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mente para Itaguaí, na então província do lhos de Psicologia estabeleceu temas Membros Efetivos:
Ana Carla Souza Silveira da Silva - CRP 05/18427
Rio de Janeiro, e, em certo momento, dedi- orientadores da discussão que os Regio- Francisca de Assis Rocha Alves - CRP 05/18453
José Henrique Lobato Vianna - CRP 05/18767
ca-se a um “recanto” de sua profissão: “o nais devem fazer com a categoria. Um dos Lindomar Expedito Silva Darós - CRP 05/20112
psíquico, o exame da patologia cerebral”. temas refere-se à exclusividade, ou não, da Lygia Santa Maria Ayres - CRP 05/1832
Marcia Ferreira Amendola - CRP 05/24729
Tendo estudado os desequilíbrios mentais, prática da psicoterapia pelos psicólogos. Noeli de Almeida Godoy de Oliveira - CRP 05/24995
Pedro Paulo Gastalho de Bicalho – CRP 05/26077
encontra-os em todas as pessoas, e encerra Outro diz respeito à formação do psico- Samira Younes Ibrahim - CRP 05/7923
Vivian de Almeida Fraga - CRP 05/30376
toda a população de Itaguaí no manicômio terapeuta, em graduação e/ou pós-gradu- Wilma Fernandes Mascarenhas - CRP 05/27822
da Casa Verde, até que, caindo em si, liberta ação; o papel e o lugar da psicoterapia em Me mb
mbrros SSuple
uple nt
uplent es:
ntes:
Ana Lúcia de Lemos Furtado - CRP 05/0465
todos e se prende lá. saúde mental é outro dos temas presente Ana Maria Marques Santos - CRP 05/18966
O conto foi lembrado pelos partidários nos debates. Elizabeth Pereira Paiva - CRP 05/4116
Érika Piedade da Silva Santos - CRP 05/20319
do movimento de luta anti-manicomial, O conto de Machado de Assis pode ser- Maria Márcia Badaró Bandeira - CRP 05/2027
Rosilene Souza Gomes de Cerqueira - CRP 05/10564
no bojo da discussão da Reforma Psiquiá- vir então para nos precaver contra a tenta- Vanda Vasconcelos Moreira - CRP 05/6065
trica, para ilustrar as possíveis conse- ção a adotar certas posições que poderiam Co missão Edit or ial:
Edito
José Novaes
quências nefastas do aprisionamento estar motivadas no corporativismo e na Marilia Alvares Lessa
Noeli Godoy
indiscriminado e generalizado dos “doen- onipotência dos (as) psicólogos (as). Rosilene Cerqueira
Jo rnalista Resp
Resp
espoo nsáv
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Marcelo Cajueiro - MTb 15963/97/79
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° Jornal do CRP-RJ
CRP-RJ
Ano da Psicoterapia: contribuições para o debate
O Sistema Conselhos de Psicologia escolheu Além disso, os psicólogos passaram a olhar o mento de Psiquiatria propuseram o fechamento
2009 para ser o Ano da Psicoterapia. A psico- sujeito não apenas como indivíduo, mas como ser do Centro de Aconselhamento da Universidade.
terapia foi escolhida, entre outras razões, devido histórico e social, assim como perceberam que sua Sua alegação era a de que, ao exercerem a
à sua importância para os psicólogos, enquanto prática não se restringe ao consultório; é, antes de psicoterapia, os psicólogos estariam “exercendo
prática e saber teórico. Além disso, esse é o campo tudo, uma prática política, social. As mudanças ilegalmente a medicina”.
em que os psicólogos são mais expressivos nume- vieram se afirmando na Psicologia como um todo, Hoje, o papel dos psicólogos na prática da
ricamente: atualmente, cerca de 80% dos psicólo- alcançando também o campo da psicoterapia, que psicoterapia é bastante reconhecido, ao lado de
gos que exercem a profissão atuam em psicoterapia era vista como espaço da Medicina. diversas outras ciências e profissões que também
ou Psicologia clínica. A atuação dos profissionais da Psicologia nes- têm profissionais atuando na área. Esses psico-
O projeto do Ano da Psicoterapia foi propos- sa área começou com Carl Rogers, nos Estados terapeutas, das mais diversas origens, estão espa-
to na primeira Assembleia das Políticas, da Admi- Unidos, na década de 1930. Para afirmar a lhados nas cerca de 400 linhas que foram conta-
nistração e das Finanças (APAF) de 2008, realiza- psicoterapia como uma área também da Psicolo- bilizadas até hoje. Com tanta diversidade, como
da em maio, e se concretizou na APAF de definir o que é psicoterapia? Que profissio-
dezembro do mesmo ano (veja mais sobre nais a exercem? Como esses profissionais se
o Ano da Psicoterapia na página 9). O obje- formam?
tivo é debater as práticas desses profissio- Para tentar esclarecer essas e outras ques-
nais em sua diversidade e subjetividade. tões, o Jornal do CRP-RJ conversou com
Primeiramente, é preciso contextualizar psicoterapeutas de diversas linhas sobre suas
o surgimento da psicoterapia e sua utiliza- práticas. A primeira questão que surge é exa-
ção pelos psicólogos. A clínica psicológi- tamente a dificuldade de se conceituar a
ca, em seus primórdios, seguia um modelo psicoterapia, devido à sua grande diversidade.
de clínica médica, observando e buscando De acordo com o psicólogo, psicote-
sintomas para diagnosticar, tratar e curar. rapeuta e professor da Pós-Graduação do
No início do século XX, Freud, apesar de Departamento de Psicologia da UFF Roberto
ser médico, traz uma nova visão, deslocan- Novaes (CRP 05/6904), um dos aspectos que
do a importância dada à visão, à observa- caracterizam a psicoterapia é o fato de “tra-
ção, para a escuta. O criador da psicanáli- balhar com a dimensão de sentido da experi-
se, assim, tira o foco da “doença” e o passa ência, não da intervenção a partir da deter-
para o sujeito. minação de supostas causas objetivas. O que
Na maioria dos casos, o olhar se voltou se tem é uma reflexão vivida, uma apropria-
para o indivíduo isolado, retirado de seu ção sobre o sentido do sofrimento, sobre o
contexto social, principalmente com a for- sentido da existência”.
