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Revista da Estrutura de Aço | Volume 7 | Número 3

Volume 7 | Número 3
Dezembro de 2018
Revista da Estrutura de Aço | Volume 7 | Número 3

ARTIGOS
Análise numérica da falha por fadiga de ligação de
estrutura porta-paletes via mecânica da fratura
Maria Ávila Branquinho, Edson Denner Leonel, Luiz Carlos Marcos Vieira Júnior e
Maximiliano Malite

205

Influência das ligações semirrígidas na análise inelástica


de segunda ordem de estruturas metálicas
Cladilson Nardino, Vinícius Hanser de Souza, Marcos Arndt e Roberto
Dalledone Machado

225

Análise numérica de vigas de rolamento de aço sem


contenção lateral entre apoios
Luiz Rafael dos Santos Leite e Maximiliano Malite

245

Simulação numérica e dimensionamento pelo MRD de


pilares aparafusados de perfis formados a frio sob
falha distorcional
Warlley Santos, Alexandre Landesmann e Dinar Camotim

264
Revista da Estrutura de Aço | Volume 7 | Número 3

Modelo de cálculo para o cisalhamento do concreto nos


conectores Crestbond
Hermano de Sousa Cardoso, Rodrigo Barreto Caldas, Ricardo Hallal Fakury, Gustavo de
Souza Veríssimo e Ricardo Laguardia Justen de Almeida

280

Efeitos da interação solo-estrutura em edifícios de aço


sobre fundação superficial
Renan Moura Guimarães, Alex Sander Clemente de Souza e Silvana de Nardin

300

Contribuição ao estudo da estabilidade de edifícios


de andares múltiplos em aço
Rafael Eclache Moreira de Camargo e José Jairo de Sáles

321

Estudo experimental da ligação de painéis de OSB com


perfis do reticulado metálico do sistema construtivo
Light Steel Framing
Joseph Stéphane Datchoua, Francisco Carlos Rodrigues e Rodrigo Barreto Caldas

341
Recebido: 12/11/2017 
Aprovado: 11/04/2018 
Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 205‐224 ‐ ISSN 2238‐9377 
    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   

 
Análise numérica da falha por fadiga de 
ligação de estrutura porta‐paletes via 
mecânica da fratura 
Maria Ávila Branquinho1*, Edson Denner Leonel1, Luiz Carlos Marcos Vieira 
Júnior2 e Maximiliano Malite1 
1
 Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, Av. 
Trabalhador São‐Carlense, 400. CEP 13560‐590. São Carlos, SP, Brasil, email: 
maria.branquinho@usp.br 
2
 Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade 
Estadual de Campinas 

Numerical analysis of fatigue fracture of the beam‐to‐column connection 
in steel pallet rack by Fracture Mechanics 

Resumo 
O presente trabalho apresenta o estudo numérico do modo de falha à fadiga observado em uma 
estrutura  porta‐paletes  com  base  na  Mecânica  da  Fratura.  Por  meio  do  programa  comercial 
Ansys, a propagação de uma fissura em uma ligação longarina‐conector foi simulada visando a 
determinação da curva da variação do fator de intensidade de tensão versus comprimento da 
fissura. A pequena espessura do conector torna os efeitos de concentração de tensão ainda mais 
importantes, tornando complexa também a determinação dos fatores de intensidade de tensão. 
Apesar  disso,  foi  possível  obter,  para  o  ponto  médio  da  espessura  do  conector,  uma  curva 
representativa do comportamento mecânico‐material do problema e que possibilita a detecção 
dos instantes de mudança de direção de propagação, a compreensão do mecanismo de falha da 
estrutura como também o cômputo de sua vida útil estrutural com base na lei de Paris. 
Palavras‐chave: estrutura porta‐paletes, método dos elementos finitos, propagação de fissuras, 
vida útil, lei de Paris. 
 
Abstract   
The present work, based on fracture mechanics theory, presents a numerical study of fatigue 
fracture mode observed in a steel pallet rack connection. The propagation of cracks in a beam‐
to‐column connection was simulated by Ansys commercial software in order to determine the 
variation  of  the  stress  intensity  factor  versus  the  crack  length.  The  small  thickness  of  the 
connector  makes  stress  concentration  effects  more  important  and  the  determination  of  its 
intensity  more  complex.  Despite  this,  it  was  possible  to  obtain,  at  the  midpoint  of  the 
connector's thickness, a representative curve of the mechanical‐material behavior. This curve is 
used  to:  determine  the  crack  length  in  which  the  direction  of  its  propagation  changes, 
understand the structure failure mechanism, and to predict its lifetime based on the Paris law. 
 
Keywords: steel pallet rack, finite element method, crack propagation, fatigue lifetime, Paris 
law. 
 

 
1 Introdução 

A  degradação  mecânica‐material  provocada  por  fissuras  é  alvo  de  monitoramento 


sistemático em alguns tipos de estruturas metálicas – como em pontes, linhas de tubos, 
estações  de  energia  –  principalmente,  em  suas  ligações.  Neste  contexto  também  se 
inserem  as  ligações  das  estruturas  porta‐paletes  devido  ao  carregamento  cíclico  de 
carga/descarga característico destas estruturas. 

Segundo a ABNT NBR 15524‐1:2007, estrutura porta‐paletes é uma estrutura metálica 
comumente  utilizada  para  a  armazenagem  de  cargas  dispostas  em  tablados 
denominados  paletes.  Uma  estrutura  porta‐palete  é  composta,  basicamente,  por 
longarinas e colunas, as quais são usualmente concebidas por perfis estruturais de aço 
formados a frio. Longarinas são elementos estruturais horizontais geralmente soldadas 
a  conectores  nas  extremidades.  As  colunas,  por  sua  vez,  são  elementos  estruturais 
verticais responsáveis por suportar os esforços transmitidos pelas unidades de carga. A 
cada par de colunas, interligadas por travessas e diagonais, tem‐se o montante, isto é, 
uma estrutura vertical (em geral treliçada) responsável por transferir a carga aplicada 
nas longarinas para o piso (ABNT NBR 15524‐1:2007). 

Uma particularidade das estruturas porta‐paletes é a fixação das longarinas nas colunas. 
Trata‐se de uma ligação semirrígida que é concebida para ser montada por encaixe, isto 
é,  sem  a  presença  de  parafusos  ou  soldas  (Markazi,  Beale  e  Godley,  1997).  Neste 
sentido,  cada  fabricante  desenvolve  seu  tipo  de  encaixe  para  melhor  atender  às 
exigências não só estruturais mas também de montagem. A fim de viabilizar a ligação 
por  encaixe,  os  montantes  e  os  conectores  são  projetados  com  seções  transversais 
variadas e com diversos furos, que, apesar de viabilizarem a montagem das estruturas 
de armazenagem, induzem um efeito indesejável à estrutura: elevadas concentrações 
de tensões.  

A Figura 1 ilustra a falha de um conector observada in loco em que a concentração de 
tensão no furo 1 (furo superior) somada à fragilização do material próximo ao contorno 
da solda (decorrente do efeito térmico) – solda de topo entre a longarina e o conector 
–  induziram  à  degradação  mecânica  do  material  com  o  surgimento  de  fissuras.  Tais 
fissuras  cresceram  sob  a  ação  dos  carregamentos  cíclicos  característicos  de  uma 

206 
estrutura porta‐paletes (estrutura carregada/descarregada) até o colapso mecânico do 
sistema. 

Figura 1 – Falha do conector que provocou o colapso da longarina. 

O custo da falha de uma estrutura de armazenamento envolve desde o custo do material 
e da perda do investimento feito para a montagem do sistema, incluindo o dos produtos 
estocados, até a perda de vidas em eventuais fatalidades. A falha devido à propagação 
de  fissuras  por  fadiga  pode  ser  evitada  mediante  inspeções  periódicas  e  do 
conhecimento prévio da vida útil estimada para o caso analisado. Dessa forma, modelos 
que  permitem  a  determinação  da  vida  útil  desse  tipo  de  estrutura  são  altamente 
necessários, o que justifica os desenvolvimentos apresentados neste estudo. 

No  presente  trabalho,  o  colapso  mecânico  da  ligação  da  Figura  1,  pertencente  a  um 
sistema porta‐paletes, é analisado com base nos modelos propostos pela Mecânica da 
Fratura. Um modelo numérico tridimensional baseado no Método dos Elementos Finitos 
(MEF), a partir do software comercial Ansys, é utilizado para a determinação dos campos 
de  deslocamento  e  tensão,  os  quais  possibilitam  a  determinação  dos  fatores  de 
intensidade de tensão. Utilizando o critério de Schöllmann, os fatores de intensidade de 
tensão equivalente são determinados e a lei de Paris é adotada para a avaliação da vida 
útil.  Uma  ligação  foi  analisada  sendo  os  resultados  encontrados  compatíveis  com  o 
colapso real observado. 

2 Mecânica da Fratura 

A Mecânica da Fratura é largamente utilizada para a avaliação da confiabilidade e da 
vida útil de estruturas cujas falhas sejam ocasionadas pelo crescimento de fissuras como 
207 
em  rodas  de  locomotiva  (Lepov  et  al.,  2017),  cotovelos  de  tubulações  de  aço 
características de sistemas de transporte de calor primário PHT ou de usinas nucleares 
NPPs (Saravanan et al., 2016), ligações soldadas (Yin et al., 2016, Stillmaker et al., 2017), 
e  também  em  ligações  parafusadas  (Sivapathasundaram  e  Mahendran,  2017,  Wen  e 
Mahmound, 2017), entre outros. De fato, a ocorrência de fissuras em regiões soldadas 
de  ligações  é  frequente.  Como  já  constatado  por  Lepov  et  al.  (2017),  problemas  em 
regiões  soldadas  de  estruturas  advém  da  má  especificação  do  procedimento  de 
soldagem, de habilidades de soldagem precárias, entre outras.  

À luz dos modelos da Mecânica da Fratura, as descontinuidades materiais (fissuras) são 
analisadas de forma discreta possibilitando que um balanço energético abrangendo a 
região da ponta da fissura determine a energia disponível para o crescimento da fissura 
tal como a estabilidade de sua propagação. O balanço energético (Integral J) conduz à 
determinação dos fatores de intensidade de tensão, os quais estão diretamente ligados 
à taxa de energia liberada para o crescimento da fissura. Os fatores de intensidade de 
tensão (K) relacionam‐se diretamente com os modos de fratura sendo, portanto, KI, KII 
e  KIII  relativos  aos  modos  I  (de  abertura),  II  (de  deslizamento)  e  III  (de  rasgamento), 
respectivamente.  A  Figura  2  indica  os  ângulos  de  propagação  (ϕ0  e  ψ0)  observados 
durante a propagação tridimensional de uma fissura e, para facilidade de compreensão, 
superfícies  de  isodeslocamentos  do  corpo  fissurado  deformado  que  auxiliam  na 
percepção do plano de atuação de cada ângulo como também da direção da possível 
propagação da fissura.  

Figura 2 – Modos básicos de solicitação à fratura com detalhe para a atuação dos 
possíveis ângulos de propagação ϕ0 e ψ0 em um corpo tridimensional. 

208 
No software Ansys, o cálculo da integral J para os problemas tridimensionais é efetuado 
mediante o método de integração no volume, conforme apresentado por Shih, Moran 
e  Nakamura  (1986).  Segundo  estes  autores,  para  o  caso  tridimensional,  a  integral  J 
depende, simplificadamente, de   ̅ que corresponde à energia liberada pelo corpo por 
unidade  de  avanço  da  fissura  e  de  uma  função    que  engloba  componentes 
geométricas da fissura em função da ordenada   que percorre a frente da fissura. Para 
problemas tridimensionais, na ausência de tensões térmicas, forças de corpo e forças 
nas superfícies da fissura, a integral J pode ser obtida segundo Shih, Moran e Nakamura 
(1986) pela Equação 1. 

̅ , ,
(1)

̅
Na  Equação  1,    representa  o  tensor  de  tensões,  ,   é  a  primeira  derivada  das 
componentes cartesianas de deslocamento,   é a densidade da energia de deformação 
do  corpo,    é  o  delta  de  Kronecker  e  por  fim,  ,   refere‐se  ao  vetor  referente  à 
extensão da fissura (SAS, 2013, Shih, Moran e Nakamura, 1986). 

Segundo Schijve (2003), a partir da década de 50, pesquisas visando à determinação da 
vida útil de uma estrutura sob fadiga com base em modelos da Mecânica da Fratura 
consolidaram a ideia de que a vida útil de um elemento é composta por duas grandes 
fases até o estágio de falha: iniciação e propagação da fissura. Estes estágios podem ser 
observados  experimentalmente  e  são  divididos  em  três  regiões  em  um  gráfico  que 
relaciona a taxa de propagação da fissura (da/dN, em que a é o comprimento da fissura 
e  N  o  número  de  ciclos  de  carregamento)  e  a  amplitude  de  variação  do  fator  de 
intensidade de tensão definido por ΔK = (KMÁX ‐ KMIN) em que KMÁX e KMIN representam 
os  valores  máximo  e  mínimo,  respectivamente,  do  fator  de  intensidade  de  tensão 
durante um ciclo de carregamento. O gráfico inicia‐se na região I, região de iniciação de 
fissuras, fase em que as fissuras apresentam pequenos comprimentos. Grande parte da 
vida útil da estrutura encontra‐se localizada na região intermediária, região II. A região 
II  representa  a  fase  de  crescimento  estável  de  uma  fissura  em  que  a  curva  é 
praticamente linear. Por fim, a região III caracteriza‐se por elevadas taxas de propagação 
de fissura em que KMÁX tende ao valor da tenacidade do material, KIC. Assim, na região 

209 
III, o problema deixa de ser caracterizado como fadiga e passa a ser caracterizado como 
fratura. 

Devido ao seu comportamento linear, a região II pode ser descrita por uma relação entre 
a taxa de crescimento da fissura (da/dN) e a variação do fator de intensidade de tensão 
(ΔK).  Esta  correlação  foi  constatada  por  Paris,  Gomez  e  Anderson  (1961)  que 
apresentaram  um  critério  para  a  previsão  de  propagação  de  fissuras  amplamente 
utilizado até os dias atuais (por, por exemplo, Krejsa et al., 2017 e Bahloul, Bouraoui e 
Boukharouba, 2017), trata‐se da chamada lei de Paris (Equação 2): 

→ (2)

Na Equação 2, C e n são constantes do material e representam os coeficientes angular e 
linear  da  região  II.  Devido  à  não  suavidade  do  comportamento  dos  fatores  de 
intensidade  de  tensão  em  relação  ao  incremento  no  comprimento  da  fissura, 
ocasionado principalmente pelas mudanças bruscas de direção de propagação, a lei de 
Paris pode ser integrada em sua forma discreta. A avaliação discreta da lei de Paris pode 
ser efetuada pelo procedimento apresentado por Andrade (2017), Equação 3: 

∆ ∆ ∆
∆ (3)
1 ∆ ∆
Nos últimos anos, diversos pesquisadores vêm propondo leis para a avaliação da vida 
útil  de  estruturas  considerando  efeitos  não  abordados  pela  Lei  de  Paris.  Bian  (2014) 
considerou o efeito da rugosidade da superfície de fratura enquanto Lepov et al. (2017) 
consideraram a variabilidade estatística das propriedades dos materiais, por exemplo. 
Além disso, há trabalhos que permitem a previsão da vida útil estrutural para estruturas 
fora do contexto das fadigas de alto ciclo. Yin et al. (2016) exploram o caso de fratura 
ocasionada pela denominada fadiga de ultra‐baixo ciclo (ULCF) a qual é proveniente de 
uma iniciação de fissuras dúctil com grandes deformações plásticas locais que faz com 
que a previsão da vida útil seja diferente da aplicada em fadigas de alto e baixos ciclos. 
No  âmbito  de  diversas  leis  da  literatura,  a  lei  de  Paris  é  a  que  apresenta  adequada 
representabilidade para o cenário de falha descrito e considerado neste estudo. 

A definição da direção de propagação de uma fissura depende do estado de tensão em 
sua ponta, o qual é comumente descrito em termos de fatores de intensidade de tensão. 

210 
Há na literatura, diversos critérios que visam à determinação do ângulo de propagação 
de uma fissura assim como a definição de um fator de intensidade equivalente KEQ que 
relaciona os diferentes modos de fratura. Para o caso bidimensional, há, por exemplo, o 
critério da máxima tensão circunferencial proposto por Erdogan e Sih (1963) e o critério 
da mínima densidade de energia de deformação proposto por Sih (1974).  

Mais recentemente, Wen e Mahmound (2017) avaliaram a falha por fratura de ligações 
parafusadas do tipo block shear utilizando um critério de fratura dúctil que relaciona o 
caminho de propagação da fissura com a triaxilidade de tensão e com um parâmetro 
angular chamado Lode.  

Por  outro  lado,  Schöllmann  et  al.  (2002)  propuseram  um  critério  para  modos 
combinados baseado na máxima tensão principal σ1’, o qual representa adequadamente 
a direção de propagação em problemas de fadiga de alto ciclo. Segundo este critério, a 
frente  da  fissura  crescerá  segundo  a  direção  perpendicular  à  atuação  da  tensão  σ1’ 
calculada  em  uma  superfície  cilíndrica  virtual  em  torno  da  frente  da  fissura.  Esta 
constatação vai de encontro com os pressupostos de outros critérios, como o da máxima 
tensão  circunferencial,  que  mostram  que  uma  fissura  tende  a  crescer 
perpendicularmente  à  máxima  tensão  normal.  O  crescimento  instável  da  fissura, 
segundo  o  critério  de  Schöllmann,  ocorrerá  se  KEQ  (Equação  4)  superar  o  valor  da 
tenacidade do material KIC. Em que   na Equação 4 é o ângulo mostrado na Figura 2. 

1
cos cos
2 2 2

(4) 
3 3
sin cos sin 4
2 2 2

 
Todavia, o crescimento instavél de uma fissura em um elemento estrutural não implica 
necessariamente  na  falha  global  da  estrutura.  Stillmaker  et  al.  (2017)  avaliaram 
emendas  soldadas  de  pilares  em  edifícios  submetidos  a  carregamentos  sísmicos  e 
enfatizam que uma avaliação precisa de um edifício implica em uma análise baseada em 
sistema, i.e., contra o pressuposto de que a fratura de apenas um elemento estrutural, 

211 
como de uma emenda por exemplo, irá necessariamente desencadear a falha de todo o 
edifício.  É  importante  ressaltar  que,  diferentemente  do  indicado  por  Stillmaker  et  al. 
(2017), no presente trabalho não foi aplicada uma análise de sistema, visto que a falha 
de  apenas  uma  ligação  longarina‐conector  já  acarreta  danos  econômicos  e  materiais 
significativos, além de ser uma ameaça à segurança dos trabalhadores. 

A  análise  do  colapso  mecânico‐material  de  estruturas  com  complexas  geometrias  e 


condições  de  contorno  são  adequadamente  avaliadas  por  meio  do  acoplamento  das 
abordagens da Mecânica da Fratura com métodos numéricos, tais como o MEF, como já 
feito por  Sivapathasundaram e Mahendran (2017) e Wen e Mahmound (2017), que o 
utilizaram para avaliar ligações metálicas. No presente trabalho, o MEF foi utilizado para 
avaliar o comportamento mecânico da ligação da estrutura porta‐palete em questão. 

3 Análise numérica baseada no Método dos Elementos Finitos 

A análise da vida útil em fadiga foi baseada na determinação da curva ΔKEQ versus a, a 
qual  possibilita  a  determinação  da  vida  útil  de  uma  estrutura  exposta  aos  efeitos  de 
carregamento cíclico via lei de Paris. A construção da curva foi efetuada numericamente 
de forma incremental considerando um carregamento estático constante igual a 1MPa 
e material elástico linear, E=200000 MPa. Efeitos geometricamente não lineares foram 
desprezados, uma vez que esse tipo de colapso ocorre sob baixos níveis de deformação. 
No caso de uma estrutura porta‐paletes, o carregamento cíclico tem como condições 
extremas:  situação  carregada  (que  será  considerada  igual  a  1MPa)  e  descarregada. 
Sendo assim, KEQ,MIN refere‐se a situação descarregada da estrutura e assume o valor 
nulo, restando apenas ΔKEQ = KEQ,MÁX. Justifica‐se, portanto, a análise numérica apenas 
da situação carregada. 

Apesar  do  conector  possuir  uma  espessura  pequena  (3  mm)  e  caracterizar  sua 
geometria como essencialmente plana, o carregamento imposto o solicita fora do plano, 
tratando‐se, portanto, de um problema tridimensional. Do ponto de vista da Mecânica 
da Fratura, esse problema é tipicamente de rasgamento (modo III). A resolução deste 
problema, i.e., a obtenção dos fatores de intensidade de tensão para o corpo fissurado, 
foi obtida pelo MEF por meio do software Ansys Workbench v.15,0.  

212 
O comportamento global da estrutura porta‐paletes não foi o alvo do presente trabalho. 
Sendo assim, ele pôde ser considerado como a superposição dos seguintes efeitos: o da 
contribuição da deslocabilidade do sistema assumindo longarinas rígidas somado ao da 
contribuição da deslocabilidade das longarinas isoladas (Figura 3). 

 
Figura 3 – Superposição de efeitos que compõem a deformada final da estrutura porta‐
paletes. 
  
Desta  forma,  visando  a  avaliação  do  comportamento  apenas  da  ligação  longarina‐
conector, a modelagem limitou‐se à longarina, de espessura 3,2 mm e comprimento de 
2444  mm,  soldada  aos  seus  conectores  de  extremidades,  de  espessura  3  mm, 
desconsiderando‐se a deslocabilidade do pórtico. A Figura 4 mostra o modelo numérico 
baseado  no  MEF  com  detalhe  para  o  carregamento  imposto  e  as  condições  de 
vinculação. O carregamento de 1 MPa foi aplicado de forma a reproduzir dois paletes 
carregados representados por três apoios cada. 

Figura 4 – Condições de: (a) carregamento e (b) contorno para o modelo em MEF. (c) 
Detalhe da posição relativa entre o conector de extremidade e a longarina. 

213 
Neste trabalho foi adotada a hipótese de que a solda de topo aplicada na longarina e 
conectores foi capaz de unificá‐los. Sendo assim, visando reduzir as complexidades do 
problema, não foi necessária a consideração de  elementos de contato no modelo, visto 
que o sistema foi modelado como um corpo sólido único. Quanto à malha do modelo, 
no conector em que foi avaliada a propagação da fissura foi efetuada uma discretização 
conforme ilustrado na Figura 5. 

(a) (b) 
Figura 5 – Definição da malha: (a) elemento finito utilizado SOLID 187 (fonte: Manual 
do Ansys SAS, 2013) e (b) estratégia de discretização do conector fissurado com 
detalhe para a discretização na região da fissura. 
 

A malha foi definida integralmente em elementos tetraédricos de 10 nós com função de 
forma de aproximação quadrática em que cada nó apresenta três graus de liberdade: 
translações  nas  direções  X,  Y  e  Z  (elemento  SOLID  187)  como  mostra  a  Figura  5.  O 
elemento SOLID 187 além de se adequar bem a malhas irregulares suporta o cálculo dos 
parâmetros de fratura. 

A  estrutura  foi  discretizada  com  elementos  de  tamanho  25  mm  para  a  longarina, 
havendo um refinamento apenas nas seguintes regiões: (i) 2,0 mm para faces internas 
de perfurações e espessuras dos perfis; (ii) 0,5 mm para a região que envolve a o perfil; 
(iii) 0,1 mm na face interna do furo onde será iniciada a propagação da fissura; (iv) 0,05 
mm nas 2 faces da fissura e por fim (v) um refinamento nas linhas que formam a fissura 
– a definição do tamanho destes elementos foi embasada no estudo de convergência de 
malha cujos resultados estão apresentados na Figura 6. 

214 
Estudo de malha na região da fissura
60

58

56

KI (MPa.mm0,5)
54

52

50 0,005 mm
48 0,01 mm
0,05 mm
46 0,1 mm

44
0 2 4 6 8 10
Número de contornos  
Figura 6 – Estudo de malha. 
 
Além da dependência com o tamanho dos elementos finitos envolvidos, a Figura 6 expõe 
uma dependência do fator de intensidade de tensão do modo I de fratura (KI) com o 
número  de  contornos  utilizados  para  o  cálculo  da  Integral  J.  A  Integral  J  envolve  um 
balanço de energia (Equação 1) realizado nos contornos em torno dos nós definidos na 
frente  da  fissura  e,  para  tal,  é  necessária  a  definição  da  frente  da  fissura  e  do  plano 
normal à fissura. A Figura 6 mostra que a partir do 7º contorno praticamente não há 
variação  no  valor  de  KI  com  o  número  de  contornos.  Todavia,  visando  uma  melhor 
convergência dos valores dos fatores de intensidade de tensão, principalmente durante 
a propagação, foram adotados 10 contornos para a avaliação da integral J. Além disso, 
quanto  ao  tamanho  dos  elementos,  observa‐se  na  Figura  6  que  o  modelo  cujos 
elementos são de 0,05 mm foi o que mais se aproximou do comportamento do modelo 
mais refinado (o de 0,005 mm). Sendo assim, adotou‐se, para as linhas que formam a 
fissura, elementos de 0,05 mm, uma vez que a convergência já havia sido observada com 
este tipo de malha. 
A Figura 7 mostra a frente da fissura assim como o sistema local coordenado definido 
para o cálculo da Integral J para as situações de crescimento da fissura na horizontal e 
na vertical. O eixo X do sistema local é sempre coincidente com a direção de propagação 
da fissura enquanto que o eixo Y é perpendicular ao plano da fissura. 

215 
 
Figura 7 – Definição da frente da fissura e do sistema local para as situações de fissura 
horizontal e fissura vertical. 
 
Para  viabilizar  o  estudo  da  propagação  de  fissura,  primeiramente  foi  definida  uma 
fissura inicial. Como observado por Saravanan et al. (2016) para cotovelos de tubulação, 
a localização do entalhe inicial no corpo fissurado desempenha um papel determinante 
na capacidade de carga da estrutura. No presente trabalho, a fissura inicial foi inserida 
na região do furo em que há maior concentração de tensões, respeitando o modo de 
falha observado na Figura 1. Foi definida uma fissura inicial de comprimento 1 mm e 
abertura 0,2 mm à 2 mm da face superior do perfil da longarina, considerando, assim, a 
dimensão da perna da solda existente na situação real (Figura 8). Nesse estudo, assume‐
se que o material possua comportamento mecânico elástico linear. Portanto, assume‐
se comportamento frágil para o crescimento das fissuras. Essa hipótese é realista uma 
vez que o carregamento máximo do sistema (0,45 MPa equivalente a uma situação de 
carregamento de dois paletes de 1000 kg cada) conduz a tensões máximas na região em 
que  haverá  a  fissuração,  que  estão  consideravelmente  abaixo  do  limite  elástico  do 
material (300 MPa), conforme indica a Figura 9. 

 
Figura 8 ‐ Posição da fissura inicial de 1 mm. Dimensões em milímetros. 
216 
 
Figura 9 – Comportamento das tensões de von Mises (MPa) considerando 2 paletes 
carregados e não‐linearidade geométrica para o modelo sem fissuração. 
 
O  campo  de  tensão  mostrado  na  Figura  9  foi  obtido  considerando  a  não‐linearidade 
geométrica.  Comparando‐se  com  uma  análise  de  primeira  ordem,  é  constatado  um 
acréscimo  de  aproximadamente  10  %  nos  valores  de  tensão  no  dispositivo  de  apoio 
devido  à  não‐linearidade  geométrica.  Devido  ao  elevado  custo  computacional 
observado  nas  análises  em  que  a  fissura  é  propagada,  a  desconsideração  da  não‐
linearidade geométrica mostrou‐se adequada visto que sua influência nos valores dos 
fatores de intensidade de tensão, neste caso, não é justificada pelo acréscimo no tempo 
de processamento que ela acarreta. Desta forma, as análises de propagação da fissura 
se mantiveram lineares tanto em termos de material, quanto geometricamente, sem 
perdas significativas no comportamento do sistema. 
A Figura 9 mostra que, além da fragilização do material do conector na região adjacente 
à solda, nesta região também há uma concentração de tensão que acompanha a seção 
da longarina. Efeitos que, somados, contribuem para a propagação da fissura. 
 
4 Comportamento dos parâmetros de fratura 

O cálculo dos fatores de intensidade de tensão (KI, KII e KIII) foi efetuado em cada nó 
pertencente à discretização da frente da fissura. Sendo assim, observou‐se uma variação 
destes fatores de intensidade de tensão ao longo da espessura do conector. A Figura 10 
mostra o comportamento de KI e KIII ao longo da espessura do conector para uma fissura 
de comprimento 4 mm, isto é, no trecho horizontal da propagação.  
A partir dos gráficos apresentados na Figura 10, é possível perceber a nítida influência 
que as bordas exercem sobre o comportamento dos fatores de intensidade de tensão 
217 
ao  longo  da  espessura  do  conector.  Os  efeitos  de  concentração  de  tensão  e  seus 
elevados gradientes introduzem flutuações numéricas nos pontos localizados próximos 
às bordas, conforme já esperado. Retirando‐se apenas os resultados dos nós extremos 
que definem a frente da fissura observa‐se mais claramente o comportamento de cada 
fator de intensidade de tensão. 
Comportamento de KI ao longo da espessura Comportamento de KI sem valores das bordas
do conector Contorno 1 600
3000
Contorno 2
Contorno 3 400
Contorno 4
KI (MPa.mm0,5)

2000

KI (MPa.mm0,5)
Contorno 5
200
Contorno 6
Contorno 7
1000 0
Contorno 8
Contorno 9 Contorno 1 Contorno 6
Contorno 10 -200 Contorno 2 Contorno 7
0 Contorno 3 Contorno 8
-400 Contorno 4 Contorno 9
Contorno 5 Contorno 10
Tendência do Contorno 10
-1000 -600
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Distância na espessura do conector (mm) Distância na espessura do conector (mm)

Comportamento de KIII ao longo da espessura Comportamento de KIII sem valores das bordas
30000 do conector 400
25000
20000 Contorno 1 Contorno 6 350
Contorno 2 Contorno 7
KIII (MPa.mm0,5)
KIII (MPa.mm0,5)

15000
Contorno 3 Contorno 8
10000 Contorno 4 Contorno 9 300
Contorno 5 Contorno 10
5000
0 250 Contorno 1 Contorno 6
Contorno 2 Contorno 7
-5000 Contorno 3 Contorno 8
200 Contorno 4 Contorno 9
-10000
Contorno 5 Contorno 10
-15000 Tendência do Contorno 10
150
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Distância na espessura do conector (mm) Distância na espessura do conector (mm)

Figura 10 – Resultados dos fatores de intensidade de tensão para fissura de 
comprimento 4 mm. 
 
Em todos os casos observou‐se que, de fato, há uma grande variação nos valores dos 
fatores de intensidade de tensão com o número de contornos e que a utilização de 10 
contornos mostrou ser adequada para o ganho de precisão na obtenção dos valores de 
intensidade de tensão, visto que foi observada uma convergência dos resultados. 
Levando em conta a grande perturbação que existe nas bordas do conector, é intuitivo 
concluir a partir dos gráficos da Figura 10, que o ponto em que estas perturbações são 
mínimas é no ponto de coordenada 1,50 mm, i.e., no ponto médio da espessura. Neste 
ponto  (em  destaque  na  Figura  10),  observam‐se  valores  de  KIII  muito  superiores  aos 
218 
valores de KI e KII. Enquanto KIII apresenta um comportamento curvilíneo cujo máximo 
encontra‐se  próximo  à  coordenada  1,50  mm,  os  valores  de  KI  e  KII  apresentam  um 
comportamento praticamente linear. Para fissuras de comprimentos 8,3 e 35,3 mm, por 
exemplo, os valores de KI e KII para a coordenada 1,50 mm variam de 0,10 a 0,26, em 
módulo, do valor de KIII, a depender do comprimento da fissura. Nota‐se, portanto, que 
a influência do modo de rasgamento é predominante no modo de falha da estrutura. 
Esta constatação é corroborada com a situação deformada observada numericamente 
na Figura 11. 

(a)
(a) (b)
 (b)

Z
Y

(c) (c) (d)(d)  


Figura 11 – Modo predominante de rasgamento observado numericamente (Ansys) para uma 
fissura de 18,3 mm: (a) resultados de deslocamento na direção axial com (b) detalhe para a 
fissura de 18,3 mm e deslocamentos relativos das faces da fissura nas direções: (c) X e (d) Y e Z. 
 
Para  a  construção  da  curva  ΔKEQ  versus  a,  devido  à  grande  variação  dos  fatores  de 
intensidade  de  tensão  ao  longo  da  espessura  do  perfil,  foram  definidos,  dentre  os 
pontos discretizados na frente da fissura, os 15 pontos (Tabela 1) em que se observou 
uma melhor convergência dos parâmetros de fratura com os contornos. Para estes 15 
pontos,  foram  coletados  os  valores  de  KI,  KII,  KIII  a  fim  de  avaliar  ΔKEQ  para  cada 
incremento de fissura. A Tabela 1 apresenta as coordenadas dos pontos em que foram 
avaliados os fatores de intensidade de tensão em cada incremento de fissura. 
Tabela 1 – Coordenadas dos 15 pontos. 
Coordenada  Coordenada  Coordenada  Coordenada 
Ponto  Ponto  Ponto  Ponto 
(mm)  (mm)  (mm)  (mm) 
1  0,9375  5  1,4463  9  1,6604  13  1,8745 
2  1,0713  6  1,4998  10  1,7139  14  2,0889 
3  1,2319  7  1,5532  11  1,7676  15  2,3564 
4  1,2856  8  1,6069  12  1,7942   

219 
5 Curva ΔKEQ versus a 

O cálculo da variação do fator de intensidade de tensão equivalente (ΔKEQ) foi efetuada 
por meio do critério de Schöllmann o qual permite considerar de forma consistente os 
efeitos  mecânicos  decorrentes  do  modo  de  rasgamento  (modo  III).  A  tenacidade  à 
fratura adotada no presente trabalho foi a apresentada por Gdoutos (1993) para aços 
do tipo carbono (219,8 MPa.m0,5, isto é, cerca de 6950 MPa.mm0,5). 

Nas análises, não foi necessária a determinação dos ângulos de propagação da fissura. 
Tais ângulos foram impostos na modelagem numérica devido ao conhecimento prévio 
da direção de propagação da fissura: ψ0 foi considerado nulo pois o plano de fissuração 
considerado foi paralelo ao plano XZ e ϕ0 foi imposto nulo visto que o cálculo dos fatores 
de intensidade de tensão foi determinado em função de um sistema de coordenadas 
local que acompanhava a direção de propagação da fissura como mostrado na Figura 7. 
Sendo assim, foi adotado o critério de Schöllmann visando apenas à determinação de 
KEQ.  Considerando   = 0° na Equação 4, KEQ resulta (Equação 5): 
1
4 (5) 
2
Ou  seja,  segundo  a  Equação  5,  a  determinação  de  KEQ  é  função  apenas  de  KI  e  KIII. 
Aplicando a Equação 5 nos 15 pontos para todos os incrementos de fissuras obtém‐se o 
comportamento de KEQ ao longo da espessura do conector mostrada na Figura 12.  

 
Figura 12 – Comportamento dos fatores de intensidade de tensão equivalentes com a 
espessura do conector e ao longo dos incrementos de fissura. 
220 
A partir da Figura 12 é possível observar que: (i) a mudança de comportamento da curva 
ocorre justamente nos pontos em que houve mudança na direção de propagação da 
fissura: fissuras de comprimento 8,3 mm e 35,3 mm; (ii) ocorre uma perturbação nos 
valores de KEQ maior para os pontos mais próximos das bordas do conector e menor 
quanto mais afastado das bordas está o ponto e (iii) apesar da perturbação existente no 
interior da espessura do perfil, há um ponto em que estas influências devido às bordas 
são mínimas: o ponto de coordenada 1,4998 mm como mostra a Figura 13. Neste ponto, 
observa‐se  um  comportamento  da  curva  no  sentido  de  uma  média  das  curvas  dos 
demais pontos. 
Comportamento do fator de intensidade equivalente
2000 para o ponto de coordenada 1,4998 mm
1800
1600
KEQ (MPa.mm0,5)

1400
1200
1000
Thecho horizontal
800 Trecho vertical
600 Trecho inclinado
Tendência trecho horizontal
400
Tendência trcho vertical
200 Tendência trecho inclinado
0 10 20 30 40 50
Comprimento da fissura (mm)
Figura 13 – Comportamento dos fatores de intensidade de tensão equivalente para o 
ponto de coordenada 1,50 mm frente aos incrementos de fissura. 
 
