrud de
Seixas, que por sua vez colheu depoimento, na época, de um motorista de táxi que presenciara o ocorrido. O taxista descreveu, detalhada-
mente, que Fujimori caiu no meio da praça e Quaresma numa rua de acesso, sendo carregado por dois policiais e agredido na Praça até a
morte. Fujimori chegou com vida ao DOI-CODI/SP, fato declarado a Ivan pelos policiais Dirceu Gravina e “Oberdan” durante seu interroga-
t r o naque a un a e e repress o po t ca, em 1971.

Nascido em Itaú, que naquela época pertencia ao município de Apodi (RN), Quaresma era afro-descendente e estudou até a quinta série do
curso primário em Natal. Em 1958, ingressou na Escola de Aprendizes de Marinheiros, em Recife (PE), da qual saiu como grumete em 1959.
ogo em segu a, o es oca o para o o e ane ro, ten o serv o no cruza or aman ar . o tesoure ro a ssoc aç o os ar n e ros
e Fuzileiros Navais do Brasil. Após a deposição de João Goulart, ficou preso na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, durante um ano e dois
meses. Em 31/12/1964 foi expulso da Armada. A partir de 1965, passou a atuar na clandestinidade, vinculado ao MNR, Viajou para Cuba e
lá recebeu treinamento de guerrilha. Teria regressado ao Brasil em julho de 1970, já integrado à VPR.

Quaresma mantinha estreita ligação com o agente infiltrado cabo Anselmo. Depoimento prestado pelo cabo ao DOPS, localizado nos arquivos
secretos desse departamento policial, explica que Quaresma tinha retornado de Cuba ao Brasil com a missão de preparar a chegada de próprio
Anselmo. No voto da relatora do processo junto à CEMDP existem referências à possibilidade de que a eliminação sumária desses dois militantes,
e e eva a mport nc a na estrutura a , ten a nexo com a necess a e e manter so segre o a atuaç o n tra a o ca o nse mo.

Natural de Mirandópolis, interior paulista, Fujimor


i era técnico em eletrônica e, nas atividades da VPR,os órgãos de segurança já sabiam de sua
estreita ligação com Carlos Lamarca, que nessa altura do calendário era considerado o inimigo número 1 do regime militar. Fujimori foi um dos
m tantes que acompan aram amarca no romp mento o cerco mposto a uma rea e tre namento a no a e o e ra, em o au o, no
pr me ro semestre aque e ano e um os acusa os e executar a coron a as o tenente a pau sta erto en es un or.

Ambos foram sepultados como indigentes no Cemitério de Vila Formosa, Quaresma, sob nome falso. Os laudos de necropsia foram assinados
por arry ata e rman o anger o r gues. so c taç o e exame necrosc p co e uaresma o e ta pe o e ega o o c es
Cintra Bueno Filho e registra que o corpo deveria ser fotografado de frente e perfil. Mas não foram encontradas fotos de seu corpo, que
deu entrada no IML quatro horas depois do suposto horário da morte. O laudo registra que uma das cinco balas encontradas em seu corpo
tingiu as costas e as outras quatro foram disparadas na cabeça, uma na região auricular direita. A relatora argumentou, em seu parecer,
que era prat camente mposs ve uma pessoa morrer em t rote o com quatro t ros na ca eça.

A CEMDP encaminhou os documentos relativos à morte de Fujimori para laudo do perito Celso Nenevê, que produziu a prova mais im-
portante utilizada pela relatora. Analisando a trajetória dos tiros, o perito concluiu que três dos quatro projéteis que penetraram na face
re ta oram a os com o corpo e u mor em pos ç o n er or, ou se a, ca o ou e ta o. or ma or a e votos, a cons erou que
dson e Yoshitane foram executados sob a guarda do Estado. Os processos foram relatados em conjunto, mas as discussões foram feitas em
separado, resultando em votações diferenciadas.

EDUARDO COLLEN LEITE (1945-1970)


Número do processo: 008/96

Filiação: Mariae Aparecida


ata e oca Leite e Alberto Collen Leite
nasc mento: 28 08 1945, Campo Belo MG
Organização política ou atividade:
Data e local da morte: 08/12/1970, São Sebastião (SP)
Relator: Suzana Keniger Lisbôa
e er o em: 18 01 1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 25 01 1996

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Conhecido como Bacuri, Eduardo Leite tinha sido da VPR e liderou uma pequena organização clandestina de oposição armada, denominada
Rede – Resistência Democrática, que se incorporou em 1970 à ALN. Foi preso no Rio de Janeiro em 21 08 1970. Seu caso foi escolhido para
ser o primeiro a ser colocado em julgamento pela CEMDP, em função dos testemunhos e documentos que comprovam a premeditação de
sua morte, conforme registrado no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos.

ne ro e ampo e o, estu ou em o au o e, mu to ovem, gou-se o op. m 1967, o ncorpora o ao x rc to, serv n o na 7ª om-
panhia de Guarda e, posteriormente, no Hospital do Exército, no bairro do Cambuci, em São Paulo. Técnico em telefonia, era casado com
Denise Crispim, grávida quando de sua prisão. A filha, Eduarda, nasceu meses depois, na Itália, onde a mãe decidiu se refugiar. Denise era
irmã de Joelson Crispim, cuja morte já foi relatada neste livro-relatório, e filha do deputado constituinte pelo Partido Comunista, em 1946,
os ar a r sp m. s agentes os rg os e segurança o reg me m tar n o escon am, a respe to e acur , uma at tu e e temor que
se apoiava na lista de operações armadas em que tinha participado, incluindo dois seqüestros de diplomatas, o do cônsul japonês em São
Paulo e do embaixador alemão no Brasil.

reso no o e an e ro pe o e ega o rg o aran os eury, o eva o para uma res nc a part cu ar ut za a como c rcere c an est no,
em São Conrado. Ali estava preso Ottoni Guimarães Fernandes Júnior, também militante da ALN, que denunciou o fato em depoimento à
Auditoria Militar. Eduardo foi levado a São Paulo, voltou ao Rio de Janeiro e retornou novamente à capital paulista, onde, em outubro, foi
colocado na cela 4 do compartimento conhecido como fundão do DOPS/SP, onde as celas eram totalmente isoladas.

No dia 25 de outubro, a imprensa divulgou amplamente as notas oficiais anunciando a morte de Joaquim Câmara Ferreira, principal dirigen-
te da ALN, sendo que a informação farsante mencionava que, no momento da prisão de Câmara, Eduardo Leite havia fugido. O comandante
da tropa de choque do DEOPS, tenente Chiari, da PM paulista, mostrou a Eduardo, no dia 25, os jornais que noticiavam sua fuga. Cerca de
50 presos po t cos que se encontravam no compreen eram que a a sa n ormaç o era a sentença e morte e acur e passaram a
manter v g a permanente.

Para facilitar a retirada de Eduardo de sua cela, o delegado Luiz Gonzaga dos Santos Barbosa, responsável pela carceragem do DOPS, rema-
ne ou os presos, manten o acur em uma ce a onge a o servaç o os ema s. s o ra ças e ec a uras oram u r ca as, e orma
ev tar qua quer ru o. os 50 m nutos o a 27 e outu ro, tr s as ep o s e sua uga ter s o o c a mente vu ga a, uar o o
retirado dali sob gritos de protestos dos demais presos.

part r a , n orma o aspar em ta ura scancara a : acur c egou ao orte os n ra as, no uaru , entro e um saco e
ona. rancaram-no numa pequena so t r a ergu a na pra a o ueno e epo s evaram-no para um t ne o ep s to e mun ç es, a tr s
quilômetros de distância. Era certo que se houvesse algum seqüestro de diplomata, ele entraria na lista de presos a serem libertados. No dia 8
de dezembro, passadas menos de 24 horas do seqüestro, no Rio de Janeiro, do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, uma Veraneio esta-
c onou na entra a o ep s to. e a sa taram um ma or e o s tenentes. oram ao an e ro on e acur estava tranca o e sseram- e que
am ev - o ao osp ta m tar. m so a o a u ava-o a encostar-se na p a para avar-se quan o o ma or man ou que sa sse: scute uma
pancada. Não sei se era tiro ou o barulho de uma cabeça batendo na parede. Só sei que logo depois o corpo dele foi retirado do banheiro no
mesmo saco de lona em que chegou’ (narrativa do soldado Rinaldo Campos de Carvalho). A polícia paulista informou que Bacuri, localizado,
o ereceu tenaz res st nc a a t ros . n a 25 anos, e seu corpo o a an ona o no cem t r o e re a ranca, em antos, com o s t ros no
pe to, um na t mpora e outro no o o re to .

exame necroscópico assinado pelos legistas Aloysio Fernandes e Décio Brandão Camargo confirma a versão farsante de tiroteio. O corpo
o entregue am a e cont n a ematomas, que ma uras e escor aç es. u tos anos ma s tar e, com a a ertura os arqu vos o
e ernam uco, o po ss ve comprovar a a s a e a suposta uga . o encontra a transcr ç o e uma mensagem ass na a pe o c e e a
2ª seção do II Exército coronel Erar de Campos Vasconcelos. Nela, o DOPS comunica a prisão de Joaquim Câmara Ferreira, informando que
tinha resistido à prisão, vindo a morrer no decorrer das diligências. Continua a mensagem: “Informo ainda foi dado conhecer repórteres
mprensa a a a escr ta segu nte rote ro para ser exp ora o entro o esquema monta o na rea .

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À MEMÓRIA E À VERDADE

comunicado repete, então, na íntegra, o descrito antes sobre a prisão e morte de Câmara, sendo acrescido que “Eduardo Leite, o Bacuri,
cu a pr s o v n a sen o mant a em s g o pe as autor a es, av a s o ev a o ao oca para apontar oaqu m mara erre ra, v sto que
se sabia que este se utilizava de tintura de cabelo e lentes de contato e outros artifícios para modificar sua aparência. Aproveitando-se da
confusão, Bacuri, implicado nos seqüestros do cônsul japonês e do embaixador alemão, logrou fugir, auxiliado por dois comparsas de Joaquim
Câmara Ferreira, também conhecido pelos nomes de ‘Toledo’ e ‘Velho’, que também conseguiram evadir”.

oss os ortos e esaparec os a rma que, urante o per o o em que esteve preso, uar o esteve nas m os o e ega o eury e sua
equipe, dentre os quais foram identificados os investigadores João Carlos Trali, vulgo “Trailer”; Jose Carlos Filho, vulgo “Campão”; Ademar
Augusto de Oliveira, vulgo “Fininho”; Astsrce Corrêa de Paula e Silva, vulgo “Correinha”, além de vários outros conhecidos apenas por
pe os, to os en unc a os em processos so re o squa r o a orte.

CELSO GILBERTO DE OLIVEIRA (1945-1970)


Número do processo: 01 4 96
Filiação: Julieta Pedroso de Oliveira e João Adelino de Oliveira
Data e local de nascimento: 26/06/1945, Porto Alegre (RS)
Organização política ou atividade: VPR
ata e oca a morte: após 29 e 30 12 1970, Rio de Janeiro RJ
Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140 95 – 04 12 95

Desaparecido constante da lista anexa à Lei nº 9.140/95. Praticamente inexistem informações biográficas sobre sua trajetória política
nter or m t nc a na . a c o e orto egre, corretor e m ve s, e so erto e ve ra o preso no o e ane ro, em
9 ou 10 12 1970, num mom ento em que as forças de repressão polític a estavam especi almente ativas. No dia 7, tinha sido seqües-
trado o embaixador da Suíça no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, e os órgãos de segurança buscavam com voracidade alguma pista
que levasse ao cativeiro do diplomata.

e acor o com o oss os ortos e esaparec os , Celso foi preso por agentes do CISA, o setor de inteligência da Aeronáutica, coman-
dados pelo capitão Barroso, sendo transferido ao DOI-CODI/RJ. Segundo denúncias feitas mais tarde por outros presos políticos, Celso
ilberto foi torturado nessa unidade pelos tenentes Hulk, Teles e James, todos do Exército. O ex-preso político Sinfrônio Mesa Neto afirma
em seu epo mento que o acarea o com e so nos as 24 e 25 e ezem ro, para que e e osse ncr m na o como m tante a e
seqüestra or o em a xa or su ço.

