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CURSO DE PROCESSO CIVIL – PROF.

ERIK NAVARRO
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AULA 1
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TEORIA GERAL DO PROCESSO
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1. INTRODUÇAO E “PROCESSO”

1.1. Terminologia: Processo é termo usado em três


acepções diferentes

a. ramo do direito chamado “direito processual”

b. Um dos institutos fundamentais do direito


processual

c. Realidade fenomenológica

1.2. O processo como entidade complexa:

procedimento + relação jurídica processual

1.2.1 Relação jurídica processual e contraditório

1.2.2. ELIO FAZZALARI: processo como procedimento


em contraditório

1.3. Outras críticas à teoria de Von Bullow

1.3.1. Concepção privatística do processo


1.3.2. Processo como “situação jurídica” (Goldschimidt)

1.3.3. Processo como modelo de atuação estatal

Técnica processual (Bedaque).

1. Pressupostos processuais

 planos de analise de qualquer ato jurídico:

o existência: presença dos elementos básicos para que


exista
o validade: respeito desses elementos aos requisitos
legais.
o eficácia : aptidão para produção de efeitos.

 O ato processual é uma espécie de ato jurídico.

 Os pressupostos de existência do ato jurídico são:

o Agente
o Objeto
o Forma

 Os pressupostos de validade do ato jurídico são:

o Agente > capaz


o Objeto > lícito e possível
o Forma > adequada
2.1. Pressupostos de existência

a.existência de jurisdição

b.existência de demanda

c.capacidade postulatória (para alguns é validade)

d.Citação

2.2. Pressupostos processuais de validade

a.jurisdição com competência e imparcialidade do juiz

b.demanda instrumentalizada por petição inicial apta

c.capacidade de ser parte


processual

d.legitimidade processual (controvertido)

e.citação válida (controvertido)

QUESTÃO
MPF (24º concurso – questão 74)
18) Quanto aos pressupostos processuais, é correto afirmar:
a) São pressupostos de existência do processo: a presença
de partes, o órgão jurisdicional e uma pretensão
b) são pressupostos de validade do processo: a capacidade das
partes, a competência e imparcialidade do juiz e a procedência
da pretensão
c) os pressupostos processuais devem ser alegados pela parte,
quando de sua defesa, sob pena de preclusão
d) faltando um pressuposto processual, o juiz pode continuar
analisando o processo, se entender que esta falta não gera
prejuízo às partes, segundo os princípios da economia
processual e da instrumentalidade do processo

MPF (19º concurso – questão 80 – item “d”)


21) A capacidade de estar em juízo corresponde, no plano
processual à capacidade de direito, prevista na lei civil.
GABARITO: ERRADO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PERSONALIDADE


JUDICIÁRIA DAS CÂMARAS MUNICIPAIS.
A Câmara Municipal não tem legitimidade para propor ação
com objetivo de questionar suposta retenção irregular de
valores do Fundo de Participação dos Municípios. Isso
porque a Câmara Municipal não possui personalidade
jurídica, mas apenas personalidade judiciária, a qual lhe
autoriza tão somente atuar em juízo para defender os seus
interesses estritamente institucionais, ou seja, aqueles
relacionados ao funcionamento, autonomia e independência
do órgão, não se enquadrando, nesse rol, o interesse
patrimonial do ente municipal. Precedente citado: REsp
1.164.017-PI, Primeira Seção, DJe 6/4/2010. REsp 1.429.322-
AL, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
20/2/2014.

Confusão entre conceitos: legitimidade x capacidade de


ser parte (personalidade judiciária)
NOVA SÚMULA STJ (525)

“A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica,


apenas personalidade judiciária, somente podendo
demandar em juízo para defender os seus direitos
institucionais.” (REsp 1.164.017)

A Súmula refere-se à competência de Câmara de


vereadores para ajuizar ação visando a discutir interesses
dos próprios vereadores. No recurso repetitivo que deu
origem ao enunciado, a casa legislativa pretendia afastar
a incidência de contribuição previdenciária sobre seus
vencimentos. A decisão do STJ é que não há essa
competência.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PERSONALIDADE


JUDICIÁRIA DAS DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
PERSONALIDADE JUDICIÁRIA DAS

REPETITIVO. LEGITIMIDADE ATIVA. CÂMARA.


