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19/02/2023 15:36 CURITIBA — Caso Lava Jato

CURITIBA

Ainda sem ter nome definido, as investigações da Operação Lava Jato começaram em 2009, com a apuração
de crimes de lavagem de recursos relacionados ao ex-deputado federal José Janene (PP), em Londrina (PR).
Além dele, estavam envolvidos nos crimes os doleiros Alberto Youssef e Carlos Habib Chater. Youssef já
havia sido investigado e processado por crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de
dinheiro no Caso Banestado (leia mais em FAQ), no início dos anos 2000. Como a lavagem do dinheiro ocorria
no Paraná, a investigação foi ancorada na vara especializada em lavagem de dinheiro da Justiça Federal
naquele estado.
Em 2013, a partir de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, os investigadores começaram a
monitorar as conversas dos doleiros e identificam quatro organizações criminosas que se relacionavam
entre si. A primeira era chefiada por Chater (cuja investigação ficou conhecida como Operação Lava Jato,
nome que acabou sendo usado, mais tarde, para se referir também a todos os casos); a segunda, por Nelma
Kodama (Operação Dolce Vita); a terceira, por Alberto Youssef (Operação Bidone); e a quarta, por Raul Srour
(Operação Casa Blanca).
A primeira fase da Lava Jato foi deflagrada em 17 de março de 2014, com a prisão dos quatro doleiros e seus
comparsas. Na segunda fase ostensiva, já em 20 de março, foram cumpridos seis mandados de busca e
apreensão no Rio de Janeiro. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi preso.
Para analisar todo o material apreendido nas primeiras etapas da investigação e propor acusações, o então
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, designou, em abril de 2014, um grupo inicial de seis
procuradores da República para atuar no caso. Atualmente a força-tarefa em Curitiba é composta por 15
procuradores.
Primeiras denúncias – As primeiras denúncias do MPF no caso foram apresentadas à Justiça Federal no
mesmo mês em que foram realizadas as primeiras fases. Com o avanço das investigações, a força-tarefa
conseguiu comprovar o mega esquema de corrupção que tomou conta da Petrobras, incluindo diversos
diretores que atuavam sob orientação de partidos políticos (MDB, PP e PT) ,e que mantinham relações
espúrias com executivos de empreiteiras.
As apurações revelaram que, durante pelo menos dez anos, de 2004 a 2014, estruturou-se uma
organização criminosa dentro e em torno da Petrobras, formada por quatro núcleos principais, cujo objetivo
era desviar dinheiro da estatal. Os quatro núcleos eram formados por empreiteiras, executivos de alto
escalão e outros funcionários da Petrobras, operadores financeiros e, por fim, agentes e partidos políticos.
Em um dos principais esquemas criminosos desvelado pela operação, as empreiteiras organizavam-se em
cartel a fim de escolher, como em um jogo de cartas marcadas, as vencedoras das licitações da Petrobras.
Os preços cobrados à estatal eram inflacionados, definidos fora das regras de competição do mercado,
causando prejuízos à administração pública.
Para vencer licitações e disputas para obras da Petrobras, diretores recebiam propina das empreiteiras que
venciam as licitações e encaminhavam esses valores para políticos e outros agentes públicos. Ao longo da
operação, com diversos procedimentos reforçados por robustas provas e depoimentos de colaboradores, foi
possível desenhar um verdadeiro quadro da corrupção que atingiu a estatal petrolífera e outros órgãos
federais.
Avanço para outros órgãos – Com uma enormidade de fatos sob apuração e aprofundamento dos trabalhos,
verificou-se que os esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro tinham ramificações para além da
Petrobras. Ao longo da investigação, foi verificada a prática de ilícitos em outros órgãos como Caixa
Econômica Federal, Ministério da Saúde, Ministério do Planejamento e Eletrobras. Por meio de decisões do

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Supremo Tribunal Federal (STF) as apurações relacionadas à construção da Usina Nuclear Angra 3, que já
contava com uma denúncia contra 15 pessoas, foram desdobradas para a Justiça Federal do Rio de Janeiro, e
aquelas sobre o Ministério do Planejamento, repassadas para a Justiça Federal de São Paulo.
No Paraná, além das apurações relacionadas à estatal petrolífera, os trabalhos avançaram sobre o governo
estadual e os contratos celebrados para obra de uma rodovia federal com a empreiteira Odebrecht e sobre a
atuação de concessionárias de pedágio. Cinco denúncias já foram oferecidas no âmbito da operação
envolvendo esses fatos. Os processos tramitam na Justiça Federal do Paraná.

Ferramentas de investigação – Na operação foram utilizados instrumentos essenciais para o avanço dos
trabalhos de investigação, como persecução penal eficiente, mecanismos de cooperação internacional com
mais de 50 países, acordos de colaboração e de leniência, big data na análise de grande volume de dados e
coordenação entre órgãos, como Polícia Federal e Receita Federal. Aliado a isso, a transparência e
publicidade na divulgação do resultado das investigações.
Desmembramento das investigações entre STF e Primeira instância – Em maio de 2014, uma reclamação da
defesa do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para o Supremo Tribunal Federal
(STF) suspendeu as investigações por algumas semanas. A defesa alegava que haviam sido investigadas
pessoas que somente o Supremo poderia investigar, em especial, deputados federais. Após receber
informações adicionais sobre o caso, o ministro Teori Zavascki concluiu que não houve usurpação por parte
do juiz, porque a identificação de parlamentares era recente e o STF já havia sido informado sobre o fato. O
julgamento determinou a cisão do caso, para que apenas a parte relativa aos parlamentares indicados
permanecesse no STF.

Equipe

A FT do MPF no Paraná é formada por procuradores da República que estão nos trabalhos de investigação
na primeira instância junto a Justiça Federal do estado. Foi inicialmente designada em abril de 2014 e, desde
então, vem sendo renovada ano a ano.

Membros efetivos atuais:


Alexandre Jabur
Antônio Augusto Teixeira Diniz
Athayde Ribeiro Costa
Felipe D´Elia Camargo
Joel Bogo
Júlio Carlos Motta Noronha
Laura Tessler
Luciana de Miguel Cardoso Bogo
Orlando Martello Junior
Paulo Roberto Galvão
Roberson Henrique Pozzobon
Januário Paludo

Procuradores que colaboram com a FT:


Filipe Andrios Brasil Siviero
Leonardo Gonçalves Juzinskas
Paulo Henrique Cardozo
Ramiro Rockenbach da Silva Matos Teixeira de Almeida

Procuradores que já atuaram na FT:

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Alessandro José Fernandes de Oliveira


Andrey Borges de Mendonça
Antônio Carlos Welter
Carlos Fernando dos Santos Lima
Deltan Martinazzo Dallagnol 
Diogo Castor de Mattos
Isabel Cristina Groba Vieira
Jerusa Burmann Viecili
Juliana de Azevedo Santa Rosa Câmara
Marcelo Ribeiro Oliveira
 

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