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Brasília, 31 de março a 4 de abril de 1997 -

Nº 65
Data (páginas internas): 9 de abril de 1997.

Este Informativo, elaborado pela


Assessoria da Presidência do STF a partir de
notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá
ser aferida após a sua publicação no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS

ADIn: Cabimento
Agravo de Instrumento: Art. 544, § 1º do CPC
Aposentadoria de Servidor: Anulação Parcial
Art. 104 do CPP
Conselheiro e Idade
Estabilidade: Requisito Temporal
Fixação do Número de Vereadores
Habeas Corpus: Competência
ICMS e Cooperativas
Inclusão do ICM na Base de Cálculo do PIS
Mesa Diretora: Reeleição
Princípio do Contraditório
Reclamação e Fixação da Pena
Taxa e Preço Público
Telecomunicações
Tempus regit actum
Verba de Gabinete

PLENÁRIO
Reclamação e Fixação da Pena
Considerando a reiterada incompreensão das
instâncias inferiores quanto ao decidido pelo STF no
julgamento pela 1a Turma do HC 69.419, o Tribunal,
apreciando a segunda ação de reclamação ajuizada contra
decisões da Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul (a
primeira já havia sido julgada procedente), acolheu o pedido
para cassar a sentença reclamada, no ponto em que fixara a
pena em desconformidade com o acórdão proferido no
mencionado habeas corpus, e estabelecer, desde logo, a
reprimenda. RCL 536-MS, rel. Min. Octavio Gallotti,
24.3.97

Fixação do Número de Vereadores


Concluindo o julgamento do recurso extraordinário
interposto por vereadores do Município de Cidreira-RS
contra decisão do TSE, o Tribunal, por maioria, confirmou o
acórdão recorrido, declarando, incidentalmente, a
inconstitucionalidade do dispositivo da lei orgânica do
Município que autorizava a fixação do número de vereadores
da Câmara Municipal por resolução. Considerou-se que tal
dispositivo ofende o disposto no art. 29, IV da CF, que diz
caber à lei orgânica do município a fixação do número de
membros da Câmara Municipal. Assim, não poderia
resolução fixar o número de vereadores em substituição à lei
orgânica, ainda que por ela autorizada. Vencidos os Ministros
Néri da Silveira, Maurício Corrêa, Francisco Rezek, Octavio
Gallotti e Sepúlveda Pertence, ao argumento de que o
dispositivo constitucional invocado veda à lei orgânica, tão-
só, a estipulação de mecanismo de fixação do número de
vereadores em desacordo com o que dizem as normas
constitucionais pertinentes. RE 172.004-RS, rel. orig. Min.
Néri da Silveira, rel. p/ o acórdão Min. Ilmar Galvão, 24.3.97

Telecomunicações - 1
Prosseguindo no julgamento da ação direta ajuizada
contra a lei que dispõe sobre serviços de telecomunicações
(Lei 9295/96), o Min. Marco Aurélio, divergindo do relator,
Min. Carlos Velloso (v. Informativo 64), quanto ao art. 4 o da
mencionada lei, votou pelo deferimento da liminar para
suspender a eficácia do dispositivo, ao argumento de que as
expressões “permissão” e “concessão” não são, após o
advento da CF/88, sinônimas. Pediu vista dos autos, para
apreciar o pedido cautelar de suspensão da eficácia do
referido artigo, o Min. Maurício Corrêa.

Telecomunicações - 2
Examinando, no mesmo julgamento, o pedido de
suspensão liminar do artigo 13 da Lei 9.295/96 [“Art. 13 -
(VETADO). Parágrafo Único - O Ministério das
Comunicações, até que seja instalada a Comissão Nacional
de Comunicações - CNC, exercerá as funções de órgão
regulador, mantidas as competências de regulamentação,
outorga e fiscalização dos serviços de telecomunicações a
ele atribuídos pela legislação em vigor.”], o Tribunal
afastou, à primeira vista, a argüição de ofensa ao art. 66, § 2 o
da CF (“O veto parcial somente abrangerá texto integral de
artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.”), por
considerar que o par. único impugnado é independente do
caput vetado e auto-aplicável.

Telecomunicações - 3
Em relação ao mesmo dispositivo, o Tribunal deixou
de apreciar a tese de afronta ao art. 21, XI da CF (“Compete
à União ... XI - explorar, diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador...”), visto que suscitada na ADIn por omissão
1.484 (com vista à Procuradoria-Geral da República para
parecer). ADIn 1.491-UF, rel. Min. Carlos Velloso, 02.4.97

Art. 104 do CPP


A inexistência de previsão de recurso ordinário no
art. 104 do CPP (“Se for argüida a suspeição do órgão do
Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem
recurso, podendo antes admitir a produção de provas no
prazo de três dias.”) não afasta o cabimento, em tese, de
recurso extraordinário para o STF. Com este entendimento, o
Tribunal julgou procedente reclamação proposta contra
decisão monocrática que negara seguimento ao agravo de
instrumento interposto da decisão que recusara trânsito ao
recurso extraordinário. Determinou-se, assim, o
processamento do agravo de instrumento. RCL 631, rel. Min.
Octavio Gallotti, 3.4.97

Tempus regit actum


Acolhendo questão de ordem suscitada pelo relator, o
Tribunal indeferiu diligência requerida pela defesa do
indiciado no sentido de sustar o pedido de licença de que
trata o art. 53, § 1o da CF (“§ 1o. Desde a expedição do
diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão
ser... processados criminalmente sem prévia licença de sua
Casa”) para que o Procurador-Geral da República pudesse
ratificar, ou não, a denúncia oferecida antes da posse do
indiciado no cargo de deputado federal, fato gerador da
competência penal originária do STF. Invocou-se, para tanto,
a decisão do Tribunal no INQ 571 (QO), rel. Min. Sepúlveda
Pertence (RTJ 147/902), em que se firmou o entendimento
de que não há ilegitimidade superveniente do autor da
denúncia, já que isso afrontaria o postulado tempus regit
actum, bem como o princípio da indisponibilidade da ação
penal. INQ 1.028 (QO), rel. Min. Moreira Alves, 03.4.97

