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19 de abril de 2000
15h10min – Paulinho foi encaminhado para uma clínica particular para a realização
de uma tomografia do crânio.
21h00min – Paulinho recebeu o primeiro medicamento pós operação. Ele foi sedado
com DORMONID e o medicamento foi aplicado durante toda a madrugada.
20 de abril de 2000
21 de abril de 2000
13h00min – ÁLVARO IANHEZ resolveu transferi-lo. Uma UTI móvel foi utilizada para
transportar PAULINHO. Durante o trajeto, acompanhado pelo tio de Paulinho, o
respirador falhou e o procedimento começou a ser realizado manualmente por um
enfermeiro que estava na UTI.
22 de abril de 2000
REHDER afirma neste novo laudo, que o exame mostrou “um grande hematoma
intracraniano” o que seria uma situação grave. Porém, documentos constantes no
inquérito n°. 39/01 DPFB/VAG/MG mostram o contrário. Segundo o documento
IDENTIFICAÇÃO E DADOS DO DOADOR, Paulinho foi internado em GLASGOW 10.
Glasgow é uma escala utilizada pelos neurologistas para facilitar a identificação do
estado clínico do paciente.
Escala de Glasgow
Outra prova está na ficha de anestesia para a cirurgia realizada com base na
tomografia. O anestesista MARCO PACHECO, avaliou PAULINHO de acordo com a
tabela da Associação Americana de Anestesiologia (Tabela ASA), que é utilizada no
BRASIL e em quase todos os países.
E nesta direção, o art. 11º da Resolução CFM Nº. 997/80 estabelece que
o Diretor Técnico, principal responsável pelo funcionamento dos
Estabelecimentos de Saúde, terá obrigatoriamente sob sua responsabilidade
a supervisão e coordenação de todos os serviços técnicos do
estabelecimento, que a ele ficam subordinados hierarquicamente; Portanto,
ao Diretor Técnico compete à supervisão da prática médica realizada na
instituição.
Art. 3° (...)
2. (...)
É certo que a dúvida deve beneficiar o acusado, mas não quando o acusado
subtrai provas do processo de investigação a fim de ocultar evidências de
crimes.
Mas percebe-se que ninguém foi responsabilizado por tais atos. Vale lembrar
que a chapa da tomografia (principal elemento do exame) consta
desaparecido até hoje, mais de 18 anos após o assassinato.
1º. Diagnostico de Morte Encefálica
(...)
a) Hipotermia
( )Sim ( ) Não
Para que uma central seja aciona para fins de captação, a Resolução
1.480/97 determina que:
Resolução 1.480/97
“QUE sob o ponto de vista legal não houve morte encefálica de PAULO
no HOSPITAL PEDRO SANCHES, mas de fato, na prática o paciente já
estava morto”.
É este o motivo pelo qual o segundo exame não foi anotado e sequer
realizado.
“não sabia que PAULO PAVESI fora medicado com DORMONID, sendo
apresentado ao inquirido, neste ato, a prescrição de fls. 88, do DR.
BONFITTO, a quem está afeto ao procedimento, segundo alega, mas
assegura que a prescrição contém quantidade excessiva”.
Sobre este fato, o neurologista JOSÉ LUIZ GOMES DA SILVA relatou que:
(...)
É vedado ao médico:
Também às 18h05min:
Todos os rins doados na região ficavam com IANHEZ, uma vez que ele se
autodenominava coordenador de uma Central que estranhamente o
MINISTÈRIO DA SAÚDE não reconhecia, mas que efetuava religiosamente os
pagamentos das captações.
“como houve perfusão cerebral, manteve conversa com o dr. ÁLVARO por
volta das 21:30 e esse avaliou que o paciente poderia ser descartado como
doador de órgãos, pois com o decorrer do tempo esta suscetível contrair
infecções (...)”
“o paciente não foi transferido no dia 20, pelo fato de não ter sido ainda
constatada a morte encefálica do mesmo através de exame; QUE o
declarante como médico intensivista responsável pelo paciente não podia
expor o mesmo a riscos durante o deslocamento até a SANTA CASA, e ainda
o Dr. ÁLVARO não assumiu a necessidade de remoção devido a
impossibilidade da realização da retirada de órgãos em função do tempo
passado.”
