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A ESCOLHA DE ESAÚ -

E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura.
Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de
arrependimento, ainda que com lágrimas o buscasse. Hb 12.16,17.

Quão maravilhosamente a sabedoria de Deus utilizou os feitos dos antigos para nos ensinar lições sobre esta tão
diferente dispensação! Como o passado, visto a partir de um ponto de vista correto, salta para a luz, tal como o
pico de uma montanha com os raios de sol pela manhã!
A preferência do incrédulo geralmente é por Esaú. Aos seus olhos, ele é um homem simples, franco e honesto; e
Jacó, um hipócrita astuto. Existe uma profunda razão na escolha de Deus por Jacó e na rejeição de Esaú.

A animosidade do coração secretamente se levanta contra Deus. Será que Jacó era tão mau caráter? A escolha de
Deus não foi determinada pela bondade de Jacó, mas brotou de Sua graça. Nós não temos necessidade de defender
Jacó em seus atos de pecado.

Mas o caráter de Esaú, avaliado sem preconceito, demonstra ser ele um homem muito mal. Sua profanidade
está aqui anunciada; um pecado legitimamente ofensivo a Deus. Sua poligamia, concebida para afetar seus pais, já
era bastante má.

Seus sentimentos homicidas nutridos contra o seu irmão, depois de sua má conduta tê-lo destituído de sua
primogenitura, devem ter pesado muito na balança contra ele. Um homem honesto teria consentido com a perda
da sua primogenitura. “Eu vendi a minha cama, então devo aceitar como sendo minha culpa se eu tiver de dormir
no chão!”.

O Espírito Santo acorrentou este transgressor na beira da estrada como uma advertência. Que possamos
solenemente, ao pé dessa execração pública, considerar o pecado de Esaú e a sua punição.

O pecado de Esaú
A ESCOLHA DE ESAÚ
profanidade é um pecado contra Deus. Trata-se de negligenciar, violar, ou desprezar as coisas sagradas. Em sua
pior forma, torna-se zombaria, que graceja e ridiculariza as palavras de Deus, suas ordenanças e povo.

A oportunidade de demonstrar esse pecado foi dada com o nascimento de Esaú. Deus fez dele o primogênito. Os
privilégios espirituais, que não são facilmente definidos, foram anexados à primogenitura. Eles provavelmente
consistiam na bênção de ser agraciado por seu inspirado Pai; na glória de ter o Messias como seu descendente e
de ser o Grande Patriarca do povo de Deus, Israel, e se ele tivesse sido santo, o nome de Deus estaria conectado
com o seu. O título de Jeová teria sido "Deus de Esaú", mas agora lemos "Deus de Israel" e "Deus de Jacó”.

A história do ato profano é plenamente exposta. Quando faminto, sem sucesso, enfraquecido, longe de casa, ele
vendeu sua primogenitura, trocando as coisas espirituais pelas temporais. Sua incredulidade disse: "Minha vida
está perto do fim. A comida irá salvar-me”. Assim, o alimento é o seu deus! Ele confiou no prato de comida. Ele não
teve fé em Jeová!

Observe os agravamentos do seu pecado: Ele vendeu o direito de primogenitura por um preço tão pequeno. Ele
poderia ter reivindicado ser sustentado por Jacó toda sua vida, mas ele exigiu muito menos, apenas um prato de
comida! Ele dificilmente teria trocado uma de suas flechas por isso. Ele próprio depreciou o artigo que vendeu.
Isto revela seus pensamentos levianos. Será que é possível que um homem cavalgando um lindo e veloz cavalo
árabe, diga para outro que queira comprá-lo: "Bom, acho que não vou querer mais cavalgá-lo, assim que uso ele
terá para mim?”. Entretanto, foi isso que fez Esaú! Sua avaliação frívola do espiritual e do eterno estava escrita na
superfície. Ele deve tê-los desprezado com freqüência em seu coração antes que o desdém aparecesse em suas
palavras. Sua desculpa é fraca. Ele estava a ponto de morrer?
Melhor a morte com um sorriso de Deus, do que a vida sob Seu olhar desaprovador! Mas ele não estava à beira da
morte enquanto mantinha sua primogenitura. Se, então, o Messias descenderia dele e ele ainda não tinha filhos, a
sua primogenitura o havia mantido vivo até aquele momento. Mas, agora, ele mesmo se rouba a sua única garantia
de uma vida longa. Ele instiga o Altíssimo a ceifá-lo.