Mesa Diretora: Reeleição


O Tribunal afastou a tese da inconstitucionalidade do
art. 29, I, b da Constituição de Rondônia, na redação dada
pela EC 3/92 (“b) será de dois anos o mandato para
membros da Mesa Diretora, sendo permitida a recondução
para o mesmo cargo na mesma legislatura.”), por ofensa ao
§ 4o do art. 57 da CF, que veda a recondução dos membros
das respectivas Mesas do Congresso Nacional para o mesmo
cargo na eleição imediatamente subseqüente. Preservou-se a
orientação firmada na Representação 1.245, rel. Min. Oscar
Corrêa (RTJ 119/964), no sentido de que tal preceito não
configura um princípio constitucional de observância
compulsória pelos Estados. ADIn 793-RO, rel. Min. Carlos
Velloso, 03.4.97

Conselheiro e Idade
No mesmo julgamento, acolheu-se a argüição de
inconstitucionalidade do art. 48, I, § 1o da Constituição de
RO, com a redação da EC 3/92, que fixou — quanto ao
requisito etário para nomeação de Conselheiro ao Tribunal
de Contas do Estado —, tão-só, a idade mínima de trinta e
cinco anos. O Tribunal entendeu que a regra do art. 73, § 1 o ,
I da CF ( “Os Ministros do Tribunal de Contas da União
serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os
seguintes requisitos: I - mais de trinta e cinco e menos de
sessenta e cinco anos de idade.”) constitui preceito de
observância compulsória pelos Estados à vista do que dispõe
o art. 75 da CF (“As normas estabelecidas nesta Seção
aplicam-se, no que couber, à organização, composição e
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados ...”). ADIn
793-RO, rel. Min. Carlos Velloso, 03.4.97

Taxa e Preço Público


Declarada incidentalmente a inconstitucionalidade
do art. 10 da Lei 2.145, de 29.12.53, com a redação dada
pelo art. 5º, da Lei 8.387, de 30.12.91, que instituía a
cobrança de emolumento para a concessão de licença de
importação e delegava à autoridade administrativa a
elaboração de tabela anual para “ressarcimento dos custos
incorridos nos respectivos serviços”. Ao argumento de que
a alteração legislativa produzida não conseguiu transformar a
taxa de licenciamento de importação em preço público, o
Tribunal entendeu que a norma impugnada ofendia o
princípio da legalidade tributária (art. 150, I, da CF e art. 97,
IV, do CTN), visto que não fixava a base de cálculo, nem a
sua alíquota. Precedente citado RE 167.992-PR (DJU de
10.2.95). RE 188.107-RS, rel. Min. Carlos Velloso, 20.3.97.

PRIMEIRA TURMA
Verba de Gabinete
Conhecido e provido recurso extraordinário para
cassar decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Norte concessiva de mandado de segurança a ex-deputados
estaduais e pensionistas de parlamentares falecidos contra
ato do Governador do Estado que determinara a exclusão da
base de cálculo dos respectivos proventos e pensões da
“verba de gabinete” paga aos deputados no exercício do
mandato. A Turma entendeu que a verba em questão não
tem conteúdo remuneratório, mas indenizatório, já que se
destina a cobrir despesas do parlamentar em exercício com a
administração do seu próprio gabinete. Assim, deve-se
observar o disposto no art. 27, § 2 o da CF (“A remuneração
dos Deputados Estaduais será fixada em cada legislatura,
para a subseqüente, pela Assembléia Legislativa, observado
o que dispõem os arts. 150, II, 153, III e 153, § 2 o, I, na
razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquela
estabelecida, em espécie, para os Deputados Federais.”).
Acolheu-se, ainda, a tese da afronta ao art. 37, XI da CF, que
cuida do limite máximo, bem como da relação de valores
entre a maior e a menor remuneração dos servidores
públicos. RE 204.143-RN, rel. Min. Octavio Gallotti,
25.03.97.

ICMS e Cooperativas
Ao prever que a lei complementar estabelecerá
normas gerais sobre o “adequado tratamento tributário ao
ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas”, o
art. 146, III, c, da CF não concedeu imunidade tributária às
cooperativas. Com base nesse fundamento, e entendendo
que, enquanto não for promulgada a lei complementar ali
mencionada, o Estado-membro pode disciplinar o tratamento
tributário que entender adequado às cooperativas tendo em
vista a competência concorrente ditada pelo art. 24, I e § 3º
da CF , a Turma não conheceu de recurso extraordinário
fundado na alegação de afronta ao art. 146, III, c, da CF, em
que se questionava a incidência do ICMS sobre operações
praticadas por cooperativa. RE 141.800-SP, rel. Min.
Moreira Alves, 1º.4.97.

Agravo de Instrumento: Art. 544, § 1º do CPC


Não é taxativa a enumeração das peças de traslado
obrigatório contida na redação atual do § 1º do art. 544 do
CPC (“cópia do acórdão recorrido, da petição de
interposição do recurso denegado, das contra-razões, da
decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das
procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado”). Considerou-se que essa interpretação mais se
justifica em face da regra do § 3º do mesmo artigo (c/c § 4º),
que admite a conversão do agravo em recurso extraordinário,
pois, se constassem do instrumento apenas as peças de
traslado obrigatório, esta norma de direito processual restaria
sempre frustrada à falta de outros elementos necessários ao
exame de admissibilidade do apelo, como é o caso da
demonstração de sua tempestividade. Com esse
entendimento, a Turma recebeu, em parte, embargos para
declarar que o acórdão embargado não ofendeu os artigos
544, § 1º do CPC e 5º, II, XXXV e LV da CF, ao manter
decisão do relator que negara seguimento ao agravo, por
faltar no instrumento a certidão de publicação do aresto
impugnado. AG 177.682-PA (AgRg-EDcl), rel. Min.
Moreira Alves, 1º.4.97.

