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Curso

Educação para o pensar


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Carga horária: 20hs
1. O PENSAMENTO – UMA DEFINIÇÃO
2. O PENSAMENTO – UMA CONDIÇÃO HUMANA
3. O PENSAMENTO COMPLEXO
4. FILOSOFIA – EDUCAÇÃO PARA O PENSAMENTO
5. FILOSOFAR – EDUCAR PARA O PENSAR
6. FILOSOFIA – UM ESTADO DE ESPÍRITO
7. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS
8. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS II
9. EDUCAR PARA O PENSAMENTO ÉTICO, ESTÉTICO E
POLÍTICO
10. A EDUCAÇÃO MORAL
11. EDUCAÇÃO PELA ÉTICA
12. EDUCAÇÃO PELO DIÁLOGO
13. POR QUE ENSINAR FILOSOFIA ?
14. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR
15. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR II
16. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR III
17. ENSINAR A FILOSOFAR
18. FOLOSOFAR – UMA NOVA CONCEPÇÃO DE MUNDO
19. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO
20. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E JOGOS
1. O PENSAMENTO – UMA DEFINIÇÃO

O pensamento é um recurso humano essencial, que carece


de aperfeiçoamento permanente através da educação,
buscando incentivar as pessoas, especialmente as crianças
e os jovens, a exercerem um pensamento reflexivo,
rigoroso, crítico, profundo, criativo, cuidadoso,
contextualizado e autocorretivo; por isso se propõe uma
reforma do ensino que contemple o desenvolvimento do
pensamento de ordem superior. Neste conceito de
pensamento excelente está presente o desenvolvimento
das habilidades básicas de pensamento que já se
encontram nas crianças, mas que devem ser
cultivadas na direção de sua otimização. O que ele
denomina de habilidades de pensamento é um conjunto de
atividades mentais que serve ao pensamento crítico,
criativo e cuidadoso: serve ao pensar bem; serve ao
pensamento de ordem superior que exige, além do domínio
e bom uso das habilidades de pensamento, o emprego de
critérios e de boas razões, profundidade, abrangência de
compreensão quanto ao contexto ou contextos a que se
refere,
exige rigor, pede autocorreção, exige se ver e se
acompanhar no seu próprio processar-se (metacognição),
convida a dar-se conta da complexidade das relações que
identifica ou que estabelece e reconstrói e exige ser
reflexivo.

2. O PENSAMENTO – UMA CONDIÇÃO HUMANA


Lipman afirma que o pensamento é função específica do
espírito humano e comporta processos complexos, pois o
“pensar é o processo de descobrir ou fazer associações e
disjunções”; que inexistem realidades simples, que “O
universo é feito de complexos como moléculas, as
cadeiras, as pessoas e as idéias”; que esses complexos se
ligam uns com os outros e, cada coisa somente faz sentido
dentro de complexos ou de contextos. Para ele, o
significado do “complexo encontra-se nos relacionamentos
que este tem com os outros complexos”; assim como cada
ser ou evento, encontra sentido no contexto onde se dá ou
ocorre. Assim, “cada relacionamento descoberto ou
inventado tem seu significado”, havendo grandes
significados construídos a partir dos grandes sistemas de
relacionamentos entre os complexos. O mesmo se pode
dizer de cada coisa, objeto ou fenômeno: cada qual tem
seu significado nos relacionamentos de que participa. Mais
adiante, ele esclarece que o pensamento complexo ou
pensamento de ordem superior é capaz de produzir novas
relações a partir do que conhece, pois, “inclui o
pensamento recursivo, o pensamento metacognitivo, o
pensar autocorretivo” e ainda, inclui as formas de
“pensamento que envolvem a reflexão sobre sua própria
metodologia.” (1995, p. 43). Além de crítico ele é,
também, criativo. Se o aspecto crítico do pensar é
constatativo e esclarecedor do que ocorre, o seu aspecto
criativo é o que impulsiona o novo e, portanto, as
possibilidades de transformação. O pensamento não pode
ser apenas constatativo, é também, inovador. E, se
temperado pelo cuidado ganha dimensão maior de
instrumento e fomento de humanização.
3. O PENSAMENTO COMPLEXO