O  comportamento  da  curva  mostrada  na  Figura  13  mostra‐se  coerente:  enquanto  a 
mudança  de  comportamento  na  curva  na  fissura  de  8,3  mm  reflete  a  mudança  na 
direção  de  propagação  da  fissura  (de  horizontal  para  vertical),  a  mudança  de 
comportamento observada na fissura de 35,3 mm aborda também outro fenômeno: o 
fim  do  processo  de  propagação  da  fissura.  A  Figura  14  mostra  o  campo  de 
deslocamentos  na  direção  Z  para  a  face  do  conector  soldada  à  longarina  em  que  os 
valores positivos referem‐se à situação em que o dispositivo é comprimido e os valores 
negativos  com  a  situação  em  que  ele  sofre  tração.  Fisicamente,  como  o  modo  de 
rasgamento ocorre apenas na região em que há tração no dispositivo, a propagação da 
fissura por fadiga ocorre apenas nas regiões da Figura 14 de valores de deslocamento 

221 
negativos.  Sendo  assim,  a  Figura  14  mostra  que  as  propagações  tanto  nas  direções 
horizontais  quanto  verticais  são  possíveis  enquanto  que  a  propagação  na  direção 
inclinada  mostra‐se  fisicamente  incoerente,  o  que  justifica  o  comportamento 
descendente do gráfico da Figura 12 e da curva mostrada na Figura 13. 

 
Figura 14 – Comportamento dos campos de deslocamento da direção Z quando as 
fissuras estão nos trechos horizontal, vertical e inclinado. 
 
Assim, o modo de falha observado in loco envolve a composição de dois fenômenos: (i) 
primeiramente,  a  propagação  da  fissura  por  fadiga  iniciada  na  região  do  furo  até  o 
comprimento de 35,3 mm e (ii) posteriormente, ocorreu a fratura da parte restante da 
seção devido ao colapso da longarina visto que o valor de KEQ atingido para a fissura de 
35,3 mm foi muito aquém do KIC (valor máximo de 1856,61 MPa.mm0,5 para o ponto de 
coordenada  1,4998  mm).  Este  destacamento  ocorreu  de  forma  adjacente  à  solda  do 
restante  do  perfil  devido  à  fragilização  existente  do  material.  Considerando  as 
constantes do material iguais ao indicado por Barsom e Rolfe (1999) para aços ferrita‐
perlita (C = 3,6. 10‐10 in5/2/(ksi³ciclo), i.e., 3,57. 10‐9 mm5/2/(MPa³.ciclo) e n=3), a vida útil 
calculada por meio da Equação 3 com base na curva da Figura 13 para comprimentos de 
fissura  de  1  a  35,3  mm  resulta  em  74  ciclos  de  carregamento/descarregamento. 
Demonstrando, portanto, a necessidade do estudo à fadiga destas estruturas visto que 
a falha ocorre com poucos ciclos de carregamento. 
 
6 Conclusões 

O  uso  do  MEF  mostrou  ser  uma  ferramenta  eficiente  para  as  análises  de  fratura  de 
corpos tridimensionais fissurados, desde que efetuado um estudo de malha em virtude 

222 
da grande dependência dos parâmetros de fratura com o tamanho dos elementos e com 
o número de contornos para o cálculo da Integral J. Todavia, as análises por meio do 
MEF demandaram um alto custo computacional. Desta forma, simplificações no modelo 
numérico mostraram‐se necessárias – tais como a desconsideração da modelagem do 
cordão de solda e a adoção de análises lineares geometricamente –, sem, entretanto, 
comprometer o estudo do comportamento mecânico do sistema. 
O  agravante  da  análise  foi  a  pequena  espessura  do  conector  somada  à  grande 
perturbação  no  campo  de  tensão  e,  consequentemente,  nos  parâmetros  de  fratura 
gerada nos pontos perto das bordas. Conforme mostrado na Figura 12, a perturbação 
gerada  pelas  bordas  não  é  anulada  ao  longo  da  espessura  do  perfil  devido  à  sua 
dimensão reduzida. Apesar disso, é possível analisar o comportamento do sistema por 
meio  dos  resultados  do  ponto  de  coordenada  1,4998  mm,  i.e.,  do  ponto  médio  da 
espessura (Figura 13). O ponto de coordenada 1,4998 mm trata‐se do ponto em que as 
perturbações são menores e mostra‐se como um resultado médio das curvas dos demais 
pontos, permitindo, assim, a avaliação da vida útil da estrutura. 
O presente trabalho indicou, por meio da aplicação da lei de Paris, uma vida útil para o 
sistema de apenas 74 ciclos de carregamento/decarregamento. Todavia, não trata‐se de 
um problema de fadiga de baixo ciclo nem mesmo de ULCF pois, ao término dos 74 ciclos 
previstos,  o  valor  de  KEQ  atingido  foi  muito  aquém  do  KIC  do  material,  i.e.,  não  foi 
alcançado o estágio de propagação instável da fissuração. A curta vida útil é justificada 
pelo  término  da  fissuração  ser  imposto  pelo  fim  da  região  de  tração  do  conector 
fissurado, o que impede que a fissuração continue. E, de fato, há o colapso da longarina, 
pois o comprimento alcançado da fissura já é suficiente para torná‐la hipostática.  
Sendo  assim,  conclui‐se  que  o  monitoramento  de  estruturas  porta‐paletes  quanto  à 
iniciação  e  propagação  de  fissuras  nas  ligações  longarina‐conector  mostra‐se  de 
primordial  importância  e,  para  tal,  os  gráficos  da  Figuras  12  e  13  permitem  o 
planejamento de inspeções periódicas nestas estruturas. 
 
7 Agradecimentos 

Os autores agradecem ao CNPq pelos recursos financeiros concedidos (nº do Processo: 
140458/2017‐4). 
 

223 
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224 
Recebido: 17/01/2018 
Aprovado: 11/04/2018 
Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 225‐244 ‐ ISSN 2238‐9377 
    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   
 
Influência das ligações semirrígidas na análise 
inelástica de segunda ordem de estruturas 
metálicas  
Cladilson Nardino1a* Vinícius Hanser de Souza1b , Marcos Arndt1c e Roberto 
Dalledone Machado1d 
 
1a
 clanardino@gmail.com 
1b
 ovinicius10@outlook.com 
1c
 arndt.marcos@gmail.com 
1d
 roberto.dalledonemachado@gmail.com 
 
1
Programa de Pós‐Graduação em Engenharia de Construção Civil (PPGECC), 
Departamento de Construção Civil, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Centro 
Politécnico ‐ UFPR ‐ Caixa Postal 19.011 / CEP 81531‐980, Curitiba, Paraná, Brasil. 

Resumo 
As ligações viga‐coluna são usualmente assumidas como perfeitamente rígidas ou idealmente 
rotuladas em relação aos esforços solicitantes; contudo, o comportamento real das ligações é 
intermediário,  caracterizado  como  semirrígidez.  Quando  falamos  de  análise  estrutural, 
tradicionalmente realiza‐se uma análise linear elástica de primeira ordem, porém, uma análise 
inelástica  de  segunda  ordem  condiz  com  uma  análise  mais  realista  e  melhor  caracteriza  o 
comportamento estrutural. Neste trabalho, verificou‐se a influência das ligações semirrígidas na 
análise de 2ª ordem em estruturas metálicas. Os resultados das análises apresentam influência 
significativa dos deslocamentos, esforços internos e frequências de vibração da estrutura devido 
a  consideração  da  semirrigidez  nas  ligações  viga‐coluna  e  um  aumento  significativo  dos 
deslocamentos  devido  a  consideração  da  análise  inelástica  de  segunda  ordem,  indicando  a 
importância dos estudos e considerações nas análises. 

Palavras‐chave: Ligações Semirrígidas, Análise inelástica de 2ª ordem, Análise não linear. 
 
Abstract   
The  beam‐column  connections  are  usually  assumed  to  be  perfectly  rigid  or  ideally  pinned  in 
relation to the internal forces, however, the actual behavior of the connections is intermediate, 
characterized  as  semi‐rigidity.  In  structural  analysis,  a  first  order  linear  elastic  analysis  is 
traditionally  performed,  yet,  a  second  order  analysis  is  consistent  with  a  more  realistic  and 
better  characterized  structural  behavior.  In  this  work,  the  influence  of  the  semi‐rigid 
connections was verified in the 2nd order inelastic analysis in steel structures. The results of the 
analyzes  show  a  significant  influence  of  the  displacements,  internal  stresses  and  vibration 
frequencies of the structure due to the consideration of the semi‐rigidity in the beam‐column 
connections  and  a  significant  increase  of  the  displacements  due  to  the  consideration  of  the 
second order inelastic analysis, indicating the importance of the studies and considerations. 
 
Keywords: Semi‐Rigid Connections, Second Order Inelastic Analysis, Nonlinear Analysis. 
 
* autor correspondente 
 
1 Introdução 

Uma importante idealização admitida nas análises estruturais é quanto às ligações entre 
os  elementos,  que,  tradicionalmente  são  consideradas  como  perfeitamente  rígidas 
(engastadas)  ou  idealmente  rotuladas  (flexíveis)  em  relação  aos  esforços  solicitantes 
(Ribeiro, 1998). Contudo, devido à grande variedade de ligações, além da diversidade de 
configurações,  meios  e  dispositivos  de  ligação,  não  é  possível  obter‐se  um  perfeito 
engastamento,  nem  uma  rótula  perfeita  entre  viga  e  coluna,  verificando‐se  que  as 
ligações  introduzem  efeitos  locais  e  imperfeições  que  podem  induzir  um 
comportamento de rigidez parcial das ligações: a semirrigidez (Maggi, 2000).  

Segundo  Nguyen  e  Kim  (2014)  o  comportamento  real  das  conexões  é  não  linear  e, 
geralmente,  representado  no  modelo  computacional  pela  relação  momento‐rotação 
relativa com molas rotacionais que apresentam comprimentos nulos. Para descrever o 
comportamento semirrígido, faz‐se necessário conhecer a resposta rotacional da ligação 
utilizada,  por  meio  do  comportamento  momento‐rotação  relativa  (M‐θ),  obtida 
normalmente  por  meios  experimentais  ou  por  modelos  teóricos,  matemáticos, 
empíricos ou semiempíricos. Este comportamento, por sua vez, deve ser incorporado à 
análise  estrutural  para  que  se  obtenham  informações  mais  precisas  sobre  o 
desempenho da estrutura (Bessa, 2009).  

O Eurocode 3 (2005) apresenta que a relação momento‐rotação relativa de uma ligação 
depende  das  propriedades  dos  seus  componentes  básicos.  Um  componente 
desempenha contribuição relevante em uma ou mais propriedades estruturais do nó. 
Assim,  esse  método  denominado  “método  das  componentes”,  divide  os  elementos 
básicos em três regiões distintas ao longo da ligação: zona tracionada, comprimida e de 
cisalhamento  (Maggi,  2004).  A  rigidez  inicial  da  ligação  é  determinada  utilizando  o 
método das componentes do Eurocode 3 (2005). 

O  avanço  tecnológico  tem  permitido  o  aprimoramento  de  ferramentas  de  análise 


estrutural  e  desenvolvimento  de  novas  técnicas  e  procedimentos  que  buscam 
representar  o  comportamento  real  da  estrutura,  a  partir  da  consideração  da 
semirrigidez. Com a concepção da não linearidade do comportamento da curva М‐θ da 
ligação, a análise linear tem sido incapaz e insuficiente para refletir o comportamento 

226 
real  de  estruturas  sob  condições  não  usuais  de  carregamento  ou  de  carregamento 
limite, sendo assim, necessárias análises de 2ª ordem.  

No  presente  trabalho,  um  pórtico  de  cinco  pavimentos,  nas  configurações  com 
contraventamento  e  sem  contraventamento,  será  analisado.  Serão  realizadas  análise 
linear de primeira ordem e análise de segunda ordem, confrontando e comparando os 
resultados  obtidos,  com  enfoque  na  influência  da  análise  de  segunda  ordem,  que 
considera os efeitos da não linearidade física e geométrica. Será considerada ainda a 
semirrigidez  da  ligação  viga‐coluna,  sendo  a  rigidez  inicial  da  ligação  determinada  a 
partir do método das componentes do Eurocode 3 – EC3 – (2005) para a ligação do tipo 
cantoneira  de  topo  e  assento.  O  programa  computacional  NIDA  foi  utilizado  neste 
trabalho para a obtenção dos resultados. 

2 Comportamento e análise estrutural 

O objetivo da análise estrutural é determinar tensões, deformações, esforços internos e 
deslocamentos  para  certa  estrutura  sob  determinado  carregamento  e  condições  de 
contorno.  O procedimento para análise pode ser realizado de diversas maneiras, e neste 
trabalho serão abordados dois grupos: análises de primeira ordem e análises de segunda 
ordem.

2.1 Análise elástica de 1ª ordem  

Atualmente  análises  lineares  são  as  mais  utilizadas  entre  projetistas,  e  os  resultados 
obtidos  nessas  análises  são  utilizados  como  base  para  cálculo  de  deslocamentos, 
deformações,  esforços  internos  e  tensões  a  serem  utilizadas  no  dimensionamento 
estrutural.  

Na  consideração  da  análise  linear,  três  condições  básicas  devem  ser  atendidas: 
compatibilidade, equilíbrio e relações constitutivas. Chan & Chui (2000) complementam 
que a deflexão da estrutura é assumida como muito pequena e os efeitos de segunda 
ordem (geométricos) são ignorados. A rigidez dos membros estruturais é constante e 
independe da presença de forças axiais, ignorando‐se o efeito P‐Δ e o efeito P‐δ, os quais 
serão  discutidos  na  subseção  2.2.  Além  disso  o  material  apresenta  comportamento 
elástico linear. 

227 
Uma das desvantagens da análise elástica linear tem sido sua incapacidade de refletir o 
comportamento real de estruturas quando carregamentos não usuais ou carregamentos 
limites estão atuando, uma vez que todas as estruturas comportam‐se de forma não 
linear pouco antes de atingir seus limites de resistência (Pinheiro, 2003). A consideração 
básica  dessa  análise  não  possibilita  a  avaliação  adequada  da  estabilidade  ou  da 
resistência última da estrutura, sendo para isso necessário ampliar a eficiência da análise 
e levar em consideração os efeitos de segunda ordem.  

Durante a análise linear de estruturas, a força é assumida linearmente proporcional ao 
deslocamento e o princípio de superposição dos efeitos pode ser aplicado para obter o 
diagrama final de esforços internos. Esta técnica de superposição dos efeitos não pode 
ser  aplicada  a  uma  análise  não  linear  porque  a  resposta  estrutural  é  afetada  pela 
interação entre cargas e deformações e, portanto, não podem ser isoladas umas das 
outras (Chan & Chui, 2000). 

2.2 Análise plástica (inelásticas) de segunda ordem  

Procura‐se com a análise não linear melhorar a simulação do comportamento de uma 
estrutura  em  alguns  aspectos,  ou  seja,  uma  modelagem  mais  realista  a  partir  da 
consideração  apropriada  dos  efeitos  relacionados  às  não  linearidades  que  afetam  o 
comportamento  estrutural.  Assim,  duas  considerações  de  não  linearidades  são 
abordadas  nas  análises:  a  primeira  consiste  na  não  linearidade  do  material  ou  não 
linearidade física, que considera a relação tensão x deformação não linear do material; 
e  a  segunda  classe  consiste  na  não  linearidade  geométrica,  que  é  produzida  por 
deformações finitas causadas por certo carregamento aplicado. Na análise não linear 
geométrica  ou  análise  em  teoria  de  segunda  ordem,  o  equilíbrio  é  formulado 
considerando‐se a estrutura na posição deslocada. 

A  análise  de  segunda  ordem  é  complexa  e  muitas  vezes  necessita  de  processos 
iterativos, isso porque a presença de forças ou cargas altera a geometria estrutural e a 
rigidez do elemento (Chen et al., 1996). Um dos métodos consagrados para análise geral 
não  linear  é  o  método  de  Newton‐Raphson,  onde  a  iteração  é  ativada  para  obter  a 
condição de equilíbrio entre as forças aplicadas e a resistência estrutural interna dentro 
de um passo de carga. Apesar de sua complexidade, o principal benefício da análise de 

228 
segunda ordem é ser responsável pela redistribuição das forças internas depois que a 
resistência dos membros foi superada (Chen et al., 1996).  

Na próxima seção será abordado modelo matemático para a determinação da rigidez 
das ligações.  

3 Ligações semirrígidas  

Convencionalmente  na  análise  e  dimensionamento  de  estruturas  metálicas,  ligações 


viga‐coluna são idealizadas como perfeitamente rígidas: quando se admite que a viga 
acompanha  o  movimento  de  giro  da  coluna,  permitindo  a  total  transmissão  do 
momento fletor; ou idealmente rotulada ou flexível: quando se aceita que a ligação é 
tão  flexível  e  que  o  valor  do  momento  fletor  transmitido  por  ela  é  desprezível,  não 
ocorrendo continuidade rotacional.  

Entretanto, observa‐se que a curva não linear que caracteriza o comportamento real da 
ligação  se  encontra  numa  posição  intermediária  às  idealizações  tradicionais, 
apresentando o comportamento semirrígido das ligações. Admitindo o comportamento 
semirrígido  das  ligações,  pode‐se  obter  uma  melhor  aproximação  da  realidade, 
modificando  a  distribuição  dos  momentos  fletores  na  estrutura,  como  ilustrado  na 
Figura 1.  

 
Figura 1 – (a) Pórtico e respectivo modelo para análise; (b) diagrama de momentos fletores 
para a ligação viga‐coluna rígida; (c) ligação viga‐coluna flexível  e (d) ligação viga‐coluna 
semirrígida  (Barbosa, 2006) 

229 
Para  representação  do  comportamento  semirrígido  das  ligações,  os  nós  devem  ser 
modelados como elementos de mola, cujos valores das constantes de mola são fixados 
em  função  das  características  de  rigidez  e  resistência  à  flexão  da  ligação,  como  será 
mostrado posteriormente.  

As ligações viga‐coluna geralmente estão submetidas a forças axiais, forças cortantes, 
momentos  fletores  e  torção.  Nesse  estudo,  a  torção  é  desconsiderada,  e  os  efeitos 
causados pelas forças axiais e cortantes são geralmente muito pequenos comparados 
aos causados pelos momentos fletores (Chen et al., 1996). Consequentemente, apenas 
o efeito causado pelo momento fletor será considerado nesse trabalho. 

As  pesquisas  têm  buscado  desenvolver  modelos  simples  que  representem  o 


comportamento momento‐rotação relativa das ligações (Higaki, 2014). Tendo em vista 
o escopo deste trabalho, será abordado aqui apenas o modelo matemático linear para 
representar o comportamento da ligação, cuja rigidez rotacional será obtida de forma 
analítica  através  do  método  das  componentes  e  incorporada  diretamente  na  análise 
estrutural. Esse modelo de ligação é o mais simples pois depende unicamente de um 
parâmetro,  ou  seja,  a  rigidez  inicial  da  ligação.  Diversos  trabalhos  apresentam  essa 
consideração da rigidez inicial constante da ligação (Batho, 1931; Baker, 1934; Rathbun, 
1936; Monforton & Wu, 1963; Lightfoot & Lemesurier, 1974), além de trazer aplicações 
para  a  análise  de  vibração  de  pórticos  com  ligações  semirrígidas  (Chan,  1994). 
Adicionalmente, destaca‐se que a hipótese linear é conveniente para valores pequenos 
de  carregamentos  e  rotações,  no  entanto,  em  análises  com  grandes  deflexões,  a 
degradação da rigidez das ligações deve ser considerada (Alvarenga, 2010; Chan & Chui, 
2000, Pinheiro, 2003; Chen et al., 1996), ou seja, um modelo não linear para representar 
o comportamento da ligação. A expressão do modelo linear é dada por: 

M r = S j r   (1) 

onde  S j  é o valor constante de rigidez inicial ( , ) da ligação ou de rigidez secante 

( , ). 

A rigidez inicial da ligação será obtida a partir do método das componentes proposto 
pelo Eurocode 3 (2005) apresentado na seção 5 deste trabalho. O modelo semirrígido 
linear  será  abordado  no  escopo  deste  trabalho  e  aplicado  no  pórtico  de  cinco 

230 
pavimentos  a  fim  de  obter  resultados  mais  próximos  do  comportamento  real  da 
estrutura.  

4 Acoplamento de rigidez 

A literatura apresenta diversos modelos de acoplamento da rigidez para um elemento 
semirrígido (Chan & Chui, 2000; Torkamani et al., 1997; Yang & Kuo, 1994; Sekulovic & 
Salatic, 2001; Chen & Lui, 1991), entretanto, este trabalho aborda somente o elemento 
semirrígido proposto por Chan & Chui (2000). Isso ocorre, pois, o software NIDA, que 
será utilizado no desenvolvimento e obtenção dos resultados deste trabalho, baseia‐se 
no acoplamento de rigidez proposto por Chan & Chui (2000). 

Uma ligação semirrígida pode ser modelada como um elemento de mola inserido no 
ponto de interseção entre a viga e a coluna, como apresentado na Figura 2. Tal elemento 
de mola apresenta comprimento nulo, não alterando as características da ligação. 

 
Figura 2 – (a) Elemento de mola simulando uma conexão; (b) Modelo de elemento de pórtico 
semirrígido idealizado (Chan & Chui (2000) adaptado pelo autor). 
A mola da ligação e o elemento da viga‐coluna são combinados de modo a formar um 
elemento híbrido, apresentado na Figura 4(b). Um dos lados do elemento de mola está 
conectado  ao  elemento  de  viga‐coluna  enquanto  o  outro  lado  está  conectado  ao  nó 
global (ou à coluna). Com as molas de conexão, adicionadas às extremidades da viga‐
coluna, a matriz de rigidez convencional do elemento deverá ser modificada de tal modo 
a levar em consideração o efeito das ligações semirrígidas. A matriz de rigidez resultante 
do  acoplamento  do  elemento  de  viga‐coluna  com  os  elementos  de  mola  (ligação) 
poderá ser então ser utilizada nas análises a serem realizadas neste trabalho. Essa matriz 
tem a seguinte forma (Chan & Chui, 2000): 

231 
 M ci   Rki  Rki 0 0   ci 
 M    R Rki  K ii 0   bi 
 bi  K ij
  
ki
    (2) 
M bj   0 K ji Rkj  K ji  Rkj   bj 
M cj   0 
0  Rkj Rkj   cj 

onde os subscritos ‘i’ e ‘j’ referem‐se aos nós extremos i e j do elemento de viga‐coluna 
(Figura 2 (b)); os termos  K ij  são as componentes de rigidez à flexão da viga; Rki  e  Rkj  

são  as  componentes  de  rigidez  tangentes  das  molas  da  ligação  i   e  j ,  são  as 

rotações incrementais das duas extremidades do elemento tomando‐se como base a 
última configuração de equilíbrio.  

5 Procedimento geral para o método das componentes Eurocode 3 
(2005) (EC3) 
A resposta do componente individual e a resposta completa da ligação são geralmente 
envolvidas no método das componentes para estabelecer a resposta momento‐rotação 
relativa da ligação. Considerando, por exemplo, a ligação da Figura 3(a), o primeiro passo 
é  decompor  a  ligação  em  vários  grupos  de  molas  que  representam  os  grupos  de 
parafusos e os elementos da ligação, como ilustrado na Figura 3(b). O segundo passo é 
montar as propriedades desses componentes e incorporá‐los em uma mola rotacional 
com a característica da rotação obtida (Figuras 3(c) e 3(d)). O momento resistente da 
ligação  , ,  assim  como  a  rigidez  da  ligação  ,  podem  ser  obtidos  pelo  momento 
resistente  e  pela  rigidez  das  componentes  básicas  da  ligação  (Fang  et  al.,  2013).  Na 
Figura  3  tem‐se  ainda  a  rigidez  rotacional  inicial  ( , )  da  ligação,  o  momento  fletor 
solicitante  de  cálculo  ( , ),  a  rotação  relativa  correspondente  ao  momento  fletor 
solicitante ( ), a rotação relativa correspondente ao momento resistente da ligação 
( ) e a rotação relativa última da ligação ( ). 

5.1 Resposta das componentes 

A resposta momento‐rotação relativa da ligação é determinada pelas características das 
componentes. As componentes para a ligação com cantoneira de topo e assento que 
será  utilizada  no  desenvolvimento  deste  trabalho  estão  descritas  na  Figura  4  e 
detalhadas na Tabela 1.  

 
232 
Figura 3 – Caracteristicas momento‐rotação relativa da ligação. (a) Configuração da ligação; (b) 
compenentes de mola; (c) modelo de mola rotacional; (d) curva momento rotação. 

Figura 4 – Regiões para verificação da resistência em uma ligação viga‐pilar com cantoneiras de 
topo e assento (adaptado de Maggi, 2004). 
 
 

233 
Tabela 1 – Verificações de resistência nos componentes da ligação (adaptado de Maggi, 2004). 
Zona   Região   Verificação  
Tração nos parafusos (com a mesa da coluna e 

com as cantoneiras) 
Flexão da aba da cantoneira de topo e assento, 

conectada à mesa da coluna 
Tração  c  Flexão da mesa da coluna 
d  Tração na alma da viga 
e  Tração na alma da coluna 
Tração na aba da cantoneira de topo (fixada à 

mesa superior da viga)  
g  Compressão na mesa e alma da viga  
h  Compressão na alma da coluna  
Compressão 
Compressão na aba da cantoneira de assento 

(fixada à mesa inferior da viga) 
Cisalhamento horizontal  j  Cisalhamento do painel da alma da coluna 
Cisalhamento dos parafusos (com a mesa da 

coluna e das cantoneiras) 
Cisalhamento vertical  
Esmagamento do parafuso (cantoneiras, mesas 

da coluna e mesa da viga) 
 

O  processo  de  verificações  consiste  em  analisar  todos  os  componentes  quanto  à 
capacidade resistente, para cada linha de parafusos, analisando‐se independentemente 
a flexão da aba da cantoneira, a flexão da mesa da coluna, a tração da alma da viga, a 
tração na alma da coluna e, por fim, a capacidade resistente da aba da cantoneira de 
topo também à tração, adotando‐se o menor valor encontrado para a zona de tração.  

5.2 Resposta momento‐rotação relativa da ligação  

O momento resistente  ,  e a rigidez rotacional   são dois parâmetros importantes 


para  a  determinação  das  características  momento‐rotação  relativa  da  ligação.  O  EC3 
permite que se adote a rigidez rotacional inicial ( , ) na análise global elástica, desde 
que  o  momento  fletor  solicitante  de  cálculo  ( , )  não  ultrapasse  dois  terços  do 
momento  fletor  resistente  de  cálculo  ( , )  (Figura  5(a)).  Caso  tal  situação  não  seja 
possível,  o  EC3  ainda  permite  o  uso  da  rigidez  rotacional  secante  da  ligação,  igual  a 

, /   para  todo  e  qualquer  valor  do  momento  ,   (Figura  5(b));  sendo    o 


coeficiente  de  modificação  da  rigidez,  presente  no  Eurocode  3  (2005).  Quando  uma 

234 
análise global elastoplástica é realizada, a resposta pós‐escoamento pode ser idealizada 
como um comportamento bilinear (Figura 5(c)). 

Figura 5 – Simplificação da resposta momento‐rotação relativa. (a) Analise elástica global 
, <2/3  , ; (b) análise global elástica conservativa; (c) análise global elastoplástica 
(Eurocode 3, 2005). 
O momento resistente  ,  da ligação viga‐coluna é determinado:  
 Ftr , Rd z 
 
M j ,Rd = min  Fcr , Rd z    (3) 
V 
 wp , Rd z 
onde  ,   é  a  mínima  força  resistente  de  tração  dentre  todos  os  componentes 
tracionados;  ,   é  a  mínima  força  resistente  de  compressão  dentre  todos  os 
componentes  comprimidos;  ,   a  componente  horizontal  do  cisalhamento  da 
ligação, ou seja, a resistência ao cisalhamento da alma do pilar e   é o braço de alavanca 
da ligação, sendo que o braço de alavanca é medido a partir do centro de compressão 
da ligação até a linha de parafusos tracionados, e o centro de compressão, por sua vez, 
tem sua localização definida na metade da espessura da aba da cantoneira de assento. 

A rigidez rotacional da ligação é determinada com base nas rigidezes dos componentes 
básicos da ligação. Essa equação é dada por (Eurocode 3, 2005):  

Es z 2
Sj =   (4) 
1

i ki

onde  Es  é o módulo de elasticidade do aço; z é o braço de alavanca da ligação;  ki é o 

coeficiente de rigidez do componente básico ‘i’ da ligação e   é a relação  S j ,ini / S j . A 

relação de rigidez (μ) é variável de acordo com o valor do momento fletor solicitante da 

235 
ligação ( M j ,Ed ) em relação ao momento fletor resistente ( M j , Rd ), sendo determinada a 

partir das equações: 

2
M j , Ed  M j , Rd    1   (5) 
3

2  M j , Ed 
M j , Rd  M j , Ed  M j , Rd    1,5    (6) 
3  M 
 j , Rd 
O coeficiente Ψ é obtido a partir da tabela 2:  

Tabela 2 – Valor do coeficiente Ψ (Eurocode 3, 2005) 
Tipo de ligação 
Soldada  2,7 
Chapa de extremidade aparafusada  2,7 
Cantoneiras aparafusadas de ligação 
3,1 
das mesas 
Chapas de base de pilares  2,7 
As formulações para a determinação da resistência da ligação a partir da resistência das 
componentes  básicas,  assim  como  a  rigidez  da  ligação  a  partir  da  rigidez  das 
componentes  básicas  da  ligação,  são  apresentadas  na  Tabela  3.  Os  coeficientes 
específicos de cada formulação podem ser encontrados no Eurocode 3 (2005) Parte 1:8.  

6 Aplicação Numérica  
Na  Figura  6  têm‐se  o  modelo  estrutural  de  um  pórtico  de  cinco  andares,  cujas 
considerações  serão  com  contraventamento  e  sem  contraventamento.  O  pórtico 
apresenta  3  metros  de  altura  entre  pavimentos  e  6  metros  entre  colunas;  e  os 
carregamentos de vento em kN e o carregamento uniformemente distribuído em kN/m 
são considerados na estrutura. Os perfis utilizados para os elementos de coluna são do 
tipo W250x101 (equivalente no NIDA ao W10x10x68), para elementos de viga são do 
tipo  W360x44  (equivalente  no  NIDA  ao  W14x6_3x30)  e  para  os  elementos  de 
contraventamento são perfis do tipo L64x64x7.9 (equivalente no NIDA ao L65x65x8).  

Como limitação deste trabalho, a ligação utilizada foi padronizada em apenas um tipo, 
e desta forma a estrutura foi considerada em todos os modelos analisados. A ligação 
adotada de cantoneira de topo e assento tem suas características ilustradas na figura 7. 

236 
A cantoneira foi dimensionada de forma a atender a todas as exigências de norma e 
resistir aos esforços solicitantes. 

Tabela 3 – Resistência e Rigidez das componentes básicas da ligação cantoneira de topo e 
assento (O autor, 2018). 
Resistência dos componentes básicos da  Rigidez dos componentes básicos da 
ligação     ligação  
Componente  Resistência elástica    Componente  Rigidez elástica 
 4M pL,1,Rd  Cisalhamento no  0.38 Avc
  painel da alma  k1   
Flexão da aba das   m   z
cantoneiras de topo   2M pL,2,Rd  n  Ft,Rd    da coluna (k1) 
min     Compressão na 
e assento e Flexão 
 mn  0.7beff ,c, wc t wc
da mesa da coluna    Ft,Rd  alma da coluna  k 2 
d
 
  (k2 )  wc
   
Tração da alma da  beff ,t ,wv t wv t y ,wv Tração na alma  0.7beff ,c ,wc t wc
Ft ,wv, Rd    k3   
viga   M0  
da coluna (k3)  d wc

Tração na alma da  beff ,t ,wct wct y ,wc Flexão na mesa  0.9l eff t fc


3
Ft ,wc,Rd    k4   
coluna   M0  
da coluna (k4)  m3
Flexão na 
Tração da aba da  Aga t ya cantoneira de  0.9l eff t a
3
Ft ,Rd    k6   
cantoneira de topo   a1 topo e assento  m3
  (k6) 
Compressão na  M c , Rd Tração nos  As
Fc , fv , Rd    k10  1.6  
mesa e alma da viga  hv  t fv  
parafusos (k10)  Lb
Cisalhamento 
Compressão na  k wc beff ,c,wc t wc t y ,wc nos parafusos da  2
1.6nb d b f ub
Ft ,wc, Rd  cantoneira de  k11   
alma da coluna   M0 topo e assento  E d
s M 16

  (k11) 
Parafusos 
sujeitos ao 
Compressão da aba  l a t a t ya 24nb k b k t d b f u
esmagamento,  k12 
da cantoneira de  Fc ,ab, Rd   
assento    a1 com a cantoneira  Es
ligação a coluna 
  (k12) 
Cisalhamento  0.9t yc Avc
Vwp, Rd   
Horizontal   3 M 0      
As  ligações  viga‐coluna  do  pórtico  tiveram  seu  comportamento  avaliado  de  maneira 
teórica  com  auxílio  de  software  computacional.  Assim,  para  a  análise  considerou‐se 
ligações  viga‐coluna:  rígida  e  semirrígida  com  modelo  linear;  e  ligações  coluna‐base 
como rotuladas.  

237 
Os  modelos  analisados  neste  trabalho  serão  classificados  de  acordo  com  as  análises 
realizadas  (análises  lineares  de  primeira  ordem  e  análises  de  segunda  ordem)  e  as 
considerações de rigidez para cada ligação variando os modelos de ligações viga‐coluna.

Figura 6 – Pórtico com contraventamento: geometria e carregamentos. 

Figura 7 – Cantoneira adotada após verificações de cálculo (dimensões em milímetros). 
A rigidez inicial ( S j ,ini ) da ligação é obtida através da consideração da força resistente (
FRd ), da rigidez de cada componente ( k i ) e o momento resistente da ligação ( M j , Rd ) 
[Tabela 4]. 
 
 
 
 
 

238 
Tabela 4 – Parâmetros característicos da ligação (O autor, 2018). 

Parâmetros da ligação  
Rigidez inicial ( S j ,ini )  19.140,326 kN.m/rad 
Força resistente ( FRd )  141,192 kN 
Momento resistente  M j , Rd   260.022 kN.m 
Nas análises de segunda ordem o método numérico utilizado foi o de Newton‐Raphson 
(com carregamento constante), com 100 ciclos de carga e o valor de cada incremento 
de  carga  igual  a  0,01  do  total,  aplicando  assim,  100%  da  carga  atuante  prevista  na 
estrutura. A matriz de massa sendo consistente na análise dinâmica modal, e os efeitos 
de  não  linearidade  física  e  geométrica  foram  considerados  nas  análises  de  segunda 
ordem (modelo elasto‐plástico do aço e a consideração das imperfeições através dos 
deslocamentos nas direções dos eixos principais de inércia). O aço S275 foi utilizado em 
todas  as  análises,  e  possui  o  módulo  de  elasticidade  Es=205000  MPa,  resistência  ao 
escoamento e ruptura de 275 MPa e 410 MPa, respectivamente. 

Para  a  realização  das  análises  foi  utilizado  o  software  NIDA  ‐  Non‐linear  Integrated 
Design and Analysis – desenvolvido em 1996 pelo professor Siu Lai Chan da Universidade 
Politécnica  de  Hong  Kong  –  China.  O  software  permite  todas  as  considerações 
apresentadas anteriormente neste trabalho, sendo assim possível realizar as análises do 
pórtico  proposto.  Os  seguintes  parâmetros  da  estrutura  a  partir  da  consideração  e 
variação  da semirrigidez  serão  analisados:  1)  Esforços  internos;  2)  Deslocamentos; 3) 
Curva Fator de Carga x Deslocamento e 4) Frequências de vibração.  

A  Tabela  5  apresenta  a  redistribuição  dos  momentos  fletores  causados  pelo  tipo  de 
análise  empregada  para  obter  o  comportamento  estrutural  do  pórtico,  variando  a 
rigidez  da  ligação  viga‐coluna  para  o  caso  contraventado  e  sem  contraventamento, 
referente a 100% do carregamento atuante. Podemos facilmente perceber que a análise 
de segunda ordem não influência significativamente nos esforços internos da estrutura, 
havendo inclusive uma redução dos esforços (momento fletor) no meio do vão das vigas. 
Contudo, há uma grande influência nos deslocamentos do pórtico, como será abordado 
posteriormente. 

