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Brasília-DF
2002
Copyright © Conselho da Justiça Federal
ISBN 85-85572-66-3
ISSN 0104-6225
Gilson Dipp
Ministro do STJ
SUMÁRIO
Introdução
Objetivo geral
Objetivos específicos
Introdução ao crime de lavagem de dinheiro
Caracterização do crime de lavagem de dinheiro na Lei
n. 9.613/98
Metodologia
Plano amostral
Coleta de dados
Análise dos dados
Características da população estudada
Participação em eventos e cursos
Incidência dos crimes de lavagem de dinheiro
Sigilo bancário
Constitucionalidade da lei
Liberdade provisória e fiança
Aplicabilidade da Lei n. 9.613/98
Objetivos normativos da Lei n. 9.613/98
Abrangência da lei
Estruturas dos órgãos competentes
Obrigações de comunicar as operações financeiras e
demais transações
Delação premiada
Sanções administrativas
Inversão do ônus da prova
Prazo de 24 horas para comunicar as operações
Dificuldades, sugestões e comentários
Conclusão
Bibliografia
Anexos
Anexo A. Instrumento de coleta de dados dos delegados da
Polícia Federal
Anexo B. Instrumento de coleta de dados dos procuradores da
República
Anexo C. Instrumento de coleta de dados dos juízes federais
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Objetivos específicos
__________________________
2
Diário da República Portuguesa, I série A, no 205, p. 4.731-4.732 de 6/9/91.
expressão blanchiment de l’argent. Nos Estados Unidos, a expressão uti-
lizada é money laundering e laundering of monetary instruments. Nesse
sentido, o Brasil está empregando a terminologia dominante no exterior.
A movimentação de dinheiro sujo nos sistemas financeiros nos Esta-
dos ao redor do mundo é vultosa. Estima-se que um trilhão de dólares sejam
movimentados mundo afora. Essa gama de dinheiro é capaz de abalar a
estabilidade de alguns governos e de destruir as políticas já estabelecidas.
Segundo dados da imprensa, o dinheiro lavado é reinvestido, em grande
parte, em atividades financeiras, mas também no setor imobiliário, no
comércio e até, de forma mais reduzida, na indústria e no setor
agroalimentar (Arnaldo Wald, 1997, p. 35).
Em muitos casos, o dinheiro oriundo de atividades ilícitas acaba sendo
ocultado na aquisição de ativos financeiros, de bens móveis e imóveis, ou
mesmo empregado em atividades aparentemente lícitas, muitas vezes, com
certa conivência de pessoas ligadas a entidades financeiras que emprestam
seus nomes e suas contas bancárias para compensação de cheques. As in-
vestigações feitas pelo Estados Unidos indicam que as principais insti-
tuições financeiras do Brasil não participam conscientemente de lava-
gem de dinheiro, sendo usadas, contudo, para tanto (Souza Netto, 1999,
p. 45). Ainda de acordo com o mesmo autor (1999, p. 46), as bolsas de
valores, através do Anexo IV, uma instrução do Banco Central que faci-
lita a entrada de recursos externos por isentar de impostos sobre lucros
e as contas CC5 são também instrumentos de lavagem de dinheiro sujo
no Brasil. Outros conseguem enviar o produto do crime para o exterior,
para paraísos fiscais, com ajuda de consultores financeiros.
Uma vez praticada a atividade criminosa, a questão passa a ser de
como gozar com segurança e tranqüilidade das rendas ilícitas, tornando-as
legais. É por essa razão que os infratores procuram a ajuda de consultores
que os auxiliam a ocultar os recursos obtidos ilicitamente e a encobrir as
pistas para que o crime não seja descoberto.
Nosso país foi inserido nos processos internacionais de lavagem, de-
vido a vários fatores decisivos para que esse crime se expandisse, dentre
eles, destacam-se: o trânsito de drogas ilícitas no nosso território, a crise
fiscal e institucional vivenciada no Brasil, o processo inflacionário dos anos
80 e o aumento do mercado informal de trabalho.
As normas penais passam por três fases distintas em sua trajetória.
A primeira consiste em tomar consciência da existência do problema. A
segunda fase consiste em conhecer bem o problema e elaborar uma re-
gulamentação que considere as suas necessidades. A última etapa, e a
mais difícil em nosso país, é colocar em prática a lei e aplicá-la na sua
totalidade.
Dessa forma, adotou-se o modelo clássico de lavagem de dinheiro,
compreendido como processo que engloba três etapas diferenciadas: “a
conversão, a dissimulação e a integração”. Essas etapas são analisadas se-
paradamente por razões didáticas. Segundo Zanchetti apud Maia (1999, p.
37), a lavagem é um processo, suscetível de análise com os instrumentos
da ciência econômica ou da ciência jurídica, mas dificilmente
desdobrável em fases distintas.(...) Com certeza, as definições
legislativas que tentam decompor o processo em fases cronológicas e
logicamente distintas são destinadas à inadequação.
A primeira é a fase da “ocultação”, quando o dinheiro de origem ilícita
passa pela primeira transformação, com vistas a adquirir menos visibilidade.
Nesse momento, existem mais chances de se desvendar o crime de lava-
gem, tendo em vista o pequeno lapso temporal entre o momento do crime e
esta primeira etapa na lavagem do dinheiro “sujo”. E é esta constatação
que fundamenta o dever de cooperação e vigilância das instituições
bancárias e financeiras (Bosworth-Davies e Saltmarsh apud Maia, 1999,
p. 38). Nessa fase, o agente costuma “ocultar” as rendas ilícitas nas institui-
ções financeiras, nos bancos, nas casas de câmbio, aproveitando-se de “in-
termediários”.
A segunda etapa do processo é a “dissimulação”. Nessa fase, o agen-
te busca afastar o máximo possível o dinheiro “sujo” de sua origem, dando-
lhe uma aparência de legalidade. Ocorrem, com freqüência, múltiplas e su-
cessivas operações e transações financeiras, remessas aos paraísos fiscais,
exportações superfaturadas, etc. Por outro lado, cada vez mais atuam
neste passo os consultores financeiros e jurídicos internacionais que
idealizam as operações ilegais, vendem seu know-how, mas não têm
qualquer contato material com os ativos ilícitos (Maia, 1999, p. 39).
A última etapa é a “integração,” ou seja, o capital ilícito retorna ao
mercado através da compra de bens, da aquisição e/ou investimento em
empresas e estabelecimentos lícitos, assim como através do reinvestimento
desse capital obtido em negócios lícitos na própria atividade delituosa, cri-
ando-se um autêntico ciclo econômico.
CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE LAVAGEM
DE DINHEIRO NA LEI N. 9.613/98
__________________________
3
Os incisos I, II e § 2º e 3º do art. 10 e os incisos I, II e §1o do art. 11 ainda não foram
regulamentados.
O crime de lavagem de dinheiro deve ser compreendido sob a pers-
pectiva de problema social e econômico transnacional para, sob esse enfoque,
ser analisado como instituto jurídico. Esse crime estabelece-se como um
abrangente processo sócio-econômico que acontece em quase todos os
países do mundo.
Quanto à caracterização desse crime, no caso brasileiro, conforme Maia
(1999: 96-97), trata-se (a) crime pluriofensivo, com as mesmas tutelas
jurídicas já enunciadas; (b) perigo concreto, já que em qualquer caso
estas condutas deverão colocar em risco efetivo a administração da Jus-
tiça; (c) formal, ainda que resultando naturalisticamente na conversão
de bens, ativos e valores oriundos dos crimes antecedentes em ativos apa-
rentemente lícitos, a valoração é antecipada para a conduta de conver-
ter, que eventualmente poderá caracterizar situação de crime permanen-
te; (d) subsidiário, eis que, se efetivamente obtida mediante a conversão
a pretendida meta de ocultação ou dissimulação dos ativos ilícitos, a con-
duta não mais estará subsumida neste inciso, mas enquadrar-se-á no tipo
do caput; (e) comum, não se exigindo qualquer qualidade especial do su-
jeito ativo e abrangendo o autor do crime antecedente; (f) de forma livre,
que, em geral, será plurisubsistente, isto quando a modalidade de con-
versão utilizada permitir o fracionamento do iter criminis, e, portanto,
nestes casos, admitindo a forma tentada; e (g) doloso, sob a faceta exclu-
siva de dolo direto revestido de especial fim de agir. Diante deste, fica
afastada a ocorrência sob a forma de dolo eventual.
O crime de lavagem de dinheiro é um crime de conduta e não de
dano. Pelo art. 1o, § 1o, da Lei n. 9.613/98 podem se tornar co-autores
desse crime, todos os que travaram contato com os criminosos. Uma das
críticas de Ives Gandra (1997, p. 29) a essa legislação é o risco que corre
todo o sistema financeiro, empresas e pessoas que participam da movimen-
tação financeira que podem ser enquadradas nos crimes de lavagem de
dinheiro como co-autores. O autor menciona que não há empresa de capi-
tal aberto no mundo, sem exceção, que não tenha uma parcela de di-
nheiro do narcotráfico. Segundo o mesmo autor, essa lei carece de rigor
científico e é imperfeita tecnicamente.
Só poder-se-á enquadrar nos crimes previstos nessa lei quando hou-
ver a consciência da ilicitude da conduta. Dessa forma, é necessário que o
agente saiba da procedência ilícita do dinheiro em movimentação, não pre-
cisando que esse agente tenha absoluta certeza sobre o fato, mas apenas a
consciência do ilícito. Será de suma importância que se verifique no caso
concreto quais os processos que o agente utilizou para lavar o dinheiro
oriundo de fontes ilícitas para que se verifique assim se o dolo (elemento
subjetivo) está presente.
