Você está na página 1de 11

Narrador – O século XIV foi marcado por uma grave crise demográfica, económica e social.

No século XV
a economia recuperou, a produção voltou a crescer e o comércio desenvolveu-se. Portugal
tinha falta de muitos produtos.

(entra o bobo aos pulos acompanhado pela menina)

Bobo – Que país pobre…. Coitados deles que não têm comida para tapar o estômago… (ri)

Menina – (chateada) Não gozes… Queria ver se fosses tu!

De certeza que todos tentaram melhorar a sua vida!

Bobo – Blá, Blá, blá, blá, blá……

Mas por acaso sabes o que é que eles queriam ou o que fizeram?!

(menina faz um ar de dúvida)

Bobo – (a rir apontando para os grupos sociais) Então pergunta-lhes por que eu também não sei!!!

Menina – (dirige-se aos grupos sociais) Olá, quem és tu?

Burguesia – Sou o João, sou comerciante e faço parte da burguesia.

Menina – Como é que vocês resolveram o problema de Portugal?

Burguesia – Com a Expansão do nosso reino pelo Mundo.

Menina – E qual era o teu interesse na Expansão?

Burguesia – Nós pretendemos encontrar novos produtos, novos mercados e acabar com o poder de
intermediários dos Muçulmanos e Italianos.

Bobo – (virado para o público a sussurrar) Estes são espertos, passam eles a ser os intermediários e
lucram bem mais. (pisca o olho ao público).

Menina – (virada para outro grupo) E tu quem és?

Nobreza – (de forma altiva) Eu sou o conde Soares e a expansão vai trazer-me fama e prestígio para
além de cargos e terras que vou conquistar.

Menina – (virada para o elemento do Clero) Então e tu?! Deves ser um elemento do Clero?!

Clero – Sou o monge Costa, pertenço à ordem dos Franciscanos.


Bobo – (virado para o público e a sussurrar) Estes só devem saber rezar. (pisca o olho)

Menina – Eu ouvi isso!!!! Deves pensar que sabes muito!

Bobo – (Irritado) E sei! Sei por exemplo que o Clero quer espalhar a fé cristã e aquele ali (aponta para o
elemento do povo) é um elemento do povo.

Menina – Que remédio….. Era o único que faltava!

(A menina e o Bobo ficam a conversar com os grupos sociais)

Narrador – O conhecimento do Mundo no século XV era muito limitado. Apenas se conhecia a Europa,
uma parte da Ásia e o Norte de África. O continente Americano e a Oceânia eram
desconhecidos. Portugal juntava às motivações da população um conjunto de condições que
lhe permitiam ser o primeiro país europeu a lançar-se na Expansão Marítima.

(A menina e o Bobo continuam o seu percurso e encontram os reis de Portugal – D. João I e D. Leonor
Teles. O Bobo faz a vénia aos reis e a menina imita-o de forma atrapalhada).

D. João I – Quem sois?

Bobo – Eu sou o Bobo da Corte de Vossa Majestade e esta é uma amiga, a Inês.

D. João I – O que pretendeis?

Menina – (meio envergonhada) Estou a estudar para o teste de História e tenho várias dúvidas sobre o
papel de Portugal na Expansão.

D. Leonor – (de forma carinhosa) O que quereis saber minha querida?

Menina – Já sei que o nosso país está em paz com Castela, que todos os grupos sociais têm interesses
na Expansão mas como é que vamos conseguir chegar a outros territórios?

D. João I – Aperfeiçoamos as embarcações, como a Caravela onde aplicámos a vela triangular que nos
permitirá bolinar. Por outro lado também temos técnicas e instrumentos de navegação
astronómica deixados pelos Muçulmanos e Judeus, como a bússola, o astrolábio, o quadrante
e a balestilha. Por fim temos uma longa costa com muitos portos que nos tem permitido
conhecer bem o mar.

Menina – Mas não vão para alto mar?

D. João I – Sim, mas com estas técnicas conseguimos navegar em alto mar .

(entra o Infante D. Henrique que é apresentado pela mãe à menina e ao Bobo)


D. Leonor – Este é o meu filho Infante D. Henrique, defensor da Expansão Marítima.

(a menina e o Bobo cumprimentam o Infante com uma vénia)

Infante – Majestade venho pedir permissão para preparar uma expedição a Ceuta.

D. João I – Porquê Ceuta e não outra cidade do norte de África?

Infante – Porque, meu pai, Ceuta reúne um conjunto de vantagens que correspondem às necessidades
do nosso reino.

D. João I – Que vantagens são essas?

Infante – Ceuta é um entreposto comercial onde chegam produtos de luxo, ouro e especiarias; está junto
ao estreito de Gibraltar o que facilita o controle da entrada e saída no mar mediterrâneo e
também é uma cidade rica em cereais, como o trigo.