A Seção, ao apreciar recurso representativo de
controvérsia (art. 543-C e Res. n. 8/2008-STJ), reafirmou
que as câmaras legislativas não detêm legitimidade para
integrar o polo ativo de demanda em que se discute a
exigibilidade de contribuições previdenciárias incidentes
sobre a remuneração paga àqueles que exercem mandato
eletivo municipal. Isso porque as câmaras de vereadores
não possuem personalidade jurídica, mas apenas
personalidade judiciária. Desse modo, só podem demandar
em juízo para defender seus direitos institucionais, ou
seja, aqueles relacionados com seu funcionamento,
autonomia e independência. Assim, para aferir a legitimação
ativa dos órgãos legislativos, é necessário qualificar a
pretensão em análise para concluir se essa pretensão está
relacionada aos interesses e prerrogativas institucionais.
No caso dos autos, a câmara de vereadores ajuizou ação
ordinária inibitória com pedido de tutela antecipada contra a
Fazenda Nacional e o INSS, com o objetivo de afastar a
incidência da contribuição previdenciária sobre os vencimentos
pagos aos vereadores. Portanto, não se trata de defesa de
prerrogativa institucional, mas de simples pretensão de cunho
patrimonial. Precedentes citados: RMS 12.068-MG, DJ
11/11/2002; REsp 649.824-RN, DJ 30/5/2006; REsp
1.109.840-AL, DJe 17/6/2009; REsp 946.676-CE, DJ
19/11/2007; REsp 696.561-RN, DJ 24/10/2005 e REsp
241.637-BA, DJ 20/3/2000. REsp 1.164.017-PI, Rel. Min.
Castro Meira, julgado em 24/3/2010.

2.3. Pressupostos processuais negativos

 são de validade.

 ausência de:

o Litispendência
o Coisa julgada
o Perempção.

Pergunta-se: qual o vício da decisão “extra petita”? (novo


CPC problematiza esse tema: art 322: § 2º A interpretação
do pedido considerará o conjunto da postulação e
observará o princípio da boa-fé.)

DECISÃO EXTRA PETITA. NULIDADE.


Constatado, na petição inicial, apenas o pedido de revisão
do valor cobrado a título de prêmio, não poderiam as
instâncias ordinárias declarar a ilegalidade do próprio
seguro habitacional. Se assim fizeram, proferiram decisão
extra petita, fora do âmbito da incidência da atuação
jurisdicional, delimitada pelo próprio pedido, que deve ser
interpretado restritivamente, conforme dispõe o art. 293 do
CPC. Ao suprimir o seguro, haverá prejuízo aos próprios autores
segurados que, sem terem formulado pedido nesse sentido,
deixarão de pagar o prêmio e, consequentemente, perderão a
cobertura para os eventos morte e invalidez permanente. Assim,
a Turma deu provimento ao recurso para declarar a nulidade
da sentença e do acórdão, determinando o retorno dos
autos à origem, para que nova decisão seja prolatada,
respeitando os limites do pedido formulado na petição inicial,
notadamente em relação ao seguro por morte ou invalidez
permanente. REsp 991.872-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 6/4/2010.

EXCEÇÃO. PRÉ-EXECUTIVIDADE. DILAÇÃO PROBATÓRIA.