Com relação ao processo e julgamento dos crimes previstos na Lei n.
9.613/98, segue o procedimento comum dos crimes punidos com reclusão,
previstos no Código de Processo Penal. O rito processual será moroso,
principalmente por tratar-se de um crime de elucidação complexa. Não terá
um trâmite rápido como seria desejável.
No art. 2o, II, da Lei dos crimes de lavagem consta que o processo e
o julgamento desses crimes independem dos crimes antecedentes, mesmo
os praticados em outro país. Nesse contexto, essa lei segue o princípio da
autonomia do processo. Não se requer que haja processo do crime antece-
dente para que o autor do crime de lavagem seja condenado. Exige-se a
comprovação da origem ilícita dos recursos ocultos ou lavados. É necessá-
rio que haja a comprovação da ocorrência do crime antecedente previsto
nos incisos do art. 1o dessa lei. Essa exigência é um pressuposto de validade
da própria relação processual. Assim, a punição dos crimes de lavagem
independe da efetiva punição dos crimes antecedentes, contudo, requer-se
a prova da origem ilícita dos recursos lavados.
A competência estadual ou federal para julgar os crimes de lavagem
de dinheiro firmar-se-á através do exame de cada caso concreto. Nesse
sentido, esses crimes serão julgados pela Justiça Federal quando praticados
contra o sistema financeiro e a ordem econômica financeira, ou em detri-
mento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas e quando o crime antecedente for de com-
petência da Justiça Federal, conforme dispõe o art. 2o, inc. III, da Lei n.
9.613, de 3 de março de 1998, que trata da lavagem ou ocultação de bens,
direitos e valores. Dessa forma, a Justiça Federal será competente para co-
nhecer e julgar o caso, quando a lavagem afetar a economia, ferindo assim
os interesses da União.
É dispensável a referência que a Lei n. 9.613/86 dispõe na segunda
parte da alínea a, inc. III do art. 2o, posto que a CF, no art. 109, IV, deter-
minou que as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços
ou interesses da União ou de suas autarquias e empresas públicas são de
competência da Justiça Federal. Uma lei ordinária não poderia alterar uma
norma constitucional. Havia necessidade de que a competência fosse
estabelecida em relação à primeira parte da alínea a, que trata da competên-
cia da Justiça Federal, quando os crimes forem praticados contra o sistema
financeiro e a ordem econômica financeira
Em caso de conexão entre os crimes de lavagem de dinheiro e os
outros crimes que o precedem, ou mesmo no caso do crime anterior ser da
competência federal, a alínea b do art. 2o da lei em questão vem confirmar o
entendimento predominante na jurisprudência de que os processos reunir-
se-ão no âmbito da Justiça Federal.
O próprio STF já decidiu no RE n. 198.488, 2a T, publicado no DJU
de 13/11/96 que: Tratando-se de crimes contra o sistema financeiro e a
ordem econômico-financeira, a regra de competência aplicável é a do
inciso VI do art. 109 da CF (....), não a do inciso IV do mesmo disposi-
tivo (....). Desse modo, à falta de previsão legal expressa atribuindo à
Justiça Federal a competência para o julgamento dos referidos delitos,
essa competência será da Justiça Estadual (....).
Na Súmula n. 122 do STJ consta que: compete à Justiça Federal o
processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência
federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código
de Processo Penal, reafirmando o entendimento da Súmula n. 52 do antigo
Tribunal Federal de Recursos.
Serão da competência federal as condutas descritas na Lei dos crimes
de lavagem quando lesarem o sistema financeiro nacional, composto pelos
subsistemas normativo (agências estatais de regulação) e operacional (insti-
tuições financeiras e seus entes associados) ou quando lesarem a ordem
econômico-financeira.
METODOLOGIA
__________________________
4
Perguntas tricotômicas são aquelas em que o respondente escolhe sua resposta
entre duas alternativas e mais uma opção onde consta “não sei”.
de 156 questionários enviados pelo correio, 65 foram respondidos. A taxa
de retorno dos questionários dos procuradores da República correspondeu
a 41%. Quanto aos questionários destinados aos juízes federais, dentre
279 remetidos, 134 foram respondidos. Isso correspondeu a 48% de
respostas – percentual bastante satisfatório, dada a complexidade da pes-
quisa e o público-alvo pesquisado. Em todos os três grupos, a taxa de
retorno dos questionários gira em torno de 44 %, o que foi considerado
suficiente para a análise por se tratarem de três grupos diferentes de
autoridades.
Os questionários foram enviados aos destinatários mediante ofício-
circular do Coordenador-Geral da Justiça Federal e Diretor do Centro de
Estudos Judiciários. Esse ofício explicitava a pesquisa, seus objetivos e in-
formava que os seus resultados seriam divulgados somente sob forma esta-
tística, sem referência às respostas individuais. Determinou-se também um
prazo para devolução dos questionários. Posteriormente, esse prazo foi di-
latado, pois foi feita a reiteração do envio dos questionários junto aos pro-
curadores da República e junto aos juízes federais para se obter uma
representatividade mais significativa junto a esses grupos.
As informações relativas ao quantitativo de varas especializadas fo-
ram obtidas junto a cada TRF. Foram também utilizados os dados dispo-
níveis na Nominata do site do Conselho da Justiça Federal, de abril de
2001, referentes à lotação dos juízes, para o correto endereçamento dos
questionários. Dessa maneira, foram encaminhados os questionários para
os juízes federais titulares e substitutos das varas selecionadas. As infor-
mações relativas à identificação dos procuradores da República que atu-
am na área criminal e ao seu endereçamento foram obtidas junto à 2a Câ-
mara de Coordenação e Revisão (matéria criminal) do Ministério Público
Federal.
Os dados relativos aos três questionários foram digitados e seus re-
sultados foram apurados por meio do aplicativo de estatística SPSS (Statistic
Package Social Science). Foram feitas tabelas e cruzamentos entre as di-
versas variáveis, o que proporcionou a análise mais abrangente das relações
entre elas.
Plano amostral
GRÁFICO 1.A
Regiões de localização dos delegados da
Polícia Federal respondentes (%)
Norte
Centro-Oeste 17%
33% Nordeste
11%
Sul
6% Sudeste
33%
25
20 15
14 13
15 11 10 9
10
5
0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste
Amostra Universo
QUADRO 1.B
Quantidade de questionários enviados e respondidos pelos
procuradores da República, por Região
Questionários enviados Questionários respondidos
Região
Nº de procuradores % Nº de procuradores %
Norte 16 10 7 11
Nordeste 37 24 17 26
Sudeste 64 41 25 38
Sul 23 15 6 9
Centro-Oeste 16 10 10 15
Total 156 100 65 100
Os juízes federais com competência criminal e concorrente
correspondem ao montante de 279 juízes, sendo 77% de competência con-
corrente e 23%, criminal. Obteve-se um total de 48% de respostas. Dessas,
77% eram juízes federais com competência concorrente e 23% exclusiva-
mente criminal. Esse quantitativo segue a mesma proporção do universo.
No gráfico 1.c, nota-se que a distribuição entre os juízes, de acordo com a
sua competência e por Região, na amostra é muito parecida com o universo,
havendo apenas algumas diferenças de no máximo 4 pontos percentuais para
mais ou para menos.
GRÁFICO 1.C
Universo e amostra dos juízes federais, segundo a Região e o
regime de competência (%)
25,0% 22,4%
21,1% 19,4%
20,0% 17,9%
14,9%
13,6% 14,3%
15,0%
10,4% 9,0% 11,2%
8,6% 7,2%
10,0% 5,4% 4,5% 5,4%
4,5% 3,6% 4,5%
5,0% 1,4%0,7%
0,0%
1ª Região 2ª Região 3ª Região 4ª Região 5ª Região
QUADRO 1.C
Quantidade de questionários enviados e respondidos
pelos juízes federais de competência criminal ou
concorrente, por Região
GRÁFICO 2.A
Tempo de carreira como delegado da Polícia Federal (%)
38,9
40,0 33,3
30,0
16,7
20,0 11,1
10,0
0,0
Até 3 anos 3 |-- 4 anos 4 |-- 5 anos Mais de 5 anos
Os procuradores da República têm em média 6 anos atuando nesta
carreira, com desvio-padrão de 4,92 anos. A maioria, cerca de 66%, exer-
ce há menos de 6 anos a função de procurador da República (ver gráfico
2.b). Esse perfil extremamente jovem dos integrantes do Ministério Público
Federal na função de procurador também foi verificado em outra pesquisa
intitulada: O Ministério Público Federal e a Administração da Justiça do
Brasil (Idesp, 1998, p. 10) onde a maior parte dos procuradores (53%)
atua na instituição há menos de três anos.
GRÁFICO 2.B
Tempo de carreira como procurador da República (%)
34
35
27
30
25 20
19
20
15
10
0
Até 4 anos 4 |--- 5 anos 5 |--- 6 anos Mais de 6 anos
40 36
35
26
30
21
25
17
20
15
10
-
Até 3 anos 3 |--- 4 anos 4 |--- 7 anos Acima de 7 anos
GRÁFICO 3.A
Idade dos delegados da Polícia Federal (%)
27,8 27,8
30,0
22,2 22,2
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
até 35 anos 35 |--- 37 anos 38 |--- 40 anos acima de 41 anos
Os procuradores da República têm em média 36 anos de idade, com
desvio-padrão de 6,75 anos, e a grande maioria (58%) encontra-se na faixa
dos 31 a 38 anos (ver gráfico 3.b). Esse mesmo perfil etário jovem também
foi encontrado na pesquisa do Idesp (1998, p. 9) onde os integrantes do
Ministério Público Federal também tinham a média de idade de 36 anos.