Segundo o Relatório do Ministério do Exército, apresentado ao ministro da Justiça Maurício Correa em 1993, Gilberto foi preso pelo CISA
em 09 12 1970 e entregue ao DOI-CODI do I Exército no dia 11 12 1970. Foi interrogado em 29 12 1970, quando admitiu o seu envolvi-
mento no seqüestro do embaixador da Suíça no Brasil. Na madrugada de 29 30 de dezembro de 1970, conduziu ardilosamente as equipes
dos órgãos de segurança ao local que seria o cativeiro, mas, comprovada a farsa, empreendeu fuga conseguindo evadir-se, fato confirmado
pelo relatório da Operação Petrópolis de responsabilidade do DOI-CODI/I Exército.

o eat r o o n st r o a ar n a reg stra: teria sido preso em 1012 70, por Oficial da Aero
náutica e levado apra o Quartel da PE, na Gua
nabara,
no dia 18/12/70; a partir daquela data não se soube mais do seu paradeiro. Pertencia à VPR e participou do seqüestro do embaixador
”. suíço

e at r o o n st r o a eron ut ca tem uma terce ra vers o: tante a . art c pou o seqüestro o em a xa or su ço ovann
Enrico Bucher, em 07 12 70, do qual resultou o assassinato do agente da Polícia Federal, Hélio Carvalho de Araújo. Enquanto o referido diplo-
mata permanecia em cativeiro, foi detido por uma equipe do então CISA e encaminhado ao DOI/I Ex, em 11 dez 70 ”.

pesar as n ormaç es nos ocumentos o c a s, a morte e e so nunca o assum a pe os rg os e segurança.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

1971
RAIMUNDO EDUARDO DA SILVA (1948-1971)
Número do processo: 259/96
aç o: ar a ranc sca e esus e e ro uar o
ata e oca e nasc mento: 23/03/1948, Formiga (MG)
Organização política ou atividade: AP
Data e local da morte: 05/01/1971, São Paulo (SP)
e ator:genera swa o ere ra om es
Deferido em: 14 05 1996 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 17/05/96

ne ro e orm ga, a mun o uar o a va era um ovem negro, estu ante e oper r o. tante a na c a e e au , no
paulista, estudou no Colégio Visconde de Mauá e atuava junto ao grupo de jovens da Igreja Católica, no Jardim Zaíra, região onde se de-
senvolveu importante trabalho pastoral orientado pelos preceitos da Teologia da Libertação e onde militava clandestinamente, na época, o
legendário Betinho, Herbert José de Souza, que dedicou um texto emocionado ao operário morto.

Raimundo foi o mais jovem presidente da Sociedade Amigos do Bairro do Jardim Zaíra. De 1967 a 1970, trabalhou nas empresas Fer-
tilizantes Capuava, Laminação Nacional de Metais e Ibrape. Sua morte terminou alcançando grande repercussão de imprensa quando
o padre Giulio Vicini e Yara Spadini, dois assessores de Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo metropolitano de São Paulo e símbolo da
uta pe os re tos umanos urante o reg me m tar, oram presos e tortura os porque portavam mp ressos enunc an o a morte
so torturas e a mun o.

Raimundo Eduardo estava internado em uma casa de saúde da Samcil, de São Paulo, de onde foi retirado por agentes dos órgãos de se-
gurança, no a 22 e ezem ro e 1970. n a 22 anos e conva esc a e uas operaç es consecut vas em ecorr nc a e aca a rece a
o tentar mpe r que seu co ega e pens o osse assass na o em uma r ga. m ora seu esta o e sa e osse prec r o, o eva o para o
DOI-CODI/SP e submetido a torturas. Morreu no Hospital Geral do Exército, no bairro do Cambuci, em 5 de janeiro de 1971.

A necropsia foi feita no IML SP, em 22 de janeiro de 1971, pelos legistas João Grigorian e Orlando José Bastos Brandão, que deram como
causa mort s “peritonite”. na documentação do IML que a prova da morte em dependência policial ou assemelhada foi estabelecida pela
CEMDP, que deferiu o requerimento sobre o caso por unanimidade: “vítima de agressão a faca em data de vinte e três de novembro de seten-
a às quinze horas, sendo socorrido pela SAMCIL e posteriormente encaminhado ao Hospital Central do Exército, onde veio a falecer às duas
oras e quarenta e c nco m nutos e c nco e ane ro e setenta e um .

ALDO DE SÁ BRITO SOUZA NETO (1951-1971)


Número do processo: 22 5 96
Filiação: Therezinha Barros Câmara de Souza e Aldo Leão de Souza
Data e local de nascimento: 20/01/1951, Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade: ALN
ata e oca a morte: 07 01 1971, Belo Horizonte
e ator: uzana en ger s a
Deferido em: 23/04/96 por 6x1 (voto contrário do general Oswaldo Pereira Gomes)
Data da publicação no DOU: 25/04/96

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À MEMÓRIA E À VERDADE

Morto em Belo Horizonte poucas semanas antes de completar 20 anos, Aldo nasceu no Rio de Janeiro, sendo criado pela avó, Mercedes
arros mara, es e o a ec mento a m e, quan o t n a 11 anos. onc u u o curso g nas a no o g o anto n c o e ez o c ent co no
Colégio Mallet Soares, no Rio de Janeiro. Iniciou a militância política na ALN aos 17 anos e chegou ao comando regional da organização.
s órgãos de segurança o acusavam de participação em várias ações armadas no Rio de Janeiro, incluindo um assalto a banco em que um
guarda foi morto.

os as em que se arrastavam as tensas negoc aç es entre o reg me m tar e os seqüestra ores o em a xa or su ço no ras , o o
preso em 06/01/1971, após um assalto praticado pela ALN a uma agência do Banco Nacional no centro de Belo Horizonte. Testemunhas da
prisão, Marcos Nonato da Fonseca e Manoel José Nunes Mendes de Abreu, mortos posteriormente, relataram, à época, o ocorrido. Os três
ug am persegu ç o os rg os po c a s, quan o o ca u ao tentar pu ar e um pr o para outro, sen o preso me atamente, no a rro
oresta. o a segu nte, os orna s pu caram a not c a a pr s o e o, mas com oto e outra pessoa.

Munida de uma apresentação do primo, o cardeal do Rio de Janeiro Dom Jayme de Barros Câmara, para o Arcebispo de Belo Horizonte,
om o o esen e osta, a av e o c egou cap ta m ne ra no mesmo a, a erta a so re a pr s o o neto. om e ra m, spo
uxiliar, acompanhou Mercedes até o DOPS MG, onde lhe informaram que o preso havia sido transferido para Juiz de Fora, mas que dentro
de dois dias retornaria a Belo Horizonte, quando então, poderia vê-lo. No aeroporto, Mercedes viu os jornais com a notícia da morte do
neto. Levada ao necrotério, o corpo que lhe mostraram não era dele. Dois dias depois, voltou a Belo Horizonte com o pai de Aldo, quando
e con rmaram que o estava morto.

Nos autos do processo junto à CEMDP, há registros de que Aldo foi morto com o instrumento de tortura denominado “coroa de cristo”,
fita de aço que gradativamente esmaga o crânio. Não há fotos de seu corpo, mas a família constatou o afundamento no crânio. O exame
necroscópico, realizado no IML MG, dia 07 01 1971, pelos legistas Neyder Teixeira e Vera Lúcia Junqueira Monteiro de Barros, confirma
a sa vers o o c a e que o morrera ur ante t rote o. cert o e to, rma a por um m co que n o part c pou a necrops a,
Djezzar Gonçalves Leite, informa que Aldo faleceu no Hospital Militar por “fratura do crânio com hemorragia cerebral”. Depoimentos feitos
por outros presos políticos da época denunciam como assassinos de Aldo o tenente Marcelo Paixão, do CPOR, o capitão Pedro Ivo e o de-
ega o enato rag o.

relatório da CEMDP afirma que as circunstâncias da prisão e morte de Aldo, tal como divulgadas pela imprensa na época, revelam
mais uma farsa montada pelos órgãos de segurança para encobrir a violência e as torturas praticadas contra os presos políticos. Os
jornais do dia 08 01 71 noticiaram o assalto ao banco, ocorrido dois dias antes, realizado por cinco pessoas, relatando a prisão de
uas, a morte e uma e a uga e outras uas. n ormavam a n a que, em ene c o as nve st gaç es, os nomes ser am mant os
em sigilo e que fora confirmada a identidade do assaltante morto no dia anterior, cujo corpo fora removido ao IML. De acordo com
essa versão, o morto seria Fernando Araújo Barcelar, que caíra do terceiro andar de um prédio ao tentar fugir. Com a queda, teria
que ra o a ac a e morr o no osp ta tar, on e av a c ega o sem consc ente, zen o c amar-se aro o . s outros o s
presos, cu as otos e nomes n o oram vu ga os, estar am no .

No dia seguinte, as manchetes dos jornais informaram a prisão de Aldo, que teria ocorrido quando do estouro de um aparelho subversivo.
uma entrev sta co et va mprensa, o e ega o o enato van rag o sse que o era um omem orte a , sen o nterro-
ga o naque e momento - 15 30m n –, mas n o perm t u otos e contato os rep rteres com e e. s operaç es estavam sen o coor ena as
pelo DOI-CODI. Nessa farsa, o homem forte da ALN tinha 19 anos e estava preso, mas Fernando Araújo Barcelar (sua identidade falsa),

que caíra de um prédio, estava morto e aguardava que alguém procurasse seu corpo. A PM montava guarda defronte ao Departamento de
e c na ega . z am preten er esco r r parentes e am gos o morto e mpe r que seu corpo osse resgata o por grupos su vers vos. e
o a n a estava v vo naque e momento, n o o poss ve esco r r.

No dia 14, com a libertação dos 70 presos políticos enviados ao Chile em troca do embaixador suíço, os jornais voltaram ao caso. Em nota
oficial, o CODI MG informou que o terror sta morto ao tentar escapar o cerco po c a , ogan o-se o 3º an ar e um e c o, t n a somente na-

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

quele dia sido reconhecido oficialmente pelos órgãos de segurança e por familiares como sendo Aldo de Sá Brito Souza Neto. O comunicado oficial
exp cava que a a rmaç o anter or so re a captura e o, e ta na co et va e mprensa no , era apenas uma mano ra e contra- n ormaç o
os rg os e segurança, a pr me ra etapa e um p ano organ za o para evar p n co aos omens o terror em er a e .

RUBENS BEIRODT PAIVA (1929-1971)


Número do processo:
Filiação: Aracy Beirodt Paiva e Jaime de Almeida Paiva
Data e local de nascimento: 26/09/1929, Santos
Organização política ou atividade:no e n a
ata e oca o esaparec mento: 20 01 1971, Rio de Janeiro
Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/1995

au sta e an tos, engen e ro c v , empres r o, u ens a va t n a s o, em a r e 1964, v ce- er o na mara os ep uta os,
o mesmo part o po t co o pres ente eposto. eve seu man ato cassa o me atamente, consegu u as o na em a xa a a ugos v a
e viveu durante alguns anos no exílio. Desapareceu em janeiro de 1971. Não houve processo na CEDMP porque a família não requereu a
indenização prevista, preferindo a via do Poder Judiciário para garantir a devida reparação.

Rubens Paiva era casado com Eunice Paiva, que integrou a CEMDP nos meses iniciais de suas atividades. Tiveram cinco filhos. Em 1982,
Marcelo Rubens Paiva, o filho que se tornou escritor e que tinha 11 anos em 1971, emocionou o país ao relatar o grave acidente que o
deixou paraplégico, evocando também suas memórias sobre o desaparecimento do pai, em Feliz ano velho, livro de grande sucesso entre a
uventu e, vence or o r m o a ut e eva o ao teatro e ao c nema.

Rubens formou-se engenheiro civil em 1954, na Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie, em São Paulo, sendo escolhido orador
da turma. Quando universitário, foi presidente do centro acadêmico de sua faculdade e vice-presidente da União Estadual dos Estudantes
e o au o. am m esenvo veu at v a es orna st cas.

Parlamentar muito ativo, defensor das bandeiras nacionalistas desde a luta pela criação da Petrobras, Rubens Paiva foi cassado pelo primei-
ro Ato Institucional como represália a sua corajosa participação na CPI do IBAD – Instituto Brasileiro de Ação Democrática, que apurou o
rece mento e ares proven entes os sta os n os por segmentos e re ta, nc us ve m tares, que estar am envo v os na geraç o
do ambiente político favorável ao Golpe de Estado que terminou se consumando em abril de 1964.

Não sendo militante de qualquer organização clandestina de oposição ao regime ditatorial, voltou a se instalar em seu país, mantendo
t v a e empresar a regu ar e pr spera. reg stros e que, em 1970, ter a reun o ocumentaç o empresar a a respe to e corrupç o
em contratos para a construç o a ponte o- ter , uma as o ras que oram con uz as como a ta pror a e peo reg me m tar, no
período repressivo mais agudo.

No dia 20 01 1971, feriado de São Sebastião do Rio de Janeiro, depois de voltar da praia com duas filhas e receber telefonema de uma pes-
soa que z a querer entregar- e correspon nc a o e, sua res nc a, no e on, o nva a, vascu a a e ocupa a por agentes os
órgãos de segurança. Rubens tratou de acalmar a todos e foi levado preso, tendo dirigido seu próprio carro até o Quartel da 3ª Zona Aérea,

junto ao aeroporto Santos Dumont. Foi essa a última vez que a família o viu. No dia seguinte, sua mulher e Eliane, a filha de 15 anos, foram
presas e levadas para o DOI-CODI RJ, onde permaneceram sem poder se comunicar com Rubens, apesar de os agentes policiais confirmarem
que e e se encontrava . nterroga as v r as vezes, ana o erta a 24 oras epo s e un ce apenas no a 2 e evere ro. o ser so ta,
unice viu o carro de Rubens no pátio interno do quartel, que posteriormente lhe foi entregue sob recibo.

e ata o aspar em ta ura scancara a :

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À MEMÓRIA E À VERDADE

“Levaram-no para uma sala e acarearam-no com duas senhoras (Cecília Viveiros de Castro e Marilena Corona). Os três foram obrigados a
car e p , com os raços evanta os. ra um o que começara a ser puxa o pe os serv ços e n ormaç o o governo o s as antes, em
Santiago do Chile. Elas haviam visitado os filhos, tomaram o avião de volta ao Rio e foram presas ao desembarcar. Na bagagem de uma delas
acharam-se pelo menos duas cartas endereçadas a Rubens Paiva. Uma era de Almino Affonso. Outra vinha de Helena Bocayuva, filha do
ex-deputado Luiz Fernando (Baby) Bocayuva Cunha. Militante do MR-8, ela fora fiadora da casa do Rio Comprido onde ficara o embaixador
amer cano ar es r c . esmo ten o s o ent ca a e otogra a a urante o seqüestro, escapu ra para o ex o. u ens a va, am go
e s c o e seu pa , escon era-a no o.

