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JACQUES DEMAJOROVIC

SOCIEDADE DE RISCO E RESPONSABILIDADE


SOCIOAMBIENTAL: PERSPECTIVAS PARA A
EDUCAÇÃO CORPORATIVA

Tese apresentada à Faculdade de


Educação da Universidade de São
Paulo para obtenção do Título de
Doutor em Educação.

Área de Concentração:
Educação, Estado e Sociedade

Orientador:
Prof. Dr. Pedro Roberto Jacobi

São Paulo
2000
DEDICATÓRIA

À Cris, naturalmente.
AGRADECIMENTOS

Nos quatro anos de duração deste projeto de pesquisa, diversos amigos e amigas contribuíram
para que os momentos de desequilíbrio do dissertante não se concretizassem em um ato
desesperado de descartar o trabalho feito na cachoeira mais próxima. Pessoas que riram
comigo, e muitas vezes de mim também, sempre prontas para colaborar, sendo algumas ofertas
realmente tentadoras: quer que eu leia sua metodologia, encontrei este texto - acho que é útil
para a sua tese, gostaria de ver, posso te ajudar em alguma coisa como escrever um ou dois
capítulos?

A essas pessoas que ajudaram, direta ou indiretamente, tenho um imenso prazer em agradecer
começando, como não poderia deixar de ser, por meu orientador, Pedro Roberto Jacobi. Durante
esta convivência, em que orientações se transformaram em almoços e almoços se
transformaram em orientações, não consigo lembrar um momento, por mais do que me esforce,
em que suas palavras não contivessem uma crítica construtiva, um estímulo, um incentivo.

À minha família, do lado de cá, Léa e Sabetai, pelo apoio vitalício. Menção honrosa ao Sabetai
que certamente ganhou mais alguns cabelos brancos, tentando fazer com que eu
compreendesse este complexo mundo composto de dodecilbenzeno, hidrosulfito, metacrilato de
butila, entre outros. Do lado de lá, Márcia, Steve, Danielle e Ilana, que garantiram casa, comida,
roupa lavada e afeto enquanto eu me perdia, literalmente, nas bibliotecas de Boston.

Ao Edu e à Lucinha que, nas últimas semanas do trabalho, entre fraldas e noites mal dormidas,
ainda encontraram tempo para ler o trabalho e fazer sugestões.

À Carmen pela ajuda nos debates sobre os indicadores e por sua facilidade em garimpar na
Internet, pois ao procurar informações para a sua tese, enviava uma série de dicas para a minha.

Aos amigos Fábio, Mônica, Mark (tradutor juramentado do abstract), Célia, Simone, Paulo, Kiki,
Silvia Mac, Paulinho e Felícia. Alguns ajudaram mais diretamente no trabalho, outros não, mas
de qualquer maneira, foram fundamentais para o processo.
Ao clã Murachco e agregados que, além do apoio, disponibilizaram duas fontes energéticas
cruciais para o prosseguimento da pesquisa: a casa da praia e o poderoso cuscuz marroquino.

À Paulinha e à Leda que se desdobraram para fazer as transcrições das inúmeras fitas.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pela concessão da


bolsa de doutorado.

À Associação Brasileira de Indústrias Químicas – ABIQUIM pelo apoio para minha participação
no 3° Congresso de Atuação Responsável.

A todos os representantes das organizações entrevistadas que cederam seu tempo e


informações preciosas para a pesquisa destacando: as empresas analisadas, as agências
regionais da CETESB, Greenpeace, Instituto Ethos, FUNDACENTRO, Ministério Público,
Associações de Moradores, Sindicatos dos Trabalhadores da Indústria Química.

A Itatiaia, fonte inesgotável de idéias, não necessariamente brilhantes, pelo céu, cachoeira,
verde, varanda e rede.