A Seção reafirmou que a jurisprudência admite a exceção de


pré-executividade para discutir matérias de ordem pública em
execução fiscal nas hipóteses de ilegitimidade passiva,
pressupostos processuais, condições da ação etc. desde que
sua interposição não necessite de dilação probatória. Precedentes
citados: AgRg no Ag 591.949-RS, DJ 13/12/2004; AgRg no Ag
561.854-SP, DJ 19/4/2004; AgRg no REsp 588.045-RJ, DJ
28/4/2004; REsp 541.811-PR, DJ 16/8/2004, e REsp 287.515-
SP, DJ 29/4/2002. EREsp 866.632-MG, Rel. Min. José Delgado,
julgados em 12/12/2007.

AÇÃO RESCISÓRIA. NULIDADE. PROCESSO. FALTA. CITAÇÃO.


A Turma reiterou que a ação rescisória não pode ser
utilizada para reconhecer a nulidade do processo por falta
de citação. Na hipótese, o trânsito em julgado da sentença não
atingiu os autores, que não foram partes na primeva ação
justamente pela falta de citação, daí impossível o manejo da
rescisória diante da falta de pressuposto lógico. Incabível,
também, substituir essa ação por outra, dada a especificidade da
rescisória, que não deve comportar alargamentos a permitir servir
de meio indireto à declaração de nulidade processual.
Precedentes citados: RMS 6.493-PA, DJ 20/5/1996; REsp
62.853-GO, DJ 1º/8/2005; REsp 26.041-SP, DJ 13/12/1993,
REsp 94.811-MG, DJ 1º/2/1999. AR 771-PA, Rel. Min. Aldir
Passarinho Junior, julgado em 13/12/2006.

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. IRREGULARIDADE.


INVOCAÇÃO. EDCL.

Constituindo pressuposto processual, a questão relacionada à


irregularidade da representação por advogado pode ser
examinada de ofício ou por provocação, mesmo que pela
primeira vez, também em embargos de declaração, conforme
interpretação do art. 267, IV, e § 3º, do CPC. REsp 592.798-MG,
Rel. Min Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 14/12/2004.

2.4. Críticas à categoria dos pressupostos processuais

> Os pressupostos processuais de existência, “existem” ?

2.4.1 Função dos “pressupostos processuais” (Chiovenda,


Miguel Teixeira de Souza x Bedaque, Marinoni)
2.4.2. Fundamento e controle pelo judiciário (momento e
resultado)

 Exemplos: (Capacidade processual, Capacidade


Postulatória, Petição Inicial Apta)

Primeira Turma

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ATUAÇÃO DA


PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL (PGFN) EM
CAUSA DE COMPETÊNCIA DA PROCURADORIA-GERAL DA
UNIÃO (PGU).

O fato de a PGFN ter atuado em defesa da União em causa


não fiscal de atribuição da PGU não justifica, por si só, a
invalidação de todos os atos de processo no qual não se
evidenciou – e sequer se alegou – qualquer prejuízo ao ente
federado, que exercitou plenamente o seu direito ao
contraditório e à ampla defesa, mediante oportuna
apresentação de diversas teses jurídicas eloquentes e bem
articuladas, desde a primeira instância e em todos os
momentos processuais apropriados. Ainda que se reconheça,
na hipótese em análise, o erro consistente na atuação da PGFN
em causa de natureza não fiscal de competência da PGU, deve
prevalecer a consideração de que a parte representada pelos
dois órgãos é a mesma, a União, e teve ela a oportunidade
de realizar o seu direito de defesa, o que efetivamente fez
de modo pleno, mediante arguições competentes e oportunas,
deduzindo diversas teses defensivas, todas eloquentes e bem
articuladas, desde a primeira instância e em todos os momentos
processuais. Assim, não resta espaço algum para enxergar
nódoa no direito constitucional que assegura o contraditório e a
ampla defesa. A propósito, se não houve prejuízo – e, a rigor,
não houve sequer alegação de prejuízo –, não é viável que sejam
simples e sumariamente descartados todos os atos processuais,
como se não vigorassem os princípios da economicidade, da
instrumentalidade das formas, da razoável duração do processo,
e como se não tivesse relevância o brocardo segundo o qual ne
pas de nullité sans grief. REsp 1.037.563-SC, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/11/2014, DJe
3/2/2015.
A FUNÇÃO DOS P[RESSUPOSTOS PROCESSUAIS

