Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................4
2 HISTÓRICO........................................................................................................................4
3 NATUREZA JURÍDICA E PRINCÍPIOS DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS............6
3.1 ORALIDADE.....................................................................................................................8
3.2 SIMPLICIDADE................................................................................................................8
3.3 INFORMALIDADE...........................................................................................................9
3.4 ECONOMIA PROCESSUAL.............................................................................................9
3.5 CELERIDADE.................................................................................................................10
4 COMPETÊNCIA...............................................................................................................11
4.1 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA..................................................12
4.2 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA..................................................................13
4.3 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DAS PESSOAS................................................................15
4.4 COMPETÊNCIA TERRITORIAL....................................................................................15
5 LEGITIMAÇÃO................................................................................................................16
5.1 AS PARTES E SEUS REPRESENTANTES NO JUIZADO ESTADUAL..........................16
5.2 AS PARTES E SEUS REPRESENTANTES NO JUIZADO FEDERAL............................18
5.3 AS PARTES E SEUS REPRESENTANTES NO JUIZADO DA FAZENDA PÚBLICA.....18
5.4 JUÍZES, CONCILIADORES E JUÍZES LEIGOS............................................................19
6 PROCEDIMENTO............................................................................................................20
6.1 PETIÇÃO INICIAL..........................................................................................................21
6.2 RECEBIMENTO E INDEFERIMENTO DA INICIAL.....................................................22
6.3 TUTELAS PROVISÓRIAS E TUTELA DE URGÊNCIA.................................................22
6.4 DESPESAS......................................................................................................................23
6.5 CITAÇÕES E INTIMAÇÕES...........................................................................................23
6.6 REVELIA.........................................................................................................................24
6.7 AUDIÊNCIA DE AUTOCOMPOSIÇÃO.........................................................................25
6.8 JUÍZO ARBITRAL...........................................................................................................26
6.9 AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO.........................................................26
6.9.1 Resposta do réu...................................................................................................27
6.9.2 Provas..................................................................................................................28
6.9.3 Sentença..............................................................................................................29
6.10SISTEMA RECURSAL.....................................................................................................30
6.9.4 Recurso Inominado e Recurso Extraordinário....................................................30
6.9.5 Embargos de Declaração.....................................................................................32
6.11EXECUÇÃO....................................................................................................................32
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................33
4
1 INTRODUÇÃO
Como linha mestra os juizados especiais cíveis serviram de paradigma para informar
as características gerais da instituição, embora haja alusões aos juizados especiais criminais e
fazendários. A razão desse foco é a inserção desse estudo na disciplina de direito processual
civil.
2 HISTÓRICO
Uma das mais antigas formas de juizados especiais remonta da Small Court Claims de
Nova Iorque (CARNEIRO, 1985). João Piquet Carneiro, então vinculado ao Programa
Nacional de Desburocratização, conheceu em 1980 essa experiência nova iorquina e
disseminou essa ideia no Brasil. Com um teto baixo limitando o valor da causa, sem
necessidades de advogados, com a possibilidade de resolver por conciliação e arbitragem, o
5
modelo desses juizados de pequenas causas provou ser um meio democrático de acesso à
justiça. Progressivamente, as observações de Carneiro (1985) viriam ser implantadas no
Brasil.
E instituiu também que fossem criados os Juizados Especiais para tratar de causas de
menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, conforme art. 98:
Apesar disso, depois de diversos projetos de leis, foi criado a lei 9.099/95 que reunia o
Projeto Jobim (versava apenas sobre os juizados especiais cíveis) e o Projeto Temer (que
tratava apenas dos juizados especiais criminais) e revogava a lei 7.244/84.