239 
Tabela 5 – Momento fletores no meio do vão das vigas 01 e 02 (Figuras 6) dos pórticos com 
contraventamento e sem contraventamento 

Pórtico com contraventamento    Pórtico com contraventamento 
Ligação  Momento viga 01 [kN.m]    Ligação   Momento viga 02 [kN.m] 
Viga‐Coluna  Linear 1ª Ordem  2ª Ordem    Viga‐Coluna  Linear 1ª Ordem  2ª Ordem 
Rígido  33,13  32,69    Rígido  35,15  35,19 
Semirrígido  Semirrígido 
50,71  50,36  51,80  54,64 
linear    linear 
                   
Pórtico sem contraventamento    Pórtico sem contraventamento 
Ligação  Momento viga 01 [kN.m]    Ligação   Momento viga 02 [kN.m] 
Viga‐Coluna  Linear 1ª Ordem  2ª Ordem    Viga‐Coluna  Linear 1ª Ordem  2ª Ordem 
Rígido  33,16  32,30    Rígido  35,18  35,21 
Semirrígido  Semirrígido 
50,72  50,20  51,80  51,67 
linear    linear 
Os  deslocamentos  do  pórtico  foram  comparados  e  analisados  a  partir  do  nó  A  da 
estrutura, indicado na Figura 6. A tabela 6 apresenta os valores dos deslocamentos para 
cada  um  dos  modelos  estudados,  referente  a  100%  do  carregamento  atuante. 
Analisando a influência do refinamento da consideração da semirrigidez na ligação viga‐
coluna, percebemos que na análise linear de primeira ordem o modelo utilizado para 
descrever  a  semirrigidez  na  ligação  viga‐coluna  pouco  influência  nos  valores  de 
deslocamentos; contudo, na análise de segunda ordem a consideração da semirrigidez 
nas ligações viga‐coluna tem influência significativa, com acréscimos superiores a 100% 
no  nó  A  da  estrutura,  tanto  no  pórtico  com  contraventamento,  quanto  no  sem 
contraventamento. 

Tabela 6 – Deslocamentos horizontais no nó A dos pórticos contraventados 
e não contraventados. 

Pórtico contraventado 
Deslocamento Horizontal [Nó A] (cm) 
Ligação Viga‐Coluna 
Linear 1ª Ordem  2ª Ordem 
Rígido  0,01469  0,1534 
Semirrígido linear  0,01941  0,2181 
Pórtico sem contraventamento 
Deslocamento Horizontal [Nó A] (cm) 
Ligação Viga‐Coluna 
Linear 1ª Ordem  2ª Ordem 
Rígido  0,01523  0,8471 
Semirrígido linear  0,01998  1,371 

240 
Como descrito anteriormente, a análise de segunda ordem permite descrever os ciclos 
de carga e o valor de cada incremento de carga, sendo possível assim, analisar a curva 
“fator de carga x deslocamento” da estrutura. A Figura 8 e 9 apresentam as curvas de 
fator  de  carga  por  deslocamento  referente  ao  nó  A  para  os  pórticos  com  e  sem 
contraventamento, comparando as análises de primeira e segunda ordem ao considerar 
as ligações rígidas e semirrígidas.  

 
Figura 8 – Curvas de fator de carga x deslocamento para o pórtico sem contraventamento. 

 
Figura 9 – Curvas de fator de carga x deslocamento para o pórtico com contraventamento. 

241 
A primeira frequência natural de vibração do pórtico para ambos os modelos analisados, 
são apresentadas na Tabela 7, comparando os resultados obtidos. 

Tabela 7 – Frequências de vibração dos pórticos. 
Pórtico contraventado  Pórtico sem contraventamento 
Ligação Viga‐ 1ª Frequência de    Ligação Viga‐ 1ª Frequência de 
Coluna  Vibração [Hz]  Coluna  Vibração [Hz] 
Rígido  7,5359    Rígido  3,2126 
Semirrígido linear  7,1551    Semirrígido linear  2,3943 

7 Conclusões  

O presente trabalho apresentou um estudo numérico comparativo da consideração de 
diferentes modelos para represetação da rigidez da ligação viga‐coluna, assim como a 
influência da análise realizada na estrutura, seja pela análise linear elástica de primeira 
ordem, seja pela análise de segunda ordem. Dois modelos de rigidez para as ligações 
foram adotados: rígido (idealizado) e semirrígido linear, na qual o valor de rigidez inicial 
foi obtido a partir do método das componentes proposto pelo Eurocode 3 (2005).  

Destaca‐se aqui uma insignificante redistribuição dos esforços internos no meio do vão 
das vigas de ambos os pórticos, contudo, uma grande influência nos deslocamentos dos 
pórticos devido a consideração do tipo de análise empregada, levando em consideração 
as  não  linearidades  físicas  e  do  material.  Ainda,  é  possível  observar  uma  variação 
significativa dos esforços internos (momentos), dos deslocamentos e  das frequências 
de vibração devido ao modelo de rigidez utilizado nas ligações viga‐coluna. As respostas 
obtidas levam a conclusão de que a consideração da análise de segunda ordem e da 
consideração da semirrigidez das ligações viga‐coluna, tendem a tornar a estrutura mais 
instável e deslocável. Assim, percebe‐se a necessidade de estudos mais completos e a 
consideração  da  semirrigidez  das  ligações  nos  projetos  estruturais,  assim  como  a 
realização de análises de segunda ordem. 

Pretende‐se estender este estudo para uma avaliação de estruturas mais condizentes 
com a realidade, assim como descrever o tipo de ligação utilizada e seus parâmetros 
tanto para ligação viga‐coluna como coluna‐base e a aplicação de outros modelos de 
curva momento‐rotação relativa que descrever o comportamento da ligação.  

242 
AGRADECIMENTOS 
Os  autores  agradecem  ao  Programa  de  Pós‐Graduação  em  Engenharia  de 
Construção Civil – Universidade Federal do Paraná – PPGECC/UFPR pelo apoio e incentivo 
para o desenvolvimento desta pesquisa. 

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244 
Recebido: 22/11/2017 
Aprovado: 21/04/2018 
Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 245‐263 ‐ ISSN 2238‐9377 
    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT 

 
Análise numérica de vigas de rolamento de aço 
sem contenção lateral entre apoios 
Luiz Rafael dos Santos Leite1 e Maximiliano Malite2* 
 
1
 Eng. Civil, Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte 
do Estado de São Paulo – ARTESP/SP. 
lrafaelsantosl@gmail.com 
2
 Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC‐USP 
Av. Trabalhador São‐Carlense, 400 – São Carlos, SP 
mamalite@sc.usp.br 

Numerical analysis of crane runaway girders of steel without lateral 
bracing between supports. 

Resumo 
As vigas de rolamento de pontes rolantes são elementos estruturais sujeitos à ação conjunta 
dos momentos fletor e de torção, sendo este provocado pela excentricidade da força vertical da 
roda e pelo impacto lateral durante a operação da ponte. Na fase de projeto, a combinação dos 
momentos de flexão e torção geralmente é reduzida ao caso de flexão atuando nos dois eixos 
principais da seção transversal da viga e, de maneira menos usual, a combinação dos momentos 
é analisada segundo a teoria da flexo‐torção. Este trabalho apresenta a comparação entre as 
tensões longitudinais calculadas pelos modelos teóricos de barras e pela análise numérica, por 
meio do Método dos Elementos Finitos (MEF), para o caso da viga de rolamento de aço sem 
contenção lateral entre apoios. A comparação mostrou divergência entre os resultados e que os 
modelos de barra podem levar a situações tanto contra como a favor da segurança. 
Palavras‐chave: Vigas de aço, vigas de rolamento, pontes rolantes, flexo‐torção. 
 
Abstract   
The crane runway girders are structural elements subjected to a combined action of flexural and 
torsional moments, being this last one caused by the eccentricity of the wheel’s vertical force 
and  by  the  side  thrust  during  the  crane  operation.  In  the  design  phase,  the  combination  of 
flexural and torsion moments is generally reduced to flexural moments acting over the principal 
axes of transverse section of the girder and, in a less usual way, the combination of moments is 
analyzed  by  the  flexural‐torsional  theory.  This  research  presents  a  comparison  between  the 
longitudinal  stresses  calculated  by  the  classical  bars  models  and  by  the  numerical  analysis 
through the Finite Element Method (FEM), in case of the crane runway girder of steel without 
lateral  bracing  between  support  points.  The  comparison  showed  a  divergence  between  the 
results and that the classical bars models can lead to situations of high safety or against safety. 
Keywords: Steel girders, runway girder, cranes, flexural‐torsional. 
 
* autor correspondente 

 
1 Introdução

As  vigas  de  rolamento  são  estruturas  de  suporte  para  pontes  rolantes,  sendo  estas 
utilizadas para içamento e movimentação de cargas. As solicitações verticais impostas 
às  vigas  incluem  o  seu  peso  próprio,  o  peso  da  ponte,  o  peso  dos  dispositivos  para 
operação  e  a  carga  içada.  Forças  horizontais  provocadas  pela  operação  da  ponte 
também atuam sobre a viga e, eventualmente, momentos de torção. 

O  momento  torçor  tem  basicamente  duas  causas:  a  força  vertical  da  roda  da  ponte, 
quando excêntrica ao eixo de simetria vertical da seção da viga, sendo a excentricidade 
causada geralmente por imprecisões na montagem do caminho de rolamento ou pelo 
seu desalinhamento sobre a viga. A outra causa é a inevitável excentricidade da força 
horizontal transversal à viga, denominada de impacto lateral, a qual atua fora do centro 
de cisalhamento da seção. Uma vez que a excentricidade da força vertical, a intensidade 
das forças e o sentido do impacto lateral podem variar durante a operação, o momento 
torçor pode ser máximo, quando as parcelas se somam, ou mínimo, quando se reduzem. 

O presente trabalho traz uma análise, via método dos elementos finitos, da influência 
da torção sobre a viga de rolamento, examinando a contribuição desta solicitação nas 
tensões  longitudinais  e,  em  seguida,  comparando  estes  valores  com  as  tensões 
calculadas  pelos  modelos  clássicos  de  barras,  a  fim  de  verificar  se  os  mesmos 
representam adequadamente o comportamento da viga de rolamento. 

O perfil I é o mais utilizado para vigas de rolamento e, a depender do vão da viga e da 
capacidade nominal da ponte rolante, será executado um sistema de travamento lateral 
para  garantir  a  estabilidade  global  da  estrutura.  A  tabela  1  mostra  relações  práticas 
entre capacidade nominal da ponte, vãos da viga de rolamento e travamentos utilizados. 

Foram abordadas vigas de rolamento com seção monossimétrica, vão livre entre 6 e 7 
metros  e  que  suportam  pontes  com  capacidade  nominal  máxima  de  250  kN.  Nessas 
condições,  o  travamento  lateral  é  feito  apenas  na  região  dos  apoios  formando  o 
chamado  vínculo  de  garfo,  o  qual  é  responsável  por  transferir  o  impacto  lateral  aos 
pilares do edifício. Quando comparadas às vigas de seção duplamente simétrica, as vigas 
de seção monossimétrica apresentam maior estabilidade lateral se a mesa maior resulta 
comprimida. 

246 
Tabela 1 – Travamento lateral da viga de rolamento (BELLEI, 2000. Adaptado). 
Capacidade nominal  Vão da viga de  Seção da viga e sistema de 
da ponte rolante  rolamento  travamento lateral 
Perfil I com dupla simetria sem 
Até 50 kN  Até 6 metros 
travamento lateral 
Perfil I monossimétrico sem 
De 50 kN até 250 kN  Até 7 metros 
travamento lateral 
Perfil I com contenção na mesa 
De 50 kN até 250 kN  Até 13 metros 
superior 
Perfil I ou caixão com contenção 
Acima de 250 kN  ‐‐‐‐ 
na mesa superior e inferior 
 

2 Projeto e cálculo da tensão longitudinal da viga de rolamento 

O dimensionamento da viga de rolamento envolve algumas simplificações no problema 
estrutural,  dentre  elas,  a  “transformação”  das  solicitações  dinâmicas  da  ponte  em 
solicitações estáticas equivalentes por meio dos coeficientes de impacto. Além disso, o 
valor do impacto lateral, o qual é tomado como uma parcela da força vertical da roda, 
sofre grande variação em função do código normativo adotado em seu cálculo. 

Por exemplo, a norma norte‐americana Minimum Design Loads for Building and Other 
Structures,  elaborada  pela  American  Society  of  Civil  Engineers  (ASCE/SEI  7‐10), 
determina  que  o  impacto  lateral,  independentemente  do  mecanismo  de  operação  e 
utilidade da ponte, seja igual a 20% da soma da capacidade nominal da ponte, peso da 
talha  e  do  trole.  Por  sua  vez,  o  Technical  Report  no.13  ‐  Guide  for  Design  and 
Construction of Mill Buildings, elaborado pela Association of Iron and Steel Engineers1 
(AISE n13:2003), é mais criterioso, especificando a intensidade do impacto lateral em 
função de características da ponte. Embora os relatórios técnicos da AISE não tenham 
valor  normativo  e  sejam  fontes  auxiliares,  por  vezes,  o  seu  detalhamento  é  mais 
abrangente, sendo, por isso, preferidos para projetos.  

Já  a  norma  brasileira  para  estruturas  em  aço,  a  ABNT  NBR  8800:2008  ‐  Projeto  de 
estruturas  de  aço  e  de  estruturas  mistas  de  aço  e  concreto  de  edifícios  (ABNT  NBR 
8800:2008)  segue  a  linha  da  AISE  n13,  especificando  o  valor  do  impacto  lateral  em 

1
 Em 2004 a Association of Iron and Steel Engineers (AISE) e a Iron and Steel Society (ISS) uniram‐se 
dando origem a Association for Iron & Steel Technology (AIST). 

247 
função das características e utilidade da ponte rolante. A tabela 2, adaptada de FISHER2 
(2004)  para  incluir  a  norma  brasileira,  mostra  que  para  a  mesma  ponte  rolante 
encontram‐se três valores diferentes para o impacto lateral e cada valor pode levar a 
um dimensionamento e solução estrutural diferente. 

Tabela 2 ‐ Valor total do impacto lateral – exemplo (FISHER, 2004. Adaptado). 
Características da ponte rolante: 
Edifício industrial com ponte rolante de capacidade nominal: 1.000 kN (A) 
Peso do trole, incluindo talha e demais dispositivos de içamento: 300 kN (B) 
Peso da composição ponte, trole e dispositivos de içamento: 785 kN (C) 
Considerar o 
Documento de referência  Impacto lateral (kN) 
maior valor entre: 
ASCE/SEI 7‐10  0,20 (A+B)  260 
 0,40 (A)  400 
AISE n13:2003   0,20 (A+B)  260 
 0,10 (A+C)  178,5 
 0,10 (A+B)x2  260 
ABNT NBR 8800:2008 
 0,05 (A+C)x2  178,5 
(comandada por cabine) 
 0,15 (A)x2  300 
 

A aceleração e a frenagem da ponte produzem, ainda, forças horizontais longitudinais 
na direção do eixo da viga de rolamento, porém elas são utilizadas no dimensionamento 
do  para‐choque  da  ponte  e  do  sistema  de  contraventamento  vertical  do  edifício,  os 
quais não foram alvos deste estudo.  

O  momento  torçor  pode  ser  substituído  por  um  par  de  forças  atuando  nas  mesas 
superior  e  inferior  do  perfil,  simplificação  conhecida  como  analogia  de  flexão.  Esta 
alteração  modifica  o  problema  da  torção  para  flexão  atuando  nos  planos  da  mesa  e 
desconsidera a contribuição do momento de torção distribuído provocado pela carga do 
trilho excêntrico à viga de rolamento. A analogia de flexão, por sua simplicidade, é mais 
utilizada em projetos de vigas de rolamento e é apresentada na figura 1. 

Pode‐se  utilizar  também  a  teoria  da  flexo‐torção  para  considerar  a  contribuição  da 
torção  na  tensão  longitudinal.  Determinando  o  bimomento  B,  que  é  um  esforço 
autoequilibrado na seção da viga, e o giro   da seção calcula‐se o acréscimo na tensão 
longitudinal devido à torção (tensão normal de flexo‐torção). Esta abordagem é mais 

2
 FISHER utilizou a ASCE 7 de 2002. A revisão ASCE/SEI 7‐10 de 2010 apresenta os mesmos critérios para 
determinação do impacto lateral, portanto, a comparação ainda é válida. 

248 
complexa, pois depende da solução de equações diferenciais e do conhecimento das 
condições de contorno de cada problema.   

 
a) Problema Real b) Simplificação de projeto 
P: força vertical da roda da ponte, já majorada pelo coeficiente de impacto; 
HT: impacto lateral da ponte; 
e: excentricidade da força vertical; 
d: altura total do perfil; 
C: altura do trilho ou caminho de rolamento (se houver); 
CG: centro geométrico da seção; 
CS: centro de cisalhamento da seção; 
D: distância entre o CS da seção e o topo da mesa superior; 
HS: força aplicada na mesa superior, conforme equação (1); 
HI: força aplicada na mesa inferior, conforme equação (2). 
Figura 1 – Atuação das forças da ponte sobre a viga de rolamento – Analogia de flexão. 

 
Pe  HT (d  C) Pe  HT C
HS   HT  (1) 
d d
Pe  HT C
HI  (2) 
d
 

A figura 2 mostra o problema da viga de rolamento equacionado para determinação do 
bimomento  e  giro  da  seção,  sendo  o  trem‐tipo  da  ponte  posicionado  na  situação  de 
máximo  momento  fletor.  São  omitidos  na  figura  o  diagrama  de  momento  fletor  e  o 
carregamento distribuído, pois não são necessários neste cálculo. A equação diferencial 
do  giro  para  o  problema,  após  integração,  resulta  na  expressão  (3),  na  qual  os 
coeficientes i são constantes de integração que dependem das condições de contorno, 
G  é  o  módulo  de  elasticidade  transversal  (77.000  MPa),  J  é  o  momento  de  inércia  à 

249 
torção da seção e r é o comprimento de comparação, definido na expressão (4) como 
função de G, de J, da constante de empenamento da seção Cw, também denominada de 
integral de empenamento, e do módulo de elasticidade longitudinal  E (200.000 MPa).  

a: distância entre as linhas de ação das forças verticais das rodas da ponte; 
b: distância entre as linhas de ação da resultante das forças verticais e P1; 
L: vão livre da viga de rolamento; 
PTR: carga linear do trilho ou outro caminho de rolamento (se houver); 
m: momento de torção distribuído, dado por: m = e(PTR); 
T: Momento torçor concentrado, dado por: T = HT(C+d) + Pe; 
X2: Seção de análise das tensões longitudinais nos modelos de barras e numéricos; 
Figura 2 – Solicitações sobre a viga de rolamento – equacionamento para flexo‐torção. 

x x mx 2  (3)


 i   i 1 senh     i 2 cosh    i 3 x   i 4  i  1,2,3
r r 2GJ

EC w
r (4) 
GJ
 

A tensão longitudinal  x devido a flexo‐torção é calculada em cada seção de interesse 
conforme a expressão (5), na qual  é a área setorial principal da seção. Por último, vale 
lembrar  que  as  propriedades  geométricas  da  seção  Cw,  J  e    são  constantes  para  o 
mesmo perfil, uma vez que neste trabalho são consideradas apenas barras prismáticas.  

Bi  (5) 
 x  E i  i  1,2,3
CW  

3 Modelo Numérico de Elementos Finitos 

Com o objetivo de avaliar se os modelos de barras apresentados na seção 2 representam 
adequadamente  as  tensões  longitudinais  da  viga,  um  modelo  tridimensional  de 

250 
elementos finitos reproduzindo uma viga biapoiada com vínculos de garfo na região dos 
apoios foi construído no programa ANSYS (2010). No caso real, em geral são empregadas 
chapas com baixa rigidez à flexão conectando a mesa superior do perfil I ao pilar. Ao 
invés  de  introduzir  a  chapa  de  ligação  no  modelo  numérico,  poderiam  ser  impostas 
restrições de deslocamento diretamente à mesa superior, porém, este método provoca 
rigidez  excessiva  na  extremidade  da  mesa,  afastando  o  modelo  do  problema  real. 
Enrijecedores transversais de alma foram utilizados apenas na região dos apoios. 

Dois tipos de elementos finitos, ambos naturais da biblioteca do ANSYS, foram utilizados 
para  construir  o  modelo.  Utilizou‐se  o  elemento  de  casca  SHELL  181  para  a  viga  e 
enrijecedores, pois ele é adequado para seções delgadas, além de permitir a análise não 
linear geométrica com a plastificação da seção. Já para a chapa de ligação foi escolhido 
o elemento de barra LINK 8, também capaz de deformar plasticamente. A escolha de 
um elemento tipo LINK (barra) ao invés de elemento BEAM (viga) levou em consideração 
a baixa rigidez à flexão da chapa de ligação. O refinamento da malha é maior na mesa 
superior do perfil, uma vez que ela é mais importante para análise. A diferença entre o 
refinamento  na  mesa  superior  e  inferior  gera  uma  zona  de  transição  na  malha  do 
enrijecedor, contudo, essa transição não produziu problemas ou erros na análise.  

O trilho não foi construído no modelo e a contribuição de sua carga foi aplicada sobre a 
mesa superior por meio de pressão distribuída. A carga concentrada da roda da ponte 
rolante  também  foi  aplicada  em  forma  de  pressão  sobre  sua  área  de  espraiamento, 
adotando‐se  o  ângulo  de  espraiamento  de  45o,  valor  usual  em  projetos.  O  impacto 
lateral,  atuante  no  boleto  do  trilho,  foi  transportado  para  a  mesa  superior  como  um 
conjunto de forças horizontais e verticais, de maneira a simular os pontos de fixação do 
trilho na viga de rolamento, como ilustra a figura 3. 

 
Figura 3 – Consideração do impacto lateral no modelo numérico. 

251 
A  figura  4.a  mostra  a  perspectiva  geral  do  modelo  numérico,  enquanto  a  figura  4.b 
mostra o detalhe da transição da malha no enrijecedor e da vinculação externa da viga. 
A figura 4.c, por sua vez, traz as solicitações aplicadas na viga. Nela pode‐se notar a faixa 
de carregamento correspondente ao trilho e as áreas de aplicação das cargas das rodas 
e, finalmente, a figura 4.d ilustra a aplicação do impacto lateral na mesa superior. 

a) Viga de rolamento em elementos finitos. b) Detalhe região do apoio.

Carga da roda 

Impacto lateral 
Carga do trilho 
d) Impacto lateral 
transportado para a mesa.

c) Ações no modelo numérico
Figura 4 – Modelo numérico. 

As  propriedades  constitutivas  do  aço  foram  introduzidas  com  o  diagrama  tensão  x 
deformação trilinear apresentado na figura 5. Ele considera o critério de plastificação de 
von  Mises,  possibilitando  simular  o  comportamento  elasto‐plástico  isótropo  do 
material. Já a não linearidade geométrica do problema foi considerada pela formulação 
Lagrangeana  e  para  realizar  as  iterações  optou‐se  pelo  método  completo  Newton‐
Raphson (Full N‐R), o qual inclui a atualização da matriz de rigidez em todas as iterações 
nas quais houve incremento de carga da ponte rolante. 

252 
Figura 5 – (a) Diagrama tensão x deformação com comportamento elasto‐plástico do 
aço e (b) diagrama trilinear utilizado no modelo numérico. 

4 Comparação entre modelos teóricos de barras e modelo numérico 

A tensão longitudinal, pela teoria da flexo‐torção, tem sinal em função do bimomento e 
da  área  setorial  principal,  sendo  os  eixos  coordenados,  a  convenção  de  sentidos 
positivos para bimomento, momento torçor concentrado, momento torçor distribuído 
e giro da seção mostrados na figura 6. 

Figura 6 – Sentidos positivos para B, Mt, m e  (Mori; Neto,2009). 

O diagrama da área setorial principal para o perfil I monossimétrico é indicado na figura 
7 e nela aparecem também os pontos de controle para análise da tensão. Se bimomento 
e área setorial são positivos, considerando que a flexão em torno de z provoca na mesa 
superior tensões de compressão e  na inferior tração, a variação de  x  no modelo  de 
barra ocorre da seguinte maneira: redução da tensão de compressão em p1fs e aumento 

253 
em p5fs; redução da tensão de tração em p1fi e aumento em p3fi. A área setorial principal 
é nula no plano da alma e não há variação de x. As variáveis geométricas que aparecem 
na figura 7 são as dimensões do perfil, sendo bfi a largura da mesa inferior, bfs a largura 
da mesa superior, tfi a espessura da mesa inferior, tfs a espessura da mesa superior e tw 
a espessura da alma. 

Na analogia de flexão, para o momento fletor 
My,  em  torno  do  eixo  y,  adotou‐se  como 
positiva  a  orientação  mostrada  na  figura  8, 
porque  desta  forma  a  variação  da  tensão 
longitudinal  nas  mesas  é  correspondente  à 
teoria da flexo‐torção. As mesas, geralmente, 
são  tratadas  de  maneira  independente  e 
submetidas  à  flexão  no  próprio  plano, 
portanto as tensões são calculadas dividindo‐
se  o  momento  fletor  Mys  ou  Myi  pelo 
Figura 7 – Sentido positivo para . 
respectivo módulo de resistência elástico. 

Alguns  parâmetros  do  problema  estrutural  foram  fixados,  uma  vez  que  é  ampla  a 
combinação entre vãos de viga, perfil de viga e trens‐tipos de pontes rolantes. Para a 
viga analisada foi escolhido o perfil soldado monossimétrico PSM 550x75 (Figura 9). 

Figura 8 – Sentido positivo para My.  Figura 9 – Perfil PSM 550x75. 
 

254 
A fadiga não foi considerada nesse trabalho, mas tomou‐se como referência a limitação 
de  tensão  no  item  k.2.2  da  ABNT  NBR  8800:2008,  cujo  valor  máximo,  considerando 
combinação frequente de fadiga, é 0,66 fy para tensões normais e 0,40 fy para tensões 
de cisalhamento, assegurando o trabalho do material em regime elástico. 

A majoração da força vertical da roda foi de 10% (operação por controle pendente) e o 
valor do impacto lateral tomado como igual a 10% da força vertical majorada, sendo que 
para a análise não foi considerado  o peso próprio da ponte e demais dispositivos  de 
içamento.  O  material  usado  em  todas  as  análises  foi  o  aço  ASTM  A36,  cujos  valores 
nominais de resistência ao escoamento, y, e à ruptura, u, são de 250 MPa e 400 MPa, 
respectivamente.  Logo,  a  tensão  longitudinal  limite  para  combinação  frequente  de 
fadiga resulta em 165 MPa (0,66y). O vão da viga foi de 6,3 metros e o trem‐tipo da 
ponte é mostrado na figura 10. 

Figura 10 – Trem‐tipo na posição crítica correspondente ao máximo momento fletor. 

A comparação das tensões longitudinais entre os modelos de barras e o numérico foi 
realizada na seção X2 (figura 10), pois nela há menor ou nenhuma influência dos efeitos 
localizados  das  solicitações.  A  tabela  3  contém  o  resumo  do  dimensionamento  em 
relação  a  flexão,  segundo  critério  da  ABNT  NBR  8800:2008,  de  cada  um  dos 
carregamentos analisados. O valor inicial de P, 44 kN, está bem abaixo do limite prático 
utilizado para vigas de rolamento sem contenção lateral e o valor máximo apresentado, 
110  kN,  leva  a  tensões  na  mesa  inferior  superiores  ao  limite  de  proporcionalidade, 
porém, o momento resistente de cálculo, MRd, é superior ao momento solicitante de 
cálculo MSd, uma vez que ainda não foram considerados os efeitos da torção sobre  x.  
Os valores de tensões longitudinais na tabela 3 estão um pouco a baixo do esperado em 
função do aumento linear do carregamento, pois o incremento das solicitações não foi 
aplicado na carga distribuída, apenas na força aplicada pela roda da ponte. 

255 
Tabela 3 – Resumo do dimensionamento à flexão. 
Força vertical  x para combinação 
MSd (kN.m)  MRd (kN.m) 
majorada (kN)  frequente (MPa) 
P = 44  75  173  434 
P = 66  111  252  434 
P = 88  147  332  434 
P = 110  183  411  434  
 

O valor máximo da excentricidade vertical, referenciado nas tolerâncias executivas da 
AISE n13:2003, é o maior valor entre ¾ de tw e 6,35 mm. Neste estudo adotou‐se o limite 
superior de 10 mm para investigar situações desfavoráveis não previstas em projeto. 
Também  no  intuito  de  verificar  o  caso  mais  prejudicial,  as  parcelas  dos  momento  de 
torção,  devido  ao  impacto  lateral  e  excentricidade  vertical  do  carregamento,  foram 
combinadas de maneira a maximizar a solicitação sobre a viga de rolamento. 

Na  figura  11.a,  em  linhas  cheias,  aparecem  as  máximas  tensões  de  compressão  no 
modelo numérico devido à torção causada apenas pela excentricidade do trilho e, em 
linhas tracejadas, a tensão causada pela adição do impacto lateral ao momento torçor, 
maximizando seu valor. De maneira análoga, a figura 11.b mostra a tensão de tração na 
mesa  inferior.  Primeiramente,  nota‐se  que  o  limite  de  proporcionalidade,  linha 
horizontal contínua nas figuras 11.a e 11.b, é superado com o aumento da intensidade 
da  força  vertical  e  excentricidade  do  trilho,  desrespeitando  a  condição  imposta  pela 
norma brasileira. Rompendo este limite, outras condições normativas perdem validade, 
o que pode levar a erros de projeto e, em situações mais graves, a ruína da estrutura. 

Outra  análise  mostra  que  a  máxima  tensão  de  compressão  na  mesa  superior  sofre 
considerável acréscimo com a introdução do impacto lateral e, na presença do mesmo, 
o aumento da excentricidade provoca redução da máxima tensão de compressão. Esse 
resultado é divergente do esperado pelos modelos de barra, seja pela teoria da flexo‐
torção ou analogia de flexão, uma vez que em um dos extremos da mesa deveria ocorrer 
acréscimo na compressão conforme cresce a intensidade do momento torçor. A tensão 
de  tração,  por  sua  vez,  é  sempre  crescente  e  a  diferença  provocada  pela  adição  do 
impacto lateral ao momento torçor é menos acentuada. 

256 
Tensões de compressão (MPa) x  Tensões de tração (MPa) x 
Excentricidade (mm) ‐ PSM 550x75 Excentricidade (mm) ‐ PSM 550x75
205,0 185,0
175,0
185,0 165,0
165,0 155,0
145,0
145,0 135,0
125,0 125,0
115,0
105,0
105,0
85,0 95,0
65,0 85,0
75,0
45,0 65,0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
P=44 P=44 (Imp) P=44 P=44 (Imp)
P=66 P=66 (Imp) P=66 P=66 (Imp)
P=88 P=88 (imp) P=88 P=88 (imp)
P=110 P=110 (Imp) P=110 P=110 (Imp)

(a) (b)
Figura 11 – (a) Tensões longitudinais de compressão com e sem impacto lateral e (b) 
tensões longitudinais de tração com e sem impacto lateral – modelo numérico. 
 

A  divergência  dos  resultados  na  presença  do  impacto  lateral  pode  ser  explicada,  em 
parte, pelo efeito alavanca que ele provoca sobre a mesa superior, o qual é de difícil 
análise por meio da sobreposição de efeitos e não é abordado nos modelos de barra.  
Vale  ressaltar,  ainda,  que  o  mesmo  efeito  gera  sobre  a  mesa  superior  tensões 
longitudinais localizadas de tração com elevada intensidade, podendo superar a tração 
na mesa inferior. A figura 12 apresenta essas tensões localizadas e as linhas tracejadas 
mostram a posição indeslocada da viga. 

Redução da 
compressão.  Compressão na 
mesa superior. 

Compressão na mesa superior. 
Tração na mesa superior.

 
Figura 12 – Tensões longitudinais na mesa superior próximas à região de aplicação 
do impacto lateral. 
 

257 
Uma  vez  que  o  impacto  lateral  atuante  no  modelo  numérico  leva  a  resultados 
qualitativos diferentes do esperado, na comparação quantitativa de  x entre modelos 
de barra e numérico, considerou‐se apenas o efeito da excentricidade do trilho. 

Analisando  as  tensões  nos  pontos  extremos  da  mesa  superior,  p1fs  e  p5fs,  nos  quais 
deveriam  ocorrer  redução  e  aumento  da  tensão  de  compressão,  respectivamente,  o 
modelo numérico apresentou uma inversão, ou seja, houve aumento da compressão no 
ponto p1fs e redução em p5fs  (figuras 13.a e 13.b). Essa inversão não ocorreu na mesa 
inferior e a variação da tensão de tração é maior no modelo da flexo‐torção do que a 
resposta do modelo numérico (figuras 14.a e 14.b). Nas figuras 13 e 14 as linhas cheias 
são referentes ao modelo numérico e as tracejadas à teoria da flexo‐torção. 

A inversão do sentido do bimomento na mesa superior é influenciada pela intensidade 
da  força  da  roda,  como  pode  ser  observado  na  tabela  4,  que  mostra  as  tensões 
longitudinais  provocadas  pela  força  de  44  kN  e  66  kN  no  ponto  de  p1fs.  Embora  os 
valores  da  flexo‐torção  e  numéricos  sejam  divergentes,  para  a  menor  força  o 
bimomento no MEF tem mesmo sentido que o esperado da flexo‐torção. Já para a força 
de 66 kN percebe‐se o início da inversão do sentido do bimomento. 

Fixando‐se o valor de 66 kN para a força vertical da roda e aumentando a espessura da 
mesa  superior,  ou  seja,  tornando‐a  mais  rígida,  o  sentido  do  bimomento  no  modelo 
numérico volta a condizer com o esperado do modelo flexo‐torção, demonstrando que 
a espessura da mesa também influencia a inversão do bimomento. No caso particular 
analisado,  espessuras  iguais  ou  superiores  a  16  mm  levaram  ao  sentido  esperado  do 
bimomento, como pode‐se observar na tabela 5. 

Além da inversão do sentido do bimomento, percebeu‐se também que o equilíbrio da 
seção no modelo numérico não é possível considerando apenas a variação de tensões 
nas mesas. O acréscimo de compressão de um lado da mesa superior não é anulado pela 
redução do lado oposto, sendo o equilíbrio mantido devido à contribuição da alma, fato 
contrário aos modelos de barras, os quais indicam que no plano da alma do perfil não 
ocorre variação da tensão longitudinal. Apesar de terem sido apresentados nos gráficos 
e tabelas apenas os valores da flexo‐torção para comparação, as mesmas divergências 
nos resultados foram encontradas entre MEF e analogia de flexão. 

258 
Tensões no ponto p1fs (MPa) x  Tensões no ponto p5fs (MPa) x 
Excentricidade (mm) ‐ PSM 550x75 Excentricidade (mm) ‐ PSM 550x75
‐145,0 ‐160,0
‐130,0
‐115,0
‐100,0 ‐110,0
‐85,0
‐70,0
‐55,0 ‐60,0
‐40,0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
F=44 (MEF) F=44 (Flexo) F=44 (MEF) F=44 (Flexo)
F=66 (MEF) F=66 (Flexo) F=66 (MEF) F=66 (Flexo)
F=88 (MEF) F=88 (Flexo) F=88 (MEF) F=88 (Flexo)
F=110 (MEF) F=110 (Flexo) F=110 (MEF) F=110 (Flexo)

(a) (b)
Figura 13 – Tensões longitudinais de compressão no modelo numérico e teoria da 
flexo‐torção em p1fs (a) e p5fs (b). 

Tensões no ponto p1fi (MPa) x  Tensões no ponto p3fi (MPa) x 
Excentricidade (mm) Excentricidade (mm)
180,0 230,0
165,0 215,0
150,0 200,0
185,0
135,0 170,0
120,0 155,0
105,0 140,0
90,0 125,0
110,0
75,0 95,0
60,0 80,0
45,0 65,0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
F=44 (MEF) F=44 (Flexo) F=44 (MEF) F=44 (Flexo)
F=66 (MEF) F=66 (Flexo) F=66 (MEF) F=66 (Flexo)
F=88 (MEF) F=88 (Flexo) F=88 (MEF) F=88 (Flexo)
F=110 (MEF) F=110 (Flexo) F=110 (MEF) F=110 (Flexo)

(a) (b)
Figura 14 – Tensões longitudinais de tração no modelo numérico e teoria da flexo‐
torção em p1fi (a) e p3fi (b). 