Depois de aguardar toda a manhã pelo óbito de PAULINHO que não ocorreu,
ÁLVARO IANHEZ decidiu transferi-lo para o HOSPITAL DA SANTA CASA, sob
o pretexto de realizar o exame de arteriografia com melhores “condições”,
alegando inclusive que o HOSPITAL DA SANTA CASA era o único autorizado
na região para a realização de Retirada de Órgãos e transplante. De fato o
HOSPITAL PEDRO SANCHES não poderia realizar tais procedimentos.
Às 13h00min PAULINHO foi colocado na UTI móvel ainda vivo e enviado para
o HOSPITAL DA SANTA CASA. Durante o percurso, o respirador mecânico
falhou e o respirador manual “ambu” foi utilizado. Segundo foi apurado no
inquérito, Paulinho foi submetido a uma segunda Arteriografia. Mas as
provas mostram o contrario.
Tal laudo que não existia na auditoria, mas passou a fazer parte do inquérito
da Polícia Federal, apresenta o resultado do exame às 13h35min quando o
próprio radiologista afirma que o exame tenha se encerrado por volta das
17h00min.
Na prática, qualquer ato praticado na SANTA CASA já era inválido uma vez
que ÁLVARO IANHEZ participou efetivamente dos diagnósticos no HOSPITAL
PEDRO SANCHES quando PAULINHO estava massivamente sedado como
admitiu o neurologista. Tanto é verdade que sua morte não foi comprovada.
Sem as chapas, com um laudo forjado e apenas com uma definição verbal do
radiologista, PAULINHO foi novamente considerado morto.
Paulinho ainda estava vivo quando foi encaminhado para a mesa de cirurgia
para a retirada de órgãos. O médico SÉRGIO POLI GASPAR utilizou anestesia
geral inalatória (ETHRANE) logo após classificá-lo como "Paciente moribundo
com perspectiva de óbito dentro de 24 horas, com ou sem cirurgia".
Todo doador de órgãos deve ser classificado como ASA VI que significa
"Paciente com morte cerebral, mantido em ventilação controlada e perfusão,
para doação de órgãos”. Ao verificarmos a classificação que SÉRGIO POLI
escreveu no documento, percebemos que Paulinho foi classificado como ASA
V que significa "Paciente moribundo com perspectiva de óbito em 24 horas,
com ou sem cirurgia", Portanto VIVO!
Em 2004 foi instalada a CPI DO TRÁFICO DE ÓRGÃOS a partir do caso
PAULINHO. O anestesista foi inquirido em 06/07/2004 durante audiência em
Brasília, sobre o uso da classificação ASA V.
SÉRGIO POLI GASPAR não assume a classificação que fez, alegando que não
fazia parte de sua literatura a classificação ASA VI, utilizada desde 1984
conforme e-mail enviado pela American Society of Anesthesiologists, e que já
fazia parte da tabela ASA. Na próxima imagem pode-se ler o e-mail enviado
e recebido com a resposta sobre a data da criação do parâmetro ASA VI.
Documento de aprovação:
Além da classificação física, outra evidência de que PAULINHO estava vivo foi
confirmada pelo próprio anestesista quando escolheu o tipo de anestesia
para a cirurgia de retirada de órgãos. SÉRGIO POLI administrou ANESTESIA
GERAL com o uso de anestésico inalatório. Se PAULINHO estivesse morto,
não haveria a necessidade de se utilizar qualquer tipo de anestesia.
De fato SÉRGIO POLI não é obrigado a ter quatro mãos. Para isso existem as
auxiliares que inclusive, naquele dia, eram muitas. A resolução do Conselho
Federal de Medicina sobre a tarefa da anestesia é clara ao determinar que
todo anestesista deve avaliar o paciente para poder selecionar o tipo
adequado de medicamento a ser utilizado, bem como é expressa a
responsabilidade do anestesista no ato deste procedimento.
Se SÉRGIO POLI GASPAR não utilizou anestesia geral como ele mesmo
escreveu, ou como a enfermeira detalhou inclusive citando o nome do
medicamento utilizado ETHRANE, precisamos achar o motivo que uma 3ª.
pessoa tivesse solicitado o medicamento durante e a cirurgia.
O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Não, eu, de cabeça, não sei. Nunca
decorei. Eu tenho livros disso, mas eu nunca decorei, não.
O SR. SÉRGIO POLI GASPAR: Seja claro. Seja claro o que o senhor
quer que eu responda.
A mentira pode enganar muitos, mas não engana a todos. SÉRGIO POLI
GASPAR, participou da retirada de órgãos de Paulinho, administrando
anestesia geral com o uso do medicamento ETHRANE, e classificou-o como
um "paciente moribundo com perspectiva de óbito em 24 horas com ou sem
cirurgia", portanto VIVO.