Verificou-se nessa mesma pesquisa que os membros do Ministério Público
Federal são mais velhos do que os integrantes do Ministério Público dos
Estados, que têm em média 33 anos.
GRÁFICO 3.B
Idade dos procuradores da República (%)
29 29
30 25
25
17
20
15
10
0
Até 31 anos 31|--- 34 anos 34|--- 38 anos Acima de 38 anos
35 31
30 25
22 22
25
20
15
10
0
Até 31 anos 31 |--- 35 anos 35 |--- 42 anos Acima de 42 anos
GRÁFICO 4.A
Participação dos juízes federais em eventos sobre os crimes
de lavagem de dinheiro
34%
66%
sim não
Quando os juízes federais foram indagados se já haviam cursado algu-
ma disciplina em cursos de pós-graduação (especialização, mestrado ou
doutorado), a maioria (94%) respondeu que ainda não cursou disciplinas
nos seus cursos de pós-graduação sobre os crimes de lavagem de dinheiro
ou ocultações de bens, direitos e valores. Confirmou-se, assim, a hipótese
de que os juízes federais, na sua maioria, ainda não tiveram oportunidade de
desenvolver estudos formais sobre o crime de lavagem de dinheiro (ver
gráfico 6.c).
GRÁFICO 4.B
Disciplinas em cursos de pós-graduação sobre os crimes de
lavagem de dinheiro realizadas pelos juízes federais
6%
94%
GRÁFICO 5.X
Lei n. 9.613/98 – Números de IPLs instaurados por ano
100
94
90
80
70
60
50
40
36
30
20
10 7
0
1998 1999 2000
GRÁFICO 6.A
Recebimento de notícias-crime a respeito dos crimes de
lavagem de dinheiro pelos procuradores
da República
48%
52%
sim não
Constitucionalidade da lei
63%
GRÁFICO 8.A
Dispositivos inconstitucionais da Lei n. 9.613/98, apontados
pelos delegados da Polícia Federal (%)
89 89
84 84
90 79
80
70
60
50
40
30 21 16 11 16
20 11
10
-
Comunicar Não-aplicação A inversão do A proibição da Proibição da
automaticamente do art. 366 ônus da liberdade fiança
as operações do CPP prova provisória
Inconstitucional Constitucional
GRÁFICO 7.B
Constitucionalidade da Lei n. 9.613/98, na opinião dos
procuradores da República
31%
69%
GRÁFICO 8.B
Dispositivos inconstitucionais da Lei n. 9.613/98, apontados
pelos procuradores da República (%)
98 92 91
100
81 84
90
80
70
60
50
40
30 19
16 9
20 8
2
10
0
Comunicar Não-aplicação A inversão do A proibição da Proibição da
automaticamente do art. 366 ônus da liberdade fiança
as operações do CPP prova provisória
Inconstitucional Constitucional
Ao contrário dos delegados federais e procuradores da República, os
juízes mostraram-se divididos a respeito da constitucionalidade da Lei n.
9.613/98, 48% afirmaram que a Lei n. 9.613/98 está de acordo com os
princípios do Direito Penal democrático e 52% mencionaram alguns dispo-
sitivos inconstitucionais, entre os quais tiveram destaque: a regra da não-
aplicação do art. 366 do CPP, contida no art. 2o, § 2o dessa lei e a proibição
da concessão da liberdade provisória (ver gráficos 7.c e 8.c).
GRÁFICO 7.C
Constitucionalidade da Lei n. 9.613/98, na opinião dos
juízes federais
48%
52%
sim não
90 87 79
78
80 68
70 63
60
50
32 37
40
22 21
30
13
20
10
0
Comunicar Não-aplicação A inversão do A proibição da Proibição da
automaticamente do art. 366 ônus da liberdade fiança
as operações do CPP prova provisória
Inconstitucional Constitucional
Neste tópico, foi estudada a opinião dos grupos com relação à proibi-
ção da liberdade provisória e da fiança e se a Lei n. 9.613/98, ao proibir a
fiança e a liberdade provisória, indiretamente, adotou em nosso sistema a
prisão compulsória obrigatória.
Na opinião de 63% dos delegados da Polícia Federal respondentes, a
proibição da liberdade provisória e da fiança segue as exigências de uma
política criminal democrática e 37% acham que é um erro a proibição da
liberdade provisória e da fiança, porque poder-se-ia exigir uma fiança de
alto valor (ver tabela 2.1.a) e 59% discordam de que a Lei n. 9.613/98, ao
proibir a fiança e a liberdade provisória, indiretamente tenha adotado em
nosso sistema a prisão compulsória e obrigatória (ver tabela 2.2.a).
TABELA 2.1.A
Proibição da liberdade provisória e da fiança, segundo
a idade e o tempo de carreira como delegado federal (%)
Segue as exigências
de uma política criminal É um erro Total
democrática
Idade até 35 anos 75 25 100
35 |---| 37 anos 60 40 100
38 |---| 40 anos 80 20 100
acima de 41 anos 50 50 100
Total 67 33 100
TABELA 2.2.B
Se a lei, ao proibir a fiança e a liberdade provisória,
indiretamente adotou em nosso sistema a prisão
compulsória e obrigatória, segundo a idade e o tempo de
carreira como procurador da República (%)
TABELA 2.1.C
Proibição da liberdade provisória e da fiança,
segundo a idade e o tempo de carreira como juiz
federal (%)
Segue as Não
exigências de uma É um sabe/Sem Total
política criminal erro opinião
democrática
Idade Até 31 anos 41 55 3 100
31 |--- 35 anos 30 63 7 100
35 |---| 42 anos 28 56 17 100
Acima de 42 anos 42 52 6 100
Total 35 56 9 100
GRÁFICO 9.A
A aplicabilidade da Lei n. 9.613/98,
segundo os delegados da
Polícia Federal (%)
15% 25%
60%
75 75
80
65 65 60
70
60
50 40
35 35
40
25 25
30
20
10
0
A conexão dos crimes Proibição da aplicação Terrorismo como crime Crimes contra a A cobrança de
praticados por do art. 366 do CPP antecedente Administração Pública comunicação
organização criminosa
como crime compulsória
com os crimes de
lavagem antecedente
11%
31%
58%
GRÁFICO 10.B
Dispositivos da Lei n. 9.613/98, embora constitucionais,
não têm aplicação prática, segundo os
procuradores da República (%)
81 90 86
90
74
80
70
60 47 53
50
40 26
30 19
10 14
20
10
0
A conexão dos Proibição da Terrorismo Crimes contra a A cobrança de
crimes praticados aplicação do art. como crime Administração comunicação
por organização 366 do CPP antecedente Pública como compulsória
criminosa com os crime
crimes de antecedente
lavagem
GRÁFICO 9.C
A aplicabilidade da Lei n. 9.613/98, segundo os juízes
federais (%)
13% 23%
64%
90
90 81
80 73
64
70
60 49 51
50
36
40 27
30 19
20 10
10
-
A conexão dos crimes Proibição da aplicação Terrorismo como crime Crimes contra a A cobrança de
praticados por organização do art. 366 do CPP antecedente Administração Pública comunicação
criminosa com os crimes como crime antecedente compulsória
de lavagem
GRÁFICO 11.A
Os objetivos normativos da Lei n. 9.613/98, segundo os
delegados da Polícia Federal (%)
100 95
90 79
80 68 74 74 68
70
60
50
40 32 26 26 32
30 21
20 5
10
-
Reprimir os Punir os autores Estabelecer Estabelecer Impedir o gozo Ident. da origem
autores desses desses crimes penas privativas penas de multa dos produtos ilícita dos bens,
crimes de liberdade mais severas do crime direitos e
valores
É suficiente É insuficiente
Para a maioria dos procuradores da República, todos os objetivos
normativos da Lei n. 9.613/98 são insuficientes para reprimir (85%) e punir
(94%) os autores desses crimes. 76% sugerem penas privativas de liberda-
de mais severas e 66% as penas de multa mais severas. 85% acreditam que
a lei é insuficiente para impedir o gozo dos produtos do crime e para 52% a
lei é insuficiente para proporcionar a identificação da origem ilícita dos bens,
direitos e valores (ver gráfico 11.b).