ça ganha pelo individualismo no pensamen- Outro ponto em comum entre as diversas
to moderno. Assim, a Psicologia se volta psicoterapias é a compreensão do sujeito em
para tratar “os problemas e mazelas psico- um sentido mais amplo. É o que afirma o psi-
lógicos”, com pouco ou nenhum compro- cólogo e analista reichiano Marcus Vinícius
metimento com o social. de Araújo Câmara (CRP 05/4907), doutor
No entanto, ao longo do século, os psicólogos gia, diversos entraves precisaram ser superados. em Psicologia pela UFRJ, coordenador do Insti-
começaram a refletir sobre os efeitos da psico- A primeira “luta” ocorreu em 1939, em Rochester tuto de Formação e Pesquisa Wilhelm Reich (IFP-
terapia e o contexto social passou a estar cada vez (EUA), quando Rogers dirigiu o Departamento Reich), professor titular e supervisor clínico da
mais presente. A Psicologia começou a sair dos de Estudos da Criança, que estava sendo reorga- UCL e membro do Conselho Editorial da publi-
consultórios e perceber todo um mundo com o nizado para formar o Centro de Orientação de cação “Pensamento Reichiano em Revista”. Para ele,
qual trabalhar. Esses profissionais passaram a per- Rochester. Diversos psiquiatras se opuseram à prá- psicoterapia é “um processo de análise da subjeti-
ceber que não é o lugar que faz sua prática clínica, tica psicoterápica por psicólogos. Pouco tempo vidade e de como a mesma é produzida, no que
mas suas concepções teóricas, sua metodologia e depois, embate semelhante ocorreu na Universi- concerne aos aspectos psíquico, somático, ener-
sua ética. dade de Chicago, quando membros do Departa- gético e social”.
“A psic ot
oteer apia não
psicot cussão ficar num corporativismo. O importante é edade, não uma regulamentação propriamente
se reduz a uma mera delimitar o campo específico da psicoterapia e dita. “Regulamentar tudo isso não é uma coisa sim-
aplicação técnica de procurar entender qual é a formação adequada e ples nem rápida. O caminho é um bom diálogo,
uma teoria que profissionais têm essa formação”, declara colocar todo mundo em uma mesa e conversar o
científica. Ela é uma Roberto Novaes. tempo que for preciso”, afirma. Ele coloca, ainda
práxis que tem certa Mas como fazer essa delimitação e como deve uma questão importante: será que haveria con-
autonomia e que se ser essa formação? Certamente, esses pontos preci- senso entre que práticas são psicoterapias? “Eu,
alimenta de vários sam de muita reflexão e esse é um dos objetivos das por exemplo, sou psicanalista e não me veja como
sab
sabeeres e da eexp
xpeer iência d
xp dee vvida.
ida.
ida.”” discussões do Ano da Psicoterapia, mas é possível psicoterapeuta. Se houvesse uma regulamentação
Roberto Novaes traçar algumas possibilidades. O primeiro ponto da psicoterapia, acredito que não seria possível
polêmico diz respeito a uma possível regulamenta- incluir psicanálise”, exemplifica.
Nesse sentido, torna-se extremamente compli- ção das psicoterapias, o que, em princípio, resolve- Roberto Novaes também acredita que ainda é
cado definir um determinado profissional que po- ria esses impasses. Mas se é tão difícil até mesmo preciso muito debate para chegar a uma conclusão
deria exercer a psicoterapia de forma exclusiva. “A definir o que é a psicoterapia, como regulamentá- sobre a regulamentação, mas vê de forma clara que
psicoterapia não se reduz a uma mera aplicação la? Seria possível padronizar tantas linhas e técni- ela não poderia ser definitiva. “As regulamentações
técnica de uma teoria científica. Ela é uma práxis cas de forma a não perder suas subjetividades e são sempre, ou deveriam ser, uma orientação. Qual-
que tem certa autonomia e que se alimenta de vá- especificidades? E a quem caberia essa tarefa? quer prática profissional e qualquer saber estão
rios saberes e da experiência de vida. Certamente, De acordo com o psicólogo e psicanalista sempre historicamente em transformação. Não vejo
o saber teórico científico da Psicologia é uma des- Newton Valente de Mello e Silva Filho (CRP 05/ possibilidade de uma regulamentação que vá re-
sas fontes importantes da psicoterapia, mas não é 14155), supervisor dos CAPS de Nova Iguaçu e de solver todos os problemas, mas apenas de uma de-
o único. O importante não é restringir a uma ca- Rio Bonito, o principal é haver um diálogo entre marcação inicial, sempre provisória, sempre aber-
tegoria profissional. Aí, corre-se o risco de a dis- os profissionais, as entidades formadoras e a soci- ta a essas transformações do campo”.
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Ano da Psicoterapia ••
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No que diz respeito à formação do psicote- “O próprio desejo do psicanalista é que o vai ori- “A psicanálise (assim
rapeuta, Roberto Novaes acredita que, além da entando nessa formação. O psicanalista se forma como a psicoterapia)
Psicologia, é importante o pensamento crítico, que no divã”. (veja mais sobre a formação na entrevis- não se dá só entre
vai se formar “através do estudo de outras disci- ta com Joel Birman, nas páginas 10 e 11). quatro paredes, com
plinas das ciências humanas e sociais e da filosofia. um divã e um
Todos esses conhecimentos são importantes para
Os diversos espaços da psicoterapia retratinho do Freud.
o exercício da clínica, para a formação de uma Apesar de a visão mais comum que se tem so- O discurso analítico
visão transdisciplinar, para que o profissional de- bre psicoterapia ser a de um consultório fechado, se presentifica
senvolva a sensibilidade para com as diferenças, com o paciente em um divã, essa prática encon- também no campo coletivo e no campo
embora isso nunca se confunda com simples eru- tra-se presente também em diversos outros espa- social, basta qque
social, je
maneje
ue mane mos isso
jemos isso..”
dição acadêmica”. ços, como na Saúde Mental. “A psicanálise (assim New ton Valent
ntee
alent
Já Marcus Vinícius acredita que essa formação como a psicoterapia) não se dá só entre quatro
está assentada em um tripé: psicoterapia pessoal, paredes, com um divã e um retratinho do Freud. públicos para psicólogos na área da saúde, as atua-
estudo/pesquisa e supervisão. “Respeitadas estas O discurso analítico se presentifica também no ções clínicas por meio de oficinas terapêuticas,
condições e levados em consideração os fatores campo coletivo e no campo social, basta que ma- psicoterapia individual ou grupal e demais moda-
próprios à realidade social brasileira nos institu- nejemos isso”, destaca Newton Valente. lidades de intervenção passaram a traçar novas ve-
tos de formação, estes estarão contribuindo para No entanto, esse campo ainda se apresenta rela- redas para a prática da psicoterapia no Brasil. Con-
a formação de um clínico que não destitui de sua tivamente restrito, se compararmos ao contingen- tudo, ainda hoje, permanece a observação de que
análise a produção sociopolítica dos modos de te de psicoterapeutas dispostos a trabalhar com há uma contradição entre o enorme contingente
existir”. O mesmo afirma Newton sobre a psicaná- Saúde Mental. “Creio que a prática da psicoterapia de psicoterapeutas dispostos a trabalhar e a peque-
lise, cuja formação, segundo ele, é fundada no ainda encontra-se muito limitada ao consultório na parcela da população realmente assistida no
mesmo tripé, com ênfase para a análise pessoal. particular. A partir dos anos 80, com os concursos campo da saúde mental”, ressalta Marcus Vinícius.