2.5. O tema no Novo CPC

 O novo CPC, mantém os pressupostos processuais

 A dúvida é se passariam a compor uma categoria única


junto com as condições da ação:

o O termo condições da ação não existe mais

o Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as


disposições deste Código, incumbindo-lhe:
o IX – determinar o suprimento de
pressupostos processuais e o saneamento de
outros vícios processuais;
o O art. 485 relaciona, como fazia o 267, as hipóteses
em que o mérito não será julgado, citando
textualmente:

 IV – verificar a ausência de pressupostos de


constituição e de desenvolvimento válido e
regular do processo;
 V – reconhecer a existência de perempção,
de litispendência ou de coisa julgada;
 VI – verificar ausência de legitimidade ou de
interesse processual;
o A convenção de arbitragem, em todas as suas
modalidades, não pode ser reconhecida de ofício
(logo, não é mesmo um pressuposto processual
negativo)

o A capacidade postulatória deixa de ser pressuposto


de existência (também não será de validade!)

 NCPC, Art. 104 § 2º: O ato não ratificado


será considerado ineficaz relativamente
àquele em cujo nome foi praticado, respondendo
o advogado pelas despesas e perdas e danos.

o O art. chave é o 17: para postular em juízo é


necessário ter interesse e legitimidade.
 O CPC/73, art. 3o., dizia: “para propor ou
contestar a ação”
 Isso indica que as condições da ação não valem
apenas para autor e réu, mas para todos
aqueles que, de alguma forma, postulam em
juízo.
 Assim, a legitimação e o interesse
devem estar presentes para a prática
de todo e qualquer ato processual!
 Entendemos que a teoria eclética está mantida
em sua plenitude.

QUESTÃO
MPF (25º concurso – questão 82)
17) Dentre as proposições abaixo, algumas são falsas, outras
verdadeiras:
I. O requisito da capacidade postulatória admite exceções
previstas em lei;

II. São nulos os atos praticados por juiz absolutamente


incompetente;

III. A perempção é pressuposto processual extrínseco e


negativo;

IV. O processo, antes da citação do réu, não pode permitir a


produção de efeitos.

Das proposições acima:


a) I e II estão corretas;
b) I e III estão corretas;
c) I e IV estão corretas;
d) Nenhuma das opções anteriores está correta.

MPF (24º concurso – questão 74)


18) Quanto aos pressupostos processuais, é correto afirmar:
a) São pressupostos de existência do processo: a presença
de partes, o órgão jurisdicional e uma pretensão
b) são pressupostos de validade do processo: a capacidade das
partes, a competência e imparcialidade do juiz e a procedência
da pretensão
c) os pressupostos processuais devem ser alegados pela parte,
quando de sua defesa, sob pena de preclusão
d) faltando um pressuposto processual, o juiz pode continuar
analisando o processo, se entender que esta falta não gera
prejuízo às partes, segundo os princípios da economia
processual e da instrumentalidade do processo

TUTELA JURISDICIONAL
1. Tutela jurisdicional - A escolha adequada de acordo
com a “crise” que assola o direito

a. Crises de certeza > Sentença declaratória (art. 4)

b. Crises de adimplemento > Atos de execução forçada.

c. Crises das Situações jurídicas > Sentença Constitutiva


ou desconstitutiva.

2. Classificação “ternária” x Classificação “quinária”


(Critério dos efeitos da tutela sobre a relação jurídica)

a. Tutela Declaratória
b. Tutela Constitutiva
c. Tutela Condenatória
d. Tutela Mandamental
e. Tutela Executiva “latu sensu”

3. Outras classificações

a. Critério cognitivo
i. Tutela de cognição plena
ii. Tutela de cognição sumária

b. Critério do momento da prática do ato ilícito


i. Tutela inibitória
ii. Tutela Reintegratória
iii. Tutela Ressarcitória

c. Tutela específica e o art. 5. XXXV.