D. João I – Faça-se, então, a expedição a Ceuta.

(os reis e o Infante saem e a menina e o Bobo ficam a conversar)

Narrador – Passados alguns meses…..

(entra o Infante e encontra o Bobo e a menina que o cumprimentam com um vénia)

Menina – Infante D. Henrique, como correu a expedição a Ceuta?

Infante – Foi um êxito militar!

Menina – E trouxe vantagens para o reino?

(Infante fala de uma forma desanimada)

Infante – A conquista de Ceuta revelou-se um fracasso económico….

Menina – Ohhhhh

Bobo – (vira-se para o público e faz beicinho)

Infante - … porque os comerciantes muçulmanos desviaram as rotas das especiarias e do ouro para
outras cidades do norte de África; Ceuta tornou-se uma cidade cristã rodeada por cidades
muçulmanas; as despesas com a proteção da cidade são maiores que os lucros e a situação
de guerra impediu o cultivo de cereais o que prejudicou o comércio do reino.

(o Infante, a menina e o Bobo mantém-se a conversar)


Narrador – A sociedade portuguesa, após o fracasso de Ceuta dividiu-se: uns apoiavam a expansão
marítima; outros as conquistas por terra.

O Infante apoiou, ainda, as conquistas no norte de África mas após o fracasso de Tânger virou-
se para as viagens de exploração e descoberta no Atlântico.

(o Infante convida a menina e o Bobo para acompanhar os exploradores)

Infante – Tenho uma ideia: Querem acompanhar os exploradores?

Menina – Siiimmmmm (ri)

Bobo – Lá se vai o almoço! (lá se vai o almoço! (faz cara de enjoado)

(dirigem-se para a Caravela e são apresentados aos primeiros exploradores)

Infante – Estes são…

T.V.T – Tristão Vaz Teixeira

B.P. – Bartolomeu Perestrelo

J.G.Z. – João Gonçalves Zarco

Menina – É um prazer conhecê-los. Enquanto exploraram o Atlântico o que é que descobriram.

Bobo – (virado para o público) Peixes e mais peixes….

Menina – Chiu!!!

T.V.T. – Entre 1419 e 1420 descobrimos o Arquipélago da Madeira.

Menina – E os Açores?

(ouve-se uma voz que diz)

Diogo de Silves – Fui eu!

(a menina vira-se e pergunta)

Menina – Quem és tu?

Diogo de Silves – Sou Diogo de Silves aquele que redescobriu o arquipélago dos Açores.

Menina – Porque é que se diz redescoberta e não descoberta?


Infante – Ambos os arquipélagos já eram conhecidos pelos navegadores mas mantinham-se desabitados
e nunca ninguém os tinha colonizado.

Menina – E como colonizaram os arquipélagos?

Infante – Foi feita através de capitanias – donatárias.

Menina – A minha professora falou nisso nas aulas… Mas não me lembro bem….

Infante – São grandes extensões de terras, ou uma ilha inteira, que foram doadas a elementos da
pequena nobreza. Estes tinham poder de administrar a justiça cobrar os impostos e distribuir
terras aos povoadores.

Menina – Quem foi povoar estes territórios?

Infante – Portugueses do Algarve de Entre o Douro e Minho e alguns estrangeiros vindo da Flandres. Nos
Açores pedi a Gonçalo Velho Cabral para arranjar casais dispostos a irem para as ilhas.

Menina – Que recompensas económicas é que as ilhas trouxeram para o reino?

Infante – Na Madeira cultivaram cereais, cana-de-açúcar e vinha, exportávamos madeira de boa


qualidade usada para melhorar as embarcações para continuar a expansão. Nos Açores
desenvolvemos a criação de gado, o cultivo de trigo, linho e plantas tintureiras, como a urzela e
o pastel, milho, chá e o tabaco.

Bobo – Para quê o tabaco? Parecem chaminés e só faz mal à saúde.

Infante – O tabaco trouxe elevados rendimentos para o reino.

Narrador – O principal objetivo das viagens marítimas era a exploração da costa ocidental africana para
chegar aos locais de produção do ouro e controlar o comércio nessa região. No entanto só se
conhecia a costa ocidental de África até ao Cabo Bojador.

(entra a menina com o Bobo acompanhados pelo Infante D. Henrique e vão ao encontro de Gil Eanes)

Infante – Inês este é Gil Eanes o responsável pela passagem do Cabo Bojador.

Menina – Já ouvi falar de ti nas aulas de História…

Gil - … com toda a certeza, uma vez que fui eu que abri o caminho para a exploração da Costa Ocidental
Africana.