O pensamento de ordem superior ou complexo, explica


Lipman (ibid., p. 42), envolve mais um componente: ao
sustentar convicções, é preciso estar ciente,
simultaneamente, das razões e dos fundamentos sobre os
quais elas se baseiam. Esse componente do pensar
apresenta grande complexidade, por conta das próprias
suposições e implicações, das razões e provas que
sustentam as conclusões a que se chega ao pensar.
Segundo o filósofo norte americano: O pensamento
complexo leva em consideração a sua própria metodologia,
seus próprios procedimentos, sua própria perspectiva e
ponto de vista. O conhecimento complexo está preparado
para reconhecer os fatores que são responsáveis pelas
tendências, preconceitos e auto-ilusões. Ele inclui pensar
sobre seus procedimentos ao mesmo tempo em que, pensa
sobre seu tema principal. (LIPMAN, 1995a, p. 42) Na
sociedade complexa e dinâmica de hoje o domínio de um
pensar de ordem superior é instrumento fundamental de
realização de todas as pessoas. Daí a sua proposta de uma
educação para o pensar que contemple o seu
desenvolvimento. Lipman praticamente só escreve
propondo caminhos para uma nova educação que ele, por
vezes, denomina de reflexiva ou de paradigma educacional
reflexivo. Sua proposta decorre de uma ontologia, de uma
axiologia e principalmente de uma teoria do conhecimento,
esta última mais bem explicitada em seus escritos.

4. FILOSOFIA – EDUCAÇÃO PARA O PENSAMENTO


Ao se ouvir a palavra “filosofia” imagina-se, muitas vezes,
estar diante de um conjunto de teorias sem sentido, sem
relação com o cotidiano. Alguns dirão: “A filosofia é coisa
de louco” ou “é coisa de gente que não tem mais nada o
que fazer”. Estaria mesmo a filosofia distante do cotidiano?
Seriam os filósofos seres lunáticos preocupados com coisas
absurdas? O que teríamos a ver com a filosofia? Algumas
pessoas afirmam que a Filosofia é a Ciência com a qual e
sem a qual o mundo permanece tal e qual. Bobagem! A
Filosofia não é Ciência, pelo menos não como se entende a
Ciência hoje. Mas, por exemplo, a Química, essa coisa
fabulosa que permitiu produzir sandalinhas de plástico e
outras coisas mais, surge da tentativa dos Filósofos
Renascentistas de relacionar as partes ao todo, utilizando-
se da Astrologia e da Alquimia. E a Física, responsável
pelos motores potentes e pela aerodinâmica dos carros,
surge da busca de uma explicação para a phisis - palavra
grega que compreende a natureza em movimento e
permanência. As Ciências estão, de alguma forma,
relacionadas à Filosofia porque o objeto da Filosofia é a
própria reflexão, o retorno do pensamento a si mesmo
para indagar o que são as coisas. O que é a Ciência, a
Arte, o mundo, o homem, enfim, o que somos nós, como
pensamos? Mas... para quê isso?

5. FILOSOFAR – EDUCAR PARA O PENSAR

Qualquer pessoa pode agora estar em um dilema pensando


se quer ficar na festa com o cara ou a garota mais bonita
da escola ou com aquela que nem é tão bonita, mas é uma
ótima companhia. Neste momento a pessoa terá que voltar
o pensamento para si mesmo, perguntando o que significa
mais para ela: uma boa companhia ou a beleza? Não
importa qual a resposta. O que importa é o processo de
reflexão que o conduziu a esta pergunta. É provável que a
pessoa nem chegue a uma resposta e fique na festa com
quem aparecer primeiro. Existe também a possibilidade
dela se lamentar por um bom tempinho pela sua atitude. O
desfecho desses dilemas é variado, mas o processo de
reflexão é bastante comum em várias situações. O que
pensar de uma área do conhecimento e da ação humana
que é classificada por um de seus expoentes como
“perturbadora da paz”? Ou ainda que o que se busca
através da mesma é a “verdade total”, “que o mundo não
quer”? Para tornar ainda mais complicada a questão, que
tal imaginar que a “verdade” que se busca pode e deve ter
“múltiplas significações”? A propósito... O que é verdade? E
que área do conhecimento tão complexa, contraditória e
provocante é essa tal de filosofia?