Uma das senhoras sentiu se mal, Rubens Paiva amparou-a, foi golpeado por um oficial e respondeu com um palavrão. Surrado, ficou estendi-
o no c o. oras ep o s anunc aram que am ev - o para o pare o. ra o a ar o e esqu ta. o cam n o e e rec amava e que
não conseguia respirar, mas chegou consciente ao quartel da Polícia do Exército.(...)

Passava pouco de uma hora da madrugada do dia seguinte, quando Amílcar Lobo, aspirante-a-oficial e médico do DOI, foi acordado em casa
e eva o para o quarte . u u carceragem o segun o an ar e , numa as ce as o un o o corre or, encontrou um omem nu, e ta o,
com os olhos fechados. Tinha todo o corpo marcado de pancadas e o abdômen enrijecido, clássico sintoma de hemorragia interna. ‘Rubens
Paiva’, murmurou duas vezes o preso, abrindo os olhos”.

ara ust car o esaparec mento e u ens, o x rc to vu gou nota mprensa n orman o que e e ter a s o resgata o por ter-
roristas qua ndo era transporta do pelos agentes do DOI-CODI , em 22 01 1971. Tent ando dar credibili dade à fuga, as autoridades do
stado fizeram registros do suposto seqüestro na Delegacia Policial da Barra da Tijuca. Abriram sindicância para investigar e delibe-
radamente suspenderam a férrea censura que impunham a esse tipo d e noticiário, convocando a imprensa p ara cobrir a investigação.
as a st r a monta a era comp etamente nv eross m . e a pr me ra vez, o reg me m tar começou a ser press ona o pu camente
respon er pe os a ssass natos so tortura.

unice Paiva recorreu ao STM, tendo negado o seu recurso. O caso foi também levado ao CDDPH – Conselho de Defesa dos Direitos da Pes-
soa umana, mas o seu pres ente, m n stro a us t ça re o uza , esempatou a votaç o para n e er r o pe o e nvest gaç o.

A morte de Rubens Paiva também é referida no relatório feito por Inês Etienne Romeu, sobrevivente da “Casa da Morte”, em Petrópolis. Ela
relata que um de seus carcereiros, conhecido como “Dr. Pepe” contou-lhe que haviam cometido um erro ao matar Rubens Paiva. Trechos da
reportagem e rc o ueno, pu ca a em etratos o ras , 23 a 29 e março e 1987, com o t tu o caso u ens a va, um o m c o
executa o e at o e aco erta o pe os setores m tares reco a o s te www. esaparec ospo t cos.org. r, resgata os atos com to os
os seus detalhes.

m 1985, o so c ta a a rea ertura o nqu r to pe o procura or gera a ust ça tar, ranc sco e te aves. r es o pe o e ega o
Carlos Alberto Cardoso, o inquérito conduziu as investigações até concluir que Rubens Paiva fora morto nas dependências do Pelotão de
Investigações Criminais/RJ. Quando chegou a este ponto, o encarregado julgou-se incompetente para prosseguir e remeteu o inquérito para
Justiça Militar.

comandante militar da Região Leste, general Brum Negreiros, indicou o general Adriano ureo Pinheiro para presidir o IPM. O general
Adriano não pediu a indicação de um procurador para acompanhar as investigações, como é praxe nesses casos, cabendo a iniciativa ao

próprio Leite Chaves, que indicou o procurador Paulo César de Siqueira Castro. Paulo César enfrentou inúmeras dificuldades para se desin-
cum r e sua m ss o, mas pers st u no es orço. pres ente o nqu r to mpe u que e e acompan asse as nvest gaç es, recusou-se a
ouv r as testemun as n ca as e, por m, gnorou o prazo e 40 as que ter a para conc u r o .

Diante de tantas barreiras, Paulo César começou a fazer investigações paralelas, justificando sua atitude com a falta de confiança quanto
o nteresse o encarrega o o em rea mente apurar os atos. egou a c nco nomes n ca os por e te aves como respons ve s

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

pelas torturas, morte e ocultação do cadáver de Rubens Paiva: coronel Ronald José da Motta Batista Leão, capitão de Cavalaria João Câmara
omes Carneiro, apelidado na Academia Militar de João Coco, o sub-tenente Ariedisse Barbosa Torres, o major PM RJ, Riscala Corbage e o
segundo-sargento Eduardo Ribeiro Nunes. Em março de 1987, o delegado Carlos Alberto foi assassinado em um duvidoso assalto.

m todos esses anos, surgiram muitas hipóteses a respeito de onde estaria o corpo de Rubens Paiva. Buscas e escavações foram feitas, sem
qua quer resu ta o. caso o par amentar cassa o e esaparec o o evoca o por sses u mar es no emoc ona o scurso em que pro-
mulgou, em 05 10 1988, na qualidade de presidente da Assembléia Nacional Constituinte, a nova Carta Magna que marcou o reencontro
do Brasil com o Estado Democrático de Direito.

ADERVAL ALVES COQUEIRO (1937-1971)


Número do processo: 244/96
Filiação: Jovelina Alves Coqueiro e José Augusto Coqueiro
ata e oca e nasc mento: 8 07 1937, Aracatu BA
Organização política ou atividade:
Data e local da morte: 06/02/1971, no Rio de Janeiro
Relator: Nilmário Miranda, com vistas de Luís Francisco Carvalho Filho
e er o em: 07 08 1997 por unanimidade
Data da publicação no DOU: 13 08 1997

Aderval Alves Coqueiro foi um dos 40 presos políticos trocados pelo embaixador alemão Von Holleben, em junho de 1970. Tinha sido preso
em São Paulo, em 29 05 1969, como militante da Ala Vermelha, sendo torturado na 2ª Companhia da Polícia do Exército, depois transferido
para o DOPS SP e, finalmente, Presídio Tiradentes. Banido e enviado à Argélia, de lá se deslocou para Cuba, regressando ao Brasil já inte-
grado ao MRT – Movimento Revolucionário Tiradentes, grupo dissidente da Ala Vermelha.

Coqueiro morreu no Rio de Janeiro, de acordo com o laudo oficial assinado por João Guilherme Figueiredo, no dia 06 02 1971, no Cosme
e o, em conseqü nc a e erida transfixante do tórax e lesão do pulmão direito”. Seu corpo foi entregue à família posteriormente, sendo
enterrado no cemitério de Inhaúma no dia 14.

asc o no mun c p o a ano e ruma o, oque ro n c ou ce o sua m t nc a po t ca no e o um os can angos que tra a ou na
construção de Brasília, além de ter sido operário da construção civil no estado de São Paulo, onde residiu desde 1961. Ao se desligar do PCB,
passou a integrar o Comitê Regional do PCdoB/SP, focando suas atividades na zona rural. Por volta de 1967/1968, desligou-se do PCdoB
para integrar a Ala Vermelha. Vivendo em São Bernardo do Campo e Diadema, trabalhou também como operador de máquinas e vendedor
utônomo. Casado com Isaura, tiveram duas filhas. Coqueiro teria retornado ao Brasil em 31 01 1971, valendo-se de um esquema clandes-
tino da VAR-Palmares, e foi morar no apartamento do bairro Cosme Velho, onde foi morto uma semana depois. Não foi possível localizar
perícia de local, fotos e nem o laudo necroscópico.

uas mat r as e orna s a poca perm t ram esqua car a vers o o c a . orna o ras de 08 02 1971 referiu-se ao cerco de mais de
50 policiais e publicou uma foto de Coqueiro morto, alvejado pelas costas. O orna a ar e , na mesma ata, comp ementa as n ormaç es
com o depoimento de um oficial que participara da operação, informando que a localização da casa onde estava Coqueiro começara a ser

feita um mês antes. Repetindo a tática já costumeira de manchar a imagem dos militantes detidos, esse agente dos órgãos de segurança
sse que a res nc a ter a s o aponta a pe o ex- eputa o e era u ens a va a um grupo e o c a s a antes e ser seqüestra o
por compan e ros. a a rmaç o evantou n gnaç o na , po s u ens a va representa um os casos ma s con ec os e esapa-
recimento ocorrido no Brasil, por ser notória a brutalidade do assassinato de um opositor político que, sabidamente, não estava engajado
na resistência armada ao regime militar.

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Abdon da Silva Santos, 443 Ari Lopes de Macedo, 442
Abelardo Costa, 461 ri o rton aa o, 222
Abelardo Rausch de Alcântara, 116 Armando Teixeira Fructuoso, 49, 403
Abílio Clemente Filho, 166 Arnaldo Cardoso Rocha, 36, 130, 335, 336

Acediro RibeirodaMaciel,
Adauto Freire 450
Cruz, 430 Arno
ry Preis,
reu 272,
ima 284, 285,136
a osa, 399
Aderval Alves Coqueiro, 145 e 146 Augusto Soares da Cunha, 57
riano onseca i o, 225 e 226 Áurea Eliza Pereira, 255, 256
Agrício Barreto de Queiroz, 460 Aurora Maria Nascimento Furtado, 186, 282, 317, 319, 336, 340, 348
eri ieira os antos, 386, 458 ve mar oreira e arros, 120
Alberto Aleixo, 400 Aylton Adalberto Mortati, 185, 186
ceri aria omes a i va, 128 ene ito erreira ves, 267
Alcides João da Silva, 444 Benedito Gonçalves, 432
o e rito ouza eto, 143, 141 e 301 Benedito Pereira Serra, 68
Alex de Paula Xavier Pereira, 276, 301 Bergson Gurjão Farias, 49, 197, 204, 205
Alexander José Ibsen Voerões, 287 Boanerges de Souza Massa, 272, 275, 303, 304
Alexandre Soares de Oliveira, 449 Caiupy Alves de Castro, 362
Alexandre Vannucchi Leme, 337, 338, 339, 341, 393, 408 Carlos Alberto Maciel Cardoso, 452
Alexandre Von Baumgarten, 39, 458 Carlos Alberto Soares de Freitas, 48, 148, 149, 150, 367
Alfeu de Alcântara Monteiro, 61 Carlos Antunes da Silva, 115
Almir Custódio de Lima, 358, 359, 367 Carlos Eduardo Pires Fleury, 192, 274
Aluízio Palhano Pedreira Ferreira, 159 Carlos Lamarca, 38, 40, 90, 97, 138, 161, 165, 173, 179, 180, 182, 452, 472
um nio, 270 Carlos Lima Aveline, 455
Alvino Ferreira Felipe, 52 Carlos Marighella, 38, 40, 89, 104, 108, 109, 135, 166, 181, 182, 272, 301, 343,
vino age , 446 77, 392, 464, 469, 493
Amaro Felix Pereira, 312 Carlos Nicolau Danielli, 323, 324
maro uiz e arva o, 176 ar os o erto ani rato, 97
Ana Maria Nacinovic Correa, 183, 300, 336, 366 Carlos Schirmer, 63, 64
na osa ucins i i va, 380, 381, 383 assimiro uiz e reitas, 119
Anatália de Souza Melo Alves, 331 Catarina Helena Abi Eçab, 87, 88
n r ra ois, 216, 217, 218, 219, 230, 231, 232, 233, 246, 248, 253, io ugusto ue es, 307, 308
Angelina Gonçalves, 55 Celso Gilberto de Oliveira, 140
Ângelo Arroyo, 199, 213, 218, 220, 224, 227, 241, 235, 324, 421, 422, 433, 424, Chael Charles Schreier, 109, 412, 418
426 Cícero Costa Nunes, 449
Ângelo Cardoso da Silva, 124 Cícero Trocador, 270
Antogildo Pascoal Viana, 61 Cilon da Cunha Brum, 245
Antoniel Queiroz, 454 Ciro Flávio Salazar de Oliveira, 208, 214, 216, 232
Antônio Alfredo de Lima, 216, 219, 220 Cláudio Paredes, 457
Antônio Araujo Veloso, 264 Cleide Maria Ferreira Nogueira, 458
Antônio Bem Cardoso, 130 Cloves Dias Amorim, 86
Antônio Benedito Cordeiro, 443 Clóvis Ribeiro dos Santos, 268
ntônio enetazzo, 315, 316 ust io araiva eto, 228, 244, 252, 257
Antônio Borges dos Santos, 270 Daniel José de Carvalho, 155, 385, 389
ntônio ar os ica o ana, 300, 364, 366, 367 anie i eiro a a o, 205, 256, 257
Antônio Carlos Monteiro Teixeira, 208, 212, 257 Darcy Jose dos Santos Mariante, 74, 75
ntônio ar os ogueira a ra , 295 ario i erto o i artinez, 450
Antônio de Pádua Costa, 223, 246, 255, 259 David Capistrano da Costa, 373, 375, 376, 395
ntônio os rês eis e iveira, 121, 128 avi e ouza eira, 80
Antônio Expedito Carvalho Perera, 453 Dênis Casemiro, 163

ntônio Guilherme
Antônio erreira into, 203,Ribas,
Ribeiro 251 208, 226 ermevaJoséa dei va
Devanir ereira, 155,
Carvalho, 217, 157,
247 389, 477
ntônio ernan es, 455 Dilermano Mello do Nascimento, 69
Antônio Joaquim de Souza Machado, 148 Dimas Antônio Casemiro, 157
Antônio José dos Reis, 52 Dinaelza Santana Coqueiro, 45, 248, 249, 498
Antônio Marcos Pinto de Oliveira, 291 Dinalva Oliveira Teixeira, 254, 257, 262
Antônio Raymundo de Lucena, 117 Divino Ferreira de Souza, 216, 220, 239
Antônio Sérgio de Mattos, 182 Divo Fernandes de Oliveira, 71
Antônio Theodoro de Castro, 228, 244 Doralice Ferreira, 450, 451, 458

| 488 |
COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Dorival Ferreira, 120, 121 Hércules de Oliveira Soares, 453