Aposentadoria de Servidor: Anulação Parcial


Não ofende o artigo 5º, LV, da CF (“aos litigantes,
em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes”), o ato de
autoridade que, sem procedimento administrativo e
portanto, sem dar ao interessado oportunidade de se
manifestar , retifica ato de aposentação de funcionário, para
excluir vantagens atribuídas em desconformidade com a lei.
Com base nesse entendimento, e afastando ainda a alegação
de afronta à garantia da irredutibilidade de vencimentos, a
Turma confirmou decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas.
RE 185.255-AL, rel. Min. Sydney Sanches, 1º.4.97.

SEGUNDA TURMA
Representação Processual da União
Entendendo que a Lei 8.022/90, ao dispor sobre a
competência da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
para a apuração, inscrição e cobrança da dívida ativa, não
impediu que este órgão promovesse a delegação de que trata
o § 5º do art. 29 do ADCT (“Cabe à atual Procuradoria-
Geral da Fazenda Nacional, diretamente ou por delegação,
que pode ser ao Ministério Público estadual, representar
judicialmente a União nas causas de natureza fiscal, na área
da respectiva competência, até a promulgação das leis
complementares previstas neste artigo.”), a Turma conheceu
e deu provimento a recurso extraordinário interposto pela
União (Fazenda Nacional) contra acórdão do TRF da 4ª
Região que, proferido antes da entrada em vigor da LC
73/93, julgara ilegal a portaria por meio da qual a PGFN
delegara à Procuradoria-Geral do INCRA a representação
judicial da União nas execuções fiscais relativas ao ITR. RE
164.970-PR, rel. Min. Carlos Velloso, 25/03/97.

Remuneração de Vereadores e Prefeitos


Considerando que a fixação da remuneração do
prefeito, do vice-prefeito e dos vereadores só há de viger na
sessão legislativa subseqüente, à vista do que dispõe o art.
29, V da CF (“Remuneração do Prefeito, do Vice-Prefeito e
dos Vereadores fixada pela Câmara Municipal em cada
legislatura, para a subseqüente ...”), a Turma não conheceu
do recurso extraordinário interposto pela Câmara Municipal
de Conselheiro Lafaiete contra decisão que julgara
procedente ação popular proposta com o objetivo de ver
declarada a nulidade da resolução editada pelo Legislativo
local, que fixara a remuneração dos referidos agentes
políticos para a mesma legislatura. RE 206.889-MG, rel.
Min. Carlos Velloso, 25.3.97.

Inclusão do ICM na Base de Cálculo do PIS


Julgando recurso extraordinário interposto por
empresa contribuinte do PIS em que se alegava, com base
em dispositivos da CF/69, a impossibilidade da inclusão do
ICM na base de cálculo daquela contribuição (faturamento),
ao argumento de que este imposto não constitui receita
própria da empresa, a Turma não conheceu do recurso por
entender tratar-se de questão de legalidade e não de
constitucionalidade. Precedente citado: RE 116.962-SP (DJU
de 6.12.96). RE 121.047-SP, rel. Min. Carlos Velloso,
1º.4.97.

Habeas Corpus: Competência


Considera-se como substitutivo de recurso ordinário
(CF, art. 105, II, a) o habeas corpus interposto contra decisão
denegatória de habeas corpus, ainda que tal decisão haja
sido proferida após o julgamento de apelação criminal
interposta pelo paciente. Com base nesse entendimento e
reformando decisão do STJ que, tendo por coator originário
o tribunal que julgara a apelação, declinara de sua
competência para conhecer do writ , a Turma declarou a
incompetência do STF e determinou a remessa dos autos
àquele Tribunal. HC 75.071-SP, rel. Min. Marco Aurélio,
1º.4.97.

Princípio do Contraditório
Ofende o princípio do devido processo legal (CF, art.
5º, LV) o acórdão que, embora afastando a intempestividade
da apresentação do rol de testemunhas pela ré nos autos de
ação indenizatória de acidente de trânsito, entendera não
haver prejuízo pela falta de oitiva daquelas testemunhas
porquanto os seus depoimentos já teriam sido tomados no
dia do acidente perante a autoridade policial. Considerando
que na fase administrativa não se observa o princípio do
contraditório, a Turma conheceu do recurso extraordinário e
lhe deu provimento para, anulando a sentença e o acórdão
recorridos, determinar a audição das testemunhas arroladas
tempestivamente. Precedente citado: RE 158.215-RS (DJU
de 7.6.96). RE 198.016-RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 1º.4.97.

Estabilidade: Requisito Temporal


A estabilidade concedida ao servidor público em
exercício há pelo menos cinco anos continuados na data da
promulgação da CF/88 (ADCT, art. 19) não exige que seja
esse período imediatamente anterior à 5.10.88. Com base
nesse entendimento, a Turma deu provimento a recurso
extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de
Justiça de São Paulo que negara o benefício da estabilidade a
professora da rede pública estadual que tendo exercido o
cargo por 10 anos continuados havia interrompido por um
ano o seu exercício no qüinqüênio que precedeu à CF/88.
Caso similar foi julgado pela 1a. Turma (RE 154.258-MG,
rel. Min. Moreira Alves, 5.11.96, Informativo 52). RE
170.665-SP, rel. Min. Carlos Velloso, 1º.4.97.

