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GEAGU Subjetiva
20 de janeiro de 2011

Ata da Rodada 2011.01


Prezado Participante, As opiniões manifestadas neste
fórum de debates não refletem,
Você está recebendo a publicação necessariamente, o posicionamento dos
das melhores respostas da rodada. mediadores e colaboradores do GEAGU

Trata-se de material extremamente A transcrição das respostas se dá


valioso, pois reúne informações na íntegra, da forma como repassada
provenientes das mais variadas doutrinas pelos autores.
e pensamentos, decorrente de várias
formas de pensar o Direito, permitindo, Equipe GEAGU
com isso, a construção de uma visão
ampla, altamente necessária para uma "Tudo o que um sonho precisa para
preparação com excelência. ser realizado é alguém que acredite que
ele possa ser realizado."
Roberto Shinyashiki

Questão 1 (elaborada pelo Advogado da União Dr. Leonardo Sirotheau):

Discorra sobre a prescrição referente à improbidade administrativa.

Mariane Oliveira (São Luís/MA) escreveu:

Incorre em improbidade administrativa o agente público, servidor ou não,


ou terceiro que atente, por ação ou omissão, contra o princípio da moralidade
administrativa, através da prática das condutas tipificadas nos arts. 09, 10 e 11 da Lei
8.429/92. Esse marco legal concretiza em plano infraconstitucional a proteção
constitucional conferida ao erário e à res publica no art. 37, §4º, da Constituição
Federal, viabilizando notável espécie de controle judicial da Administração Pública.

Sobre a influência do tempo sobre essa pretensão responsabilizatória, é


bem gizar que a ação de improbidade administrativa, de natureza civil, manejável pelo
Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, a partir de representação de

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qualquer pessoa, deve ser aforada em prazo quinquenal contado do término do


exercício do mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança (art. 23). Note-
se, por oportuno, que, segundo a Corte Suprema, não havendo solução de continuidade
na gestão, isto é, em caso de reeleição, o prazo prescricional inicia-se tão-somente por
ocasião do término do segundo mandato .

Consubstanciando o ato ímprobo falta disciplinar de servidor ou


empregado punível com demissão, o prazo em tela será aquele previsto em lei específica
para responsabilização administrativa do agente, a exemplo do art. 142 da Lei 8.112/90.

Caso o agente tenha vínculo efetivo com a Administração e desempenhe,


ao tempo da prática do ato vergastado, função de confiança ou exerça cargo
comissionado, há remansosa jurisprudência no sentido da contagem do prazo de cinco
anos a partir do término do desempenho dessas funções, dando-se enfânse ao inciso I
do art. 23 da LIA.

Quanto à ofensa a moralidade proveniente de terceiro, há funda


controvérsia acerca do tema, mercê do silêncio da lei. Há quem defenda que se aplica o
mesmo prazo prescricional atribuído à ação contra o agente com quem pactuou; para
outros, é de bom alvitre aplicar-se a norma geral contida no art. 205 do Código Civil,
pelo qual o ajuizamento da ação deve ocorrer em dez anos.

Na hipótese de pluralidade de réus com término de mandato ou de


exercício de cargo ou função de confiança em momentos distintos, o entendimento mais
consentânea ao princípio da efetividade punitiva propugna que o termo a quo da
prescrição deve residir na data do desligamento do último dos demandados, evitando-
se, assim, a impunidade dos que se apressarem a fugir das penas da lei.

Por fim, cumpre ressaltar que a pretensão da pessoa jurídica prejudicada


pela improbidade de reivindicar o ressarcimento dos danos contra si perpetrados é
imprescritível, consoante emana do §5º do art. 37 da Lei Maior.

Melina (São Paulo/SP) escreveu:

O parágrafo 4° do art. 37 da Constituição Federal estabelece que os atos


de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário.

A Lei 8.629/93, por sua vez, regulamenta a ação de improbidade


administrativa. O tema da prescrição foi tratado no art. 23 da mencionada lei. Nesses
termos, a ação de improbidade pode ser proposta: a) até cinco anos após o término do
exercício do mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança; b) dentro do
prazo prescricional contemplado em lei específica para a pena de demissão a bem do

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serviço público, nos casos de ser o servidor titular de cargo público ou exercente de
emprego público.

No entanto, tal prazo prescricional não se aplica no caso da sanção


referente ao ressarcimento ao erário, uma vez que, na esteira do parágrafo 5° do art. 37
da Lei Maior, as ações de ressarcimento ao erário são imprescritíveis.

Outro ponto a observar, é que no caso de o ato de improbidade ter sido


cometido por detentor de mandato eletivo e este tenha sido reeleito, o prazo
prescricional de cinco anos se inicia apenas ao final do segundo último mandato.

Outrossim, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que no caso de servidor


que desempenha simultaneamente e, ao tempo da prática do ato de improbidade,
função de confiança ou ocupa cargo em comissão, o prazo inicia-se a partir do término
do exercício dessa função de confiança.

Por fim, ressalta-se a controvérsia doutrinária acerca do terceiro que


pratica ato de improbidade, isto é, não agente público. Parte da doutrina defende ser
aplicável, nesse caso, o mesmo prazo prescricional atribuído ao agente público com o
qual o terceiro concorreu. Para outros, o prazo seria de cinco anos. Contudo, José dos
Santos Carvalho Filho defende que como a lei foi omissa, deve incidir a prazo geral de
prescrição previsto no art. 205 do Código Civil, qual seja, 10 anos.

GSS (Rio de Janeiro/RJ) escreveu:

Consiste a prescrição, dentre outros entendimentos, na perda da própria


pretensão, cujo valor a ser protegido é a segurança e estabilidade das relações jurídicas.
A improbidade administrativa consiste no atuar do agente estatal, ou do particular que
participe da prática de ato lesivo aos Poderes Públicos. Tem seu regime jurídico previsto
em sede constitucional no art. 37, parágrafos 4º e 5º e, em âmbito infraconstitucional
na Lei 8.429/92.

Do art. 37, §5º da CRFB a doutrina extrai que ação de improbidade


administrativa é imprescritível. Entretanto, é feita a seguinte ressalva: nos atos que
tenham lesado patrimonialmente o erário, sua respectiva ação de ressarcimento é
imprescritível. Por outro lado, eventual punição disciplinar ao agente público submete-
se a prazo prescricional. O termo inicial de contagem do prazo depende da situação
concreta. A Lei 8.429/92 regula as duas hipóteses possíveis (art. 23): inciso I – até 5 anos
após o término do mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança; inciso II
– o prazo prescricional previsto em lei específica de cada ente federativo para as faltas
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de
cargo efetivo ou emprego. Na esfera federal a matéria vem regulamentada no art. 142
da lei 8.112/90, com seus prazos e hipóteses de interrupção.

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O STJ nessa matéria tem os seguintes posicionamentos, dentre outros: (i) o


termo “a quo” da prescrição em relação aos atos dos particulares é idêntico ao do
agente público que praticou o ato improbo (REsp. 773.227/PR); (ii) em caso de mandatos
sucessivos o prazo somente se inicia com o término do segundo mandato; (iii) na
hipótese do mesmo fato decorrerem efeitos penais e cíveis (o mesmo fato configurar
falta disciplinar e infração penal), o prazo prescricional será aquele previsto no art. 109
do CP, ou seja, o prazo prescricional em abstrato do crime (art. 142, §2º, Lei 8.112/90 –
REsp. 1106657/SC).

Por fim, considere-se que há previsão legal (art. 142, §1º, Lei 8.429/90) de
que o prazo se inicia da data em que o fato tornou-se conhecido.