Ele a vende com um juramento. “É provável que a palavra de Esaú não fosse confiável”. Com receio de que ele não
se arrependesse, Jacó exigiu que a determinação de Esaú fosse ligada a um juramento. Mesmo com esta exigência
ele não para. Aquilo que teria levado a muitos a pensar, não faz com que ele hesite. Deus é chamado como
testemunha desta ação maligna; a Ele é rogado vingar a transgressão, caso Esaú tomasse de volta a primogenitura,
neste caso transferida a Jacó.

Ele come e bebe o produto de seu crime de uma vez! Ele considera que teve o seu valor recebido e está satisfeito.
Reflexões posteriores não o levam à consciência de seu pecado. "Ele seguiu seu caminho", e esqueceu-se de tudo,
como se nada mais importante tivesse ocorrido do que uma corriqueira troca de uma lebre por uma medida de
trigo.

Mas, observe o seguinte, a sua punição. Quanto tempo se passou até que a intenção de Isaque de dar a bênção
fosse expressa, não o sabemos. A primogenitura estava conectada com a bênção paterna, e a perda de uma
implicava a perda da outra. As duas estão ligadas por Esaú: “Então disse ele: Não é o seu nome justamente Jacó,
tanto que já duas vezes me enganou? A minha primogenitura me tomou, e eis que agora me tomou a minha bênção.
E perguntou: Não reservaste, pois, para mim nenhuma bênção?” Gen. 27: 36.

A bênção transmitida foi a de Abraão (Gen. 28: 4) e ela estava cheia de vantagens de valor temporal bem como de
valor eterno.

Agora, no momento em que estas estão para serem concedidas, Esaú desperta para a consciência de sua
importância. Ele deseja receber a bênção.
Seu pai provavelmente não foi sensível à cassação do direito de Esaú. Esaú tinha esquecido que já não era mais seu.
Mas Deus não esqueceu, e “ele foi rejeitado”.

A bênção superior foi-lhe recusada. * (ver nota 1)

Rejeitado por seu pai! Recusada ao filho preferido! E pela súbita mudança de opinião do pai, após a sua plena
intenção de concedê-la haver sido expressa!

O que aconteceu após Isaque ter percebido que tinha sido enganado pelo filho que ele abençoou? Não houve
nenhuma maldição sobre Jacó! Nem Esaú retomou a bênção perdida! "Sim, e ele será abençoado!"

Essas foram palavras pesarosas aos ouvidos de Esaú! “Malditos sejam os que te amaldiçoarem” – foi a expressão
usada por Isaque, a qual he fechou a porta para amaldiçoar Jacó, mesmo que ele estivesse tão disposto a fazê-lo.

A Razão da sua rejeição.

"Ele não encontrou lugar para arrependimento". A que arrependimento essas palavras se referem? Para o de
Esaú?, ou Para o de seu pai? Podemos vê-lo dos dois ângulos.

Do lado de Esaú. Mas aqui surge uma dificuldade, "Não pode alguém sempre se arrepender? Enquanto um homem
viver, não há sempre lugar para o arrependimento? E não se arrependeu Esaú?”. Sim! Da sua loucura. Não do seu
pecado contra Deus.

Mas a expressão é peculiar. "Ele não encontrou lugar para arrependimento". As palavras parecem significar que
não houve oportunidade através do seu arrependimento de
reparar sua perda. Em muitos casos o arrependimento traz perdão, tanto da parte de Deus como do homem; e
desfaz a perversa consequência resultante do pecado.