 
Tabela 4 – Tensão de compressão na mesa superior ‐ PSM 550x75 
x p1fs (MPa) 
Excentricidade (mm) 
44 kN (MEF)  44 kN (Flexo)  66 kN (MEF)  66 kN (Flexo) 
0,0  ‐49,75  ‐53,65  ‐73,40  ‐79,13 
2,5   ‐49,19  ‐51,33  ‐73,68  ‐75,67 
5,0   ‐48,65  ‐49,00  ‐73,96  ‐72,20 
7,5  ‐48,11  ‐46,68  ‐74,11  ‐68,74 
10,0   ‐47,56  ‐44,36  ‐74,34  ‐65,27 

259 
Tabela 5 – Tensão de compressão na mesa superior, P = 66 kN e tfs variável. 
Espessura (mm)  12,5 (MEF)  16 (MEF)  20 (MEF)  25,4 (MEF) 
Excentricidade (mm)  x em p1fs MEF (MPa) 
0,0  ‐73,40  ‐60,41  ‐49,97  ‐40,14 
2,5   ‐73,68  ‐60,21  ‐49,66  ‐39,88 
5,0   ‐73,96  ‐60,01  ‐49,36  ‐39,61 
7,5  ‐74,11  ‐59,83  ‐49,06  ‐39,36 
10,0   ‐74,34  ‐59,63  ‐48,75  ‐39,09 

5 Dimensionamento e comparações de tensões longitudinais. 

Nesta  seção  é  apresentado  um  exemplo  de  dimensionamento  de  viga  de  rolamento 
segundo os critérios da ABNT NBR 8800:2008. O vão da viga, trem‐tipo da ponte rolante 
e  a  seção  de  comparação  entre  as  tensões  longitudinais  dos  modelos  de  barra  e 
numéricos  estão  indicados  na  figura  15.  O  perfil  analisado  é  o  PSM  600x90,  cujas 
dimensões são mostradas na figura 16 e, na mesma figura, L.N.P. é a linha neutra plástica 
e L.N.E. a linha neutra elástica da seção. 

 
Figura 15 – Trem‐tipo da ponte rolante para exemplo de dimensionamento. 

O  carregamento  proposto  respeita  as 


condições  normativas  limites  de 
proporcionalidade  das  tensões  longitudinal  e 
cisalhante  para  combinações  frequentes  de 
fadiga,  além  de  atender  as  características 
geométricas  da  seção  monossimétrica, 
escoamento local da alma, estado limite último 
de enrugamento da alma e flambagem lateral 
da alma (anexo G, itens 5.7.3, 5.7.4 e 5.7.5 da 
 
Figura 16 – Perfil PSM 600x90.  ABNT NBR 8800:2008, respectivamente)  

260 
O dimensionamento à flexão mostra que o perfil escolhido é adequado para resistir ao 
carregamento,  uma  vez  que  o  momento  resistente  de  cálculo  é  igual  a  559  kN.m, 
enquanto  o  momento  solicitante  de  cálculo  é  de  295  kN.m,  ou  seja,  este  representa 
52,7% do momento resistente. A verificação da força cortante é igualmente satisfeita, 
pois a máxima força cortante solicitante de cálculo é de 245 kN e a resistente de cálculo 
é de 636 kN. 

Ao  carregamento  proposto  foram  adicionados  o  impacto  lateral  de  10  kN  e  a 
excentricidade  acidental  de  4  mm  do  trilho,  sendo  adotado  o  TR  37.  As  tensões 
longitudinais de cálculo na seção média entre as rodas da ponte, X2, foram determinadas 
por meio da analogia de flexão e também pela teoria da flexo‐torção para comparação 
com os resultados do modelo numérico.  

Pela analogia de flexão, as forças horizontais atuando sobre as mesas superior e inferior 
são 12,7 kN e 2,7 kN, respectivamente. Na teoria da flexo‐torção é possível considerar o 
momento  distribuído,  sendo  este  igual  a  1,82x10‐3  kN.m/m.  O  momento  torçor 
concentrado na flexo‐torção, devido ao impacto lateral, é igual a 4,22 kN.m e, por fim, 
a  área  setorial  principal  nos  pontos  extremos  das  mesas  superior  e  inferior  são 
1,6713x10-2 m² e 5,2341x10-2 m², respectivamente.

Após a majoração das ações permanentes e variáveis, foram determinadas as tensões 
longitudinais de cálculo, xSd, as quais são apresentadas na tabela 6. Vale salientar que 
neste exemplo também ocorreu inversão do sentido do bimomento na mesa superior. 
A tabela 7 traz os coeficientes de integração para as condições da figura 15, já tendo 
sido considerada a majoração das solicitações variáveis e permanentes. 

A análise dos resultados mostrou que, pela analogia de flexão, a tensão de compressão 
na mesa superior é superestimada, superando a tensão no modelo numérico em 25,3%, 
enquanto pela teoria da flexo‐torção a tensão é subestimada, sendo 40,1% inferior à 
obtida  via  MEF.  Para  as  tensões  de  tração,  ambos  os  modelos  de  barra  levam  a 
resultados superestimados. Na analogia de flexão a tensão estimada é 36,9% superior 
e, na teoria da flexo‐torção, 51,5%.  

261 
Tabela 6 – Tensões longitudinais solicitantes de cálculo xSd (MPa) 
  Analogia de flexão  Flexo‐torção  MEF 
Máxima compressão  223  127  178 
Máxima tração  230  256  169 

Tabela 7 – Coeficientes de integração para trem‐tipo da figura 15. 
Trecho 1  Trecho 2  Trecho 3 
11 = 7,7885  21 = ‐9,9341  31 = ‐41,4816 
12 = ‐0,0195  22 = 11,0501  32 = 39,3994 
13 = ‐36,3355  23 = 9,0106  33 = 54,3568 
14 = 0,2098  24 = ‐108,6210  34 = ‐326,2825 
 

6 Conclusões 

As análises realizadas via método de elementos finitos permitiram verificar algumas das 
hipóteses utilizadas nos modelos de barras, as quais servem também de base para o 
dimensionamento  da  viga  de  rolamento.  Primeiramente,  foram  constatadas 
divergências entre os valores das tensões longitudinais dos modelos de barra, seja da 
teoria da flexo‐torção ou da analogia de flexão, quando comparados com as tensões no 
modelo numérico. Essas diferenças são decorrentes, em parte, do efeito alavanca que o 
impacto lateral provoca sobre a viga, levando a deslocamentos excessivos e invalidando 
a hipótese simplificadora de pequenos deslocamentos dos modelos de barras. 

Os  resultados  mostraram  também  uma  inversão  do  sentido  do  bimomento  na  mesa 
superior,  alterando  os  valores  de  tensão  nos  pontos  onde  era  esperado  aumento  e 
redução  de  compressão.  A  intensidade  da  força  vertical  e  rigidez  da  mesa  superior 
podem influenciar nesta inversão. Além disso, constatou‐se que no modelo numérico 
ocorre variação da tensão longitudinal na alma do perfil devido ao momento torçor, o 
que não está de acordo com nenhum dos modelos de barras. 

Outro ponto que os modelos de barras têm dificuldades de representar é a diferença 
entre rigidez das mesas superior e inferior do perfil I e, de maneira adequada, atribuir a 
cada uma a respectiva parcela da capacidade portante da viga. Essa dificuldade levou a 
divergências  na  determinação  das  tensões  solicitantes  e  conclui‐se  que  isto  pode 
acarretar em diferentes dimensionamentos a favor ou contra a segurança. 

262 
7 Referências bibliográficas 

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design and construction of mill buildings. Pittsburgh, PA, 2003. 
 
BELLEI, I. H. Edifícios industriais em aço: Projetos e cálculo. 3. ed. São Paulo: PINI, 2000. 489 p. 
 
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crane‐supporting steel structures. Markham, ON, 2012. 
 
LEITE,  L.  R.  S.  Análise  numérica  de  vigas  de  rolamento  de  aço  sem  contenção  lateral  entre 
apoios.  2016.  140p.  Dissertação  (Mestrado  em  Engenharia  Civil  (Estruturas))  –  Escola  de 
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017. 
 
MORI, D. D.; NETO, J. M. Flexo‐torção: barras de seção delgada aberta. 1 ed. São Carlos: EESC‐
USP, 2009. 180 p. 

263 
Recebido: 04/12/2017 
Aprovado: 31/05/2018 
Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 264‐279 ‐ ISSN 2238‐9377 
    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   
 
 
Simulação numérica e dimensionamento pelo MRD 
de pilares aparafusados de perfis formados a frio 
sob falha distorcional 
Warlley Santos1, Alexandre Landesmann1* e Dinar Camotim2 
 
1
 Programa de Engenharia Civil, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
Av. Horácio Macedo 2030, Ilha do Fundão Rio de Janeiro – RJ, Brasil, 
warlley.soares@coc.ufrj.br / alandes@coc.ufrj.br 
2
 CERIS, ICIST, DECivil, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, Av. 
Rovisco Pais 1049‐001 Lisboa, Portugal, dcamotim@civil.ist.utl.pt 

Resumo   
O  artigo  reporta  uma  investigação  numérica  sobre  o  comportamento  e  resistência  última  de 
pilares  de  perfil  formado  a  frio  de  seção  transversal  tipo  U  enrijecido  com  extremidades 
aparafusadas  selecionadas  para  falharem  sob  modo  distorcional.  O  modelo  numérico  é  usado 
em  análise  paramétrica  envolvendo  pilares  com  diversas  combinações  de  geometria 
(comprimento  e  dimensões  de  seção  transversal)  e  material  com  comportamento  elástico‐
plástico  perfeito  (resistência  ao  escoamento),  objetivando  adquirir  conhecimento  sobre  o 
mecanismo pós‐crítico e gerar dados de resistência última. Finalmente, os dados de resistência 
última  obtidos  são  usados  para  avaliar  a  qualidade  das  previsões  pelo  MRD  da  atual  curva  de 
dimensionamento  distorcional  e,  se  necessário,  propor  preliminarmente  diretrizes  de  como 
melhora‐la. 
 
Palavras‐chave:  pilares  em  perfil  formado  a  frio  com  extremidades  aparafusadas,  falha 
distorcional, investigação numérica e Método da Resistência Direta (MRD). 
 

1 Introdução 

Perfis  Formados  a  Frio  (PPF)  são  largamente  usados  pela  indústria  da  construção  civil 
pelo fato de possuir alta eficiência estrutural (relação resistência / peso), baixo custo de 
produção  e  notável  versatilidade  de  fabricação.  Com  o  uso  de  aços  mais  resistentes  e 
perfis  com  espessura  de  parede  cada  vez  mais  fina,  os  engenheiros  lidam 
inevitavelmente  com  problemas  complexos  de  dimensionamento,  particularmente  no 
campo de estabilidade estrutural e ligações (Rondal, 2000). Uma consequência imediata 
desta tendência é o crescimento de inadequações dos métodos tradicionais empregados 
para  dimensionamento  de  barras  de  PFF  propensas  a  deformações  em  plano  dos 
componentes  da  seção  transversal,  que  se  baseia  no  conhecido  amplamente  aceito 
conceito do Método da Largura Efetiva (Landesmann and Camotim, 2013). 

Para  superar  esta  limitação  Schafer  (2008)  propôs  o  Método  da  Resistência  Direta 
(MRD) que teve origem no trabalho de Hancock et al. (1994). Devido à sua simplicidade, 
o  MRD  foi  incorporado  na  norma  brasileira  ABNT  NBR  14762  (2010),  na  norma 
americana AISI‐S100 (2016) e na australiana / nova zelandeza AS/NZS 4600 (2005) como 
um método alternativo ao Método da Largura Efetiva. A principal vantagem do MRD é a 
sua  facilidade  de  dimensionamento  e  a  capacidade  de  explicar  com  precisão  o 
comportamento de seções complexas (Pham et al., 2013). O MRD baseia‐se na ideia de 
que se o engenheiro consegue determinar todas as forças axiais de instabilidade elástica 
de um pilar, i.e. instabilidade local (Pcr.L), distorcional (Pcr.D) e global (Pcr.e), e também a 
força  que  causa  escoamento  da  seção  (Py),  então  a  resistência  pode  ser  diretamente 
determinada, i.e., Pn = f (Pcr.L, Pcr.D, Pcr.e, Py) (Schafer, 2008). 

Segundo  o  MRD,  a  resistência  de  um  pilar  é  a  menor  das  três  forças  nominais:  global 
(Pn.e),  distorcional  (Pn.D)  e  interação  local/global  (Pn.Le).  Essas  forças  nominais  são 
fornecidas pelas expressões: 

Pn.e  

 
 0, 658 e2 P se  e  1,5
y

 
2
(1)
 0,877  e Py se  e  1,5

 Py se  D  0,561

Pn. D   (2)
 Py 1  0, 25  Pcr . D Py    Pcr . D Py  se  D  0,561
 0,6
 0,6


 Pn.e se  L.e  0, 776

Pn. Le   (3)
 Pn.e 1  0,15  Pcr .L Pn.e    Pcr . L Pn.e  se  L.e  0, 776
0,4 0,4

onde  Py  é  a  força  de  escoamento  da  seção  e   e =(Py/Pcr.e)0,5,   D =(Py/Pcr.D)0,5  e 

 L.e =(Pn.e/Pcr.L)0,5  representam  o  índice  de  esbeltez  reduzido  à  instabilidade  global, 


distorcional e interação local/global (Schafer, 2008). 

265 
1.1 Motivação 

De  acordo  com  Yu  e  Panyanouvong  (2103),  somente  conexões  chapa  a  chapa  foram 
ensaiadas.  Entretanto,  a  indústria  da  construção  civil  tem  usado  extensivamente 
ligações  aparafusadas  em  PFF.  Um  exemplo  de  montagem  de  treliças  com  conexões 
aparafusadas é ilustrado na Figura 1(a) e (b), respectivamente. 

Por  outro  lado,  ensaios  de  compressão  em  pilares  de  PFF  são  realizados  com  chapas 
rígidas  soldadas  nas  suas  extremidades1.  Além  do  mais,  as  expressões  do  MRD  foram 
calibradas  com  resultados  de  ensaios  experimentais  tendo  em  sua  maioria  pilares 
engastados  (placas  rígidas  soldadas  nas  extremidades  dos  pilares)  (Schafer,  2000). 
Apesar  de  Schafer  mencionar  que  “estas  foram  testadas  na  condição  pinada”,  esta 
afirmação  diz  respeito  ao  comportamento  global  do  pilar  (a  placa  rígida  usualmente 
sobre  rótula  esférica  ou  cilíndrica)  –  tão  quanto  o  comportamento  distorcional  é 
considerado engastado (Landesmann and Camotim, 2013). 

 
                                                     (a)                                                                                          (b) 
Figura 1 – (a) Montagem de treliças e (b) ligações aparafusadas em barras de PFF. 

Em  adição,  uma  investigação  numérica  conduzida  por  Landesmann  e  Camotim  (2013) 
sobre pilares de PFF com condição de extremidade simplesmente apoiada demonstrou 
que  a  atual  curva  de  dimensionamento  distorcional  do  MRD  não  é  capaz  de  prever 
adequadamente  a  resistência  de  pilares  com  condição  de  extremidades  diferente  da 

1
  De  fato,  não  é  fácil  ensaiar  pilares  com  extremidade  diferente  da  engastada  (e.g.,  pilar  simplesmente 
apoiada)  que  falham  no  modo  distorcional  –  é  extremamente  difícil  garantir  que  a  seções  extremas  do 
pilar fiquem livres para empenar (Landesmann e Camotim, 2013).

266 
engastada.  Como  principal  resultado,  Landesmann  e  Camotim  (2013)  propuseram 
modificação  na  curva  de  dimensionamento  distorcional  do  MRD  definida  pela  Eq.  (4) 
recomendada para uso em pilares do tipo U enrijecido, cartola, rack e Z simplesmente 
apoiadas. 


 Py se  D  0,561

  Py 1  0, 25  Pcr . D Py    Pcr . D Py  se 0,561< D  1,133
0,6 0,6
Pn*.D (4)
  
 P  0, 65  0, 2 P
 cr . D Py 
P 
0,75 0,75
y  P se  D  1,133
   cr . D y

A  falta  (pelo  menos  para  o  conhecimento  dos  autores)  de  pesquisas  sobre  pilares 
aparafusadas  sujeitas  à  flambagem  distorcional,  o  constante  uso  de  ligações 
aparafusadas  em  construções  com  PFF  e  os  resultados  derivados  da  pesquisa 
previamente  mencionada  de  Landesmann  e  Camotim  (2013)  constituem  a  motivação 
para o estudo exposto neste artigo. 

1.2 Objetivos 

O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade das previsões de resistência fornecidas 
pela  atual  curva  de  resistência  distorcional  do  MRD  em  pilares  de  aço  de  perfis 
formados a frio com extremidades aparafusadas normalmente empregadas na indústria 
de construção brasileira considerando as seguintes características: 

i.  Pilares  de  perfis  formados  a  frio  tipo  U  enrijecidos  flambando  no  modo  distorcido 
“puro”, tanto quanto possível, e exibem colapso distorcional. 

ii. Extremidades aparafusadas. 

iii. Diferentes classes de aço. 

 
2 Modelo de Elementos Finitos 

A  condição  parafusada  é  caracterizada  pela  ligação  de  dois  parafusos  montados  em 
furos nas mesas (veja Figura 2(a)) cujos os centros são devidamente localizados sobre o 
eixo de menor inércia da seção transversal e estão distantes de 35 mm da extremidade 
livre  do  perfil.  O  diâmetro  do  parafuso  considerado  neste  trabalho  foi  20  mm,  o 
267 
diâmetro  do  furo  df  =  21,5  mm,  sendo  que  um  par  de  arruelas  lisas  (com  37  mm 
diâmetro  externo  e  3  mm  de  espessura)  foi  considerado  “soldado”  em  cada  uma  das 
mesas  do  perfil,  internamente  e  externamente  a  essas  mesas,  com  o  objetivo  de 
prevenir falha localizada nos furos. 

As trajetórias de equilíbrio pós‐crítica e resistência última foram determinadas por meio 
de  análises  não  lineares  (geometria  e  material)  pelo  método  dos  elementos  finitos 
realizadas  no  programa  ANSYS  (2009).  Os  pilares  foram  discretizadas  usando‐se  o 
elemento SHELL181 (nomenclatura do ANSYS – 4‐nós elementos de casca com seis graus 
de  liberdade  por  nó,  integração  completa  e  degeneração  em  elemento  triangular)  –  a 
dimensão  máxima  do  elemento  foi  considerada  como  5.3  mm  –  estudos  de 
convergência demonstrados em Santos (2017). 

(a)

(b)

Z
Y

(c)
X
 

Figura 2 – Modelo de elementos finitos: (a) malha, (b) carregamento e (c) condição de 
contorno. 

268 
Para o carregamento por contato, uma pressão na linha de contato (parafuso‐furo) foi 
considerada  (veja  Figura  2(b)).  Estudos  numéricos  (Santos,  2017)  mostraram  que  o 
ângulo formado pelo setor circular do contato é aproximadamente  =97,2° (1,696 rad.) 
e que a distribuição do carregamento pode ser considerada como um gradiente linear 
que decresce sua intensidade do centro para as extremidades, sendo nas extremidades 
nulo  (Santos,  2017).  As  condições  de  contorno  adotadas  foram  a  restrição  dos 
deslocamentos na direção X e Y nas linhas de contato parafuso‐furo (veja Figura 2(c) – 
em ambas as extremidades) e o ponto central (nó) da alma teve seu deslocamento na 
direção Z restringido. 

As  analises  foram  desenvolvidas  considerando  E=20500  kN/cm²  (modulo  de  Young)  e 
ν=0,3  (coeficiente  de  Poisson)  desenvolvidas  em  duas  etapas:  análise  de  flambagem  e 
pós‐crítica. 

Na  análise  de  flambagem  é  possível  estimar  a  força  de  flambagem  elástica  e  avaliar 
qualitativamente a forma da deformada relacionadas a esta força. 

Todas as análises pós‐críticas foram realizadas por meio de técnica incremental‐iterativa 
combinando  o  método  de  Newton‐Raphson  com  a  estratégia  de  controle  de 
comprimento  de  arco,  onde  as  forças  axiais  são  sempre  acrescidas  de  um  pequeno 
incremento,  utilizando  o  procedimento  automático  do  ANSYS  (2009).  Nas  análises, 
também  foi  considerado  um  material  elastoplástico  perfeito.  Diferentes  graus  de  aços 
(fy) foram incorporados nos modelos numéricos dos pilares com o objetivo de adquirir 
mais dados de resistência última. Não foram considerados nas análises tensões residuais 
e  tampouco  o  efeito  de  encruamento  devido  ao  trabalho  de  conformação  a  frio  do 
perfil2. 

A  imposição  das  imperfeições  geométricas  equivalentes  iniciais  do  modo  crítico  nos 
pilares foi feita automaticamente por meio do procedimento a seguir: determinação da 
forma do modo crítico de instabilidade, através de análise de flambagem no ANSYS, que 
se  adota  exatamente  a  mesma  discretização/malha  empregada  para  realizar  a 
subsequente  análise  pós‐crítica,  que  foi  então  escalada  para  exibir  um  deslocamento 

2
  De  acordo  com  Schafer  (1998)  em  modelos  numéricos  se  as  tensões  residuais  são  ignoradas,  então  a 
elevação da resistência ao escoamento devido ao trabalho a frio de formação da seção também não deve 
ser incluída. 

269 
distorcional  máximo  ao  longo  dos  enrijecedores  de  borda  igual  a  0,1t  (Landesmann  e 
Camotim, 2013). 

As análises pós‐crítica são subdivididas em elástica e elastoplástica. 

Analisando‐se  as  trajetórias  de  equilíbrio  elásticas  de  pilares  parafusadas  é  possível 
determinar  o  modo  de  instabilidade  (se  distorcional  ou  não).  Adicionalmente,  tais 
trajetórias de equilíbrio explicam qual a imperfeição geométrica inicial, se com as mesas 
“fechando” ou “abrindo”, resulta a trajetória de equilíbrio mais abaixo. 

Nas  análises  pós‐crítica  elastoplástica  os  principais  resultados  são  as  trajetórias  de 
equilíbrio e a resistência última. 

Os  modelos  numéricos  foram  calibrados  comparando  os  resultados  numéricos  com 
ensaios  realizados  no  Laboratório  de  Estruturas  da  COPPE/UFRJ,  os  mesmos  são 
reportados em Santos (2017). 

3 Seleção da Geometria dos Pilares 

O primeiro passo deste trabalho consistiu na seleção cuidadosa das dimensões da seção 
transversal  e  dos  comprimentos  de  pilares  tipo  U  enrijecido  para  serem  analisadas 
numericamente.  O  procedimento  de  seleção  envolveu  o  método  da  “tentativa  e  erro” 
em  análises  de  flambagem  (de  acordo  com  a  seção  0),  visando  satisfazer  os  seguintes 
requisitos: 

i.  Pilares  suscetíveis  à  flambagem  distorcional  “pura”.  Este  objetivo  é  alcançado 


assegurando  que  a  força  crítica  de  flambagem  é  claramente  distorcido  e  e  com  valor 
consideravelmente  abaixo  dos  menores  valores  das  forças  de  bifurcação  locais  e/ou 
globais. 

ii.  Dimensões  de  seção  comumente  usadas  e  envolvendo  diferentes  proporções  alma‐ 
mesa. 

Foi  possível  atender  todos  os  requerimentos  acima  mencionados  e  o  resultado  final 
desta seleção são as 15 seções‐transversais dadas na Tabela 1. As dimensões da seção 
transversal  são  definidas  na  Figura  3(a)  –  note  que  a  relação  alma‐mesa  (bw/bf)  varia 
entre 0,70, 1,00 e 1,43. A espessura de parede (t), a largura do enrijecedor de borda (bl) 

270 
e o raio interno (ri) foram considerados constantes e iguais a 2,65 mm, 10,6 mm e 1,325 
mm, respectivamente. 

bl  t

bf  df 

ri  CG  CG 

Y  35 mm LD 35 mm 
bw 

                                               (a)                                                                         (b) 

Figura 3 – (a) Seção transversal e (b) vista lateral do pilar. 

 
A  seleção  do  comprimento  (LD)  do  pilar  obedeceu  ao  critério:  pilares  cujo  modo  de 
flambagem  seja  o  distorcional  com  uma  semi‐onda  e  tal  comprimento  deve  ser  um 
mínimo  na  curva  Pcr  versus  LD  onde  Pcr  é  a  força  crítica  de  instabilidade  calculada 
numericamente  na  análise  de  flambagem.  Para  cada  seção  diferentes  comprimentos 
foram testados, de 10 cm até 1000 cm, com 5 cm incremento, a Tabela 1 apresenta o 
comprimento  associado  com  a  força  crítica  distorcional  de  flambagem  (LD).  A  Figura  4 
ilustra  um  exemplo  da  determinação  do  comprimento  da  semi‐onda  de  flambagem 
distorcional  LD  de  uma  seção.  Também  na  Figura  4  é  mostrada  a  deformação 
distorcional  advinda  da  análise  de  flambagem.  Ainda  na  Figura  4  nota‐se  que  não  se 
apresente um mínimo local de chapa bem definido. 

A  Tabela  1  também  fornece,  para  cada  pilar  nomeada  de  acordo  com  as  larguras  da 
alma  e  da  mesa,  área  da  seção  transversal  (A),  a  distância  do  centro  de  gravidade  da 
seção até a face externa da alma (CG), a força crítica (distorcional) (Pcr.D) e as relações 
entre a menor força crítica local e a força crítica distorcional (Pb1.L/Pcr.D) e a menor força 
crítica  global  com  relação  a  força  crítica  distorcional  (Pb1.e/Pcr.D),  indicando  quão  longe 
estas estão entre um e outra. 

Observa‐se  na  Tabela  1  que  a  primeira  força  crítica  “não  distorcional”  corresponde 
sempre à força crítica de instabilidade local e que a relação Pb1.L/Pcr.D varia entre 1,51 e 
2,07.  A  primeira  força  crítica  de  instabilidade  global  é  invariavelmente  maior  (muito 
maior) do que a força crítica de instabilidade distorcional. De fato, os valores Pb1.e/Pcr.D 
estão entre 6,93 e 72,0. 

271 
Tabela 1 – Dimensões, área e posição do centro de gravidade da seção, comprimento, 
força crítica de instabilidade distorcional e relações força crítica local e global em 
relação a força crítica distorcional. 
bw  b f  A  CG  LD  Pcr.D Pb1.L   Pb1.e  
Pilares  (kN) 
(mm)  (mm)  (cm²)  (mm)  (mm)  Pcr .D Pcr .D
100x70  100  70  6,52  24,22  350  323 1,51  6,93
100x100  100  100  8,11  37,47  450  216 1,81  8,24
100x142,9  100  142,9  10,38  57,35  550  140 1,93  10,8
130x91  130  91  8,43  30,39  450  236 1,54  12,1
130x130  130  130  10,50  47,51  550  157 1,83  16,1
130x185,7  130  185,7  13,45  73,23  650  102 1,97  24,9
150x105  150  105  9,70  34,49  500  199 1,59  17,6
150x150  150  150  12,09  54,19  600  132 1,87  24,4
150x214,3  150  214,3  15,49  83,84  700  85.4 2,03  35,8
180x126  180  126  11,61  40,64  550  160 1,69  30,8
180x180  180  180  14,47  64,21  650  106 1,96  44,3
180x257,1  180  257,1  18,56  99,70  800  68.6 2,07  58,6
200x140  200  140  12,88  44,74  600  141 1,72  39,9
200x200  200  200  18,06  70,89  750  93.8 1,89  51,6
200x285,7  200  285,7  20,60  110,3  900  60.3 2,04  72,0

800
Pcr
(kN)

600

400
LD

200

L (cm)
0
10 100 1000
Figura 4 – Variação do valor Pcr com função do comprimento L para o pilar 100x100. 

 
4 Resultados Numéricos 

4.1 Análise Pós‐Crítica Elástica 

A fim de se realizar as avaliações qualitativa e quantitativa de como o comportamento 
pós‐crítico  elástico  do  pilar  é  influenciado  pela  condição  de  ligação  aparafusada, 
trajetórias de equilíbrio elásticas pós‐críticas foram obtidas. 

A Figura 5 mostra as trajetórias de equilíbrio do pilar 200x200. Nestas trajetórias P é a 
força  aplicada  e  ||  o  deslocamento  absoluto  máximo  que  ocorre  ao  longo  do 

272 
enrijecedor de borda. Neste exemplo, a imperfeição geométrica inicial foi considerada a 
forma de flambagem crítica (distorcida) tendo como amplitude máxima o deslocamento 
do enrijecedor de borda de 0,1t "abrindo" e “fechando” as mesas. A observação destas 
duas trajetórias de equilíbrio pós‐críticas distorcionais elásticas leva à conclusão de que 
a trajetória de equilíbrio mais baixa é sempre aquela que possui imperfeição inicial que 
“fecha” as mesas. 

200 P (kN)

150

100

50
 (mm)
0
0 10 20 30 40  

Figura 5 – Trajetória de equilíbrio elástica P versus | | para o pilar 200x200 com 
imperfeição inicial distorcional “abrindo” e “fechando” as mesas. 
 
4.2 Análise Pós‐Crítica Elastoplástica e Resistência Última 

A  atenção  é  agora  dedicada  à  influência  qualitativa  e  quantitativa  da  condição  de 


suporte  aparafusada  nos  pilares  no  comportamento  pós‐crítico  elastoplástico 
distorcional  e  resistência  última.  Nesta  seção,  os  pilares  com  diferentes  geometrias 
(dimensões  e  comprimentos)  apresentadas  na  Tabela  1  são  discutidas  considerando  o 
material com resistência ao escoamento fy=34,5 kN/cm² e imperfeição inicial conforme 
forma crítica distorcional com mesas “fechando” e amplitude máxima de 0,1t. 

A  Figura  6  mostra  exemplos  de  trajetórias  de  equilíbrio  não‐lineares  (geométrica  e  de 
material) a fim de obter a resistência última Pu (identificadas por círculos brancos). Essas 
trajetórias são relativas aos pilares 100x70, 180x126 e 200x140 onde no eixo vertical são 
registrados  os  valores  da  força  de  compressão  P  normalizada  pela  força  crítica  de 
instabilidade  distorcional  Pcr.D  e  no  eixo  horizontal  são  apresentados  os  valores  do 
máximo deslocamento absoluto | | na direção do eixo Y (veja Figura 2(a)) normalizado 
pela espessura de parede t. A Figura 7 retrata as deformações que ocorrem próximo à 
resistência última para cada trajetória de equilíbrio exibida na Figura 6, sendo fornecidas 

273 
representações bastante precisas dos modos de falha (distorção) exibidos pelos pilares 
100x70, 180x126 e 200x140. 

1.2 P/Pcr.D

0.8
200x140

180x126
0.4
100x70
||/t
0.0
0 2 4 6 8 
Figura 6 – Trajetórias de Equilíbrio elásto‐plástica distorcional (P/Pcr.D vs. | δ |/t) para os 
pilares 100x70, 180x126 e 200x140. 

100x70  180x126 200x140 

Figura 7 – Modo de falha distorcional para os pilares 100x70, 180x126 e 200x140. 

A Figura 8 mostra a trajetória de equilíbrio e evolução (estágios) das deformações junto 
com a distribuição da tensão equivalente de von Mises equivalente para o pilar 200x140, 
onde  no  estágio  I  ocorre  o  início  de  escoamento  especificamente  próximo  aos  furos; 
com  a  progressão  do  carregamento  no  estágio  II  apresenta‐se  a  deformação 
distorcional; no estágio III inicia‐se escoamento nos enrijecedores de borda no meio do 
pilar; finalmente no estágio IV a resistência última é alcançada com a formação de uma 
“rótula plástica distorcional” no meio do pilar. 

274 
I

II

1,5 P/Pcr.D III


Elástica
IV
1,0
IV
III
II
0,5 I

   / t kN/cm²
0,0
0 2 4 6 8 3,8 11,5 19,2 26,8 34,5
                                                   (a)                                                                                         (b) 
Figura 8 – (a) Trajetórias de equilíbrio elástica e elastoplastica e (b) mecanismo de 
colapso por flambagem distorcional para o pilar 200x140. 

4.3 Análise Paramétrica 

O  objetivo  desta  secção  é  apresentar  e  discutir  os  resultados  da  resistência  última 
obtidos a partir do estudo paramétrico realizado. A fim de obter uma comparação mais 
significativa,  todos  os  resultados  pós‐críticos  apresentados  e  discutidos  nesta  seção 

dizem  respeito  o  pilares  feitas  de  aço  com  sua  esbeltez  distorcional   D =(Py/Pcr.D)0,5 
variando de 0,4 até 3,5 – esta esbeltez é assegurada pela seleção adequada de tensões 
de escoamentos (fy)3. 

O estudo paramétrico envolveu um total de 210 pilares, correspondendo a combinação 
de  quinze  pilares  descritas  na  Tabela  1  e  quatorze  valores  de  índice  de  esbeltez 
distorcional. Todos os dados de resistência última (Pu), forças de escoamento (Py=A∙fy) e 

valores  do  índice  de  esbeltez  distorcional  (  D )  de  cada  pilar  são  apresentados  em 
Santos (2017). Esses valores são também plotados na Figura 9(a) onde no eixo vertical 
tem‐se  a  resistência  última  Pu  normalizada  pela  força  de  escoamento  Py  e  no  eixo 

horizontal os valores do índice de esbeltez reduzido   D . 

Examinando  o  tipo  de  falha  dos  pilares  plotadas  na  Figura  9(a)  foi  encontrado  em 
algumas  delas  a  ocorrência  de  falha  localizada  nas  regiões  próxima  aos  furos  (círculos 
vermelhos).  Na  Figura  10  é  mostrada  uma  distribuição  qualitativa  das  tensões 

3
 A razão para selecionar tais tensões de escoamento foi possibilitar a análise de pilares com altos valores 
de esbeltez, cobrindo assim um amplo alcance de esbeltez (Landesmann & Camotim, 2013). 

275 
equivalentes  de  von  Mises  para  o  pilar  200x285,7  cuja  a  falha  se  deu  por  efeitos 
localizados. 

Pu / Py Pu / Py
1,0 1,0

0,5 0,5

D D
0,0 0,0
0 1 2 3 0 1 2 3  
                                                   (a)                                                                                         (b) 
Figura 9 – Resultados numéricos Pu/Py versus   D para (a) todos os pilares e (b) 
desconsiderando os pilares cujo colapso se deu por efeitos localizados. 

Figura 10 – Distribuição qualitativa das tensões equivalentes de von Mises no pilar 
200x285,7 que apresentou falha localizada. 
 
Como o proposito deste trabalho não é avaliar a resistência de pilares que apresentam 
falhas  localizadas  tais  pilares  foram  exclusos  da  análise  paramétrica.  Um  total  de  138 
pilares foi usado na análise paramétrica. Substituindo o gráfico da Figura 9(a) pela Figura 
9(b) desconsiderando os pilares cujo colapso se deu por falha localizada, pode‐se dizer 

que a “nuvem” de pontos Pu/Py vs.   D  segue uma tendência que pode ser descrita com 
precisão por uma curva de dimensionamento do tipo “Winter”. 

 
5 Considerações relativas ao MRD 

Esta secção aborda a aplicabilidade do MRD para estimar a resistência última de pilares 
do  tipo  U  enrijecido  falhando  no  modo  distorcional  e  que  apresentam  condição  de 
extremidades aparafusada. O primeiro passo consiste em computar Pn.e, Pn.D e Pn.Le, de 
276 
acordo com as Eqs. (1), (2) e (3), para os 138 pilares analisadas na seção 4.3, a fim de 
avaliar  a  natureza  do  colapso  dos  pilares  previstos  pelo  MRD  –  todas  as  predições  de 
falha pelo MRD foram distorcional. Todas os resultados numéricos (Pcr.D, Pu e modo de 
falha)  e  valores  nominais  fornecidos  pelo  MRD  (Pn.D),  juntamente  com  os  valores  do 
índice de esbeltez reduzido correspondentes são apresentados em Santos (2017). 

A Figura 11(a1) compara a atual curva de dimensionamento distorcional do MRD com os 
valores de resistência última obtidos numericamente dos perfis que deformam no modo 
distorcional.  A  Figura  11(b1),  por  outro  lado,  mostra  os  valores  correspondentes  de 

Pu/Pn.D  versus   D   proporcionando  assim  uma  representação  da  precisão  e  segurança 


das estimativas de resistência última do MRD. 

Pu / Py 1,5
Pu /Pn.D
1,0
1,0

0,5 Média 0,59


0,5
Des. Pad. 0,09
Máx. 0,91
D Mín. 0,45 D
0,0 0,0
0 1 2 3 0 1 2 3  
                                                           (a1)                                                                                    (b1) 
Pu / Py 2,5
*
Pu /Pn.D Média 0,97
1,0 2,0 Des. Pad. 0,06
Máx. 1,19
1,5 Mín. 0,89

0,5 1,0

0,5
D D
0,0 0,0
0 1 2 3 0 1 2 3  
                                                           (a2)                                                                                    (b2) 
Figura 11 – Comparação entre resultados numéricos de resistência última com (a1) Pn.D e 
(a2)  Pn*.D e (b1) Pu/ Pn.D versus  D  e (b2) Pu/ Pn*.D  versus  D . 
 