área, uma vez que ainda não conhecemos o sufi- Resolução 012/2005, que reconhece “o serviços psi- e que fosse centrado no processo de mudança e
ciente para confiarmos nesta modalidade de psico- cológicos mediados por computador, desde que não não no resultado. Assim, essa distinção ficou tão
terapia”, afirma. psicoterápicos”. A partir dessa resolução do CFP, a borrada que um bom aconselhamento em nada
Outro ponto sensível desse debate diz respeito psicoterapia on-line fica proibida, embora possa se diferenciava de uma boa psicoterapia”.
às questões éticas geradas pelo atendimento on- ser praticada em caráter experimental ou para efei- Ainda assim, ela destaca que o importante
line. De fato, a integração entre informática e to de aconselhamento. é não pensar que uma prática substituirá a ou-
psicoterapia exige que o profissional esteja habili- Márcia critica essa distinção entre atendimen- tra. “As duas formas de psicoterapia – presencial
tado para lidar com essa nova realidade e isso, na- to psicoterápico e outros serviços psicológicos – e virtual – não são idênticas e, portanto, a escuta,
turalmente, alerta para uma série de questões éti- presente no artigo cinco da resolução – e afirma o processo e o resultado podem se diferenciar”,
cas delicadas. que o CFP parte do “entendimento consensual do declara. “Independente da conceituação de
Para Márcia, “as implicações éticas parecem es- que é psicoterapia, o que não existe”. A psicóloga psicoterapia – inicialmente concebida de forma
tar atreladas à garantia de segurança e privacidade aponta ainda que “essa distinção é frágil em função presencial, cuidando do setting terapêutico e le-
do tratamento e à garantia da identificação do pro- das interfaces entre aconselhamento e psicoterapia, vando em conta a influência da relação inter-
fissional e do cliente, além da necessidade de prepa- deixando um espaço para o profissional se intitular pessoal e presencial entre os envolvidos –, [a
ração deste psicoterapeuta”. conselheiro e não se preparar para o atendimento psicoterapia presencial] será, de alguma manei-
on-line”. ra, diferente da relação virtual. Não podemos ser
A intervenção do Sistema Conselhos Como exemplo, ela cita Carl Rogers. “Ele ingênuos e pensar que ambas são a mesma coisa,
Preocupado com os desdobramentos éticos (Rogers) propôs que o aconselhamento fosse especialmente pela especificidade da escuta clíni-
que essa nova modalidade psicoterápica suscita, o centrado na pessoa e não no problema, que fosse ca, que vai além das palavras e do discurso ver-
Conselho Federal de Psicologia criou, em 2005, a centrado na relação e não na avaliação diagnóstica bal”, conclui.
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Ano da Psicoterapia ••
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Acompanhamento terapêutico
O acompanhamento terapêutico (AT) é uma de incorporar a cena citadina, o espaço público, sionais quanto pe-
forma de clínica sem muros. Ele se realiza em es- aos seus esquemas de ação”, afirma. la população que
paços abertos, no meio urbano, acompanhando Nesse sentido, o acompanhamento terapêutico poderia se benefi-
a vida cotidiana do usuário dos serviços de saúde se aproxima e, ao mesmo tempo, distancia-se da ciar dele.
mental de forma a favorecer o estabelecimento de psicoterapia. “O AT é o que leva à sua máxima “Na verdade,
laços entre sujeito e território por ele habitado. radicalidade o modo como a psicoterapia se faz, caso lidamos com um
“O AT é emblemático do contágio das discipli- estejamos de acordo com a definição bastante ampla grande desconhe-
nas psi, e outros saberes envolvidos no campo da de psicoterapia como acompanhamento de um cimento, por par-
saúde mental, com o espaço e tempo da cidade, no processo no qual o encontro com o outro cumpre te da sociedade
momento em que os movimentos de reforma psi- uma função alteritária. Pois a cidade em que o AT em geral, com respeito às formas de cuidado em
quiátrica impõem o deslocamento de seus profissio- nos lança é assentamento humano onde está dada a saúde mental que extrapolam a psicofarmacologia
nais, do âmbito fechado do hospital, para o espaço possibilidade de encontro com o estranho – e o hospital. No que se refere à propagação de
aberto e múltiplo da cidade”, explica a psicóloga encontro com o outro, alteridade, diferenciação”. modos psicossociais de cuidado em saúde mental,
Analice de Lima Palombini (CRP 07/2421), doutora Por outro lado, há diferenças nos espaços em temos ainda muito que fazer”, ressalta.
em Saúde Coletiva pela UERJ, docente do Instituto que psicoterapia e AT ocorrem. “O AT se caracte- Outro ponto destacado pela psicóloga é a im-
de Psicologia da UFRGS, coordenadora do Pro- riza como uma clínica em ato, clínica itinerante, portância do trabalho em equipe no Acompanha-
grama de Acompanhamento Terapêutico na Rede clínica do cotidiano, que acontece a céu aberto, mento Terapêutico. “O AT é um modo propício de
Pública e membro da Associação Psicana- operar o cuidado em saúde mental quando se
lítica de Porto Alegre (RS). pensa esse cuidado no território, um cuidado
Para a psicóloga, a cidade, e não mais o em liberdade. Nessa perspectiva, é uma fun-
asilo, é o espaço em que a experiência da ção que perpassa as ações dos diferentes pro-
loucura precisa ser acompanhada.“Costumo fissionais das equipes. Com efeito, na medida
dizer que o AT se dá entre lugares, o que pode em que o trabalho em saúde mental passa a
significar: ‘entre um dentro e um fora’,‘entre interagir com a cidade, o modo de atuação
a casa e a rua’, ‘entre o acompanhado e sua do conjunto de disciplinas e hierarquias en-
família’. Com muita frequência, o acompa- volvidas vê-se afetado”.