Como ainda não havia previsão dos juizados especiais para a Justiça Federal, foi
editada a Ementa Constitucional 22/99, cujo parágrafo único do artigo 98 estabelecia que:
Então, em 2001, a lei dos Juizados foi reproduzida para o âmbito da Justiça Federal
(lei 10.259/01) e posteriormente para o juízo fazendário de Estados, Municípios e Distrito
Federal por meio da lei 12.153/09 que também estabeleceu o Sistema dos Juizados Especiais:
Segundo Rocha (2016), funciona esse sistema como uma organização administrativo-
judicial cujo centro é a lei 9.099/95. Isso porque tanto os Juizados Federais quanto os
Fazendários foram criados por leis que, sozinhas, seriam incapazes de se estruturar.
competência exclusiva da União, como se verá, há uma seara de juizado especial federal
contrapondo às matérias que subsidiariamente são de alçada da justiça cível estadual.
Considerando a necessidade de dirimir controvérsias fazendárias de forma célere e simples
em benefício tanto do contribuinte quanto da coisa pública, o sistema de juizado especial
fazendário atende essas necessidades em causas de sua competência. De modo similar,
atendendo a pacificação social, os juizados especiais criminais julgam infrações penais de
menor ofensividade, as quais compreendem contravenções penais e os crimes a que a lei
comine pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa.
Como as leis 10.259/01 e 12.153/09 não estabelecem regras próprias para os atos
processuais, obedecem ao mesmo do disposto na lei 9.099/95 e, subsidiariamente, o
CPC/2015.
Assim conceitua Rocha (2016, p. 26) a respeito dos Juizados Especiais Cíveis:
Os princípios que regem os juizados especiais estão dispostos no art. 2º dessa lei, e são
a oralidade, a simplicidade, a informalidade, a economia processual e a celeridade, além de
buscar, sempre que possível, a conciliação ou transação.
3.1 ORALIDADE
O princípio da oralidade não significa que resta abolida a forma escrita. O processo
oral é aquele que “oferece às partes meios eficazes para praticarem os atos processuais através
8
da palavra falada, ainda que esses atos tenham que ser registrados por escrito” (ROCHA,
2016, p. 29).
b) Identidade física do juiz: garante-se que o juiz que ouvir as informações fica
vinculado ao que foi proferido durante a audiência;
3.2 SIMPLICIDADE
Estabelece o art.14, §1º da lei 9.099/95 que a petição inicial (escrita ou oral) será feita
“de forma simples e em linguagem acessível”. Assim, entende-se o princípio da simplicidade
como a facilidade na comunicação e na linguagem utilizada nos atos de modo que a
população não se sinta tolhida ou intimidada.
3.3 INFORMALIDADE
Esse princípio defende que os atos processuais sejam praticados com o mínimo de
parcialidade possível (ROCHA, 2016), visto que não é possível despi-los totalmente da forma.
Assim, estabelece-se a simplicidade e efetividade do ato pela eliminação das formalidades não
essenciais à sua validade.
Ou seja, garantida a finalidade para a qual o ato foi realizado, independe a forma
utilizada, sendo considerado válido (princípio da instrumentalidade das formas) a menos que
cause prejuízo (princípio do prejuízo). Aqui, excetuam-se as nulidades absolutas, pois essas
não se convalidam. Referem-se às nulidades relativas, que configuram irregularidades.
Nesse sentido, Gonçalves (2016) salienta que incidentes que acarretariam na demora
do processo foram vedados, ou seja: não cabe reconvenção, não se admite intervenção de
terceiros (com exceção do incidente de desconsideração da personalidade jurídica) e não se
admite a prova pericial.
Consonante à informalidade é que a petição inicial foi estruturada, podendo ser feita
de forma escrita ou oral (reduzida a termo por meio de fichas ou formulários). Encontram-se
outros exemplos dessa aplicação na citação (que, em caso de pessoa jurídica, poderá ser
entregue ao próprio recepcionista), na intimação (poderá ser feita por qualquer meio idôneo
de comunicação), na sentença (que conterá breve resumo, com os fatos principais) e outros,
tudo para garantir a celeridade do processo.
