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A energia cósmica se propaga através do espaço em forma de vibração.

Para
dar uma ideia aproximada de como isso acontece, transcreveremos um trecho
extraído de “A evolução da Física” de Albert Einstein e Leopold Infeld:
“O que e uma onda?

Um boato lançado em Washington chega muito mais rapidamente a Nova York, embora
nem uma só das pessoas que se Incumbiram de espalha-lo tenha viajado entre essas
duas cidades. Estão envolvidos dois movimentos inteiramente diferentes: o do
boato, de Washington para Nova York e o das pessoas que o espalharam. O vento,
passando sobre um campo de trigo, cria uma onda que se espalha por todo o trigal.
Devemos novamente distinguir aqui, entre o movimento da onda e o das plantas, as
quais sofrem a penas pequenas oscilações. Todos já vimos as ondas que se espalham
em círculos cada vez maiores quando uma pedra e jogada numa poça d’água. O
movimento da onda e muito diferente do das partículas de água. Estas se movem
simplesmente para cima e para baixo. O movimento da onda, observado, e o de um
estado de matéria e não da matéria em SI.
Uma rolha, flutuando sobre a onda, mostra isso claramente, pois se move para
cima e para baixo, em uma imitação do movimento real da água, em vez de ser
levada pela onda. A fim de compreender melhor o mecanismo da onda, consideremos
novamente uma
experiência realizada. Suponhamos que um grande espaço seja bem uniformemente
enchido com água, ou ar, ou qualquer outro ‘meio’. Em algum ponto do centro
encontra-se uma esfera. No inicio da experiência não ha movimento algum.
Repentinamente a esfera começa a 'respirar' ritmada mente, expandindo ou
contraindo seu volume, embora mantendo sua forma esférica. Que acontecera com o
meio? Comecemos o nosso exame no momento em que a esfera começa a se expandir. As
partículas do meio, na vizinhança imediata da esfera, são empurradas para fora,
de modo que a densidade do envoltório esférico de água, ou de ar, conforme seja o
caso, e aumentada acima de seu valor normal. Similarmente, quando a esfera se
contra 1, a densidade da parte do meio imediatamente circundante diminuirá. Essas
alterações de densidade se propagam por todo o meio. As partículas constituintes
do meio realizam apenas pequenas vibrações, mas o movimento e, em seu todo, o de
uma onda progressiva. A coisa essencialmente nova aqui, e que, pela primeira vez,
consideramos o movimento de algo que não é matéria, mas a energia propagada
através da matéria.
Usando o exemplo da esfera pulsante, podemos introduzir dois conceitos físicos
gerais, importantes para a caracterização das ondas. O primeiro e o da velocidade
com que a onda se espalha. Dependerá do meio, sendo diferente para a água e para
o ar, por exemplo. O segundo conceito e o do comprimento da onda. No caso de
ondas do mar ou em um rio, e a distancia entre a cava de uma onda e a da onda
seguinte, ou da crista de uma a crista da seguinte. Portanto, as ondas do mar têm
mais comprimento de onda que as ondas do rio. No caso de nossas ondas formadas
pela esfera pulsante, o comprimento de onda e a distancia em algum tempo
definido, entre dois envoltórios esféricos vizinhos, apresentando máximos e
mínimos de densidade. E evidente que essa distancia não dependera somente do
meio. O ritmo da pulsação da esfera ter a, certamente, grande efeito, tornando o
comprimento de onda mais curto se a pulsação se torna mais rápida e mais longo se
a pulsação se torna mais lenta.
Esse conceito de onda resultou muito eficaz em Física. E, decisivamente, um
conceito mecânico. O fenômeno e reduzido ao movimento de partÍcu1as que, de
acordo com a teoria cinética, são constituintes da matéria. Assim toda teoria que
usa o conceito de onda, pode ser, em geral, considerada uma teoria mecânica. Por
exemplo, a explicação dos fenômenos acústicos e essencialmente baseada nesse
conceito. Os corpos em vibração, tais como as cordas vocais e as dos violinos,
são fontes de ondas sonoras que se propagam pelo ar da maneira explicada para a
esfera pulsante. E, portanto, possível reduzir todos os fenômenos acústicos a
mecânica por meio do conceito de onda.
Acentuamos o fato de devermos distinguir entre o movimento das partículas e o
da onda em SI, que é um estado do meio. Os dois são muito diferentes, mas vê-se
que, em nosso exemplo da esfera pulsante, ambos os movimentos ocorrem ao longo de
uma mesma linha reta. As partículas do meio oscilam ao longo de segmentos
lineares curtos, e a densidade aumenta e diminui de acordo com esse movimento. A
direção em que a onda se expande e a linha em que se da a oscilação são a mesma.
Esse tipo de onda e chamada longitudinal. Mas será o único tipo de onda? É
importante, para as nossas considerações ulteriores, considerarmos a
possibilidade de um tipo diferente de onda chamado transversal.
Modifiquemos o nosso exemplo anterior. Temos ainda a esfera, mas a mesma está
imersa em um meio diferente, uma espécie de geleia em vez de água pura. Mais
ainda, a esfera não mais pulsa, mas roda em uma direção descrevendo um pequeno
angulo, e depois volta outra vez, sempre do mesmo modo rítmico e em torno de um
eixo definido. A geleia adere a esfera e, assim, as partes aderentes são forçadas
a imitar O movimento. Essas partes forçam as situadas um pouco mais distantes a
imitarem o mesmo movimento, e assim por diante, de modo que é produzida uma onda
no meio. Se tivermos em mente a distinção entre o movimento do meio e o movimento
da onda, veremos que os dois não estão aqui, sobre a mesma linha. A onda se
propaga na direção do eixo da esfera, enquanto as partes do meio. se movem
perpendicularmente a essa direção. Criamos, assim, uma onda transversal.
As ondas que se expandem na superfície da água são transversais. Uma rolha de
cortiça flutuando apenas oscila para cima e para baixo, mas a onda se expande ao
longo de um plano horizontal. Por outro lado, as ondas sonoras representam o
exemplo mais familiar de ondas longitudinais.
Mais uma observação: A onda produzida por uma esfera pulsante ou oscilante em
um meio homogêneo e uma onda esférica. É assim chamada porque em qualquer momento
dado todos os pontos de qualquer esfera que envolva a fonte se comportam da mesma
maneira. Consideremos uma porção de tal esfera a uma grande distancia da fonte.
Quanto mais afastada estiver essa porção e quanto menor for esta, tanto mais
se assemelhara a um plano.
Podemos dizer, sem tentarmos ser muito rigorosos, que não ha diferença
essencial alguma entre uma parte de um plano e uma parte de uma esfera cujo raio
seja suficientemente grande. Frequentemente falamos de pequenas porções de uma
onda esférica distantes da fonte como sendo “ondas planas” o conceito de onda
plana, como muitos outros conceitos físicos, não e mais do que uma dicção que só
pode ser realizada com pequeno grau de exatidão”

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