nhante terapêutico é solicitado justamente Dessa forma, o trabalho de AT vai muito
nos casos em que a circulação pela via pública além do psicólogo, embora esse seja de gran-
encontra-se impossibilitada, com sujeitos de importância nessa prática. “Os psicó-
cuja existência mantém-se confinada ao logos têm uma presença decisiva e maciça
espaço exíguo de um quarto, em meio a uma atmosfera sujeita aos imprevistos da rua, enquanto a no Acompanhamento Terapêutico. Mas é preciso
pesada e asfixiante. É preciso, então, primeiro, ocupar psicoterapia requer o estabelecimento de um não esquecer que o exercício do AT não pode ser
o quarto. Mas a cidade, a rua, mantém-se, invaria- setting determinado, onde o imprevisto, ainda que circunscrito a esse campo, sob o risco de reduzir a
velmente, no horizonte desse trabalho, como presente, está circunscrito a um contexto protegi- multiplicidade e complexidade de sua ação”, diz
possibilidade de produção de encontros, de alarga- do, resguardado por quatro paredes que abafam, Analice. “O AT também não se restringe àqueles
mento de redes sociais”. em boa parte, o burburinho das ruas”. que detêm diploma de curso superior. Não se trata
Analice destaca os efeitos desse trabalho Atualmente, no contexto de uma política de saúde de uma profissão regulamentada nem constitui um
também nos profissionais que o realizam. “Nessa mental que procura construir serviços substitutivos campo de saber específico, mas, sim, uma prática,
passagem, não são apenas os usuários dos serviços ao manicômio e ofertar um cuidado integral à saúde, uma função, um modo de exercer o cuidado para
que se veem diante da novidade de experimentar o AT ganha impulso no Brasil, sendo realizado em o qual confluem múltiplos saberes, não só aqueles
o território urbano – a rua, a praça, o comércio, diversos municípios. No entanto, Analice chama a disciplinares, mas os que a vida possibilita”.
o burburinho da vida passante –, de persistir nele; atenção para o fato de essa forma de acompanha-
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aos profissionais, igualmente, é lançado o desafio mento ainda ser pouco conhecida, tanto por profis- www .cr
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° Jornal do CRP-RJ
CRP-RJ
Ano da Psicoterapia ••
Julho/Agosto de 2009
Como surgiu a proposta de fazer de 2009 o cutir e produzir relatórios referentes a cada eixo,
Ano da Psicoterapia no Sistema Conselhos? sendo abertos e divulgados para participação da
A Psicoterapia é uma realidade incontestável categoria. Cada evento regional terá o compromis- Todos os GTs, inclusive o de Psicoterapia, são
na pratica de muitos psicólogos, seja em consul- so de produzir um relatório síntese que contemple decorrência de uma necessidade percebida pelo Sis-
tórios particulares, seja no interior de instituições as questões destacadas nos três eixos temáticos pro- tema Conselhos, e são os Conselhos Regionais, con-
de saúde, ou com as novas demandas colocadas postos pela APAF. Cada Conselho Regional terá juntamente com o CFP, os responsáveis pela esco-
pelos planos de saúde complementar. Assim, o Sis- até o dia 31 de agosto de 2009 para realizar o semi- lha dos integrantes deste GT.
tema Conselhos, antenado com a com a comple- nário, e até o dia 11 de setembro de 2009 deverá ser
xidade da questão, procurou inicialmente incen- encaminhado para o CFP o relatório das discus- Quais são as expectativas do GT para esses de-
tivar uma reflexão que pudesse contemplar os di- sões travadas sobre os eixos temáticos. bates?
ferentes pensamentos que sustentam esta pratica O GT de Psicoterapia receberá os documentos Acreditamos ser de suma importância para a
junto à categoria. Para tal, inicialmente criou um enviados pelos CRs e sistematizará as informações categoria o debate e a produção de referências que
GT (de Psicoterapia) que tinha como objetivo fo- em documento único que subsidiará o evento na- forjem cada vez mais um psicólogo preparado e
mentar e desenvolver propostas para que fossem cional, e o prazo para este trabalho ser concluído reconhecido socialmente como um profissional de
estas discutidas na APAF. Fruto deste trabalho e será dia 21 de setembro, sendo este documento psicoterapia qualificado ética e tecnicamente. Mas
das decisões dos CRs na APAF, foram retirados sintetizado, re-encaminhado para todos os Con- principalmente que consigamos mobilizar o má-
três eixos básicos que nortearão o ano da Psicote- selhos Regionais para conhecimento dos pontos ximo de psicólogos para que tenhamos um debate
rapia, tanto nos eventos regionais, quanto no na- estruturadores do seminário nacional. A data para amplo, democrático e produtivo.
cional que se realizará nos dias 1, 2 e 3 de outubro. o envio será até o dia 28 de setembro de 2009.
O Seminário Nacional será realizado com a Como vvo o cê aavvalia a par
partticipação do CRP
do -05
CRP-05
Como se estrutura o projeto do Ano da presença de convidados que falarão sobre os di- nesse processo de sugestão do tema e estrutu-
Psicoterapia? versos pontos, com a constituição de grupos de ração do Ano da Psicoterapia?
Como foi mencionado anteriormente, foram discussão e a elaboração, ao seu final, de um rela- O CRP-05 vem participando das discussões
organizados três eixos orientadores: A constitui- tório que sintetizará as discussões e, se possível, desde o início, e inclusive, em dado momento,
ção das psicoterapias como campo interdisciplinar; apontará recomendações e propostas que serão coordenou o primeiro GT de Psicoterapia. Al-
Parâmetros técnicos e éticos mínimos para a for- encaminhadas à APAF de dezembro de 2009. Cada guns conselheiros, com os quais tive o prazer de
mação na graduação e na formação especializada e CR terá até quatro representantes no Seminário conversar, procuraram sempre trazer uma refle-
para o exercício da psicoterapia pelos psicólogos; e Nacional. Até o dia 31 de outubro serão feitas as xão política para o tema, mas principalmente de-
Relações com os demais grupos profissionais. E, a correções e formatação do documento síntese fi- sejando de modo claro apontar suas possíveis di-
partir deles, em 2009, os Seminários Regionais e o nal resultante do evento nacional para enviá-lo, vergências e convergências dentro de uma
Nacional terão como objetivo a construção de um em tempo, para apreciação da APAF de dezem- temática que envolve um espectro muito amplo
documento síntese que forneça bases para referên- bro de 2009. Inclusive com a proposta de que se de posições. Creio que a partir de agora as dis-
cias e possíveis parâmetros. Sendo que serão desen- realize atividades em 2010 como desdobramento cussões com a categoria se ampliarão e poder-se-
volvidas ações no decorrer do ano de 2010 como do que foi realizado no ano da Psicoterapia. á produzir um documento de qualidade e acre-
um desdobramento do ano temático. dito com propostas que ajudarão significativa-
Estes eventos regionais terão como objetivo dis- Como se deu a formação do GT Nacional? mente o encontro nacional.