Segundo Theodoro Júnior (2015, p.114) o processo civil “deve tratar-se de obter o
maior resultado com o mínimo de emprego de atividade processual” (apud ECHANDIA, op.
cit., v.I, n.15, p. 46). Segue a mesma essência da lei da escassez: busca-se racionalizar os
recursos para maximizar resultados.
10
Assim, todo ato processual deve ser dirigido a um fim necessário dentro do processo,
de modo a atingir a finalidade (solução do litígio) de maneira mais célere, evitando delongar a
prestação jurisdicional.
3.5 CELERIDADE
Destaca Rocha (2016, p. 35) que “sempre que possível, os atos processuais devem ser
praticados de forma a permitir uma atividade processual mais rápida e ágil”. Isso não significa
abrir mão da segurança jurídica que demanda, às vezes, um prazo maior para solução do
litígio, mas que os atos produzam seus resultados rapidamente.
Como consequências desse princípio tem-se, por exemplo, o art. 9º da lei 10.259/01
que estabelece que “não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual
pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a
citação para audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta dias”.
Da mesma forma estatui o art. 7º da lei 12.153/09, de modo que não se aplica a
possibilidade de prazo diferenciado para as partes.
4 COMPETÊNCIA
As pequenas causas estaduais são aquelas que têm valor de até 40 salários mínimos,
que não incidam nas vedações do art. 3º, §2º da lei 9.099/95 e que não exijam atividade
probatória complexa ou prova pericial (devem obedecer ao disposto nos art. 33 a 36 dessa
mesma lei). Para os juizados especiais federais e os Juizados Especiais Fazendários esse
limite é de 60 salários mínimos, conforme postula o art. 3º da lei 10.259/2001.
É possível que a parte renuncie ao excedente (nas causas cindíveis) para poder usufruir
desse procedimento, e pode ser expressa ou tácita. Em se tratando de causa cujo objeto seja
indivisível, caberá incompetência absoluta.
No entanto, doutrinadores como Wambier (2006) entende que o teto fixado (de
quarenta ou sessenta salários mínimos, a depender do juizado) deve ser seguido tanto pelas
pequenas causas quanto pelas causas de menor complexidade. Assim, evitaria desvirtuar os
juizados especiais, servindo de foro especial para quem detenha maior poder econômico.
Em juizados especiais cíveis as causas com valor abaixo de vinte salários mínimos,
por determinação legal, dispensam-se a obrigatoriedade dos advogados. Entretanto, em causas
cujo valor esteja entre vinte e quarenta salários torna-se necessário a presença da figura do
advogado no processo. Para causas tramitando em juizados federais cíveis,
independentemente do valor da causa a presença do advogado será facultativa. Vale ressaltar a
lacuna a respeito da presença do advogado em causas postuladas junto aos juizados especiais
da Fazenda Pública.
uma renúncia tácita a qualquer possível excedente, caso venha retirar a ação e demanda-la na
justiça comum.
Caso a parte ré venha pleitear uma reconvenção contrapondo um valor, essa não
poderá superar o teto da competência do juizado. Porém, valendo-se da autonomia da vontade
das partes, caso haja acordo homologado, o valor poderá exceder o teto legal de competência
do juizado especial cível. Todavia, para os juizados federal e fazendário, os acordos ainda se
sujeitam aos tetos legais, tendo em vista que haveria o risco de renúncias indevidas por parte
do ente público envolvido na lide.
O art. 1.063 do NCPC elencou matérias para os juizados especiais cíveis até que haja
lei específica. Essas matérias, já previstas no antigo CPC, art. 275 II, que, no momento de sua
revogação, seriam:
Como rol restritivo, o artigo 3º, § 2 da lei 9.099/95 determina a exclusão “da
competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de
14
5 LEGITIMAÇÃO
de limitar o acesso, por meio do art.8º: “Não poderão ser partes [...] o incapaz, o preso, as
pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o
insolvente civil”. Em seguida, foram elencadas as partes que podem propor a ação, sendo elas:
Em resumo, têm capacidade para ser autor ou réu toda pessoa física livre, capaz e não
insolvente, pessoa jurídica de direito privado e ente despersonalizado com capacidade
processual, sendo que, dentre essas, apenas as acima elencadas podem propor a demanda ou
formular pedido contraposto (no caso de atuar no polo passivo), são os casos de legitimidade
processual ativa.