Bobo – (virado para o público) Deve-se achar muito…. (a menina dá-lhe um safanão discretamente)
Gil – Mas não fui o único. Depois de mim outros navegadores tiveram um papel tão importante como o
meu. Foi descoberto as regiões de Rio do Ouro, ilha de Arguim e Serra Leoa.

Bobo – Entendeste Inês ou queres que te faça um desenho?

Menina – Claro que entendi… Não sou “Boba”… (pisca-lhe o olho)

(O Infante e Gil Eanes despedem-se da menina e do Bobo)

Bobo – Sabias que com a morte do Infante D. Henrique, as viagens de descoberta abrandaram?

Menina – Sim… Foi por causa do rei D. Afonso V, não foi?

Bobo – Foi. D. Afonso V preferiu investir na conquista de cidades no Norte de África, como Alcácer
Ceguer, Arzila e Tânger.

Menina – E a exploração da costa ficou parada?

Bobo – Não. D. Afonso V arrendou a exploração da costa ocidental africana a um mercador rico, Fernão
Gomes.

Menina – Arrendou?!

Bobo – Sim. Foi feito um contrato de arrendamento em que Fernão Gomes teria de descobrir 100 léguas
por ano, durante 5 anos e, pagar uma renda anual de 200.000 reais.

Menina – Tu até sabes umas coisas…

Bobo – Sei mais do que julgas…

Menina – És mesmo Bobo…. (sorri)

Bobo – Inês não queres conhecer o próximo rei?

Menina – D. João II?! E isso é possível?

Bobo – Sim… Anda lá…

(O Bobo leva a menina à corte de D. João II)

D. João II – Quem sois?

Bobo – Sou o Bobo, El Loco Dias, e esta é uma amiga, a Inês.

D. João II – Que fazeis na minha corte?

Menina – Eu estou a estudar para o teste de História e queria saber como foi o Vosso reinado.
D. João II – O meu reinado foi um dos mais importantes da História do nosso reino, uma vez que
ocorreram uma séria de acontecimentos que vieram mudar o rumo da nossa História.

Menina – Quais?

D. João II – Então acompanhem-me nesta aventura…

(D. João II encaminha o Bobo e a Menina para junto de um mapa e faz a explicação da viagem de
Bartolomeu Dias)

D. João II – Em 1487-88, Bartolomeu Dias atravessou o Cabo das Tormentas. (aponta para a rota e diz…)
Este é o percurso feito por este navegador.

Menina – E assim chegaram à Índia…

D. João II – Não chegamos logo à Índia, mas revelou a passagem para o Oceano Índico e permitiu a
chegada à Índia por mar, que só irá acontecer no próximo reinado.

Menina – Que outros acontecimentos ocorreram no Vosso reinado?

D. João II – A divisão do Mundo….

Bobo – Com uma faca?!...

Menina – Uma facada dou-te eu se não te calas… Mostra mais respeito pelo rei…

D. João II – Hoje mesmo vou ter uma reunião com o rei de Espanha e o Papa, se quiserem podem
acompanhar-me, que teremos todo o gosto em vos explicar como tudo se passou…

Menina e Bobo – Vamos…

(dirigem-se para a corte de D. João II onde são apresentados ao rei de Espanha e ao Papa)

D. João II – Apresento-vos o rei de Espanha e o Papa…

Esta é a Inês e este é El Loco Dias – o Bobo.

Rei de Espanha e Papa – Muito prazer.

D. João II – Eles querem entender o que se passou após a chegada de Cristóvão Colombo à América.

Papa – Em 1479, assinámos o Tratado de Alcáçovas, no qual o Mundo foi dividido em duas partes, por
um paralelo: os territórios descobertos a Norte pertenceriam a Castela e a sul seriam para
Portugal.
Rei de Espanha – Em 1492, o navegador Cristóvão Colombo chegou a um novo continente – a América,
com uma viagem patrocinada por nós…

D. João II - … mas já tinha vindo a Portugal e nós recusamos.

Papa – Esta descoberta reacendeu a discussão entre os dois países, uma vez que, Espanha tinha
patrocinado a viagem, mas o território estava no lado dos portugueses, de acordo com o
Tratado de Alcáçovas.

Bobo – Só vejo confusão e não encontro solução…

Papa – Mas houve uma solução: a assinatura de um novo tratado. O Mundo foi dividido em duas partes:
traçando um meridiano de polo a polo, as terras descobertas ou a descobrir, situadas a
ocidente desse meridiano seriam de Castela, as situadas a oriente ficariam para Portugal. O
meridiano foi traçado a 100 léguas da ilha de S. Antão, no arquipélago de Cabo Verde.

D. João II – Mas eu exigi que a proposta fosse alterada, puxando os limites mais para Ocidente, a 370
léguas da referida ilha.

Papa – Foi assim assinado o Tratado de Tordesilhas.