Questão 2 (elaborada pelo Advogado da União Dr. Leonardo Sirotheau):

Analise a seguinte situação hipotética:

A União recebeu mandado de intimação no dia 01/09/2010 referente a sentença


desfavorável ao ente público. O Advogado da União responsável pela matéria,
acompanhando diariamente o andamento processual,além de imprimir tais "telas" do
site, constatou que no dia 20/10/2010 o servidor da Vara Federal lançou no sistema o
mandado como juntado no dia 02/09/2010 e ainda certificou que trancorreu "in albis"
o prazo para a União interpor recurso de apelação.

Sabedor disso, o Advogado da União, no dia seguinte, peticionou em juízo pedindo a


devolução do prazo, que foi negado pelo magistrado sob o fundamento de que o
andamento processual é meramente informativo e que a União deveria acompanhar a
juntada do mandado na secretaria da Vara Federal e não através da internet.

Pergunta-se:

Foi correta a atitude do magistrado? Justifique.

Thiago (Brasília/DF) escreveu:

Durante muito tempo, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça e


suas Turmas, seguindo o precedente EREsp 503.761, julgado em 2005, declaravam que
o andamento processual divulgada pela Internet tinha apenas efeito informativo, sem
qualquer caráter oficial, devendo prevalecer as informações constantes nos autos. Tal
entendimento lastreava-se na inexistência de normal legal regulando a matéria.

Recentemente, a Terceira Turma do STJ, no REsp 1.186.276, reviu esta


jurisprudência sedimentada, pugnando pela oficialidade das informações sobre

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andamento processual veiculadas por meio dos sites do Poder Judiciário, podendo serem
tomadas como referência para a contagem dos prazos processuais.

Segundo o relator, com a vigência da Lei n.º 11.419/2006, que dispõe


sobre o processo eletrônico, a argumentação da anterior jurisprudência perdeu lastro,
já que a própria norma autorizou a publicação dos atos processuais em Diários de
Justiça Eletrônico, os quais possuem validade para quaisquer efeitos legais, salvo as
hipóteses que, por lei, seja necessária a intimação ou vista pessoal.

Muito embora as informações sobre andamento processual não sejam


veiculadas por meio dos mencionados Diários de Justiça Eletrônico, são mantidas pelos
próprios Tribunais como forma de permitir que tanto os advogados como as partes
possam acompanhar o desenrolar da lide. A interpretação que tais dados também têm
valor oficial é coerente com a finalidade da Lei n.º 11.419/2006, cujo principal objetivo é
dar concretude ao direito à razoável duração do processo judicial e administrativo e aos
meios que garantam a celeridade de sua tramitação (art. 5º, LXXVIII, CF/88).

Assim, eventuais diferenças entre as informações constante do site e


aquelas existentes nos autos do processo, causadas por falhas técnicas ou erro dos
servidores, não devem gerar prejuízo às partes, por exemplo, a declaração de
intempestividade de um recurso. Como são informações publicadas nos próprios sites
dos Tribunais e mantidas nos bancos de dados da própria Justiça, há presunção de
confiabilidade, não podendo ser consideradas como meramente informativo. Logo, a
parte de boa-fé não pode restar prejudicada por eventuais dados equivocados
implantados no site do próprio Tribunal.

Com efeito, haja vista que o uso da tecnologia deve ser prestigiado e
incentivado, a ocorrência de problemas técnicos ou erros que causem prejuízo a alguma
das partes deve ser encartado como a justa causa prevista no artigo 183 do Código de
Processo Civil, de forma que, devidamente demonstrada, autoriza o juiz a reabrir prazos
para a prática de atos processuais.

Por fim, ressaltou-se que, após a publicação da referida legislação, o uso


da Internet representa uma economia de recursos públicos, proteção ao meio ambiente
e celeridade ao processo. Portanto, trata-se de contrassenso exigir que as partes ou
seus respectivos patronos se desloquem ao Fórum para se inteirar sobre o trâmite
processual.

Diante de todo o exposto, constata-se que a decisão do M. M. Juiz na


situação apresentada se mostra equivocada, sem base na doutrina mais recente do STJ,
devendo ser rechaçada por meio de agravo de instrumento, já que constitui decisão
interlocutória.

Sheila (Aracaju/SE) escreveu:

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Não foi acertada a decisão do magistrado visto que, diversamente do por


ele argumentado, as divulgações do andamento processual, via internet, nos sites do
Poder Judiciário, não têm caráter meramente informativo. Possuem, em verdade, valor
oficial, e podem ser tomadas como referência para contagem de prazos recursais. Tal
entendimento é o mais recente do Superior Tribunal de Justiça que afirma, ainda, que
eventuais diferenças entre informações dos sites e aquelas constantes no processo,
causadas por falha técnica ou erro dos servidores, não devem gerar prejuízo às partes, a
exemplo da declaração de intempestividade de um recurso.

O tema, no entanto, não é pacífico. O próprio tribunal citado interpretava


a questão no sentido de que as informações tinham caráter informativo apenas,
devendo prevalecer as constantes nos autos.

Não obstante a existência da controvérsia, não se pode duvidar que a visão


mais recente coaduna-se com os princípios da celeridade e economia processuais, que se
concretizam, a cada dia, com a informatização no Poder Judiciário e a adoção dos
processos virtuais.

A tese até então dominante na jurisprudência “perdeu sua força” com a


edição da Lei n. 11.419/2006, que regulamentou o processo eletrônico. Ao criar regras
para a virtualização dos processos judiciais, a referida lei, do mesmo modo, autorizou a
publicação dos atos processuais em Diários da Justiça eletrônicos, com validade para
"quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista
pessoal”.

Sendo assim, na questão em apreço, a devolução do prazo pedido era a


medida correta a ser adotada pelo juiz.

Questão 3 (elaborada pelo Advogado da União Dr. Victor Trigueiro)

Discorra sobre os conceitos de salário-de-contribuição, salário-de-benefício, período de


carência e período de graça, no âmbito do direito previdenciário.

Karla (Recife/PE) escreveu:

De forma genérica, a partir do art. 28 da L. 8212/91 e art. 214 do RPS,


pode-se conceituar salário-de-contribuição o instituto peculiar ao direito previdenciário,
que quantifica a base de cálculo da contribuição previdenciária dos segurados da
previdência social. Seria, portanto, a própria base para a quantificação da contribuição a
ser recolhida mensalmente pelo segurado.

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Já o salário de benefício, que também é uma base de cálculo, é utilizado


para se chegar no valor do benefício a ser pago ao segurado, mais precisamente, a renda
mensal do benefício [RMB]. O salário de benefício é uma base de cálculo sobre a qual
incidirá uma alíquota respectiva, definindo, assim, o RMB.

Quanto ao período de carência, é possível conceituá-lo como o número de


contribuições mensais mínimas que o segurado deve efetivar para ter direito a benefício,
consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências, ou
melhor dizendo, um determinado número de contribuições mensais demandadas
daqueles que postulam certos benefícios. Seria, então, um pré-requisito à concessão do
benefício.

Por fim, período de graça é aquele em que o trabalhador, embora não


esteja recolhendo para a previdência social, está amparado pelo sistema e pode receber
benefícios. É o prazo que o contribuinte, já detentor de carência, pode ficar sem
contribuir e, mesmo dessa forma, manter a qualidade de segurado.