GRÁFICO 11.B
Os objetivos normativos da Lei n. 9.613/98, segundo os
procuradores da República (%)
100 85 94 85
76
80 66
60 48 52
34
40 15 24 15
20 6
0
Reprimir os Punir os autores Estabelecer Estabelecer Impedir o gozo Ident. da origem
autores desses desses crimes penas privativas penas de multa dos produtos ilícita dos bens,
crimes de liberdade mais severas do crime direitos e
valores
É suficiente É insuficiente
100 88
81 79
68 72
80
60
32 28
40 19 21
12
20
0
Reprimir os autores Punir os autores Estabelecer penas Estabelecer penas Impedir o gozo dos
desses crimes desses crimes privativas de de multa mais produtos do crime
severas
liberdade
É suficiente É insuficiente
Abrangência da lei
95
100
74
80 58
42
60
26
40
20 5
0
É ampla o suficiente Deveria contemplar Deveria contemplar o
para disciplinar todo o a prática de outros crime de receptação
fenômeno criminológico delitos, tais como no rol dos crimes
sobre o crime de crime contra a conexos ao crime
lavagem ordem tributária de lavagem
GRÁFICO 12.B
A abrangência da Lei n. 9.613/98, segundo os
procuradores da República (%)
95 89
100
80 57
43
60
40
5 11
20
0
É ampla o suficiente Deveria contemplar Deveria contemplar o
para disciplinar todo o a prática de outros crime de receptação
fenômeno criminológico delitos, tais como no rol dos crimes
sobre o crime de crime contra a conexos ao crime
lavagem ordem tributária de lavagem
89
100
80 60 55
60 40 45
40
11
20
0
É ampla o suficiente Deveria contemplar Deveria contemplar o
para disciplinar todo o a prática de outros crime de receptação
fenômeno criminológico delitos, tais como no rol dos crimes
sobre o crime de crime contra a conexos ao crime
lavagem ordem tributária de lavagem
__________________________
5
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. Vol. VII. Rio de Janeiro, Foren-
se, 1967.
No entanto, Terra de Oliveira (1998, p. 33) considera que essa re-
lação (condutas/delitos anteriores) não oferece grandes problemas técni-
cos e tampouco demanda um exercício hermenêutico mais complexo. É
certo que haverá ocasiões em que o mesmo agente praticará o crime ante-
cedente e o crime de lavagem de dinheiro, quando haverá um verdadeiro
concurso material de crimes, tendo em vista as várias objetividades jurídi-
cas lesadas.
É de fundamental importância que o legislador reveja a posição de
excluir os crimes contra a ordem tributária do rol dos crimes de lavagem de
dinheiro, posto que os delitos contra a ordem tributária requerem processos
de lavagem que causam muitos danos ao sistema econômico e financeiro e,
muitas vezes, esses processos de lavagem são provenientes dos chamados
caixas-dois, justificando-se assim a intervenção estatal para reprimir práti-
ca tão nociva à Fazenda Pública.
Na votação da Lei n. 9.613/98, na Comissão de Assuntos Econômi-
cos foi incluída no projeto de lei a sonegação fiscal como crime antecedente.
Mas a Comissão de Constituição e Justiça retirou esse dispositivo do proje-
to. O relator do projeto, que também era contrário à inclusão, afirmou que
as sanções para agentes de crimes contra a ordem tributária já estavam pre-
vistas na Lei n. 8.137/90 (Folha de São Paulo, 11/2/98, p. 2).
O legislador pátrio poderia ter conectado os crimes contra a ordem
tributária ao crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. Em
assim fazendo, seguiria o exemplo do México e das legislações de terceira
geração que conectaram o crime de lavagem a qualquer atividade ilícita
antecedente.
Segundo Barros (1998, p. 34), ao deixar de incluir o delito de so-
negação no rol dos crimes primários, perde o legislador a rara oportu-
nidade de tentar punir penalmente o sonegador contumaz que constrói
riquezas de origem ilícita.
O legislador excluiu do rol dos crimes antecedentes ao crime de
lavagem de dinheiro os crimes de receptação e de sonegação fiscal.
Barros (1998, p. 33) acredita que o legislador deixou escapar a opor-
tunidade de conferir ao próprio Estado mais um eficaz instrumento
de combate à criminalidade organizada. No caso da receptação, essa
exclusão não é aceitável, pois sabe-se que as quadrilhas e bandos muito
bem estruturados fazem muito uso da receptação. Em se tratando da
sonegação fiscal, o legislador não pode tratar de modo diferenciado aque-
le infrator que acumula grandes riquezas sonegando impostos através dos
crimes de lavagem de dinheiro, do infrator que continuamente pratica a
sonegação fiscal, pois, em ambas as situações, o dinheiro sonegado não
é do infrator e, sim, do Estado.
O legislador brasileiro, ao optar por abarcar o maior número de con-
dutas possíveis e evitar brechas de proteção penal com relação ao assunto,
estabeleceu um rol específico de condutas antecedentes ao crime de lava-
gem de dinheiro. O estabelecimento taxativo dos crimes antecedentes pro-
duzirá, na opinião de Terra de Oliveira (1998, p. 332), problemas sistemá-
ticos e práticos no futuro. Dentre as principais conseqüências apontadas
por esse autor para a adoção de um rol taxativo de crimes antecedentes,
citam-se: a) uma maior atenção por parte do legislador no sentido de ampli-
ar e atualizar o rol estabelecido no art. 1o, quando novas condutas crimino-
sas surgirem; b) um contínuo estudo acerca da legislação penal para que as
condutas previstas ali continuem sendo crimes ou não.
Os procuradores da República e os juízes respondentes não são favo-
ráveis à conexão do crime de receptação no rol dos crimes conectados ao
crime de lavagem de dinheiro. Seguem, portanto, o mesmo direcionamento
da Exposição de Motivos n. 692, de 18 de dezembro de 1996, assinada
pelos Ministros de Estado da Justiça, da Fazenda e das Relações Exterio-
res, encaminhada ao Senhor Presidente da República e posteriormente san-
cionada como lei em 3 de março de 1998.
Nessa exposição consta que o novo tipo penal refere-se a condutas
relativas a bens, direitos ou valores oriundos direta ou indiretamente, de
crimes graves e com características transnacionais. O projeto, desta for-
ma, mantém sob a égide do art. 180 do CP, que define o crime de
receptação, as condutas que tenham por objeto a aquisição, o recebi-
mento ou a ocultação, em proveito próprio ou alheio, de “coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte”. Fica, portanto, sob o comando desse dis-
positivo a grande variedade de ilícitos parasitários de crimes contra
o patrimônio.
Sem este critério de interpretação, o projeto estaria massificando a
criminalização para abranger uma infinidade de crimes como antecedentes
do tipo de lavagem ou de ocultação. Assim, o autor do furto de pequeno
valor estaria realizando um dos tipos previstos no projeto se ocultasse o
valor ou o convertesse em outro bem, como a compra de um relógio, por
exemplo.
Adotada a designação para cunhar as novas espécies delituosas, tor-
na-se indispensável a elaboração de tipos de ilícitos fundamentais e deriva-
dos que atendam ao princípio da legalidade dos delitos e das penas, inserido
na Constituição (art. 5o, XXXIX) e no CP (art. 1o).
Ainda de acordo com um procurador da República, a maior difi-
culdade para denunciar os crimes de lavagem de dinheiro é a inexplicável
ausência dos delitos contra a ordem tributária no rol do art. 1 o da Lei
n. 9.613.
TABELA 4.A
Obrigação de comunicar as operações financeiras e demais
transações, segundo a idade e o tempo de serviço dos
delegados da Polícia Federal (%)
TABELA 5.A
A opinião dos delegados da Polícia Federal sobre a delação
premiada prevista no art. 1o, § 5o, da Lei n. 9.613/98, segundo a
idade e o tempo como delegado federal (%)
o
A delação premiada prevista no art. 1 ,
§ 5o, da Lei n. 9.613/98:
É eticamente
É justificável Total
inaceitável
Idade até 35 anos 100 100
35 |---| 37 anos 80 20 100
38 |---| 40 anos 100 100
acima de 41 anos 100 100
Total 94 6 100
TABELA 5.B
A opinião dos procuradores da República sobre a
delação premiada prevista no art. 1 o , § 5 o , da Lei n. 9.613/
98, segundo a idade e o tempo como procurador da
República (%)
TABELA 6.A
Sanções administrativas impostas às pessoas referidas no
art. 9o, segundo a idade e o tempo de trabalho dos
delegados da Polícia Federal (%)
TABELA 6.B
Sanções administrativas impostas às pessoas referidas no
art. 9o, segundo a idade e o tempo de trabalho dos
procuradores da República (%)
A opinião dos juízes federais não foi muito diferente dos demais. Cer-
ca de 73% deles disseram que as sanções administrativas são adequadas,
15% disseram que são brandas e apenas 3% que são excessivas (tabela
6.c).
TABELA 6.C
Sanções administrativas impostas às pessoas referidas no
art. 9o, segundo a idade e o tempo de trabalho
dos juízes federais (%)
Sanções administrativas impostas às pessoas
referidas no art. 9o que não cumprirem as
obrigações registrárias e burocráticas
São São São Não sabe/
adequa- exces- brandas Sem Total
das sivas opinião
Idade Até 31 anos 75 14 11 100
31 |--- 35 anos 75 7 14 4 100
35 |---| 42 anos 60 5 23 13 100
Acima de 42 anos 88 6 6 100
Total 73 3 15 9 100
__________________________
6
Fonte: Diário da República Portuguesa, I série a, nº 205, p. 4731, de 06.09.91.
Tigre Maia (1997) já havia sugerido que significativo avanço have-
ria se diante da presença de razoável suspeita do envolvimento do acu-
sado com uma organização criminosa ou com a prática de crime hou-
vesse uma inversão do ônus probante, cabendo a este comprovar que a
aquisição de bens deu-se licitamente e de forma compatível com seus
meios de subsistência.
Foi certamente seguindo essas orientações e opiniões que os três gru-
pos de respondentes concordaram com a inversão do ônus da prova para
que o acusado comprove a licitude da origem dos seus bens e se esses são
compatíveis com seu nível sócio-econômico. Dessa forma, enfatiza-se o
comentário de um delegado federal: apesar de vários entendimentos no
sentido da inconstitucionalidade do preceito contido no art. 4o, §§ 2o e
3o, da Lei n. 9.613/98 (inversão do ônus da prova), considero tal precei-
to um avanço, porquanto, ao menos nos crimes enfocados na citada lei,
impede a acelerada dilapidação do questionado patrimônio enquanto
ao julgador possibilita uma acurada e calma análise acerca de sua
licitude, podendo a qualquer tempo fazer cessar a medida constritiva.