A observação das Figura 11(a1) e (b1) mostra as seguintes conclusões: 

i. Observa‐se facilmente que as resistências últimas são excessivamente superestimadas 
pela curva distorcional do MRD. 

277 
ii. Na Figura 11(b1) nota‐se o número de valores  Pu/Pn.D próximo (abaixo e/ou acima) de 
0,5.  Este  fato  indica  uma  progressiva  deterioração  da  qualidade  das  estimativas  de 
resistência  última  distorcionais  do  MRD.  A  média,  desvio  padrão,  valores  máximos  e 
mínimos da razão Pu/Pn.D são apresentados na Figura 11(b1). 

Em vista dos fatos acima, pode‐se afirmar que a atual curva distorcional do MRD não é 
adequada  para  aplicação  em  pilares  cuja  condição  de  extremidade  é  aparafusada.  
Portanto, é necessário considerar uma curva de dimensionamento diferente para prever 
de forma eficiente as resistências de falha distorcional desses pilares. 

Guiado  pelos  dados  de  resistências  última  adquiridos  através  do  estudo  paramétrico 
realizado neste trabalho, foi considerada a proposta de Landesmann e Camotim (2013) 
descrita pela Eq. (4). A Figura 11(a2) relaciona esta proposta ( Pn*.D ) comparando‐a com os 

resultados obtidos neste estudo. A Figura 12(b2) mostra os valores correspondentes de 

Pu Pn*.D   versus   D . Para esta proposta a média, o desvio padrão e os valores máximo e 

mínimo de  Pu Pn*.D  são dados na Figura 11(b2). 

A  curva  sugerida  por  Landesmann  e  Camotim  (2013)  –  Eq.  (4)  representa  bem  os 
resultados numéricos obtidos nesta pesquisa. 

 
6 Conclusões 

Este trabalho reportou uma investigação numérica (pelo método dos elementos finitos) 
sobre a influência da condição de suporte aparafusado no comportamento pós‐crítico e 
no  dimensionamento  pelo  MRD  (Método  da  Resistência  Direta)  de  pilares  do  tipo  U 
enrijecido formadas a frio cujos modos de falha se deram por distorção. 

Os pilares analisados exibiram extremidades aparafusadas, quinze geometrias de pilares 
em  perfil  U  enrijecido  (variados  comprimentos  e  dimensões  de  seção  transversal)  e 
diversos graus de aços foram considerados. Essas características foram cuidadosamente 
selecionadas  para  garantir  que  os  pilares  flambassem  e  falhassem  no  modo  “puro” 
distorcional (i.e., evitando‐se interação com o modo de flambagem local e/ou global) e 
cobrir uma extensão considerável de esbeltez (distorcional). 

Os  dados  de  resistência  última  adquiridos  durante  a  análise  paramétrica  envolveram 
138  pilares.  Estes  foram  então  usados  para  demonstrar  que  independentemente  da 

278 
geometria  do  pilar,  a  atual  curva  de  dimensionamento  à  instabilidade  distorcional  do 
MRD  não  é  capaz  de  prever  adequadamente  a  resistência  última  de  pilares  tipo  U 
enrijecido com extremidades aparafusadas. 

Com base nos resultados obtidos a partir do estudo paramétrico realizado, foi estudada 
a  proposta  de  curva  de  dimensionamento  à  instabilidade  distorcional  sugerida  por 
Landesmann e Camotim (2013). De fato, tal curva se correlacionou muito bem com os 
resultados numéricos obtidos neste trabalho. 

 
7 Agradecimentos 

O primeiro autor agradece o apoio financeiro da Vale S.A. 

 
8 Referências 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS,  ABNT  NBR  14762:  Dimensionamento  de 
estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio. Rio de Janeiro, 2010. 
AMERICAN IRON AND STEEL INSTITUTE, AISI‐S100: Specification for the design of cold‐formed 
steel structural members. Washington, D. C. 2016. 
STANDARDS  ASSOCIATION  OF  AUSTRALIA,  AS/NZS  4600:  Cold‐Formed  Steel  Structures.  North 
Sydney, 2005. 
HANCOCK, Gregory J.; KNOW, Young.; BERNARD, Stefan. “Strength design curves for thin‐walled 
sections  undergoing  distortional  buckling”.  Journal  of  Constructional  Steel  Research,  p.  169‐
186, 1994. 
LANDESMANN,  Alexandre;  CAMOTIM,  Dinar.  “On  the  Direct  Strength  (DSM)  design  of  cold‐
formed steel columns against distortional failure”. Thin‐Walled Structures, p. 168‐187, 2013. 
PHAM, Song Hong; PHAM, Cao Hung; HANCOCK, Gregory J. “Direct strength method of design 
for shear including sections with longitudinal web stiffeners”. Thin‐Walled Structures, p. 19‐28, 
2013. 
RONDAL,  J.  “Cold‐formed  steel  members  and  structures  ‐  General  Report”.  Journal  of 
Constructional Steel Research, p. 155‐158, 2000. 
SANTOS,  Warlley  Soares.  On  the  strength  and  DSM  design  of  end‐bolted  cold‐formed  steel 
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Rio de Janeiro, RJ, 2017. 
SCHAFER, Benjamin W. “Computational modeling of cold‐formed steel: characterizing geometric 
imperfections  and  residual  stresses”.  Journal  of  Constructional  Steel  Research,  p.  193–210, 
1998. 
SCHAFER, Benjamin W. Distortiosnal buckling of cold‐formed steel columns. American Iron and 
Steel Institute (AISI) report, Washington DC, 2000. 
SCHAFER,  Benjamin  W.  “Review:  The  Direct  Strength  Method  of  cold‐formed  steel  member 
design”. Journal of Constructional Steel Research. p. 766–778, 2008. 
SWANSON ANALYSIS SYSTEM INC. (SAS): Ansys Reference Manual (Vrs. 12), 2009. 
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connections with a gap," Thin‐Walled Structures, p. 110–115, 2013. 

279 
Recebido: 15/02/2018 
Aprovado: 08/06/2018 
Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 280‐299 ‐ ISSN 2238‐9377 
   Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT 
 
Modelo de cálculo para o cisalhamento do 
concreto nos conectores Crestbond 
Hermano de Sousa Cardoso1*, Rodrigo Barreto Caldas1, Ricardo Hallal Fakury1, 
Gustavo de Souza Veríssimo2 e Ricardo Laguardia Justen de Almeida2 
 
1
 Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós‐Graduação em 
Engenharia de Estruturas, Av. Antônio Carlos, 6627 ‐ Escola de Engenharia, 
Bloco I – 4º andar – Sala 4215– Pampulha – Belo Horizonte – MG – Brasil, 
hermanocardoso@hotmail.com, rbcaldas@gmail.com, fakury@dees.ufmg.br 
2
 Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Av. P. H. 
Rolfs, s/n, Campus Universitário, Viçosa, MG, Brasil,  
gustavo@ufv.br, ricardoljalmeida@gmail.com

Design model for the concrete shearing in the Crestbond shear 
connectors 
Resumo 
Este artigo propõe um modelo semiempírico para estimar a resistência de conectores Crestbond 
(CR)  contínuos  e  descontínuos,  quando  o  cisalhamento  do  concreto  governa  o  colapso  da 
conexão. Esse modelo segue a tendência de padronizar as expressões para o dimensionamento 
de conectores constituídos por chapas de aço com recortes regulares, conhecidos no âmbito 
internacional  como  composite  dowels,  visto  que  esses  dispositivos  apresentam 
comportamentos semelhantes. A capacidade do concreto que preenche a abertura do conector 
em resistir ao cisalhamento é estimada, sob a perspectiva do uso de diferentes geometrias do 
conector, considerando fatores de ajuste nas equações já conhecidas e atualmente em uso. Para 
tal, o estudo teórico foi conduzido a partir de análises de ensaios de cisalhamento reduzidos por 
meio  de  simulações  via  elementos  finitos.  Por  fim,  o  modelo  proposto  foi  comparado  com 
resultados de ensaios disponíveis na literatura, mostrando‐se eficaz. 
Palavras‐chave:  Crestbond,  ensaios  de  cisalhamento,  composite  dowels,  conectores  de 
cisalhamento, vigas mistas 
 
Abstract   
This  paper  proposes  a  semi‐empirical  model  to  estimate  the  strength  of  continuous  and 
discontinuous  Crestbond  shear  connectors  (CR),  whenever  the  concrete  shearing  is  the 
predominant failure mode of the connection. This model follows the tendency to standardize the 
design expressions for connectors composed by steel plate with regular cutouts, which are known 
internationally as composite dowels, since these devices behave similarly. The shear capacity of 
the  concrete  which  fills  the  recesses  of  any  type  of  composite  dowel  geometry  is  estimated 
considering different adjustments factors used in the equations already known and commonly 
employed. For this propose, the theoretical study was carried out from the analyzes of single 
push‐tests  through  the  finite  element  simulation.  Finally,  the  proposed  model  was  compared 
with tests outputs reported in the literature, showing good agreement among them. 
Keywords: Crestbond, push‐tests, composite dowels, shear connectors, composite beams 

* autor correspondente 

 
1 Introdução 

Os conectores de cisalhamento constituídos por chapas de aço com recortes regulares, 
conhecidos  internacionalmente  como  composite  dowels,  constituem  um  meio  de 
conexão  eficiente  entre  o  aço  e  o  concreto  nos  elementos  estruturais  mistos.  Esses 
dispositivos  têm  sido  empregados  em  vários  países  europeus  em  vigas  de  pontes  e 
viadutos.  Esses  conectores  podem  possuir  diversas  geometrias,  sendo  muito 
empregadas as denominadas clothoidal‐shaped (Figura 1a) e puzzle‐shaped (Figura 1b), 
cujas expressões para dimensionamento podem ser encontradas nos guias de projeto 
PreCo‐Beam (Seidl et al., 2013a) e PreCo+ (Seidl et al., 2013b), respectivamente. Logo 
após  a  publicação  desses  guias,  as  prescrições  de  projeto  e  as  expressões  para 
dimensionamento dos dois conectores foram incluídas na aprovação técnica alemã Z‐
26.4‐56  (2013).  Também  de  larga  utilização  na  Europa  é  o  conector  chamado  de 
Perfobond  (Figura  1c)  que,  no  lugar  dos  recortes,  apresenta  aberturas  circulares 
regularmente espaçadas. O Perfobond tem um modelo analítico de dimensionamento 
proposto por Oguejiofort e Hosain (1997). 
conector com aberturas 
conectores com recortes

            
(a) Clothoidal‐shaped   (b) Puzzle ‐shaped (c)  Perfobond  ‐  geometria
  utilizada  no  estudo  de 
Oguejiofor e Hosain (1994)
Figura 1 – Conectores constituídos por chapas 

Outro conector constituído por chapa com recortes regulares, denominado Crestbond 
(CR), tem sua forma e parâmetros geométricos mostrados na Figura 2. Esses conectores 
possuem  “dentes”  de  aço  mais  altos  e  menos  largos  em  relação  aos  com  geometria 
puzzle‐shaped. A concepção da geometria do conector Crestbond foi desenvolvido por 
Veríssimo (2007) no Brasil, como uma alternativa aos conectores pino com cabeça, os 
mais utilizados no país. Em Cardoso et al. (2018) são fornecidos o estado da arte e um 
estudo  numérico  envolvendo  os  conectores  CR  em  ensaios  de  cisalhamento  padrão 
(standard push test).

281 
barras de armadura passantes
D = diâmetro do círculo inscrito no   co = cobrimento superior de concreto 
       dowel de concreto  cu = cobrimento inferior de concreto 
R = raio de curvatura  ex = passo do conector = 2,155D 
hd = altura do dowel de aço = D  m = 1,486D; b = 0,450 m; a = 2,876R+0,250D   
Figura 2 – Forma e parâmetros geométricos do conector Crestbond (CR). 

Os  conectores  Perfobond,  por  possuírem  aberturas  que  não  atingem  a  face  superior 
(geometria  fechada),  têm  um  comportamento  mais  rígido  e  menos  dúctil  que  os 
conectores com recortes regulares (possuem grandes espaços abertos na face superior 
– geometria aberta). Além disso, esses conectores possuem sempre como estado‐limite 
último  a  ruptura  por  cisalhamento  do  concreto.  Por  outro  lado,  nos  conectores  de 
geometria aberta, precisamente por causa da menor rigidez e maior ductilidade, podem 
prevalecer outros estados‐limites últimos. Além do cisalhamento do concreto, podem 
ocorrer  o  pry‐out,  fenômeno  abordado  com  maiores  detalhes  nos  trabalhos  de 
Feldmann et al. (2016) e Classen e Hegger (2017), e o colapso por flexão dos "dentes" 
de aço do próprio conector. Cobrimento de concreto reduzido favorece a ocorrência do 
pry‐out e chapas mais finas e aberturas maiores do conector favorecem a ocorrência da 
flexão dos "dentes". No entanto, na maioria das situações práticas, as dimensões desses 
parâmetros são tais que prevalece o cisalhamento do concreto como modo de colapso. 

O primeiro modelo analítico para o dimensionamento dos conectores Crestbond quanto 
à  ruptura  por  cisalhamento  do  concreto  foi  proposto  por  Veríssimo  (2007),  sendo 
seguido  pelos  modelos  de  Silva  (2011)  e  Dutra  (2014).  Todos  esses  três  modelos 
apresentam bons resultados, sendo que os dois primeiros foram desenvolvidos a partir 
de uma concepção analítica mais antiga apresentada por Oguejiofort e Hosain (1997) 
especificamente para o conector Perfobond (Figura 1c).  

Este trabalho pode ser considerado como uma continuidade ao de Cardoso et al. (2018) 
e  apresenta  o  desenvolvimento  de  um  novo  modelo  analítico  para  o  cálculo  da 
capacidade resistente de conectores Crestbond quando a ruptura por cisalhamento do 
concreto  governa  o  colapso  da  conexão.  Para  isso,  foram  considerados  dados  de 
modelos experimentais e numéricos disponíveis na literatura, além dos resultados da 
282 
simulação numérica de Cardoso et al. (2018), nos quais foi observada a ocorrência desse 
estado‐limite último. 

2 Cisalhamento dos Componentes de Concreto 

Na  Figura  3  é  mostrada  a  transferência  de  forças  entre  o  perfil  de  aço  e  o  concreto 
quando  são  utilizados  conectores  formados  por  chapas  com  recortes  regulares 
(composite dowels). Para limitar o deslizamento relativo entre ambos, a região inferior 
do conector fica sujeita a uma força oriunda de esforços de cisalhamento (Fv). Desse 
modo,  outra  força  de  mesma  magnitude  e  de  sentido  contrário  atua  no  conector, 
gerando  o  equilíbrio.  Essa  força  faz  com  que  surjam  tensões  de  contato  na  interface 
entre os componentes (ou dowels) de aço ("dente" de aço) e de concreto (delimitado 
pela região entre os componentes de aço) da conexão, que interagem entre si. 

Componente 
de concreto  Componente
de aço 

Fv 

                            
Fv 
Figura 3 – Introdução de esforços de cisalhamento em conectores formados por chapas. 

Segundo  a  aprovação  técnica  Z‐26.4‐56  (2013),  a  capacidade  de  um  componente  de 
concreto  dos  conectores  clothoidal‐shaped  e  puzzle‐shaped  em  resistir  esforços  de 
cisalhamento pode ser estimada pela seguinte equação: 

qu ,sh   D e x f c 1   D                                                                                                             (1) 
2

com 
Er Ab
D                                                                                                                                  (2) 
Ecm AD
onde ex é o passo do conector (ver Figura 2), fc é a resistência à compressão do concreto, 
Er e Ab são o módulo de elasticidade e a área total das barras da armadura passante, 
respectivamente, Ecm é o módulo de elasticidade secante do concreto e AD é a área do 
componente de concreto, definida como a área compreendida entre dois componentes 
de aço. Ainda na Equação 1, ηD indica o fator de geometria do conector, cujo valor, em 

283 
projetos  de  pontes  mistas,  pode  ser  tomado  como  igual  a  ηD,CL  =  3  –  (ex/180)  para 
conectores  clothoidal‐shaped  e  a  ηD,PS  =  2  –  (ex/400)  para  conectores  puzzle‐shaped 
(Seidl et al., 2013a e 2013b; Z‐26.4‐56, 2013). 

3 Cisalhamento dos Componentes de Concreto 

3.1 Considerações Iniciais 

Alguns  procedimentos  de  modelagem  utilizados  em  Cardoso  et  al.  (2018)  —como  a 
malha de elementos finitos, leis constitutivas dos materiais e método de convergência 
— foram mais uma vez utilizados neste artigo na simulação de modelos reduzidos para 
as análises individuais dos componentes de concreto. Para tal, foi utilizado o software 
comercial  de  elementos  finitos  Abaqus  6.14  (Hibitt  et  al.,  2014).  As  geometrias  de 
conectores estudadas e comparadas neste item foram as dos conectores puzzle‐shaped 
e Crestbond CR56b (D = 56 mm, ex = 121 mm, co = 69 mm, cu = 25 mm – ver Figura 2). 

No início do Subitem 3.2, é realizada a simulação de uma primeira bateria de modelos 
com  conectores  puzzle‐shaped.  O  conector  puzzle‐shaped  além  de  apresentar  uma 
geometria  similar  ao  Crestbond,  tem  comportamento  conhecido,  sendo  descrito  em 
diversos  estudos,  na  aprovação  técnica  Z‐26.4‐56  (2013)  e  em  guias  de 
dimensionamento  (Seidl  et  al,  2013a  e  b).  Assim,  ao  se  comparar  os  resultados 
numéricos  e  analíticos  dos  modelos  com  conector  puzzle‐shaped,  verificou‐se  que  os 
procedimentos  numéricos  aferidos  em  Cardoso  et  al.  (2018)  continuavam  válidos  e 
foram adotados para o estudo de caso do presente trabalho.  

Desse  modo,  foram  realizadas  novas  simulações  com  conectores  Crestbond, 


possibilitando que, ao final, se estimasse o fator de ajuste ηD para esses conectores. Esse 
procedimento  possibilitaria  o  emprego  da  Equação  1  para  fins  de  projeto  e 
dimensionamento dos conectores Crestbond. Para tal, foram determinados valores de 
ηD em duas situações distintas, a de alto confinamento (ainda no Subitem 3.2) e a de 
baixo confinamento (Subitem 3.3). As situações de alto confinamento são aquelas em 
que  se  utilizam  alta  taxa  de  armadura  no  entorno  dos  conectores,  usualmente 
encontradas em vigas mistas de pontes, nas quais são considerados os fatores de ajustes 
presentes na aprovação técnica Z‐26.4‐56 (2013). Ao contrário, as situações de baixo 
confinamento são observadas, na maioria dos casos, nas vigas mistas de edifícios. 

284 
3.2 Estudo Numérico‐teórico do Cisalhamento dos Componentes de Concreto em 
Situações de Alto Confinamento. 

Para  que  ocorra  o  cisalhamento  do  componente  de  concreto,  sem  que  haja  o 
desprendimento  da  laje  de  concreto  em  relação  ao  perfil  de  aço,  a  base  da  laje  foi 
restringida segundo as direções x, y e z (Figura 4). Essa restrição, nos três eixos, tem 
como objetivo simular a forma com que esses conectores são utilizados em pontes, com 
continuidade da laje de concreto e do conector, e com alta taxa de armadura — situação 
de alto confinamento. As geometrias dos modelos e as condições de contorno foram 
baseadas no ensaio de cisalhamento adaptado para a análise de um componente de 
concreto realizada no estudo numérico‐experimental de Classen e Gallwoszus (2016).  

Restrição 
lateral 

Restrição lateral 
e horizontal 
(eixos x, y e z)

Figura 4 – Condições de contorno nos modelos reduzidos para a análise dos                           
componentes de concreto. 

Nas simulações do conector puzzle‐shaped realizadas neste trabalho foram adotados os 
seguintes parâmetros: passo (ex) igual a 150 mm; duas barras de armadura passando no 
componente de concreto com 10 mm de diâmetro; conector com espessura (tsc) igual a 
12 mm; e, a resistência à compressão do concreto (fc) variando entre 20 MPa e 50 MPa. 
Na  Tabela  1  é  apresentado  um  resumo  com  as  principais  propriedades  dos  modelos 
analisados,  bem  como  as  forças  analíticas  (Pu,Teo)  e  máximas  numéricas  (Pu,Num).  O 
arranjo  de  armaduras  utilizado  nos  ensaios  apresentados  por  Veríssimo  (2007)  é 
semelhante  ao  que  usualmente  é  utilizado  em  vigas  mistas  de  edifício  (baixo 
confinamento),  não  sendo  indicado,  portanto,  para  o  estudo  de  caso  do  presente 
subitem (alto confinamento). Com isso, a disposição das barras de armadura utilizadas 
na modelagem foi baseada no trabalho experimental de Přivřelová (2016) (Figura 5) que 
estudou conectores com geometria clothoidal‐shaped com duas barras passantes entre 
os  componentes.  Segundo  Seidl  et  al.  (2013a),  o  uso  de  pelo  menos  duas  barras 
passantes promove elevada capacidade resistente e alta ductilidade do conector.  

285 
Neste  estudo  optou‐se  em  utilizar  as  dimensões  de  todos  componentes  (conector, 
armadura  e  perfil)  tão  próximas  quanto  possíveis  daquelas  dos  ensaios  de  Veríssimo 
(2007). Contudo, o passo dos conectores (ex) foi tomado como igual a 150 mm, valor 
mínimo  normatizado  para  os  puzzle‐shaped,  que  têm  todas  as  suas  dimensões  em 
função desse passo (Figura 2) (nos ensaios de Veríssimo, 2007, ex é igual a 121 mm).  

A  força  Pu,Teo  foi  estimada  utilizando  a  Equação  1.  Na  última  coluna  da  Tabela  1  são 
apresentadas as razões entre as forças Pu,Num e Pu,Teo, obtendo‐se uma média de 0,975. 
Dessa forma, conclui‐se que o modelo numérico é capaz de prever adequadamente o 
comportamento de conectores puzzle‐shaped.  

Tabela 1 – Propriedades de modelos com conectores puzzle‐shaped e resultados obtidos. 

  ex   AD  Ab  fc  Φs  Pu,Teo  Pu,Num  Pu , Num


ηD  ρD 
Modelo  mm  mm²  mm²  MPa  mm  kN  kN  Pu ,Teo
PZrest‐C20  150  3003,8  157,1 20,0 10,0 1,625 0,41 229,82  229,81  1,000
PZrest‐C25  150  3003,8  157,1 25,0 10,0 1,625 0,38 251,29  252,14  0,988
PZrest‐C30  150  3003,8  157,1 30,0 10,0 1,625 0,36 275,36  272,16  1,011
PZrest‐C35  150  3003,8  157,1 35,0 10,0 1,625 0,34 288,47  290,46  0,993
PZrest‐C40  150  3003,8  157,1 40,0 10,0 1,625 0,33 296,89  307,40  0,966
PZrest‐C45  150  3003,8  157,1 45,0 10,0 1,625 0,32 303,71  323,24  0,940
PZrest‐C50  150  3003,8  157,1 50,0 10,0 1,625 0,31 311,06  338,17  0,920
Caraterísticas em comum em todos os modelos:
 tsc =12,0 mm e Er = 21.000 MPa; Ecm = 22[(fc)/10]0,3(EN 1992‐1‐1:2004) 

Puzzle‐shaped  

clothoidal‐shaped  

      *medidas em mm 
(a) Modelo numérico com a laje  (b) Modelo experimental de 
suprimida para ilustrar o arranjo  Přivřelová (2016) 
da armadura de aço 
Figura 5 – Análise de conectores formados por chapas de aço com recortes regulares.  

Seidl et al. (2013a) mencionam que quando os conectores compostos por chapas com 
recortes são continuamente solicitados, e o estado‐limite é o cisalhamento da laje de 
concreto, o comportamento estrutural pode ser descrito em três etapas distintas. Essas 
286 
etapas estão representadas nos dois diagramas de força versus deslizamento dispostos 
na  Figuras  6,  onde  o  primeiro  contém  a  idealização  proposta  por  Seidl  et  al.  (2013a) 
(Figura  6a)  e  o  segundo  contendo  a  curva  do  modelo  numérico  PZrest‐C35  e  a  reta 
representativa do modelo analítico (Figura 6b). Na primeira etapa, a interação entre os 
componentes de aço e concreto apresenta uma resposta linear, até ser alcançada a força 
Padh,  caracterizada  pelo  rompimento  da  aderência  mecânica  na  interface  entre  os 
componentes. No início da segunda etapa, há um trecho com rigidez nula que designa o 
esmagamento  do  concreto  próximo  à  região  da  interface  entre  os  componentes. 
Posteriormente, a força se eleva, dando continuidade ao processo de esmagamento e, 
ocorrendo também a fissuração do concreto, até o alcance da força máxima Pmax. O dano 
do concreto à compressão no início da segunda etapa e no incremento correspondente 
à força Pmax, podem ser observados nas Figuras 7a e 7b adiante, respectivamente. Na 
terceira etapa, é evidenciado o comportamento pós‐crítico, sendo que o decréscimo de 
rigidez  no  descarregamento  depende  das  características  mecânicas  dos  aços  do 
conector e das barras da armadura e do concreto.  

P
Pmax 

Pcr 

1 2 3 
Padh  

   1  2  3       
(a) Diagrama força versus deslizamento relativo  (b)  Diagrama  força  versus deslizamento  relativo 
sugerido para o cisalhamento do concreto  do  modelo  numérico  PZrest‐35  e  reta 
(Adaptado de Seidl et al., 2013a)  representativa do modelo analítico 
Figura 6 – Falha por cisalhamento dos componentes de concreto. 
Visto  que  o  modelo  numérico  com  conectores  puzzle‐shaped  levou  a  resultados  com 
boa concordância com o modelo analítico, realizaram‐se novas simulações de modelos 
reduzidos  com  conectores  Crestbond  CR56b  (Figura  8a).  Nessas  simulações,  com 
exceção do valor de ex, mantiveram‐se as características dos modelos com conectores 
puzzle‐shaped,  como  as  propriedades  mecânicas  dos  materiais  e  a  espessura  do 
conector. O valor adotado para ex foi o mesmo dos protótipos ensaiados por Veríssimo 
(2007), de 121 mm (Figura 8). A armadura utilizada nos modelos numéricos reduzidos 

287 
com conectores Crestbond também foi baseada no arranjo do estudo experimental de 
Přivřelová (2016) (Figuras 5b e 9a).  

(a) Dano inicial próximo a interface entre os  (b)  Dano  no  incremento  correspondente  à  força 


componentes de aço e concreto  máxima 
Figura 7 – Representação do dano no concreto por compressão no modelo PZrest‐C35 

 
(a) Modelo reduzido para análise  (b) Modelos dos ensaios de cisalhamento 
dos componentes de concreto 
Figura 8 – Geometrias de conectores Crestbond CR 56b utilizadas na modelagem numérica. 

Na  Tabela  2  é  apresentado  um  resumo  contendo  as  propriedades  dos  modelos  com 
Crestbond, variando‐se apenas a resistência à compressão do concreto — entre 20 MPa 
a 50 MPa. Nas três últimas colunas dessa tabela são mostrados os resultados finais das 
análises contendo as forças Pu,Num e Pu,Teo e a razão entre elas. Os valores de Pu,teo foram 
determinados de acordo com a Equação 1, em que o valor adotado para o parâmetro ηD 
foi de 2,204. O valor de ηD foi obtido por meio de regressão analítica, de modo que a 
razão média entre as forças máximas numérica e analítica fosse igual a 1,0. Na Figura 9b, 
são comparadas a curva numérica do modelo CrestRest‐C35 e a reta analítica que define 
a capacidade estimada do modelo (ver caraterísticas do modelo na Tabela 2).  

O valor de ηD igual a 2,204, obtido para o conector Crestbond com ex de 121 mm, é mais 
elevado se comparado com o valor de 1,625, utilizado para os conectores puzzle‐shaped 
com ex de 150 mm. Se fosse utilizado, hipoteticamente, um valor de ex igual a 121 mm 
para  o  conector  puzzle‐shaped,  desconsiderando  que  seu  valor  normativo  mínimo  é 
igual  a  150  mm,  o  valor  de  ηD  para  esse  conector  seria  de  1,697  (ηD,PZ  =  2  ‐  ex/400). 
Percebe‐se  que  esse  último  valor  de  ηD  para  o  conector  puzzle‐shaped  ainda  é 

288 
consideravelmente menor ao valor de ηD igual 2,204 obtido para o Crestbond com ex de 
121 mm. 
Tabela 2 – Propriedades dos modelos com conectores Crestbond e resultados obtidos. 
  ex  AD  Ab  fc  Φs  Pu,Teo  Pu,Num  Pu,Num
ηD  ρD 
Modelo  mm mm²  mm²  MPa  mm  kN  kN  Pu,Teo
CrestRest‐C20  121 3403,5  157,1 20,0 10,0 2,204 0,36 196,34 211,85  1,079
CrestRest‐C25  121 3403,5  157,1 25,0 10,0 2,204 0,33 215,77 223,35  1,035
CrestRest‐C30  121 3403,5  157,1 30,0 10,0 2,204 0,32 233,21 235,19  1,009
CrestRest‐C35  121 3403,5  157,1 35,0 10,0 2,204 0,30 249,15 246,24  0,988
CrestRest‐C40  121 3403,5  157,1 40,0 10,0 2,204 0,29 263,93 258,00  0,978
CrestRest‐C45  121 3403,5  157,1 45,0 10,0 2,204 0,28 277,75 267,66  0,964
CrestRest‐C50  121 3403,5  157,1 50,0 10,0 2,204 0,27 290,78 275,53  0,948
Caraterísticas em comum em todos os modelos:
tsc =12,0 mm e Er = 21.000 MPa; Ecm = 22[(fc)/10]0,3(EN 1992‐1‐1:2004)

                            
(a) Modelo numérico com a laje suprimida  (b) Diagrama força versus deslizamento relativo 
para ilustrar o arranjo das armaduras  do modelo CrestRest‐C35. 
Figura 9 – Simulação numérica de modelos simplificados para a análise dos componentes de 
concreto dos conectores Crestbond. 

Seidl et al. (2013a) afirmam que a capacidade do conector, para o estado‐limite último 
de ruptura por cisalhamento do concreto, é fortemente influenciada pela sua geometria. 
Ao  observar  a  geometria  do  conector  Crestbond,  percebe‐se  que  ele  é  formado  por 
componentes  mais  altos  do  que  os  do  puzzle‐shaped,  permitindo  uma  superfície  de 
contato maior entre o aço e o concreto. Segundo Seidl et al. (2013a), elevadas tensões 
de  contato  ocorrem  na  interface  entre  os  componentes  de  aço  e  de  concreto.  Essas 
tensões acompanham o formato arqueado do conector, conforme pode ser observado 
na Figura 10a, na qual são ilustradas as tensões de contato na interface aço‐concreto 
em um conector puzzle‐shaped. Na Figura 10b é apresentada a variável CPREES (valores 
em MPa), na superfície do componente de aço, no incremento de força máxima para o 
modelo  numérico  CrestRest‐C35,  o  qual  foi  simulado  neste  trabalho.  Essa  variável 

289 
quantifica  as  tensões  de  contato  que  atuam  numa  superfície  de  uma  dada  instância. 
Como pode ser observado na Figura 10b, a distribuição das tensões de contato atuando 
ao longo da superfície do componente de aço do conector Crestbond se dá de forma 
semelhante à idealização dessas tensões para o conector puzzle‐shaped (Figura 10a). 
Considerando  que  os  conectores  Crestbond  apresentam  altura  (hd)  maior  que  os 
conectores puzzle‐shaped — sendo essas alturas, hd,Crest = 0,464ex,Cret = 56 mm e hd,PZ = 
0,275ex,PZ = 41,25 mm, respectivamente— acredita‐se que o fator ηD poderia se elevar, 
devido a uma maior superfície de contato entre os componentes de aço e de concreto 
e também a uma maior área de cisalhamento do concreto. 

(MPa)

               
(a) Idealização das tensões de contato em  (b) Variável CPREES (tensões de contato) no 
conectores Puzzle ‐ shaped (Seidl et al.,  modelo CrestRest‐C35 para o incremento      
2013a)  de força máxima. 
Figura 10 – Tensões de contato nos conectores de cisalhamento. 

3.3 Estudo Numérico‐teórico do Cisalhamento dos Componentes de Concreto em 
Situações de Baixo Confinamento 

Neste  item,  foram  realizadas  simulações  de  modelos  reduzidos  com  conectores 
Crestbond para verificar a resistência de apenas um componente de concreto em um 
ensaio de cisalhamento padrão. Dessa forma, ao invés de se restringir na base da laje de 
concreto a translação nos três eixos cartesianos, como no item anterior, restringiu‐se 
somente a translação na direção vertical.  

Na  Tabela  3  adiante  são  apresentadas  as  principais  características  geométricas  e 


mecânicas  dos  21  modelos  numéricos  que  foram  simulados  neste  trabalho  e  são 
analisados neste subitem, que podem possuir duas (2Φ), uma (1Φ) ou nenhuma barra 
de armadura passante (As0). As disposições das barras (Figura 11), para as simulações do 
presente subitem (situações de baixo confinamento), foram baseadas nos ensaios de 

290 
cisalhamento realizados por Veríssimo (2007). Nesses modelos adotou‐se o valor de ex 
igual  a  121  mm,  mesmo  valor  utilizado  para  os  modelos  de  Crestbond  presentes  no 
Subitem  3.2. Nas  últimas  colunas  da  Tabela  3  são  apresentadas  as  forças  máximas 
numéricas Pu,Num e analíticas Pu,Teo e a razão entre elas. No cálculo de Pu,teo foi utilizada a 
Equação  1,  porém  era  necessário,  de  antemão,  que  se  determinasse  o  valor  de  ηD 
apropriado para o Crestbond. Para tal, o valor desse parâmetro foi obtido por regressões 
analíticas de forma semelhante ao que foi feito no Subitem 3.2. Contudo, neste subitem, 
foi realizado um ajuste de ηD para as diferentes disposições de armaduras analisadas, 
chegando‐se a ηD,As igual a 0,873 quando se utilizam uma ou duas barras de armadura 
passantes e igual a 0,570 para nenhuma barra. 

                            
(a) Duas barras passantes  (b) Uma barra passante  (c) Sem barra passante 
Figura 11 – Disposição das armaduras em modelos numéricos para a análise do 
comportamento do componente de concreto de conectores Crestbond em ensaios de 
cisalhamento padrão. 
Na  Figura  12  são  apresentadas  as  curvas  numéricas  de  força  versus  deslizamento 
relativos  dos  modelos  cujo  fc  é  35  MPa,  para  as  três  taxas  de  armadura  estudadas 
(observar  modelos  na  Tabela  3).  Nota‐se  que  o  uso  de  nenhuma  armadura  passante 
diminuiu drasticamente a ductilidade do conector e a capacidade do componente de 
concreto em resistir esforços de cisalhamento, sendo desaconselhado.  

Figura 12 – Diagrama força versus deslizamento relativo dos modelos Crest‐C35‐As0,                  
Crest‐C35‐As0‐1Φ, Crest‐C35‐As0‐2Φ. 