Mara Oliveira (Recife/PE) escreveu:

O salário-de-contribuição é a base sobre a qual incidem as contribuições


dos trabalhadores e dos tomadores de serviços para o Regime Geral da Previdência Social
(RGPS); ele é, segundo o art.28 da Lei 8.212/91, a base de cálculo das contribuições
previdenciárias. Seu conceito é mais abrangente que o de remuneração e varia a
depender das categorias de trabalhadores. Para o empregado e para o trabalhador
avulso, o salário-de-contribuição é a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou
creditados a qualquer título, durante o mês com a finalidade de retribuir o trabalho
(incluindo gorjetas, ganhos habituais sob forma de utilidades e adiantamentos); o fato
gerador da incidência da contribuição é a prestação do serviço. Se tiver mais de um
emprego, o empregado terá um salário-de-contribuição correspondente à soma das duas
remunerações recebidas.

Já para o empregado doméstico, o salário-de-contribuição é a remuneração


registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social; para o contribuinte individual, é a
remuneração recebida durante o mês pelo exercício da atividade por conta própria; e
para o segurado facultativo, é o valor por ele declarado. A única categoria de segurado
obrigatório que não utiliza o conceito de salário-de-cntribuição é o segurado especial,
pois ele contribui para o Regime Geral utilizando como base a comercialização de sua
produção rural.

O salário-de-contribuição possui limites para sua incidência; tais limites


somente se aplicam aos segurado e ao empregador doméstico, devendo os demais
tomadores de serviço utilizar o salário-de-contribuição integral. O limite mínimo
corresponde ao piso salarial da categoria, se existir, ou o salário mínimo; já o teto é
atualizado, em regra, anualmente pelo Ministério da Previdência. Assim, sobre esta base

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(salário-de-contribuição) será aplicada a alíquota referente à classe de segurado


respectiva, chegando-se ao valor da contribuição a ser paga.

Difere do salário-de-contribuição o chamado salário-de-benefício, que é a


base de cálculo dos benefícios do RGPS: sobre ele é aplicado um percentual, que varia de
acordo com o benefício, chegando-se ao valor da renda mensal do benefício. Pode-se
dizer, comparativamente, que o salário-de-benefício está para o valor do benefício assim
como o salário-de-contribuição está para o valor da contribuição.

De acordo com a Lei 8.213/91, o salário-de-benefício consiste, para


aposentadoria por idade e por tempo de contribuição, a média aritmética simples dos
80% maiores salários-de-contribuição de todo o período contributivo, multiplicado pelo
fator previdenciário (obrigatoriamente para a aposentadoria por tempo de contribuição
e facultativamente para aposentadoria por idade). Já para a aposentadoria por invalidez,
especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, o salário-de-benefício consiste na média
aritmética simples dos 80% maiores salários-de-contribuição de todo o período
contributivo. Como se vê, para alguns benefícios previdenciários, o salário-de-benefício
não é utilizado; são eles: salário-família, salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-
reclusão.

Para se ter direito a usufruir de alguns benefícios previdenciários, é


necessário um determinado número de contribuições mensais; período de carência, é,
então, o período necessário para que se efetue o número de contribuições mensais
necessárias para efetivação do direito a um benefício. O objetivo de se exigir um período
de carência é evitar que os segurados comecem a contribuir para o sistema de proteção
social unicamente com o objetivo de obter determinado benefício; se este período não
existisse, seria possível que uma pessoa somente no momento de sua doença
contribuísse um mês para o RGPS e já de imediato pudesse usufruir do benefício por
incapacidade temporária.

Os benefícios sujeitos à carência são: auxílio-doença e aposentadoria por


invalidez, de 12 contribuições mensais (não exigida quando se tratar de acidente, doença
profissional ou do trabalho); aposentadoria por idade, por tempo de contribuição e
especial, de 180 contribuições mensais (para os trabalhadores já filiados ao RGPS antes
da Lei 8.213/91, é necessário seguir a regra de transição do art.142 da referida Lei);
salário-maternidade para as seguradas contribuinte individual, especial e facultativa, de
10 contribuições mensais. O período de carência será contado, para o segurado
empregado e trabalhador avulso, da data de filiação ao RGPS, e, para o segurado
empregado doméstico, contribuinte individual, especial que opte por recolher como
contribuinte individual e facultativo, da data do efetivo recolhimento da primeira
contribuição sem atraso.

Finalmente, o período de graça consiste no tempo em que o segurado pode


deixar de recolher contribuições sem perder seus direitos e sua qualidade de segurado. É

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o caso do segurado que estiver em gozo do benefício, sem limite de tempo; do segurado
que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pelo RGPS ou estiver suspenso u
licenciado sem remuneração, até 12 meses após a cessação de benefício por
incapacidade (auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez) ou 12 meses após a
cessação das contribuições; do segurado acometido de doença de segregação
compulsória, até 12 meses após a cessação da segregação; do segurado detido ou
recluso, até 12 meses após o livramento ou fuga; do segurado incorporado às Forças
Armadas para prestar serviço militar, até 3 meses após o licenciamento; e do segurado
facultativo, até 6 meses após a interrupção das contribuições."

Cínthia Farias Ladewig (Belo Horizonte/MG) escreveu:

O salário-de-contribuição, previsto no art. 28 da Lei 8.212/91, consiste no


valor sobre o qual será calculado o valor da contribuição a ser pago pelo segurado da
Previdência Social, sendo que o referido artigo dispõe sobre o que há de ser considerado
salário-de-contribuição para cada categoria de segurado. Vale destacar que o salário-
maternidade é considerado salário-de-contribuição conforme § 2º do dito artigo.

Já o salário-de-benefício, conforme dispõe o art. 28 da Lei 8.213/91,


consiste no valor sobre o qual será calculado o valor do benefício de prestação
continuada a ser pago ao beneficiário, exceto o salário-família e o salário-maternidade. O
art. 29 da lei mencionada, em seus incisos e parágrafos, traz o modo como deve ser
calculado, valendo ressaltar que o fator previdenciário será calculado considerando-se a
idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se
aposentar. Importante também destacar que o valor do salário-de-benefício não será
inferior ao de um salário mínimo, nem superior ao limite máximo do salário-de-
contribuição na data de início do benefício.

O período de carência, consoante art. 24 da Lei 8.213/91, é o número


mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao
benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas
competências. O art. 25 traz os períodos de carência relativos às prestações pecuniárias
do Regime Geral de Previdência Social. O art. 26 enumera as prestações que independem
de carência.

O período de graça é o período em que o segurado mantém tal qualidade


independentemente de contribuições. Referido instituto se encontra disciplinado no art.
15 da Lei 8.213/91, o qual dispõe em seus incisos o prazo que cada categoria de segurado
pode usufruir do benefício sem contribuir. As categorias de segurados que não se
encontram elencadas nos incisos do art. 15 não têm direito ao período de graça.

Midian (Recife/PE) escreveu:

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Salário de contribuição, de acordo com Fábio Zambitte, é a expressão que


quantifica a base de cálculo da contribuição dos segurados da previdência social. Ainda
segundo o aludido autor, configura a tradução numérica do fato gerador da contribuição,
sendo este a atividade remunerada, é necessário quantificar este evento, de modo que
possa ser tributado. O art. 28, da Lei 8.212/91, traz o fato gerador da contribuição de
cada segurado, bem como arrola as situações que não integram o salário de contribuição
(§ 9º).