TABELA 8.A
Prazo de 24 horas para as pessoas comunicarem as
operações que possam constituir-se em sérios indícios dos
crimes de lavagem, segundo a idade e o tempo como
delegado federal (%)
QUADRO 4
Dificuldades relacionadas aos recursos humanos e materiais
apontadas pelos delegados federais.
1. Falta de pessoal qualificado e falta de equipamentos adequados, bem
como o tamanho, a diversidade e as constantes mudanças no próprio
setor financeiro.
2. Falta de infra-estrutura apropriada, avanço do crime organizado em
proporção inversa do aparelhamento policial e adequação dos
policiais.
3. Falta de verba para viagens, diárias e equipamentos de alta tecnologia.
4. Carência de pessoal técnico e especializado no DPF e impossibilidade
da autoridade policial requisitar documentos e pessoal técnico-
especializado.
5. Falta de setores especializados no trato da matéria no MPF e
Judiciário.
6. Priorizar empenho, no sentido de reestruturar, fornecendo condições
humanas e materiais aos órgãos envolvidos na fiscalização, apuração,
acusação e julgamento desses ilícitos.
QUADRO 5
Dificuldades de ordem estrutural apontadas pelos delegados
federais.
QUADRO 7
Dificuldades relacionadas aos recursos humanos e materiais
apontadas pelos procuradores da República.
1. Ausência de corpo técnico especializado em rastrear a origem dos
valores.
2. As agências estatais/órgãos estatais não estão estruturadas para
detectar e levantar tais crimes, sendo no nascedouro tal atividade
abortada.
3. Falta de assessoria técnica especializada, burocracia no encaminhamento
da quebra de sigilo bancário, falta de estrutura do Banco Central, má-
vontade da Receita Federal.
Quadro 7 – Continuação
4. A falta de estrutura na atividade pré-processual, quer da Polícia Federal
– esta já histórica – quer a partir da inexistência de uma estrutura eficiente
no âmbito do próprio MPF.
5. Conhecimento mais específico a respeito – cursos e seminários, que
se refletem desde o início das operações (inquéritos) até seu término
com a prolação da sentença.
6. Penso que, a despeito do avanço da legislação versando sobre o
assunto, tal avanço não veio acompanhado do necessário preparo e
aparelhamento da Polícia para combater tais crimes.
7. Falta de treinamento e estrutura de todos os órgãos envolvidos com
as informações mencionadas na lei em questão, principalmente Coaf,
Ministério Público Federal e Polícia Federal.
8. A principal dificuldade se resume à investigação policial, que é
deficiente, em razão da falta de estrutura da Polícia Federal do RJ
que, por exemplo, não conta com um serviço de perícia criminal
especializado na apuração dos crimes em questão.
9. Falta de recursos técnicos e humanos da Polícia e do próprio
Ministério Público.
10. Falta de estrutura no Ministério Público. O quadro de apoio precisaria
contar com profissionais de determinadas áreas (fiscal, contábil,
tributária). Não há cargo de contador nos PRs. Um bom começo
seria um verdadeiro trabalho de integração da Receita Federal, do
Bacen e demais órgãos com o MP.
11. A falta de sensibilidade de alguns juízes para este tipo de delito.
QUADRO 8
Dificuldades de ordem estrutural apontadas pelos procuradores da
República.
1. Dificuldades de relações internacionais, causados especialmente, pela
ainda incipiente colaboração entre os órgãos internacionais de
repressão ao crime.
2. O sigilo bancário e a pouca participação ou integração do Banco
Central para com as atividades do MPF.
QUADRO 9
Dificuldades de ordem probatória e processual apontadas pelos
juízes federais.
1. Dificuldade de interpretação das informações financeiras que, a rigor,
são necessários conhecimento e cooperação.
2. A investigação dos delitos de lavagem de dinheiro é extremamente
difícil, mesmo porque nada ou quase nada se poderá fazer se as
pessoas elencadas no art. 9o da presente lei não colaborarem.
3. Falta de acesso rápido às movimentações financeiras dos envolvidos.
4. A prova do crime antecedente.
Quadro 9 – Continuação
5. Os prazos para conclusão do inquérito policial e para a instrução
devem ser triplicados e os prazos pequenos para a realização de perícia
contábil e rastreamento da movimentação.
6. Demora no inquérito policial.
7. Não existe agilidade dos órgãos administrativos (especialmente em
se tratando do Banco Central do Brasil) no fornecimento de
informações eventualmente requisitadas pela Justiça.
8. Identificação do verdadeiro lavador e não de laranjas.
9. A sofisticação do crime em contraposição com a dificuldade na
obtenção de provas – por isso sou a favor da delação premiada,
como forma de suprir a deficiência.
10. Bens resultantes destes delitos acabam sendo de difícil apreensão,
pois supostos terceiros de boa-fé comparecem em juízo munidos de
vários documentos onde fundamentam seus pedidos de restituição,
não obstante os indícios da ligação dos bens com os crimes de
lavagem sejam veementes.
11. Creio que a falta de efetividade prática da referida lei, deve-se
principalmente à inércia dos órgãos do Ministério Público e também
ao descaso das entidades que devem prestar as informações.
12. O despreparo da Polícia e do Ministério Público na obtenção das
provas e finalmente a modernidade técnica dos fraudadores sem a
correspondente estrutura do Judiciário.
13. Associação de entidades financeiras, ao menos de forma aparente,
com os suspeitos do delito.
QUADRO 10
Dificuldades relacionadas aos recursos humanos e materiais
apontadas pelos juízes federais.
1. O despreparo dos agentes encarregados da investigação, que não
têm formação e meios para apurar este tipo de criminalidade.
2. O MPF não está bem estruturado, pois nem há órgão local, pois os
procuradores da República estão sediados na capital.
3. Nosso aparelhamento deficiente, importando em levantamentos
periciais sem que a Polícia Federal tenha material humano para fazer
frente às solicitações.
4. Excesso de trabalho e falta de aparelhamento.
5. Ineficiência dos órgãos envolvidos nas investigações (Polícia Federal,
Receita Federal, Bacen, INSS etc.).
6. Constatação do crime antecedente (a lei fala que a denúncia será
instruída com “indícios suficientes” do crime antecedente, mas nem
sempre os indícios indicados pelo Ministério Público parecem
suficientes).
7. A maior dificuldade está na falta de um preparo técnico específico
por parte da Polícia Judiciária, o que torna complicado apurar e provar
crime que, por sua própria natureza, tenta assumir caráter de licitude.
E com o volume de valores envolvidos verifica-se uma constante
evolução nos procedimentos de lavagem, os quais, via de regra, não
se consegue acompanhar.
8. Ausência da apuração do ilícito na circunscrição judiciária: não há
delegacia de Polícia Federal.
Quadro 10 – Continuação
9. Tenho enfrentado muitas dificuldades práticas para punir os crimes
de lavagem de dinheiro, devido às abstrações tipológicas e a má
formação técnica da Polícia Federal, da Receita Federal e do próprio
Poder Judiciário quanto aos procedimentos que os criminosos se
valem.
QUADRO 11
Dificuldades de ordem estrutural apontadas pelos juízes federais
para punir os crimes de lavagem de dinheiro.
1. Falta de eficiência cooperativa das instituições.
2. Falta de coordenação com os entes públicos integrantes do Poder
Executivo. Ausência e deficiência estrutural do Bacen, MPF, PF e do
próprio Judiciário para rastrear e acompanhar atividades “suspeitas”
encetadas no mercado financeiro.
QUADRO 12
Sugestões dos delegados federais acerca do que poderia ser
implementado pela Polícia Federal para que os crimes de lavagem
sejam investigados com maior eficácia relacionados aos recursos
humanos e materiais.
1. Cursos de especialização a respeito, bem como aplicar os parcos
recursos humanos e materiais com a macrocriminalidade, e não com
rádios comunitárias, crimes de desobediência, falso testemunho,
apropriação indébita previdenciária, etc. Enfim, assim como as
principais polícias do mundo, o DPF deveria se especializar em crimes
financeiros, tráfico de entorpecentes, tráfico de armas e crimes de
vulto praticados por organizações criminosas, o que requer mudanças
na legislação vigente.
2. A tecnologia e a técnica aplicada pela Polícia Federal nessas inves-
tigações estão corretas. A carência reside no efetivo insuficiente, que
Quadro 12 – Continuação
depende de concurso público, já autorizado parcialmente, mas não
realizado, em face de exigências infindáveis da área econômica do
Governo Federal.
3. Aumentar o contingente, aparelhar a DCOIE/CGCP (Coordenação-
Geral Central de Polícia) e implementar rotinas de treinamento aos
policiais, com a participação dos demais órgãos envolvidos na
repressão a esses ilícitos.
4. Recrutamento e disponibilização de pessoal (delegados, agentes,
escrivães, peritos, etc.) com treinamento específico e cursos sobre
essas questões, inclusive se possível, no exterior, junto às nossas
congêneres que estão mais preparadas e equipadas materialmente
para enfrentar esse tipo de delito, formando-se assim um grupo
homogêneo com procedimentos próprios e equipamentos adequados
e de última geração, para realização de filmagens, gravações, escutas
telefônicas, etc.