Assim, quando os Ninevitas arrependeram-se com a pregação de Jonas, as ameaças de Deus foram retiradas, e a
cidade poupada.
O arrependido filho pródigo foi reintegrado na casa do seu pai. Da mesma forma, o contrito (3) Pedro, após a sua
negação, reassume seu lugar entre os apóstolos, obtendo o perdão do Salvador. Mas isso não acontece aqui. Não
houve oportunidade para reparar os danos infligidos pelo seu pecado. Sua primogenitura foi irrevogavelmente
perdida, e com ela a bênção.
Ele recebeu e desfrutou das boas coisas que ele desejou como o preço da bênção e da própria primogenitura. Ele
não podia possuir, ao mesmo tempo, o artigo vendido e o preço da sua venda.
E quão pobre e fugaz foi o preço! Os chefes indígenas venderam aos colonos ingleses suas colinas e bosques, vales
e rios, a troca de roupa, machados e anzóis. Mas logo esses quebraram se desgastaram ou foram perdidos! A terra
tornou-se habitação dos seus possuidores. Mesmo que os índios tivessem desejado e fossem capazes de comprar
de volta a sua terra pagando vinte vezes o preço pago a eles, jamais poderiam tê-la de volta.

Novamente, a primogenitura não era simplesmente uma coisa perdida, como o machado emprestado do profeta.
O artigo vendido passou a ser propriedade da outra pessoa, e o possuidor era mais sensível ao valor do direito
adquirido e disposto a participar dele. Tomá-lo, seria injusto com Jacó.

Esaú tinha jurado. Houve, portanto, uma terceira pessoa no contrato. E mesmo que Jacó tivesse disposto a vendê-
lo de volta, o poderoso Juiz teria recusado. Esaú tinha invocado as maldições de Deus sobre si mesmo, se voltasse
atrás na venda. Então, não havia remédio. A transferência continuaria firme. As lágrimas de Esaú não poderiam
reparar a perda.

Mas, agora vamos ver a questão do lado de Isaque. Em vista da dificuldade observada, parece mais razoável
considerar o arrependimento descrito como o do pai. Esaú não poderia induzir o seu pai a arrepender-se. A palavra
tinha saído dos seus lábios por inspiração e não podia ser recobrada.

Não havia lugar, da parte de seu pai, para arrependimento. Ele tinha falado a vontade de Deus. Deus não a alteraria.
A bênção já cobria Jacó. Nenhuma mão humana poderia tirá-la: nem mesmo a mão que a tinha colocado lá. A
tentativa de Esaú é de produzir uma mudança de atitude em seu pai. Mas ele o encontrou irredutível. A coisa está
feita. "A questão está além do meu controle" – é a declaração virtual de seu pai.

Enquanto isso, então, Esaú percebeu seu pai se curvar bondosamente para ele, e começou a atacar verbalmente a
sua afeição com uma comovente petição de agonizante tristeza, com “clamor amargo” e lágrimas, que tão
raramente apareciam nos olhos do caçador inflexível.

Por três vezes ele clama ao pai, mas por três vezes o objeto de seu pedido é recusado. Ele inquieta o coração do
pai, mas não pode alterá-lo. A enorme onda causada por um terremoto pode bater na praia, rasgar suas areias e
agitá-las ferozmente, mas isso ocorrerá apenas por um instante, pois ela deixará seus grãos caírem novamente na
praia e voltará sem eles para as profundezas do mar.

Permita-me aplicar o assunto aos discípulos do Senhor Jesus. Esta epístola é endereçada aos crentes que "buscaram
refúgio" em Jesus; aos homens que no passado exibiram grande coragem e perseverança por Cristo. O apelo do
escritor, então, não é feito para hipócritas ou para os mundanos. A história do Antigo Testamento, aqui aplicada a
nós, prova a mesma verdade. Esaú era o filho circuncidado de Isaque, nascido no tempo prometido tão
verdadeiramente quanto Jacó, irmão gêmeo do mesmo pai e da mesma mãe. Mesmo quando foi rejeitado e
excluído da bênção principal, ele não partiu com uma maldição.

Ele ainda era considerado filho. "O que devo fazer-te, meu filho?" Ele desfrutou de uma bênção menor, embora
tenha sido excluído da maior. Tenha certeza que se você pecar como Esaú pecou, você será punido como ele!
Considere isso por um momento! Como ele perdeu a bênção?