Salário de benefício (art. 28 e 29, da lei 8.213/91) é o valor básico utilizado


para calcular a renda mensal dos benefícios, com exceção do salário-família, a pensão
por morte, o salário maternidade, bem como os demais benefícios das legislações
extravagantes. Assim como o salário de contribuição, o salário de benefício é uma base
de cálculo, mas neste é para obter o benefício a ser recebido enquanto que naquele é
para quantificar o valor da contribuição a ser paga pelo segurado à Previdência.

O período de carência, de acordo com o art. 24 da Lei 8.213/91, é o número


mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao
benefício. Por fim, o período de graça (art. 15, da Lei 8.213/91) é o prazo em que o
contribuinte, já detentor da carência, portanto, já com status de segurado, pode ficar
sem contribuir para a Previdência Social e mesmo assim manter a qualidade de segurado.

Todos os conceitos acima explanados são exclusivos do Direito


Previdenciário e integram a questão da concessão de benefícios.

Positivo (São Paulo/SP) escreveu:

Na seara do direito previdenciário é de suma importância a distinção entre


alguns de seus conceitos como salário de contribuição / salário de benefício e período de
carência / período de graça.

Em relação ao salário de contribuição, disciplinado no artigo 28 da Lei


8.212/1.991, é o valor utilizado como base de cálculo para quantificar a contribuição dos
segurados da previdência social. Assim, a contribuição de cada um dos segurados é
especificada após a aplicação da respectiva alíquota preceituada em lei, respeitados os
limites mínimos (§§ 3º e 4º) e máximo (§ 5º), bem como as suas parcelas integrantes (§
8º) e não integrantes (§ 9º).

Já o conceito do salário de benefício está previsto no artigo 29 da Lei


8.213/1.991: é o resultado da média dos salários de contribuição do segurado, cujo valor
possibilita o cálculo da renda mensal inicial dos benefícios de prestação continuada
previstos nas alíneas “a”, “b”, “c”, “d”, “e” e “h” do inciso I do artigo 18 da mesma lei,
desde que respeitados os limites mínimo e máximo estipulados no § 2º do referido artigo
29.

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Por sua vez, o período de carência está positivado nos artigos 24 a 27 da Lei
8.213/1.991. O seu conceito legal é a menor quantidade de contribuições necessária para
que o beneficiário possa pleitear o benefício previdenciário. Ademais, destaca a lei que
aquelas devem ser “consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de sua
competência”.

Por fim, o conceito do período de graça extrai-se a partir do artigo 15 da Lei


8.213/1.991: é o lapso temporal durante o qual todos os direitos do segurado são
mantidos perante a Previdência Social (§ 3º) independentemente de qualquer
contribuição para o custeio desta. Ademais, o término deste período ocorre a partir do
primeiro dia após o prazo determinado no Plano de Custeio da Seguridade Social para
recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao final dos
prazos fixados no mesmo artigo 15 e respectivos parágrafos.

Rodrigo de Morais Costa (Goiânia/GO) escreveu:

A definição de salário-de-contribuição é a base de cálculo da contribuição


dos segurados, sendo o valor a partir do qual, mediante a aplicação da alíquota prevista
em lei, encontra-se o valor da contribuição de cada um deles. O salário-de-contribuição
varia conforme a categoria específica do segurado, tal como disposto no art. 28, I a IV, da
Lei n. 8.212/91.

O salário-de-benefício consiste no valor básico utilizado para cálculo da


renda mensal inicial dos benefícios de prestação continuada, inclusive os regidos por
normas especiais, exceto o salário-família, a pensão por morte, o salário-maternidade e
os demais benefícios de legislação especial. Via de regra o valor do salário-de-benefício
decorre das médias dos salários-de-contribuição (art. 29 da Lei n. 8.213/91). O cálculo do
salário-de-benefício, dependendo do benefício pleiteado, sofre a incidência do fator
previdenciário. Assim, para o cálculo do benefício, deverá ser utilizado salário-de-
benefício.

Por período de carência consiste no número mínimo de contribuições


indispensáveis para que o segurado faça jus ao benefício, conforme dispõe o art. 24, da
Lei n. 8.213/91. Entretanto, existem alguns benefícios em que tal período é dispensado, a
saber: pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família, auxílio-acidente, auxílio-
doença e aposentadoria por invalidez em alguns casos, serviço social, reabilitação
profissional, salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e
empregada doméstica (art. 26 da Lei n. 8.213/91).

O período de graça pode ser definido como lapso temporal em que o


segurado da previdência social mantém essa qualidade, independente de contribuições,
conforme definido no art. 15 da Lei n. 8.213/91.

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Dissertação (elaborada pelo Procurador da Fazenda Nacional Dr. Arthur Cesar)

Disserte sobre orçamento público, abordando as vedações e princípios orçamentários,


a fixação da despesa, a previsão da receita e as leis orçamentárias, tendo em conta a
Lei 4320 e a Lei Complementar 101.

NOTA GEAGU: Foram objetivos da questão proposta:

a) Estudar orçamento público;

b) Estudar em conjunto a Lei 4320 e a LC 101;

c) Treinar a elaboração de dissertação dirigida (ou seja, com o tema e os


principais assuntos a serem abordados).

Propositadamente, reuni vários assuntos dentro do tema orçamento. A


intenção é exercitar o poder de síntese de cada um. O candidato deve combinar
objetividade e conteúdo, sem o que não logrará abordar todos os assuntos em apenas 90
linhas.

Para atingir uma boa nota, seria necessário tratar dos seguintes itens:

1. definição de orçamento, seu caráter instrumental, sua natureza jurídica e


seu papel no planejamento do Estado;

2. leis orçamentárias, seu conteúdo e modo de elaboração;

3. princípios orçamentários, abordando o conteúdo de cada um deles e, se


possível, seu assento legal/constitucional (e aqui caberia fazer referência à lei 4320 e à
LC 101);

4. vedações orçamentárias (com novas menções à lei 4320 e à LC 101);

5. receita e despesa, de forma genérica, com suporte na lei 4320 e na LC


101;

6. rápida conclusão.

Quase sempre as provas de concurso que pedem dissertação na verdade


exigem que o candidato simplesmente demonstre alto grau de conhecimento. Não se
espera que o candidato ofereça uma visão crítica do tema objeto da dissertação.

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Mesmo assim, convém reservar pelo menos três linhas para o fecho ou
conclusão do seu raciocínio. Não se deve encerrar bruscamente a peça. Para a questão
proposta, sugiro algo como “Portanto, vê-se como as peças orçamentárias são essenciais
ao controle de gestão e eficiência, etc, etc.”. Reserve as expressões “conclui-se que”,
“por último”, “por fim”, para as linhas finais do texto.

Trago uma seleção de pequenos equívocos que podem, somados, custar a


aprovação no certame:

1. EVITE DIGRESSÕES DESNECESSÁRIAS.

“Dentro do contrato social celebrado entre Estado e administrados, é muito


fácil de se identificar, à primeira vista, as obrigações das partes: de um lado o cidadão
paga os tributos e do outro o Estado lhe retorna em serviços. Como dito, à primeira
impressão, parece algo simples.

“No entanto, trata-se de situação mais complexa, eis que o Estado é


composto de vários órgãos e entidades, ou seja, é algo difícil de ser administrado.

“Por isso, o Constituinte originário (e o reformador), estabeleceu(eram)


regramentos visando uma administração pública responsável, de modo que, ambas
partes possam cumprir seus papéis e para tanto estabeleceu: a) adoção do sistema de
freios e contrapesos, em que um Poder controla o outro por meio de funções atípicas; b)
criação de um regime jurídico administrativo; c) inclusão de um sistema orçamentário,
para que as contas públicas possam ser controladas corretamente; d) estabelecimento de
um Tribunal de Contas para julgamento das contas públicas etc.

