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Eletromagnetismo UNESP PDF
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0 ANÁLISE VETORIAL
Este capítulo fornece uma introdução e uma recapitulação dos conhecimentos de álgebra vetorial,
estando por isto numerado com o zero. Não faz parte de fato dos nossos estudos de eletromagnetismo, mas sem
ele o tratamento dos fenômenos de campos elétricos e magnéticos torna-se mais complicado, uma vez que estes
são resultados matemáticos de operações vetoriais.
SISTEMA DE COORDENADAS
Um exemplo prático de um sistema de coordenadas encontra-se numa carta geográfica
onde um ponto é localizado em função da latitude e da longitude, isto é, medidas angulares
que são tomadas em função de um referencial neste sistema plano. No espaço, um ponto
também pode ser perfeitamente determinado quando conhecemos a sua posição em vista de
um sistema de coordenadas. Particularmente no espaço tridimensional, um ponto é
determinado em função de 3 coordenadas.
Os sistemas de coordenadas definem um ponto no espaço como fruto da intersecção de
3 superfícies que podem ser planas ou não. Vamos nos ater aqui a três tipos de sistemas de
coordenadas: cartesianas, cilíndricas e esféricas.
VETOR
Muitas grandezas necessitam de uma direção e de um sentido além do valor e da
unidade, ou seja, de sua intensidade para uma definição perfeita. Assim, definiremos os
vetores como representantes de classes ou conjuntos de segmentos orientados com mesma
intensidade ou módulo, direção e sentido no espaço. A figura 0.4 mostra um mesmo vetor
r
v representado por segmentos de retas de mesmo tamanho, mesma orientação e paralelas no
espaço.
r
Figura 0.4: a classe de vetores v no espaço
Outra forma de se indicar um versor é aquela que exprime a relação entre um vetor e o
seu próprio módulo, isto é,
r r
v v
â v = r = (0.2)
v v
Do mesmo modo o ponto P pode ser determinado nos sistemas cilíndrico e esférico
sendo a soma vetorial das componentes dadas respectivamente por
r
V = (P − O) = Vr â r + Vφ â φ + Vz â z (0.4)
r
V = (P − O) = Vr â r + Vθ â θ + Vφ â φ (0.5)
PRODUTO ESCALAR
É uma operação vetorial cujo resultado é um valor escalar, ou seja, uma grandeza
r
algébrica; um valor numérico precedido de um sinal. O produto escalar entre dois vetores A
r r r
e B cujas direções formam um ângulo α entre eles é denotado por A ⋅ B cujo resultado é
dado por:
r r
A ⋅ B = AB cos α (0.6)
Pela relação (0.6) observamos que o produto escalar entre dois vetores multiplica o
módulo de um vetor pelo módulo da projeção do outro sobre ele. De acordo com a figura 0.6,
em uma linguagem matemática podemos escrever:
r r
A ⋅ B = A.projA B = B.projBA (0.7)
O produto escalar resulta positivo quando o ângulo é agudo, nulo quando ele for reto e
negativo quando o ângulo α entre os vetores for obtuso (90º < α < 180º).
r r
figura 0.6: o produto escalar entre A e B .
r r r2
A ⋅ A = A = A 2x + A 2y + A 2z (0.10)
PRODUTO VETORIAL
r r
O produto vetorial entre dois vetores A e B , onde suas direções formam um ângulo
r r
agudo α entre eles, denotado por A × B , fornece como resultado um outro vetor com as
características abaixo:
r r r r
1. Intensidade: A × B = A . B sen α = AB sen α ;
r r
2. Direção: perpendicular aos dois vetores A e B ;
3. Sentido: o do avanço de um parafuso de rosca direita, fornecido pela regra da mão
direita, na ordem em que se tomam os dois vetores.
r r
Em linhas gerais o produto vetorial de dois vetores A e B pode ser expresso na direção
r r
e sentido de um versor â n perpendicular a A e B , cujo sentido é dado pela regra da mão
direita e ilustrado na figura 0.7. Assim,
r r
A × B = (AB sen α) â n (0.11)
r r
Figura 0.7: o produto vetorial entre A e B
Podemos também verificar sem nenhuma dificuldade que este produto não é comutativo
e podemos escrever que se o versor â n estiver definido
r r r r
B × A = − A × B = − AB sen(α) â n (0.12)
Podemos observar na figura 0.5 que os versores das coordenadas são perpendiculares
entre si em qualquer um sistema. Assim, cada versor pode ser estabelecido em função dos
outros dois como resultado de um produto vetorial. Para um sistema de coordenadas
cartesianas ou retangulares teremos:
â x × â y = â z
â y × â z = â x (0.13)
â z × â x = â y
â r × â φ = â z
â φ × â z = â r (0.14)
â z × â r = â φ
â r × â θ = â φ
â θ × â φ = â r (0.15)
â φ × â r = â θ
Estas expressões mostram que cada versor pode ser determinado em função dos outros
dois. Pela relação (0.12) verificamos que se invertermos a ordem dos versores no produto
vetorial, teremos um versor negativo àqueles obtidos pelas relações (0.13), (0.14) e (0.15).