5. Cursos especializados para os servidores que trabalham na DCOIE,
não só sobre as técnicas de investigação, como com equipamentos
de alta tecnologia, usados pelas polícias dos “países desenvolvidos”.
Criação de uma força-tarefa envolvendo outros órgãos, o que
certamente agilizaria a persecução penal.
6. Dotar as Delecoies de setores específicos para processar o material
oriundo das quebras de sigilo.
7. Aumento do efetivo com uma seleção de policiais com esta vocação,
havendo um trabalho de preparo com cursos de técnica investigativa,
proporcionando a classe maior autonomia e garantias para em seguida
Quadro 12 – Continuação
serem estabelecidas metas, premiando os que atingirem e relotando
os demais.
8. Dar maior estrutura às Delecoies no tocante ao pessoal (digitadores
e analistas) e ao material, como também conceder alguns privilégios
visando à maior celeridade, destacando, podemos citar: peritos
contábeis exclusivos para as Delecoies.
9. Controle da entrada e saída de pessoas no território nacional.
QUADRO 13
Sugestões dos delegados federais acerca do que poderia ser
implementado pela Polícia Federal para que os crimes de lavagem
sejam investigados com maior eficácia relacionados à integração
entre órgãos.
1. Maior interação entre os órgãos diretamente envolvidos, tais como
Poder Judiciário, Ministério Público Federal, Receita Federal, Banco
Central e Polícia Federal, formando-se, até mesmo, em alguns casos
específicos, forças-tarefa para apuração do fato até sua conclusão.
2. Maior cooperação entre a PF, Justiça Federal, Receita Federal e
Banco Central do Brasil, e criação de uma força-tarefa entre esses
órgãos.
3. Maior intercâmbio com as diversas agências responsáveis pela
repressão aos crimes de lavagem de dinheiro, notadamente com
a Justiça Federal e com o Ministério Público Federal, no sentido
de produzir-se uma cultura de apurações que atenda, de forma
Quadro 13 – Continuação
eficiente e eficaz, à necessidade de resposta estatal a esse tipo de
delito. “Nenhuma sociedade se sustenta sem a contenção do
crime”, mormente quando estamos diante de verdadeiras
organizações criminosas que buscam de forma desenfreada o lucro
fácil e rápido.
4. Dar prioridade nas respostas aos ofícios expedidos a outros órgãos,
etc.
QUADRO 14
Sugestões dos procuradores da República sobre o que poderia ser
implementado para que os crimes de lavagem sejam denunciados
com maior eficácia relacionados com recursos humanos e
materiais.
1. Grupo de procuradores especializados, atuando junto com os
delegados federais.
2. Criação nos Estados de cargos especializados em auxiliar os membros
nas investigações financeiras das pessoas investigadas.
3. Cooperação na investigação, talvez a prova documental e pericial
pudesse ser produzida por agentes com acesso aos dados (fiscalização
Bacen).
Quadro 14 – Continuação
4. Grupos de trabalho. Maior estrutura de meios materiais e pessoal
especializado. Canais de diálogo efetivo entre MP, Justiça, Polícia,
Receita e Banco Central, entre outras instituições.
5. Trabalho conjunto com outros órgãos (Polícia Federal, Receita, INSS
etc.) que, no entanto, contam como o MPF, com poucos recursos
materiais e humanos, além de haver pouco treinamento.
6. Assessores qualificados à disposição do MPF (contadores,
precipuamente) e finalmente, revogação do princípio da obrigatoriedade
da ação penal (indisponibilidade) em se tratando de delitos de pouca
monta, e possibilidade de acordo extra-autos ou nos autos, entre MPF
e acusado(s): transação penal, mais especificamente, mais ampla daquela
prevista na Lei n. 9.099/99.
7. Criação de corpo técnico especializado em crimes dessa natureza.
8. Criação em cada procuradoria de uma estrutura dirigida à investigação
desses crimes e de seus antecedentes, composta de pessoas com
habilitação e treinamento.
9. Realizar cursos e seminários para troca de experiências entre seus
membros.
10. Antes de mais nada, é de se salientar que o atual número de
procuradores da República, que é ínfimo, é o primeiro óbice para
uma atuação eficaz do MPF. Ademais, não dispõe a instituição de
qualquer aparelhamento que colabore na viabilização no combate a
tais delitos como, por exemplo, corpo técnico habilitado a auxiliar os
procuradores nas investigações.
Quadro 14 – Continuação
11. Criação de um departamento de peritos, com meios materiais
adequados, em cada unidade do MPF.
12. Um quadro de servidores capacitados, um centro de análise de
informações e programas de cruzamentos de dados e um banco de
dados específico.
13. Promoção de seminários sobre o tema, com a participação de todas
as instituições encarregadas de investigar tais fatos, visando ao
intercâmbio de informações.
14. O que é feito em outras áreas que têm merecido prioridade na
instituição, como as questões ambientais e indígenas, com a realização
de seminários e encontros, democratizando-se a participação de todos
que militam na área criminal.
15. Designação de técnicos/auditores da Receita Federal e do Bacen para
auxiliarem o MPF, com exclusividade, tendo em vista o grau de
complexidade das operações de lavagem de dinheiro.
16. A instituição, como de resto os demais órgãos públicos do País, é
mal aparelhada. Há escassez de procuradores e servidores, em
especial, técnicos especializados na análise de informações
bancárias.
QUADRO 15
Sugestões dos procuradores da República sobre o que poderia ser
implementado para que os crimes de lavagem sejam denunciados
com maior eficácia relacionados à integração entre órgãos.
1. Atuação conjunta com a Receita Federal, Bacen, CVM, etc.
Quadro 15 – Continuação
2. Instrumento de integração e troca de informações com a RF, Bacen,
Coaf e INSS.
3. Em verdade, sofre o MPF limitações materiais e a ausência de
colaboração de órgãos do governo, especificamente o Coaf, que ainda
não deu mostras de ter a disposição de coibir tais condutas.
4. Integração com autoridades de outros países.
5. Maior estrutura do Coaf e Bacen.
6. Criação de uma força-tarefa para essa atividade específica,
estruturação dos órgãos encarregados da persecução penal, sentido
de prioridade pela magistratura e MP para esses tipos de infrações
penais.
7. Uma maior interação com as autoridades administrativas e com o
Judiciário.
8. Equipes de trabalho como forças-tarefas, a exemplo, da existente
entre INSS/ MPF/Polícia Federal que vem produzindo bons resultados
no combate aos fraudadores do INSS e fomentar a instalação de
uma perícia especializada na Polícia Federal como o Instituto Nacional
de Criminalística/Brasília possui.
9. Melhor estruturação, mais abordagem nos cursos de especialização
ministrados pela Escola Superior do Ministério Público e incremento
de intercâmbio de informações entre técnicos do Banco Central,
Parquet e Polícia Federal.
10. Necessária se faz uma melhor estruturação do órgão e uma maior
aproximação com a polícia que, por sua vez, precisa ser modernizada
e aparelhada para o combate a esse tipo de crime.
QUADRO 16
Sugestões dos procuradores da República sobre o que poderia ser
implementado para que os crimes de lavagem sejam denunciados
com maior eficácia relacionados à questão processual e
probatória.
1. Flexibilização do sigilo bancário – quebra-se o sigilo para toda a
investigação e não a cada requisição de documentos e informação.
2. Tramitação do inquérito policial somente entre o MPF e a Polícia
Federal.
3. Dar instrumentos de investigação mais efetivos. Note-se, hoje a
Receita Federal tem acesso a informações bancárias e o titular da
ação penal não.
4. Seria necessário, em primeiro lugar, que houvesse uma modificação
da interpretação jurisprudencial, garantindo ao Ministério Público
acesso a tais informações consideradas sigilosas. Tal interpretação
advém de uma simples análise sistemática dos termos da Lei
Complementar n. 75/93. A partir daí, o Ministério Público deveria
ter acesso às informações colhidas pelo Coaf, requisitando a apuração
desses fatos pela Receita e Bacen.
5. Maior rapidez nos procedimentos administrativos da CVM e Banco
Central, bem como o auxílio de peritos especializados no assunto.
6. Implementação real do poder de requisição direta do MPF dos dados
às instituições financeiras, inclusive com a publicação de acórdão do
STF que decidiu acerca desta possibilidade no que se refere aos
recursos públicos.
Quadro 16 – Continuação
7. Quebra de sigilo bancário diretamente pelo MPF. Facilitação de acesso
aos dados da Receita Federal e de outros órgãos (desburocratização,
acesso informatizado).
QUADRO 17
Sugestões dos juízes federais sobre o que poderia ser
implementado pelo Judiciário para que os crimes de lavagem
sejam punidos com maior eficácia relacionados à questão
processual e probatória.
1. Maior agilidade na indisponibilidade dos bens.
2. Creio que cabe mais ao MPF e à Polícia investigarem mais e melhor
tais crimes, não cabendo ao Judiciário, num primeiro momento,
competência para dar mais eficácia à punição desses delitos. Tanto
é verdade que este juízo não recebeu nenhuma denúncia até o
momento.
3. Creio que nada pode ser implementado pelo Judiciário na medida em
que não depende dele a investigação dos crimes de lavagem, nem
tampouco a de tornar efetivos os dispositivos contidos nos artigos 10
e 11 da Lei n. 9.613/98.