“Como pode se ver, o constituinte criou todo um aparato para que as


despesas públicas possam ser controladas, e para isso, o orçamento público é de suma
importância, já que incumbe ao Estado, dentro do contrato social, atender às
NECESSIDADES PÚBLICAS. Essas necessidades públicas estão expressas da seguinte forma
na CF/88: a) serviços públicos; b) exercício regular do poder de polícia e c) intervenção do
Estado na ordem econômica.

“Os serviços públicos são os meios pelos quais o Estado atinge os fins a que
se destina. Esses serviços públicos podem ser de caráter geral ou específico.

“No que diz respeito ao exercício do poder de polícia, está relacionado ao


dever de fiscalização do Estado do agir tanto público quanto privado (art. 78, CTN), para
que o interesse público primário prevaleça.

“Por fim, a intervenção na ordem econômica encontra respaldo no artigo


173 da CF/88 se destina a estabelecer restrições à livre iniciativa que vige no Brasil, como

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conseqüência do sistema do liberalismo econômico adotado com a CF/88, mas com a


adoção do Welfare State, qual seja, Estado do bem-estar social.

“O resultado de todo esse aparato é a atividade financeira que resulta da


obtenção de recursos e os conseqüentes gastos públicos para manter as necessidades
públicas. A atividade financeira resulta em: a) obter receitas; b) criar crédito; c) gerir e
planejar e d) despender.”

O texto está muito bom. Porém, numa prova cujo limite é de 90 linhas, não
se deve alongar a discussão em temas que não foram exigidos pela questão.

2. NÃO ESCREVA PARÁGRAFOS IMENSOS

Prefira frases e parágrafos curtos e diretos, sempre que possível. Isso


colabora com a clareza do texto e ajuda a ser objetivo. O exemplo abaixo, na formatação
de texto em que o corrigi, tinha impressionantes 47 linhas.

“Há inúmeros princípios orçamentários que regem o orçamento público,


vejamos. O Princípio da Indisponibilidade das receitas públicas determina que os bens
públicos pertencem a toda coletividade sendo indisponíveis as receitas públicas. O
Princípio da legalidade (artigo 5, inciso II, c/c artigo 167, inciso I e II, da Constituição
Federal) determina que não pode haver despesa pública sem que haja prévia autorização
legislativa, bem como não pode haver inícios de programas não incluídos na lei
orçamentária anual e realização de despesas que excedam o crédito orçamentário, com
exceção de abertura de crédito extraordinário em situações imprevisíveis e urgentes que
pode ocorrer por medida provisória. O Princípio da Universalidade preconiza que no
orçamento deve constar todas as receitas e despesas da Administração Pública (artigo
165, parágrafo 5, da Constituição Federal), com exceção dos tributos, despesas correntes
das estatais que não recebem dinheiro público, e receitas extraordinárias por não
possuirem natureza orçamentária. O Princípio do orçamento bruto prevê que todas as
receitas e despesas devem constar pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. O
princípio da Unidade preconiza que o orçamento deve ser único, ou seja, deve ser
segundo doutrina majoritária um orçamento compatível, pois hoje de acordo com o
artigo 165, parágrafo 5, da Constituição Federal há três suborçamentos que compõem o
orçamento público. O princípio da anualidade ou da periodicidade (artigo 2, da lei
4320/64) determina que deverá haver um novo orçamento a cada 12 meses, com
exceção dos créditos especiais e extraordinários que tenham vigência plurianual. O
princípio da precedência reza que o orçamento deverá ser aprovado antes do exercício
financeiro a que se refere, com exceção dos créditos adicionais que devem ser
autorizados e abertos durante o exercício financeiro. O princípio da exclusividade (artigo
165, parágrafo 8, da Constituição Federal) determina que o orçamento não pode conter
previsão estranha a receita e a despesa, com exceção da autorização na própria lei
orçamentária para abertura de créditos suplementares e operações de crédito ainda que
por antecipação de receita. O princípio da especificação ou especialização ou

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discriminação (artigo 5, da lei 4320/64) prevê que o orçamento não pode prever
dotações globais, com exceção da reserva de contingência que trata-se de uma dotação
global genérica que tem por finalidade atender passivos contingentes. O princípio da não
afetação da receita ou não vinculação determina que via de regra as receitas públicas
não podem ficar vinculadas a despesas, órgãos ou fundos; é importante ressaltar que
este princípio possui aplicação somente aos impostos, e possui algumas exceções,
podendo ser vinculado ao produto da arrecadação dos impostos, a destinação dos
recursos para a saúde, ensino, e para as atividades da administração tributária, e ainda
para a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita. O
princípio da proibição do estorno de verbas (artigo 167, inciso VI e VIII, da Constituição
Federal) veda a transposição, remanejamento ou a transferência de recursos de uma
categoria para a outra sem que haja qualquer previsão legal. E por fim, o princípio do
equilíbrio na vertente contábil reza que deve haver igualdade entre receitas e despesas, e
na vertente econômica preconiza que há equilíbrio quando as despesas públicas são
custeadas exclusivamente com receita pública própria.”

3.EVITE O TOM COLOQUIAL

Prefira escrever de forma impessoal e formal, e não como se estivesse


conversando.

“Cuidado para não confundir esse princípio com o da anualidade, que


determinava que os tributos somente poderiam ser exigidos em um exercício se houvesse
a previsão na lei orçamentária.”

4. NÃO DEIXE FRASES SOLTAS

Assim como não se deve escrever parágrafos intermináveis, não se


recomenda largar frases por aí. Se as frases tratam do mesmo assunto, concentre-as em
um só parágrafo. Abaixo, vê-se que todas as frases tratam de PPLA, pelo que deveriam
estar reunidas em um só parágrafo.

O plano plurianual define o planejamento das ações do governo no prazo


de quatro anos.

Vai tratar de dois tipos de despesas: de capital e de duração continuada.

Somente poderá tratar das despesas de capital, portanto, despesas


relacionadas ao investimento.

Pode tratar também de despesas de duração continuada que decorram das


despesas de capital.

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Todo investimento que ultrapasse o período de um ano deve estar no plano


plurianual. (art. 167, § 1º da CF)

5. NÃO SEJA VAGO

Ao conceituar, seja objetivo. Não faça uso de enrolação ou conceitos vagos.


Use os termos técnicos apropriados: nada de neologismos ou expressões que dão
margem à interpretações diversas. Ex.:

“O orçamento é um documento programático que estabelece os objetivos


do Estado.”

Esse “documento programático” pode ser tanto uma Constituição quanto


uma carta de intenções de algum partido político. A definição acima diz muito pouco
sobre o que é orçamento.

6. CUIDADO COM O USO INDISCRIMINADO DE SIGLAS.

Siglas vêm bem a calhar, sobretudo quando se deve economizar linhas. Mas
seu uso deve ser precedido da expressão por extenso. Não cite siglas sem que antes você
tenha redigido o termo e feito referência à sigla ou à abreviação por meio de parênteses.
No exemplo abaixo, o examinador teria que supor o significado das siglas, já que, no
texto que as antecede, não há qualquer referência explicativa.

“Segundo art. 165 da CRFB, leis de iniciativa do Poder Executivo irão


estabelecer o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual. O
PPA se presta ao estabelecimento de metas e planejamento de longo prazo ( quatro
anos), contendo as metas da administração quanto às despesas de capital e aos
programas de duração continuada. A LDO deve conter as metas a serem seguidas
especificamente na feitura da lei orçamentária, para que isto seja possível esta deve ser
feita ainda no primeiro semestre do ano (art. 35,II, ADCT), de sorte que os parâmetros
nela indicados atuem na elaboração da lei orçamentária relativa ao ano subseqüente. Já
a LOA deve conter os orçamentos propriamente ditos, ou seja, a previsão de todas as
despesas e receitas da uniao”.