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CRP-RJ
Julho/Agosto de 2009
ormação
que a demanda em geral para a psicoterapia aumen- mos de duração e de avaliação. Não estou dizendo, Então, há diferentes formas de escolas com tradi-
tou bastante por conta disso. com isso, que são melhores ou piores, só estou dizen- ções bem instituídas, que dão formações melhores e
As pessoas estão vivendo experiências de dor do que as regras dos campos são diferentes. mais consistentes, e escolas claramente “picaretas” -
muito grande e estão menos interessadas do que an- por exemplo, formação de analistas por correspon-
tes em fazer grandes investigações exaustivas sobre Como o senhor avalia a formação atualmente? dência. Mas é uma “picaretagem” que se alimenta
suas vidas. Elas querem resolver um problema pon- Muit os psic
uitos ot
psicot apeeutas rreeclamam, p
oteerap or eexxemplo
po mplo,, desse crescimento do mercado.
tual. Se surgir, mais adiante, um outro problema de uma “memerrcant ilização
ilização”” d
cantilização os cur
dos sos d
cursos dee ffo
or ma-
pontual, elas voltam a procurar um terapeuta. Isso ção. Como o senhor vê essa questão? Como os psicoterapeutas e psicanalistas podem
não quer dizer que não haja pessoas que façam aná- Rigorosamente, a questão do mercado está pre- continuar em formação constante?
lise. Só estou fazendo uma comparação por escala. sente em todas as formações, inclusive a psicanalíti- A questão da formação permanente é um certo
Quando comecei a clinicar, nos anos 70, a demanda ca e a psicoterápica. Exatamente porque cresceu ideal educacional contemporâneo. Acho que todas
maior era por psicanálise, em comparação à deman- muito a demanda por tratamento, cresceu muito a as atividades sociais que envolvam algum tipo de
da por psicoterapia. Hoje em dia, vemos muito mais oferta também. Temos muitos psicoterapeutas e psi- domínio técnico-científico exigem uma espécie de
uma demanda por psicoterapia. Apesar de ainda canalistas na praça, além de muitos pretendentes a reciclagem permanente. E, no caso das psicoterapias
haver demanda por psicanálise, quantitativamente e da psicanálise, ocorre a mesma coisa. É preciso se
eu diria que essa relação se inverteu. atualizar, saber como lidar com as novas formas de
sofrimento que aparecem na nossa contempora-
Essas diferenças entre psicoterapia e psicanálise neidade, como a síndrome do pânico, as novas for-
também se expressam na formação do psicote- mas de violência, a anorexia, a bulimia, o consumo
rapeuta e do psicanalista? de drogas. São campos de sofrimento que exigem
A formação do psicanalista exige que o analista novas técnicas para se lidar com esse tipo de pacien-
faça uma análise propriamente dita, seja ela didáti- te e me parece que a formação permanente dos
ca ou não. As instituições ligadas à Associação In- terapeutas, essa reciclagem permanente, é para res-
ternacional de Psicanálise exigem uma análise didá- ponder a essas novas formas de sofrimento.
tica obrigatória, com alguém que faça parte daque- Por outro lado, acho que essa formação perma-
le grupo. Nos outros grupos, você tem uma exigên- nente, que está presente nas instituições das quais
cia de análise, mas não se fala em análise didática. esses psicoterapeutas e psicanalistas participam, dá-
Mas, se o sujeito vai fazer uma formação lacaniana se porque esse tipo de atividade que fazemos gera
ou junguiana, por exemplo, vão exigir que sua aná- muita angústia. O terapeuta sofre e precisa ter um
lise seja com um lacaniano ou junguiano. Então, no espaço em que possa dividir, trocar essas experiências
final das contas, acabaram criando diferentes ver- com seus colegas.
sões da análise didática. Esse é o primeiro elemento psicoterapeutas e psicanalistas. Então, a disputa pelo Então, acho que essa questão da formação
da formação. mercado é muito dura. Há 10 ou 20 anos , qualquer permanente - além de ter toda uma dimensão técnica,
O segundo elemento é uma formação teórica, e o psicanalista tinha suas horas cheias, tinha pessoas de atualização bibliográfica, de saber lidar com as
terceiro, uma prática que seja supervisionada. Eu di- esperando por ele. Hoje em dia, isso não ocorre, com novas formas de sofrimento – se dá porque essa é
ria que as formações psicanalíticas, com relação às raríssimas exceções. uma atividade que gera muita angústia e muito so-
formações psicoterápicas em geral, são mais longas. A disputa pelo mercado é muito dura. E ela gera, frimento ao terapeuta, e ele precisa fazer parte de
A análise dura mais tempo, os cursos teóricos e os nas relações entre as sociedades psicanalíticas, dis- uma comunidade de pares para poder trocar. Acho
processos supervisionados são mais longos, a exigên- putas muito violentas, ao ponto de uma dizer que a que isso também faz parte dessa formação per-
cia de reconhecimento pelos pares é um processo tam- prática da outra não é psicanálise. Ocorre um jogo manente.
bém mais longo do que na psicoterapia. Acho que as baixo que está presente também nas outras formas
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formações psicanalíticas são mais exigentes em ter- de psicoterapia. www .cr
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Na realidade, com respeito ao que constitui o fiscalização e orientação ético-profissional para Justiça, instrumentalizando processos, especifica-
profissional psi, qualquer que seja a formação aca- que se possa demarcar o que seja uma prática mente ligados a litígios familiares e/ou violência
dêmica ou a graduação de um psicoterapeuta, o psicoterápica. doméstica, requer também problematizações por
que garantirá sua seriedade profissional se dá no Debruçando-nos sobre as questões éticas no parte dos psicoterapeutas. Por vezes, colados em
investimento de um processo psicoterapêutico âmbito da clínica, um importante ponto que me- demandas que não as do seu cliente, se deixam cap-
pessoal, associado a uma supervisão de qualida- rece nossa atenção circunscreve-se ao ato de escuta. turar por discursos alheios e assumem funções de
2
de, a um profundo e consistente estudo dos co- Tal prática, escapando à escuta surda , deve acolher detetive/investigador. Compete-lhes esse lugar? O
nhecimentos psicoterápicos que irão pautar sua a demanda sem julgamentos de ordens morais, que produzem com tal prática? Sob o discurso da
prática, bem como colocar constantemente em religiosas, ideológicas, respeitando as diversidades proteção integral à criança ou ao adolescente inva-
análise suas práticas. (...) da vida humana, não direcionando, nem mesmo dem espaços, esgarçam relações, selam destinos e
Importa mais, em nosso entender, que esse estabelecendo promessas de cura no decorrer do vidas e, por fim desviam-se de uma conduta ética.
profissional, ao longo da sua formação, possa processo de tratamento do indivíduo. Novamente, Muitas outras questões poderíamos aqui desta-
desenvolver consciência crítica, capa- car, mas não pretendemos, nem mesmo
cidade de refletir e atuar sobre a rea- Acreditamos que qualquer intervenção por parte do psicólogo conseguiríamos esgotar o assunto. Pro-
lidade na qual está inserido. Além exige uma postura ética a priori: para além do profissional, pusemo-nos apenas a disparar diálogos
disso, deveríamos entender que indi- um cidadão implicado. No que se refere ao universo da entre a ética e a psicoterapia.
vidual não quer dizer individualista, Finalizamos esse início de debate,
psicoterapia, a lógica não é diferente.
