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A Fada Oriana (Sophia de Mello Breyner Andresen)

“Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas
fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más.”
É desta forma que a autora começa por nos contar a história da fada Oriana,
uma fada boa, bonita, alegre e feliz, a quem um dia a Rainha das Fadas pôs ao
cuidado uma floresta, ficando a seu cuidado homens, animais e plantas que ali
viviam.
Certa manhã de Abril começou por visitar as casas pobres das pessoas, fazendo, com
o uso da sua varinha de condão, que ali aparecessem todas as coisas que faziam
falta. Primeiro visitou a casa de uma pobre velha, depois a de um pobre lenhador e
ainda visitou a casa de um pobre moleiro. Até que decidiu visitar a casa de um homem
muito rico, onde viu que apenas faltava calor humano. Oriana amoleceu-lhe o coração
e depois partiu dali e fez com que o homem rico praticasse boas ações.
Depois salvou um peixe de morrer asfixiado que prometeu ajudá-la se ela se
encontrasse em sarilhos. Por causa do peixe, conseguiu ver o seu reflexo na água e
achou-se muito bela.
Quando a noite caiu foi visitar o poeta que morava na floresta, a única pessoa
que a podia ver. Ela contava-lhe histórias encantadas, dançava á luz da Lua e enchia
o ar de música e ele declamava-lhe os seus poemas. Mas a sua grande cisma era a
sua beleza. Oriana estava encantada com a sua própria beleza refletida na água.
Á custa disto, e por influência do peixe, deixou de visitar o poeta e, um por um, foi
abandonando todos os homens, animais e plantas que viviam na floresta, menos a
pobre velha porque a ouvia falar da sua beleza enquanto fora jovem. Á custa dos
intermináveis elogios do peixe que salvara, tornou-se muito vaidosa, descuidando a
promessa que fizera á Rainha das Fadas e por isto mesmo ficou sem varinha de
condão e sem asas, e este foi o castigo pelo seu descuido. O peixe, a certa altura,
deixou de aparecer, os animais já haviam partido para muito longe, assim como foi
o moleiro, o lenhador e o poeta. Oriana foi então para a cidade á procura dos seus
amigos, mas eles não a reconheceram sem asas e sem varinha de condão. O lenhador
estava na prisão, a mulher do moleiro não sabia do filho e o poeta já não acreditava
em fadas.
Oriana só voltou a ter asas quando se esqueceu de si mesma e salvou a velha
de se atirar de um abismo, tal era a sua tristeza. Foi então quando os animais da
floresta lhe deram o filho do moleiro e ela devolveu-o á moleira, soltou o lenhador
da prisão e salvou o poeta da sua tristeza, levando-o de novo para a floresta e Oriana
voltou a encantar tudo em seu redor.
A fada Oriana

I capítulo - Fadas boas e Fadas más


Há duas espécies de fadas : as fadas boas e as fadas más.
As fadas boas regam as flores com orvalho, acendem o lume dos velhos, seguram as crianças
que vão cair, encantam os jardins, dançam no ar, inventam sonhos e põem moedas de oiro nos
sapatos dos pobres.
As fadas más fazem secar as fontes, apagam as fogueiras dos pastores, rasgam a roupa que está
ao sol, desencantam os jardins, arreliam as crianças, atormentam os animais e roubam dinheiro
aos pobres.
II capítulo - Oriana
Era uma vez uma fada boa e muito bonita, chamada Oriana.
Ela prometeu à Rainha das Fadas que ia ajudar as pessoas, tratar os animais e as plantas da
floresta.
Oriana ajudava a velha naquilo que ela precisava para comer e a transportar a lenha, ajudava a
família do lenhador, transformando pedrinhas brancas em coisas que faziam falta na sua casa,
ajudava a família do moleiro, arrumando e limpando a casa, inspirava o poeta e encantava a vida
dele e ajudava os animais, as flores e as árvores da floresta, regando-as e apagando os fogos.
III capítulo - O Homem Muito Rico
O Homem Muito Rico não tinha mulher, nem filhos, nem amigos.
Tinha móveis em casa que falavam e, quando a fada Oriana entrava, os móveis começavam a
resmungar porque estavam fartos de viver numa casa sem vida.
O homem Muito Rico era careca e queria ter mais cabelo. A fada Oriana arranjou-lhe uma poção
para lhe fazer crescer o cabelo.
O cabelo começou a crescer e o homem Muito Rico começou a viver mais feliz, mas continuava
invejoso.
IV capítulo - O peixe
Oriana foi pela floresta fora, correndo, dançando e voando até chegar ao pé do rio.
O peixe disse - lhe que ela era muito bonita e Oriana deixou-se levar pelos elogios do peixe.
Começou a ficar vaidosa e, todos os dias, ia ter com o peixe para ouvir os elogios dele. Esqueceu-
se de ajudar a velha, de ir visitar o poeta e o moleiro.
As flores morreram e os pássaros caíram. Os animais fugiram para os montes.
V capítulo - A Rainha das Fadas
O castigo que Rainha das Fadas deu à Oriana foi tirar as asas e a varinha de condão, porque ela
não tratava da floresta.
Oriana começou a chorar e a Rainha das Fadas foi-se embora. Sem asas, a fada Oriana não podia
voar.
VI capítulo - A floresta abandonada
Quando a fada Oriana olhou para a floresta viu as plantas murchas, pássaros a fugir e outros
pássaros mortos. A floresta estava completamente abandonada.
Alguns animais foram para os montes, outros para a cidade e a Oriana sentiu-se culpada, quando
olhou para aquilo tudo que tinha feito.
VII capítulo - A cidade
A fada Oriana partiu para a cidade. As ruas estavam cheias de gente e sentiu-se perdida.
Quando entrou num café viu o poeta e foi ter com ele.
O poeta não acreditou que era ela porque não tinha a sua varinha de condão nem as suas asas.
Depois foi a casa do moleiro. A moleira abriu a porta e disse que o moleiro tinha sido preso.
A fada Oriana tentou tirá-lo da prisão mas não conseguiu.
VIII capítulo - A árvore e os animais
Quando acordou, a Oriana foi pelos montes perguntar aos animais se sabiam onde estava o filho
do moleiro. Os animais responderam:
- Sim, está aqui. Só se provares que és uma fada é que to damos - disseram os animais.
- Está bem. Apareçam amanhã ao pé do rio - disse Oriana.
No dia seguinte os animais apareceram. Oriana chamou o peixe para ele dizer que ela era fada
mas o peixe não apareceu. Os animais foram-se embora.
Depois a Rainha das Fadas Más quis dar umas asas à Oriana para poder fazer coisas más, mas
ela não aceitou porque queria desfazer o mal que tinha feito à floresta quando se esqueceu da
promessa que tinha feito.
IX capítulo - O abismo
Depois a fada Oriana ficou triste e, quando ia para a cidade, viu a velha que estava a um passo
de cair num abismo. Parou para se sentar e Oriana correu o mais rápido possível.
A velha deu mais um passo e caiu no abismo mas Oriana agarrou a velha e caíram as duas. Oriana
e a velha ficaram a voar e voltaram à superfície.
Depois a Rainha das Fadas voltou a dar as asas e a varinha de condão porque Oriana já podia
voltar a tomar conta da floresta.

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