291 
Tabela 3 – Propriedades dos modelos com conectores Crestbond e resultados obtidos. 
  ex AD  Ab fc Φs Pu,Teo  Pu,Num  Pu , Num
ηD  ρD 
Modelo  mm  mm²  mm²  MPa  mm  kN  kN  Pu ,Teo
Crest‐C20‐2Φ  121 3403,5  157,1 20,0 2x10,0 0,873 0,36 77,77  65,97  0,848
Crest‐C25‐2Φ  121 3403,5  157,1 25,0 2x10,0 0,873 0,33 85,47  77,83  0,911
Crest‐C30‐2Φ  121 3403,5  157,1 30,0 2x10,0 0,873 0,32 92,37  91,00  0,985
Crest‐C35‐2Φ  121 3403,5  157,1 35,0 2x10,0 0,873 0,30 98,69  10,90  1,033
Crest‐C40‐2Φ  121 3403,5  157,1 40,0 2x10,0 0,873 0,29 104,54  111,74  1,069
Crest‐C45‐2Φ  121 3403,5  157,1 45,0 2x10,0 0,873 0,28 110,02  120,93  1,099
Crest‐C50‐2Φ  121 3403,5  157,1 50,0 2x10,0 0,873 0,27 115,18  129,29  1,123
Crest‐C20‐1Φ  121 3403,5  78,5 20,0 10,0 0,873 0,18 67,52  60,84  0,901
Crest‐C25‐1Φ  121 3403,5  78,5 25,0 10,0 0,873 0,17 74,75  72,96  0,976
Crest‐C30‐1Φ  121 3403,5  78,5 30,0 10,0 0,873 0,16 81,26  82,29  1,013
Crest‐C35‐1Φ  121 3403,5  78,5 35,0 10,0 0,873 0,15 87,23  89,55  1,027
Crest‐C40‐1Φ  121 3403,5  78,5 40,0 10,0 0,873 0,15 92,77  94,58  1,019
Crest‐C45‐1Φ  121 3403,5  78,5 45,0 10,0 0,873 0,14 97,96  98,41  1,005
Crest‐C50‐1Φ  121 3403,5  78,5 50,0 10,0 0,873 0,14 102,87  102,62  0,998
Crest-C20-As0 121 3403,5  0 20,0 0 0,570 0 37,41  32,89  1,138
Crest-C25-As0 121 3403,5  0 25,0 0 0,570 0 41,83  39,28  1,065
Crest-C30-As0 121 3403,5  0 30,0 0 0,570 0 45,82  44,86  1,022
Crest-C35-As0 121 3403,5  0 35,0 0 0,570 0 49,49  50,15  0,987
Crest-C40-As0 121 3403,5  0 40,0 0 0,570 0 52,91  55,41  0,955
Crest-C40-As0 121 3403,5  0 45,0 0 0,570 0 56,12  60,81  0,923
Crest-C50-As0 121 3403,5  0 50,0 0 0,570 0 59,16  64,92  0,911
Caraterísticas em comum em todos os modelos: 
 tsc =12,0 mm e Er = 21000 MPa; Ecm = 22[(fc)/10]0,3(EN 1992‐1‐1:2004) 

Em  Cardoso  et  al.  (2018),  foram  discutidos  os  modelos  experimentais  de 
Veríssimo  (2007)  com  conectores  Crestbond  CR56b  descontínuos,  sendo  realizada  a 
calibração numérica desses experimentos e a análise do comportamento do conector. 
Contudo, nesse estudo não foi determinada quais parcelas da capacidade total seriam 
devidas  aos  componentes  de  concreto  e  à  parte  frontal  do  conector.  Assim,  foram 
simulados novamente os modelos com conectores Crestbond do trabalho de Cardoso et 
al. (2018), conforme se observa na Tabela 4, porém agora para a análise separada dos 
componentes  (dowels)  de  concreto.  Para  tal,  manteve‐se  as  mesmas  características 
geométricas e de contorno dos modelos que foram descritos anteriormente na Tabela 3. 
Os resultados das forças máximas obtidas numericamente (Pu,dowel) são apresentados na 
Tabela 4. Na última coluna dessa tabela, é efetuada a diferença entre a força máxima 
experimental  (Pu,exp)  e  a  força  obtida  em  três  componentes  de  concreto  (3  Pu,dowel), 
obtendo a parcela que é resistida pela parte frontal do conector Crestbond (Pu,frontal). 

292 
Tabela 4 – Estimativa da capacidade resistente frontal do conector Crestbond 
Pu,Frontal = 
  fcm  Pu,exp  Φs ‐pass  Pu,dowel   3 Pu,dowel  
Pu,exp ‐ 3 Pu,dowel  
Modelo  MPa  kN  mm kN kN kN 
B1‐B2  26,60  301,33 0 41,16 123,49 177,84 
B3‐B4  27,05  362,30 10 77,23 231,68 130,62 
B5‐B6  26,65  374,95 12 77,64 232,92 142,03 
C1‐C2  47,50  369,40 0 62,66 187,97 181,43 
C3‐C4  48,90  500,15 10 101,75 305,24 194,91 
C7‐C8  49,55  480,90 12 111,58 334,73 146,17 

4 Modelo Analítico Proposto para o Cálculo do Cisalhamento do 
Concreto Utilizando Conectores Crestbond 

Conforme  explicitado  anteriormente,  estudos  realizados  experimentalmente  e 


numericamente  por  Oguejiofor  e  Hosain  (1994,  1997)  demonstraram  que  o  estado‐
limite último que prevalece quando se utilizam conectores Perfobond é a ruptura por 
cisalhamento  do  concreto.  Os  autores  definiram  que,  com  esses  conectores,  a 
capacidade resistente a esse modo de colapso pode ser dada por: 

qu ,sh  1hsc t sc f c   2 nAD f c   3 Atr f yr                                                                                 (3) 

onde  tsc  é  a  espessura  do  conector,  hsc  é  a  altura  total  do  conector,  AD  é  a  área  do 
componente de concreto, Atr é a área transversal total de armadura utilizada na laje de 
concreto, n é o número de componentes de concreto, fc é a resistência do concreto à 
compressão e fyr é a resistência ao escoamento do aço da armadura.  

Observando‐se a Equação 3, nota‐se que a capacidade resistente é definida pela soma 
de três parcelas. A primeira delas é devida à capacidade frontal do conector em função 
do  fator  de  ajuste  η1,  a  segunda  ao  cisalhamento  dos  componentes  de  concreto  em 
função do fator η2, e a terceira à taxa de armadura total utilizada na laje de concreto em 
função  do  fator  η3.  Após  serem  realizadas  regressões  analíticas,  Oguejiofor  e 
Hosain  (1997)  definiram  esses  três  fatores  de  ajuste  como  4,50,  4,21  e  0,91, 
respectivamente. 

Em  situações  em  que  se  utilizam  conectores  contínuos,  ao  se  utilizar  a  Equação  3  é 
necessário:  (i)  desconsiderar  a  parcela  de  capacidade  frontal  do  conector,  e;  (ii) 
substituir Atr por nAb, em que n é o número de componentes de concreto e Ab a área de 
armadura transversal passante por componente de concreto. Dividindo‐se a expressão 

293 
pelo número n de componentes de concreto, obtém‐se a capacidade por componente 
conforme segue: 

qu ,sh ,dowel = η2 AD f c + η3 Ab f yr                                                                                               (4) 

Na Tabela 5 são apresentadas expressões encontradas na literatura para o cálculo da 
capacidade resistente por componente de concreto (qu,sh,dowel) de conectores contínuos 
formados  por  chapas  de  aço  com  aberturas  como  o  Perfobond,  o  puzzle‐shaped  e  o 
clothoidal‐shaped.  Por  último,  é  apresentado  o  modelo  analítico  proposto  neste 
trabalho  para  o  conector  Crestbond.  As  expressões  presentes  nessa  tabela  foram 
adaptadas de modo a apresentar variáveis semelhantes, facilitando a comparação entre 
elas. Essas adaptações estão especificadas nas observações presentes no final da tabela.  

Tabela 5 – Equações para o dimensionamento de conectores contínuos constituídos por 
chapas com aberturas considerando o cisalhamento do concreto. 

Conector  Equação  Conector  Equação 

qu ,sh   D e x f c 1   d    
2

qu ,sh   2 AD f c   3 Ab f yr   clothoidal‐ AD  E A 
Perfobond 
shaped   D f c 1  r b   
Fonte: Oguejiofor e Hosain (1997)  0,20  Ecm AD 
Fonte: Z‐26.4‐56 (2013) 
qu ,sh   D e x f c 1   d     f c 1   d 
2
q u , sh   D e x
2

puzzle‐ AD  E A  AD  E A 
shaped 
 D f c 1  r b    Crestbond   D f c 1  r b   
0,13  Ecm AD  0,23  Ecm AD 
Fonte: Z‐26.4‐56 (2013)  Proposto neste trabalho 
Substituições algébricas na Equação 4: 
 ρD = (ErAb)/(EcmAD); 
 para puzzle‐shaped, ex2 = AD/0,13, e para clothoidal‐shaped, ex2 = AD/0,20 (Z‐26.4‐56, 2013); 
 para Crestbond, ex2 ≈ AD/0,23. 

Observando‐se ainda a Tabela 5, nota‐se que a capacidade total de um componente de 
concreto  ao  cisalhamento  utilizando  conectores  contínuos  consiste  basicamente  de 
duas  parcelas  de  resistência.  A  primeira  que  é  função  do  produto  da  área  do 
componente  de  concreto  pela  raiz  quadrada  da  resistência  à  compressão  fc,  e  uma 
segunda  que  é  função  do  acréscimo  de  capacidade  resistente  devido  ao  uso  de 
armadura passante. Em Cardoso et al. (2018) verificou‐se que a capacidade média por 

294 
componente  de  concreto  permanece  constante,  independentemente  do  número  de 
componentes do conector. 

No  final  do  Subitem  3.3,  foram  propostos  valores  de  ηD  para  o  conector  Crestbond 
CR56b considerando o modelo analítico apresentado pela aprovação técnica Z‐26.4‐56 
(2013). Os valores de ηD que foram designados para as situações sem e com barras de 
armadura passante eram iguais a 0,570 e 0,873, respectivamente.   

Para  utilizar  o  conector  Crestbond  CR56b  descontínuo,  é  necessário  o  acréscimo  da 


capacidade frontal do conector, fornecida pela primeira parcela da Equação 3. Para fins 
de praticidade, o fator η1 proposto por Oguejiofor e Hosain (1994), que quantifica essa 
capacidade,  passará  a  ser  denominado  ηF,  de  modo  que  a  capacidade  do  conector 
Crestbond descontínuo seja dada por: 

q u , sh   F hsc t sc f c  n D e x f c 1   d                                                                                             (5) 
2

O fator ηF foi obtido a partir da estimativa de qual seria a parcela resistida pela região 
frontal dos conectores Crestbond CR56b ensaiados por Veríssimo (2007). Considerando 
que ηF = (Pu,Frontal)/(hsctscfc), e aplicando esse conceito a partir dos dados apresentados 
na Tabela 4, obtém‐se um valor médio de ηF igual a 5,059. Esse valor é próximo do fator 
4,50  estabelecido  anteriormente  e  que  define  a  parcela  que  a  região  frontal  dos 
conectores Perfobond resiste. Contudo, observou‐se que o valor de ηF aumentava com 
o  aumento  da  resistência  fc.  Assim,  interpolando  os  valores  de  ηF  em  função  de  fc, 
obtém‐se: 

 F  0,095 f c  8,310                                                                                                                      (6) 

Com os valores de ηF e ηD definidos para o conector Crestbond CR56b (D = 56 mm, ver 
Figura 1a), torna‐se possível o cálculo da capacidade do concreto da laje de resistir ao 
cisalhamento. Contudo, os valores de ηD obtidos são fixados somente para a geometria 
de conector CR56b que apresentam valores de ex igual a 2,155D, ou seja, 121 mm.  

Dutra (2014) realizou um estudo numérico‐paramétrico de conectores Crestbond, com 
o uso do software de elementos finitos Abaqus. Na série de modelos R, o autor variou o 
diâmetro  D  do  círculo  inscrito  no  componente  de  concreto,  sem  o  uso  de  barras  de 
armadura  passante  e  os  conectores  possuíam  a  mesma  espessura  dos  modelos  que 
foram simulados neste trabalho, com tsc  igual a 12 mm. De posse de seus resultados, 

295 
foram estimados valores de ηD para cada modelo dessa série utilizando as Equações 5 e 
6,  e  isolando‐se  os  valores  de  ηD.  Dessa  forma,  foi  possível  traçar  a  curva  em  azul 
apresentada na Figura 13a, que representa a variação dos valores de ex em relação aos 
valores de ηD. Nota‐se que todos os pontos dessa função são colineares, com exceção 
do ponto indicado, que representa o valor ηD para o conector Crestbond CR56b obtido 
ao final do Subitem 3.3 deste trabalho. Os demais pontos representam os resultados 
obtidos através dos dados disponíveis no trabalho de Dutra (2014). 
2,000 2,800

Valores de ηD
Valores de ηD

2,400
1,600
ηD,PZ = 2 ‐ ex/400  2,000
1,200 ηD,conf = 2,507 ‐ ex/400 
CR56b, ηD = 0,570  1,600
0,800 1,200 ηD,As = 1,176 ‐ ex/400 
0,800
0,400
ηD,Crest = 0,873 ‐ ex/400  0,400
0,000 ηD,As0 = 0,873 ‐ ex/400 
0,000
60 110 160 210 60 110 160 210
Valores de ex Valores de ex
Crest-As0 Crest-As0(ajuste) puzzle Crest-As0 Crest-As Crest-conf.

           (a) Procedimento de ajuste para Crest‐As0        (b) ηD sob condições distintas de confinamento 
Figura 13 – Diagrama de valores ηD versus valores de ex. 

Na Figura 13a foi traçada também uma curva de cor preta representando a variação dos 
valores de ηD em função de ex para o conector de geometria puzzle‐shaped, com ηD,PZ = 
2‐ ex/400 (Z‐26.4‐56, 2013). Essa equação é recomendada somente para situações em 
que o uso do conector é feito com alta taxa de armadura e alto confinamento. Apesar 
de que essa não seja a mesma situação a qual os conectores Crestbond estão sujeitos, 
onde não estão sendo utilizadas nem ao menos barras de armadura passantes (baixo 
confinamento), a curva do conector puzzle‐shaped é útil para fins comparativos, uma 
vez  que  ela  apresenta  praticamente  a  mesma  inclinação  apresentada  pelo  conector 
Crestbond.  Dessa  forma,  ajustou‐se  a  curva  deste  último,  de  modo  que  ela  tenha  a 
mesma  inclinação  da  curva  do  conector  puzzle‐shaped  e  que  passasse  pelo  ponto 
indicado no diagrama (valor de ηD igual 0,570 estimado no Subitem 3.3), obtendo‐se a 
curva final de cor vermelha. Essa curva, portanto, caracteriza os valores de ηD, em função 
de ex para os conectores Crestbond quando não são utilizadas armaduras passantes. 

É  oportuno  mencionar  que  o  conector  Crestbond  pode  ser  utilizado  também  em 
situações com armadura passante (ηD,As igual a 0,873, valor encontrado no Subitem 3.3), 

296 
e  com  altas  taxas  de  armadura  que  provocam  um  efeito  adicional  de  confinamento 
(ηD,conf igual a 2,204, valor encontrado no Subitem 3.2). Considerando a hipótese de que 
o  conector  Crestbond  mantém  a  mesma  inclinação  de  curva  que  as  apresentadas  na 
Figura  13a,  e  conhecendo‐se  os  pontos  ηD,As  igual  a  0,873  e  ηD,conf  igual  a  2,204,  que 
representam a geometria de conector CR56b (ex igual a 121 mm), obtém‐se as curvas 
dispostas no diagrama da Figura 13b. 

Tabela 6 – Modelo analítico proposto neste trabalho para o dimensionamento de conectores 
Crestbond. 

Modelo analítico para conectores Crestbond 

qu ,sh   F hsct sc f c  n D ex f c 1   d   
2
Equação 
geral 
OBS: ex =2,155D e ρD = (ErAb)/(EcmAD)
Valores 
 F  8,310  0, 095 f c  
de ηF 

Valores 
 D  0,873  ex 400    D  1,176  ex 400    D  2,507  ex 400  
de ηD  (nenhuma armadura passante  (armadura passante e  (alto confinamento provocado 
e baixo confinamento) baixo confinamento)  pela alta taxa de armadura) 

Tabela 7 – Comparação entre as forças máximas dos modelos obtidos em ensaios de 
cisalhamento e as forças máximas estimadas através do modelo analítico. 

D  ex   fc 
Pu,Teo Pu,Exp  Pu ,Teo
Modelo  n  ρD  ηD  ηF   
(mm)  (mm)  (MPa)  kN  kN  Pu , Exp
B1*  56  3 121  26,60 0,00 0,570 5,783 279,32 296,20  0,943 
B2*  56  3 121  26,60 0,00 0,570 5,783 279,32 306,50  0,911 
B3*  56  3 121  27,20 0,16 0,873 5,726 384,88 348,80  1,103 
B4*  56  3 121  26,90 0,16 0,873 5,755 382,78 375,90  1,018 
B5*  56  3 121  28,50 0,23 0,873 5,603 408,27 378,20  1,080 
B6*  56  3 121  24,80 0,24 0,873 5,954 381,48 371,80  1,026 
C1*  56  3 121  46,90 0,00 0,570 3,855 348,00 361,30  0,963 
C2*  56  3 121  48,10 0,00 0,570 3,741 349,35 377,50  0,925 
C3*  56  3 121  49,10 0,14 0,873 3,646 480,49 493,70  0,973 
C4*  56  3 121  48,70 0,14 0,873 3,684 479,72 506,70  0,947 
C5*  56  3 121  48,70 0,20 0,873 3,684 495,88 465,00  1,066 
C6*  56  3 121  45,90 0,20 0,873 3,950 489,28 496,90  0,985 
R35**  35  5 75  25,00 0,00 0,684 5,935 204,19 221,00  0,924 
R42**  42  3 91  25,00 0,00 0,647 5,935 198,77 214,00  0,929 
R43**  43  4 93  25,00 0,00 0,641 5,935 231,23 254,00  0,910 
R49**  49  3 106  25,00 0,00 0,609 5,935 233,63 257,00  0,909 
R56**  56  3 121  25,00 0,00 0,571 5,935 269,04 303,00  0,888 
R63**  63  3 136  25,00 0,00 0,534 5,935 304,23 356,00  0,855 
R80**  80  2 172  25,00 0,00 0,442 5,935 318,33 358,00  0,889 
*Modelo  experimental  analisado  por  Veríssimo  (2007);  **Modelo  numérico  analisado  por  Dutra 
(2014). 
 Todos os modelos apresentavam as seguintes caraterísticas geométricas:  
tsc = 12,0 mm e hsc = D + cu; onde cu = 25 mm, é o cobrimento inferior (Figura 1a) 

297 
Considerando todos os passos realizados neste trabalho, na Tabela 6 é apresentado um 
quadro resumo contendo o modelo analítico para obtenção da capacidade resistente de 
conectores  Crestbond,  em  que  a  ruptura  por  cisalhamento  do  concreto  governa  o 
colapso da conexão. Na Tabela 7 são apresentadas as forças máximas dos modelos de 
ensaios de cisalhamento com conectores Crestbond (Pu,Exp), encontradas na literatura, e 
as forças teóricas (Pu,Teo), estimadas através do modelo analítico proposto neste trabalho 
(Tabela 6). Na última coluna é realizada a razão entre as forças Pu,Teo/Pu,Exp, obtendo uma 
razão média de 0,96.  

5 Conclusões 

Este  artigo  apresenta  um  modelo  analítico  para  o  dimensionamento  de  conectores 
Crestbond  quando  o  estado‐limite  último  é  o  cisalhamento  da  laje  de  concreto.  Esse 
modelo segue a tendência de padronizar as expressões para o dimensionamento dos 
conectores de geometria aberta, conhecidos como composite dowels. Ao final, o modelo 
analítico  foi  comparado  com  resultados  encontrados  na  literatura  e  aos  que  foram 
obtidos nas simulações deste trabalho, obtendo‐se uma boa concordância entre esses 
resultados. 

Na expressão utilizada para obter a capacidade ao cisalhamento dos componentes de 
concreto, é utilizado o fator ηD que depende da geometria do conector. Caso o conector 
seja utilizado de forma intermitente, deve ser acrescida a parcela referente à resistência 
frontal do conector. A capacidade frontal do conector é função do fator ηF que varia 
linearmente  com  a  resistência  do  concreto.  Neste  trabalho  foram  desenvolvidas 
expressões para determinar os valores de ηD e ηF para qualquer geometria de conector 
Crestbond. 

Caso se deseje utilizar o conector Crestbond contínuo, recomenda‐se utilizar barras de 
armadura passantes nos componentes de concreto. Essas barras contribuem para uma 
melhor  ductilidade  da  conexão,  evitando  fissuras  prematuras  que  podem  afetar  a 
capacidade do conector e a durabilidade da laje de concreto. 

Agradecimentos 

Os  autores  agradecem  o  aporte  financeiro  concedido  pela  CAPES  (Coordenação  de 
Aperfeiçoamento  de  Pessoal  de  Nível  Superior),  CNPq  (Conselho  Nacional  de 

298 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa 
do Estado de Minas Gerais). 

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299 
Recebido: 02/05/2018 
Aprovado: 22/06/2018 
Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 300‐320 ‐ ISSN 2238‐9377 
    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   
 
Efeitos da interação solo‐estrutura em 
edifícios de aço sobre fundação superficial 
 
Renan Moura Guimarães2, Alex Sander Clemente de Souza1* e Silvana De 
Nardin1, 
1
Prof. Dr. do Programa de Pós‐graduação em Estruturas e Construção Civil 
da Universidade Federal de São Carlos, alex@ufscar.br 
2
 Mestre em Estruturas e Construção Civil pela Universidade Federal de 
São Carlos 
  
Effects of soil–structure interaction in steel building on surface foundation 
 
Resumo 
Este  trabalho  apresenta  um  estudo  comparativo  entre  diferentes  edificios  em  aço  sobre 
fundação do tipo sapatas com a finalidade de analisar a influência da interação solo‐estrutura 
(ISE)  nos  recalques  e  nos  esforços  solicitantes.  Foram  dimensionadas  5  estruturas  e  suas 
respectivas fundações, variando o número de pavimentos e tipos de contraventamentos. As 
estruturas  foram  analisadas  de  forma  convencional  considerando  o  solo  indeformável  e 
considerando  a  deformabilidade  do  solo  por  meio  de  coeficientes  de  reações  aplicando  a 
Hipótese de Winkler. Foram analisados os resultados de reações de apoio e momentos fletores 
na base dos pilares, coeficientes de estabilidade global B2, deslocamentos laterais, recalques e 
também a variação dos esforços de compressão axial e momentos fletores ao longo da altura 
dos edifícios. 

Palavras‐chave:     Interação solo‐estrutura, estruturas metálicas, fundações

Abstract 
This work presents a comparative study between different steel structures on a single‐footing 
foundation with the purpose of analyzing the influence of the soil‐structure interaction (SSI) 
on  soil  displacements  and  stresses.  Five  structures  and  their  respective  foundations  were 
designed, varying the number of floors and types of bracing. The structures were analyzed in 
a  conventional  way  considering  rigid  base  and  considering  the  deformability  of  the  soil  by 
means of reaction coefficients applying the Winkler Hypothesis (SSI). Were analyzed the results 
of base reactions and bending moments at the base of the columns, global stability coefficients 
B2, lateral displacements, soil displacements and also the variation of the axial compression 
forces and bending moments along the height of the buildings. 
 
 
Keywords:     soil‐structure interaction, steel structures, foundations 
 
 
* autor correspondente 
1 Introdução 

Uma  das  etapas  iniciais  da  construção  de  um  edifício  é  a  concepção  dos  projetos, 
dentre eles o projeto de estruturas e o das fundações. O que ocorre na atualidade é 
que  ambos  os  projetos  são  desenvolvidos  separadamente  e,  por  não  haver  uma 
interface  entre  os  projetistas  estrutural  e  de  fundações,  a  edificação  acaba  sendo 
dividida em superestrutura, que é a parte acima do solo, e infraestrutura, que é a parte 
enterrada (IWAMOTO, 2000). Com isso, no geral, a interação entre o solo e a estrutura 
(ISE) não é considerada. Sendo assim, o solo é tido como uma base fixa e indeformável 
pelo  projetista  de  estruturas  que,  com  essa  hipótese,  analisa  as  distribuições  dos 
esforços normais, deformações e momentos, e a partir disso dimensiona a estrutura. 
Porém  essa  hipótese  pode  divergir  significativamente  da  realidade  pois  o  solo  é 
deformável e essa deformabilidade pode alterar as condições de apoio e gerar esforços 
e  recalques  diferentes  daqueles  obtidos  com  a  análise  convencional,  ou  seja 
considerando o solo indeformável. 

As edificações, com relação à análise estrutural, podem ser definidas como um sistema 
constituído por três componentes, sendo eles a superestrutura, a infraestrutura e o 
solo de fundação, como pode ser observado na Figura 1.  

Figura 1 – Elementos que compõem a estrutura de forma global 

Enquanto a superestrutura é constituída por lajes, vigas e pilares, responsáveis pela 
transmissão das ações para a fundação, a infraestrutura liga a superestrutura ao solo, 
sendo responsável pela transferência dos carregamentos, e o solo de fundação, por 
sua  vez,  absorve  os  esforços  da  superestrutura  garantindo  o  equilíbrio  global  do 

301 
sistema (CRESPO, 2004). A interação solo‐estrutura nada mais é do que o mecanismo 
de interação entre esses três componentes. 

Tem‐se investigado diferentes formas ou procedimentos para representar o solo e a 
fundação  na  análise  estrutural,  por  exemplo,  podem  ser  utilizadas  molas  elásticas 
distribuídas  na  interface  estrutura‐solo,  para  representar  as  características  do  solo. 
Dessa maneira, o coeficiente da mola em questão está relacionado com a deformação 
do  solo,  e  pode  ser  determinado  a  partir  de  correlações  com  o  seu  módulo  de 
elasticidade.  

Vários autores têm se dedicado a investigação do efeito da interação solo estrutura 
sobre  a  distribuição  de  esforços  e  no  dimensionamento  dos  elementos  estruturais, 
com  destaque  para:  HOLANDA  JR.  (1998),  REIS  (2000),  GONÇALVES  (2011)  (2004)  e 
TESTONI  (2013).  Vale  registrar  que  a  maioria  desses  trabalhos  foca  sua  análise  em 
edifícios de concreto armado. 

Outra  linha  de  pesquisa  busca  o  desenvolvimento  de  procedimentos  e  ferramentas 


numéricas  para  a  análise  da  interação  solo‐estrutura.  Silva  e  Coda  (2010),  Soares  e 
outros  (2010)  e  Silva  (2014)  tem  trabalho  neste  sentido  sendo  possível  identificar 
diversos modelos de simulação da interação solo‐estrutura.  

O  modelo  mais  simples  e  direto  é  o  modelo  de  Winkler.  Trata‐se  de  um  método 
simplificado para consideração da deformação do solo,  onde a reação em qualquer 
ponto do solo é proporcional à deformação neste ponto. A descontinuidade do solo 
não é considerada, sendo este fator uma das principais críticas ao método. A Hipótese 
de  Winkler  tem  como  grande  vantagem  a  facilidade  e  rapidez  de  aplicação  e  serve 
como ponto inicial para uma estimativa rápida dos efeitos da deformação do solo nas 
estruturas.  Outra  grande  vantagem  é  a  dispensa  de  utilização  de  grandes  recursos 
computacionais  ou  necessidade  de  conhecimento  de  muitos  parâmetros  do  solo.  
Deste modo, a Hipótese de Winkler é um dos mais utilizados em pesquisas na área da 
interação  solo‐estrutura  devido  principalmente  à  sua  simplicidade  e  resultados 
satisfatórios. Alguns autores que utilizaram a Hipótese de Winkler foram Mendonça 
(2012),  Kocak  (2000),  Gerolymos  (2005),  Aron  (2012)  e  Antoniazzi  (2011),  Colares 
(2006), MENDONÇA et al. (2015). 

302 
A Figura 2 apresenta o esquema utilizado para formulação do método de Winkler onde 
o solo sob uma área carregada é substituído por um conjunto de molas lineares cuja 
rigidez relaciona a pressão no solo e o recalque resultante – Equação 1.   

Figura 2 – Modelo esquemático de Hipótese de Winkler  

   Equação 1 

 – Pressão aplicada ao solo pelo elemento de fundação 

 – Coeficiente de reação vertical  

 – Recalque  

Além dos coeficientes de reação verticais, podem ser definidos coeficientes de reação 
horizontais e de rotação, seguindo o mesmo raciocínio. A Hipótese de Winkler não leva 
em  consideração  a  interação  entre  áreas  carregadas  adjacentes,  ou  seja,  os 
coeficientes de reações verticais são independentes entre si. O coeficiente de reação 
vertical depende de diversos fatores, dentre eles as dimensões da fundação e o tipo 
de construção, não constituindo uma propriedade do solo, e pode ser determinado 
por meio de tabelas típicas e correlações com as propriedades elásticas do solo, por 
ensaio, ou pelo recalque estimado utilizando a Equação 1 e as Equações 2 e 3.  

   Equação 2 

    Equação 3 

Onde:  

: recalque. 

: carregamento imposto. 

B: menor largura da sapata. 

ʋ: coeficiente de Poisson do solo. 

303 
E: módulo de elasticidade do solo. 

: fator de influência. 

: coeficiente de recalque vertical. 

Portanto, as características do solo pertinentes ao estudo são o coeficiente de Poisson 
e o módulo de elasticidade do solo, assim como as dimensões das sapatas e o fator de 
influência.  Pode‐se  notar  que  para  a  determinação  do  recalque,  se  faz  necessário 
conhecer o valor do carregamento e vice‐versa. Porém, ao calcular um determinado 
deslocamento, ocorrerá uma redistribuição dos esforços, alterando o carregamento, 
logo trata‐se de um processo iterativo.  

Segundo  Antoniazzi  (2011),  o  mecanismo  de  interação  solo‐estrutura  tem  início 


juntamente com a fase inicial da construção e se estende até que haja uma situação 
de  equilíbrio,  ou  seja,  quando  as  deformações  na  estrutura  e  no  solo  estiverem 
estabilizadas.  A  compatibilização  das  deformações,  tanto  do  solo  quanto  da 
superestrutura, resulta em uma tendência de uniformização de recalques.  

Portanto, a determinação do recalque provém de um cálculo iterativo, que pode ser 
solucionado utilizando programas computacionais específicos. 

Alguns  efeitos  sobre  a  distribuição  de  esforços  em  edifícios  de  concreto  armado  já 
foram  obtidos  por  Antoniazzi  (2011),  que  fez  a  análise  de  um  pórtico  plano  de  12 
pavimentos  em  concreto  armado,  com  fundações  do  tipo  sapata,  sendo  o  solo 
classificado como argila arenosa e utilizando o método de Winkler. Comparando os 
resultados  com  a  ISE  e  sem,  obteve  deslocamento  até  74%  maiores  no  primeiro 
pavimento ao considerar a ISE. Em se tratando de momentos fletores positivos, para 
as  vigas  do  segundo  tramo,  os  valores  obtidos  com  a  ISE  foram  entre  88%  e  196% 
maiores,  sendo  o  extremo  superior  alcançado  junto  à  base  do  edifício.  Nos  últimos 
pavimentos, houve a inversão do sinal dos momentos fletores. Além disso, os esforços 
normais  foram  redistribuídos  de  forma  que  houve  alívio  nos  pilares  centrais  e 
sobrecarregar nos pilares das extremidades, que experimentaram acréscimos de carga 
de até 18%. 

Resultados semelhantes foram obtidos por Mendonça et al. (2015) em uma análise de 
um edifício de quatro pavimentos, utilizando o modelo de Winkler. Além da análise 

304 
dos esforços e deslocamentos com e sem a consideração da ISE, seu estudo comparou 
os resultados obtidos em diferentes tipos de solo e concluiu que a diferença é maior 
em  solos  argilosos  e  silte‐argilosos,  diminuindo  na  medida  em  que  aumenta  a  sua 
consistência ou a compacidade dos solos arenosos. 

Na pesquisa bibliográfica inicial não foram encontrados trabalhos sobre a análise do 
efeito da interação solo estruturas em edifícios estruturados em aço ou mistos de aço 
e  concreto.  Portanto,  tem‐se  como  objetivo  analisar  os  efeitos  da  interação  solo‐
estrutura na distribuição de esforços e deslocamentos em estruturas metálicas sobre 
fundação superficial variando‐se o número de pavimentos. 

2 Metodologia  

Para  análise  do  efeito  da  interação  solo‐estrutura  tomou‐se  como  base  um  edifício 
modelo  de  uso  residencial  de  múltiplos  pavimentos  estruturado  em  aço.  São 
edificações hipotéticas e considerando um solo que, a princípio, teria capacidade para 
suportar  fundações  superficiais.  A  solução  em  fundação  superficial  não 
necessariamente  é  a  solução  mais  adequada  para  algumas  das  configurações 
estudadas, porém servem de referência para futuros estudos considerando fundações 
profundas. As Figuras 3, 4 e 5 apresentam as plantas juntamente com a disposição dos 
contraventamentos adotados para cada uma das estruturas analisadas. As estruturas 
foram  analisadas  e  dimensionadas  sem  e  com  a  consideração  da  interação  solo‐
estrutura, variando‐se a altura do edifício considerando cinco casos: 4, 8, 12, 16 e 20 
pavimentos. Para viabilizar o aumento do número de pavimentos, houve a necessidade 
de  variação  dos  contraventamentos  (foram  utilizados  pórticos  rígidos  e  tirantes 
dispostos  em  “X”).  O  aço  utilizado  foi  o  ASTM  A572  Gr50  em  perfis  soldados  e 
laminados  nas  vigas  e  pilares.  Nas  lajes  e  fundações  foi  utilizado  concreto  C20.  A 
determinação das ações e combinações, a análise estrutural e o dimensionamento dos 
elementos estruturais em aço foram desenvolvidos de acordo com a NBR 8800 (ABNT, 
2008). Para o projeto das fundações foram utilizadas as recomendações da NBR 6122 
(ABNT,  2010).  Além  dessas,  outras  referências  normativas  foram  utilizadas  para 
projeto  NBR  6123  (ABNT,  1988)  referente  às  forças  de  vento  em  edificações  e  NBR 
8681 (ABNT, 2003) referente às ações e segurança nas estruturas. Os coeficientes de 

305 
reação vertical (CRV), que foram utilizados para a modelagem do solo‐fundação, foram 
determinados por meio da Hipótese de Winkler. 

Figura 3 – Planta das edificações de 4 e 8 pavimentos (dimensões em mm)  

Figura 4 – Planta das edificações de 12 e 16 pavimentos (dimensões em mm) 

306 
 

Figura 5 – Planta da edificação de 20 pavimentos (dimensões em mm) 

A análise estrutural foi desenvolvida utilizando o programa SAP 2000 e de acordo com 
as  recomendações  da  NBR  8800  (ABNT,  2008).  A  estrutura  foi  modelada 
tridimensionalmente incluindo a laje de concreto. A Figura 6 apresenta uma ilustração 
3D da geometria do modelo estrutural e a discretização de um pavimento.  

Figura 6 – Geometria do modelo estrutural  

Uma vez dimensionada a estrutura considerando o solo indeslocável foi desenvolvido 
o projeto das fundações para a reações de apoio resultantes, ou seja, sem interação 
solo‐estrutura.  

307 
Para o projeto das fundações em sapata foi considerado um solo arenoso com tensão 
admissível inicial de 533 kN/m², obtida através da equação 4 para o solo adotado, cujo 
perfil  de  sondagem  SPT  é  apresentada  na  Figura  7.  As  sapatas  foram  consideradas 
assentadas na cota de 2m cujo SPT é igual a 16. Estes valores foram adotados para 
estimativa inicial da tensão admissível do solo, já que neste momento não é conhecida 
ainda a profundidade do bulbo de tensões do solo abaixo da sapata. 

Figura 7 – Sondagem do solo utilizado. 

Equação 4
,

O módulo de elasticidade do solo, utilizado para o cálculo do recalque da fundação, foi 
obtido utilizando‐se a Equação 5, apresentada em Godoy e Teixeira (1996). 

. .     Equação 5
Onde:  

: igual a 3 para solos arenosos 

: igual a 900 kN/m² para solos arenosos 

N: Valor de SPT na camada de assente da fundação 

Para o edifício de 4 pavimentos foram dimensionados três tipos diferentes de sapatas, 
para pilares com até 294 kN de compressão, outro tipo para pilares com até 508 kN de 
compressão e, por fim, um outro tipo para pilares com até 668 kN de compressão. O 
mesmo  procedimento  foi  adotado  para  todas  as  estruturas  estudadas.  A  Figura  8 

308 
apresenta a planta de fundação com as dimensões da sapata para o caso do edifício de 
4 pavimentos.   

 
Figura 8 – Planta de fundação para o edifício com 4 pavimentos (cotas em cm). 

Concluído o projeto das estruturas e fundações passa‐se a consideração da interação 
solo‐estrutura.  Para  a  análise  considerando  a  interação  solo  estrutura  (ISE)  foram 
modeladas as estruturas com elementos de barras para vigas e pilares e elementos de 
placa para as lajes. As sapatas foram modeladas com elementos sólidos. E o solo foi 
representado no modelo de análise por molas verticais e horizontais determinadas de 
forma iterativa pelo processo de Winkler. A Figura 9 apresenta um detalhe do modelo 
numérico  da  estrutura  e  seus  componentes,  estrutura,  sapatas,  solo  (representado 
pelas molas) para consideração da ISE. 

Figura 9 – detalhe do modelo estrutural para consideração da ISE. 