Durvalino Porfírio de Souza, 345 Hermógenes, 271
Edgard de Aquino Duarte, 344 Higino João Pio, 91
Edmur Péricles Camargo, 48, 124, 370, 391 Hiran de Lima Pereira, 375, 395, 396, 397, 410
Edson Luiz Lima Souto, 79, 82, 96 iroa i srcoe, 273, 274
Edson Neves Quaresma, 137, 138 Hiroshi Yamaguishi, 446
u arreto eite, 62, 63 Honestino Monteiro Guimarães, 355, 373
Eduardo Antonio da Fonseca, 182, 184, 300 Horácio Domingos Campiglia, 440
uar o o en eite , 123, 138 ara ave erg, 173, 174, 180, 190, 276, 313
Eduardo Collier Filho, 371, 372, 373 Idalísio Soares Aranha Filho, 207, 208, 263
uar o onza o sca osa, 442 e a antos e ga o, 379, 380
Eiraldo de Palha Freire, 131 Iguatemi Zuchi Teixeira, 446
iane ane o uimar es os ant os, 451 nocêncio ereira ves, 444
Elmo Corrêa, 227, 234, 239, 253, 261, 262 Ishiro Nagami, 101, 102
Élson Costa, 397, 409 Ísis Dias de Oliveira, 281
Elvaristo Alves da Silva, 72 Ismael Silva de Jesus, 306, 307
mmanue ezerra os antos, 350 srae avares oque, 70
Enrique Ernesto Ruggia, 385, 388, 389, 458 Issami Nakamura Okano, 383
Epaminondas, 270 Itair José Veloso, 398, 399
Epaminondas Gomes de Oliveira, 175 Iuri Xavier Pereira, 36, 276, 277, 300, 335, 336
Eremias Delizoicov, 45, 106, 107, 108 Ivan Gomes, 457
Esmeraldina Carvalho Cunha, 190, 313, 314 Ivan Mota Dias, 49, 162
Eudaldo Gomes da Silva, 326, 329 Ivan Rocha Aguiar, 56
Evaldo Luiz Ferreira de Souza, 326, 330, Jaime Petit da Silva, 225, 226
Ezequias Bezerra da Rocha, 290, 359 Jair Maciel, Zezinho, 271
e ix sco ar, 184, 185 ames en a uz, 293, 292, 339, 367
Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, 371 Jana Moroni Barroso, 235, 236, 237, 239, 242
ernan o ugusto a onseca, 320 ane anini, 47, 393, 394
Fernando Borges de Paula Ferreira, 99 Jarbas Pereira Marques, 326, 327, 330
ernan o a i va em o, 83 ayme morim e iran a, 396, 397
Flavio Carvalho Molina, 46, 188, 189, Jayme Araújo, 459
vio erreira a i va, 456 eov ssis omes, 272, 274, 275, 284, 304
Francisco Alves Cabral, 448 Joana Lúcia Silva Santos, 459
rancisco maro ins, 270 o o re o ias, 69
Francisco das Chagas Pereira, 171 João Antonio Santos Abi-Eçab, 87, 88
rancisco mmanue entea o, 335 o o atista ranco rumon , 422, 424, 425
Francisco José de Oliveira, 187, 188 João Batista Nunes Machado, 447
Francisco Manoel Chaves, 48, 203, 208, 210, 212 João Batista Rita, 125, 369, 370, 371
Francisco Seiko Okama, 335, 336 João Bispo de Jesus, 445
Francisco Tenório Cerqueira Junior, 412 João Bosco Penido Burnier, 151, 420
Frederico Eduardo Mayr, 41, 285, 286, 287, 356, 366 João Carlos Cavalcanti Reis, 316, 317, 343
Frederico Lopes, 270 João Carlos Haas Sobrinho, 43, 46, 208, 214, 215, 216, 231, 245, 257, 261
rei ito e encar ima, 392 João de Carvalho Barros, 445
Gabriel, 270 João Domingues da Silva, 99
Gastone Lúcia de Carvalho Beltrão, 278 João Ferreira de Macedo Sobrinho, 462
Gelson Reicher, 276, 277, 278, 296, 301, 336 João Fortunato Vidigal, 455
era o ern ar o a i va, 98 o o omes a i va, 459
Geraldo da Rocha Gualberto, 53 João Gualberto Calatrone, 220, 216
era o i veira o rigues, 446 o o os o rigues, 456
Gérson Bezerra Lima, 450 João Leonardo da Silva Rocha, 399
erson eo oro e iveira, 152 o o ucas ves, 92, 95, 333, 474
Getúlio de Oliveira Cabral, 320, 321, 342 João Massena Melo, 376
i erto mpio aria, 228, 230, 231, 257 o o e ro eixeira, 54, 55, 70
Gildo Macedo Lacerda, 360, 361, 362 João Pereira da Silva, 267
rena o e esus a i va, 298, 299 o o o erto orges e o uza, 107
Guilherme Gomes Lund, 227, 228, 231, 232 Joaquim Alencar de Seixas, 157, 158
Gustavo Buarque Schiller, 436, 437 Joaquim Câmara Ferreira, 168, 393, 470
Hamilton Fernando Cunha, 90, 450 Joaquim de Oliveira dos Santos, 268
Hamilton Pereira Damasceno, 283 Joaquim de Sousa, 267
Hanseclever de Souza, 453 Joaquim Pires Cerveira 363, 369, 370, 371, 483
Helber José Gomes Goulart, 286, 347 Joaquinzão, 267
cio ereira ortes, 279, 280 Joel José de Carvalho, 155, 385, 389
Helenira Resende de Souza Nazareth, 200, 209, 212, 213 Joel Vasconcelos Santos, 151
Heleny Ferreira Telles Guariba, 167 Joelson Crispim, 123, 139
Hélio Luiz Navarro de Magalhães, 48, 240, 241, 246, 249, 260 Jonas José de Albuquerque Barros, 56
enrique intra erreira e rne as, 348 ones orges o ascimento, 459

| 489 |
À MEMÓRIA E À VERDADE

Jorge Alberto Basso, 416, 417 Lucimar Brandão Guimarães, 132


Jorge Aprígio de Paula, 81 Lucindo Costa, 78
Jorge Leal Gonçalves Pereira, 135 Lúcio Petit da Silva, 196, 246, 251, 253
Jorge Oscar Adur, 441 Luís Alberto Andrade de Sá e Benevides, 289, 291, 359
José Alves da Rocha, 457 Luís Dias de Andrade, 266, 267
José Antônio da Conceição, 456 Luis dos Santos, 266
os rman o o rigues, 450 uiz erto into r a o, 455
José Arruda Alencar, 445 Luiz Almeida Araújo, 46, 166
os arto omeu o rigues e ouza, 320 uiz ntônio erreira ogueira, 457
José Campos Barreto, 174, 177, 179, 180, 181, 182 Luiz Antonio Santa Bárbara, 176
os ar os a osta, 367, 368 uiz ar os ugusto, 86, 87
José Carlos Guimarães, 25, 84, 89 Luiz Eduardo da Rocha Merlino, 169
os ar os ovaes a ata ac a o, 354, 360, 361, 362 uiz urico e era is oa, 31, 49, 309
José Dalmo Guimarães Lins 147, 148 Luiz Fogaça Balboni, 103, 104
os e iveira, 270 uiz onzaga os antos, 79, 139
José de Souza, 63, 65 Luiz Ghilardini, 325
os e iciano a i va, 445 uiz irata, 193, 194
José Fernandes de Menezes, 448 Luiz Ignácio Maranhão Filho, 376, 377, 379
José Ferreira de Almeida, 401, 402 Luiz José da Cunha, 38, 46, 166, 346, 347
José Gomes Teixeira, 165 Luiz Mário Reynolds, 447
José Huberto Bronca, 41, 247 Luiz Paulo da Cruz Nunes, 85, 86
José Idésio Brianezi, 121 Luiz Renê Silveira e Silva, 237, 242
José Inocêncio Barreto, 312, 490 Luiz Vieira, 265, 271
José Isabel do Nascimento, 53 uiz ieira e mei a, 271
José Julio de Araújo, 308 Luiz Viola, 271
os avecc ia, 386 Luiza Augusta Garlippe, 254, 258
José Lima Piauhy Dourado, 237, 243, 263 Lyda Monteiro da Silva, 28, 434
os uciano ra nco i rcio, 454 anoe eixo a i va, 349, 350
José Machado da Silva, 268 Manoel Bezerra Sobrinho, 455
os anoe a i va, 326, 331 anoe ust io artins, 429, 430
José Maria Ferreira de Araújo, 132, 328 Manoel Fiel Filho, 374, 411, 412, 413, 425, 464
os aur io atr cio, 263 anoe omes a i va, 456
José Maximino de Andrade Netto, 402, Manoel José Nurchis, 208, 209, 214, 215
os en es e oriz, 462 anoe is oa e oura, 350
José Milton Barbosa, 191 Manoel Pereira Marinho, 268
os ontenegro e ima, 405, 406 anoe aimun o oares, 75, 76, 77, 158, 408, 446, 482
José Porfírio de Souza, 119, 345, 456 Manoel Rodrigues Ferreira, 83, 87
José Raimundo da Costa, 170, 171 Manuel Alves de Oliveira, 66
José Ribeiro Dourado, 265, 269 Manuel José Nunes Mendes de Abreu, 183
José Roberto Arantes de Almeida, 185, 317 Márcio Beck Machado, 342, 343, 344
José Roberto Spiegner, 116, 117 Marco Antônio Dias Baptista, 129
José Roman, 373, 374, 375, 376, 379 Marco Aurélio de Freitas Lisboa, 271
José Silton Pinheiro, 320 Marcos Antônio Bráz de Carvalho, 89
José Toledo de Oliveira, 208, 209, 210, 211 Marcos Antônio da Silva Lima, 112
os ieira e mei a, 270 arcos os e ima, 228, 270
José Wilson Lessa Sabbag, 100 Marcos José de Lima, Zezinho, Ari do A, 270
uan ntônio arrasco orrasta , 314 arcos onato a onseca, 142, 300, 336, 366
Juarez Guimarães De Brito, 122, 436 Maria Augusta Thomaz, 100, 188, 272, 342, 343
uarez onç o irotte, 452 aria uxi ia ora ara arce os, 418, 419
Juarez Rodrigues Coelho, 197, 271 Maria Célia Corrêa, 235, 236, 238, 239, 242, 247, 249, 253, 261
er emos a i va, 206, 207 aria cia etit a i va, 41, 200, 205, 206
Kurt Krieger, 448 Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo, 159, 258, 292
a i e ias uc , 59, ariano oaquim a i va, 48, 159, 160, 164, 366
Lauriberto José Reyes, 272, 287, 289, 343 Marilena Villas Boas Pinto, 153, 154
zaro eres unes, 266 rio ves e ouza ieira, 113, 114
Leopoldo Chiapetti, 73 Mario Cosel Rodrigues, 446
Levi, 271 Mário de Souza Prata, 153
Libero Giancarlo Castiglia, 46, 218, 221, 228, 232, 256 Mário Renniê Entrala, 460
Lígia Maria Salgado Nóbrega, 292 Massafumi Yoshinaga, 419
Liliana Inês Goldemberg, 442 Maurício Grabois, 196, 197, 199, 210, 211, 213, 218, 228, 229, 230, 231, 233,
Lincoln Bicalho Roque, 206, 333, 403 24, 426, 462, 463
Lincoln Cordeiro Oest, 319 Maurício Guilherme da Silveira, 153
Lorenzo Ismael Viñas, 441 Merival Araújo, 341, 383
our es aria an er ey ontes, 321 Miguel Joaquim Carvalho, 459
Lourenço Camelo de Mesquita, 427, 428 Miguel Pereira dos Santos, 205, 208, 209, 210, 231
cia aria e ouza, 221, 222, 233 igue a at uet, 366