7. JAMAIS ESQUEÇA DA REGRA DOS 30%

Que regra é essa? De acordo com o Edital do anterior concurso da AGU e da


Procuradoria da Fazenda Nacional, 30% da nota da questão subjetiva e da dissertação se
referem à fiel observância ao limite de linhas e ao correto e elegante uso do vernáculo.
Assim, ultrapassar o limite de linhas, abusar de erros gramaticais e apresentar
vocabulário pobre e incompatível com o cargo que você espera assumir lhe custarão até
3 pontos em cada questão. ATENÇÃO: 3 PONTOS !!!! Isso faz a diferença entre aprovados
e reprovados.

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Portanto, mesmo para aqueles que já sabem, convém revisar os seguintes


assuntos:

a) uso da vírgula;

b) colocação pronominal;

c) concordância verbal e nominal;

d) crase.

Vocabulário se adquire com leitura. E objetividade, com treino.

Abaixo, selecionei algumas boas dissertações. Observe os detalhes de cada


uma delas. Note que o principal pecado delas é serem longa demais.

Eron Freire dos Santos (Sobral/CE) escreveu:

Orçamento é o documento que estabelece pormenorizadamente as


receitas e despesas. Dessa forma, o orçamento público nada mais é do que a previsão de
receitas dos entes públicos e dos gastos pelos mesmos. Trata-se de um instrumento de
planejamento e execução das finanças públicas. Nele contém a previsão de todas as
receitas a serem arrecadadas pelos cofres públicos e a fixação de todas as despesas a
serem gastas pela máquina administrativa. Tradicionalmente, o orçamento tem sido
concebido como mera peça contábil. Hoje, contudo, ele tem sido encarado de modo
diverso, sendo considerado como um plano de atuação do Estado nas esferas social e
econômica.

Segundo nosso sistema, a natureza jurídica do orçamento público é de lei,


em sentido formal, apenas (conforme jurisprudência reiterada das Cortes Superiores).
Isso quer dizer o orçamento não cria direito ou obrigação. Apenas no que tange à forma
se assemelha à lei. Nesse ponto, por exemplo, o chefe do Executivo (Prefeito,
Governador e o Presidente da República) possui competência para propor o projeto de
lei orçamentária, sendo este encaminhado às Casas Legislativas para debate e aprovação.
A LOA tem vigência limitada a um exercício financeiro (ano civil), de forma a permitir a
constante reavaliação das decisões tomadas pelo Executivo e facilitar a fiscalização da
execução orçamentária.

Daí a razão de as lições doutrinárias ensinarem que o orçamento público é


o ato legislativo pelo qual o Executivo prevê e o Legislativo autoriza a arrecadação das
receitas previstas no projeto, bem como a realização das despesas contidas no mesmo.

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Há quem entenda que o orçamento público é, em rigor, a lei orçamentária


anual, não se confundindo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias nem com o Plano
Plurianual. Embora esses diplomas tratem do tema, ambos não realizam a elaboração do
cálculo de receitas e despesas no ano. Por outro lado, outros lecionam que as todas as
leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) são espécies de orçamento. A diferença é a
finalidade de cada um. Assim, por exemplo, o PPA é o orçamento que define as diretrizes
e os objetivos do governo em longo prazo, indicando as despesas de capital e os
programas de duração continuada; ao passo que a lei orçamentária anual limita-se a
indicar o plano de arrecadação de receitas e realização de despesas do exercício
financeiro corrente.

Consoante a Lei de Normas Gerais sobre Direito Financeiro (Lei 4320/64), o


orçamento público se submete aos princípios da unidade, universalidade e da
anualidade.

De acordo com o princípio da unidade, o orçamento deve estar contido


integralmente em um documento único, numa única peça, não podendo estar previsto
em vários diplomas. Pode ser encarado como uma imposição para que a Administração
realize suas atividades financeiras em um só caixa, sendo vedada a existência de “caixa
dois”, cujo objetivo é impedir a corrupção e facilitar a fiscalização.

Já o postulado da universalidade impõe ao elaborador do orçamento


público o dever de consignar nele todas as receitas e todas as despesas, não podendo
deixar uma ou outra de fora.

Por sua vez, o princípio da anualidade prevê que a vigência do orçamento


seja determinada, no caso, um ano, para promover a fiscalização frequente das receitas
e gastos públicos, bem como proporcionar uma mudança nos gastos ou nas receitas em
função de interesses supervenientes.

Existem outros princípios estão espalhados no ordenamento, alguns na


Constituição Federal, uns expressos, outros implícitos. Pode-se citar à guisa de ilustração
o da exclusividade orçamentária, o da vedação de realização de despesas sem prévia
autorização legal, o da especificidade, etc. O primeiro refere-se à proibição de juntar à lei
orçamentária dispositivos estranhos à matéria (ressalvada a abertura de créditos
adicionais e a contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de
receita), cujo objetivo é evitar os orçamentos “rabilongos” ou as “caudas orçamentárias”.
Já o segundo preceitua a necessidade de autoriza legal para a realização de cada
despesa, sob pena de configuração de conduta ilícita. Por último, o princípio da
especificidade determinada que as despesas sejam especificadas, vedando, com isso, as
dotações globais e ilimitadas.

A matéria do orçamento público ganhou relevância no atual estágio de


desenvolvimento do Estado, quanto é possível se depreender da densa normatividade

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conferida pelo ordenamento jurídico, inclusive pela CF. Nessa toada, a Lei de
Responsabilidade Fiscal é outro diploma que surge com essa preocupação. Nela contém
inúmeras regras concernentes a realizações de despesas, renúncias de receitas,
equilíbrio orçamentário etc.

Impende destacar que a realização de uma despesa segue um rito


procedimental estabelecido legalmente, cujas etapas são as seguintes: empenho da
despesa, liquidação, ordem de pagamento e o pagamento. O empenho é o ato pelo qual
se estabelece a obrigação de pagar. A liquidação alude à precisão do “quantum” da
obrigação. A ordem de pagamento é o ato pelo qual se permite efetue o pagamento
propriamente dito.

Em tema orçamentário, existem diversas restrições à atuação dos gestores


públicos. Assim, por exemplo, toda despesa deve estar prevista no orçamento para que
seja realizada. Do contrário, é de se exigir a abertura de crédito adicional para a
realização da despesa. Existe também outra vedação pela qual se impede a vinculação de
receitas. Quer com isso impedir o “engessamento” do orçamento de forma que não haja
para o Administrador Público recursos suficientes para adotar o plano de ação desejado.
Fora das hipóteses constitucionalmente previstas, é de se concluir que não é lícita a
vinculação de receitas.

Enfim, é preciso mencionar que, em última análise, o orçamento público


consubstancia a vontade do povo, manifestada pelos representantes escolhidos,
consentindo com a arrecadação de certas receitas e com a realização de determinadas
despesas. Por essas razões, pela origem pública do dinheiro, há uma preocupação com o
trato do orçamento, ao qual foi bastante normatizado pelo constituinte de 1988, estando
submetido a uma série de princípios e restrições.