Quadro 17 – Continuação
4. As dificuldades, in casu, me parecem ser as mesmas enfrentadas
quanto a outros ilícitos: deficiente instrução pré-jurisdicional,
dificuldade de cumprimento de decisões cautelares (falta de
equipamento policial) e o excesso de recursos e “recursos” possíveis
de serem utilizados, postergando a decisão final.
5. Maior flexibilidade em relação a determinados conceitos, como, por
exemplo, o direito à privacidade e à intimidade.
6. Celeridade nas decisões de natureza cautelar e de mérito.
7. Rigor na instrução probatória.
8. O rito a ser adotado deveria ter sido outro, mais célere, pois os feitos
envolvendo crimes de lavagem de dinheiro requerem uma conclusão
rápida. Cursos e outras atividades, sempre em conjunto com o MPF
(e a Polícia Federal).
9. Maior estrutura para que as decisões não se prendessem, apenas, ao
âmbito liminar, mas que a decisão definitiva fosse mais célere.
10. Aumentar os poderes investigatórios da Polícia Federal e os poderes
instrutórios do juiz.
11. Os inquéritos policiais que apesar de delitos dessa natureza devem
ter tramitação rápida e eficaz – acompanhamento dos prazos e das
diligências da autoridade.
12. Criação de mais canais de informações com os órgãos envolvidos,
utilizando-se a informática como meio e simplificando-se e
informalizando alguns procedimentos investigatórios, que passariam
a ser presididos por um juízo instrutor.
13. Dar tratamento prioritário no processamento e julgamento desse crime.
Quadro 17 – Continuação
14. Creio que deveriam ser estabelecidos mecanismos para que,
diretamente, pela via informatizada, o Judiciário acessasse os dados
das instituições financeiras e, se fosse o caso, as bloqueasse.
15. Agir com mais severidade no que se refere à aplicação e cobrança de
pena pecuniária.
16. A lei parece-me aparelhar suficientemente a repressão. Quanto à
proibição da fiança e liberdade provisória, acho que não corresponde
ao Direito Penal democrático, mas não observei isso diante das
decisões do STF quanto aos crimes hediondos. No tocante aos delitos
conectados, acho que deveria haver uma cláusula genérica que
referisse a dinheiro proveniente de crime.
17. Que o juiz ao receber processo da espécie, que pudesse se caracterizar
como caso complexo, pudesse ser substituído nas demais atividades
por um tempo razoável – dois ou três dias para se dedicar ao assunto.
18. O acesso à informação de forma rápida, simplificada (exemplo:
convênio com órgãos e entidades do Poder Executivo com acesso a
dados via internet), é essencial para a efetividade das decisões
judiciais.
19. A lei, a meu ver, é boa, apesar da ausência dos crimes tributários.
Mas é preciso: 1) aparelhar e especializar a Polícia, o MP e o
Judiciário; 2) haver participação mais rápida e efetiva do Bacen na
comunicação ao MP dos atos suspeitos; 3) aprimorar-se formas de
um repatriamento e identificação de valores no estrangeiro e 4) incluir
pelo menos o crime de sonegação fiscal.
Quadro 17 – Continuação
20. Melhor instrução dos inquéritos, que deviam ser elaborados, nessa
espécie de crime, por quem entende do assunto e não por delegados
da Polícia Federal que não possuem domínio sobre a matéria.
21. Permanente atualização legislativa, jurisprudencial e doutrinária dos
magistrados acerca do tema.
22. A lavagem de dinheiro, isto é, a competência para julgar condutas
assim tipificadas deveria ser de competência exclusiva da Justiça
Federal. Se assim fosse, o Judiciário poderia, na prática, implementar
os mecanismos de punição mais eficaz.
23. Uma aplicação da Lei n. 9.613/98, ao mesmo tempo, rigorosa e
conforme a Constituição de 1988.
24. Deveriam ser implementados outros procedimentos criminais
preparatórios para coibir a lavagem de dinheiro.
25. Integração das informações sobre os processos que tratam dos crimes
previstos na Lei n. 9.613/88, entre os órgãos do Poder Judiciário.
Uma atitude prática voltada ao combate da criminalidade em geral.
O fim da cultura de nulidades do processo em geral e do processo
penal em particular.
26. Afastar os políticos do Judiciário, sobretudo na escolha por
“merecimento” e para preenchimento das vagas dos advogados.
27. Inserção do Ministério Público como membro do Coaf – Conselho
de Controle de Atividades Financeiras.
QUADRO 18
Sugestões dos juízes federais sobre o que poderia ser
implementado pelo Judiciário para que os crimes de lavagem
sejam punidos com maior eficácia relacionados aos recursos
materiais e humanos.
1. Criação da Polícia Judiciária especializada, do Ministério Público com
promotorias ou procuradorias especializadas, varas especializadas e
apoio técnico do Poder Executivo: infraestrutura de material e de
pessoal
2. Cursos e palestras sobre o tema em discussão.
3. Maior treinamento de juízes para compreender a engenharia financeira
normalmente utilizada na movimentação de valores oriundos do delito.
4. Contratação de um juízo de juízes que, a partir de então, pudessem
atuar com prioridade, numa espécie de forças-tarefa com
conhecimento multidisciplinar.
5. Implementados os juizados especiais, tenho que os juízes com
competência criminal atuarão com maior eficácia na punição destes
crimes.
6. Dever-se-ia instituir na fase inquisitorial uma polícia do tesouro,
habilitada e competente.
7. Talvez a existência de cursos sobre questões técnicas, e não
propriamente jurídicas, a respeito dos meios e instrumentos utilizados
para a prática destes delitos, auxilie uma melhor compreensão desta
espécie de criminalidade.
Quadro 18 – Continuação
8. Concurso para peritos especializados e convênio com o Banco Central.
9. Entendo que nada existe ao alcance do Judiciário para que os crimes
de lavagem sejam punidos com maior eficácia. Entendo caber ao
Ministério Público dotar seus quadros de pessoas habilitadas para
tanto. A impunidade não é, em termos institucionais, culpa do
Judiciário, mas dos órgãos investigativos – Polícia, Receita Federal,
Banco Central – e acusatório – Ministério Público.
10. Penso que é a estrutura policial que deve ser aprimorada,
especialmente no tocante à área contábil, inclusive com a troca de
informações entre a fiscalização da Receita Federal, INSS e Polícia
Federal.
11. A polícia precisa ter pessoal especializado, em maior número e mais
preparado para atuar nessa área. Os juízes criminais precisam
conhecer o tema com maior profundidade.
12. Cursos sobre o sistema financeiro.
13. Existência nos quadros de servidores de técnicos qualificados para
assessorar o juízo com pareceres, esclarecimentos e até perícias.
14. Oferecer cursos para que os magistrados tenham domínio sobre
operações financeiras, movimentação de valores, vale dizer, tenham
conhecimento sobre modus operandi dos agentes dos crimes previstos
nesta lei.
15. Realização de cursos de especialização na área.
16. Varas especializadas ou com especialização quanto a esses crimes.
17. É necessária uma mudança de atitude de seus integrantes.
Quadro 18 – Continuação
18. Aprofundada especialização dos magistrados com competência
criminal. Mas não só deles. Também dos representantes do Ministério
Público e da Polícia! Afinal, é necessário formar um senso comum
mínimo entre todos.
19. Pelo Judiciário, pouco caberia. É necessário mudança na legislação e
maior intimidade no combate por parte da Polícia Federal, com
maiores investimentos.
20. Convênios com o Executivo. Criação de setores e cargos técnicos
de apoio próprios para levantamento e conferência da veracidade
das informações trazidas aos autos pelos réus e pelo MPF.
21. Há necessidade, na realidade, de melhor aparelhamento do
Departamento de Polícia Federal sobre o assunto, digo, para investigar
o assunto. Quanto ao Judiciário, não vejo como, no momento, dar
maior agilidade aos feitos no compasso característico das operações
financeiras.
QUADRO 19
Sugestões dos juízes federais sobre o que poderia ser
implementado pelo Judiciário para que os crimes de lavagem
sejam punidos com maior eficácia relacionados à integração entre
órgãos.
1. A repressão ao crime organizado passa, necessariamente, por uma
ação integrada entre as instâncias do Poder Judiciário, já que as
superiores hão de dar suporte à primeira, sem o que se torna inócua
a atuação do juiz monocrático.
Quadro 19 – Continuação
2. Intercâmbio maior entre as esferas federal e estadual.
3. Maior entrosamento com a Polícia Federal e o MPF com a criação
de um órgão policial e Judiciário especializado na matéria.
4. Entendo que o Judiciário deveria estabelecer contatos com o Banco
Central, a Receita Federal e outros órgãos administrativos, de modo
a estabelecer-se formas de maior cooperação de tais órgãos no
fornecimento de informações que forem requisitadas.
5. O convênio firmado com o Bacen em 8/5/2001 é um bom começo. É
preciso, no entanto, implementá-lo o quanto antes.
6. É preciso especialização nos seguintes órgãos: Receita Federal, Banco
Central, Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal. Referidos
órgãos têm que trabalhar em sintonia e com vontade.
7. Convênio com Bacen para acesso às informações previstas na lei e
acesso às informações obtidas pela Receita Federal (departamento
de inteligência) via convênios.
8. Tratando-se de crime transnacional, fica difícil o Poder Judiciário de
um só país, como o Brasil, resolver o problema.
9. Celebração de convênios com instituições internacionais que cuidam
do assunto.
QUADRO 21
Comentários dos procuradores da República.
1. É fundamental que o MPF crie um setor de inteligência interligado ao
Coaf.