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

Milton Soares de Castro, 77, 483 Roberto Ribeiro de Souza, 464


Miriam Lopes Verbena, 289, 291, 359 Robson Antônio Gomes Viana, 448
Monica Susana Pinus de Binstock, 439 Rodolfo de Carvalho Troiano, 222, 239, 240, 248
Nativo Natividade de Oliveira, 437, 438 Rodolfo Soares Pinheiro, 449
Neide Alves dos Santos, 410, 411 Ronaldo Mouth Queiroz, 340, 341
Nelson Corrêa de Oliveira, 455 Rosalindo de Souza, 217, 205
e son os e mei a, 94, 95 Rubem Brandão da Silva, 447
Nelson Lima Piauhy Dourado, 235, 236, 237 Rubens Beirodt Paiva, 143
estor era, 397, 398 ui sva o guiar utzenreuter, 296
Nilda Carvalho Cunha, 173, 174, 190, 313 Ruy Carlos Vieira Berbert, 32, 271,272, 273, 304, 311
i ton iggiano, 454 uy raz o oares, 384, 385
Norberto Armando Habegger, 438 abino Alves da Silva, 270
or erto e ring, 124 a onete, 271
Odair José Brunocilla, 456 andoval,270, 271
i as arv a o e ouza, 146 anto ias a i va, 432
Olavo Hansen, 126, 127, 419 ebastião Gomes dos Santos (Sebastião Gomes da Silva) – 448
timar utra a osa, 444 e asti o om a i va, 54
Onofre Pinto, 386, 388, 389, 390, 458 ebastião Vieira Gama (ou Sebastião Vieira Silva), 266
Orlando da Silva Rosa Bonfim Junior, 406 érgio Landulfo Furtado, 305, 306
Orlando Momente, 234 érgio Roberto Corrêa, 101
Ornalino Cândido da Silva, 82 everino Elias de Mello, 74
Orocílio Martins Gonçalves, 431 everino Fernandes da Silva, 311, 312
Osmar, 270 everino Viana Colou, 95, 110, 448
Osmar Pereira Santos, 270 ilvano Soares dos Santos, 130, 131
Osvaldo Orlando da Costa, 195, 231, 249, 263 imão Pereira da Silva, 269, 270
Otávio Soares Ferreira da Cunha, 57, 59 olange Lourenço Gomes, 435
Otoniel Campos Barreto, 177 oledad Barret Viedma, 133, 326, 328
a re ntônio enrique ereira eto, 96, 359 ônia aria e oraes nge ones, 356, 363, 367
Pauline Philipe Reichstul, 329 tuart Edgar Angel Jones, 160, 161
au o sar ote o assa, 281, 282 ue y umi o omaiana, 260
Paulo Costa Ribeiro Bastos, 305 Taudelino da Rocha Correa, 445
au o e arso e estino a i va, 49, 166, 167 e ma egina or eiro orrêa, 227, 228, 239, 253, 258, 261, 262
Paulo Guerra Tavares, 297, 298 Tércio Tavares de Melo, 446
au o en es o rigues, 199, 228, 229, 231, 255 erezino opes os antos, 460
Paulo Roberto Pereira Marques, 214, 233, 242 Therezinha Viana de Assis, 428
au o tuart rigt , 353, omaz ntônio a i va eire es etto, 382, 383
Paulo Torres Gonçalves, 93 Tobias Pereira Júnior, 227
Paulo Ventura, 448 Toinho, 271
Pedrão, 271 Túlio Roberto Cardoso Quintiliano, 368
Pedro Alexandrino de Oliveira Filho, 259, 260 Uirassu Assis Batista, 244, 251, 252
Pedro Carretel, 203, 235, 237, 243, 246, 249, 258, 259, 265, 271 Umberto de Albuquerque Câmara Neto, 354
Pedro Domiense de Oliveira, 64, 65 Valdir Sales Sabóia, 321, 322
e ro n cio e ra o, 70 Vandick Reidner Pereira Coqueiro, 241
Pedro Jerônimo de Sousa, 404, 405 Venceslau Ramalho Leite, 447
Pedro Matias de Oliveira, 203, 249, 258 Virgílio Gomes da Silva, 104, 105, 110, 192, 284, 304
Pedro Paulo Bretas, 460 Vitor Carlos Ramos, 386, 390, 458
e ro ouza i omem, 268 itor uis apan reu, 452
Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar, 422 Vitorino Alves Moitinho, 358, 359
ric es usm o gis, 67 a imir erzog, 27, 109, 193, 297, 354, 401, 407, 408, 409, 411, 425
Quincas, 149, 271 Walquíria Afonso Costa, 199, 209, 263
a ae, 27 1 a ter e ouza i eiro, 377, 378, 379
Raimundo de Santana Machado, 460 Walter Diniz, 446
aimun o uar o a i va, 141 a ter i eiro ovaes, 167, 168
Raimundo Fernardes do Carmo, 459 Wanderlei de Oliveira, 453
aimun o onça ves e igueire o, 158, 339 ânio os e attos, 356, 357
Raimundo Nonato de Araújo, 270 Wilson Silva, 380, 381, 382
Raimundo Nonato Paz, 150 Wilton Ferreira, 292, 294
Ramires Maranhão do Valle, 357, 359, 372 Wlademiro Jorge Filho, 111
Ranúsia Alves Rodrigues, 357, 358, 359 Yoshitane Fujimori, 137, 138
Raul Amaro Nin Ferreira, 172 Zé Maria, 271
Reinaldo Silveira Pimenta, 96, 97 Zelmo Bosa, 426, 427
ita, 271 i iniz e ster, 450
Roberto Cietto, 102, 103 Zuleika Angel Jones, 160, 414
o erto acarini 125, 126

| 491 |
ALVES, Márcio Moreira; Torturas e Torturados.

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PORTELA, ernando, Guerra de Guerrilhas no Brasil, 1979.

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SÁ, Glênio, Araguaia: relato de um guerrilheiro. São Paulo. Anita Garibaldi, 1990.

SAUTCHUK, Jaime. A luta Armada no Brasil dos anos 60 e 70 . São Paulo. Anita Garibaldi,1995.

SIMAS, Mário. Gritos de Justiça – Brasil, São Paulo: FTD, 1986

SOUZA, Percival de; Eu, Cabo Anselmo – depoimento a Percival de Souza.

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Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência Funcionários da CEMDP de 1995 a 2007
da República

Secretário-Adjunto

Chefe de Gabinete

Presidente da CEMDP

Direito à Memória e à Verdade – Comissão Especial sobre


Mortos e Desaparecidos Políticos
Assessores/colaboradores da CEMDP:

Assessores/colaboradores da SEDH/PR:
ANEXOS
LEI Nº 6.683 - DE 28 DE AGOSTO DE 1979 - rt. 5º Nos casos em que a aplicação do artigo cedida, a título de pensão,
pela família do servidor, será garantido a este o pagamento da diferença respectiva
DOU DE 28/8/79 – Lei da Anistia como vantagem individual.
Art. 6º O cônjuge, qualquer parente, ou afim, na linha reta, ou na colateral, ou
CONCEDE ANISTIA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. o inistro ico, po er requerer a ec araç o e ausência e pessoa que, envo -
vi a em ativi a es po ticas, este a, at a ata e vigência esta ei, esapareci a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA do seu domicílio, sem que dela haja notícias por mais de 1 (um) ano
aço saber que o congresso nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 1º Na petição, o requerente, exibindo a prova de sua legitimidade, oferecerá
rol de, no mínimo, 3 (três) testemunhas e os documentos relativos ao desapareci-
Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre mento, se existentes.
02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou 2º uiz esignar au iência, que, na presença o rg o o inist rio -
conexo com estes, crimes e eitorais, aos que tiveram seus ireitos po ticos suspen- blico, será realizada nos 10 (dez) dias seguintes ao da apresentação do requerente
sos e aos servi ores a ministraç o ireta e n ireta, e un aç es vincu a as ao e proferirá, tanto que concluída a instrução, no prazo máximo de 5 (cinco) dias,
poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e entença, da qual, se concessiva do pedido, não caberá recurso.
aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Insti- § 3º Se os documentos apresentados pelo requerente constituirem prova sufi-
tucionais e Complementares (vetado). ciente do desaparecimento, o juiz, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e qua-
§ 1º Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer ro) horas, proferirá, no prazo de 5 (cinco) dias e independentemente de audiência,
natureza re aciona os com crimes po ticos ou pratica os por motivaç o po tica. entença, a qua , se concessiva, n o ca er recurso.
§ 2º Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prá- § 4º Depois de averbada no registro civil, a sentença que declarar a ausência
tica de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal. gera a presunção de morte do desaparecido, para os fins de dissolução do casamen-
§ 3º Terá direito à reversão ao Serviço Público a esposa do militar demitido por o e de abertura de sucessão definitiva.
Ato Institucional, que foi obrigada a pedir exoneração do respectivo cargo, para Art. 7º A conhecida anistia aos empregados das empresas privadas que, por
poder habilitar-se ao montepio militar, obedecidas as exigências do art. 3º. motivo de participação em grave ou em quaisquer movimentos reivindicatórios ou
e rec amaç o e ireitos regi os pea eg isaç o socia , a a si o espe i os o
rt. 2º Os servidores civis e militares demitidos, postos em disponibilidade, apo- ra a o, ou estitu os e cargos a ministrativos ou e representaç o sin ica .
sentados, transferidos para a reserva ou reformadas, poderão, nos cento e vinte dias Art. 8º Os anistiados, em relação as infrações e penalidades decorrentes do
seguintes à publicação desta lei, requerer o seu retornoou reversão ao serviço ativo: não cumprimento das obrigações do serviço militar, os que à época do recruta-
I - se servidor civil ou mil itar, ao respectivo Ministro do Estado; mento, se encontravam, por motivos políticos, exilados ou impossibilitados de se
II - se servidor civis da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assem- presentarem.
ia egis ativa e a âmara unicipa , aos respectivos resi entes; ar gra o nico. isposto nesse artigo ap ica-se aos epen entes o anistia o.
- se servi or o o er u ici rio, ao resi ente o respectivo ri una ; rt. 9º er o os ene cios a anistia os irigentes e representantes sin icais
IV - se servidor de Estado, do Distrito Federal, de Território ou de Município, ao punidos pelos Atos a que se refere o art. 1º, ou que tenham sofrido punições disci-
Governo ou Prefeito. plinares incorrido em faltas ao serviço naquele período, desde que não excedentes
Parágrafo único. A decisão, nos requerimentos de ex-integrantes das Políticas de 30 (trinta) dias, bem como os estudantes.
Militares ou dos Corpos de Bombeiro, será precedida de parecer de comissões pre- Art. 10. Os servidores civis e militares reaproveitados, nos termos do art. 2º, será
si i as pe os respectivos coman antes. conta o o tempo e a astamento o serviço ativo, respeita o o isposto no art. 11.
rt. 3º O retorno ou a reversão ao serviço ativo somente deferido para o mes- rt. 11. sta ei, a m os ireitos ne a expressos, n o gera quaisquer outros,
mo cargo ou emprego, posto ou graduação que o servidor, civil ou militar, ocupava inclusive aqueles relativos a vencimentos, saldos, salários, proventos, restituições,
na data de seu afastamento, condicionado, necessariamente, à existência de vaga trasados, indenizações, promoções ou ressarcimentos.
e ao interesse da Administração. Art. 12. Os anistiados que se inscreveram em partido político legalmente cons-
§ 1º Os requerimentos serão processados e instituídos por comissões especial- ituído poderão voltar e ser votados nas convenções partidárias a se realizarem no
mente esigna as pea a utori a e a qua cai a a apreci - os. prazo de 1 (um) ano a partir da vigência desta Lei.
§ 2º O despacho decisório será proferido nos centos e oitenta dias seguintes ao rt. 13. O Poder Executivo, dentro de 30 (trinta) dias, baixará decreto regula-
recebimento do pedido. mentando esta Lei.
§ 3º No caso de deferimento, o servidor civil será incluído em Quadro Suple- Art. 14. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
mentar e o Militar de acordo com o que estabelecer o Decreto a que se refere o Art. 15. Revogam-se as disposições em contrário.
art. 13 desta Lei.
4º retorno e a revers o ao serviço ativo n o ser o permiti os se o a asta- ras ia, em 28 e agosto e 1979; 158º a n epen ência e 91º a ep ica.
mento tiver si o motiva o por impro a i i a e o servi or.
§ 5º Se o destinatário da anistia houver falecido, fica garantido aos seus de- JOÃO B. DE FIGUEIREDO
pendentes o direito às vantagens que lhe seriam devidas se estivesse vivo na data Petrônio Portela, Maximiano Fonseca, Walter Pires, R.S. Guerreiro, Karlos Ris-
da entrada em vigor da presente lei. chbieter, Eliseu Resende, Ângelo Amaury Stábile, E. Portela, Murillo Macedo, Délio
rt. 4º Os servidores que, no prazo fixado no art. 2º, não requerem o retorno ou a Jardim de Mattos, Mário Augusto de Castro Lima, João Camilo Penna, César Cals
revers o ativi a es ou tiverem seu pe i o in e eri o, ser o consi era os aposenta os, i o, rio avi n reazza, . . atos, air oares, ani o enturini, o ery o
trans eri os para a reserva ou re orma os, contan o-se o tempo e a astamento o Couto e Silva, Octávio Aguiar de Medeiros, Samuel Augusto Alves Corrêa, Delfim
serviço ativo para efeito de cálculo deproventos da inatividade ou da pensão. Netto, Said Farhat, Hélio Beltrão.