O SR. CÉLIO JACINTO DOS SANTOS - Para começar, o Dr. Félix, que
era o médico responsável pelo paciente, ele assinou o documento de
morte encefálica do paciente sem conhecer a legislação. Não conhece
quais são os critérios previstos na Resolução nº 1.480 para
diagnosticar a morte encefálica. E ele participou efetivamente do
atendimento e assinou o protocolo de morte encefálica. O horário da
morte que ele apontou no prontuário indicava que os órgãos foram
captados, de acordo com as anotações dele, com o paciente em vida.
Demonstrou desconhecer os procedimentos e os atos normativos
atinentes, e vários outros fatores, como o atendimento, porque o
paciente nessa circunstância não foi recolhido, não deu entrada na
UTI. Ele permitiu que outros médicos desenvolvessem procedimentos
temerários, um dos quais foi também indiciado, o Dr. João Alberto
Góes Brandão...
Dentre estes que não lograram aprovação conforme a lei, está CÉLIO
JACINTO DO SANTOS. A ação popular sob o número
2004.71.13.00042-3 a exemplo do caso Paulinho, ao que tudo indica,
afundou nas margens da corrupção. As evidências que CÉLIO
JACINTO DOS SANTOS não conseguiu enxergar, não constam apenas
na Ficha de Anestesia, que é apenas um documento de um conjunto
preenchido a propósito deste procedimento.
SEM MORTE ENCEFALICA?
Na imagem acima, destaco uma das comparações feita por Cinelli utilizando
o mesmo documento. Podemos observar o uso da letra “S” na 1ª. linha:
“SEM M.E.” e também na 5ª. Linha onde está escrito “SUPRA RENAL”.
A resposta é bastante simples. Primeiro que a pratica era habitual, tanto que
outros casos vieram a tona durante as investigações levando outros
profissionais a responderem pelo homicídio de outros doadores. Segundo e
principal, é a questão da validade dos órgãos. A validade de cada órgãos
doado tem como base o momento da parada cardíaca. Esta informação é de
vital importância para o aproveitamento dos órgãos. Ao anotar que Paulinho
estava SEM MORTE ENCEFELICA, a equipe esta ciente que a validade
passaria a contar a partir daquele momento.
Venda das córneas de Paulinho
§5º A autorização terá validade pelo prazo de dois anos, renovável por
períodos iguais e sucessivos, verificada a observância dos requisitos
estabelecidos nas Seções seguintes.
É evidente que uma família que conta com a ajuda de profissionais da saúde
de sua cidade, para acumularem fundos para o pagamento de uma cirurgia,
não podem DOAR R$ 500,00 para uma instituição qualquer. É fato que se
esta mãe não doasse o dinheiro, seu filho não seria atendido, e portanto, a
emissão de cheque pré-datado demonstra o desespero e constrangimento
que a família foi submetida.
Podemos então afirmar que as leis citadas nesta denúncia, não servem para
nada?
Central de Transplantes comandada por ÁLVARO IANHEZ era clandestina, pois não
possuía sequer ato constitutivo ou até mesmo um CNPJ.
Acima é possível visualizar que a palavra ARTERIOGRAFIA está escrita sob outra
palavra que foi apagada. Esta ficha de Anestesia foi forjada pelo HOSPITAL PEDRO
SANCHES.
Tal atitude permitia aos médicos que retirassem os órgãos que desejassem
sem que a família soubesse. Com isso, o órgão poderia ser comercializado,
pois sem a necropsia, jamais saberíamos.
Art. 7° (VETADO)
Estes fatos foram narrados muito antes dos acontecimentos que culminaram na
morte PAULINHO. MOSCONI não é membro da equipe credenciada pela portaria
357. O deputado federal preferiu seguir outros caminhos. Membro do corpo clínico
dos hospitais SANTA CASA DE POÇOS DE CALDAS e PEDRO SANCHES, o deputado
com freqüência enviava verbas, ambulâncias e o que mais lhe pedissem. O relator
da lei de doação presumida de órgãos, onde todo e qualquer brasileiro era um
potencial doador em um leito de UTI, foi MOSCONI. Para o chefe de uma central de
transplantes clandestina, como MOSCONI, retirar órgãos humanos com o
consentimento presumido certamente aumentaria a produção. Por sorte, a
população reagiu e lutou contra este roubo de corpos vivos e a lei acabou sendo
retirada em 2001, logo após o assassinato de PAULINHO.