ADIn: Cabimento
Admite-se o ajuizamento de ação direta de
inconstitucionalidade perante tribunal de justiça estadual
contra lei municipal frente a dispositivos da Constituição
local (CF, art. 125, § 2º) ainda que estes dispositivos sejam
reprodução de normas da Constituição Federal.
Reconhecendo a eficácia jurídica das normas constitucionais
estaduais, a Turma conheceu e deu provimento a recurso
extraordinário contra acórdão do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo que julgara extinto o processo de ação
direta de inconstitucionalidade sem julgamento de mérito.
Precedente citado: RCL 383-SP (RTJ 147/404). RE 182.576-
SP, rel. Min. Carlos Velloso, 1º.4.97.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 2.4.97 3.4.97 8


1ª Turma 1.4.97 --------- 157
2ª Turma 1.4.97 --------- 97

CLIPPING DO DJ
4 de abril de 1997

ADIn N. 362-3 *
RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: (...)
O ingresso em cargo isolado ou cargo inicial de certa carreira deve
dar-se obrigatoriamente por concurso público à vista do que dispõe o
artigo 37 - II da Constituição Federal, com a ressalva dos cargos em
comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. O
Supremo já proclamou, em mais de um juízo plenário, a
inconstitucionalidade da ascensão funcional enquanto forma de
ingresso em carreira diversa daquela que o servidor público
começou por concurso. Ação direta julgada procedente com a
declaração de inconstitucionalidade do artigo.
* noticiado no Informativo 54

ADIn N. 1504-4 - medida liminar *


RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Pedido de liminar.
§ 1º do artigo 10 da Lei Complementar n° 9.070, de 2 de maio de
1990, do Estado do Rio Grande do Sul, bem como das Leis
autorizadoras de plebiscitos para emancipações e das subsequentes
Leis criadoras dos Municípios seguintes do mesmo Estado: (...)
- A alegada inconstitucionalidade do § 1º do artigo 10 da Lei
Complementar Estadual n° 9.070 já teve sua fundamentação jurídica
repelida pelo julgamento final da ADIN 733, quando esta Corte se
manifestou no sentido de que a expressão "populações diretamente
interessadas", que se encontra no artigo 18, § 4º, da atual
Constituição, só abrange a população da área que se pretende
desmembrar e não também a da área remanescente do município.
Falta de relevância da fundamentação jurídica do pedido.
- Rejeição da preliminar de não-conhecimento da ação direta no
tocante às leis autorizadoras da realização do plebiscito, sob o
fundamento de que se trata de leis meramente formais. Falta de
relevância necessária para a concessão da liminar no tocante aos
artigos 3ºs dessas leis.
- Artigos 3ºs das leis estaduais que criaram os municípios em causa.
Relevância jurídica do pedido. Hipótese de inconstitucionalidade em
virtude da significativa alteração das relações fáticas ocorridas após
a edição dessas leis.
- Ação direta conhecida, e, com referência ao pedido de
cautelar, deferida parcialmente, para suspender a eficácia, "ex nunc",
dos artigos 3ºs das leis criadoras de diversos municípios do Estado
do Rio Grande do Sul, as quais se acham arroladas na inicial, a
saber: (...).
* noticiado no Informativo 56

ADIn N. 1550-8 - medida liminar *


RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: (...)
1. As vantagens de natureza individual, como os adicionais por
tempo de serviço, entre outras, estão excluídas do teto remuneratório
do funcionalismo público (CF, arts. 37, XI, e 39, § 1º, in fine).
Precedentes.
2. A Constituição Federal consagra o princípio da irredutibilidade
dos vencimentos dos magistrados (art. 95, III), e bem assim os dos
funcionários públicos em geral (arts. 7º, VI, e 39, § 2º).
3. Pedido cautelar em ação direta de inconstitucionalidade deferido,
em parte, para suspender a eficácia da expressão "inclusive as
vantagens de caráter individual" contida no inciso II do art. 49 da
Constituição alagoana, com a redação dada pela Emenda
Constitucional nº 15, de 02.12.96, até o julgamento final da ação.
* noticiado no Informativo 58

AÇÃO ORIGINÁRIA N. 170-6 *


RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO
POPULAR. DEPUTADOS e MAGISTRADOS DO ESTADO DE
GOIÁS: REMUNERAÇÃO. LIMITE DA EC nº 1/92: SETENTA E
CINCO POR CENTO DA REMUNERAÇÃO DOS DEPUTADOS
FEDERAIS. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA "AD
CAUSAM" SUSCITADA PELOS MAGISTRADOS:
IMPROCEDÊNCIA. LEGISLATURA: C.F., art. 44, parág. único.
I. - Legitimidade passiva "ad causam" dos magistrados
goianos: Lei nº 4.717/65, art. 6º.
II. - Aplicabilidade, aos Desembargadores, em razão do
princípio da equivalência (C.F., art. 37, XI), do limite de
remuneração inscrito na EC nº 1/92.
III. - Inaplicabilidade, na legislatura em que foi promulgada a
EC nº 1/92, do limite de remuneração nela inscrito, dado que a EC
1/92 estabelece que a remuneração dos Deputados Estaduais será
fixada, em cada legislatura, para a subseqüente, em, no máximo,
setenta e cinco por cento da remuneração dos Deputados Federais.
Promulgada a EC nº 1/92 no curso da legislatura, certo que cada
legislatura tem a duração de quatro anos (C.F., art. 44, parág. único),
a regra nela inscrita terá vigência na legislatura iniciada em 1995.
IV. - O autor, vencido, fica isento de custas e do ônus da
sucumbência (C.F., art. 5º, LXXIII).
V. - Ação popular julgada improcedente.
* noticiado no Informativo 18

HABEAS CORPUS N. 72869-3


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: (...)
Tendo o legislador estabelecido à vista de duas causas
qualificadoras do tipo o aumento de pena entre um mínimo e um
máximo (de um terço até a metade), admite-se a fixação,
concomitante, pelo magistrado do aumento máximo da pena,
considerando o grau de reprovabilidade da conduta do agente.
Ausência de ilegalidade.
Ordem denegada.