Portanto, apesar de o condomínio ser ente despersonalizado, ele está apto para propor
ação, assim como o Espólio também poderá ser parte (inexistindo interesse de incapazes).
Até mesmo para o caso de litisconsórcio (admitido para os juizados) exige-se que
todas as partes tenham possibilidade de figurar, podendo ser ativo ou passivo, e que as causas
sejam conexas. Essa conexão impede que causas de menor complexidade, quando unidas,
tornem-se casos dificultosos.
contestar ser parte ilegítima. Trata-se de uma forma de corrigir o polo passivo pela nomeação
de terceiro.
Quanto aos representantes, em caso de causas até o valor de 20 salários mínimos, têm
capacidade postulatória as partes, sem necessidade de serem assistidas por advogado. Para as
de valor superior a esse teto é necessária a intervenção do advogado. Ainda, caso o réu queira
contrapor pedido em valor superior ao da causa inicial de modo que ultrapasse esse limite,
precisará de advogado para tal.
Mas conforme leciona Rocha (2016, p. 83): “O defeito na representação pode levar à
invalidação dos atos processuais praticados e, até, ao encerramento do procedimento”.
Portanto, é necessária a devida anuência para que não haja abuso por parte de maus
profissionais.
Por fim, conforme destaca Rocha (2016) a parte poderá requerer atuação da assistência
da judiciária, ou pode a Defensoria Pública intervir quando a parte for hipossuficiente e
solicitar assistência técnica.
O Ministério Público atua em causas contendo interesse público tanto pela natureza da
lide ou pessoa da parte. Como em seus congêneres, nos juizados especiais da Fazenda Pública
não se admite a intervenção de terceiros, respeitando o art. 10 da lei n.º 9.099/95 e o artigo da
27 da lei n.º 12.153/09.
A condução do processo e julgamento são feitos pelo juiz e, nessa atuação, Rocha
(2016) pondera algumas cautelas que ele deva ter principalmente quanto ao contato mais
próximo com as partes sem tornar-se autocrata, e atuar com foco na autocomposição.
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e
equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.
Seguindo o texto do CPC/2015 (e do anterior) no art. 8º: “o juiz atenderá aos fins
sociais e às exigências do bem comum [...]”, a Lei dos Juizados enfatizou a busca pela
equidade e justiça, orientando o processo até a solução mais justa.
Possui também uma liberdade relativa para determinação das provas, obedecendo
sempre a legalidade, que lhe permite flexibilidade para analisar quais provas são mais
cabíveis e imprescindíveis para atingir os fins necessários, e quais são prescindíveis à
demanda.
Como auxiliares da justiça, o art. 7º da lei 9.099/95 estabelece que: “Os conciliadores
e Juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os
bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de
experiência”.
leigo não está incompatibilizado nem impedido de exercer a advocacia, exceto perante o
próprio Juizado Especial em que atue ou se pertencer aos quadros do Poder Judiciário”.
A previsão de conciliadores está prevista tanto na Lei dos Juizados Especiais Estaduais
(lei 9.099/95) quanto na Lei dos Juizados da Fazenda Pública (lei 12.153/09), sendo que serão
escolhidos preferencialmente entre bacharéis de direito. A Lei dos Juizados Federais
(10.259/01) permitiu os conciliadores, mas designados pelo juiz presidente e pelo prazo de
dois anos (pode haver a recondução).
Não há juízes leigos nos Juizados Federais, mas a lei permitiu nos Juizados Estaduais
(que devem ser escolhidos entre advogados com mais de cinco anos de experiência) e nos
Juizados da Fazenda Pública (experiência de dois anos).
