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CURITIBA
Ainda sem ter nome definido, as investigações da Operação Lava Jato começaram em 2009, com a apuração
de crimes de lavagem de recursos relacionados ao ex-deputado federal José Janene (PP), em Londrina (PR).
Além dele, estavam envolvidos nos crimes os doleiros Alberto Youssef e Carlos Habib Chater. Youssef já
havia sido investigado e processado por crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de
dinheiro no Caso Banestado (leia mais em FAQ), no início dos anos 2000. Como a lavagem do dinheiro ocorria
no Paraná, a investigação foi ancorada na vara especializada em lavagem de dinheiro da Justiça Federal
naquele estado.
Em 2013, a partir de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, os investigadores começaram a
monitorar as conversas dos doleiros e identificam quatro organizações criminosas que se relacionavam
entre si. A primeira era chefiada por Chater (cuja investigação ficou conhecida como Operação Lava Jato,
nome que acabou sendo usado, mais tarde, para se referir também a todos os casos); a segunda, por Nelma
Kodama (Operação Dolce Vita); a terceira, por Alberto Youssef (Operação Bidone); e a quarta, por Raul Srour
(Operação Casa Blanca).
A primeira fase da Lava Jato foi deflagrada em 17 de março de 2014, com a prisão dos quatro doleiros e seus
comparsas. Na segunda fase ostensiva, já em 20 de março, foram cumpridos seis mandados de busca e
apreensão no Rio de Janeiro. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi preso.
Para analisar todo o material apreendido nas primeiras etapas da investigação e propor acusações, o então
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, designou, em abril de 2014, um grupo inicial de seis
procuradores da República para atuar no caso. Atualmente a força-tarefa em Curitiba é composta por 15
procuradores.
Primeiras denúncias – As primeiras denúncias do MPF no caso foram apresentadas à Justiça Federal no
mesmo mês em que foram realizadas as primeiras fases. Com o avanço das investigações, a força-tarefa
conseguiu comprovar o mega esquema de corrupção que tomou conta da Petrobras, incluindo diversos
diretores que atuavam sob orientação de partidos políticos (MDB, PP e PT) ,e que mantinham relações
espúrias com executivos de empreiteiras.
As apurações revelaram que, durante pelo menos dez anos, de 2004 a 2014, estruturou-se uma
organização criminosa dentro e em torno da Petrobras, formada por quatro núcleos principais, cujo objetivo
era desviar dinheiro da estatal. Os quatro núcleos eram formados por empreiteiras, executivos de alto
escalão e outros funcionários da Petrobras, operadores financeiros e, por fim, agentes e partidos políticos.
Em um dos principais esquemas criminosos desvelado pela operação, as empreiteiras organizavam-se em
cartel a fim de escolher, como em um jogo de cartas marcadas, as vencedoras das licitações da Petrobras.
Os preços cobrados à estatal eram inflacionados, definidos fora das regras de competição do mercado,
causando prejuízos à administração pública.
Para vencer licitações e disputas para obras da Petrobras, diretores recebiam propina das empreiteiras que
venciam as licitações e encaminhavam esses valores para políticos e outros agentes públicos. Ao longo da
operação, com diversos procedimentos reforçados por robustas provas e depoimentos de colaboradores, foi
possível desenhar um verdadeiro quadro da corrupção que atingiu a estatal petrolífera e outros órgãos
federais.
Avanço para outros órgãos – Com uma enormidade de fatos sob apuração e aprofundamento dos trabalhos,
verificou-se que os esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro tinham ramificações para além da
Petrobras. Ao longo da investigação, foi verificada a prática de ilícitos em outros órgãos como Caixa
Econômica Federal, Ministério da Saúde, Ministério do Planejamento e Eletrobras. Por meio de decisões do
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Supremo Tribunal Federal (STF) as apurações relacionadas à construção da Usina Nuclear Angra 3, que já
contava com uma denúncia contra 15 pessoas, foram desdobradas para a Justiça Federal do Rio de Janeiro, e
aquelas sobre o Ministério do Planejamento, repassadas para a Justiça Federal de São Paulo.
No Paraná, além das apurações relacionadas à estatal petrolífera, os trabalhos avançaram sobre o governo
estadual e os contratos celebrados para obra de uma rodovia federal com a empreiteira Odebrecht e sobre a
atuação de concessionárias de pedágio. Cinco denúncias já foram oferecidas no âmbito da operação
envolvendo esses fatos. Os processos tramitam na Justiça Federal do Paraná.
Ferramentas de investigação – Na operação foram utilizados instrumentos essenciais para o avanço dos
trabalhos de investigação, como persecução penal eficiente, mecanismos de cooperação internacional com
mais de 50 países, acordos de colaboração e de leniência, big data na análise de grande volume de dados e
coordenação entre órgãos, como Polícia Federal e Receita Federal. Aliado a isso, a transparência e
publicidade na divulgação do resultado das investigações.
Desmembramento das investigações entre STF e Primeira instância – Em maio de 2014, uma reclamação da
defesa do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para o Supremo Tribunal Federal
(STF) suspendeu as investigações por algumas semanas. A defesa alegava que haviam sido investigadas
pessoas que somente o Supremo poderia investigar, em especial, deputados federais. Após receber
informações adicionais sobre o caso, o ministro Teori Zavascki concluiu que não houve usurpação por parte
do juiz, porque a identificação de parlamentares era recente e o STF já havia sido informado sobre o fato. O
julgamento determinou a cisão do caso, para que apenas a parte relativa aos parlamentares indicados
permanecesse no STF.
Equipe
A FT do MPF no Paraná é formada por procuradores da República que estão nos trabalhos de investigação
na primeira instância junto a Justiça Federal do estado. Foi inicialmente designada em abril de 2014 e, desde
então, vem sendo renovada ano a ano.
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