reconhecendo que não há como retomando e parafraseando Calligaris
desvincular o singular, o subjetivo, (2004) que nos apresenta uma singela,
da sua constituição social. Infelizmente, este ca- recorremos a Calligaris (2004) que nos alerta “Você mas expressiva imagem do psicoterapeuta: “... meu
ráter individualista do sujeito é a concepção que pode ser religioso, acreditar em Deus, numa reve- jovem amigo que pensa em ser terapeuta, se seus
ainda prevalece entre os psicólogos clínicos e, lação e mesmo numa Ordem do mundo. No entan- desejos são um pouco (ou mesmo muito) estra-
mesmo em toda a Psicologia. to, se essa fé comportar para você uma noção do nhos, se (graças à sua estranheza) você contempla
bem e do mal que lhe permite saber de antemão com carinho e sem julgar (ou quase) a variedade
Práticas Éticas: para além do quais condutas humanas são louváveis e quais são das condutas humanas, se gosta da palavra e se
profissional, um cidadão implicado condenáveis, por favor, abstenha-se: seu trabalho não é animado pelo projeto de se tornar um notá-
Em 27 de agosto de 2005, entrou em vigor a 3ª de psicoterapeuta será desastroso [além de passível vel de sua comunidade, amado e respeitado pela
versão do Código de Ética Profissional do Psicólo- de processo ético]” . vida afora, então, bem-vindo ao clube: talvez a
go. Este reflete os debates e as discussões da categoria O sigilo profissional é outro aspecto do qual psicoterapia seja uma profissão possível para você”.
no sentido da elaboração de um instrumento capaz não podemos nos descuidar, na forma de divulga-
Notas:
de dar visibilidade às práticas do psicólogo, garan- ção e troca de informações entre profissionais.
1- Tomamos aqui instituição, segundo a análise
tindo à sociedade e aos próprios profissionais psi Todos nós sabemos que é bastante comum e institucional, como práticas que naturalizadas ganham
qualidade e seriedade ao trabalho prestado em dife- enriquecedora a apresentação/discussão de casos estatuto de verdade.
rentes espaços de intervenção. Um código de ética clínicos em supervisões, congressos bem como em 2 - Entendemos por escuta surda, aquela em que o
psicoterapeuta pautado em crenças apriorísticas de cer-
profissional não se configura enquanto um instru- publicações acadêmicas. (...) Entretanto, esse in-
to/errado, bom/mau, normal/patológico julga e tipifica
mento normatizador de natureza técnica, mas en- tercâmbio de experiências deve acontecer sob seu cliente, conforme Baptista, 2000.
quanto um dispositivo de reflexão e orientação. Nesse certos e rigorosos parâmetros éticos, pois estamos
* Psicóloga (CRP 05/1832), psicoterapeuta,
sentido, Códigos de Ética expressam sempre uma tratando com a delicada questão da intimidade
doutora em psicologia social, pesquisadora do
concepção de homem e de sociedade que determina pessoal. Lidamos com a vida de pessoas, suas his-
SPA/UFF e conselheira presidente da Comissão
a direção das relações entre os indivíduos. Nessa ver- tórias, seus medos. A invasão e o não consenti-
de Orientação e Ética do CRP-RJ
tente, acreditamos que qualquer intervenção por mento dos envolvidos se configuram em falta éti-
parte do psicólogo exige uma postura ética a priori: ca, pois além de romper com as defesas do sujeito ** Psicóloga (CRP 05/32802), psicoterapeuta
para além do profissional, um cidadão implica- expondo-as ao mundo, publicizam sua vida, des- com formação em Gestalt Terapia, colaborado-
do. No que se refere ao universo da psicoterapia, a respeitando sua história pessoal, sua intimidade, ra da Comissão de Orientação e Ética do CRP-RJ
lógica não é diferente. (...) o que resulta em uma quebra da confiança neces-
Para atender a isso se instala a necessidade de sária à relação psicoterápica. (...)
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uas rreeferências
criação de novas e específicas formas de avaliação, A produção de laudos que vão desembocar na bib lio
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Psicanálise é psicoterapia?
O debate não é novo, mas segue dividindo Tendência à rree gulamentação
gulamentação tam, também, a pressão das seguradoras de saúde
opiniões e provocando discussões acaloradas. para enquadrar as psicoterapias e a psicanálise em
A psicanálise é exercida sem regulamentações
Afinal, a psicanálise é ou não uma prática um novo modelo assistencial de saúde.
no Brasil e reconhecida como profissão pelo Mi-
psicoterápica? De um lado, profissionais e De acordo com Denise, “o que se vê são os efeitos
nistério do Trabalho pela CBO (Classificação Bra-
entidades psicanalíticas afirmam que a psicanálise nefastos do mercado sobre a pesquisa. Se aco-
sileira de Ocupações) de nº 2515-50.
reúne um corpo técnico-teórico que, apesar de lhemos as seguradoras de saúde ditando as normas
Apesar disso, têm ganhado força articulações
convergências, diferencia-a das psicoterapias. De para a psicanálise, estamos desvirtuando comple-
para regulamentá-la. O último episódio deste tipo
outro, entidades reguladoras tentam enquadrá- tamente o seu objetivo. Uma coisa é a assistência à
no Brasil se deu em 2003, com o Projeto de Lei
la em um esquema de referenciação comum a todas saúde; que ela implique também a assistência
2.347, de autoria do deputado Simão Sessim, que
as psicoterapias. psíquica, ótimo! Que ela limite o que pode oferecer
pretendia regulamentar o exercício da profissão e
Segundo a psicóloga, psicanalista e membro dentro dos seus quadros financeiros, tudo bem.
a formação de psicanalista no país, o que gerou
do Corpo Freudiano do Rio de Janeiro, Denise Mas, se ditar o que tem de ser feito, aí tendemos à
forte oposição das entidades psicanalíticas.
Maurano, as tentativas de classificação da psicaná- distorção”, sintetiza.
lise como uma prática psicoterápica revelam uma Com relação à participação do Sistema Conse-
“grande confusão” existente no campo das psicote- lhos nesses debates, Maurano diz que ela se dá de
rapias e que ainda não foi resolvida. Apesar de forma “interessante e bastante rica”, mas prefere
admitir aproximações entre ambas, a ela sustenta ver a situação com cautela. Para ela, “os Conselhos
que as diferenças impedem que a psicanálise seja de Psicologia não podem querer ditar o enca-
incluída nesse campo. minhamento daquilo que extrapola sua própria
“Sem dúvida, existem algumas aproximações, seara; eles não podem querer normatizar o que
como a aposta que ambas fazem na valorização seja do âmbito da psicanálise. Psicologia e psica-
da dimensão psíquica. Entretanto, há uma nálise são campos diferentes, embora com muitas
diferença fundamental, o que torna impossível a afinidades”.
