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IBP

INSTITUTO BRASIL PROFICIONAL

Gás e Petróleo
Trabalho extracurricular

Juruá-AM

2018
Luiz Eduardo da Silva de Oliveira

Gás e Petróleo
Trabalho extracurricular
Trabalho solicitado pelo ministrante do Curso
de Gás e Petróleo; Prof.º J. Uanderson dos
Santos.

Juruá-AM
2018
Gás e Petróleo
Trabalho extracurricular

CRISE DO GOLFO

No ano de 1990, Saddam Hussein, então ditador do Iraque, ataca algumas


regioes com o objetivo de dominar suas reservas de petróleo. Este episódio é
nomeado pelos historiadores como a 6ª Crise do Petróleo ocorrida após as grandes
guerras mundiais. O ataque de Saddam ao Kuwait foi arquitetado de forma
estratégica, pois o país era um dos maiores fornecedores de petróleo para os
Estados Unidos. Desta forma, os EUA entraram em alerta, temendo que o ditador
iraquiano pudesse invadir mais nações produtoras de petróleo naquela região, como
a Arábia Saudita.

No ano de 1991, com apoio da França, Inglaterra, Itália e algumas nações


árabes, os Estados Unidos invadem e expulsam os iraquianos do Kuwait. Porém,
enquanto preparavam-se para fugir das tropas norteamericanas, os iraquianos
colocaram fogo em praticamente todos os poços petrolíferos, causando uma das
catástrofes de maior prejuízo para o meio ambiente. Neste episódio, boa parte da
fauna que habitava o Golfo Pérsico foi destruída.

Líbia, Iêmen, Egito, Arábia Saudita, Bahrein e os Emirados Árabes Unidos


anunciaram nesta segunda-feira (5) que cortaram as relações diplomáticas com o
Catar, acusado de criar instabilidade na região do Golfo Pérsico, ao apoiar grupos
terroristas. O Catar diz que o rompimento é injustificado. O rompimento vem dias
após a visita do presidente dos EUA, Donald Trump, à região. Os governos do Irã e
da Turquia defenderam a abertura de diálogo do Catar e seus vizinhos.

‘Nos últimos anos, o Catar decidiu jogar também no grande tabuleiro da


geopolítica internacional. Além de permitir a instalação de uma importante base
aeronaval dos Estados Unidos em seu território, interveio diretamente nas guerras
da Síria e da Líbia, enviando armas e munições para os rebeldes sírios, e utilizando
seus caças miliares para bombardear as forças do então ditador líbio Muammar
Kadafi.
Mas além do aspecto militar, os emires do Catar, da dinastia al-Thani,
também decidiram investir na imagem do pequeno país. Por exemplo, ganhando a
disputa para hospedar a Copa do Mundo de Futebol de 2022 (com inúmeros
problemas logísticos e as violações de direitos humanos que seguiram) e também
comprando cotas acionárias de importantes empresas mundo afora, geralmente
utilizando as enormes riquezas do fundo soberano quatariano.

Investimentos

Somente no Reino Unido, o Catar possui hoje a famosa loja de departamento


Harrods, o arranha-céu mais alto da Europa (“The Shard”), parte do distrito
empresarial Canary Wharf e da Bolsa valores, além de inúmeras propriedades
imobiliárias de luxo. Um patrimônio superior àquele da própria Rainha Elizabeth II.
Mas o governo do Catar também investiu em cotas da Porsche e Volkswagen, na
casa de moda italiana Valentino, hotéis de luxo na Sardenha, e até uma coleção de
arte com obras de Cézanne, Rothko e Warhol.

O intervenção internacional da pequena monarquia não se limitou ao


investimento em grandes marcas ocidentais. O Catar procurou ainda explorar as
contradições entre os países do Golfo Pérsico para aumentar a sua liderança
regional, mas isso o levou a uma rota de colisão com a Arábia Saudita e com outros
vizinhos. Além disso, a poderosa rede de televisão do governo do Catar, “Al
Jazeera", baseada em Doha, é vista com desconfiança e antipatia pelos governos na
região, pois várias vezes publicou notícias indesejáveis para esses regimes.

Os países vizinhos acusam o Catar de estar apoiando grupos terroristas,


como a Irmandade Muçulmana (ligação que já tinha provocado a suspensão dos
laços diplomáticos durante 8 meses, em 2014), e a estreita relação com o Irã xiita,
que a Arábia Saudita considera seu inimigo número 1, mas com o qual o Qatar tem
boas relações, além de fortes interesses econômicos (compartilham uma enorme
bacia de gás natural no Golfo).

O estopim para a crise foi aceso no dia 24 de maio, com algumas declarações
atribuídas ao emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani. Palavras positivas em
relação a Teerã, consideradas desagradáveis pelos sauditas. “Não há razão para
essa hostilidade dos árabes contra o Irã”, teria declarado o emir, que também
elogiou os grupos Hezbollah e Hamas, ambos amigos do Irã. Três dias depois, al-
Thani ligou para o presidente iraniano Hassan Rouhani para felicitá-lo por sua
recente reeleição. Uma clara rejeição a alinhar-se com a Arábia Saudita, que não
gostou nada.