A audiência de conciliação poderá ser presidida pelo juiz (togado ou leigo) e pelo
conciliador, mas esse não poderá “tomar nenhum medida de conteúdo jurisdicional”
(GONÇALVES, 2016, p. 670).
Assim, podem ser atribuídas ao juiz leigo, conforme Rocha (2016): conduzir a
autocomposição, o procedimento arbitral, a audiência de instrução e julgamento e proferir o
projeto de sentença. Em caso de o juiz leigo presidir e proferir sentença, ela será homologada
pelo juiz togado ou substitui-la.
6 PROCEDIMENTO
Conforme dispõe Pinho (2017, p. 604), os atos processuais devem ser submetidos ao
princípio da instrumentalidade das formas: são considerados válidos sempre que cumprirem o
fim proposto. Não havendo prejudicialidade, não serão pronunciadas nulidades.
Para democratizar o acesso ao juizado, todos os atos processuais são públicos e podem
ser realizados em horário noturno (mediante normatização do órgão). Além disso, apenas os
atos essenciais são registrados de forma reduzida. As provas, entretanto, poderão ser gravadas.
Nessa cumulação, é necessário que além de as causas for conexas e o teto não
ultrapasse o valor máximo de competência do juizado, que todas as causas sejam admissíveis
no juizado. Em caso de o valor exceder, ou o autor deverá propor em ações diversas ou abrir
mão do excedente.
Frisa-se que, apesar de haver limitação do valor nessas ações, em caso de conciliação
esse limite não precisa ser obedecido.
Além disso, os fundamentos alegados nessa petição não precisam ser jurídicos, pois
por ser prescindível, a pretensão muitas vezes é formulada por pessoas que não tem
conhecimento jurídico.
22
Nos casos do Juizado Federal e do Juizado da Fazenda Pública, esse prazo é de trinta
dias, conforme art. 9º e 7º (respectivamente, das referidas leis):
Na Lei dos Juizados da Fazenda Pública o legislador fez previsão de o juiz deferir
providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, evitando prejuízo irreparável.
Diante dessa previsão, o Fonaje editou o Enunciado 26: “São cabíveis a tutela acautelatória e
a antecipatória nos Juizados Especiais Cíveis” que seguem o disposto no art. 3º da lei
12.153/09:
6.4 DESPESAS
Em regra, o processo via Juizados Especiais não geram encargos, mas há situações que
geram custas de modo que as partes podem postular pela gratuidade da Justiça. Sobre esse
pedido o juiz se pronunciará, dando procedência (total ou parcial) ou não.
A lei dos juizados autoriza que a citação seja feita por correspondência, com aviso de
recebimento em mão própria e, se necessário, por oficial de justiça prescindido de mandado
ou carta precatória. Em se tratando de pessoa jurídica, pelo princípio da informalidade pode-
se fazer a entrega ao encarregado da recepção. Para não comprometer a celeridade do
processo, não se admite a citação feita por edital. No entanto, caso a parte compareça
espontaneamente fica dispensada a citação.
As intimações poderão ser feitas da mesma forma que a citação ou por qualquer meio
idôneo de comunicação. Caso haja mudança de endereço no curso do processo, ela deve ser
comunicada ao juízo, caso contrário consideram-se eficazes as intimações enviadas àquele
endereço.
Quanto aos Juizados Federais e aos da Fazenda Pública, poucas são as diferenças
procedimentais em relação aos Juizados Estaduais. Em relação à intimação, a lei 10.259/01
preconiza que as citações e intimações seguirão o disposto nos art. 35 a 38 da Lei
Complementar 73 de 1993, que assim dispõe:
24
Como regra, essas notificações são pessoais, mas o Fonajef entendeu que o procurador
federal não tem essa prerrogativa. Ambas as partes serão citadas em audiência, por publicação
ou por via postal, exceto a União (PINHO, 2017, p.625).
6.6 REVELIA
O não comparecimento de alguma das partes pode acarretar em: extinção do processo
sem resolução do mérito ou revelia, pela presunção da veracidade dos fatos. Na primeira, a
ausência do autor pressupõe perda do interesse processual. No segundo, a falta do réu
pressupõe verdadeira matéria fática, ainda que não vincule o juiz a dar procedência na
demanda.