Quaisquer dois vetores ou versores paralelos possuem o produto vetorial nulo, visto que
sen 0 = sen π = 0.
dv = dx.dy.dz (0.16)
O elemento vetorial de linha dL é dado pela soma vetorial de suas arestas dx, dy e dz
orientadas pelos versores â x , â y e â z resultando na diagonal do paralelepípedo, de maneira
que
r
dL = dxâ x + dyâ y + dzâ z (0.17)
Sistema cilíndrico
Tomaremos agora um paralelepípedo curvilíneo cujas arestas serão dadas por dr, r.dφ e
dz mostradas na figura 0.8 (b). Da mesma forma como procedemos no sistema retangular, o
elemento de volume será
E o comprimento elementar dL será dado então pela soma de suas componentes dr, rdφ
e dz orientadas pelos versores â r , â φ e â z onde
r
dL = drâ r + rdφâ φ + dzâ z (0.19)
Sistema esférico
Considerando ainda um paralelepípedo curvilíneo de arestas dr, r.dθ e r.senθ.dφ
mostradas na figura 0.8 (c), o elemento de volume será dado por
IDENTIDADES VETORIAIS
As identidades vetoriais relacionadas abaixo podem ser provadas, embora algumas
exijam do estudante um pouco de trabalho “braçal”. Simplificando, a notação vetorial é
denotada apenas pelos vetores em letras maiúsculas, sem as setas, enquanto que os escalares
serão representados por letras minúsculas.
(A × B) ⋅ C ≡ (B × C) ⋅ A ≡ (C × A ) ⋅ B (a)
A × (B × C ) ≡ (A ⋅ C )B − (A ⋅ B)C (b)
∇ ⋅ (A + B) ≡ ∇ ⋅ A + ∇ ⋅ B (c)
∇(u + v ) ≡ ∇u + ∇v (d)
∇ × (A + B) ≡ ∇ × A + ∇ × B (e)
∇ ⋅ (uA ) ≡ A ⋅ ∇u + u (∇ ⋅ A ) (f)
∇ ⋅ (A × B) ≡ B ⋅ (∇ × A ) − A ⋅ (∇ × B) (i)
∇(A ⋅ B) ≡ (A ⋅ ∇ )B + (B ⋅ ∇ )A + A × (∇ × B) + B × (∇ × A ) (j)
∇ × (A × B) ≡ A∇ ⋅ B − B∇ ⋅ A + (B ⋅ ∇ )A − (A ⋅ ∇ )B (k)
∇ ⋅ ∇v ≡ ∇ 2 v (l)
∇ ⋅∇ × A ≡ 0 (m)
∇ × ∇v ≡ 0 (n)
∇ × ∇ × A ≡ ∇(∇ ⋅ A ) − ∇ 2 A (o)
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
r
1) Encontre o vetor A que liga o ponto P (5, 7, -1) ao ponto Q (-3,r 4, 1). Calcule também
o vetor unitário ou versor associado ao vetor determinado por A .
2) Dados os pontos (5 mm; π; 2 mm) e ( 3 mm; -π/6; -2 mm) em coordenadas
cilíndricas, encontre o valor da distância entre eles.
r r
3) Dados A = 2â x + 4â y − 3â z e B = −â x + â y , calcule os produtos escalar e vetorial entre
eles.
r r
4) Dados A = 2â x + 4â y e B = 6â y − 4â z , calcule o menor ângulo entre eles usando o
produto vetorial e o produto escalar entre eles.
5) Use um sistema de coordenadas esféricas para calcular a área sobre uma casca esférica
de raio r com α ≤ θ ≤ β. Qual o resultado quando α = 0 e β = π?
r r r r
6) Dados A = 4â y + 10â z e B = 3â y , calcule a projeção de A sobre a direção de B .
r r
7) Determine a expressão do produto vetorial entre A e B num sistema cartesiano e
mostre que ele pode ser calculado a partir do determinante de uma matriz 3 x 3.
8) Defina a condição de paralelismo entre dois vetores a partir do produto vetorial entre
eles.
9) Obtenha a condição de ortogonalidade entre dois vetores.
10) Dado o plano A x + B y + C z = K, onde K é uma constante, obtenha o vetor
r
Vn normal a este plano. Pode existir mais de uma solução?