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

informações junto a governos e a entidades estrangeiras.


LEI Nº 9.140, DE 4 DE DEZEMBRO DE 1995 Art. 10. A indenização prevista nesta Lei é deferida às pessoas abaixo indica-
das, na seguinte ordem:
econ ece como mortas pessoas esapareci as em raz o e participaç o, ou I - ao cônjuge;
acusaç o e participaç o, em ativi a es po ticas, no per o o e 2 e setem ro e - ao compan eiro ou compan eira, e ini os pe a ei no. 8.971, e 29 e
1961 a 15 de agosto de 1979, e dá outras providências, ezem ro e 1994;
O Presidente da República III - aos descendentes;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: IV - aos ascendentes;
V - aos colaterais, até o quarto grau.
rt. 1º o recon eci as como mortas, para to os os e eitos egais , as pessoas § 1º O pedido de indenização poderá ser formulado até cento e vinte dias a
re aciona as no nexo esta ei, por terem participa o, ou terem si o acusa as e contar a pu icaç o esta ei. o caso e recon ecimento pe a omiss o specia ,
participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de o prazo se conta a ata o recon ecimento.
agosto de 1979, e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes públicos, § 2º Havendo acordo entre as pessoas nominadas no caput deste artigo, a inde-
achando-se, desde então, desaparecidas, sem que delas haja notícias.
Art. 2º A aplicação das disposições desta Lei e todos os seus efeitos orientar- nização
§ 3ºpoderá ser requerida
Reconhecida independentemente
a morte, da ordem
nos termos da alínea nele prevista.
b do inciso I do Art. 4o., po-
se- o pe o princ pio e reconci iaç o e e paci icaç o naciona , expresso na ei no. derão as pessoas mencionadas no caput, na mesma ordem e condições, requerer à
6.683. e 28 e agosto e 1979 - ei e nistia. omiss o specia a in enizaç o.
Art. 3º O cônjuge, o companheiro ou a companheira, descendente, ascendente rt. 11. in enizaç o, a t tu o reparat rio, consistir no pagamento e va-
ou colateral até quarto grau, das pessoas nominadas na lista referida no art. 1º., lor único igual a R$ 3.000,00 (três mil reais) multiplicado pelo número de anos
comprovando essa condição, poderão requerer a oficial de registro civil das pessoas correspondentes à expectativa de sobrevivência do desaparecido levando-se em
naturais de seu domicílio a lavratura do assento de óbito, instruindo o pedido com consideração a idade à época do desaparecimento e os critérios e valores traduzidos
origina ou c pia a pu icaç o esta ei e e seus anexos. na tabela constante do Anexo II desta Lei.
ar gra o nic o. m caso e vi a, ser a miti a usti icaç o u icia. 1º Em nenhuma hipótese o valor da indenização será inferior a R$ 100.000,00
Art. 4º Fica criada Comissão Especial que, face à situação política mencionada (cem mil reais).
no art. 1º. e, em conformidade com este, tem as seguintes atribuições: § 2º A indenização será concedida mediante decreto do Presidente da Repúbli-
I - proceder ao reconhecimento de pessoas: ca, após parecer favorável da Comássão Especial criada por esta Lei.
a) desaparecidas, não relacionadas no Anexo I desta Lei; Art. 12. No caso de localização, com vida, de pessoa desaparecida, ou de exis-
b) que, por terem participado, oupor terem sido acusadas de participação, em ati- ência de provas contrárias às apresentadas, serão revogados os respectivos atos
vi a es po ticas, no per o o e 2 e setem ro e 1961 a 15 e agosto e 1979, ten am ecorrentes a ap icaç o esta ei, n o ca en o aç o regressiva para o ressarci-
falecido, por causas nãonaturais, em dependências policiais ouassemelhadas; mento o pagamento e etua o, savo na ip tese e comprova a m - .
II - envidar esforços para a localização dos corpos de pessoas desaparecidas no Art. 13. Finda a apreciação dos requerimentos, a Comissão Especial elaborará
caso de existência de indícios quanto ao local em que possam estar depositados; e relatório circunstanciado, que encaminhará, para publicação. ao Presidente da Re-
III - emitir parecer sobre os requerimentos relativos à indenização que venham pública, e encerrará seus trabalhos.
a ser ormu a os pe as pessoas menciona as no art. 10 esta ei. Parágrafo único. Enquanto durarem seus trabalhos, a Comissão Especial deverá
rt. 5º omiss o specia ser composta por sete mem ros, e ivre esco a e presentar trimestra mente re at rios e ava iaç o.
designação do Presidente da República, que indicará, dentre eles, quem irá presidi- rt. 14. as aç es u iciais in enizat rias un a as em atos ecorrentes a
Ia, com voto de qualidade. ituação política mencionada no art. 1º., os recursos das sentenças condenatórias
§I -1ºdentre
Dos sete membros da
os membros da Comissão
Comissão,dequatro serão
Direitos escolhidos:
Humanos da Câmara dos De- erão recebidos somente no efeito devolutivo.
Art. 15. As despesas decorrentes da aplicação desta Lei correrão à conta de
puta os; dotações consignadas no orçamento da União pela Lei Orçamentária.
- entre as pessoas com v ncu o com os ami iares as pessoas re eri as na rt. 16. sta ei entra em vigor na ata e sua pu icaç o.
ista constante o nexo ;
III - dentre os membros do Ministério Público Federal; e Brasilia, 4 de dezembro de 1995, 174º da Independência e 107º da República.
IV - dentre os integrantes das Forças Armadas. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
§ 2º A Comissão Especial poderá ser assessorada por funcionários públicos Nelson A. Jobim
e erais, esigna os pe o resi ente a ep ica, po en o, ain a, soic itar o aux -
io as ecretarias e ustiça os sta os, me iante convênio com o inist rio a
Justiça, se necessário. I - Nomes de Pessoas Desaparecidas (com a época do desaparecimento)
Art. 6º A Comissão Especial funcionará junto ao Ministério da Justiça, que lhe 1 - Adriano Fonseca Filho, brasileiro, solteiro,nascido em 18 de dezembro de 1945 em
dará o apoio necessário. Ponte Nova, Minas Gerais, filho deAdriano Fonseca e Zely Eustáquio Fonseca. (1973)
Art. 7º Para fins de reconhecimento de pessoas desaparecidas não relaciona- 2 - ALuísio Palhano Pedreira Ferreira, brasileiro, casado, nascido em 5 de setembro
das no Anexo I desta Lei, os requerimentos, por qualquer das pessoas mencionadas de 1922 em Pirujuí, filho de Henrique Palhano Pedreira Ferreira e Henise Palhano
no art. 3º, ser o apresenta os perante a omiss o specia , no prazo e cento e Pedreira Ferreira. (1971)
vinte ias, conta o a partir a ata a pu icaç o esta ei, e ser o instru os com - na osa ucins i i va, rasi eira, casa a, nasci a em 12 e aneiro e 1942 em
informações e documentos que possam comprovar a pretensão. ão Paulo, SP, filha de Majer Kucinski e Ester Kucinski. (1974)
§ 1º Idêntico procedimento deverá ser observado nos casos baseados na alínea - André Grabois, brasileiro, nascido em 3 de julho de 1946 no Rio de Janeiro - RJ,
b do inciso I do art. 4º filho de Maurício Grabois e de Alzira da Costa Reis. (1973)
§ 2º Os deferimentos, pela Comissão Especial, dos pedidos de reconhecimento 5 - Antonio Alfredo Campos, brasileiro, casado. (1973)
e pessoas n o menciona as no nexo esta ei instruir o os pe i os e assento 6 - ntônio ar os onteiro eixeira, rasi eiro, casa o, nasci o em 22 e agosto
e ito e que trata o art. 3º, conta o o prazo e cento e vinte ias, a partir a e 1944 em us - , i o e essori a i va eixeira e e aria uiza onteiro
ciência da decisão deferitória. Teixeira. (1972)
Art. 8º A Comissão Especial, no prazo de cento e vinte dias de sua instalação, - Antonio de Padua Costa, brasileiro, solteiro, nascido em 12 de junho de 1943 no
mediante solicitação expressa de qualquer das pessoas mencionadas no art. 3º., e Piauí, filho de João Lino da Costa e de Maria Jardililna da Costa. (1974)
concluindo pela existência de indícios suficientes, poderá diligenciar no sentido da 8 - Antonio dos Treis Reis de Oliveira, brasileiro, solteiro, nascido em 19 de no-
oca izaç o os restos mortais o esapareci o. vem ro e 1948 em iros - , i o e rgum e iveira e e ucia aria e
rt. 9ºPara os fins previstos nos arts. 4º
e 7º, a Comissão Especial poderá solicitar: Oliveira. (1970)
I - documentos de qualquer órgão público; - Antonio Guilherme Ribeiro Ribas, brasileiro, solteiro, nascido em 20 de se-
II - a realização de perícias; embro de 1946 em São Paulo – SP, filho de Walter Pinto Ribas e de Benedita
III - a colaboração de testemunhas; e de Araújo Ribas. (1973)
IV - a intermediação do Ministério das Relações Exteriores para a obtenção de