A revelia não ocorre em caso de litisconsórcio quando um dos réus contestar a ação
(quando no polo passivo). No polo ativo, a ausência de um dos proponentes extingue a ação
apenas para o omisso. Também preconiza o Enunciado 78 do Fonaje: “O oferecimento de
resposta, oral ou escrita, não dispensa o comparecimento pessoal da parte, ensejando, pois, os
efeitos da revelia”.
A lei preza pela tentativa de conciliação, pois é o meio mais fácil de solução do
conflito de maneira consensual. Para essa facilitação, a lei não exige que as partes sejam
representadas por advogados nessa audiência, apenas em causas com valor superior a 20
salários mínimos, mas exige o comparecimento pessoal das partes. A presença na audiência de
conciliação é obrigatória, sendo irrenunciável.
Não havendo conciliação, as partes podem optar pela arbitragem. Nos Juizados
Especiais Estaduais o árbitro é escolhido, pelas partes, dentre os juízes leigos. Estando ele
presente, a audiência de autocomposição passa a ser de arbitragem e será presidida pelo
26
árbitro. Não estando disponível naquele momento o juiz fará a convocação e marcará a data
da audiência de instrução.
Na prerrogativa de árbitro, o juiz leigo deverá obedecer aos mesmos critérios do juiz e
apresentará laudo no término da audiência ou em até cinco dias. Esse laudo está sujeito à
homologação pelo juiz, cuja sentença será irrecorrível.
Mesma dúvida segue com relação aos Juizados da Fazenda Pública. Não há previsão
de arbitragem e os interesses públicos são indisponíveis, de modo que se questiona a
possibilidade do juízo arbitral. Entretanto, há juízes leigos tal qual nos Juizados Estaduais, de
modo que poderiam atuar como árbitros, em caso de haver essa flexibilização.
Preceitua o art. 28 da supracitada lei que “na audiência de instrução e julgamento serão
ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a sentença”. Nessa audiência,
pode-se produzir todas as provas ainda que não foram requeridas anteriormente.
É possível a impetração de mandado de segurança contra atos judiciais, mas eles não
são cabíveis dentro do processo e devem ser julgados pelas Turmas Recursais, conforme
Enunciado 62 do Fonaje: “Cabe exclusivamente às Turmas Recursais conhecer e julgar o
mandado de segurança e o habeas corpus impetrados em face de atos judiciais oriundos dos
Juizados Especiais.”
Na contestação o réu deverá arguir toda a defesa de forma oral ou escrita. Não é
admitida a reconvenção, mas pode-se haver pedido dúplice, desde que fundado nos mesmos
fatos na inicial do autor. Há a possibilidade de resposta na própria audiência, conforme
previsão na lei 9.099/95.
O pedido contraposto deve ser, além de relacionado aos mesmos fatos do objeto da
controvérsia, de mesma competência para pode ser feito no Juizado. Na contestação poderá
ser feito o pedido contraposto, bem como impugnação do valor da causa e incompetências
(PINHO, 2017, p.611)
Se a defesa for apresentada na forma oral, ela deve ser resumida por escrito na
sentença. Caso a sentença não seja prolatada na audiência, ainda assim ela deve ser anotada
para não prejudicar as partes pela perda do registro.
As únicas matérias de defesa que não serão elencadas na contestação são as arguições
de suspeição e impedimento que serão analisadas pelo Tribunal de Justiça. Elas podem ser
alegadas na audiência de instrução e julgamento ou, em caso de recurso, na sessão de
julgamento da Turma Recursal. O processo fica suspenso enquanto for processado o pedido e,
se a alegação for acolhida, o juiz deverá arcar com as custas dispendidas.
28
Após a contestação, o autor terá o direito de réplica para rebater a defesa do réu, bem
como se pronunciar a respeito de pedido contraposto pelo réu.