6. FILOSOFIA – UM ESTADO DE ESPÍRITO

Filosofia é mais do que simplesmente uma “área do


conhecimento e da ação humana”. Filosofia é um estado de
espírito. Demanda a todo o momento vibração,
movimento, oxigenação. É feita a base de leitura (de
mundo), reflexão, intercâmbio, intensidade. O ato de
educar pode adquirir diversos significados: formar,
sociabilizar, ensinar, clarear, modelar, conscientizar,
integrar. São tantas as implicações dessa ação, ao mesmo
tempo simples e complexa, que constantemente se
pergunta pelo seu sentido como se não fosse mais possível
reconhecer o traçado no entrecruzamento das linhas como
de um bordado. Do universo caótico do avesso vai, aos
poucos, se configurando as formas no lado direito. A linha
que fura o tecido busca o caminho como quem procura um
objetivo que só pode se revelar gradualmente num
processo criativo. Exatamente por isso que educar é
também criar. Ação que exige cuidado, intencionalidade,
mas que, sobretudo, transcende a si mesma desvelando a
riqueza múltipla do humano. Em busca de uma definição
do homem, o filósofo presenteia com a impossibilidade da
definição, de um modelo único do humano. A diversidade
humana é fruto da imersão no universo de representações
que se cria socialmente - o da cultura e da linguagem.

7. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS

Educar é quase sempre perguntar qual ser humano se quer


formar. Formar é colocar na forma, moldar. Mas também
pode ser dar forma. Mas, se for analisada a própria
dimensão humana há de se perceber que há formas de dar
forma que vão além das formas (dos moldes). Foi assim
que no contato com a natureza e com a cultura que se
conseguiu dar formas diversas e múltiplas ao mundo. E
não apenas dar e criar formas, mas atribuir-lhes sentido.
Transmitir formas e sentidos (informar), transfigurá-las
(transformar). A transformação só é possível, pois no
humano reside à possibilidade de avaliar as ações, pensar
o próprio processo do pensar: investigar, prever,
problematizar, julgar, etc. Assim se aprende o que é bom
ou não, bonito ou feio, justo ou injusto. Aprende-se e
continua aprendendo, pois neste processo contínuo não é
possível acomodar as molduras que se tem à complexidade
da vida que se transforma a cada instante. Dito de outra
forma, o que alguns vêem como crise de valores pode
indicar apenas a necessidade de se pensar na inadequação
ou adequação das molduras para os fins que se almeja.
Isso remete, invariavelmente, à reflexão sobre uma
educação para valores.

8. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS II

Como educar para valores se um vaso sanitário em um


canto de um museu pode ser entendido como arte, como
expressão do que era sublime e belo? Como educar para
valores se a desonestidade é entendida como ordem
natural da sobrevivência? Se a desigualdade guia a ação da
justiça? A perplexidade e a indignação que envolve essas
questões podem conduzir à tendência de se resgatar
princípios universais que imaginamos estarem esquecidos
ou adormecidos na educação dos jovens e crianças, tais
como solidariedade, honestidade... Todavia, nenhum
princípio moral por mais bem intencionado, fundamentado
e sedimentado poderia transformar por si mesmo as ações,
pelo simples fato de que tais valores não são entidades,
mas criações que surgem da necessidade humana de viver
e conviver, da necessidade do homem de pensar-se a si
mesmo. Não é a toa que os Parâmetros Curriculares
Nacionais emprestam da filosofia os elementos que
permitiriam delinear um conceito de cidadania.

9. EDUCAR PARA O PENSAMENTO ÉTICO, ESTÉTICO E


POLÍTICO

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais a cidadania


deve ser entendida em três dimensões: ética, estética e
política. Estética no sentido do exercício de sensibilidade;
ética no sentido de construção de identidade autônoma e;
política, visando à participação democrática através do
acesso aos bens culturais e naturais. Desenvolver a
sensibilidade, a identidade autônoma e a participação
democrática é o desafio da educação que coincide com o
desafio de devolver ao homem sua própria imagem: de ser
que cria, avalia e transforma. A possibilidade de mediação
entre o vivido e o pensado tem na arte um lugar
privilegiado. A síntese criativa, a comunhão entre o sujeito
e natureza tem no sentimento a via de acesso da
experiência estética. O sentimento provocado pela
experiência estética alarga as fronteiras do vivido, de um
mundo que se descortina em profundidade na medida em
que é possível extrair o objeto do seu contexto e o
relacionar a um horizonte único.

