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1. Argumentos
teria como primeira premissa [α ] a sentença “Se houvesse menos pobreza, a violência
social diminuiria”, como segunda premissa [α ] a sentença “Se a violência social
diminuísse, haveria um ganho maior para todos”, e como conclusão [β] a sentença “A
pobreza deve ser reduzida ao mínimo possível”. Obviamente, tais sentenças teriam de
ser formalizadas, antes que se pudesse tratar formalmente o argumento em questão.
Há duas maneiras de representar formalmente um argumento. A primeira
consiste em tomar a conjunção de todas as premissas (duas a duas, conforme vimos), e
construir uma implicação material que tem por antecedente essa conjunção, e, por
consequente, a conclusão do argumento. Assim, um argumento com três premissas,
“ → ”, “ ∨ ” e “ ”, e com a conclusão “ ”, seria formalizado da
seguinte maneira:
→ ∧ ∨ ∧ → .
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A segunda maneira de representar formalmente um argumento, possivelmente
mais intuitiva, seria colocar as premissas umas acima das outras, na ordem em que
aparecem no argumento, e, abaixo da última dessas premissas, colocar a conclusão,
separando-a das premissas por um traço horizontal. Por este método (que passaremos a
utilizar, daqui em diante), a representação do argumento acima ficaria assim:
→
∨
Diremos que um argumento é válido se e somente se, sempre que todas as suas
premissas forem verdadeiras, sua conclusão seja também verdadeira. Isto é o mesmo
que dizer que, dado um argumento, esse argumento será válido se e somente se for
válida a implicação material que tenha por antecedente a conjunção das premissas
desse argumento, e, por consequente, a conclusão desse argumento (conforme a
primeira maneira de representar formalmente argumentos, vista acima).
Veremos com mais detalhes, logo adiante, as questões envolvidas na validade de
argumentos.
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Considere, por exemplo, a seguinte sentença:
Essa sentença afirma que basta eu ser paulista para que seja brasileiro, por um
lado, e, por outro, que, se eu não for brasileiro, não serei paulista. Afirma, portanto, que
ser paulista é condição suficiente para ser brasileiro, e que ser brasileiro é condição
necessária para ser paulista. Além disso, é importante notar que ser paulista não é
condição necessária para ser brasileiro (pois, se eu não for paulista, posso, ainda assim,
ser brasileiro), e que ser brasileiro não é condição suficiente para ser paulista (visto que
posso ser brasileiro e não ser paulista).
Se associarmos as letras “P” e “B” às sentenças que compõem a condicional
acima, fazendo com que “P” signifique “Ser paulista” e “B” signifique “Ser brasileiro”,
a sentença “Se eu sou paulista, então sou brasileiro” será formalizada pela implicação
material → . Assumamos, então, que essa implicação material seja verdadeira.
Seguir-se-á que, se for também verdadeira (isto é, se a condição suficiente do
argumento condicional ocorrer), então será também verdadeira, necessariamente (ou
seja, o que se segue da condição suficiente não poderá deixar de ocorrer). Por outro
lado, se → for verdadeira e for falsa (isto é, se a condição necessária do
argumento condicional não ocorrer), então → e serão, ambas, verdadeiras;
consequentemente, será também verdadeira, e seguir-se-á que será falsa (ou seja,
que o que se segue da condição necessária não poderá ocorrer).
Tais considerações ilustram duas das principais figuras de inferência da Lógica
Proposicional: a primeira, chamada Modus Ponens, é a afirmação do antecedente de um
argumento condional, e corresponde ao caso em que a condição suficiente desse
argumento ocorre; a segunda, chamada Modus Tollens, é a negação do consequente de
um argumento condicional, e corresponde ao caso em que a condição necessária desse
argumento não ocorre. Ambas essas figuras de inferência são esquemas de argumentos
válidos – isto é, qualquer argumento que, formalizado, tenha a mesma estrutura de uma
dessas figuras de inferência, será um argumento válido –, e podem ser assim
representadas:
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Modus Ponens Modus Tollens
(afirmação do antecedente) (negação do consequente)
→ →
Transitividade
→
→
→
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