O ex-deputado federal tem uma grande história política. Sua carreira foi marcada
com quatro legislaturas em Brasília: 1983-1987, 1987-1991, 1995-1999 e 1999-
2003.
Destas legislaturas MOSCONI conseguiu emplacar apenas um projeto, que foi a PEC
82 que destina verbas para a área de saúde. Licenciou-se do mandato de Deputado
Federal na legislatura 1983-1987, para exercer o cargo de Secretário de Saúde do
Governo do Distrito Federal, de 1985 a 1986. Licenciou-se do mandato de
Deputado Federal na legislatura 1995-1999, para exercer o cargo de Secretário de
Assuntos Municipais do Estado de Minas Gerais, de 6 de fevereiro de 1997 a 2 de
abril de 1998.
"Venho à tribuna para uma difícil tarefa, mas muito importante para mim,
como cidadão brasileiro, representante do sul de Minas nesta Casa e médico:
falar de um assunto mostrado no programa Fantástico, ontem à noite, pela
TV Globo. Trata-se de reportagem feita em razão de denúncia a respeito de
transplante de rim e doação de órgãos feitos na minha cidade, Poços de
Caldas.
“Tenho aqui em minhas mãos a Portaria n.º 357, do dia 21 de julho de 1999,
assinada por esse Senhor Secretário de Ações de Saúde do Ministério da
Saúde, que diz o seguinte: o Secretário de Assistência à Saúde, no uso de
suas atribuições legais, faz uma série de considerações sobre dispositivos
legais, e diz assim: considerando a manifestação favorável da Central de
Transplantes de Minas Gerais, resolve:
Como é que eu faço com essa gente honesta, correta, abnegada da minha
terra que trabalha o tempo todo pelo SUS e que é execrada pelo Ministério
da Saúde?
Eu fui conivente com essa situação, ou talvez omisso, e agora não posso
assinar a CPI da Corrupção?
Claramente MOSCONI exigiu uma resposta para que não assinasse a CPI DA
CORRUPÇÃO, bastante temida na época pelo presidente FERNANDO HENRIQUE
CARDOSO. E o Ministro da Saúde JOSÉ SERRA respondeu através do oficio
105/2001 ASPAR/GM/MS, em 28/03/2001:
Confesso que não consegui encontrar, até porque todos os passos referentes
ao episódio de Poços de Caldas, foram informados pessoalmente à vossa
Excelência pela equipe do Ministério da Saúde.”
Atenciosamente
Manoelito Magalhães Junior
Assessor Especial do Ministro.”
Depois desta troca de elogios e favores, todos os crimes cometidos passaram a não
ter mais o mesmo peso que tinham antes no Ministério Público Federal e na Polícia
Federal.
Com o bloqueio dos transplantes que eram realizados na SANTA CASA, segundo os
administradores, o hospital entrou em profunda crise financeira. Não é possível
aceitar que o repasse das verbas referentes a transplantes representasse a maioria
do faturamento do hospital. A menos que os transplantes realizados, iam alem
daqueles oficialmente declarados.
Muitas perguntas ficariam sem respostas convincentes que serão expostas nesta
denúncia. Um inquérito foi aberto pelo delegado JUAREZ FRANCISCO VINHAS e
aponta diversas contradições, e incômodas descobertas.
“na data de 24/04, estava marcado uma reunião para as oito horas o
conselho diretor para avaliar a situação financeira da SANTA CASA, na qual
deveria participar o CARLÃO; QUE para a surpresa do depoente, quando
aguardavam CARLÃO para a referida reunião, receberam a notícia de que
CARLÃO teria sido baleado na estrada Bortolan”
Esta suposta e frágil confissão infelizmente não pode ser comprovada. Já a diretora
clínica da SANTA CASA, REGINA MARIA BATAGINI CIOFI, disse em depoimento
também em 02/05/2002 à polícia civil que:
REGINA MARIA BATIGINI CIOFI ainda fez questão de mencionar que MARCONDES
estava atualmente usando calmantes:
“acredita que seu marido não tinha motivos para suicidar; QUE solicita
investigarem o motivo de CARLÃO ter vindo a cidade e retornado ao
Bortolan, momento antes de ser ferido com arma de fogo”.