309 
No  modelo  numérico  os  pilares  estão  conectados  diretamente  às  fundações  em 
sapatas. As sapatas foram modeladas com elementos finitos sólidos com uma malha 
regular que resultou em 25 nós em sua base. Os coeficientes de reação vertical obtidos 
para cada pilar, que no modelo representa o solo, foram distribuídos na área da sapata 
e aplicado nestes 25 nós. Procedimento semelhante foi adotado para aplicação dos 
coeficientes de reação horizontal. 

3 Resultados e discussões 

Apresenta‐se  e  discute‐se  em  seguida  os  resultados  de  recalques,  deslocamentos  e 


esforços  com  e  sem  a  consideração  da  interação  solo‐estrutura  para  os  5  edifícios 
analisados. Foi adotada a seguinte nomenclatura ENpav (E = edifício e Npav – número 
de  pavimentos)  para  identificar  os  modelos  sem  interação  solo  estrutura  e  para  os 
modelos como interação solo estrutura ENpavISE.  A Tabela 1 apresenta os coeficientes 
de  reação  vertical  (CRV)  obtido  para  os  5  casos  analisados.  Para  os  coeficientes  de 
reação horizontal foram tomados valores correspondentes a 40% dos CRVs. 

Tabela 1 – coeficientes de reação vertical 

Coeficientes de reação vertical (kN/m)


Pilar E4ISE E8ISE E12ISE E16ISE E20ISE
1 49390  76437  149125  128556  133364 
2 49390  76437  176545  134158  137476 
3 49390  76437  177545  133842  137476 
4 49390  76437  149250  126278  133318 
5 60366  111716  172091  124737  138520 
6 68598  111716  221385  175185  168978 
7 68598  111716  217154  175185  171435 
8 60366  111716  172091  124737  138560 
9 60366  111716  172091  124579  138560 
10 68598  111716  221462  175407  168978 
11 68598  111716  217231  175407  171435 
12 60366  111716  172091  124579  138560 
13 49390  76437  149000  128833  133364 
14 49390  76437  176182  133579  137476 
15 49390  76437  177545  133579  137476 
16 49390  76437  149125  126556  133182 
 

310 
Conforme  o  número  de  pavimentos  aumenta,  as  dimensões  das  sapatas  também 
aumentam, gerando CRVs que não dependem linearmente da altura da estrutura, mas 
sim da relação entre a força de compressão na base do pilar e as dimensões em planta 
da sapata. 

O gráfico da Figura 10 apresenta uma comparação dos esforços de compressão na base 
dos pilares para análise convencional e considerando a ISE para a combinação de ações 
que conduz aos esforços críticos nos elementos estruturais. 

Nota‐se uma pequena redução nos valores dos esforços de compressão axial na base 
dos pilares centrais (P6, P7, P10 e P11), para todas as estruturas analisadas. Os pilares 
P13,  P14,  P15  e  P16  (pilares  que  recebem  a  ação  de  vento  para  a  combinação 
analisada), também apresentaram reduções dos valores destes esforços. A estrutura 
de 20 pavimentos apresentou redução dos esforços de compressão axial na base dos 
pilares  centrais  e  aumento  destes  esforços  nos  pilares  de  extremidade.  De  forma 
qualitativa o comportamento é semelhante ao observado em estruturas de concreto 
armado  com  redução  de  esforços  nos  pilares  centrais  e  aumento  de  esforços  nos 
pilares periféricos.  

6500
6000
5500
Esforço normal (kN)

5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16
Pilar

E4 E4ISE E8 E8ISE E12 E12ISE E16 E16ISE E20 E20ISE


 

Figura 10 – Comparação de reações nos apoios com e sem ISE (kN) 

O  gráfico  da  Figura  11  apresenta  uma  comparação  entre  os  recalques  finais  para 
análise convencional e considerando a ISE. 

311 
24
22
20
18
Recalque (mm) 16
14
12
10
8
6
4
2
0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16
Pilares

E4 E4ISE E8 E8ISE E12 E12ISE E16 E16ISE E20 E20ISE


 

Figura 11 – Comparação de recalques com e sem ISE (mm) 

Percebe‐se pela Figura 11 que não houve alterações significativa dos recalques devido 
a análise considerando a ISE.  

 A Figura 12 apresenta de forma comparativa os momentos fletores finais nos apoios 
com e sem consideração da ISE. 

1400
1300
Momentos Fletores (kN.m)

1200
1100
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
P6 P7 P10 P11
Pilares

E4 E4ISE E8 E8ISE E12 E12ISE E16 E16ISE E20 E20ISE


 

Figura 12 – Comparação dos momentos fletores com e sem ISE (kN.m) 

Para  as  estruturas  de  até  8  pavimentos  não  houve  variações  significativas  nos 
momentos  fletores  na  base  dos  pilares.  Já  para  as  estruturas  com  12  ou  mais 
pavimentos houve um aumento nos momentos fletores, sendo este aumento de 1,67% 
para a estrutura de 12 pavimentos, 1,53% para as estruturas de 16 e de +2,12% para 
as estruturas de 20 pavimentos. 

312 
Foram analisados também a variação dos esforços normais e momentos fletores ao 
longo da altura dos pilares. Para ilustrar esses resultados foi utilizado como exemplo o 
pilar P11 da estrutura de 20 pavimento. 

A Tabela 2 apresenta os resultados de esforços axiais nos pilares ao longo da altura 
com e sem a consideração da iteração solo estruturas para o edifício de 20 pavimentos. 

Tabela 2 – Variação do esforço de compressão axial ao longo da altura do pilar  

Pavimento P11-E20 P11-E20ISE Diferença


(kN) (kN) (%)

Pav1  6324  6313  ‐0,17 


Pav2  5999  5992  ‐0,12 
Pav3  5638  5627  ‐0,20 
Pav4  5284  5270  ‐0,26 
Pav5  4922  4907  ‐0,30 
Pav6  4600  4583  ‐0,37 
Pav7  4268  4251  ‐0,40 
Pav8  3942  3925  ‐0,43 
Pav9  3605  3588  ‐0,47 
Pav10  3305  3287  ‐0,54 
Pav11  2992  2976  ‐0,53 
Pav12  2684  2668  ‐0,60 
Pav13  2378  2363  ‐0,63 
Pav14  2076  2062  ‐0,67 
Pav15  1776  1764  ‐0,68 
Pav16  1480  1469  ‐0,74 
Pav17  1187  1178  ‐0,76 
Pav18  898  891  ‐0,78 
Pav19  615  610  ‐0,81 
Pav20  338  335  ‐0,89 
 

Observa‐se que ocorrem maiores diferenças entre os esforços com e sem ISE para os 
pavimentos mais elevados, no entanto essa diferença não alcança 1%. Para as demais 
estruturas esse comportamento é semelhante. 

A  Tabela  3  apresenta  a  variação  dos  momentos  fletores  ao  longo  da  altura  da 
edificação com e sem a consideração da iteração solo estrutura para o edifício de 20 
pavimentos. 

313 
Tabela 3 – Variação do momento fletor ao longo da altura do pilar 

Pavimento P11-E20 P11-E20ISE Diferença


(kN.m) (kN.m) (%)
Pav1  843  861  2,14 
Pav2  516  525  1,74 
Pav3  303  304  0,33 
Pav4  180  180  0,00 
Pav5  112  111  ‐0,89 
Pav6  73  71  ‐2,74 
Pav7  49  47  ‐4,08 
Pav8  32  30  ‐6,25 
Pav9  20  18  ‐10,00 
Pav10  10  8  ‐20,00 
Pav11  3  1  ‐66,67 
Pav12  ‐4  ‐6  50,00 
Pav13  ‐10  ‐12  20,00 
Pav14  ‐15  ‐18  20,00 
Pav15  ‐20  ‐22  10,00 
Pav16  ‐23  ‐26  13,04 
Pav17  ‐25  ‐28  12,00 
Pav18  ‐25  ‐28  12,00 
Pav19  ‐21  ‐23  9,52 
Pav20  ‐5  ‐8  60,00 
 

No caso apresentado a média das diferenças entre os momentos fletores com e sem a 
consideração da ISE é de 16%. Para estruturas de aço, sobretudo as mais altas, já se 
esperava  maiores  diferenças  nos  resultados  de  momento  fletor  em  relação  aos 
esforços  normais  devido  a  relação  entre  as  ações  permanentes  verticais  e  as  ações 
horizontais do vento e a altura do edifício. Observa‐se na Tabela 3 diferenças entre 
momentos  fletores  da  ordem  de  60%,  no  entanto,  isso  ocorre  para  valores  de 
momentos fletores muito pequeno visto que se trata de uma estrutura contraventada. 

Com  relação  aos  deslocamentos  laterais  as  Figuras  de  13  a  15  apresentam  uma 
comparação entre os deslocamentos laterais para análise convencional e considerando 
a ISE para combinações de serviço. 

314 
Pav4 Pav4

Pavimentos

Pavimentos
Pav3 Pav3
Pav2 Pav2
Pav1 Pav1

0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5


Deslocamentos (cm) Deslocamentos (cm)
Direção X E4ISE Direção X E4
Direção Y E4ISE Direção Y E4
            

Figura 13 – Comparação deslocamentos laterais ‐ Estrutura de 4 pavimentos 

Pav12 Pav12
Pav11 Pav11
Pav10 Pav10
Pav9 Pav9
Pav8 Pav8
Pavimentos
Pavimentos

Pav7 Pav7
Pav6 Pav6
Pav5 Pav5
Pav4 Pav4
Pav3 Pav3
Pav2 Pav2
Pav1 Pav1

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7
Deslocamentos (cm) Deslocamentos (cm)

Direção X E12ISE Direção X E12 Direção Y E12ISE Direção Y E12


 

Figura 14 – Comparação deslocamentos laterais ‐ Estrutura de 12 pavimentos 

315 
Pav20 Pav20
Pav19 Pav19
Pav18 Pav18
Pav17 Pav17
Pav16 Pav16
Pav15 Pav15
Pav14 Pav14
Pav13 Pav13
Pav12 Pav12
Pavimentos

Pavimentos
Pav11 Pav11
Pav10 Pav10
Pav9 Pav9
Pav8 Pav8
Pav7 Pav7
Pav6 Pav6
Pav5 Pav5
Pav4 Pav4
Pav3 Pav3
Pav2 Pav2
Pav1 Pav1

0 2 4 6 8 10 12 14 16 0 2 4 6 8
Deslocamentos (cm) Deslocamentos (cm)

Direção X E20ISE Direção X E20 Direção Y E20ISE Direção Y E20


 

Figura 15 – Comparação deslocamentos laterais ‐ Estrutura de 20 pavimentos 

Para a estrutura de 4 pavimentos a variação do deslocamento no topo da estrutura foi 
de  aproximadamente  33%.  As  diferenças  entre  os  deslocamentos  com  e  sem  ISE 
aumenta  com  o  aumento  no  número  de  pavimentos  chegando‐se  a  67%  para  a 
estrutura de 8 pavimentos e 72% para a estrutura de 20 pavimentos.  Deve‐se levar 
em  consideração  que  houve  alterações  nos  contraventamentos  para  viabilizar  o 
aumento  do  número  de  pavimentos  das  estruturas,  portanto  não  são  estruturas 
exatamente idênticas no que se refere ao sistema de contraventamento. 

A  Figura  16  apresenta  uma  comparação  para  a  variação  ao  longo  da  altura  do 
coeficiente de classificação quanto a deslocabilidade “B2”, no caso dos edifícios de 20 
pavimentos, para análise convencional e considerando a ISE. A Figura 17 apresenta os 
valores  máximos  de  B2  utilizados  para  classificar  cada  estrutura  quanto  a 
deslocabilidade.      

316 
Pav20 Pav20
Pav19 Pav19
Pav18 Pav18
Pav17 Pav17
Pav16 Pav16
Pav15 Pav15
Pav14 Pav14
Pav13 Pav13

Pavimentos
Pav12
Pavimentos

Pav12
Pav11 Pav11
Pav10 Pav10
Pav9 Pav9
Pav8 Pav8
Pav7 Pav7
Pav6 Pav6
Pav5 Pav5
Pav4 Pav4
Pav3 Pav3
Pav2 Pav2
Pav1 Pav1

0,95 1 1,05 1,1 1,15 1,2 0,9 1 1,1 1,2


B2 B2

Direção X E20ISE Direção X E20 Direção Y E20ISE Direção Y E20

Figura 16 – Comparação dos coeficientes de estabilidade global ‐ Estrutura 20 Pav. 

1,3 1,4
1,3
1,2
B2

B2

1,2
1,1
1,1
1 1
4Pav 8Pav 12Pav 16Pav 20Pav 4Pav 8Pav 12Pav 16Pav 20Pav
Estruturas analisadas Estruturas analisadas

Sem ISE Com ISE Sem ISE Com ISE

Figura 17 – Comparação dos coeficientes de estabilidade global ‐ Direção “X”  

Observou‐se  alterações  significativas  no  coeficiente  B2  com  a  introdução  da  ISE  na 
análise estrutural, sobretudo para os edifícios de maior altura.  Para as estruturas de 
8,  16  e  20  pavimentos  houve,  inclusive,  mudança  da  classificação  quanto  a 
deslocabilidade  de  “pequena  deslocabilidade”  para  “média  deslocabilidade”.  A 
mudança  de  classificação  da  estrutura  quanto  a  deslocabilidade  acarretaria  na 
necessidade  de  procedimentos  de  análise  mais  rigorosos  no  que  se  refere  a 
consideração das imperfeições geométricas e de material. 

317 
4 Conclusões 

Este  trabalho  teve  como  objetivo  iniciar  os  estudos  da  interação  solo  estrutura  em 
estruturas metálicas cujos efeitos podem ser diferentes dos obtidos em estruturas de 
concreto armado. A consideração da ISE é um refinamento do modelo estrutural, onde 
a consideração da deformabilidade do solo se aproxima mais de uma estrutura real. 

Pelos resultados expostos foi observado, de forma sutil, a tendência à redistribuição 
de  esforços  onde  há  o  alívio  dos  pilares  centrais  e  a  sobrecarga  dos  pilares  de 
extremidade, resultados que estão de acordo com os encontrados na literatura para 
estruturas  de  concreto  armado.  Porém  os  esforços  de  reação  na  base  dos  pilares, 
momentos fletores e recalques sofreram variações pouco significativas, possivelmente 
devido  à  leveza  das  estruturas  metálicas.  Os  deslocamentos  laterais,  por  sua  vez, 
apresentaram variações significativas, possivelmente devido a melhor representação 
da vinculação do pilar tendo sido incluídos no modelo a sapata e o solo, por meio de 
molas  de  rigidez,  e  não  simplesmente  o  engastamento  ideal.  Os  coeficientes  de 
estabilidade global, B2, também apresentaram variações significativas, onde inclusive 
houve  alterações  da  classificação  da  estrutura  metálica,  passando  de  pequena  para 
média  deslocabilidade,  o  que  implicaria  em  diferentes  considerações  na  análise 
estrutural.  Os  esforços  de  compressão  axial  e  de  momentos  fletores  apresentaram 
variações constante ao longo da altura dos pilares, ou seja, a mesma taxa de variação 
encontrada na base dos pilares foi observada ao longo de toda a altura dos pilares. 
Portanto,  observa‐se  que,  nas  estruturas  analisadas,  os  deslocamentos  laterais e os 
coeficientes de estabilidade global foram os mais afetados pela consideração da ISE na 
análise estrutural.  

Este  trabaho  utilizou  o  modelo  de  Winkle  que  embora  conduza  a  resultados 
satisfatórios  é  um  modelo  simplificado  e  pode  ser  utilizado  para  avaliar  o 
comportamento da estrutura para uma gama de variação nos coenficientes verticais. 
E uma evolução natural do modelo é a representação do solo como um meio contínuo 
e a consideração da sequência construtiva na avaliação dos recalques.   

318 
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320 
Recebido: 06/07/2017 
Aprovado: 07/07/2018 
Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 321‐340 ‐ ISSN 2238‐9377
    Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   
 
Contribuição ao estudo da estabilidade de edifícios 
de andares múltiplos em aço 
Rafael Eclache Moreira de Camargo1* e José Jairo de Sáles2 
 
1
 Mestre em Engenharia de Estruturas, EESC‐USP, 
eclachecamargo@yahoo.com.br 
2
 Professor aposentado do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC‐
USP, jjsales@sc.usp.br 

Contribution to the study of stability of steel multi‐storey buildings 

Resumo 
Este  trabalho  apresenta  uma  análise  comparativa  de  diferentes  sistemas  estruturais  de  um 
edifício de 20 pavimentos com o objetivo de avaliar a influência da concepção estrutural nos 
efeitos de segunda ordem. Cada um dos modelos foi dimensionado pelos princípios do método 
da análise direta, presente na ABNT NBR 8800:2008. O método da amplificação dos esforços 
solicitantes (MAES) foi usado para se obter os esforços atuantes nos elementos dos edifícios 
considerando os efeitos locais e globais de segunda ordem. A incidência do vento foi simulada 
sem  e  com  excentricidade  devida  aos  efeitos  de  vizinhança,  de  acordo  com  a  ABNT  NBR 
6123:1988.  Todas  as  análises  numéricas  foram  repetidas  usando  o  método  simplificado  de 
segunda  ordem  conhecido  como  P‐Delta.  Os  resultados  obtidos  foram  comparados  com  o 
objetivo de se obter diretrizes de ordem prática para o dimensionamento de edifícios em aço. 
Palavras‐chave:  Edifícios  em  aço.  Sistemas  estruturais.  Estabilidade  estrutural.  Análise  de 
segunda ordem. Efeitos de vizinhança. 
 
Abstract   
This  work  presents  a  comparative  analysis  of  different  structural  systems  of  a  20‐storey 
building  with  the  objective  of  evaluating  the  influence  of  structural  design  on  second‐order 
effects.  Each  model  has  been  designed  using  the  principles  of  the  direct  analysis  method 
(DAM), present in the ABNT NBR 8800:2008. The first‐order amplification method (FOAM) was 
used  to  obtain  the  forces  acting  on  the  building  elements,  including  the  local  and  global 
second‐order  effects.  The  incidence  of  the  wind  was  simulated  without  and  with  an 
eccentricity  due  to  the  vicinity  effects,  according  to  ABNT  NBR  6123:1988.  All  numerical 
analyses  were  repeated  using  the  second‐order  simplified  method  known  as  P‐Delta.  The 
results  were  compared  in  order  to  obtain  guidelines  for  the  design  of  steel  multi‐storey 
buildings. 
 
Keywords:  Steel  buildings.  Structural  systems.  Structural  stability.  Second‐order  analysis. 
Vicinity effects. 
 
 
 
 
*
 autor correspondente 
1 Introdução 

O  crescimento  demográfico  presenciado  nas  últimas  décadas  tornou  escassa  a 


disponibilidade  de  grandes  terrenos  nas  áreas  urbanas,  gerando  uma  verticalização 
dos empreendimentos. Por questões culturais, o material que teve maior aceitação no 
Brasil foi o concreto armado. Entretanto, nos últimos anos houve um crescimento na 
utilização  de  sistemas  estruturais  mistos  em  aço  e  concreto,  devido  a  algumas 
vantagens  quando  comparados  com  os  sistemas  tradicionais,  como  a  diminuição  das 
seções  transversais,  a  redução  dos  custos  com  fôrmas  e  escoramentos,  a  maior 
organização dos canteiros de obra e a redução dos prazos de execução. 

O  comportamento  dessas  estruturas  não  é  simples  e  por  essa  razão  algumas 


simplificações  são  necessárias  para  viabilizar  o  seu  estudo.  Um  tipo  de  simplificação 
bastante comum nas análises estruturais diz respeito à consideração da ação do vento 
nos  edifícios.  Geralmente,  os  carregamentos  devidos  ao  vento  são  considerados 
uniformes (sem excentricidades), o que muitas vezes não ocorre devido à presença de 
outras construções próximas, responsáveis por gerar os efeitos de vizinhança. 

Além  disso,  também  é  de  fundamental  importância  a  consideração  do  seu 


comportamento  global  para  que  os  esforços  sejam  adequadamente  mensurados. 
Segundo  Ziemian  (2010),  o  requisito  básico  para  uma  análise  de  segunda  ordem  é 
assegurar  que  o  equilíbrio  da  estrutura  seja  satisfeito  em  sua  condição  deformada. 
Devido  à  sua  complexidade,  é  comum  a  utilização  de  métodos  simplificados  para  se 
levar  em  conta  os  efeitos  de  segunda  ordem,  inserindo  tanto  as  imperfeições  de 
material quanto a não linearidade geométrica na análise estrutural.  

1.1 Objetivos 

O  presente  trabalho  tem  como  objetivo  principal  realizar  a  análise  numérica  de 
edifícios de andares múltiplos em aço para avaliar a influência da concepção estrutural 
nos  efeitos  de  segunda  ordem.  Além  disso,  pretende‐se  estudar  a  influência  dos 
efeitos de vizinhança na estabilidade dos edifícios, avaliar a aplicabilidade do método 
simplificado  de  análise  de  segunda  ordem  proposto  pela  ABNT  NBR  8800:2008  e 
comparar  os  valores  obtidos  por  essa  metodologia  com  os  resultados  fornecidos  por 
software comercial empregando o método P‐Delta. 

322 
1.2 Justificativas 

A publicação da ABNT NBR 8800:2008 trouxe algumas modificações significativas. Na 
sua nova versão, a norma brasileira de aço passou a exigir a consideração dos efeitos 
de segunda ordem na determinação dos esforços. Por essa razão, existe a necessidade 
de  serem  publicados  trabalhos  que  abordem  os  novos  conceitos  introduzidos  e 
mostrem por meio de exemplos práticos a sua aplicação. 

Analisando a literatura existente, observa‐se que a maioria dos trabalhos que abordam 
a  estabilidade  global  de  estruturas  metálicas  foi  realizada  por  meio  da  análise  de 
pórticos  planos.  Esse  tipo  de  abordagem  tem  como  vantagem  a  simplificação  do 
modelo matemático e facilidade na interpretação dos resultados. No entanto, ela não 
possibilita  a  avaliação  dos  efeitos  de  torção  na  estrutura  e  pode  não  simular  de  um 
modo realístico o seu comportamento. 

Além disso, apesar de fazerem parte da ABNT NBR 6123:1988, os efeitos de vizinhança 
muitas  vezes  não  são  considerados  no  dimensionamento  de  estruturas.  Dessa 
maneira, pouco se sabe sobre seus efeitos na estabilidade de edifícios. 

2 Metodologia 

Para  o  desenvolvimento  deste  trabalho  foram  realizadas  análises  numéricas  de  três 
diferentes edifícios por meio do software SAP2000. No sentido de avaliar os modelos 
numéricos elaborados,  os  resultados  obtidos  pelo  método  simplificado  da  ABNT NBR 
8800:2008 foram comparados com os valores fornecidos por análises que consideram 
a não linearidade geométrica pelo método P‐Delta. Um estudo sobre a influência dos 
efeitos  de  vizinhança  na  estabilidade  dos  edifícios  foi  realizado  em  seguida, 
confrontando os resultados das análises que apresentam esses efeitos com os valores 
obtidos em modelagens que os desconsideram, aqui chamadas de “vento uniforme”. 

3 Desenvolvimento 

3.1 Descrição geral da estrutura 

Os  edifícios  analisados  neste  trabalho  possuem  as  mesmas  características 


arquitetônicas,  mas  diferenciam‐se  pelo  sistema  estrutural  adotado.  A  estrutura 
utilizada  como  base  para  os  modelos  foi  retirada  de  Sáles  (1995)  e  consiste  num 

323 
edifício  comercial  de  20  pavimentos,  com  pé‐direito  único,  igual  a  3,5  m.  Suas 
dimensões em planta são 45 x 20 m, totalizando 18.000 m², ou 900 m² por andar. Em 
todos  os  casos  analisados  foram  utilizados  pilares  metálicos,  vigas  mistas  em  aço  e 
concreto, e lajes do tipo steel deck. A construção foi considerada não escorada. 

As  filas  e  os  eixos  da  edificação  são  mostrados  na  Figura  1.  Na  direção  de  maior 
comprimento  foram  utilizados  5  vãos  de  9  m,  enquanto  que  na  outra  direção  foram 
empregados nas extremidades dois vãos de 8 m e um vão central de 4 m. Considerou‐
se que entre as filas B e C existam duas regiões destinadas a escadas e elevadores. 

 
Figura 1 ‐ Pavimento tipo do edifício modelo. (Fonte: Baseado em Sáles, 1995) 

Os resultados apresentados a seguir são referentes aos modelos 1, 2 e 3. O modelo 1 
trata‐se  de um  edifício  todo  aporticado.  O  modelo  2  difere  do  primeiro  modelo  pela 
inclusão de contraventamentos em X nos eixos 1 e 6, e em K, nas filas A e D. Por sua 
vez,  o  modelo  3  difere  do  modelo  2  pela  inclusão  de  contraventamentos  em  X  nos 
eixos 2 e 5. Outras informações estão apresentadas nos itens 4.1, 4.2 e 4.3. 

3.2 Características dos materiais 

Para  as  vigas  mistas  e  pilares  metálicos  foram  utilizados  aços  USI  CIVIL  350.  Os 
contraventamentos, quando empregados, foram dimensionados com aço A572 Gr.50. 
Nas vigas e lajes mistas foi considerado concreto com fck igual a 20 MPa. O steel deck 
utilizado nos modelos foi o MF‐75, de aço galvanizado ASTM A653 Grau 40 (ZAR‐280), 
com  1,25  mm  de  espessura.  A  altura  total  da  laje  adotada  foi  de  150  mm.  As 
armaduras longitudinais utilizadas foram do tipo CA‐50. 

324 
3.3 Levantamento das ações 

As  ações  permanentes  consideradas  nos  pisos  foram:  peso  próprio  da  laje  (2,79 
kN/m²); divisórias (1,0 kN/m²); forro e serviços (0,5 kN/m²); revestimento (0,65 kN/m²) 
e pele de vidro (1,25 kN/m). No último pavimento (cobertura) as ações permanentes 
adotadas  foram:  peso  próprio  da  laje  (2,79  kN/m²);  forro  e  serviços  (0,5  kN/m²); 
impermeabilização  (0,75  kN/m²)  e  pele  de  vidro  (1,25  kN/m).  Os  pesos  próprios  das 
vigas  e  pilares  foram  aplicados  diretamente  nas  barras  dos  modelos  de  acordo  com 
seus valores lineares (kN/m).  

Também  foi  considerada  no  topo  dos  edifícios  a  existência  de  cargas  permanentes 
devidas a dois reservatórios de água. Esse carregamento foi aplicado diretamente nos 
pilares posicionados nos painéis onde os reservatórios foram locados, entre os eixos 3 
e 4, totalizando 245 kN em cada pilar.  

As  sobrecargas  de  utilização  e  de  construção  assumidas  nos  modelos  foram  de  2,0 
kN/m² e 1,0 kN/m², respectivamente, conforme ABNT NBR 6120:1980 e o anexo B da 
ABNT NBR 8800:2008. 

O  carregamento  lateral  devido  ao  vento  foi  estabelecido  conforme  a  ABNT  NBR 
6123:1988,  e  aplicado  diretamente  nos  pilares  por  meio  de  carregamentos 
distribuídos,  considerando  suas  respectivas  áreas  de  influência.  Por  simplificação, 
considerou‐se a atuação do vento apenas na direção de menor inércia do edifício (Y) 
para  o  dimensionamento  dos  elementos  aos  estados  limites  últimos.  Nos  estados 
limites de serviço, a ação do vento foi analisada nas duas direções. Em ambos os casos, 
os coeficientes adotados foram V0 = 40 m/s; S1 = S3 = 1,0; S2 – categoria IV, classe C, 
variando a cada 3,5 m; Ca = 1,10 (face maior) e 0,85 (face menor).  

As forças nocionais foram aplicadas nos nós superiores dos pilares, também no sentido 
de menor inercia do edifício (Y). 

Para a análise dos efeitos de vizinhança foi utilizada uma excentricidade igual a 15% do 
comprimento das faces dos edifícios estudados. Tendo conhecimento do momento de 
torção  atuante  em  cada  pavimento,  no  topo  dos  pilares  foram  aplicadas  forças 
concentradas  formando  binários  entre  os  eixos  1  e  6,  2  e  5,  3  e  4,  para  o  vento  na 
direção  Y;  e  filas  A  e  D,  B  e  C,  para  o  vento  na  direção  X.  As  forças  de  cada  binário 

325 
foram obtidas dividindo a força resultante devida ao vento no nível de cada pavimento 
pelo  número  de  pórticos  resistentes  a  esse  carregamento  em  cada  direção  (6  na 
direção  Y  e  4  na  direção  X)  e  considerando  que  seus  valores  fossem  diretamente 
proporcionais às suas distâncias em relação ao centro de gravidade dos pisos. Assim, 
as  forças  de  arrasto  foram  sobrepostas  com  as  forças  desses  binários  para  que  a 
resultante de cada pavimento não se alterasse.  

Uma  outra  alternativa  para  considerar  esses  efeitos  seria  a  aplicação  direta  do 
momento  de  torção,  das  forças  resultantes  do  vento  e  das  forças  nocionais  no  nó 
mestre  de  cada  piso.  Essa  segunda  opção,  embora  não  tenha  sido  utilizada  nesse 
trabalho, é menos trabalhosa e facilita a modelagem das edificações. 

3.4 Combinações de ações 

As combinações últimas normais foram consideradas para quatro situações diferentes, 
listadas abaixo com os coeficientes de ponderação e fatores de combinação adotados: 

‐ Sobrecarga como ação variável principal: 

1,25PP1  1,40PP2  1,50PP3  1,40PP4  1,50 SC  (1,40  0,6)V                                      (1) 

‐ Vento como ação variável principal: 

1,25PP1  1,40PP2  1,50PP3  1,40PP4  1,40V  (1,50  0,7)SC                                      (2) 

‐ Sobrecarga como ação variável principal, sem atuação do vento: 

1,25PP1  1,40PP2  1,50PP3  1,40PP4  1,50 SC  FN                                                      (3) 

‐ Vento como ação variável principal, sem atuação de sobrecarga: 

1,25PP1  1,40PP2  1,50PP3  1,40PP4  1,40V                                                                (4) 

Onde PP1 é o peso próprio dos perfis de aço; PP2 é o peso próprio da laje; PP3 é o peso 
próprio  das  divisórias,  forros  e  serviços,  pele  de  vidro,  revestimento  e 
impermeabilização;  PP4  é  o  peso  próprio  da  caixa  d’água;  SC  é  a  sobrecarga  de 
utilização; V é a ação do vento e FN são as forças nocionais. 

No  que  diz  respeito  aos  estados  limites  de  serviço,  foram  empregadas  combinações 
quase permanentes [Eq. (5)] e raras [Eq. (6)] para verificar as flechas das vigas mistas, e 

326 
apenas combinações raras [Eq. (7)] para a avaliação dos deslocamentos laterais e dos 
deslocamentos interpavimentos. Estas combinações estão apresentadas a seguir. 

‐ Análise das flechas das vigas mistas: 

PP1  PP2  PP3  0,4 SC                                                                                                     (5)  

PP3  SC                                                                                                                            (6) 

‐ Avaliação dos deslocamentos laterais e interpavimentos: 

PP1  PP2  PP3  PP4  V  0,6 SC                                                                                      (7) 

Para  o  cálculo  das  flechas,  os  efeitos  de  longa  duração  (fluência  e  retração  do 
concreto)  foram  considerados  na  homogeneização  das  seções  multiplicando  por  3  a 
razão modular entre o módulo de elasticidade do aço e do concreto. 

3.5 Recursos utilizados 

O  programa  utilizado  nas  simulações  numéricas  foi  o  SAP2000,  que  é  baseado  no 
método  dos  elementos  finitos.  Para  a  importação  de  dados  para  esse  programa  e  o 
tratamento  dos  resultados  obtidos  foram  desenvolvidas  planilhas  eletrônicas 
utilizando o software Excel e linguagem de programação VBA.  

Por  intermédio  do  SAP2000  também  foram  feitos  outros  tipos  de  análises  elásticas 
simplificadas  de  segunda  ordem.  A  imperfeição  de  material  foi  incorporada  aos 
modelos  pela  redução  do  módulo  de  elasticidade  dos  materiais.  A  não  linearidade 
geométrica  foi  considerada  por  meio  do  efeito  P‐Delta,  existente  no  programa.  Os 
efeitos  locais  de  segunda  ordem  foram  incorporados  nas  análises  com  o  método  P‐
Delta pela colocação de três nós intermediários nas barras dos pilares. 

Em  relação  ao  dimensionamento  dos  elementos,  foram  desenvolvidas  planilhas  no 
programa  Mathcad,  de  acordo  com  as  recomendações  presentes  na  ABNT  NBR 
8800:2008.  As  planilhas  desenvolvidas,  bem  como  a  rotina  utilizada  na  geração  de 
arquivos de importação do SAP2000 contendo as propriedades geométricas de seções 
genéricas (vigas mistas) e perfis I estão disponíveis em Camargo (2012). 

Nas  análises  de  segunda  ordem,  foi  utilizado  o  critério  presente  na  ABNT  NBR 
8800:2008 de se dividir os coeficientes de ponderação das ações por 1,1 e multiplicar 

327 
os resultados obtidos por esse mesmo valor. Para o dimensionamento dos pilares, foi 
adotada a redução da sobrecarga em quase todos os casos. 

A  análise  dos  deslocamentos  interpavimentos  foi  feita  levando  em  consideração  os 
deslocamentos  provocados  pelas  forças  cortantes  de  acordo  com  o  ângulo  de 
distorção provocado pelas mesmas. Esses deslocamentos foram calculados para todos 
os andares, nas duas direções.  

3.6 Modelagem dos elementos 

As vigas e os pilares dos modelos analisados foram modelados por meio de elementos 
de barra (frame elements). As lajes foram modeladas como diafragmas rígidos, sendo, 
portanto,  desconsiderada  a  flexão  no  seu  plano.  Esse  comportamento  pôde  ser 
simulado  pelo  recurso  do  SAP2000  chamado  constraint.  Nesses  casos,  o  constraint 
empregado em cada pavimento foi o rigid diaphragm, no qual os nós são ligados uns 
aos outros por links rígidos em um determinado plano, de modo que eles se movam 
juntos, como um diafragma. Esta hipótese simplificadora reduz o número de graus de 
liberdade a ser solucionado, o que torna mais rápida a análise estrutural dos modelos. 

4 Resultados 

4.1 Modelo 1 

Este  modelo  consiste  em  uma  solução  estrutural  formada  por  pórticos  em  todas  as 
filas  e  eixos,  com  bases  engastadas.  A  excentricidade  do  vento  foi  aplicada  de  modo 
que  o  momento  de  torção  resultante  atuasse,  em  planta,  no  sentido  horário.  Com  o 
intuito  de  simplificar  o  dimensionamento  dos  pilares,  não  foi  feita  distinção  entre 
pilares centrais e de fachada e não houve redução de sobrecarga. Entretanto, admitiu‐
se que as seções variassem a cada quatro andares. 

As vigas foram consideradas contínuas. Nas regiões de momento negativo, apenas as 
propriedades  do  perfil  de  aço  foram  consideradas  para  o  cálculo  da  resistência.  Nas 
regiões de momento positivo, as vigas foram consideradas mistas. 

Após  algumas  iterações,  foram  obtidas  vigas  mistas  e  pilares  de  aço  com  as 
características indicadas na  
Tabela 1 e na Tabela 2. 
 

328 
Tabela 1 – Características das vigas mistas. (Fonte: Camargo, 2012) 

Perfil de aço 
Viga  Seção 
d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 
V1  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V2  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V3A  VS 500 x 73  500  250  12,5  6,3 
V3B  VS 500 x 73  500  250  12,5  6,3 
V4  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 
V5  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 
V6  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 
V7  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 

Tabela 2 – Características dos pilares de aço. (Fonte: Camargo, 2012) 

Perfil de aço 
Pilar  Andares  Seção 
d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 
P1  1° – 4°  PS 900 x 648  900  700  44,5  25 
P2  5° – 8°  PS 800 x 407  800  600  31,5  19 
P3  9° – 12°  PS 720 x 300  720  550  25  16 
P4  13° – 16°  PS 600 x 246  600  450  25  16 
P5  17° – 20°  PS 550 x 169  400  350  19  16 

Durante a classificação da estrutura, o máximo valor encontrado para o coeficiente B2 
foi 1,11, obtido na combinação sem o vento e apenas com forças nocionais. Quando 
utilizada  a  relação  entre  os  deslocamentos  de  segunda  e  primeira  ordem  (u2/u1),  o 
maior  valor  encontrado  foi  1,07,  para  a  combinação  em  que  a  sobrecarga  é  a  ação 
variável principal, considerando os efeitos de vizinhança. Todos os valores do B2 foram 
obtidos pelos deslocamentos dos nós superiores dos pilares, com fator Rs igual a 0,85. 