Liliane (Maringá/PR) escreveu:

O orçamento público, em que pese as mudanças de concepções ocorridas


no curso do tempo, é um instrumento essencial para a gestão e planejamento das contas
públicas. Antes tido como uma simples peça de ficção (não obstante alguns entes
públicos ainda não terem mudado sua postura) ou como elemento de caráter
estritamente contábil, no qual se primava pelo equilíbrio e perfeccionismo escritural
entre receitas e despesas, tem-se hoje entendido que é fundamental a existência de um
orçamento-programa condizente com a realidade, o qual será suporte para os atos a
serem praticados e espelho dos limites de atuação dos gestores públicos.

A importância do orçamento é tamanha que vários foram os dispositivos


inseridos na Constituição Federal que sobre ele versam, deixando clara a posição do
constituinte sobre os cuidados que devem ter o administrador na gestão do erário
público.

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Leis orçamentárias, e nestas devem-se incluir os Planos Plurianuais, as Leis


de Diretrizes Orçamentárias e as Leis Orçamentárias anuais, entre outras, são
consequências intrínsecas ao próprio princípio republicano, onde a relação do
governante com os governados deve ser pautada pela transparência e prestação de
contas, com clara demonstração de responsabilidade na arrecadação das receitas e na
execução de despesas custeadas pela coletividade.

Propor a criação de leis orçamentárias, como é cediço, é função exclusiva


do Poder Executivo. Não contraria essa ideia o fato de os demais Poderes e
determinados órgãos apresentarem seus próprios orçamentos, já que ainda assim
caberá ao Executivo consolidar as propostas destes e fazer adequações à previsão de
arrecadação para os exercícios futuros.

Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal tem reiteradamente declarado


inconstitucional, no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade, disposições
de várias Constituições Estaduais que afetam recursos a determinadas despesas, já que
tal prática fere a liberdade do Chefe do Poder Executivo de implementar seu plano de
governo e de concretizar a ideologia política sobre a qual foi legitimamente, em tese,
eleito.

Relativamente aos princípios orçamentários, não existe consenso


doutrinário sobre quais seriam aqueles aplicáveis à espécie. Porém, autorizada doutrina,
como o magistério de Régis Fernandes de Oliveira, arrola os seguintes:

a) Princípio da universalidade: todas as receitas e despesas deverão estar


previstas na lei orçamentária, exceto as receitas tributárias criadas após a aprovação da
LOA. Nesse sentido:

Súmula 66, STF: “É legítima a cobrança do tributo que houver sido


aumentado após o orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro”.
No caso, o produto da arrecadação do tributo não estará contido na LOA pelo simples
fato de não ter sido previsto. Logo, não há desrespeito ao princípio aludido.

Assim, vê-se que o princípio da universalidade que rege o orçamento, ainda


que seja uma busca constante, nem sempre se efetiva em seu nível máximo, já que não
contempla as dotações orçamentárias insuficientes, as causas supervenientes e outros
fatos que exijam créditos adicionais.

É expressão do princípio da universalidade o art. 165, §5º, da CF/88,


segundo o qual a lei orçamentária compreenderá os orçamentos fiscal, de investimento
das empresas e da seguridade social.

b) Princípio da exclusividade: princípio que veda a inclusão de caudas


orçamentárias no orçamento, projetos de lei sem natureza financeira, com o fito de

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forçar sua análise e aprovação, ou mesmo aprovação sem análise. O orçamento somente
poderá versar sobre receitas e despesas, salvo as seguintes exceções:

i. Autorização de abertura de créditos suplementares;


ii. Contratação de operações de crédito, ainda que para antecipar receitas.

c) Princípio da unidade: é um princípio formal, determina que o documento


orçamentário deve ser único. O fato de a CF/88 prever três orçamentos (art. 165, §5º:
seguridade social, investimentos e fiscal) deve ser interpretado de forma sistêmica, como
uma segmentação do orçamento único global.

d) Princípio da anualidade: esse princípio praticamente não tem mais


aplicabilidade, já que somente deve ser observado quanto à LOA. Por ele, o orçamento
deve compreender o período de um ano, tendo, no caso brasileiro, sido adotado o ano
civil como referência. Ademais, nele vigora o regime de competência (orçamento de
exercício) e não o regime de caixa.

e) Princípio da não afetação: as receitas devem ser desvinculadas, livres


para a aplicação de acordo com a decisão política do ente. Esse princípio é importante
pois permite que o representante eleito do povo pratique a política de governo para a
qual foi eleito, já que terá os recursos orçamentários livres para aplicar em conformidade
com as prioridades de seu programa.

No que se refere às vedações orçamentárias, há uma extensa lista de


condutas proibidas prevista no artigo 167 da Constituição Federal, tais como o início de
programas ou projetos não incluídos na LOA; a realização de despesas ou assunção de
obrigações excedentes aos créditos orçamentários ou adicionais; a realização de
operações de crédito excedentes ao montante das despesas de capital; a vinculação da
receita de impostos a órgão, fundo ou despesas: a transposição, remanejamento ou
transferência de recursos sem prévia autorização legislativa etc.

Pois bem.

O Direito Financeiro é ramo do direito cuja competência legislativa é


concorrente (art. 24, I, CF/88). Dessa forma, cabe à União legislar sobre normas gerais, e
aos Estados e Distrito Federal editarem normas específicas, assim como aos Municípios
publicarem normas suplementares em consonância com os entes maiores.

No exercício de sua esfera de atribuição, a União publicou a Lei nº


4.320/64, que se trata de uma lei ordinária em sentido formal, tendo sido recepcionada
na nova ordem constitucional como lei complementar. Essa lei traz em seu corpo
diversos conceitos e preceitos relativos à arrecadação de receitas e fixação de despesas;
dispõe sobre restos a pagar, créditos adicionais, dívida pública, processo de realização da
despesa (empenho, liquidação e pagamento) etc.

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A Lei de Responsabilidade Fiscal, por sua vez, é instrumento de grande


relevância no controle das finanças públicas. A responsabilidade na gestão fiscal
pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem
desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de
metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no
que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social
e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar.

Inclusive estabelece ela que constituem requisitos essenciais da


responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e arrecadação de todos os
tributos da competência constitucional do Estado da federação. Porém, não será
considerada irresponsabilidade, ainda que assim não disponha expressamente a lei, o
não exercício de determinada competência tributária em função da inviabilidade
econômica da atividade exacional.

Importante ressaltar que toda despesa deve ter respaldo constitucional ou


legal. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a
geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam aos pressupostos da
LRF.

Toda criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que


acarrete aumento de despesa será acompanhada de estimativa de impacto financeiro-
orçamentário no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes.

A despesa tem de estar adequada, ou seja, deve existir dotação específica e


suficiente ou, existindo previsão genérica, há de estar acobertada entre as despesas
realizadas e a realizar; deve ainda ser compatível com a LDO e com a LOA.

A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que


acarrete aumento de despesa deverá ser, também, acompanhada de declaração do
ordenador de despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com
a LOA e compatibilidade com a LDO e com o PPA.

Em conclusão, vê-se que o exercício da atividade orçamentária e a própria


execução orçamentária são processos bastante complexos, já que devem ser observadas
diversas disposições legais e constitucionais a fim de que possa o administrador público
agir com legitimidade política e jurídica no que pertine à gestão do erário público.

Renata Danella Polli (São Paulo/SP) escreveu:

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O orçamento público tem tratamento constitucional no capitulo III, seção I,


intitulado “das finanças públicas”, e seus dispositivos estão disciplinados pela lei 4320/65
e LC 101/00.