HABEAS CORPUS N. 73838-9


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. 2. Alegação de menoridade de vinte e
um anos do paciente não considerada na fixação da pena. 3. Pena
estabelecida no mínimo legal. 4. Irrelevante o fato de não ter sido
referida a atenuante da menoridade, porque, não caberia fixar, a esse
fundamento, a pena abaixo do mínimo legal. 5. Precedentes do STF.
6. Habeas corpus indeferido.
HABEAS CORPUS N. 74286-6 *
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL.
ESTUPRO. VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS DE IDADE.
PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA (ARTIGOS 213 E 224, "A" DO
CÓDIGO PENAL). CASAMENTO DA VÍTIMA COM
TERCEIRO: EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (ART. 107, INC.
VIII, DO C.P.). DEFICIÊNCIA DE DEFESA.
"HABEAS CORPUS".
1. O pedido de "Habeas Corpus" não pode ser conhecido, no ponto
em que sustenta a extinção da punibilidade, pelo casamento da
ofendida, ocorrido posteriormente à sentença condenatória e antes
do acórdão que a confirmou.
2. É que tal fato não constou dos autos em que proferida a
condenação e só foi ventilado com a presente impetração, como
expressamente admitido na inicial.
3. Sendo assim, quanto a esse ponto, não pode, o Tribunal prolator
do acórdão impugnado, ser apontado como autoridade coatora, pois
nada constava dos autos a respeito do casamento da ofendida com
terceiro. Não se tratava, assim, de questão que estivesse devolvida à
sua consideração, mesmo de ofício.
4. Essa questão, portanto, pode ser suscitada, pela via própria,
perante o Tribunal competente.
5. O consentimento da ofendida, menor de 14 anos, para a
conjunção carnal, e mesmo sua experiência anterior não elidem a
presunção de violência, para a caracterização do estupro (artigos 213
e 224, "a", do C. Penal). Precedente.
6. No caso, ademais, não se alega experiência anterior da vítima,
nem a ocorrência de erro quanto a sua idade, mas, apenas e tão-
somente, que consentiu na prática das relações sexuais, o que não
basta para afastar a presunção de violência, pois a norma em questão
(artigo 224, "a", do C. Penal), visa, exatamente, a proteger a menor
de 14 anos, considerando-a incapaz de consentir.
7. Havendo o Defensor dativo praticado todos os atos que se lhe
poderiam exigir e tendo, inclusive, alcançado êxito parcial com sua
apelação, de que resultou considerável redução da pena, e não se
evidenciando, nos presentes autos, a alegada deficiência de defesa, é
de se repelir tal alegação.
8. "H.C." conhecido em parte, e, nessa parte, indeferido, cassada a
liminar.
* noticiado no Informativo 50

HABEAS CORPUS N. 74521-1


RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: (...)
2. O laudo pericial, segundo o acórdão, foi elaborado por dois
peritos oficiais, ainda que, por inadvertência, assinado apenas por
um.
3. De resto, a perícia, no caso, foi realizada antes da vigência da
Lei nº 8.862, de 28.3.1994, que deu nova redação ao art. 159 do
Código de Processo Penal.
4. Enquanto vigorou com sua redação originária o art. 159 do
Código de Processo Penal, a Súmula 361 do S.T.F. somente se
referiu aos peritos não-oficiais, pois sua jurisprudência posterior
considerou válido o laudo assinado por um só perito oficial. (...)

MANDADO DE INJUNÇÃO N. 446-3


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Mandado de Injunção. 2. Aposentadoria. Atividades
consideradas insalubres ou perigosas. Previsão no § 2º, do art. 186,
da Lei nº 8112/1990, que instituiu o regime único dos servidores
públicos da União, de "lei específica", aos fins da aposentadoria
especial. 3. Mandado de injunção para compelir o Chefe do Poder
Executivo a encaminhar projeto de lei sobre a matéria. 4. Nos
Mandados de Injunção nºs 425 e 444, o STF afirmou, acerca da
espécie, a impossibilidade jurídica do pedido, eis que não há direito
previsto na Constituição, no caso, a amparar os requerentes. 5. A
Constituição prevê, apenas, que Lei Complementar poderá diminuir
o tempo de serviço à aposentadoria; não há, destarte, direito previsto
na Constituição, especificamente, invocável pelos requerentes.
Somente lei complementar poderia fazer-lhes nascer título de direito
ao que pretendem. 6. Mandado de injunção não conhecido.

MANDADO DE INJUNÇÃO N. 498-6


RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
MANDADO DE INJUNÇÃO - OBJETO. O mandado de injunção
não é o meio próprio a ver-se declarada inconstitucionalidade por
omissão, considerado ato administrativo do Presidente da República
criando determinando conselho e deixando de contemplar
participação possivelmente assegurada, a entidade sindical, pelo
texto constitucional.
PRISÃO PREVENTIVA PARA EXTRADIÇÃO N. 194-1
RELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Extradição: prisão preventiva: prazo para a formalização
do pedido de extradição: divergência entre o art. 82, §§ 2º e 3º, da L.
6.815/80 - noventa dias contados da data em que efetivada a prisão
preventiva - e o art. VI do Tratado Brasil-Argentina - quarenta e
cinco dias, contados do recebimento do pedido de prisão preventiva,
vencidos os quais "o detido será posto em liberdade": prevalência,
no caso, do estipulado no acordo bilateral.
1. No sistema brasileiro, ratificado e promulgado, o tratado
bilateral de extradição se incorpora, com força de lei especial, ao
ordenamento jurídico interno, de tal modo que a cláusula que limita
a prisão do extraditando ou determina a sua libertação, ao termo de
certo prazo, cria direito individual em seu favor, contra o qual não é
oponível disposição mais rigorosa da lei geral.
2. De qualquer modo, ainda quando se pudesse admitir, em
questão de liberdade individual, que ao Estado requerente fosse dado
invocar, ao invés do tratado que o vincula ao Brasil, a norma a ele
mais favorável da lei brasileira de extradição, só o poderia fazer
mediante promessa específica de reciprocidade: ao contrário, pedida
a prisão preventiva com base no Tratado, e somente nele, há de
prevalecer o que nele se pactuou.