identificação de uma pela outra: a orientação De acordo com a psicanalista, a melhor saí-
ética. E ética diz respeito àquilo que norteia uma da para esses impasses é “trabalhar pela distin-
ação, e o que norteia o agir de um psicanalista não ção” entre a psicanálise e as psicoterapias de for-
é exatamente o que norteia o psicoterapeuta. Na ma que a população em geral tenha conhe-
psicanálise, não se trata de corrigir defeitos, mas cimento suficiente sobre as diferentes aborda-
sim verificar o que está funcionando de um jeito e gens para, enfim, saber a qual delas direcionar
deveria funcionar de outro, e investigar o lugar sua demanda.
em que o sujeito se encontra nesse funcionamento”, “Precisamos trabalhar pela distinção e na
defende ela. Conforme lembra Maurano, essas tentativas pertinência de cada proposta a partir da diferença
A psicanalista contesta, ainda, que o processo de regulamentação já vinham se desenhando des- das demandas. Não se trata de dizer que uma valha
psicanalítico tenda a ser mais longo do que os de a época de Freud, quando as sociedades médi- mais do que outra, mas sim de querer saber ao
psicoterapêuticos. Conforme sublinha, a diferença cas pretendiam deter o conhecimento e o avanço que se destina cada uma delas para que o sujeito
entre ambos os processos não se dá em função do da psicanálise, pleiteando para si o mercado cada que recorra a uma dessas ajudas psi saiba identi-
tempo da terapia, mas em razão do grau de vez maior que ela estava conquistando. Em sua ficar o que ele quer para ele. Essa redução da psi-
implicação do sujeito. “Para que a psicanálise tenha avaliação, a regulamentação desvirtua a propos- canálise ao campo das psicoterapias já acon-
efeitos sobre o sujeito, ele precisa estar extrema- ta inicial da psicanálise. “Afirmar que para que o teceu em alguns lugares e trouxe problemas
mente implicado e atuante nesse trabalho. Se ele trabalho possa ser considerado psicanalítico tem seríssimos, catastróficos. A psicanálise não carece
não trabalhar, o processo psicanalítico não anda, que seguir tais regras, ter tantas sessões e por tan- de uma regulamentação”, sintetiza ela.
e, então, cabe ao analista ser ético e convidá-lo a to tempo, não faz o menor sentido”.
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retomar o trabalho mais tarde”. Muitos críticos dessa regulamentação apon- www .cr
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Repúdio à situação do Hospital Colônia Rio Bonito
O Conselho Regional de Psicologia do Rio de chuvas são mais intensas. Para suas refeições, os Além disso, muitos pacientes oriundos da rua e de
Janeiro torna pública sua indignação em relação pacientes precisam permanecer em longas filas, identidade desconhecida receberam Registro Ci-
à maneira aviltante e atentatória à dignidade da sob chuva ou sol. As condições de higiene são vil apenas depois de mortos, a fim de poderem ser
pessoa humana com a qual vêm sendo tratados os completamente inadequadas. enterrados. Ou seja, por se tratar de pacientes psi-
pacientes internados no Hospital Colônia Rio A instituição nos informou que demissões fo- quiátricos/população de rua só adquirem postu-
Bonito. ram efetivadas e que, se nada for feito, outras ocor- mamente o status de cidadão.
Em 08/04/2008, o Conselho Regional de Psico- rerão, o que irá acentuar a gravidade da desas- Embora já tenham sido realizados censos por
logia-RJ, o Grupo Tortura Nunca Mais-RJ e o sistência, que já é dramática. diferentes municípios, com o objetivo de que cada
Movimento da Luta Antimanicomial estiveram no Assim como em 2008, voltamos a encontrar um se responsabilize pelo destino de seus muní-
local, a fim de verificar as condições de atendi- muitos pacientes descalços e sujos. Vários deles cipes internados, até o momento nada foi feito efe-
mento, visto que a instituição encontrava-se em apresentavam sinais de doenças de pele. Grande tivamente para melhorar as condições de vida des-
processo de descredenciamento pelo SUS, confor- parte dos pacientes apresenta dentes estragados tas pessoas e devolver a elas sua dignidade.
me Portaria Nº 501, publicada no D.O.U. em 13 ou não os têm. Diante dos fatos narrados e das expressões de
de setembro de 2007. Encontraram uma situação sofrimento vistas, que não podem ser retratadas
de precariedade e de desconsideração para com os em uma carta, entendemos que o Poder Público
pacientes e trabalhadores que lá atuam. Na oca- tem o dever de intervir de forma mais efetiva, assu-
sião, o CRP-RJ produziu um relatório e o encami- mindo a gestão administrativa e técnica do hospi-
nhou aos seguintes órgãos: Ministério Público do tal, com o objetivo de cumprir seu papel de garan-
Estado do Rio de Janeiro – Promotoria de Justiça tir cuidado, dignidade e respeito aos seus cidadãos.
de Proteção ao Idoso e à Pessoa Portadora de De- Ao descredenciar o Hospital, o Estado atesta
ficiência de São Gonçalo, Secretaria Estadual de que este não tem condições de cuidar daquelas vi-
Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria das. No entanto, isto não basta. Se no momento
Municipal de Saúde de Rio Bonito/RJ, Comissão não é possível transferi-los para locais onde pos-
Estadual de Reforma Psiquiátrica/RJ, Comissão sam ser mais bem tratados, então que, ao menos,
de Direitos Humanos – ALERJ, Conselho Estadu- o Poder Público intervenha para que lhes possa
al de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Comis- ser assegurado os direitos básicos previstos na Lei
são de Direitos Humanos – OAB/RJ, Conselho 10.216/2001, que “dispõe sobre os direitos das pes-
Regional de Nutrição/RJ, Conselho Regional de soas portadoras de transtornos mentais e redire-
Serviço Social/RJ, Conselho Regional de Fisiote- ciona o modelo assistencial em Saúde Mental”.
rapia e Terapia Ocupacional/RJ, Conselho Regio- Ressaltamos que nosso repúdio não se restrin-
nal de Enfermagem/RJ, Conselho Regional de ge à situação do Hospital Colônia de Rio Bonito,
Odontologia/RJ, Conselho Regional de Farmácia/ mas se estende ao descaso frente à Saúde Pública,
RJ, Conselho Regional de Medicina/RJ, Conselho que imputa a toda população o abandono e o so-
Regional de Educação Física. frimento. Nossa posição é que tal situação está
Decorrido quase um ano desta inspeção, o vinculada ao abandono dos hospitais e unidades
CRP-RJ realizou nova vistoria em 25/03/09 a fim básicas de saúde, condição que não pode ser
de verificar se havia sido realizadas as mudanças desvinculada do pacto social contemporâneo que
devidas no Hospital. Foi constatado, no entanto, cada vez mais afirma uma política de precarização
que a única mudança foi a efetivação do descre- do trabalho, criminalização da pobreza e aban-
denciamento da instituição pelo SUS, sendo que a dono dos que são excluídos por um sistema de
Unidade continua a receber eventualmente novas produção econômico perverso.
internações, conforme informação prestada pela O Conselho Regional de Psicologia do Rio de
direção do Hospital. Janeiro, por sua diretriz ético-política, não
Os pacientes lá internados, em muitos casos por compactua com esta situação de extremo descaso.
anos, encontram-se em enfermarias com camas Entendemos que é dever do Poder Público reali-
enferrujadas, colchões rasgados e mofados, gotei- Na fiscalização anterior, nos deparamos com zar ações para minimizar este quadro de desres-
ras nos espaços onde os pacientes dormem e nos 560 pessoas vivendo nas condições acima descri- peito aos Direitos Humanos de pessoas que, por
postos de enfermagem, pisos e azulejos quebra- tas. Agora, em março, nos informaram que lá per- sua situação de fragilidade psicossocial, deveriam
dos, com risco de acidentes constantes. Há relatos manecem 464 pacientes. Ocorreram algumas al- contar com a proteção e o suporte do Estado e das
de que algumas enfermarias alagam quando as tas, porém grande parte foi de “altas por óbitos”. instituições por ele contratadas.