Por fim, but not ever, ever the least, à Cristina Murachco. Agradecer à Cris é uma tarefa difícil.
Poderia começar pelas indicações de livros que ela, com sua formação em literatura francesa,
fez e que foram vitais para este trabalho. Ou ainda agradecer pelas semanas, fins-de-semana e
feriados durante os quais se dedicou à árdua tarefa da revisão final do texto, enfrentando a fúria
ensandecida do autor a cada palavra alterada. Talvez pudesse ainda agradecer o carinho e as
palavras de estímulo ilimitados. Poderia continuar agradecendo indefinidamente, mas o tempo é
curto pois em algumas horas tenho de depositar a tese na secretaria da Faculdade de Educação.
De qualquer forma, aos amigos que ficam sempre insistindo na sorte que eu tive de conhecer a
Cris – o que sempre contestei com o argumento contrário – afirmo categoricamente: no fundo,
sempre soube que vocês estavam certos.
RESUMO

Um dos aspectos mais relevantes da crise da modernidade é a elevação dos riscos


socioambientais associados ao intenso desenvolvimento industrial, sendo que o setor químico
contribuiu significativamente para a construção deste quadro de vulnerabilidade socioambiental.

Desde o final da década de 80, no entanto, as grandes corporações químicas adotaram um


discurso enfatizando a necessidade de integrar a variável socioambiental como um componente
fundamental para garantir sua competitividade e sua legitimidade perante a opinião pública.

Esta pesquisa procurou analisar, a partir do desenvolvimento de estudos de caso em empresas


no setor químico, como os programas de educação corporativa refletem nas práticas gerenciais,
influenciando os indicadores de desempenho das empresas nos campos ambiental e social.

Os resultados desse trabalho apontam que, embora nenhuma das empresas pesquisadas
apresente características ideais para a disseminação de um conhecimento socioambiental, as
organizações que optam por tratar a educação corporativa de forma estratégica tendem a elevar
seu desempenho ambiental e social. Isto foi observado tanto na fase em que o foco foi apenas o
controle da poluição, quanto no presente em que características da abordagem de prevenção à
poluição estão sendo integradas.
ABSTRACT

One of the most important aspects of the crisis of modernity is the increase in environmental
risks, associated with the expansion of industrial development. The chemical sector has
contributed significantly to current state of social and environmental vulnerability.

Since the end of the 1980s, however, the large chemical companies have been adopting a
discourse which emphasizes the need to integrate social and environmental variables as
fundamental components of their operational planning in order to ensure their competitiveness
and the legitimacy in terms of public opinion.

The research presented in this dissertation uses case studies of companies in the chemical
sector to analyze the impact that corporate education programs have on management practices
in the company and performance indicators in the environmental and social areas.

The results of this research indicate that, while none of the companies examined present ideal
characteristics for the dissemination of social and environmental knowledge, those corporations
that choose to treat corporate education as a strategic element also tend to have better
environmental and social performance. This was observed both in periods when the focus was
strictly centered on pollution control, as well as more recently when the preventative approach to
pollution is becoming more influential.
SUMÁRIO

Agradecimentos iii
Resumo v
Abstract vi
Lista de Quadros e Tabelas x
Lista de Gráficos xi
INTRODUÇÃO 1
I – Apresentação e justificativa 1
II – Pressupostos e hipóteses 13
III - Metodologia 14

Capítulo 1 AS ORGANIZAÇÕES E A SOCIEDADE DE RISCO 21


1.1 A Sociedade de Risco: uma sociedade não intencional 21
1.2 A modernização reflexiva: do efeito à autocrítica 26
1.3 A autocrítica profissionalizada 33
1.4 A incorporação tradicional da responsabilidade socioambiental 36
1.5 Empresas e modernidade: evitando a fragmentação e a 41
superespecialização.

Capítulo 2 A EDUCAÇÃO CORPORATIVA E A RESPONSABILIDADE 45


SOCIOAMBIENTAL
2.1 Do treinamento à organização que aprende 45
2.2 Do aprendizado individual ao aprendizado organizacional 50
2.3 Do questionamento organizacional à teoria da ação: o processo de 54
aprendizado.
2.4 Modalidades de aprendizado: o desafio de aprender a aprender 58
2.5 Limites e perspectivas da metáfora da aprendizagem 63
2.6 Desafios do processo de aprender a aprender no campo socioambiental 70
2.7 Mudando a organização: incorporando o aprendizado socioambiental 75
organizacional