Pergunta-se: o que são e quais as características das tutelas
mandamental e executiva “latu sensu”?

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.


BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS PARA GARANTIR O
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO ESTADO.
RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES.
8/2008-STJ).

É possível ao magistrado determinar, de ofício ou a


requerimento das partes, o bloqueio ou sequestro de verbas
públicas como medida coercitiva para o fornecimento de
medicamentos pelo Estado na hipótese em que a demora no
cumprimento da obrigação acarrete risco à saúde e à vida
do demandante. De acordo com o caput do art. 461 do CPC,
na “ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou, se procedente o pedido, determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento”. O teor do § 5º do mesmo art. 461, por
sua vez, estabelece que, para “a efetivação da tutela específica
ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz,
de ofício ou a requerimento, determinar as medidas
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de
atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se
necessário com requisição de força policial”. Nesse contexto,
deve-se observar que não é taxativa a enumeração, no aludido
§ 5º do art. 461, das medidas necessárias à efetivação da tutela
específica ou à obtenção do resultado prático equivalente, tendo
em vista a impossibilidade de previsão legal de todas as
hipóteses fáticas relacionadas à norma. Dessa forma, é lícito o
magistrado adotar, com o intuito de promover a efetivação da
tutela, medida judicial que não esteja explicitamente prevista no
§ 5º do art. 461, mormente na hipótese em que a desídia do
ente estatal frente a comando judicial possa implicar grave lesão
à saúde ou risco à vida da parte demandante, uma vez que,
nessas hipóteses, o direito fundamental à saúde (arts. 6º e 196
da CF) prevalece sobre os interesses financeiros da Fazenda
Nacional. Precedentes citados: EREsp 770.969-RS, Primeira
Seção, DJ 21/8/2006; REsp. 840.912-RS, Primeira Turma, DJ
23/4/2007; e REsp. 1.058.836/RS, Segunda Turma, DJe
1º/9/2008. REsp 1.069.810-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 23/10/2013.

Terceira Turma

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXEQUIBILIDADE DE MULTA


COMINATÓRIA DE VALOR SUPERIOR AO DA OBRIGAÇÃO
PRINCIPAL.

O valor de multa cominatória pode ser exigido em montante


superior ao da obrigação principal. O objetivo da astreinte
não é constranger o réu a pagar o valor da multa, mas forçá-
lo a cumprir a obrigação específica. Dessa forma, o valor da
multa diária deve ser o bastante para inibir o devedor que
descumpre decisão judicial, educando-o. Nesse passo, é
lícito ao juiz, adotando os critérios da razoabilidade e da
proporcionalidade, limitar o valor da astreinte, a fim de
evitar o enriquecimento sem causa, nos termos do § 6º do
art. 461 do CPC. Nessa medida, a apuração da razoabilidade e
da proporcionalidade do valor da multa diária deve ser
verificada no momento de sua fixação em cotejo com o valor da
obrigação principal. Com efeito, a redução do montante total
a título de astreinte, quando superior ao valor da obrigação
principal, acaba por prestigiar a conduta de recalcitrância
do devedor em cumprir as decisões judiciais, bem como
estimula a interposição de recursos com esse fim, em total
desprestígio da atividade jurisdicional das instâncias ordinárias.
Em suma, deve-se ter em conta o valor da multa diária
inicialmente fixada e não o montante total alcançado em
razão da demora no cumprimento da decisão. Portanto, a fim
de desestimular a conduta recalcitrante do devedor em cumprir
decisão judicial, é possível se exigir valor de multa cominatória
superior ao montante da obrigação principal. REsp 1.352.426-
GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 5/5/2015, DJe
18/5/2015.

Quarta Turma

ASTREINTES. DESTINATÁRIO. AUTOR DA DEMANDA.