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À MEMÓRIA E À VERDADE

10 - Antônio Joaquim de Souza Machado, brasileiro, solteiro, nascido em 13 de 0 - Félix Escobar Sobrinho, brasileiro, nascido em 23 de março de 1923 em Mira-
setembro de 1939 em Papagaios - MG, filho de Joaquim Maria de Souza Machado cema-RJ, filho de José Escobar Sobrinho e de Emilici Gomes Escobar. (1971)
e de Maria de Oliveira Campos, morador do Rio de Janeiro. (1971) 1 - Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, brasileiro, casado, nascido em 20 de
11 - Antonio Teodoro de Castro, brasileiro, solteiro, nascido em 12 de abril de 1945 fevereiro de 1948 em Recife-PE, filho de Lincoln de Santa Cruz Oliveira e de Elzita
em tapipoca - , i o e aimun o e astro o rin o e e ene ita into e antos de Santa Cruz Oliveira. (1974)
Castro. (1973) 2 - Francisco Manoel Chaves (ou José Francisco Chaves), brasileiro, morou na
12 - Arildo Valadão, brasileiro, casado, nascido em 28 de dezembro de 1948 em Itaici região de Caianos na região do Araguaia. (1972)
- ES, filho de Altivo Valadão de Andrade e de Helena Almochidice Valadão, (1973) 3 - Gilberto Olímpio Maria, brasileiro, casado, nascido em 11 de março de 1942 em
13 - Armando Teixeira Frutuoso, brasileiro, casado, nascido em 20 de maio de 1921 Mirassol-SP, filho de Antonio Olímpio Maria e de Rosa Cabello Maria. (1973)
na cidade do Rio de Janeiro - RJ, filho de Anibal Teixeira Frutuoso e de Maria da 4 - Guilherme Gomes Lund, brasileiro, solteiro, nascido em 11 de julho de 1947 no
Glória Frutuoso. (1975) Rio de Janeiro-RJ, filho de João Carlos Lund e de Júlia Gomes Lund. (1973)
14 - Áurea Eliza Pereira, brasileira, casada, nascida em 6 de abril de 1950 em Monte 5 - Helenira Rezende de Souza Nazareth, brasileira, solteira, nascida em 19 de
Belo - MG, filha de José Pereira e de Odila Mendes Pereira. (1974) janeiro de 1944 em Cerqueira César-SP, filha de Adalberto de Assis Nazareth e de
15 - Aylton-Adalberto
Catanduva Mortati,
SP, filho de brasileiro,
Umberto Mortatisolteiro, nascidoSobrinho
e de Carmem em 13 deMartins.
janeiro de(1971)
1946 em Euthalia
6 - HélioRezende de Souza
Luiz Navarro Nazareth (1972)
de Magalhães, brasileiro, solteiro, nascido em 23 de novem-
16 - Bergson Gurjão Farias, brasileiro, solteiro, nascido em 17 de maio de 1947 em bro de 1949 no Rio de Janeiro-RJ, fil ho de Gerson Menezes Magalhães e de Carmem
Fortaleza - CE, filho de Gessiner Farias e de Luiza Gurj ão Farias. (1972) Maria Navarro de Magalhães. (1974)
17 - Caiuby Alves de Castro, brasileiro, nascido em 16 de agosto de 1928, filho de 7 - iran e ima ereira, rasi eiro, casa o, nasci o em 3 e outu ro e 1913 em
Mariano Alves de Castro e Leopoldina Ribeiro de Castro. (1973) Caicó-RN, filho de Hilário Amancio Pereira e de Maria Marieta de Lima Pereira. (1975)
18 - Carlos Alberto Soares de Freitas, brasileiro, solteiro, nascido em 12 de agosto 8 - Honestino Monteiro Guimarães, brasileiro, casado, nascido em 28 de março
de 1939, filho de Jayme Martins de Freitas e de Alice Soares de Freitas. (1971) de 1947 em Itaberaí-GO, filho de Benedito Guimarães e de Maria Rosa Leite Gui-
19 - Celso Gilberto de Oliveira, brasileiro, solteiro, nascido em 26 de dezembro de marães. (1973)
1945, filho de João Adelino de Oliveira e de Julieta Pedroso de Oliveira. (1970) 9 - um erto uquerque âmara eto, rasi eiro, so teiro, nasci o em 28 e
20 - Cilon Cunha Brun, brasileiro, solteiro, nascido em 3 de fevereiro de 1946 em maio de 1947 em Campina Grande-PB, filho de Roberto Alves Câmara e de Marilene
São Sepé - RS, filho de Lino Brun e de Eloá Cunha Brun. (1970) de Sá Leitão Câmara. (1973)
21 - Ciro Flavio Salazar Oliveira, brasileiro, solteiro,
nascido em 26 de setembro de 1943 50 - Idalisio Soares Aranha Filho, brasileiro, casado, nascido em 27 de agosto de
em Araguari - MG, filho de Arédio Oliveira e de Maria de Lourdes Oliveira. (1972) 1947 em Rubim-MG, filho de Idalísio Soares Aranha e de Aminthas Rodrigues Pe-
22 - Custódio Saraiva Neto, brasileiro, nascido em 5 de abril de 1952 no Ceará, filho reira. (1972)
de Dario Saraiva Leão e de Hilda Quaresma Saraiva Leão. (1974) 51 - e a antos e ga o, rasi eira, so teira, nasci a em 9 e u o e 1945 no io
23 - Daniel José Carvalho, brasileiro. (1974) de Janeiro-RJ, filha de Odorico Arthur Delgado e de Eunice Santos Delgado. (1974)
24 - Daniel Ribeiro Callado, brasileiro, nascido em 16 de outubro de 1940 em São Gon- 52 - Isis Dias de Oliveira, brasileira, casada, nascida em 29 de agosto de 1941 em São
çalo - RJ, filho de Consuelo Ribeiro Callado e de América RibeiroCallado. (1974) Paulo-SP, filha de Edmundo Dias de Oliveira ede Felícia Mardim de Oliveira.(1972)
25 - David Capistrano da Costa, brasileiro, casado, nascido em 16 de novembro de 53 - Issami Nakamura Okano, brasileiro, nascido em 23 de novembro de 1945 em
1913 em Boa Viagem - CE, filho de José Capistrano da Costa e de Cristina Cirila de Cravinhos-SP, filho de Hideo Okano e de Sadac Nalçamura. (1974)
Araújo. (1974) 54 - tair os e oso, rasi eiro, casa o, nasci o em 10 e un o e 1930 em inas
26 - ênis asemiro, rasi eiro, so teiro, nasci o em 9 e ezem ro e 1942 em Gerais, filho de Sebastião Veloso e de Zulmira Veloso. (1975)
Votuporanga - SP, filho de Antonio Casemiro e de Maria Casemiro. (1971) 55 - Ivan Mota Dias, brasileiro, solteiro, nascido em 29 de outubro de 1942 em
27 - Dermeval da Silva Pereira, brasileiro, solteiro, nascido em 16 de fevereiro de Passa Quatro-MG, filho de Lucas de Souza Dias e de Nair Mota Dias. (1971)
1945 em Salvador - BA, filho de Carlos Gentil Pereira e de Francisca das Chagas 56 - Jaime Amorim Miranda, brasileiro, casado, nascido em 18 de julho de 1926 em Ma-
Pereira. (1974) ceió-AL, filho de Manoel Simplício de Miranda e de Hermé Amorim de Miranda. (1973)
28 - inae za antana oqueiro, rasi eira, casa a, nasci a em 22 e março e 57 - aime etit a i va, rasi eiro, casa o, nasci o em 18 e un o e 1945 em
1949 em it ria a onquista - , i a e ntonio ereira e antan a e e umi ia lacanga-SP, filho de José Bernardino da Silva e de Julieta Petit da Silva. (1973)
Soares Santana. (1973) 58 - Jana Moroni Barroso, brasileira, solteira, nascida em 10 de junho de 1948 em
29 - Dinalva Oliveira Teixeira, brasileira, casada, nascida em 16 de maio de 1945 em Fortaleza-CE, filha de Benigno Girão Barroso e de Cirene Moroni Barroso. (1974)
Castro Alves - BA, filhade Viriato Augusto Oliveira ede Elza Conceição Bastos. (1973) 59 - João Alfredo Dias, brasileiro, nascido em 23 de junho de 1932 em Sapé-PB,
30 - Divino Ferreira de Souza, brasileiro, solteiro, nascido em 12 de setembro de filho de Alfredo Ulisses Gonçalo e de Amélia Gonçalo Dias, sapateiro e trabalhador
1942 em Caldas Novas - GO (registrado em Mossamedes - GO) filho de José Ferreira do campo. (1964)
de Souza e de Maria Gomes de Souza. (1973) 60 - o o atista ita, rasi eiro, casa o, nasci o em 24 e un o e 1948 em raço
31 - Durvalino de Souza, brasileiro, filho de José Porfíf io de Souza. (1973) Norte-SC, filho de Graciliano Miguel Rita e de Aracy Pereira Rita. (1973)
32 - Edgar de Aquino Duarte, brasileiro, solteiro, nascido em 28 de fevereiro de 61 - João Carlos Haas Sobrinho, brasileiro, nascido em 24 de junho de 1941 em São
1941 em Bom Jardim - PE, filho de José Geraldo Duarte e de Maria Francisca Du- Leopoldo-RS, filho de Idelfonso Haas e de Ilma Haas. (1972)
arte. (1973) 62 - João Gualberto Calatrone, brasileiro, nascido em 7 de janeiro de 1951 em Nova
33 - imir ric es amargo, rasi eiro, so teiro, nasci o em 4 e setem ro e 1914 Venecia-ES, filho de Clotildio Calatrone e de Osoria Calatrone. (1974)
em o au o - , i o e om s ene ito oura amargo e e aria a en a 63 - o o eonar o a i va oc a, ra si eiro, nasci o em a va or- , i o e
Amaral Vilaça. (1975) Mario Rocha e de Maria Natalia da Sil va Rocha. (1974)
34 - Eduardo Collier Filho, brasileiro, solteiro, nascido em 5 de dezembro de 1948 64 - João Massena Melo, brasileiro, casado, nascido em 18 de agosto de 1919 em
em Recife - PE, filho de Eduardo Collier e de Rizoleta Meira. (1974) Palmares-PE filho de Sebastião Massena Melo e de Olímpia Melo Maciel. (1974)
35 - Eleni Telles Pereira Guariba, brasileira, casada, nascida em 13 de março de 65 - Joaquim Pires Cerveira,brasileiro, casado, nascido em 14 de dezembro de1923, em
1941 em e e ouro - , i a e saac erreira aetano e e ascoa ina ves anta Maria-RS, filho de Marcelo Pires e de Auricela Goulart Cerveira. (1973)
Ferreira. (1971) 66 - oe os e arva o, rasi eiro, so teiro, nasci o em 13 e u o e 1948 em
36 - Elmo Corrêa, brasileiro, solteiro, nascido em 16 de abril de 1946 no Rio de Muriaé-MG, filho de Ely José de Carvalho e de Esther José de Carvalho. (1974)
Janeiro - RJ, filho de Edgar Correa e de Irene Guedes Correa. (1974) 67 - Joel Vasconcelos Santos, brasileiro, solteiro, nascido em 9 de agosto de 1949
37 - Elson Costa, brasileiro, casado, nascido em 26 de agosto de 1913 em Prata- em Nazaré-BA, filho de João Vicente Vasconcelos Santos e de Elza Joana dos San-
MG, filho de João Soares da Costa e de Maria Novais Costa. (1975) os. (1973)
38 - Enrique Ernesto Ruggia, argentino, nascido em 25 de julho de 1955, em Corrientes/ 68 - orge ea onça ves ereira, rasi eiro, nasci o em 25 e ezem ro e 1938 em
Argentina - filho de Atilio Carlos Ruggia e de AnaVioleta Bambula Ruggia. (1974) alvador-BA, filho de Enéas Gonçalves Pereira e de Rosa LealGonçalves Pereira. (1970)
39 - zequias ezerra a oc a, rasi eiro, casa o, nasci o em 24 e ezem ro e 69 - Jorge Oscar Adur, (padre) argentino, nascido em Nogoya, província de Entrei-
1944 em João Pessoa-PB, filho de Simplício Bezerra da Rocha e de Antonia Bulhões ros. (1978)
Bezerra. (1972) 0 - José Huberto Bronca, brasileiro, nascido em 8 de setembro de 1934 em Porto Ale-