RECLAMAÇÃO N. 446-5
RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Reclamação. 2. Mandado de segurança impetrado por
magistrados e funcionários do Judiciário aposentados e pensionistas
do mesmo Poder contra atos do Poder Executivo, referentes ao
pagamento de proventos e pensões. 3. Inaplicabilidade à espécie do
art. 102, I, letra "n", da Constituição Federal. Não resulta dos
pedidos configurada qualquer das hipóteses previstas na alínea "n"
do dispositivo citado, em ordem a determinar-se a competência do
STF. 4. "Despesas de Custeio" e "Transferências Correntes". Saber
se as despesas com inativos e pensionistas hão de correr à conta da
dotação orçamentária estadual "transferências correntes" ou sob a
rubrica "despesas de custeio", não implica, desde logo, interesse da
magistratura em atividade. 5. Não há, assim, usurpação da
competência do STF, por parte do Tribunal de Justiça do Estado, ao
tomar conhecimento dos mandados de segurança de inativos e
pensionistas, que, sequer, atacam ato da Corte estadual. 6.
Reclamação improcedente.

RECLAMAÇÃO N. 526-7 *
RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: - Reclamação.
- Inexistência de atentado à autoridade do julgado desta Corte na
ADIN 347, porquanto, no caso, a ação direta de
inconstitucionalidade foi proposta com a argüição de ofensa à
Constituição Estadual, e não à Federal, e julgada procedente por
ofensa ao artigo 180, VII, da Carta Magna do Estado de São Paulo.
- Não ocorrência de usurpação da competência desta Corte por ter o
Tribunal de Justiça rejeitado a alegação incidente de que o citado
artigo da Constituição do Estado de São Paulo seria inconstitucional
em face da Carta Magna Federal. Controle difuso de
constitucionalidade em ação direta de inconstitucionalidade.
Competência do Tribunal de Justiça.
Reclamação improcedente.
* noticiado no Informativo 53

AG N. 179709-6 (AgRg)
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Agravo regimental interposto por meio de cópia
reprográfica. Sua inviabilidade.

AG N. 189787-2 (AgRg)
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: ACÓRDÃO QUE ENTENDEU PELA LEGITIMIDADE
DA PRÁTICA DO DIFERIMENTO DO ICM. PRETENSA
AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE
E DA COISA JULGADA.
Acórdão que se encontra em consonância com a jurisprudência desta
Corte, segundo a qual o diferimento do ICM não gera direito ao
crédito do tributo, nem ofende o princípio da não-cumulatividade,
não havendo que se falar, ainda, em coisa julgada se a decisão
invocada se refere a exercícios anteriores (Súmula 239 do STF).
Agravo regimental improvido.

RE N. 112649-3 (EDiv) *
REL. P/ AC.: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Prescrição de pretensão contra o Estado: parcela de
proventos de aposentadoria, não satisfeita pela Administração:
divergência entre o acórdão embargado, que entendeu prescrito o
fundo do direito pretendido, e o do RE 106.507, que, para tanto,
entendeu necessária a existência do indeferimento expresso a
requerimento do interessado; rejeição, contudo, dos embargos de
divergência, na linha do entendimento firmado no RE 110.419, dado
que, no caso, a controvérsia não gira em torno de quantificação da
vantagem pleiteada, mas sobre a própria subsistência do direito a
percebê-la.
* noticiado no Informativo 12

AG N. 174337-9 (AgRg-EDcl) - questão de ordem *


RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, ELEITORAL E
PROCESSUAL CIVIL.
1. Tornando-se manifesto o intuito protelatório do recorrente, ora
agravante-embargante, após a rejeição de seus Embargos
Declaratórios em Agravo Regimental em Agravo de Instrumento, a
1a. Turma do S.T.F., seguindo precedentes do Plenário e dela
própria, resolve Questão de Ordem, determinando o imediato
cumprimento de acórdãos do Tribunal Superior Eleitoral, proferidos
no Recurso 11.841-RJ-Classe 4ª RJ (Nova Friburgo) e nos
respectivos Embargos Declaratórios.
2. Decisão unânime. Precedentes.
* noticiado no Informativo 58

RE N. 195803-1 (EDcl)
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO E
PROCESSUAL CIVIL.
ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. CUSTAS PROCESSUAIS.
EMBARGOS DECLARATÓRIOS.
1. O acórdão embargado determinou que o Tribunal de origem,
levando em conta as premissas nele referidas, firmadas em Plenário,
bem como os elementos dos autos, julgue a apelação como de
direito.
2. Sendo assim, não há, até aqui, um desfecho final para a ação,
que justifique a condenação de qualquer das partes ao pagamento de
honorários advocatícios e custas processuais.
3. Não ocorrendo, pois, a alegada omissão, os Embargos são
rejeitados.