10. A EDUCAÇÃO MORAL

Sartre afirma: A obra jamais se limita ao objeto pintado,


esculpido ou narrado; assim como só percebemos as coisas
sobre o fundo do mundo, também os objetos
representados pela arte aparecem sobre o fundo do
universo. Se o pintor nos apresenta um campo ou vaso de
flores, seus quadros são janelas abertas para o mundo
inteiro (...) O objeto estético é propriamente o mundo, na
medida em que é visado através dos imaginários, a alegria
estética acompanha a consciência de que o mundo é um
valor, isto é, uma tarefa proposta à liberdade humana.”
Ora, se a arte alarga o sentido e o sentimento do mundo é
porque a liberdade se impõe como marca do que o homem
é e faz. No exercício dessa liberdade é que se avalia o que
lhe serve ou não para a convivência, formulam-se regras,
estabelecem-se modelos de conduta que se permitam a
vida em sociedade. A esse conjunto de valores, normas,
regras denomina-se moral. A moral prescreve o que se
deve ou não se deve fazer diante dos diferentes grupos
sociais a que pertencemos. Sendo assim, é comum o
homem guiar suas ações pelo reconhecimento social do
grupo em que se está inserido. Nessas relações se aprende
o que é bom ou mal, certo ou errado, justo ou injusto. Por
isso, afirmava Aristóteles que somente o exercício de bons
hábitos entre os jovens poderia moldar o caráter voltado
para as virtudes, ou seja, a educação moral seria
fundamental para a formação do caráter e da identidade.

11. EDUCAÇÃO PELA ÉTICA

É importante considerar que a identidade também se forma


na diversidade. Família, escola, meios de comunicação de
massa expõem crianças e jovens a modelos de conduta
diversos e, por vezes, contraditórios. Se a vida
constantemente apresenta escolhas é preciso saber
distinguir qual a melhor forma de agir, essa é a tarefa da
ética enquanto reflexão da moral. Se a moral é o exercício
do dever, a ética é o exercício do querer consciente de
suas implicações e conseqüências. Não se trata de
doutrinar, mas de buscar formas de favorecer a autonomia
moral. Em outras palavras, mais do que ensinar o certo ou
errado seria preciso criar condições para que crianças e
jovens possam pensar por si mesmas as condições e
consequências de suas escolhas. Favorecer o diálogo é um
importante instrumento para passar da conduta
heterônoma para a autônoma. Na conduta heterônoma se
age guiado pela força do que se espera de outrem. Neste
caso, é fácil de entender porque na ausência da autoridade
crianças, jovens e adultos apresentam comportamentos
considerados imorais ou não adequados. Investigar e
compreender porque a saúde dentária é importante é
diferente de escovar os dentes quando a mãe manda.

12. EDUCAÇÃO PELO DIÁLOGO

No diálogo investigativo o exercício da racionalidade se dá


entre os envolvidos e não apesar dos envolvidos. O
comprometimento dos membros de um grupo com uma
situação verdadeiramente problemática implica na
necessidade de se admitir os conflitos, avaliá-los e buscar
soluções; portanto, de exercitar a autonomia do pensar.
Ora, se a moral apresenta valores, avaliar os valores,
aprender a valorar é fundamental para a investigação ética
que tem um espaço promissor no diálogo. Todavia, essa
aparente sequência lógica não implica a rigidez de uma
ordem ou a fragmentação de passos. Ora, se conceituar é
organizar redes de significado, para conceituar precisa-se
comparar, inferir, deduzir, enfim, usar os elementos
presentes tanto no processo de investigação como no de
raciocínio. Antes essa sequência só poderia auxiliar na
compreensão que o esforço educativo no sentido de
desenvolver as habilidades cognitivas não se limita ao
treino de capacidades do pensar, mas ao esforço de pensar
o processo de investigação e produção do conhecimento. O
treino da habilidade de observar, necessária ao processo
de investigação, não faz de ninguém um investigador,
assim como o treino de chutes no gol, não é capaz de
garantir a competência para jogar futebol.
13. POR QUE ENSINAR FILOSOFIA ?