6.9.2 Provas
Nos processos dos juizados especiais o juiz possui a liberdade para determinar as
provas a serem produzidas. Compete-lhe apreciá-las com base às regras de experiência
comum ou técnica.
Consoante ao artigo 8º do novo Código do Processo Civil, deverá o juiz atender os fins
sociais, produzindo sua argumentação pautada na justiça e equidade. Dessa forma, observará a
proteção da dignidade da pessoa humana, a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.
Desse modo, ainda que haja uma aura de informalidade nos procedimentos dos
juizados especiais, de modo algum o juiz formará sua decisão com base em sentimentos ou
inclinações subjetivas. Nesse caso, como se verá, caberia recursos inominados.
Na fase na instrução as provas podem ser apreciadas e colhidas pelo juiz leigo, com a
supervisão do juiz togado.
Como premissas de sua decisão, o juiz acatará meios de provas moralmente legítimos,
ainda que não previstos em lei, mas que ateste a veracidade alegada. As provas trazidas nas
audiências de instrução e julgamento não serão necessariamente requeridas. Ao juiz compete
aproveitá-las se pertinentes ou exclui-las se excessivas, irrelevantes ou protelatórias.
Como explicitado, os juizados especiais não admitem a prova pericial, tendo em vista
a celeridade e economicidade do processo. Todavia, o juiz pode requerer pareceres a técnicos
de sua confiança, inclusive para inspeções, facultada as partes a apresentar seus próprios
pareceres técnicos.
condução, se necessário, com uso de força estatal. A prova oral não é transcrita, mas a
sentença deve conter seu teor.
Além disso, na lei 10.259/01 há previsão, em seu art. 12 de que, sendo necessário à
conciliação ou julgamento, o juiz nomeará pessoa habilitada para fazer exame técnico,
devendo apresentar o laudo até cinco dias antes da audiência, prescindindo de intimação das
partes.
Mesma previsão ocorre na Lei dos Juizados da Fazenda Pública, em seu art. 10: “Para
efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o juiz nomeará
pessoa habilitada, que apresentará o laudo até 5 (cinco) dias antes da audiência.”
6.9.3 Sentença
Não caberá recurso de decisão interlocutória, mas da sentença caberá e esse será
julgado pela Turma Recursal (composta por três juízes). No recurso as partes são
representadas pelos advogados.
Caso algumas das partes, com fundamentações legais, sinta-se inconformada com a
sentença, respeitando o princípio de duplo grau de jurisdição há mecanismos recursais nos
juizados especiais. Todavia, a amplitude de instrumentos recursais é diminuta em comparação
a processos da justiça ordinária.
Em todo caso, nos recursos deve ser a parte acompanhada de advogado – próprio,
dativo ou da defensoria pública em caso de impossibilidade de pagar seu representante
processual. Aliado ao fato da obrigatoriedade de advogado, enquanto sentença de primeiro
grau não condena o vencido em custas e honorários, em segunda instância o recorrente – não
importando se réu ou autor, sendo vencido, pagará as custas e honorários de advogado.
Para o Juizado Federal, é admitido recurso de sentença definitiva, com única exceção o
caso do art. 4º da lei 10.259/01: “O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes,
deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação”.
6.11 EXECUÇÃO
______. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e
Criminais e dá outras providências. Brasília, DF, 26 set. 1995. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 04 jun. 2017.
______. Enunciados do Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais. Disponível em:
<http://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/corregedoria-geral-da-justica-
federal/enunciados-fonajef/lista-completa-dos-enunciados-do-fonajef.pdf>. Acesso em: 06
jun. 2017.
MARQUES, Erik Macedo. Acesso à justiça: estudo de três juizados especiais cíveis de São
Paulo. 2006. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Direito processual civil contemporâneo. Teoria
Geral do Processo. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
ROCHA, Felippe Borring. Manual dos juizados especiais cíveis estaduais. Teoria e Prática.
8. ed. São Paulo: Atlas, 2016.