Capítulo 3 A INDÚSTRIA QUÍMICA, A SOCIEDADE DE RISCO E A 81


RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
3.1 A era química 81
3.2 A expansão da indústria química mundial 83
3.3 Breve histórico da indústria química brasileira e de seu 90
processo de aprendizagem
3.4 O setor químico e a mobilização ambientalista 102
3.5 Indústrias químicas e acidentes: os riscos socioambientais ampliados 107
3.6 Bhopal e seus desdobramentos para a indústria química 112
3.7 A indústria química brasileira e a mobilização ambiental 117
3.8 O programa Atuação Responsável
 e a responsabilidade socioambiental 127
3.9 O programa Atuação Responsável
 no Brasil 138

Capítulo 4 ESTUDOS DE CASO 153


4.1 Construindo indicadores de educação corporativa e de desempenho 153
socioambiental
4.1.1 Estabelecendo indicadores de educação corporativa 153
4.1.2 Estabelecendo indicadores de desempenho socioambiental 154
4.1.3 Aplicação dos indicadores de educação corporativa e de desempenho 160
socioambiental
4.2 Empresa A 166
4.2.1 Caracterização da região 166
4.2.2 Caracterização da empresa A 167
4.2.3 Avaliação dos indicadores da empresa A 172
4.3 Empresa B 186
4.3.1 Caracterização da região 186
4.3.2 Caracterização da empresa B 186
4.3.3 Avaliação dos indicadores da empresa B 192
4.4 Empresa C 206
4.4.1 Caracterização da região 206
4.4.2 Caracterização da empresa C 207
4.4.3 Avaliação dos indicadores da empresa C 211
4.5 Considerações sobre os estudos de caso 229

CONSIDERAÇÕES FINAIS 239


I. Revendo os pressupostos 239
II. Perspectivas para a educação corporativa socioambiental 240
III. Desafios para a educação socioambiental global 247

BIBLIOGRAFIA 254
ANEXOS 264
Lista de Quadros

1 Evolução das abordagens de gestão ambiental empresarial 36


2 Indicadores de educação corporativa e de desempenho socioambiental 160

Lista de Tabelas

1 Participação dos setores industriais no total de resíduos sólidos gerados no 17


Estado de São Paulo
2 Produção da indústria química mundial (1990/1998) 87
3 Faturamento da indústria química mundial (1990 - 1998) 88
4 Exportações da indústria química mundial (1990 - 1997) 89
5 Acidentes industriais selecionados ocorridos no séc. XX 108
6 Freqüência de acidentes segundo o setor industrial (1984 – 1993) 110
7 Efeitos de acidentes industriais em países desenvolvidos e em desenvolvimento 111
(1945 - 1991)
8 Avaliação dos setores industriais quanto aos problemas socioambientais 140
9 Indicadores de desempenho de segurança de processos 147
10 Indicadores de desempenho em saúde e segurança do trabalhador 147
11 Indicadores de desempenho em transporte e distribuição 147
12 Indicadores de desempenho em proteção ambiental 148
13 Razões e estratégias para adoção da gestão ambiental no setor químico 151
14 Escalas de pontuação para avaliação da educação corporativa 166
e do desempenho socioambiental
15 Consumo de matérias-primas e combustíveis 169
16 Capacidade instalada 169
17 Capacidade instalada 190
18 Consolidação dos indicadores de educação corporativa e desempenho 231
socioambiental das empresas
Lista dos Gráficos

1 Produção, vendas (internas e externas) e faturamento da indústria 99


química brasileira (1990 – 1998)
2 Distribuição percentual da produção do complexo químico brasileiro (1998) 100
3 Faturamento do complexo químico brasileiro (1998) 101
4 Pesquisa de opinião pública favorável feita em dez setores industriais (1990-1995) 133
5 Resíduos gerados X investimentos acumulados em controle de poluição 182
6 Evolução da capacidade nominal de etileno (em ton./ano) 189
7 Comparação da produção de etileno e de vapor d’água (em mil ton./ano) com 201
a emissão de material particulado e de dióxido de enxofre (em ton./ano)

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