Uma vez que a história sempre se repete, cabe também, à


filosofia – inserida na educação escolar - formar educandos
capazes de se comprometerem com o processo do
filosofar; de estarem em busca da verdade; de
questionarem o que está pré-estabelecido, não permitindo
que as más idéias tomem destaques e prevaleçam
manipulando a ação das pessoas; de formar cidadãos que
respeitam e trabalham para que o respeito ao outro seja
garantido – respeito em todos os níveis e que atenda as
necessidades de uma pessoa para ser considerada cidadã,
ou seja, que possa “viver decentemente”. Para que este
processo aconteça, é importantíssimo o papel do professor
de filosofia, uma vez que é ele quem coordenará todo o
trabalho de reflexão filosófica, que neste caso, envolve a
questão da CIDADANIA. Tais discussões podem ser
inseridas no próprio material desenvolvido pelo professor e
podem partir de exemplos do dia-a-dia como cita
Dimenstein em seu livro O Cidadão de Papel: “Cidadania é
o direito de ter uma idéia e poder expressá-la. É poder
votar em quem quiser sem constrangimento. É processar
um médico que cometa erro. É devolver um produto
estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser
negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem
ser perseguido.”
E mais: “Há detalhes que parecem insignificantes, mas
revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho
no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones
públicos.”
14. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR

O professor poderá trazer para a realidade dos educandos


atitudes aparentemente simples e, refletir filosoficamente
sobre elas, inserindo questões como o que faz com que as
pessoas joguem ou não o papel na rua; quais as
conseqüências de se jogar o papel na rua; de onde vem
esse costume; o que se pode fazer para se ter uma postura
diferente; se quando se tem atitudes como esta está-se
cooperando com o direito de cidadania das pessoas que
vivem no mesmo bairro, enfim, no mesmo país e por que
não, como fica nesta situação a questão do responsável
pela limpeza do quarteirão (provavelmente um gari) em
relação à sua cidadania. Se necessário, partir para a
investigação analisando os prós e contras, as novas
possibilidades... Ainda em relação às atitudes do dia-a-dia
perante o tema da CIDADANIA, é interessante também
para esta reflexão, o que aponta Elizabeth Maia Bório,
quando expõe que “em inúmeras ocasiões, por exemplo, os
brasileiros, dão demonstrações de que falta o senso
comunitário. Em assembléias de condomínio, comparecem
poucos moradores para resolver questões que são de
todos. Também não se sente co-responsável pela
conservação do edifício onde mora ou da praia que é
pública, e lá joga papéis, plásticos e latas.”

15. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O


PENSAR II

Elizabeth Maia Bório que “Em razão do baixo nível de


educação do povo brasileiro, da perda de suas tradições e
raízes culturais, da fraca capacidade de organização das
classes subalternas para defesa de seus interesses e da
pequena participação na vida política do país,
confirmamos, como povo, a força do individualismo
crescente na sociedade moderna. Esse individualismo
dificulta uma convivência em que possam reinar a
igualdade, a justiça e a fraternidade.” Pode parecer que
não, mas refletir sobre atitudes do dia-a-dia é um dos
caminhos para a conscientização, capaz de proporcionar
mudanças na prática que atualmente anda tão banalizada,
inclusive no que se refere ao tratamento em relação a uma
outra pessoa humana. Em razão disto, nas aulas de
filosofia ou mesmo num trabalho interdisciplinar,
utilizando-se do aspecto filosófico, o professor-educador
poderá criar condições para que o aluno reflita sobre suas
próprias atitudes, de forma que possa confrontar a sua
ação com as normas da sociedade, bem como sobre a
atitude das pessoas da sociedade (grupo) em relação ao
seu aspecto individual e o dos outros; aprendendo então, a
lidar com seus direitos e deveres juntamente com o grupo
em que convive.

16. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O


PENSAR III

No processo de conscientização através da reflexão


filosófica, para a efetivação da cidadania para todos, capaz
de levar à mudança da prática a nível da relação social,
não se poderá esquecer da importância e necessidade do
enfoque moral e ético, como norteadores desta reflexão.
Para tal, ressalta-se que num primeiro momento, cabe aos
educadores resgatar, ou seja, “trazer à tona” (fazer
conhecer) o que é a moral e a ética, seus “papéis”, como
funcionam, etc.; para que a partir deste estudo possa ser
desenvolvida tal reflexão. É pertinente enfocar esta
importância, porque nos dias atuais aumenta cada vez
mais os péssimos exemplos (corrupções nos cofres
públicos, descaso com a pessoa do outro, diferentes tipos
de opressão e abusos que geram milhares de
desabrigados, famintos e miseráveis, refugiados em
drogas...) que impedem as pessoas de viverem
plenamente sua cidadania; não deixando parâmetros
capazes de levar as crianças e jovens a agirem e
acreditarem que vale a pena ter um comportamento
diferente, que vale a pena e é possível oferecer boas
condições de vida para todas as pessoas.