Segundo a polícia, CARLÃO não teve companhias em seu carro naquele dia. Embora
algumas pessoas tenham afirmado terem visto CARLÃO e 3 pessoas em seu carro
em direção ao Bortolan (onde MARCONDES foi encontrado), o delegado não
conseguiu em sua investigação comprovar tal fato. No depoimento de um vizinho
do administrador, o recepcionista EMERSON DOS SANTOS disse em depoimento à
Polícia no dia 20/05/2002 que:
“QUE o declarante foi descendo à rua para pegar o ônibus Circullare do outro
lado da avenida quando deparou com o carro de CARLÃO, achando muito
estranho, olhou para dentro do veículo que estava somente com o vidro da
porta do passageiro aberta vendo a vítima com a boca ensangüentada
segurando um revólver na mão”;
Tal relato comprova que alguém estava ao lado de MARCONDES, pois não é uma
atitude natural de qualquer motorista andar com o vidro do passageiro aberto.
O laudo Nº 175/02 do posto médico legal de Poços de Caldas relata que “diante dos
dados colhidos durante a necropsia e dos resultados, concluímos que a morte
ocorreu por HEMORRAGIA CEREBRAL CONSEQUENTE A FERIDA PÉRFURO-
CONTUSA”. O Laudo apresenta um desenho evidenciando o local da entrada do
projétil e de uma fratura causada pelo mesmo.
A arma de CARLOS MARCONDES e o projétil encontrado dentro do crânio só foram
periciadas em 17/05/2002, quase um mês após o fato, embora a arma tenha sido
apreendida no dia 24/04/2002 bem como o projétil, retirado pelos legistas no
mesmo dia do mês de abril.
Portanto já era possível afirmar que a bala tenha sido disparada de uma arma
calibre 38, e também poderíamos afirmar que a arma que estava nas mãos de
CARLOS MARCONDES também era de calibre 38. Porém, não no inquérito qualquer
laudo pericial que afirme que a bala 38 encontrada no crânio de MARCONDES tenha
sido disparada da arma que estava nas mãos dele.
Restou apurado que a vítima estava com “depressão” e chegou a dizer para a
testemunha REGINA MARIA CIOFFI BATAGINI a seguinte expressão: “O CARLÃO
acabou, não tem mais jeito”, e estava com dificuldade para alimentar e dormia
sobre efeito de calmantes (...)
“O local estava isolado pelos Policiais Militares, porém não havia sido
preservado pois o veículo estava com as portas fechadas e a arma (revolver
38) estava no interior da viatura da PM. ”
Além disso, os peritos em nenhum momento afirmam que o caso era de suicídio.
Verificando os outros laudos, como já citei anteriormente, não qualquer
comprovação de que a bala tenha sido disparada da arma do administrador, e tal
como os outros laudos, não afirmam ser um caso de suicídio. Mesmo assim a
conclusão do delegado é SUICÍDIO. E para comprovar a sua tese, o delegado
afirma:
Outro fato curioso é que o delegado VINHAS afirma na conclusão do inquérito que:
“como advogado da SANTA CASA, foi informado pelo próprio CARLÃO, que
este havia quitado o veículo de ANGELA, a faculdade do filho e que estava
tirando seus pertences pessoais de sua sala e levando para a sua casa isto
um dia antes dos fatos.”
Por que SÉRGIO LOPES teria omitido relato tão importante em seu primeiro
depoimento?
A família de MARCONDES soube que SÉRGIO LOPES, ex-policial militar retirou o
carro do pátio após ser periciado, levando o mesmo à um lava rápido onde
determinou que o carro fosse lavado por duas vezes. Após lavar, LOPES ligou para
a família e solicitou o pagamento das diárias do estacionamento bem como as
lavagens do carro. Sempre alegando ser advogado da SANTA CASA, LOPES tinha
acesso ao que desejasse, em qualquer momento. O fato de ser um ex policial
também facilitava as coisas na delegacia.
Desta vez, VINHAS insiste e afirma que “há indícios no IP de que a vítima CARLÃO
havia premeditado sua morte”, provavelmente referindo-se ao depoimento de
SÉRGIO LOPES. VINHAS afirma ainda que a viúva de MARCONDES teria contratado
SÉRGIO ROBERTO LOPES para que o mesmo recebesse o carro do marido depois
da perícia, apesar da viúva negar a contratação.