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COMISS O ESPECIAL SO BRE MORTOS E DES APARECI DOS POLÍTIC OS

gre-RS, filho de Huberto Atteo Brancoe de Ermelinda Mazaferro Bronca. (1974) 105 - Onofre Pinto, brasileiro, nascido em 26 de janeiro de 1937 em Jacupiranga-
1 - José Lavechia, brasileiro, nascido em 25 de maio de 1919 em São Paulo-SP, P, filho de Júlio Rosário e Maria Pinto Rosário. (1974)
filho de Leo Lavechia e de Felicia Mateus Lavechia. (1974) 106 - Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior, brasileiro, casado, nascido em 14 de
2 - José Lima Piauhy Dourado, brasileiro, nascido em 24 de março de 1946 em Bar- janeiro de 1915 em Santa Tereza-ES, filho de Orlando da Silva Rosa Bonfim e Maria
reiras-BA. filho de Pedro Piauhy Dourado e de Anita Lima Piauhy Dourado. (1974) Gasparini Bonfim. (1974)
3 - os aria erre ira ra o, rasi eiro, casa o, nasci o em 6 e un o e 1941 107 - Orlando Momente, brasileiro, casado, nascido em 10 de outubro de 1933 em
no Ceará, filho de José Alexandre de Araújo e de Maria da Conceição Ferreira de Rio Claro-SP, filho de Álvaro Momente e Antonia Rivelino Momente. (1973)
Araújo. (1970) 108 - Osvaldo Orlando da Costa, brasileiro, nascido em 27 de abril de 1938 em Pas-
4 - José Maurílio Patrício, brasileiro, nascido em 1943 em Santa Tereza-ES, filho a Quatro-MG, filho de José Orlando da Costa e Rita Orlando dos Santos. (1974)
de Joaquim Patrício e de Isaura de Souza Patrício. (1974) 109 - Paulo César Botelho Massa, brasileiro, solteiro, nascido em 5 de outubro de
5 - José Montenegro de Lima,brasileiro, solteiro, nascido em 1948 no Ceará.(1975) 1945 no io e aneiro- , i o e ristovam anc es assa e a s aria ote o
6 - José Porfirio de Souza, brasileiro, casado, nascido em 27 de julho de 1912 em Massa. (1972)
Pedro Afonso-GO. (1973) 110 - Paulo Costa Ribeiro Bastos, brasileiro,nascido em 16 de fevereiro de 1945 emJuiz
78 -- José
José Roman, brasileiro,
Toledo de Oliveira,nascido emnascido
brasileiro, 4 de outubro
em 17dede1926
julhoSão
em Paulo-SP.
de 1941 em (1974)
Uberlândia- de
111Fora-MG, filho
- Paulo de de Othon
Tarso Ribeiro
Celestino Bastosbrasileiro,
da Silva, e Maria do Carmoem
nascido Costa
26 Bastos.
de maio(1972)
de 1944
MG, filho de José Sebastião de Oliveira e de Adaide de Toledo deOliveira. (1972) em Morrinhos-GO, filho de Pedro Celestino da Silva Filho e Zuleika Borges Pereira
9 - e er emos a i va, rasi eiro, nasci o em 21 e maio e 1942 no io e a- Celestino. (1971)
neiro-RJ, filho de Norival Euphrosino da Silva e de Karitza Lemos da Silva. (1972) 112 - au o en es o rigues, rasi eiro, nasci o em 25 e setem ro e 1931 em
80 - Libero Giancarlo Castiglia, italiano, nascido em 4 de julho de 1944 em Cocen- Cruz Alta-RS, filho de Francisco Alves Rodrigues e Otilia Mendes Rodrigues. (1973)
za, filho de Luigi Castiglia e de Elena Gibertini Castiglia. (1973) 113 - Paulo Roberto Pereira Marques, brasileiro, nascido em 14 de maio de 1949, em
81 - Lourival de Moura Paulino, brasileiro, nascido em Xambioá-PA, filho de Joa- Pains-MG, filho de Silvio Marques Carrilhoe Maria Leonor Pereira Marques. (1973)
quim Moura Cambino e de Jardilina Santos Moura. (1974) 114 - Paulo Stuart Wright, brasileiro, casado, nascido em 2 de julho de 1933 em
82 - ucia aria e ouza, rasi eira, so teira, nasci a em 22 e un o e 1944 em Herval D’Oeste-SC, filho de Lathan Ephraim Wright e Maggie Belle Wrigth. (1973)
São Gonçalo-RJ, filha de José Augusto de Souza e de Jovina Ferreira. (1973) 115 - Pedro Alexandrino de Oliveira Filho, brasileiro, solteiro, nascido em 19 de
83 - Lúcio Petit da Silva,brasileiro, nascido em 1º. de dezembro de 1941 emPiratininga- março de 1947 em Belo Horizonte-MG, filho de Pedro Alexandrino de Oliveira e
SP, filho de José Bernardino da Silva Júnior e de Julieta Petit da Silva, (1973) Diana Piló de Oliveira. (1974)
84 - Luís Eurico Tejera Lisbôa, brasileiro, casado, nascido em 29 de janeiro de 1948 em 116 - Pedro Inácio de Araújo, brasileiro, morava em Miriri-PB. (1974)
Porto União-SC, filho de Eurico Siqueira Lisbôa ede Clélia Tejera Lisbôa. (1972) 117 - Ramires Maranhão do Valle, brasileiro, nascido em 2 de novembro de 1950
85 - u s n cio aran o i o, rasi eiro, casa o, nasci o em 25 e aneiro e 1921 em eci e- , i o e rancisco vis arques o a e e gr coa aran o o
em Natal-RN, filho de LuísInácio Maranhão e de Maria SalméMaranhão. (1974) Valle. (1973)
86 - Luiz Almeida Araújo, brasileiro, nascido, em 27 de agosto de 1943 em Anadia- 118 - Rodolfo de Carvalho Troiano, brasileiro, nascido em 1950 em Juiz de Fora-
AL, filho de João Rodrigues de Araújo e de Maria José Mendes de Almeida. (1971) MG, filho de Rodolfo Troiano e Geny de Carvalho Troiano. (1974)
87 - Luiz Renê Silveira e Silva,brasileiro, solteiro, nascido em 15 de julho de1951 no Rio 119 - Rosalindo Souza, brasileiro, nascido em 2 de janeiro de 1940 em Caldeirão
de Janeiro-RJ, filho de René de Oliveira e Silva e de Lufita Silveira e Silva. (1974) Grande-BA, filho de Rosalvo Cypriano Souza e Lindaura Correia de Souza. (1973)
88 - uiz ieira e mei a, rasi eiro, casa o, com um i o, morava em aca a. 120 - u ens eiro t aiva, rasi eiro, casa o, nasci o em 26 e setem ro e 1929
(1973) em Santos-SP, filho de Jaime de Almeida Paiva e Aracy Beirodt Paiva. (1971)
89 - Luiza Augusta Garlippe, brasileira, solteira, nascida em 16 de outubro de 1941 121 - Ruy Frazão Soares, brasileiro, casado, nascido em 4 de outubro de 1941 em
em Araraquara-SP, filha de Armando Garlippe e de Durvalina Santomo. (1974) ão Luís-MA, filho de Mario da Silva Soares e Alice Frazão Soares. (1974)
90 - Manoel Alexandrino, brasileiro, nascido na Paraiba, morava no Engenho de 122 - Ruy Carlos Vieira Berbert, brasileiro, solteiro, nascido em 16 de dezembro
Maraú. (1974) de 1947 em Regente Feijó-SP, filho de Ruy Thales Jaccoud Berbert e Otilia Vieira
91 - anue os urc is, rasi eiro, nasci o em 19 e ezem ro e 1940 em o Berbert. (1972)
Paulo-SP, filho de José Francisco Nurchis e de Rosalina Carvalho Nurchis. (1972) 123 - rgio an u o urta o, rasi eiro, so teiro, nasci o em 24 e maio e 1951
92 - Márcio Beck Machado, brasileiro, nascido em 14 de dezembro de 1943 em São em Serrinha-BA, filho de George Furtado e Diva Furtado. (1972)
Paulo-SP, filho de Otávio Menezes Machado e de Edria Beck Machado. (1973) 124 - Stuart Edgar Angel Jones, brasileiro, casado, nascido em 11 de janeiro de
93 - Marco Antônio Dias Batista, brasileiro, solteiro, nascido em 7 de agosto de 1946 em Salvador-BA, filho de Norman Angel Jones e Zuleika Angel Jones. (1971)
1954 em Sorocaba-SP, filho de Waldomiro Dias Batista e de Maria de Campos 125 - Suely Yumiko Kamayana, brasileira, solteira, nascida em 25 de maio de 1948
Batista. (1970) em Coronel Macedo-SP. (1973)
94 - Marcos José de Lima, brasileiro, nascido no Espírito Santo, f erreiro. (1973) 126 - e ma egina or eiro orrêa, rasi eira, casa a, nasci a em 23 e u o e 1947
95 - Maria Augusta Thomaz, brasileira, solteira, nascida em 14 de novembro de no Rio de Janeiro-RJ, filha deLuiz Durval Cordeiro e Celeste Durval Cordeiro.(1974)
1947 em Leme-SP, filha de Aniz Thomaz e de Olga Michael Thomaz. (1973) 127 - Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto, brasileiro, casado, nascido em
96 - Maria Célia Corrêa, brasileira, nascida em 30 de abril de 1945 no Rio de Janei- 1937 em Patintins- AM, filho de Togo Meirelles e Maria Garcia Meirelles. (1974)
ro-RJ, filha de Edgar Corrêa e de Irene Corrêa. (1974) 128 - Tobias Pereira Júnior, brasileiro, nascido em 16 de novembro de 1949 no Rio
97 - aria cia etit a i va, rasi eira, so teira, nasci a em 20 e março e 1950 em de Janeiro-RJ, filho de Tobias Pereira e Emilia Barreto Pereira. (1974)
Agudos-SP, filha de José Bernardino da Silva Júnior de e Julieta Petit da Silva.(1972) 129 - irassu e ssis atista, rasi eiro, so teiro, nasci o em 5 e a ri e 1952 em
98 - Mariano Joaquim da Silva, brasileiro, casado, nascido em 2 de maio de 1930 em Itapicuru-BA, filho de Francisco de Assis Batista e Adinalva Dantas Batista. ( 1974)
Timbaúba-PE, filho de Antonio Joaquim da Silva ede Maria Joana Conceição. (1970) 130 - Vandick Reidner Pereira Coqueiro, brasileiro, casado, nascido em 9 de de-
99 - Mário Alves de Souza Vieira, brasileiro, casado, nascido em 14 de fevereiro de embro de 1949 em Boa Nova-/BA, filho de Arnóbio Santos Coqueiro e Elza Pereira
1923 em Santa Fé-BA, filho de Romualdo Leal Vieira e de Julieta Alves de Souza Coqueiro. (1974)
Vieira. (1970) 131 - irg io omes a i va. rasi eiro, casa o, nasci o em 15 e agosto e 1933
100 - aur cio ra ois, rasi eiro, casa o, nasci o em 2 e outu ro e 1912 em em Sitio Novo (Santa Cruz)--RN, filho de . .??????. (1969)
Salvador-BA, filho de Agostim Grabois e de Dora Grabois. (1973) 132 - itorino ves oitin o, rasi eiro, so teiro, nasci o em 3 e aneiro e 1949
101 - Miguel Pereira dos Santos, brasileiro, nascido em 12 de julho de 1943, em na Bahia, filho de Isaú Lopes Moitinho e Yolinda Alves Moitinho. (1973)
Recife-PE, filho de Pedro Francisco dos Santos e Helena Pereira dos Santos. (1972) 133 - Walquíria Afonso Costa, brasileira, casada, nascida em 2 de agosto de 1947,
102 - Nelson de Lima Piauhy Dourado, brasileiro, nascido em 3 de maio de 1941 em filha de Edwin Costa e Odete Afonso Costa, (1974)
Jacobina-BA, filho de Pedro Piauhy Dourado e Anita Lima Piauhy Dourado. (1974) 134 - ter e ouza i eiro, rasi eiro, casa o, nasci o em 24 e setem ro e
103 - estor eras, rasi eiro, nasci o em 19 e maio e 1915 em i eir o reto- 1924 em e i o to ni- , i o e ene ito i eiro e aria a ta cia e ouza
SP, filho de Manoel Veras e Pilar Velasques. (1975) Ribeiro. (1974)
104 - Noberto Armando Habeger, argentino, jornalista, passaporte com nome de 135 - Wálter Ribeiro Novaes, brasileiro, casado, nascido na Bahia, filho de Arlindo
Hector Estevan Cuello. (1978) Ribeiro e Maria Rosalinda Ribeiro. (1971)

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136 - Wilson Silva, brasileiro, casado, nascido em 21 de abril de 1942 em São Pau-
lo-SP, filho de João Silva e Lígia Vilaça Silva. (1974) LEI Nº 10.875, DE 1º DE JUNHO DE 2004
Anexo II tera ispositivos a ei no 9.140, e 4 e ezem ro e 1995, que recon ece
TABELA PARA CÁLCULO DA INDENIZAÇÃO (ART. 5º) como mortas pessoas esapareci as em raz o e participaç o, ou acusaç o e par-
a e na ata o esaparecimento icipação, em atividades políticas.
Expectativa Média de Sobrevida Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida Provisória nº 176,
Homens Mulheres de 2004, que o Congresso Nacional aprovou, e eu, José Sarney, Presidente da Mesa
16-20 45,74 50,75 do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Fe-
21-25 41,37 46,1 era , com a re aç o a a pe a men a onstituciona nº 32, com ina o com o art.
26-30 37,12 41,53 12 a eso uç o nº 1, e 2002- , promu go a seguinte ei:
31-35 3-1,96 37,06 Art. 1º Os arts. 4º, 5º, 6º e 10 da Lei nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995, pas-
36-40 1-8,93 32,7 am a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 4º Fica criada Comissão Especial que, face às circunstâncias descritas no art.
41-45
46-50 25,06
21,37 28,48
24,38 1º desta Lei, assim comodiante da situação política nacional compreendida no período
51-55 17,9 20,45 e 2 e setem ro e 1961 a 5 e outu ro e 1988, tem as seguintes atri uiç es:
56-60 14,66 16,73 - .............................................................................................
61-65 11,67 13,27 b) que, por terem participado, ou por terem sido acusadas de participação, em
tividades políticas, tenham falecido por causas não-naturais, em dependências
policiais ou assemelhadas;
c) que tenham falecido em virtude de repressão policial sofrida em manifesta-
LEI Nº 10.536, DE 14 DE AGOSTO DE 2002 ç es p icas ou em con itos arma os com agentes o po er p ico;
d) que tenham falecido em decorrência de suicídio praticado na iminência de
tera ispositivos a ei nº 9.140, e 4 e ezem ro e 1995, que recon ece erem presas ou em decorrência de seqüelas psicológicas resultantes de atos de
como mortas pessoas esapareci as em raz o e participaç o, ou e acusaç o e ortura praticados por agentes do poder público;
participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de .........................................................................…………………………..............”. (NR)
agosto de 1979, e dá outras providências. “Art. 5º ......................…………...........................…….....…….................
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e 1º .............................................................................
eu sanciono a seguinte Lei: - entre os integrantes o inist rio a e esa.
rt. 1º s arts. 1º e 4º a ei no 9.140, e 4 e ezem ro e 1995, passam a § 2º A Comissão Especial poderá ser assessorada por funcionários públicos fe-
vigorar com as seguintes a teraç es: derais, designados pelo Presidente da República, podendo, ainda, solicitar o auxílio
“Art. 1º São reconhecidos como mortas, para todos os efeitos legais, as pessoas das Secretarias de Justiça dos Estados, mediante convênio com a Secretaria Espe-
que tenham participado, ou tenham sido acusadas de participação, em atividades cial dos Direitos Humanos da Presidência da República, se necessário”. (NR)
políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por rt. 6º omiss o specia uncionar unto ecretaria specia os ireitos
este motivo, tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, deste então, Humanos da Presidência da República, que lhe dará o apoio necessário”. (NR)
desaparecidas, sem que delas haja notícias”. (NR) rt. 10. .....................................................................
rt. 4º. § 3º Reconhecida a morte nas situações previstas nas alíneas b a d do inciso I
b) que,
vidades por terem
políticas, participado,
no período de 2 deousetembro
por teremde
sido acusadas
1961 de participação,
a 5 de outubro de 1988,em ati-
tenham do art. 4º desta
condições, Lei, as
requerer pessoas mencionadas
indenização no caput poderão, na mesma ordem e
à Comissão Especial”.(NR)
falecido por causas não-naturais, emdependências policiais ou assemelhadas; rt. 2º ara o im e se proce er ao recon ecimento e pessoas que ten am
......................(NR) a eci o nas situaç es previstas nas a neas c e o inciso o art. 4º a ei nº
rt. 2º s prazos previstos nos arts. 7o e 10 a ei no 9.140, e 4 e ezem ro .140, e 1995, os egitima os e que trata o seu art. 10 po er o apresentar re-
de 1995, serão reabertos, pelo prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da publi- uerimento perante a Comissão Especial, instruído com informações e documentos
cação desta Lei. ue possam comprovar a pretensão, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. partir da data de publicação desta Lei.
Brasília, 14 de agosto de 2002; 181º da Independência e 114º da República. rt. 3º s recursos necess rios ao cumprimento o isposto nesta ei a vir o
e otaç es consigna as no orçamento a ecretaria specia os ireitos uma-
nos, observadas as normas pertinentes da Lei Complementar no 101, de 4 de maio
au o e arso amos i eiro de 2000.
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Congresso Nacional, em 1º de junho de 2004; 183º da Independência e 116º
da República
Senador JOSÉ SARNEY
Presidente da Mesa do Congresso Nacional
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