Não por profanidade. Foi uma bênção espiritual peculiar confiada a Esaú? Da mesma forma, uma é confiada a você.
A bênção de Esaú poderia ser perdida por má conduta? Então, a sua também pode. Somos feitos por conversão
"Filhos de Deus".

Uma posição mais alta do que a possuída por Esaú nos é dada. Diante de nós, é posta a glória peculiar ao melhor
pacto (Hb. 4). Somos "os primogênitos". Somos os primeiros redimidos por Deus e retirados do Egito pelo sangue
do Cordeiro.

Foram os primogênitos de Israel (depois trocados pelos levitas) peculiarmente salvos? Hb. 11: 28. Nós também.
Diante de nós, é posta a esperança da mais alta bênção milenar. Somos, por Deus, "chamados ao seu reino e glória".
Nós podemos ser parceiros do Messias nas bênçãos prometidas.

Mas você pode pensar que os mil anos de glória são uma futilidade. Você pode dizer, “Deixem-me só obter a vida
eterna e estou satisfeito!” Você pode pensar com desprezo na terra aprazível e dar pouco crédito à palavra do
Senhor. Você pode ter duros pensamentos sobre Deus, como se Ele tivesse o colocado em circunstâncias
demasiadamente opressivas.

Você pode, como o Israel do passado, evocar insuperáveis dificuldades neste caminho para a glória. Como é que
você, o "gafanhoto", enfrenta os gigantes filhos de Anak? Você pode se desesperar como Esaú. É inútil tentar obter
o reino.

Em circunstâncias como a minha, ninguém pode ficar em pé! A teoria que tenho é linda. Mas “é demasiadamente
rígida para que qualquer um a coloque em prática!”. Se você permitir tais pensamentos, ações de qualidade
semelhante irão rapidamente surgir. Tão certo como uma explosão segue-se da faísca da pólvora, a tentação faz
com que a profanidade ocorra.
Você vai barganhar seu interesse na glória futura pelas presentes vantagens do mundo. Se as suas esperanças do
reino esmorecerem e as suas idéias sobre ele forem débeis, você irá vender a um preço perniciosamente baixo,
assim como Esaú fez.

Assim, mostrará, diante dos olhos de Deus e, finalmente, aos olhos de todos os outros, a sua profanidade. Será
como o herdeiro de um reino que caiu na pobreza e foi obrigado a viver num casebre, e ganhar o seu sustento pelo
machado, vendendo o seu palácio, direitos, e títulos, a fim de uma centena de moedas para suprir suas
necessidades.

No entanto, esse exemplo ainda não é como aquela transação, pois não houve profanidade e sim a troca de um
interesse mundano por outro. Mas, no seu caso, é o espiritual que é trocado pelas coisas temporais.

Milhares de casos desta natureza estão acontecendo ao nosso redor, vistos e observados por Deus. Há o caso de
um ministro com uma consciência sem repouso. Ele lhe diria, caso você fosse de sua confiança, - 'estou incomodado
com várias coisas que eu sou chamado a dizer e a fazer. Mas o que alguém pode fazer em um caso como o meu?
Tenho uma esposa e uma família em crescimento que necessitam de tudo que eu possa darlhes. Se eu sair da minha
situação atual, como eles serão sustentados?

Este é exatamente o espírito de incredulidade de Esaú. "Eis que eu estou no ponto de morrer, e que proveito esta
primogenitura irá fazer-me?" Se ele se mantiver assim, a vida que proceder da sua consciência ferida será o prato
de comida que ele vendeu por sua primogenitura.

Outro exemplo é de uma serva fiel. Ela tem o tempo livre e seus recursos estão esgotados. Surge uma oportunidade
de trabalhar em uma casa de nobres, com um salário alto. Tudo parece acertado com a patroa. "Que convicção
religiosa você tem?" Ela pergunta. "Uma dissidente!" “Oh, eu não posso ficar com você, então. Você iria servir para
mim muito bem em todos os outros aspectos, mas se você trabalhar para mim, você não pode ir a nenhum outro
lugar senão na minha igreja. Estou tão contente com o que tenho visto de você, que lhe darei um ou dois dias para
pensar a respeito disso”.