RE N. 116438-7
RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Recurso extraordinário. Júri. 2. Acórdão do Tribunal de
Justiça que anulou o julgamento do Júri, porque entendeu haverem
os jurados reconhecido qualificadora em manifesta divergência com
a prova dos autos, considerando, de outra parte inviável mera
retificação da pena imposta. 3. Desdobramento do recurso
extraordinário inicialmente interposto pelo Ministério Público em
recurso especial, com base nas alegações de negativa de vigência de
normas infraconstitucionais e dissídio jurisprudencial, e em recurso
extraordinário, por ofensa ao art. 153, § 15, da Emenda
Constitucional nº 1/1969. 4. Recurso especial conhecido, por
divergência jurisprudencial, mas desprovido. 5. O recurso de
apelação, nas causas penais submetidas ao Júri, tem caráter restrito.
Deduzida a apelação criminal com fundamento no art. 593, III, letra
"d", do Código de Processo Penal, não é possível ao Tribunal de
Justiça reconhecer, em desfavor do réu, nulidades processuais que
não foram formalmente deduzidas no recurso do Ministério Público.
Também se a apelação da defesa invoca o art. 593, III, letra "d", do
CPP, buscando a anulação da decisão condenatória, para que se
realize novo julgamento, não cabe ao Tribunal ampliar os limites
estabelecidos pela própria defesa e corrigir eventual erro ou injustiça
na aplicação da pena. 6. No caso concreto, a Corte a quo, no
julgamento do recurso da defesa, teve efetivamente como contrária à
prova dos autos a inclusão da qualificadora, acolhida pelo Júri,
sendo o fundamento da apelação, tão-só, o art. 593, III, letra "d", do
CPP. Não podia, em conseqüência, o Tribunal de Justiça, desde logo,
modificar a decisão do Júri, desclassificando o crime para homicídio
simples, como pretende o Ministério Público, no recurso
extraordinário. Não há ver, na espécie, assim, ofensa ao parágrafo 15
do art. 153, da Emenda Constitucional nº 1/1969. 7. Recurso
extraordinário não conhecido.

RE N. 137262-1 *
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Deve ser entendida em conformidade com a legislação
bancária, vigente à época do contrato, a expressão "crédito rural"
utilizada no art. 47, II do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias de 1988.
* noticiado no Informativo 31
RE N. 140965-7
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - A Constituição Federal de 1988, no § 9º de seu art. 42,
remeteu a disciplina a estabilidade dos militares à lei ordinária, que
de modo algum a confere aos oficiais temporários.

RE N. 143741-3
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: CONCURSO PARA O CARGO DE TÉCNICO DO
TESOURO NACIONAL. ACÓRDÃO QUE CONCLUIU PELA
ILEGITIMIDADE DA EXIGÊNCIA DA IDADE MÁXIMA DE 35
ANOS. ALEGADA VIOLAÇÃO ÀS NORMAS DOS ARTS. 7º,
INC. XXX E 37, INC. I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
A Constituição Federal, em face do princípio da igualdade, aplicável
ao sistema de pessoal civil, veda diferença de critérios de admissão
em razão de idade, ressalvadas as hipóteses em que a referida
limitação constitua requisito necessário em face da natureza e das
atribuições do cargo a preencher.
Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 146318-0
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PRECATÓRIO. PAGAMENTO
NA FORMA DO ART. 33, ADCT. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS E PERICIAIS: CARÁTER ALIMENTAR.
ADCT, ART. 33.
I. - Os honorários advocatícios e periciais têm natureza alimentar.
Por isso, excluem-se da forma de pagamento preconizada no art. 33,
ADCT.
II. - R.E. não conhecido.

RE N. 150165-1
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
SERVIDOR PÚBLICO. CONCURSO PÚBLICO. LIMITE DE
IDADE. TÉCNICO DO TESOURO NACIONAL. C.F., art. 7º,
XXX, art. 39, § 2º.
I. - Pode a lei, desde que o faça de modo razoável, estabelecer
limites mínimo e máximo de idade para ingresso em funções,
emprego e cargos públicos. Interpretação harmônica dos artigos 7º,
XXX, 39, § 2º, 37, I, da Constituição Federal.
II. - O limite de idade, no caso, para inscrição em concurso público e
ingresso na carreira de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional, não se
assenta em exigência etária ditada pela natureza das funções do
cargo, dado que o edital excetua da discriminação os ocupantes de
cargo ou emprego da Administração Federal Direta e Autarquias. A
limitação, portanto, é ofensiva à Constituição, art. 7º, XXX, "ex vi"
do art. 39, § 2º.
III. - Precedentes do STF: RMS 21.033-DF, RTJ 135/958; RMS
21.046; RE 156.404-BA; RE 157.863-DF; RE 175.548-AC; RE
136.237-AC; RE 146.934-PR; RE 156.972-PA.
IV. - R.E. não conhecido.

RE N. 162874-0
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRABALHO. PROCESSO
TRABALHISTA. JUROS DE MORA: Decreto-lei nº 2322, de
26.02.87. PROCESSOS EM CURSO: INCIDÊNCIA.
I. - O Decreto-lei nº 2322, de 26.02.87, que contém norma
processual, aplica-se aos processos em curso, conforme, aliás,
determinado no § 2º do seu art. 3º. Ele não se aplicaria, conforme
decidiu o Supremo Tribunal Federal, no RE 135.193-RJ, se houvesse
coisa julgada em sentido diferente. No caso, o processo encontra-se,
ainda, na fase de conhecimento. Inocorrência de ofensa aos
princípios do direito adquirido e do ato jurídico perfeito (C.F., art.
5º, XXXVI).
II. - R.E. não conhecido.

RE N. 180196-4
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: Exclusão de praça da Polícia Militar, no regime da
Constituição de 1967 (Emenda nº 1/69).
Desigualdade da natureza do serviço e do regime jurídico a que
estão sujeitos servidores civis e militares, de modo a afastar a
postulação de tratamento isonômico, entre uma e outra categoria,
como preconizado pelo Recorrente.
Conseqüente inexigibilidade da instauração de inquérito.