Imediatamente após as declarações do emir, os meios de comunicação do


Catar foram censurados em todos os territórios da Arábia Saudita, Emirados Árabes
Unidos, Bahrein e Egito. O governo do Catar alegou logo em seguida que o Emir
nunca teria proferido essas declarações, e que o país teria sido vítima de um ataque
hacker.

Entretanto, apesar de o Catar ter ajudado a Arábia Saudita a reprimir as


revoltas xiitas no Bahrein em 2011, o país não hesitou em usar conflitos regionais
para seus próprios interesses. Al Jazeera é muitas vezes acusada de conceder
excessivo espaço para os xiitas do Bahrain e da província saudita de Qatif, algo
considerado inaceitável pelas monarquias locais.

Recentemente um jornalista foi preso no Bahrein sob a acusação de enviar


filmes não autorizados para TV do Catar. E é possível que a recente visita de Donald
Trump à Arábia Saudita e suas duras palavras contra o Irã tenham fortalecido a
percepção dos sauditas e dos emirados que a hora de resolver esse excesso de
independência do Qatar tinha chegado de vez.

As consequências

A primeira consequência imediata dessa crise foi um aumento do preço do


petróleo de 1,24% (chegando a US$ 50,57 ao barril) e a queda a bolsa de valores de
Doha de mais de 7%. Os voos de companhias aéreas como Emirates, Etihad e
FlyDubai e Qatar Airways foram suspensos nos territórios de Arábia Saudita,
Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Egito, Líbia, Maldivas e Iêmen.

E o que deixou essa situação ainda mais grave, e confusa, foi que a crise
diplomática foi acompanhada do fechamento das fronteiras e a suspensão de todas
as ligações logísticas com Doha. A única fronteira terrestre que a península possui é
aquela com a Arábia Saudita, que vetou não somente a aterrissagem mas também o
sobrevoo de aviões do Catar. Em suma, a pequena monarquia árabe está
geograficamente isolada e cercada.

Isso que levou dezenas de milhares de catarianos a correr aos


supermercados por causa do medo de uma crise alimentar provocada pelo
fechamento da fronteira. Milhares de carrinhos de compras foram lotados de
produtos, filas intermináveis se formaram nos caixas e as prateleiras já estão vazias.
O medo da escassez de itens básicos tem fundamento: o Qatar é uma economia
baseada no petróleo e importa cerca de 90% dos alimentos vendidos em suas lojas.
A grande maioria dos quais vem através da fronteira terrestre com a Arábia Saudita.

Além disso, a Arábia Saudita também convidou grandes empresas


internacionais a interromper relações econômicas e comerciais com o Catar. O que
foi percebido como ameaça velada contra as grandes corporações, que seriam
excluídas da Arábia Saudita, mercado muito maior em comparação com o Qatar, se
não obedecerem a ordem.

Se no momento o Catar parece estar equipado com meios econômicos e


políticos suficientes para resistir ao isolamento regional -- Doha tem um fundo
soberano de quase US$ 340 bilhões e um superávit comercial que somente em abril
foi de US$ 2,7 bilhões (cerca de um terço do superávit registrado por um país
gigantesco como o Brasil) -- a crise diplomática atual poderia, por outro outro lado,
ter consequências negativas mais amplas em contratos e investimentos de longo
prazo.

Prestígio internacional

Além do aspecto econômico, haveria implicações em larga escala também


para o prestígio do país, especialmente na moeda nacional, na qual o Catar investiu
fortemente nos últimos anos. O exemplo mais óbvio de consequências negativas
seriam os danos à reputação do país se a crise tivesse atingir a organização da
Copa do Mundo de 2022, evento no qual Doha investiu um enorme capital político,
económico e diplomático, e do qual espera um retorno proporcional ao esforço.
Ampliando o quadro para a geopolítica regional, é claro que com um
isolamento total será impossível para a monarquia do Catar levar adiante uma
política externa como a dos últimos anos. O esforço que está sendo feito pela frente
dos países sunitas parece ser exatamente aquele de fechar permanentemente os
espaços de autonomia diplomática e política do pequeno país árabe. Não por acaso,
não somente os embaixadores como todos os cidadãos do Qatar foram expulsos da
Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Egito, Líbia, Maldivas e Iêmen.

O emir Hassan da Jordânia declarou recentemente à TV France24: "Se não


são os países do Golfo que financiam o Estado Islâmico, quem faria isso?". Mas é
importante notar que, ao contrário da Al-Qaeda e outros grupos, o EI tem sido capaz
de diversificar suas fontes de renda para permanecer independente dos doadores.

Essa crise gerou preocupação também nos Estados Unidos. O próprio


Secretário de Estado americano, Rex Tillerson, não se pronunciou sobre o mérito da
disputa, mas pediu para todos seus aliados regionais (Bahrein e Catar hospedam as
duas bases mais importantes dos EUA na região) para resolver a crise rapidamente.

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