Um pastor incrédulo prega ali a moralidade, mas não o evangelho de Cristo. Mas o mundo brilha e a promessa de
ouro de Deus se desvanece como um enfeite sem valor. O falso enfeite brilhante do mundo brilha como ouro. Será
que você nunca viu em uma feira um cartaz com a foto de um ator fantasiado, cheio de brilho e ostentações,
purpurina e cores?

As crianças são atraídas por ele. Mas o pai conhece o seu valor. Um real ou dois! Mas aquele simples quadro de
Rubens, com tal profundidade de sombra e brilho de luz, que uma criança vê com menosprezo, chama a atenção
do pai. Esse vale muito!

Como então o conflito no íntimo da serva fiel é resolvido? Embora ela tenha sido batizada como uma crente e aceita
como membro da Igreja de Cristo, ela sucumbe, desiste dos privilégios espirituais, membresia e esperanças, em
troca de oportunidade do tempo presente. Ela tem agora a sua recompensa. Esta não é de novo a escolha de Esaú?
Não é este um caso do mesmo tipo de princípio? Sim! A maior posição, o maior salário, é o guisado. A venda é tão
real como a de Esaú. Ambos não podem ser apreciados juntos. O superior é sacrificado. O benefício mundano pode
ser ganho, mas o reino está perdido!
Outra hipótese é de um comerciante cristão, um livreiro. Ele vê a concorrência à sua volta, seus ganhos são
pequenos. Seus concorrentes estão lhe esmagando. Eles não têm problemas com os seus escrúpulos: eles podem
levar vantagem nos negócios que Cristo condena. Mas ele tem uma esposa e uma família em crescimento.

Ele não "gosta de vender romances, jogos e cartas. Mas como ele vai sobreviver se não vender? Outros irão fazê-
lo, se ele não fizer. Estes são dias de peculiar dificuldade. Ele tem que fazer como outros, ou então desistir”. Se ele
assim fizer, aqui está novamente a profana barganha de Esaú.

Os grandes ganhos mundanos que ele obtém fazendo igual aos outros é o seu prato de guisado. Como aquele este
rapidamente esvaece. A mercadoria terrena é desfrutada até a morte chegar ou até o Senhor voltar. Então, o último
centavo é pago. Ele, em sua vida, desfrutou de todos os seus bens.
Mas virá o dia em que será novamente estabelecida a cena entre Esaú e seu pai. A trombeta soou ressurreição!
Os santos são reunidos para encontrar Cristo e Seu Pai. Diante daquela luz deslumbrante, ante a temível presença
de Jesus, flameja a consciência do grande momento do reino. O que era o mundo comparado ao lugar na glória do
Messias? É acabada a noite que entenebrecia o campo de visão. O viajante que havia parado para descansar à noite
no cume de uma montanha e tinha uma visão imperfeita da paisagem abaixo, em face da luz da lua crescente, ao
acordar, encontra uma ampla e sublime paisagem com todo o brilho do verão, irradiando nas névoas de diamante
do alvorecer, ao coro de rouxinóis, coberta de florestas, com grandes montanhas, cataratas e rios prateados.

Que diferença entre essa visão grandiosa e a sua débil percepção durante a noite! O sol trouxe à tona toda a beleza
e majestade outrora ocultas, e ele fica extasiado.

Mesmo que vendo de relance, a alma do discípulo irá perceber o valor do reino! Surge então o desejo de possuir
um lugar nele, como uma fagulha no meio de um monte de gravetos secos. Os vis pensamentos do passado
desaparecerão como o vapor que sai de um trem.

A silenciosa rendição, que havia anteriormente, como se fosse algo sem esperança, é totalmente esquecida.
Vividamente a alma sente e verdadeiramente anseia por isso.

Então vem aos lábios o sincero apelo: “Oh Senhor, permita-me participar da tua glória, entrar no Seu reino!”. Então,
o Salvador trará à memória do culpado a profana barganha que fez na terra. Naquela ocasião, a fulgurante glória
foi perdida em troca da riqueza terrena.