RE N. 185862-1 *
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: (...)
I. - Isenção de tributos estaduais e municipais concedidas pela União
sob o pálio da Constituição pretérita, art. 19, § 2º. Isenção do ICM,
hoje ICMS, em razão do Programa de Exportação - BEFIEX, com
prazo certo de dez anos e mediante condições. A sua revogação, em
face da proibição de concessão, por parte da União, de isenção de
tributos estaduais e municipais — CF, art. 151, III — há de observar
a sistemática do art. 41, §§ 1º e 2º do ADCT. Em princípio, ela
somente ocorreria dois anos após a promulgação da CF/88, dado que
não confirmada pelo Estado-membro. Todavia, porque concedida
por prazo certo e mediante condições, corre em favor do contribuinte
o instituto do direito adquirido (CTN, art. 178; CF, art. 5º, XXXVI;
ADCT, art. 41, § 2º; Súmula 544-STF). Quer dizer, a revogação
ocorrerá após o transcurso do prazo da isenção.
II. - R.E. conhecido e provido.
* noticiado no Informativo 51

RE N. 192963-4
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA:- CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
SERVIDOR PÚBLICO. ISONOMIA. C.F., art. 39, § 1º.
I. - A Constituição Federal não concedeu isonomia direta às carreiras
jurídicas. Essa isonomia deve ser viabilizada mediante lei. C.F., art.
39, § 1º. ADin 171-MG, Pertence, RTJ 153/361.
II. R.E. conhecido e provido.

RE N. 195788-3 *
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Taxa de Fiscalização, Localização e Funcionamento, da
Municipalidade de São Paulo.
Ilegitimidade da cobrança, pela ausência de materialização do
poder de polícia da Prefeitura, cuja existência foi negada, em face da
prova dos autos, pelas instâncias ordinárias.
* noticiado no Informativo 34

RE N. 197800-7
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: PROCURADOR DE AUTARQUIA FEDERAL.
ACÓRDÃO RECORRIDO QUE NÃO CONHECEU DE AGRAVO
REGIMENTAL POR FALTA DE PROVA, MEDIANTE JUNTADA
DE MANDATO, DE PODERES DE REPRESENTAÇÃO DO
ÓRGÃO. EXIGÊNCIA DESCABIDA.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal preceitua que os
procuradores autárquicos que atuam em juízo pela autarquia
federativa não cumprem mandato, mas exercem atribuição de seu
cargo, dispensando-se, assim, a apresentação de procuração ou de
ato de designação para atuar em nome do órgão.
Recurso extraordinário conhecido em parte e nela provido para que
o Tribunal a quo, afastada essa exigência, prossiga no exame do
agravo regimental.

RE N. 206082-8
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
SERVIDOR PÚBLICO. MAGISTÉRIO: GRATIFICAÇÃO. Lei
Complementar nº 645, de 1989, do Estado de São Paulo.
I. - Gratificação pelo exercício do magistério: não se estende aos que
já se encontravam inativados, dado que o benefício se sujeita a
requisitos que já não podem ser atendidos pelo servidor aposentado.
II. R.E. não conhecido.

RMS N. 22489-8 *
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Despacho de Ministro do Tribunal Superior do
Trabalho, que implicou a reabertura do prazo para preparo de
embargos.
Sendo ele recorrível por meio de Agravo de Instrumento (art.
893, § 1º, da C.L.T., art. 338, h, do Regimento Interno do TST, e
enunciado nº 214 da Súmula da mais alta Corte trabalhista), não
cabe, contra o mesmo, mandado de segurança (art. 5º, II, da Lei nº
1.533-51 e Súmula nº 267 do Supremo Tribunal).
* noticiado no Informativo 42

RHC N. 73209-7
RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. 2. Trancamento da ação penal. Crime
de imprensa. Calúnia. Deputado estadual. 3. Licença prévia da
Assembléia Legislativa do Estado: art. 27, § 1º, da Constituição
Federal. 4. Discurso considerado ofensivo à honra de outro
parlamentar proferido da tribuna da Casa Legislativa e declarações à
imprensa, segundo a denúncia, reiterando as acusações. 5. Pedido de
licença à Assembléia Legislativa, pelo Relator da ação penal movida
pelo Ministério Público. 6. Imunidade material e imunidade formal.
7. Quando se cuida de manifesta ilegitimidade de parte, cabe
precedência ao exame da admissibilidade da ação penal, não se
justificando o prévio pedido de licença à Casa Legislativa. 8. No
caso concreto, entretanto, o Procurador-Geral da Justiça, em virtude
de representação do Secretário da Justiça do Estado, ofereceu
denúncia contra o parlamentar estadual, em face não do discurso
proferido da tribuna, mas, sim, de acusações tidas como ofensivas à
honra, publicadas em órgão da imprensa, relativamente a fatos
vinculados ao exercício do cargo. 9. Não se tratando, pois, de
ilegitimidade ativa do Ministério Público, prima facie verificável, e
não cabendo, desde logo, em habeas corpus, solver a discussão
resultante do confronto das acusações feitas da tribuna e das
publicadas na imprensa, para concluir, de imediato, se a hipótese é
de imunidade material, ou não, - diante do conteúdo referido da
denúncia, não há ver, aqui, constrangimento ilegal no prévio pedido
de licença dirigido à Assembléia Legislativa, para o processo.
Somente ao ensejo do recebimento da denúncia, se houver
concessão da licença, será, então, de merecer apreciação a quaestio
juris referente à imunidade material alegada no presente recurso. 10.
Recurso de habeas corpus desprovido.

Acórdãos publicados: 425

Assessores responsáveis pelo Informativo


Altair Maria Damiani Costa
Maria Ângela Santa Cruz Oliveira
Márcio Pereira Pinto Garcia
informativo@stf.gov.br

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