17. ENSINAR A FILOSOFAR

Em relação à questão moral, Vázquez afirma que a “(...)


ética, como ciência da moral, não pode conceber a mesma
como dada de uma vez para sempre, mas tem de
considerá-la como um aspecto da realidade humana
mutável com o tempo”. Justamente por isso, pelo fato de
ser a moral mutável, é necessário ensinar as crianças (e o
educador em primeiro lugar) a pensar, a refletir eticamente
os seus atos e os dos outros em relação à convivência em
comunidade, tendo em mente que a minha existência
envolve e afeta outras pessoas, pois o que faço, com
certeza, repercutirá – uma hora ou outra - na vida da
sociedade; na vida daquele que convive comigo, ao meu
lado ou mesmo a quilômetros de distância. A partir dessa
consciência de vida em comunidade, cabe então, uma
reflexão que leva a uma nova postura na ação, e assim,
poderiam os educadores sentirem-se mais tranquilos em
relação ao seu papel de filósofo, uma vez que estaría
ensinando as pessoas a filosofar, pois como disse Kant,
“não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”.

18. FOLOSOFAR – UMA NOVA CONCEPÇÃO DE


MUNDO

Como foi enfocado anteriormente, foi o filosofar que abriu


asas para uma nova maneira de conceber e encarar o
mundo. Vale a pena lembrar que esta consciência
filosófica, do bem pensar - em busca da verdade, não cabe
somente à filosofia (como disciplina), mas a todo educador,
que deve ser também filósofo. Daí a possibilidade e a
necessidade de envolver todas as disciplinas do currículo
escolar, bem como a educação familiar neste trabalho
reflexivo, para que a cada dia mais aconteça para todos a
efetivação da cidadania e assim, num futuro bem próximo,
todos terão a oportunidade de viver decentemente.

19. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E TECNOLOGIAS DA


INFORMAÇÃO

As técnicas, em suas diferentes formas e usos, constituem


um dos principais agentes de transformação da sociedade,
pelas implicações que exercem no cotidiano. Estudiosos do
tema mostram que escrita, leitura, visão, audição, criação
e aprendizagem são capturados por uma informática cada
vez mais avançada. Nesse cenário, insere-se mais um
desafio para a escola, ou seja, o de como incorporar ao seu
trabalho, apoiado na oralidade e na escrita, novas formas
de comunicar e conhecer. Por outro lado, também é fato
que o acesso a calculadoras, computadores e outros
elementos tecnológicos já é uma realidade para parte da
população, embora ainda muito pequena. Pode, a princípio,
parecer esse recurso, o mais distante da Educação para o
Pensar, mas se o objetivo de Lipman é formar habilidades
para despertar a criticidade do aluno, esse recurso é
profícuo no intento de ensinar-lhes a "selecionar", refletir e
questionar as informações veiculadas pelo computador, por
exemplo, evitando que ele se torne um agente passivo de
informações questionáveis e capacitando-o a decodificá-las
e inseri-las em sua realidade.

20. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E JOGOS

Para as crianças pequenas, os jogos são ações que elas


repetem sistematicamente, mas que possuem um sentido
funcional; isto é, são fontes de significados e, portanto,
possibilitam compreensão, geram satisfação, formam
hábitos que se estruturam num sistema. Essa repetição
funcional também deve estar presente na atividade
escolar, pois é importante no sentido de ajudar a criança a
perceber regularidades. Eis aí, um dos meios mais
profícuos para o trabalho com Educação para o Pensar e a
Comunidade de Investigação. Esse recurso pode auxiliar no
desenvolvimento das habilidades ilustradas por Lipman: As
áreas de habilidades mais relevantes para os objetivos
educacionais são aquelas relacionadas com os processos de
investigação, processos de raciocínio, organização de
informações (formação de conceitos) e tradução. (apud
Lorieri, 1996, p. 4)
É importante ressaltar o papel dessas habilidades na
educação. A comunidade de investigação desenvolve, além
destas habilidades, a socialização e o respeito pelas idéias
do outro, fator este extremamente crucial para o jogo.

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