A Turma, por maioria, assentou o entendimento de que é o


autor da demanda o destinatário da multa diária prevista no
art. 461, § 4º, do CPC – fixada para compelir o réu ao
cumprimento de obrigação de fazer. De início, ressaltou o
Min. Marco Buzzi não vislumbrar qualquer lacuna na lei quanto
à questão posta em análise. Segundo afirmou, quando o
legislador pretendeu atribuir ao Estado a titularidade de
uma multa, fê-lo expressamente, consoante o disposto no
art. 14, parágrafo único, do CPC, em que se visa coibir o
descumprimento e a inobservância de ordens judiciais. Além
disso, consignou que qualquer pena ou multa contra um
particular tendo o Estado como seu beneficiário devem estar
taxativamente previstas em lei, sob pena de afronta ao princípio
da legalidade estrita. Cuidando-se de um regime jurídico
sancionatório, a legislação correspondente deve, necessária e
impreterivelmente, conter limites à atuação jurisdicional a
partir da qual se aplicará a sanção. Após minucioso exame do
sistema jurídico pátrio, doutrina e jurisprudência, destacou-
se a natureza híbrida das astreintes. Além da função
processual – instrumento voltado a garantir a eficácia das
decisões judiciais –, a multa cominatória teria caráter
preponderantemente material, pois serviria para compensar
o demandante pelo tempo em que ficou privado de fruir o
bem da vida que lhe fora concedido seja previamente, por
meio de tutela antecipada, seja definitivamente, em face da
prolação da sentença. Para refutar a natureza estritamente
processual, entre outros fundamentos, observou-se que, no
caso de improcedência do pedido, a multa cominatória não
subsiste. Assim, o pagamento do valor arbitrado para compelir
ao cumprimento de uma ordem judicial fica, ao final,
dependente do reconhecimento do direito de fundo. REsp
949.509-RS, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel.
para o acórdão Min. Marco Buzzi, julgado em 8/5/2012.

IMPORTANTÍSSIMO ACÓRDÃO, POIS:


1. Afasta o entendimento de que o Estado teria direito
a parte das “astreintes”
2. Afirma o caráter “híbrido” da multa. Processual e
material (compensação ao ônus temporal imposto ao
demandante pelo demandado)
3. Afirma a insubsistência da multa quando da
improcedência do pedido principal, ao final.

O TEMA NO NOVO CPC

1. Tutela específica e tutela inibitória

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições


deste Código, incumbindo-lhe:

(...)
IV – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o
cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham
por objeto prestação pecuniária;

NOVO CPC CPC /1973


Art. 497. Na ação que tenha Art. 461. Na ação que tenha
por objeto a prestação de fazer por objeto o cumprimento de
ou de não fazer, o juiz, se obrigação de fazer ou não
procedente o pedido, concederá fazer, o juiz concederá a tutela
a tutela específica ou específica da obrigação ou, se
determinará providências que procedente o pedido,
assegurem a obtenção de tutela determinará providências que
pelo resultado prático assegurem o resultado prático
equivalente. equivalente ao do
Parágrafo único. Para a adimplemento.
concessão da tutela específica (...)
destinada a inibir a prática, a § 5o Para a efetivação da tutela
reiteração ou a continuação de específica ou a obtenção do
um ilícito, ou a sua remoção, é resultado prático equivalente,
irrelevante a demonstração poderá o juiz, de ofício ou a
da ocorrência de dano ou da requerimento, determinar as
existência de culpa ou dolo. medidas necessárias, tais
como a imposição de multa
por tempo de atraso, busca e
apreensão, remoção de
pessoas e coisas, desfazimento
de obras e impedimento de
atividade nociva, se necessário
com requisição de força
policial. (Redação dada pela
Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

 o NCPC opta por não enumerar as medidas, sequer


exemplificativamente. Ideia da atipicidade dos atos
executivos para concessão da tutela específica.
 Tutela inibitória
o Desnecessidade de demonstrar o dano
o Desnecessidade de provar dolo ou culpa

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