2. A grande dificuldade em se investigar qualquer tipo de crime, mormente
o de lavagem de dinheiro é o excesso de formalismo para se carrear
a prova, o que se contrapõe à própria investigação visada no processo
penal: que é a busca da verdade real. Para melhorar a persecução
nesses crimes, é imprescindível a flexibilização do sigilo bancário, com
acesso direto às informações pelo Ministério Público.
Quadro 21 – Continuação
3. Nosso ordenamento jurídico deveria ter instrumento, segundo o qual
se presumiria de origem ilícita todo bem adquirido sem comprovação
de lastro nos rendimentos declarados no imposto de renda. Nessa
situação, caberia confisco pela autoridade administrativa. Essa, a meu
ver, na realidade brasileira, a única medida eficaz ao combate da
lavagem de dinheiro.
4. Por enquanto, a efetiva aplicação da Lei n. 9.613 é tímida e incipiente,
talvez devido à falta de disposição política do Coaf no sentido de
desenvolver trabalho integrado com instituições vistas com
desconfiança pelo Executivo (MPF, Judiciário).
5. De regra, a Polícia Federal não desenvolve a contento as investigações
sobre ilícitos financeiros. A metodologia adotada, voltada mais para
“ouvir” pessoas, é obsoleta. Por outra linha, o Banco Central não
tem contribuído para o sucesso das investigações. A excessiva carga
judicial e a burocratização do processo penal levam à impunidade
como certeza. Faça-se uma pesquisa de eficácia do Processo Penal
na 1a instância. Urge a tramitação direta do inquérito policial entre o
MP e a Polícia.
6. Não poderia deixar de elogiar a iniciativa do Conselho da Justiça
Federal pela formulação, em destaque, de modo que floresça para
outras áreas de cogitação sensível à sociedade, sobretudo naquelas
matérias que passam um sentimento médio de impunidade.
7. É necessária a imediata revisão e desburocratização da legislação e
regulamentação bancárias, tornando mais transparentes aquelas
operações.
Quadro 21 – Continuação
8. Para o combate aos crimes de lavagem de dinheiro é primordial o
auxílio do Banco Central/Coaf ao Ministério Público Federal, fato,
hoje, que não ocorre, inclusive, sempre dificultam como podem o
nosso trabalho.
9. Quebra de sigilos bancário, telefônico e ambiental pelo MPF.
10. Entendo louvável a iniciativa deste Conselho da Justiça Federal. Da
mesma forma, entendo imprescindível a integração de órgãos
encarregados da persecução. Só assim é que o Estado desorganizado
terá alguma chance de combater o crime organizado.
11. As ações penais contra lavagem de dinheiro, sem dúvida, seriam
mais eficazes caso existisse, em sede federal, um juízo para a fase
pré-processual, tal como ocorre na área estadual (Dipo).
12. Somos, em todo Brasil, pouco mais de 300 procuradores da República
em 1a instância. Não contamos com assessoramento técnico eficiente
(não há cargo de contador nas PRs e nem de assessor jurídico para
os procuradores).
QUADRO 22
Comentários dos juízes federais.
1. A lei parece-me aparelhar suficientemente a repressão. Quanto à
proibição da fiança e liberdade provisória, acho que não corresponde
ao Direito Penal democrático, mas não observei isso diante das
decisões do STF quanto aos crimes hediondos. No tocante aos delitos
conectados, acho que deveria haver uma cláusula genérica que se
referisse a dinheiro proveniente de crime.
Quadro 22 – Continuação
2. Criação ou aprimoramento de órgãos administrativos do Poder
Executivo para apuração e comunicação à Polícia Judiciária e ao
Ministério Público da ocorrência de delitos dessa natureza. O
estabelecimento de mecanismos de integração entre essas entidades
é de vital importância para o sucesso da repressão desses delitos.
3. É urgente a definição de “organização criminosa”.
4. A lei, por si só, nada resolve. A administração precisa disponibilizar
meios para apurar a ocorrência dos delitos da espécie.
5. É fundamental enfrentar a criminalidade a partir do ápice da pirâmide,
onde se localizam os “capitalistas do crime”, poupando energia em
relação à base, nos crimes de bagatela.
6. Sem prejuízo dos aspectos processuais e penais, em relação à prisão,
entendo que o bloqueio dos bens ligados à lavagem de dinheiro devem
ser imediatamente indisponibilizados e separados ao Estado para
implementação de políticas públicas.
7. Decorridos 3 anos da sanção da referida lei, e considerando que não
há registro de investigação ou de ações penais envolvendo lavagem,
evidencia-se a ineficácia dos dispositivos dos artigos 10 e 11 da Lei
n. 9.613/98, sem mencionar o Coaf, que ainda não disse a que veio.
8. Não é demais afirmar que, como outras, esta lei tem por objetivo
impressionar a coletividade, fazendo crer que há uma preocupação
efetiva com a impunidade. Na realidade, demonstra o despreparo de
nosso legislador quanto à questão criminal em nosso país.
9. A questão n. 4 induz a uma resposta cuja premissa, no meu
entendimento não é exata. Não há proteção constitucional ao sigilo
Quadro 22 – Continuação
bancário. Apenas tangencialmente, quando da intersecção entre o
direito à privacidade e o sigilo bancário, haveria proteção consti-
tucional. Normalmente, o sigilo bancário só protege números e não a
vida íntima das pessoas.
10. O Judiciário deve, institucionalmente, aproximar-se do MPF, para o
bem de ambas as instituições e, principalmente, do jurisdicionado,
para tratar de temas como o que ensejou este questionário.
11. Quanto à questão 13, tenho que nenhuma das opções colocadas
para resposta se adequam à solução. Na medida em que para as
medidas assecuratórias exigem-se “indícios suficientes”, a
demonstração de contra-indícios da ilicitude da origem é a “prova”
suficiente para a liberação. Por isso, tenho que a norma não é
inconstitucional.
12. A lei nem sempre é suficiente para o combate aos crimes dessa
natureza, devendo ocorrer melhor preparação dos juízes, harmonia e
integração nas tarefas da Polícia e Ministério Público Federal com os
demais órgãos ou entes federais envolvidos.
13. É preciso que se avance um pouco mais. Todo cidadão tem o dever de
comprovar seu patrimônio perante o Poder Público, independentemente
da origem ilícita. O perdimento para quem não traz justificativa nesse
sentido seria salutar.
14. O presente questionário tem um ranço ideológico quando tenta induzir
a que se afirme que a Lei n. 9.613/98 possui dispositivos que não
seguem à exigência de um “Direito Penal democrático”. Dá a entender
que “democrático” é somente aquilo que beneficia o infrator.
Quadro 22 – Continuação
15. Acho que o rol dos crimes remetidos não deveriam ser taxativos.
Aliás, não deveriam ser crimes e, sim, infração penal, abrangendo,
com isso, as contravenções penais. Mesmo porque, para condenação
só precisaria provar a infração como pressuposto, não precisando
da condenação.
16. Necessário se faz o estabelecimento de curso para o referido assunto
e não palestras e seminários, que não trazem conhecimentos suficientes
para o objetivo a ser alcançado que a sociedade espera e exige.
17. Falta dispositivo que trate com maior rigor a questão da prescrição
da pretensão punitiva.
18. É preciso que o Judiciário possa priorizar esforços para acelerar o
resultado em processos do gênero. Significará trabalhar mais no
“atacado” neste tempo em que o volume de processos e a escassez
de juízes impedem a atenção necessária a todos os tipos de
criminalidade.
19. O pouco trato com a matéria dificultou a resposta ao questionário. A
iniciativa é elogiável.
20. A apuração dos crimes é difícil, dependendo da boa vontade;
principalmente, do Banco Central, que normalmente não atua com a
transparência necessária.
21. Infelizmente, o grande obstáculo, além dos já mencionados, tem sido
a complacência dos tribunais quando enfrentam os referidos delitos,
pois têm dado um tratamento brando aos réus. A meu ver, a prisão
preventiva têm que ter maior aplicabilidade. Acredito que os aludidos
delitos merecem um tratamento mais sério e rigoroso.
Quadro 22 – Continuação
22. Não há denúncias do ilícito em questão. O órgão ministerial também
apresenta-se deficitário. Necessário sejam realizados cursos de
especialização para os juízes criminais.
23. É indispensável a aprovação de uma lei ordinária que preveja o crime
de sonegação fiscal entre os delitos antecedentes previstos no artigo
1o da Lei n. 9.613/98.
BETTI, Francisco de Assis. O sigilo bancário e a nova lei que define o crime
de “lavagem” de dinheiro: aspectos tributários e penais. Revista do Centro
de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, Brasília, 1997.
CERVINI, Raúl, GOMES, Luiz Flávio e OLIVEIRA, William Terra de. Lei de
Lavagem de Capitais: Comentários à Lei n. 9.613/98. São Paulo: Revis-
ta dos Tribunais, 1998.
GOMES, Luiz Flávio, CERVINI, Raúl. Crime Organizado. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1997.
1. Estado da Federação:____________________________________________
2. Departamento da Polícia Federal onde trabalha:______________________
_____________________________________________________________
3. Sexo: ( M ) ( F )
4. Idade:________________________
5. Tempo como delegado federal:____________________________________
Anexo B Instrumento de coleta de dados dos procuradores da República.
1) Estado da Federação:___________________________________________
2) Sexo: ( M ) ( F )
3) Idade:____________________
4) Tempo de trabalho no Ministério Público Federal:____________________
Anexo C Instrumento de coleta de dados dos juízes federais.