Aquele bem foi desfrutado. A negociação foi mantida por toda a vida. A primogenitura foi vendida e a bênção se
foi! A escolha entre os dois foi feita deliberadamente e firmemente sustentada. O Reino está perdido!

Mas a alma não pode docilmente desistir de tão grande benefício. Um sentimento de terror, por ter perdido tão
grande glória e por ter sido excluída das outras alegrias e do reinado de mil anos do Messias, agita a alma. "Estou
na escuridão, meus irmãos, na luz! Estou na escuridão, e eles, se esbaldando na alegria por mil anos!”.

Um clamor amargo apela ao Pai nos céus! Lágrimas fluem, e o apelo sai pela metade. “Oh! Deixe-me entrar Senhor,
eu pequei! Mas deixe-me ainda! Não me deixe na escuridão, enquanto Tu reinas na luz!”.

“Isto é em vão! O tempo de arrependimento passou. Agora é outro momento. O tempo de semear já passou. É
chegada a hora da recompensa de acordo com as obras. Aquele que é mais firme do que Isaque é quem decide.
Será que o patriarca recusou o filho favorito, apesar do seu desejo natural?”.

Deus está mostrando, assim, a sua justiça. Sua verdade não pode ser manchada. Seu juramento para excluir tais
pessoas do seu descanso, está em pleno vigor: Hb. 3 e 4.

Apesar do amor de Deus ser maior do que Isaque, não há nada que O demova. A barganha é mantida: “Fora, profano
Esaú! O reino está perdido!”.

Diante disto tudo, temamos para que não sejamos lançados fora da glória a ser revelada. Será que temos feito a
barganha profana de Esaú? Que nós a cancelemos imediatamente.

Agora ainda há lugar para arrependimento. Não depois! Nesse momento, devo dizer uma palavra aos incrédulos.
Será que estou me dirigindo a um jovem habilidoso e amável, líder do seu círculo, que tem buscado risos e aplausos
de seus companheiros incrédulos através de zombarias das Escrituras? Será que você, jovem, tornou as palavras de
Deus um objeto de escárnio?

E, embora, sua consciência tenha sido ferida e tenha clamado em alta voz para que você pare de provocar Deus,
você ainda persiste? É perigoso brincar com as ferramentas afiadas de Deus. Aquele que põe, por brincadeira, a
ponta de seu dedo na espada afiada de Deus, certamente se machucará. Cuidado, homem zombador! Sua espada
já deu golpes mortais a muitos felizes blasfemadores! E se a paciência de Deus subitamente cessar?

Então, em um momento você daria seu último suspiro e, com um terrível grito, a sua alma seria retirada da reunião
dos ímpios! A condenação zombada de longe é uma coisa! Habitar para sempre no lago de fogo é outra!

Eu lhe suplico, deixe de zombar. Como o profeta diz "a menos que suas ataduras sejam fortes". Para que você não
seja dado a Satanás como um prisioneiro, em cadeias que nunca serão abertas. É loucura frenética para um homem
mortal ridicularizar Deus. Ele tem toda a eternidade para desprezar suas lágrimas, zombar dos seus gemidos.

E, na sua justiça, ele tratou a zombaria do impenitente. "Também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o
vosso terror, eu zombarei". Você está pior do que Esaú. Você tem mais luz, porém, você peca muito mais. Ele não
ridicularizou a religião. Ele somente subestimou o dom de Deus. Esaú está perdido? Como iria você, mais culpado
do que ele, escapar?

Volto-me agora a um outro caso. Você é silenciosamente profano. Você ama o mundo. Você é um homem que
segue o seu próprio caminho. Você tem dinheiro suficiente e é estimado como um companheiro alegre. O seu credo
é que a vida nos foi dada para ser desfrutada. Você despreza os tolos Jacós, que não andam contigo, nem buscam
as boas coisas deste tempo.