(a menina e o Bobo despedem-se dos reis e do Papa e seguem o seu caminho)

Narrador – Com a morte de D. João II sobe ao trono D. Manuel I, que dá continuidade à política do seu
antecessor.

(a menina e o Bobo continuam a sua jornada e encontram o rei D. Manuel I acompanhado por Vasco da
Gama, escondem-se atrás de um arbusto e ouvem a conversa)

Gama - … foi difícil mas chegamos todos bem, a volta é que foi mais complicada…

Menina – (a sussurrar para o Bobo) Estão a falar do quê?

Bobo – Chiuu. Acho que é de uma viagem…

D. Manuel I – O que é que achaste?

Gama – Calecut tem uma população muito civilizada e com uma atividade comercial intensa e bem
organizada.

D. Manuel I – Como fomos recebidos?

Gama – Não fomos bem aceites pelos comerciantes Muçulmanos e alguns chefes indianos porque me
parece que somos considerados uma ameaça ao comércio local.
D. Manuel I – Pois então que se desloque uma armada para impor o nosso domínio em terras do Oriente.

Gama – Quem pretendeis enviar?

D. Manuel I – O Pedro…

(D. Manuel I despede-se de Vasco da Gama e vai ao encontro de Pedro Álvares Cabral. A menina e o
Bobo seguem-no..)

Pedro – Como está Vossa Majestade?

D. Manuel I – Bem, obrigado. Preciso que comandes uma armada a Calecut…

Pedro – Quando parto?

D. Manuel I – Amanhã, 9 de março. Levas contigo 13 embarcações para controlar a situação.

(Pedro dirige-se para o porto de Lisboa e a menina e o Bobo vão descansar.)

Narrador - … passados 2 meses…

(A menina e o Bobo vão a passear e encontram Pedro Álvares Cabral)

Menina – Bom dia… É Pedro Álvares Cabral, não é?

Pedro – Sim. E tu quem és?

Menina – Sou a Inês e estou curiosa para saber como correu a sua viagem à Índia…

Pedro – Correu melhor do que esperávamos. Ao seguir a rota de Vasco da Gama tivemos de fazer um
desvio para sudoeste e no dia 22 de abril avistámos terra – era a costa da América do Sul. Chamámos a
esse território: Terra de Vera Cruz…

Menina – E como vão colonizar esse território?

Pedro – D. Manuel I não ficou muito interessado no território, neste momento a grande preocupação dele
é o comércio com o Oriente..

Bobo – Acredito que no futuro vai ser muito importante.

Pedro – A ver vamos….

(a menina e o Bobo despedem-se de Pedro Álvares Cabral e ficam a conversar)

Bobo – Sabes o nome que tem agora este território descoberto por Pedro Álvares Cabral?

Menina – É o México?
Bobo – Não, é o Brasil. Quanto ao México esse pertenceu aos espanhóis.

Menina – Como assim?

Bobo – Vamos sentar-nos que eu explico-te. A história do meu país percebo eu… (pisca-lhe o olho)

O processo de expansão dos Espanhóis iniciou-se quase depois de um século dos


portugueses.

Menina – Porquê?

Bobo – Primeiro, foi necessário expulsar definitivamente os Muçulmanos do território e só depois deste
estar unificado é que se apostou na expansão.

Menina – E começaram por onde?

Bobo – Após a chegada de Colombo à América, em 1492, outros navegadores partiram em busca de
riquezas nesse território, e foi nesta altura que se iniciou a conquista e exploração do território,
que se mostrou muito rico em ouro e prata.

Menina – Encontraram o território desabitado como na Madeira e nos Açores?

Bobo – Não. Muito pelo contrário. Neste território encontrámos diversos povos, alguns deles com grandes
civilizações, como os Astecas, os Maias e os Incas.

Menina – Já ouvi contar histórias desses povos… Como é que eram?

Bobo – Estas civilizações tinham uma estrutura política organizada, viviam em grandes cidades, tinham
conhecimentos de matemática, de astronomia e de medicina. Tinham sociedades complexas,
com organização política e religiosa. E sobretudo, tinham grandes tesouros em ouro e em
prata.

Menina – Então eram muito mais desenvolvidos que nós europeus…

Bobo – Não, estas civilizações eram tecnicamente menos desenvolvidas do que as europeias ou
asiáticas. Não usavam instrumentos agrícolas de metal, arados ou carros, desconheciam os
cavalos e as armas de fogo.

Menina – Foi assim uma relação de intercâmbio cultural, não foi?

Bobo – Infelizmente não. Organizámos expedições para tomarmos posse dos territórios descobertos,
lideradas pelos conquistadores, que eram soldados, exploradores e aventureiros que
procuravam metais preciosos.
Menina – Isso é muito mau… O que aconteceu aos povos que lá viviam?

Bobo -

Você também pode gostar