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Psicologia e Relações Raciais Ciclo de palestras “Lance-Livre”
O GT de Psicologia e Relações Raciais do CRP- Dando continuidade ao seu ciclo de debates
RJ organizou, no dia 3 de junho, a roda de con- “Lance-Livre”, o GT de Psicologia do Esporte do
versa “Ser negro(a) e ser branco(a) no Brasil”. A CRP-RJ promoveu, entre maio e junho, três even-
partir de um vídeo e da exposição da convidada tos. No dia 11 de maio, o tema foi “Esporte e rela-
Perses Canellas, professora de uma escola de
ções raciais”; em 8 de junho, o encontro foi sobre
Niterói, os presentes debateram a questão da iden-
“Formas de intervenção em Psicologia do Espor-
tidade negra no país atualmente. Interessados em
te”; já no dia 22 de junho, foi debatido “Psicologia
contatar o GT podem escrever para o e-mail
gtpsi.relacoesraciais@gmail.com. e Esporte: diálogos ao longo da história”. pre contam com profissionais do esporte e da ati-
Os debates do GT de Psicologia do Esporte vidade física como convidados.
CRP-RJ debate Saúde Mental apresentam temas livres sugeridos por psicólogos Para entrar em contato com o GT, escreva para
No dia 23 de maio, o CRP-RJ promoveu o I e estagiários que atuem na área. Os eventos sem- o email gtesporte@crprj.org.br.
Encontro Regional de Saúde Mental da Baixada
Litorânea, na Universidade Veiga de Almeida de Educação inclusiva e as micropolíticas de exclusão
Cabo Frio. Com o tema “Atores vivos, território
vivo, roda viva”, o evento contou com duas mesas, A comissão de Educação do CRP-RJ promo-
grupos de discussão e um show do grupo Harmo- veu, no dia 13 de maio, na UFF, um encontro so-
nia Enlouquece. bre Educação Inclusiva e as micropolíticas de ex-
clusão. Mais de 380 pessoas compareceram ao
evento, que debateu práticas que garantam o aces-
so e a permanência no espaço escolar e o papel da
Psicologia nesse processo.
Participaram da mesa de abertura a conselheira
Maria da Conceição Nascimento (CRP 05/26929), cia de se discutir educação inclusiva, principal-
a psicóloga, professora e colaboradora do CRP- mente na universidade.
RJ Mariana de Araújo Fiore (CRP 05/35050), o Em seguida, deu-se início à mesa de palestras,
coordenador do Instituto de Ciências Humanas e com as psicólogas Nelma Marques Pintor (CRP
CRP-RJ debate Diversidade Sexual e
Filosofia (ICHF), professor Francisco Palharini, 05/5873) e Marisa Lopes da Rocha (CRP 05/3758)
os dez anos da Resolução 001/99
e a professora do Departamento de Psicologia da e as pedagogas Cláudia Fernandes e Maria Teresa
O CRP-RJ realizou, nos dias 26 e 27 de junho, o
UFF Katia Aguiar, que falaram sobre a importân- Esteban.
evento “Psicologia e Diversidade Sexual: Assim se
passaram dez anos...”. O encontro debateu os dez
anos da Resolução 001/99, do Conselho Federal de Aguarde: site do CRP-RJ de cara nova
Psicologia, que proíbe o tratamento, pelos psicólo- Manter os(as) psicólogos(as) ligados ao uni- Para tanto, o CRP-RJ adquire um servidor de
gos, da homossexualidade como doença. Nos dois verso psi é uma das grandes preocupações do web que permitirá um site mais ágil e com mais
dias, foram promovidos mesas redondas, palestras CRP-RJ. E, por isso, nosso site procura ser uma conteúdos. Dessa forma, o Conselho contará
e debates sobre o tema. ferramenta de comunicação com a categoria. com um servidor próprio, não mais terceirizado.
Nele, é possível encontrar informações que apro- Devido a esse processo de mudança, no en-
Comissão de Ética debate Psicologia e
ximam os(as) psicólogos(as) das discussões que tanto, ao longo do mês de maio houve alguns
Recursos Humanos
permeiam a Psicologia no Brasil. E é justamente transtornos no acesso à nossa página (que, em
A Comissão de Orientação e Ética (COE) do
pensando em melhor informar e atender a cate- alguns momentos, ficou fora do ar) e no recebi-
CRP-RJ realizou a segunda Quart’ética de 2009 no
goria que o CRP-RJ decidiu reformular seu site. mento de e-mails. O CRP-RJ pede desculpas por
dia 17 de junho. O evento teve como tema “Psico-
Desde fevereiro, a nova webdesigner – apro- esses problemas e informa que eles já foram re-
logia e RH - Atuação do psicólogo no espaço
vada no concurso público de 2008 – vem traba- solvidos.
institucional” e contou com participação das psi-
lhando na tarefa de dar à página do CRP-RJ na Participe você também da construção do
cólogas convidadas Carla de Azeredo Coutinho
internet uma cara nova, mais dinâmica e intera- novo site do Conselho enviando suas sugestões
Rocha (CRP 05/16570) e Heloisa Helena Ferraz
tiva, com novos conteúdos voltados aos psis. para ascom@crprj.org.br.
Ayres (CRP 05/4822), que atuam na área.
MUDOU-SE Impresso
DESCONHECIDO Especial
RECUSADO
9912174124/2007-DR/RJ
ENDEREÇO INSUFICIENTE
NÃO EXISTE O Nº INDICADO DEVOLUÇÃO CRP - 5ª REGIÃO
GARANTIDA
INFORMAÇÃO ESCRITA PELO
CORREIOS
PORTEIRO OU SÍNDICO CORREIOS
FALECIDO
AUSENTE
NÃO PROCURADO
REINTEGRADO AO SERVIÇO
POSTAL EM ___/___/___
EM___/___/_____________________
CARTEIRO
IMPRESSO