A sua regulamentação decorreu da necessidade de uma gestão fiscal


responsável, pressupondo uma ação planejada e transparente em que se previnam riscos
e corrijam desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, estabelecendo
metas de resultados e estipulando a previsão de receitas e despesas, com imposição de
sanções rápidas, capazes inibir abusos e irregularidades.

A Lei de Resposabilidade Fiscal, LC 101, obriga o administrador público a


seu cumprimento, sob pena de responsabilidade civil e criminal. Por outro lado, o Chefe
do Poder Executivo está sujeito ao crime de responsabilidade por atos que atentarem
contra a lei orçamentária (art 85, VI, CF). É comportamento de suma gravidade e
previsto na Lei Maior da Federação. Evidente que a previsão alcança o Presidente da
República, mas reflete-se ela nos demais entes federados, atingindo os Governadores e
Prefeitos.

Não obstante ditas previsões, a Carta Maior também prevê a possibilidade


de intervenção federal e estadual/distrital, medida excepcional, quando da suspensão da
dívida fundada, sem justo motivo, por mais de dois anos consecutivos ou pela ausência
de prestação de contas municipal (art. 34, V, “a” e art 35, I e II, da CF).

Impende destacar que orçamento público é resultado de um conjunto de


três leis de iniciativa do Poder Executivo de cada ente federativo. São elas, o plano
plurianual, que estabelece, de forma regionalizada, as metas, objetivos e prioridades da
admistração pública, definindo o planejamento das atividades governamentais, com
prazo de vigência de 4 anos, e duração até ofinal do primeiro exercício do mandato
subsequente. A lei de diretrizes orçamentária, que etipula as metas e prioridades da
administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro
subsequente, e a lei orçamentária anual.

A lei orçamentária anual deverá estar alicerçada nos princípios da


universalidade, anualidade, unidade, publicidade e da não afetação.

O princípio da universalidade pressupõe que todas as receitas e despesas


estejam nela previstas, ressalvadas previsões de créditos suplementares e a cominação
de antecipação de crédito, ainda que por antecipação de receita (art 165, § 8º, CF e art
6º da Lei 4320).

O princípio da anualidade estabelece que a cada ano civil, que coincidirá


com o exercício financeiro, deverá ser elaborada uma lei orçamentária (art 34 da Lei
4320). O da unidade estipula o seu condensamento em um orçamento uno, com a
previsão do orçamento fiscal, orçamento de investimento e orçamento da seguridade

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social (art 165, § 5º, I, II e III, da CF). O da publicidade determina a prestação de contas
por parte do executivo a cada bimestre (art 165, § 3º, CF) e o da não afetação veda a
vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas exceções
constitucionais (art. 165, IV, CF).

A Carta Magna, em seu art. 167, traz um rol amplo de vedações aplicáveis
ao orçamento público. Dentre eles, proibe o início de progamas não incluídos na lei
orçamentária anual; a realização de despesa ou assunção de dívidas que excedam
créditos orçamentários ou adicionais; realização de operações de crédito em montante
superior às depesas de capital previstas, ressalvadas as autorizadas mediante créditos
suplementares, com finalidade precisa e mediante aprovação por maioria absoluta do
Poder Legislativo; abertura de créditos suplementares ou adicionais sem autorização
legislativa e sem a fonte de custeio correspondente; a concessão de empréstimos entre
os entes federados ou suas financeiras para o pagamento de despesas com pessoal ativo,
inativo ou pensionista, dentre outras.

A receita pública é classifica em receita originária, que decorre da


exploração pelo Estado de seus próprios bens, ou quando exerce atividade econômica,
que será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo (art 173 da CF); receita derivada que advêm do patrimônio
ou renda dos particulares através do exercício da atividade tributária e, por fim, receitas
transferidas que, embora provindas do patrimônio particular a título de tributo, não são
arrecadadas pela entidade política que irá utilizá-la.

No que se refere à previsão de receitas, deve ela estar disposta em anexo


específico da lei de diretrizes orçamentárias, Anexo de Metas Fiscais. Ademais, a lei
complementar 101 traz em seu art 11 como requisito de responsabilidade fiscal a
instituição por cada ente federativo de todos os impostos de sua competência,
implicando a sua não observância na vedação de transferências voluntárias.

A renúncia de receitas também deve observar critérios rigorosos (art 14 da


LC 101 e seus incisos), com a demonstração de que a medida foi considerada quando da
estimativa orçamentária, não afetando as metas e resultados fiscais previstos na lei de
diretrizes orçamentárias ou estar acompanhada de medidas de compensação, por meio
de aumento de receita, proveniente da elavação de alíquotas, ampliação da base de
cálculo ou criação de tributo ou contribuição. Neste último caso, a renúncia só entrará
em vigor a partir da implementação das medidas compensatórias.

A fixação de despesa é a decisão de gastar fundamentada em uma decisão


política. A LC 101 especifica as formas de sua realização de modo que implique em uma
atividade racional e equilibrada.

Atentaram-se, tanto o legislador constituinte quanto o infraconstitucional


para o descontrole recorrente nos gastos públicos no que se refere às despesas com o

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pessoal ativo e inativo. Para tanto, estabeleceram parâmetros, limites e restrições para
suas contratações, assim como formas de reestabelecimento quando do advento de
eventuais desequilíbrios, impondo sanções rápidas e severas quando do atingimento dos
percentuais máximos de gasto estabelecidos, conforme previsão do art 169 da CF e art
18 e seguintes da LC 101.

Nos termos do art 16 da LC 101, na fixação da despesa deverá ser


considerado o impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em
vigor e nos dois seguintes. E mais, o inciso II estabelce a necessidade de declaração do
ordenador da despesa de que o aumento tem adequação tanto com a lei orçamentária
anual, quanto com a lei de diretrizes orçamentárias e o plano plurianual. Já a Lei 4320,
nos arts 58 a 70, regulamenta as formalidades a serem observadas quando do empenho
da despesa, com a necessidade de prévia liquidação e ordem de pagamento para fins de
efetivo pagamento, considerando a possibilidade de empenho por estimativa quando se
tratar de despesa cujo montante não se possa determinar e o empenho global de
despesas contratuais e outras sujeitas a parcelamento.

Há ainda a previsão dos limites da dívida consolidada e autorização de


operações externas de natureza financeira pelos entes federativos, a serem
estabelecidas e autorizadas pelo Senado Federal (art 52, VI, CF) e dos limites globais e
condições da dívida mobiliária, que, no caso dos estados, DF e municípios será
estipuladas pelo Senado Federal e no caso da União pelo Congresso Nacional.

Impende destacar ainda que, o orçamento público estabelece previsões


para o exercício a que se refere e para os dois seguintes, a partir de uma análise dos
demonstrativos apresentados nos 3 exercícios anteriores. Desse modo, podem ocorrer
imprevistos ou equívocos e, para tanto a CF e as leis infraconstitucionais estabelecem a
possibilidade de utilização de créditos suplementares, especiais e extraordinários. Estes
últimos podendo ser abertos mediante medida provisória, contudo, somente diante de
pressupostos específicos elencados no § 3º do art 167, que são guerra, comoção interna
e calamidade pública, e que, conforme já decidio pela Colenda Corte, estão sujeitos a
controle pelo judiciário após de sua conversão em lei (ADI-MC 4048).

Nesse sentido, a Carta Magna aliada aos dois diplomas normativos impõe
que sejam apontados objetivos e que se fixem rumos e caminhos a seguir, com
transparência, participação popular, prestação de contas, controle externo e interno e,
acima de tudo, responsabilidade da gestão do orçamento público.

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