Você quer arrepender-se, no entanto, somente no final. Você deseja desfrutar do mundo tanto quanto puder, e,
apenas quando o barco estiver afundando e mergulhando como um redemoinho ao fundo, você pretende entrar
no bote salva-vidas. Mas - "Tempo suficiente ainda para prosseguir com o mundo! Vamos, remadores! Saiam deste
riacho cristalino! Vamos atracar na margem, antes que lhe arremeta no precipício das águas!”.

Você deseja se arrepender em algum dia no futuro. Você já se perguntou se Deus pretende concedê-lo a você? Ou
então você pode ser cortado no auge dos seus pecados, um espetáculo de dor, um troféu de vingança justa para
sempre! A tolerância de Deus pode durar menos anos do que você imagina. Sendo assim, - "se hoje ouvirdes a sua
voz não endureçais o vosso coração". Arrependa-se hoje e Ele perdoará. "O nosso Deus é rico em perdoar".

Mas ele nunca prometeu lhe dar anos para arrependimento futuro. A sua promissória de pagar no futuro, Ele as
considera como papel inútil, a garantia de uma falência fraudulenta.

Dê as escrituras agora! Não promessas! Depositante! Você ultrapassou o limite de sua conta bancária. Apostador
da eternidade fique com seus dados!

Não aposte a eternidade em um lance! Será que você nunca ouviu falar o que tem sofrido os milhares que
resistiram? E ainda resistem? “Colocados como exemplo, sofrendo a vingança do fogo eterno?”.

Será que você nunca ouviu falar da morte súbita? A qual deixa a sua cena tenebrosa gravada na memória dos
sobreviventes? Será que você nunca leu sobre alguém que após ter adormecido não ouve os vizinhos baterem e
chamarem, gritando: “Fogo! Fogo!”? E quando ele finalmente acorda as chamas já rodeiam sua cama, enquanto
um terrível grito de desespero sai da sua boca: “Tarde demais! Tarde demais! Oh se eu tivesse ouvido! Mas o tempo
é passado!”.

Um fato que li recentemente talvez demonstre o aviso de alerta do hoje em seu coração. Em um domingo à noite,
durante uma reunião de oração de jovens na Filadélfia (EUA), um estranho se levantou e implorou para falar.
Apresentou-se como o capitão de um navio atracado no porto da cidade, bem como um crente na religião de Cristo.
"Desejo", disse ele, “alertar os impenitentes aqui, que os adiamentos são perigosos”.

Não é seguro adiar até o dia de amanhã o que deve ser feito hoje mesmo. Certa vez, quando navegava encontrei
um navio a vapor chamado "América Central". A noite foi caindo, o mar ficando alto, quando consegui me aproximar
do navio avariado e perguntei se eles precisavam de ajuda. "Estou naufragando", respondeu o Capitão Herndon.
Então perguntei se não seria melhor enviar ao meu navio os seus passageiros. Porém, o capitão pediu que eu
esperasse até o amanhecer. Eu fiz de tudo para permanecer ao seu lado, entretanto, estando o mar revolto não
consegui manter a posição. Depois disto, eu nunca mais o vi!

Uma hora e meia depois do comandante ter dito: “espere por mim até a manhã chegar”, o navio, com sua carga
viva, afundaram. O próprio capitão e a grande maioria dos seus passageiros e tripulantes foram sepultados nas
profundezas!

Tanto dano por causa da procrastinação! Se não fosse essa demora, toda a tripulação e passageiros do “América
Central" poderiam ter sido salvos!”“.

Isto não fala a seu coração? O Espírito de Deus está compelindo, pressionando, clamando agora ao seu coração
para que você encontre refúgio no Filho de Deus! Você está aleijado, prestes a afundar!

Será que você dirá ao Espírito da Graça, - "Ainda não! Espere-me até de manhã? Haverá uma época mais favorável”.
Se você assim o fizer, eu lhe aviso que o mar tempestuoso do mundo irá lançá-lo para cada vez mais longe de Deus,
e pode ser que esta seja a última chamada que Ele tenha permitido ser feita a você. Recuse esta chamada e você
afundará vítima de sua própria tolice, “perdido para sempre!”.

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