Desta vez, a viúva ANGELA MARIA ARRUDA MARCONDES solicita através de seus
advogados que o delegado JUAREZ VINHAS responda algumas perguntas. IEMINI
também solicita o depoimento de MARIA JOSÉ DA RÉ. As perguntas apresentadas
foram por ANGELA demonstram que SÉRGIO LOPES agiu sem o consentimento da
família ao pegar o carro e lavá-lo por duas vezes.
Meu nome foi mencionado por vários envolvidos no caso Paulinho, como um
provável suspeito. Infelizmente nunca foi ouvido nestes inquéritos e os processos
que me acusavam de fazer ameaças de morte, desapareceram ou foram
arquivados.
Pela última vez, vencendo pelo cansaço, o delegado JUAREZ VINHAS novamente da
o caso como encerrado, tendo como resultado o suicídio.
Segundo VINHAS, os grampos telefônicos tinham como único objetivo vigiar seus
funcionários. Em sua última intervenção, o promotor de justiça WAGNER IEMENI
DE CARVALHO desabafa:
MM. Juiz,
Dentre os documentos que tive acesso, não existe qualquer indicação de que os
empréstimos tenham sido repassados à SANTA CASA. Sabe-se que operações como
estas, são utilizadas para a criação de um caixa 2, destinados ao uso pessoal. É
possível inclusive que as laranjas não sejam tão bondosas, e só participavam destas
operações mediantes à fartas comissões. O certo é que além de todos estes
procedimentos fraudulentos, a SANTA CASA ainda pagava pelo empréstimo, juros
com taxas astronômicas.O que mais impressiona é que estas pessoas que limparam
as gavetas de CARLÃO quando o mesmo foi suicidado, dominam também o
SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE POÇOS DE CALDAS.
Após insistir na descoberta da verdade dos fatos e estas informações públicas,
passei a ser perseguido pelo Ministério Publico Federal que me processou por
injuria, calunia e difamação. A ação tinha como testemunha o delegado da Policia
federal CELIO JACINTO DOS SANTOS. A exemplo da ação movida por JACINTO
contra mim, fui absolvido. Mas desta vez, a juíza reconhece a verdade em minhas
denuncias:
Atualmente vivo na Itália, após em 2008 pedir asilo político ao governo Italiano
apresentado estes fatos, documentos, vídeos, copias de processos judiciais e
testemunhas. De acordo com a convenção de genebra de 1951, o caso Paulinho
não poderia ser considerado político, e por isso o asilo foi convertido em asilo
humanitário. Em seguida, o governo italiano reconheceu a minha descendência
italiana e concedeu a cidadania a mim e a toda a minha família.
Não sei qual era a intenção de Carlos Mosconi ao determinar que eu fosse
denunciado por ameaças de morte a Marcondes, antes de ele ser suicidado. Mas
acho que deveriam investigar quem recebiam os valores movimentados em caixa 2
pelos administradores do hospital, e principalmente, descobrir por que sumiram as
fitas com as gravações do centro cirúrgico e demais telefones do hospital.
A morte de Marcondes não traria a família Pavesi qualquer beneficio, mas para
alguns políticos, seu desaparecimento seria uma dádiva. Lamento que alguns
destes políticos covardes se escondam sob o manto da impunidade parlamentar.
ULTIMAS CONSIDERAÇÕES
Acredito que este processo somente atinja uma verdade jurídica – que deve
ser o objetivo – se for levado para outro estado e julgado em tribunal isento,
sem a influencia política de Carlos Mosconi. Devemos lembrar que no Brasil,
a saúde não é uma questão de cidadania e sim uma questão política. Muitos
votos são arrecadados graças a supostas ações de políticos em prol de uma
instituição de saúde, quando na verdade, deveria ser uma obrigação, já que
tudo é feito com base na arrecadação de impostos. Como demonstro aqui, o
beneficio político também se estende ao beneficio financeiro privado. Graças
a movimentações financeiras fraudulentas sem qualquer fiscalização,
enormes quantidades de dinheiro deságuam em contas indevidas.
Tenho visto com freqüência, o deputado Carlos Mosconi afirmar que esta
negociando a volta dos transplantes a Poços de Caldas, alegando que os
médicos foram absolvidos pois tudo se tratava de uma grande calunia. Tal
comportamento demonstra que a justiça esta em segundo plano e que sua
força política é capaz de sobrepor aos interesses de uma sociedade. Que
voltem os transplantes, mas que voltem com médicos honestos que não
sobrevivam da morte de doadores.
Paulo Airton Pavesi, pai de Paulinho, assassinado aos 10 anos de idade para
fins de trafico de órgãos.