Esse comportamento era esperado, pois sabe‐se que os maiores valores do coeficiente 
B2 ocorrem nas combinações com os maiores valores de cargas gravitacionais.  

Assim, devido ao fato do edifício ser classificado como de média deslocabilidade pelo 
coeficiente  B2,  deu‐se  prosseguimento  ao  seu  dimensionamento  com  o  módulo  de 
elasticidade reduzido para simular as imperfeições iniciais de material. Nesse caso, os 
coeficientes B1 ficaram limitados ao seu valor mínimo (1,00) para as duas hipóteses de 
incidência do vento e o máximo valor de B2 passou para cerca de 1,13, no pórtico do 
eixo 3.  

Na Figura 2 estão apresentados os valores de B2 obtidos para o eixo 3, para cada uma 
das combinações últimas normais definidas no item 3.4, sem redução da sobrecarga e 
considerando  o  vento  atuando  na  direção  Y  com  efeitos  de  vizinhança,  quando 
aplicável.  

329 
B2 - Vento Vizinhança - Sem redução SC
20
19
18
17
16
15
14 SC principal
13
Pavimento
12
11 Vento principal
10
9 Sem Vento
8
7 Sem SC
6
5
4
3
2
1
0
0,98 1,00 1,02 1,04 1,06 1,08 1,10 1,12 1,14
B2
Figura 2 – Variação do coeficiente B2, por pavimento, considerando o vento com 
efeitos de vizinhança em Y, quando aplicável, e sem redução da sobrecarga – Eixo 3. 
(Fonte: Camargo, 2012) 

Na Figura 3 estão indicados os valores de B2 obtidos para o eixo 3, quando a incidência 
do vento é uniforme. Analisando esses resultados, percebe‐se que o maior valor de B2 
ocorreu  na  altura  do  4°  pavimento.  Além  disso,  nota‐se  que  o  comportamento  das 
curvas foi praticamente o mesmo para as duas hipóteses de incidência do vento. 

B2 - Vento Uniforme - Sem redução SC


20
19
18
17
16
15
14 SC principal
13
Pavimento

12
11 Vento principal
10
9 Sem Vento
8
7 Sem SC
6
5
4
3
2
1
0
0,98 1,00 1,02 1,04 1,06 1,08 1,10 1,12 1,14
B2  
Figura 3 – Variação do coeficiente B2, por pavimento, considerando o vento uniforme 
em Y, quando aplicável, e sem redução da sobrecarga – Eixo 3. (Fonte: Camargo, 2012) 

Comparativamente, os esforços encontrados para o vento uniforme ficaram próximos 
aos obtidos  para o vento com os efeitos de vizinhança. Analisando os  resultados das 
relações entre os esforços solicitantes e as resistências de cada seção, observa‐se que 
as  maiores  diferenças  ocorreram  nos  momentos  fletores  devido  ao  acréscimo  de 
deslocamentos provenientes dos efeitos de torção. Como pode ser visto na Tabela 3, 

330 
os esforços de flexão em relação a X (eixo de maior inércia) ficaram, em média, 5,4% 
maiores, com um desvio‐padrão de 5%. Para os momentos fletores atuantes em Y, os 
esforços com excentricidade do vento resultaram, na média, 32,7% maiores do que os 
sem  excentricidade.  O  desvio‐padrão  (40%)  ficou  elevado  devido  principalmente  à 
variação  encontrada  no  primeiro  trecho  de  pilar,  mas  esta  pode  ser  desconsiderada 
devido  à  sua  pouca  influência  no  dimensionamento.  Nas  expressões  de  interação,  a 
variação média foi de apenas 2,3%, com um desvio‐padrão de 1%. 

Tabela 3 – Comparação entre as solicitações de cálculo do vento com efeitos de 
vizinhança e uniforme. (Fonte: Camargo, 2012) 
Compressão Flexão em X Flexão em Y Expr. de interação
Pilar
Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação
P1 0,36 0,35 2,9% 0,10 0,10 0,0% 0,04 0,02 100,0% 0,47 0,45 4,4%
P2 0,46 0,46 0,0% 0,10 0,09 11,1% 0,04 0,03 33,3% 0,58 0,57 1,8%
P3 0,48 0,48 0,0% 0,13 0,12 8,3% 0,06 0,05 20,0% 0,65 0,64 1,6%
P4 0,40 0,40 0,0% 0,13 0,13 0,0% 0,07 0,07 0,0% 0,58 0,57 1,8%
P5 0,34 0,34 0,0% 0,14 0,13 7,7% 0,11 0,10 10,0% 0,56 0,55 1,8%
Média 0,6% ‐ ‐ 5,4% ‐ ‐ 32,7% ‐ ‐ 2,3%
Desvio padrão 1% ‐ ‐ 5% ‐ ‐ 40% ‐ ‐ 1%  

Ao  comparar  os  esforços  solicitantes  dos  pilares  obtidos  pelo  método  P‐Delta  com 
aqueles  fornecidos  pelo  MAES  (Tabela  4  e  Tabela  5),  observa‐se  que  os  esforços  de 
compressão dos pilares P2 e P3 apresentaram valores contra a segurança, com desvio 
de 5,5% e 11,4%, respectivamente. Os momentos fletores atuantes em Y tiveram um 
desvio‐padrão  relativamente  alto  (4,5%),  visto  que  o  maior  e  o  menor  desvio  foram, 
respectivamente, 7,3% e 3,0%. Além disso, as variações das forças cortantes máximas 
nas duas direções foram desprezíveis. 

No que se refere aos deslocamentos laterais e aos deslocamentos interpavimentos, os 
maiores valores encontrados foram 10 cm e 6,8 mm, respectivamente, quando o vento 
é  aplicado  na  direção  Y  e  com  os  efeitos  de  vizinhança  inseridos.  Estes  valores 
atendem aos limites H/400 (17,5 cm) e h/500 (7 mm). 

Assim,  é  possível  concluir  que  a  estrutura  utilizada  no  modelo  1  atende  a  todos  os 
requisitos referentes ao seu dimensionamento. Seu consumo de aço ficou em cerca de 
1.204,92  ton.  Desse  total,  610,2  ton  (50,6%)  são  referentes  às  vigas  e  594,72  ton 
(49,4%)  são  devidas  aos  pilares.  Considerando  uma  área  total  de  18.000  m²,  a  taxa 
global ficou igual a 66,94 kg/m². 

331 
Tabela 4 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐
Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 
Compressão (kN) Flexão em X (kNcm) Flexão em Y (kNcm)
Pilar
P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação
P1 9.358 9.304 0,6% 104.186 102.282 1,9% ‐6.516 ‐6.221 4,7%
P2 6.792 7.190 ‐5,5% ‐53.144 ‐54.818 ‐3,1% ‐6.207 ‐6.469 ‐4,1%
P3 4.803 5.421 ‐11,4% ‐44.897 ‐45.921 ‐2,2% ‐6.166 ‐6.356 ‐3,0%
P4 3.689 3.692 ‐0,1% ‐32.385 ‐32.951 ‐1,7% ‐5.531 ‐5.759 ‐4,0%
P5 2.020 2.017 0,2% ‐19.775 ‐19.981 ‐1,0% ‐3.804 ‐4.106 ‐7,3%
Média ‐3,3% ‐ ‐ ‐1,2% ‐ ‐ ‐2,7%
Desvio padrão 5,2% ‐ ‐ 1,9% ‐ ‐ 4,5%  

Tabela 5 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐
Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 
Cortante em X (kN) Cortante em Y (kN)
Pilar
P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação
P1 98 97 1,3% 383 379 1,2%
P2 99 97 1,9% 335 331 1,1%
P3 104 102 1,7% 267 265 0,6%
P4 106 105 1,1% 185 191 ‐3,3%
P5 82 84 ‐2,9% 115 116 ‐0,5%
Média 0,6% ‐ ‐ ‐0,2%
Desvio padrão 2,0% ‐ ‐ 1,9%  

4.2 Modelo 2 

O modelo 2 consiste em um sistema estrutural composto por pórticos contraventados 
em X nos eixos 1 e 6, entre as filas B e C, e em K nas filas A e D, entre os eixos 1 e 2, 5 e 
6, com bases engastadas. Os pórticos dos eixos 2, 3, 4 e 5 foram mantidos. As vigas V5 
e  V2  das  regiões  contraventadas,  e  as  barras  das  diagonais  de  contraventamento 
foram  consideradas  como  rotuladas  nas  extremidades.  As  hipóteses  adotadas  para  a 
incidência  do  vento  e  para  o  dimensionamento  de  vigas  e  pilares  foram  as  mesmas 
apresentadas para o modelo 1, sendo que no caso dos pilares foi adotada a redução da 
sobrecarga de utilização ao longo da altura da estrutura. 

O  perfil  utilizado  nas  diagonais  foi  o  HP  250  x  62.  As  vigas  mistas  e  pilares  de  aço 
obtidos estão mostrados na Tabela 6 e Tabela 7. Percebe‐se que, com a introdução de 
contraventamentos,  não  ocorreram  alterações  nas  seções  das  vigas  em  relação 
àquelas utilizadas no modelo 1, mas os pilares apresentaram pesos e alturas menores. 
Além disso, houve um acréscimo de peso devido às diagonais. 

332 
Tabela 6 – Características das vigas mistas. (Fonte: Camargo, 2012) 

Perfil de aço 
Viga  Seção 
d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 
V1  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V2  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V3A  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V3B  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V4  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 
V5  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 
V6  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 
V7  VS 750 x 108  750  320  12,5  8,0 

Tabela 7 – Características dos pilares de aço. (Fonte: Camargo, 2012) 

Perfil de aço 
Pilar  Andares  Seção 
d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 
P1  1° – 4°  CVS 600 x 278  600  400  31,5  19 
P2  5° – 8°  CVS 600 x 278  600  400  31,5  19 
P3  9° – 12°  CVS 600 x 190  600  400  19  16 
P4  13° – 16°  PS 600 x 144  600  350  16  12,5 
P5  17° – 20°  PS 600 x 112  600  300  12,5  9,5 

Após  o  processo  de  classificação  da  estrutura,  observou‐se  que  a  utilização  dos 
contraventamentos  teve  pouca  influência  na  deslocabilidade.  Considerando  os 
deslocamentos  dos  nós  superiores  dos  pilares,  fator  Rs  igual  a  1,00  para  os  pórticos 
com  contraventamentos  e  igual  a  0,85  para  os  sem  contraventamentos,  os  maiores 
valores  do  coeficiente  B2  ficaram  iguais  a  1,10  (com  redução  da  sobrecarga)  e  1,12 
(sem  redução  da  sobrecarga).  Como  esperado,  esses  valores  foram  encontrados  nas 
combinações  com  maiores  cargas  gravitacionais  (combinação  sem  a  ação  do  vento  e 
naquela em que a sobrecarga é a ação variável principal). Assim, a estrutura manteve‐
se com uma deslocabilidade média. 

Foi  realizada  a  classificação  da  estrutura  dividindo‐se  os  deslocamentos  de  segunda 
ordem (u2), obtidos pelo método P‐Delta, pelos deslocamentos de primeira ordem (u1). 
O maior valor obtido para u2/u1 foi 1,07, quando a redução da sobrecarga de utilização 
não é adotada. Nesse caso, a estrutura seria de pequena deslocabilidade. 

Para  o  dimensionamento  do  edifício,  os  coeficientes  B2  foram  recalculados 


simplificadamente  com  o  módulo  de  elasticidade  reduzido.  Mais  uma  vez,  o  máximo 
valor foi obtido para o eixo 3 e a combinação que forneceu este valor foi aquela em 
que  a  atuação  do  vento  é  desprezada  e  há  apenas  forças  nocionais.  Quando  é 
assumida  a  redução  da  sobrecarga  ao  longo  da  altura  da  estrutura,  esse  valor  ficou 
igual a 1,12. Quando essa premissa não é adotada, o coeficiente B2 passou para 1,14 

333 
(Figura 4). Em todos os casos, os coeficientes B1 ficaram limitados ao seu valor mínimo, 
ou seja, iguais a 1,00. 

B2 - Vento Vizinhança - Sem redução SC


20
19
18
17
16
15
14 SC principal
13
Pavimento

12
11 Vento principal
10
9 Sem Vento
8
7 Sem SC
6
5
4
3
2
1
0
1,00 1,02 1,04 1,06 1,08 1,10 1,12 1,14 1,16
B2  
Figura 4 – Variação do coeficiente B2, por pavimento, considerando o vento com 
efeitos de vizinhança em Y, quando aplicável, e sem redução da sobrecarga – Eixo 3. 
(Fonte: Camargo, 2012) 
Analisando  os  esforços  encontrados  para  o  vento  uniforme,  percebe‐se  uma  grande 
semelhança com os valores obtidos para o vento com os efeitos de vizinhança. Como 
pode ser visto na Tabela 8, as maiores diferenças ocorreram nos momentos fletores. 
As  relações  entre  as  forças  de  compressão  solicitantes  e  resistentes  de  cálculo 
apresentaram  uma  significativa  variação  para  o  primeiro  trecho  de  pilares.  Isso 
ocorreu devido ao fato de o pilar mais solicitado para cada caso de incidência do vento 
pertencer a filas diferentes. 

No  caso  dos  contraventamentos,  as  variações  entre  os  esforços  solicitantes  foram 
consideráveis  (Tabela  9).  Porém,  essa  diferença  era  prevista,  em  virtude  dos 
acréscimos de deslocamentos provocados pelos efeitos de vizinhança. 

Quando  os  esforços  solicitantes  dos  pilares  fornecidos  pelo  método  P‐Delta  são 
comparados àqueles fornecidos pelo MAES (Tabela 10 e Tabela 11), percebe‐se que as 
variações  são  desprezíveis  para  os  três  tipos  de  solicitações.  No  entanto,  a  força 
normal do pilar mais solicitado do segundo trecho, obtida pelo método P‐Delta, ficou 
cerca de 5,3% menor, elevando o desvio‐padrão dos esforços de compressão. Para os 
contraventamentos  (Tabela  12),  o  esforço  solicitante  máximo  obtido  pelo  método  P‐
Delta ficou maior para o caso de compressão e menor para a tração. 

334 
Tabela 8 – Comparação entre as solicitações de cálculo dos pilares, considerando vento 
com efeitos de vizinhança e uniforme. (Fonte: Camargo, 2012) 
Compressão Flexão em X Flexão em Y Expr. de interação
Pilar
Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação Viz. Unif. Variação
P1 0,80 0,79 1,3% 0,15 0,14 7,1% 0,02 0,01 100,0% 0,95 0,92 3,3%
P2 0,59 0,59 0,0% 0,16 0,16 0,0% 0,06 0,05 20,0% 0,78 0,77 1,3%
P3 0,66 0,66 0,0% 0,22 0,21 4,8% 0,10 0,09 11,1% 0,94 0,93 1,1%
P4 0,66 0,66 0,0% 0,21 0,20 5,0% 0,12 0,11 9,1% 0,95 0,94 1,1%
P5 0,52 0,52 0,0% 0,22 0,21 4,8% 0,20 0,19 5,3% 0,88 0,87 1,1%
Média 0,3% ‐ ‐ 4,3% ‐ ‐ 29,1% ‐ ‐ 1,6%
Desvio padrão 1% ‐ ‐ 3% ‐ ‐ 40% ‐ ‐ 1%  

Tabela 9 – Comparação entre as solicitações de cálculo dos contraventamentos, 
considerando vento com efeitos de vizinhança e uniforme. (Fonte: Camargo, 2012) 
Compressão (kN) Tração (kN)
Perfil Variação Variação
Vizinhança Uniforme Vizinhança Uniforme
HP 250 x 62 1082 916 18,1% 420 252 66,7%  

Tabela 10 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐
Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 
Compressão (kN) Flexão em X (kNcm) Flexão em Y (kNcm)
Pilar
P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação
P1 8.224 8.221 0,0% 38.699 40.325 ‐4,0% ‐1.242 ‐1.238 0,4%
P2 5.696 6.016 ‐5,3% 43.341 44.204 ‐2,0% ‐4.446 ‐4.479 ‐0,7%
P3 4.453 4.582 ‐2,8% ‐36.879 ‐37.645 ‐2,0% ‐4.438 ‐4.498 ‐1,3%
P4 3.155 3.170 ‐0,5% ‐26.865 ‐27.338 ‐1,7% ‐3.195 ‐3.313 ‐3,6%
P5 1.780 1.784 ‐0,2% ‐18.759 ‐18.880 ‐0,6% ‐3.193 ‐3.228 ‐1,1%
Média ‐1,8% ‐ ‐ ‐2,1% ‐ ‐ ‐1,3%
Desvio padrão 2,3% ‐ ‐ 1,2% ‐ ‐ 1,4%  

Tabela 11 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐
Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 
Cortante em X (kN) Cortante em Y (kN)
Pilar
P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação
P1 60 60 0,0% 236 238 ‐0,7%
P2 69 69 0,5% 234 235 ‐0,5%
P3 75 75 0,4% 193 197 ‐2,2%
P4 55 55 0,3% 164 169 ‐3,0%
P5 53 53 ‐0,2% 170 171 ‐0,6%
Média 0,2% ‐ ‐ ‐1,4%
Desvio padrão 0,3% ‐ ‐ 1,1%  

Tabela 12 – Solicitações de cálculo máximas dos contraventamentos, obtidas pelo 
método P‐Delta e pelo MAES. (Fonte: Camargo, 2012) 
Compressão (kN) Tração (kN)
Perfil
P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação
P1 1.153 1.082 6,6% 277 420 ‐34,0%  

No  que  diz  respeito  aos  deslocamentos  interpavimentos,  os  maiores  valores  obtidos 
nas direções Y e X foram 7,0 e 6,2 mm, respectivamente, e estes atenderam ao limite 
de 7 mm (h/500). Para os deslocamentos laterais, o máximo valor encontrado quando 

335 
o vento é aplicado de forma excêntrica ficou igual a 10,5 cm na direção Y e 3,0 cm na 
direção X. Em ambos os casos, o limite de H/400 (17,5 cm) foi respeitado. 

Assim,  conclui‐se  que  a  estrutura  utilizada  no  modelo  2  também  atende  a  todos  os 
requisitos referentes ao seu dimensionamento. Seu consumo total de aço ficou igual a 
aproximadamente 995 ton, sendo 588,6 ton (59%) referentes às vigas, 336,7 ton (34%) 
devidas aos pilares e 69,5 ton (7%) correspondentes ao peso dos contraventamentos. 
Considerando a área total do edifício, a taxa global ficou igual a 55,27 kg/m². 

4.3 Modelo 3 

O modelo 3 é composto por pórticos contraventados em X nos eixos 1, 2, 5 e 6, entre 
filas B e C; em K nas filas A e D, entre eixos 1 e 2, 5 e 6. Nos eixos 3 e 4, e nas filas B e C, 
foram mantidos os pórticos sem contraventamentos. As vigas V2, V5 e V7 das regiões 
contraventadas e os contraventamento foram rotulados nas extremidades. Os pilares 
foram dimensionados com redução da sobrecarga de utilização. 

As características das seções de vigas e pilares utilizadas no modelo 3 estão mostradas 
nas tabelas a seguir. Para as diagonais de contraventamento, foram utilizados os perfis 
W 250 x 52 e HP 250 x 62. 

Tabela 13 – Características das vigas mistas. (Fonte: Camargo, 2012) 
Perfil de aço 
Viga  Seção 
d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 
V1  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V2  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V3A  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V3B  VS 500 x 61  500  250  9,5  6,3 
V4  VS 700 x 105  700  320  12,5  8,0 
V5  VS 700 x 105  700  320  12,5  8,0 
V6  VS 700 x 105  700  320  12,5  8,0 
V7  VS 700 x 105  700  320  12,5  8,0 

Tabela 14 – Características dos pilares de aço. (Fonte: Camargo, 2012) 
Perfil de aço 
Pilar  Andares  Seção 
d (mm)  bf (mm)  tf (mm)  tw (mm) 
P1  1° – 4°  CVS 600 x 278  600  400  31,5  19 
P2  5° – 8°  CVS 600 x 226  600  400  25  16 
P3  9° – 12°  CVS 600 x 190  600  400  19  16 
P4  13° – 16°  CVS 600 x 156  600  400  16  12,5 
P5  17° – 20°  PS 400 x 116  600  350  12,5  9,5 

A  classificação  da  estrutura  utilizou  os  mesmos  critérios  apresentados  no  modelo  2. 
Nesse  caso,  foram  obtidos  valores  de  B2  iguais  a  1,09  para  o  caso  com  redução  da 
sobrecarga  e  1,11  quando  essa  redução  é  desconsiderada.  Realizando  a  classificação 
336 
da  estrutura  por  meio  da  relação  entre  os  deslocamentos  de  segunda  (u2)  e  de 
primeira  ordem  (u1),  o  maior  valor  encontrado  foi  1,07.  Em  ambos  os  casos,  como 
esperado,  os  maiores  resultados  foram  obtidos  nas  combinações  com  o  maior  valor 
das ações gravitacionais.  

Como  a  estrutura  apresentou  uma  deslocabilidade  média  devido  ao  maior  valor 
encontrado para o B2, os módulos de elasticidade dos materiais foram reduzidos e os 
coeficientes  B2  foram  recalculados  para  o  dimensionamento  dos  elementos  que 
formam o modelo 3. Os maiores valores foram encontrados no pórtico do eixo 3, para 
a  combinação  em  que  a  atuação  do  vento  é  desprezada.  Quando  a  redução  da 
sobrecarga é tomada como uma hipótese de cálculo, esse valor ficou igual a 1,11. No 
entanto, quando essa premissa não é adotada, esse fator aumentou para 1,14. 

Ao  comparar  os  esforços  dos  pilares  encontrados  para  o  vento  com  efeitos  de 
vizinhança com aqueles obtidos para o vento uniforme, observou‐se novamente uma 
grande semelhança entre eles, especialmente para os esforços axiais de compressão. 
Percebeu‐se  também  que  a  situação  onde  o  vento  atua  uniformemente  gera 
momentos fletores com magnitudes um pouco menores. Além disso, as expressões de 
interação  obtidas  para  o  vento  com  efeitos  de  vizinhança  ficaram,  na  média,  2,0% 
maiores do que os valores obtidos pelo vento uniforme. 

Comparando os esforços solicitantes dos pilares fornecidos pelo método P‐Delta com 
aqueles fornecidos pelo MAES (Tabela 15 e Tabela 16), percebeu‐se que, no geral, as 
variações foram pequenas. Para os esforços de compressão e de flexão em X (eixo de 
maior  inércia),  o  método  P‐Delta  forneceu  valores  menores  do  que  o  MAES.  Porém, 
para  os  esforços  de  flexão  em  Y  e  para  as  forças  cortantes  em  X  e  Y,  os  resultados 
ficaram um pouco maiores. 

Nos contraventamentos (Tabela 17), os esforços solicitantes máximos de compressão 
obtidos pelo método P‐Delta ficaram 10% maiores para as diagonais dos eixos 1 e 6, e 
3,2%  menores  para  as  diagonais  dos  eixos  2  e  5.  No  caso  dos  esforços  de  tração,  os 
valores  máximos  apresentaram  variações  significativas  contra  a  segurança.  No 
entanto,  esse  tipo  de  esforço  não  foi  determinante  para  o  dimensionamento  das 
barras, visto que as forças de compressão ficaram entre 3 e 6 vezes maiores do que as 
de tração. 
337 
Tabela 15 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐
Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 
Compressão (kN) Flexão em X (kNcm) Flexão em Y (kNcm)
Pilar
P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação
P1 8.042 8.098 ‐0,7% 32.431 34.654 ‐6,4% ‐1.243 ‐1.175 5,8%
P2 5.696 5.992 ‐4,9% 35.256 37.338 ‐5,6% ‐4.984 ‐4.963 0,4%
P3 4.424 4.562 ‐3,0% ‐32.397 ‐34.450 ‐6,0% ‐5.024 ‐4.944 1,6%
P4 3.117 3.157 ‐1,3% ‐25.837 ‐27.129 ‐4,8% ‐5.004 ‐4.839 3,4%
P5 1.762 1.772 ‐0,5% ‐18.470 ‐18.949 ‐2,5% ‐3.688 ‐3.528 4,5%
Média ‐2,1% ‐ ‐ ‐5,0% ‐ ‐ 3,2%
Desvio padrão 1,9% ‐ ‐ 1,5% ‐ ‐ 2,2%  

Tabela 16 – Comparação entre os esforços solicitantes obtidos pelo MAES e método P‐
Delta, considerando o vento com efeitos de vizinhança. (Fonte: Camargo, 2012) 
Cortante em X (kN) Cortante em Y (kN)
Pilar
P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação
P1 57 56 1,8% 212 210 1,0%
P2 61 60 1,7% 211 210 0,5%
P3 60 59 1,7% 198 200 ‐1,0%
P4 63 62 1,6% 175 175 0,0%
P5 50 49 2,0% 169 169 0,0%
Média 1,8% ‐ ‐ 0,1%
Desvio padrão 0,2% ‐ ‐ 0,7%  

Tabela 17 – Solicitações de cálculo máximas dos contraventamento, obtidas pelo 
método P‐Delta e pelo MAES. (Fonte: Camargo, 2012) 
Compressão (kN) Tração (kN)
Perfil
P‐Delta B1‐B2 Variação P‐Delta B1‐B2 Variação
W 200 x 52 933 848 10,0% 84 262 ‐67,9%
HP 250 x 62 1.061 1.096 ‐3,2% 148 188 ‐21,3%  

No que se refere aos deslocamentos laterais, o máximo valor encontrado foi 10,4 cm, 
quando  o  vento  é  aplicado  com  excentricidade  na  direção  Y.  Para  o  caso  em  que  o 
mesmo atua na direção X, o maior valor encontrado foi de apenas 3,1 cm. Em relação 
aos  deslocamentos  interpavimentos,  os  maiores  valores  obtidos  nas  direções  Y  e  X 
foram 6,9 e 6,6 mm, respectivamente. Em todos os casos, os limites H/400 (17,5 cm) e 
h/500 (7 mm) foram atendidos com folga. 

Assim,  o  consumo  total  de  aço  da  estrutura  do  modelo  3  ficou  igual  a 
aproximadamente 1.009,6 ton, sendo que 581,4 ton (58%) foram referentes às vigas, 
323,2  ton  (32%)  foram  devidas  aos  pilares  e  105,0  ton  (10%)  foi  o  peso  dos 
contraventamentos. A taxa global ficou igual a 56,09 kg/m².   

338 
5 Conclusões 

Dentre os sistemas estruturais estudados, o que apresentou a menor taxa de consumo 
de aço foi aquele utilizado no modelo 2, que totalizou, sem o peso das ligações, 55,27 
kg/m², seguido pelo modelo 3 (56,09 kg/m²) e pelo modelo 1 (66,94 kg/m²). Embora 
tenha  apresentado  um  consumo  cerca  de  2%  superior  ao  do  modelo  2,  o  modelo  3 
poderia ser considerado o mais adequado entre os três sistemas estruturais estudados, 
pois,  devido  ao  maior  número  de  contraventamentos,  as  ligações  tornar‐se‐iam  mais 
simples nessas regiões, diminuindo o custo total da obra. 

Do  ponto  de  vista  de  projeto,  constatou‐se  que  a  possibilidade  de  se  reduzir  a 
sobrecarga  para  o  dimensionamento  de  pilares  proporciona  uma  economia  de 
material, mas tem como consequência o aumento do trabalho, pois exige a utilização 
de  diferentes  combinações  de  cálculo  para  o  dimensionamento  de  vigas  e  pilares. 
Percebeu‐se também que o critério apresentado na ABNT NBR 6120:1980 abre espaço 
para  diferentes  interpretações,  principalmente  na  forma  de  se  avaliar  o  número  de 
andares  acima  de  um  determinado  pavimento  e  definir  os  coeficientes  a  serem 
aplicados  em  cada  um  deles.  Sendo  assim,  seria  interessante  uma  revisão  desses 
coeficientes para que os mesmos fossem definidos conforme a utilização do piso.

No  que  diz  respeito  aos  efeitos  de  vizinhança,  observou‐se  que  sua  maior  influência 
está no aumento dos momentos fletores e dos deslocamentos da estrutura.  

Em relação à avaliação dos efeitos de segunda ordem pelo método da amplificação dos 
esforços  solicitantes  (MAES),  constatou‐se  que,  para  efeitos  de  classificação,  a 
combinação de cálculo crítica é aquela que possui o maior carregamento gravitacional. 
Entretanto,  para  o  dimensionamento  dos  elementos,  é  necessário  estudar  outras 
hipóteses  de  cálculo,  principalmente  aquelas  em  que  o  vento  é  a  ação  variável 
principal, visto que essas situações são determinantes no cálculo de pilares e de vigas 
que fazem parte de pórticos. 

Os  resultados  obtidos  pelo  método  P‐Delta  mostraram‐se  bastante  semelhantes 


àqueles  calculados  pelo  MAES.  Na  maior  parte  dos  casos,  eles  ficaram  um  pouco 
menores,  com  desvios  desprezíveis.  Por  outro  lado,  as  relações  entre  os 

339 
deslocamentos  de  segunda  (u2)  e  primeira  ordem  (u1)  tiveram  um  comportamento 
diferente dos coeficientes B2, com valores menores do que esses coeficientes. 

Por fim, observou‐se que o MAES é um método mais trabalhoso devido à necessidade 
de se modelar diferentes tipos de estruturas (contida e não contida lateralmente) para 
a  determinação  dos  esforços  finais.  Nesse  aspecto,  o  emprego  do  método  P‐Delta 
presente  no  pacote  comercial  utilizado  foi  mais  atrativo,  pois  não  apresenta  essa 
duplicidade de análises. 

6 Agradecimentos 

Ao  Conselho  Nacional  de  Pesquisa  e  Desenvolvimento  Científico,  CNPq,  pelo  apoio 
financeiro e ao Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC‐USP. 

7 Referências bibliográficas 

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS.  NBR  6120:  Cargas  para  o  cálculo  de 
estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980. 
ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS.  NBR  6123:  Forças  devidas  ao  vento  em 
edificações. Rio de Janeiro, 1988. 
ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS.  NBR  8800:  Projeto  de  estruturas  de  aço  e 
estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008. 
CAMARGO, R.E.M.  Contribuição ao estudo da estabilidade de edifícios de andares múltiplos 
em  aço.  2012.  312  p.  Dissertação  (Mestrado  em  Engenharia  de  Estruturas)  –  Escola  de 
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2012. 
SÁLES,  J.J.  Estudo  do  projeto  e  da  construção  de  edifícios  de  andares  múltiplos  com 
estruturas  de  aço.  1995.  257  p.  Tese  (Doutorado  em  Engenharia  de  Estruturas)  –  Escola  de 
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1995. 
ZIEMIAN, R.D.  Guide to stability design criteria for metal structures. 6th ed. New Jersey: John 
Wiley and Sons, 2010. 

340 
Recebido: 23/12/2017 
Aprovado: 13/07/2018 
Volume 7. Número 3 (dezembro/2018). p. 341‐361 ‐ ISSN 2238‐9377
 Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICT   
 
Estudo experimental da ligação de painéis de OSB 
com perfis do reticulado metálico do sistema 
construtivo Light Steel Framing 
Joseph Stéphane Datchoua1*, Francisco Carlos Rodrigues2 e Rodrigo Barreto 
Caldas3 
 
1
 Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, 
josephstephane21@yahoo.fr 
2
 Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, 
francisco@dees.ufmg.br 
3
 Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, 
caldas@dees.ufmg.br 

Experimental study of the Oriented Strand Board (OSB) connection with 
steel studs of the Light Steel Framing Construction System 
Resumo 
Esta  pesquisa  tem  por  objetivo  a  análise  da  ligação  entre  os  painéis  de  OSB  e  o  reticulado 
metálico  do  sistema  light  steel  framing  (LSF)  com  parafusos  autobrocantes  e  auto‐
atarraxantes. Através dos ensaios de forca‐deslizamento, os resultados obtidos possibilitarão a 
realização  de  análises  paramétricas  visando  à  proposição  de  soluções  analíticas  para  a 
quantificação da contribuição dos painéis de OSB na estabilização do sistema estrutural do LSF, 
com  ou  sem  o  uso  do  contraventamento  de  aço.  Para  isso,  além  dos  12  corpos  de  prova 
produzidos  e  ensaiados  por  Possas  (2015),  mais  experimentos  complementares  foram  feitos 
com 9 CP’s. Com a análise do resultado dos 21 CP’s, observou‐se que os valores, por ligação, da 
força  máxima,  da  rigidez,  da  energia  dissipada  e  da  ductilidade  foram  influenciados  pela 
espessura dos painéis de OSB, pela quantidade de parafusos e pelo espaçamento axial entre si. 
Palavras‐chave:  Lascas  de  madeira  orientadas  (OSB),  Contraventamento,  Parafuso 
autobrocante e auto‐atarraxante, Cisalhamento. 
 
Abstract   
This  research  has  the  purpose  of  analyzing  the  connection  between  the  OSB  and  the  frame 
steel  studs  of  the  light  steel  framing  (LSF)  construction  system  with  self‐drilling  and  self‐
tapping  screws.  Through  the  strength‐slip  tests,  the  results  obtained  will  allow  the 
performance of parametric analyzes focusing at the proposition of analytical solutions for the 
quantification of the contribution of the OSB in the stabilization of the LSF structural system, 
with  or  without  the  use  of  steel  bracing.  For  this,  in  addition  to  the  12  specimens  produced 
and tested by Possas (2015), more complementary experiments were done with 9 specimens. 
With the analysis of the results of the 21 test specimens, it was observed that the values, by 
connection, of the maximum load, the stiffness, the dissipated energy and the ductility were 
influenced by the OSB thickness, the number of screws and the axial spacing between them. 
 
Keywords: Oriented Strand Board (OSB), Bracing, Self‐drilling and self‐tapping screws, Shear. 
 

autor correspondente 
1 Introdução 

O sistema LSF se resume a uma composição de painéis reticulados de aço galvanizado 
de  perfis  formados  a  frio  (PFF)  trabalhando  em  conjunto  com  placas  de  diferentes 
materiais, tais como as placas cimentícias e os painéis de lascas orientadas de madeira, 
internacionalmente denominadas de Oriented Strand Board (OSB), constituindo assim 
a estrutura de uma construção à seco. Segundo Rodrigues (2016), o sistema estrutural 
total de uma edificação em LSF pode ser dividido em dois grupos de subsistemas, os 
verticais e os horizontais, sendo que a sua estabilidade global é garantida pelo sistema 
de contraventamento. 

Okasha (2004), Fiorino et al. (2007), Vieira et al. (2009), Peterman et al. (2014), Iuorio 
et al. (2014) e Jihong et al. (2016) realizaram ensaios de cisalhamento com painéis de 
OSB,  parafusos  e  perfis  de  aço  e  observaram  que  os  valores  da  força  resistente  ao 
cisalhamento, da rigidez elástica, da energia dissipada e da ductilidade da ligação são 
influenciados pela espessura dos painéis, pela distância de borda do painel até o eixo 
dos parafusos, pela distância axial entre os parafusos, pela quantidade de parafusos e 
pela espessura dos perfis de aço. 

Possas (2015) realizou análises experimentais adaptados aos ensaios do tipo Push‐Test, 
conforme  a  norma  EN  1994‐1‐1:2004,  para  verificar  o  comportamento  da  ligação  do 
subsistema de parede constituído por painéis de OSB, parafusos e montantes de borda 
(Figura  1).  12  CP’s  foram  fabricados  variando  a  espessura  dos  painéis  de  OSB,  a 
dimensão da alma do montante de aço, o espaçamento axial entre os montantes e o 
espaçamento  axial  entre  os  parafusos  (Tabela  1).  Os  dados  de  ensaio  obtidos  por 
Possas (2015) foram usados e processados para determinar os valores da força máxima 
(Pmáx), da rigidez elástica (ke), da energia dissipada (A) e da ductilidade (μ) da ligação do 
modelo 1 apresentado na presente pesquisa. 

342 
Figura 1 – Modelo 1‐S1 CP1 antes e depois do ensaio (Possas, 2015). 

Como nomenclatura desse modelo, tem‐se: a série com o seu número (Sx), o montante 
com a sua quantidade (Mx), a espessura nominal do painel de OSB (tOSB como A e B), a 
espessura  nominal  do  perfil  de  aço  (tn),  a  dimensão  da  alma  do  perfil  (bw),  o 
espaçamento  axial  entre  os  montantes  (em),  o  espaçamento  axial  entre  os  parafusos 
(ep), a quantidade de parafusos (Qp) e a quantidade dos corpos de prova (Qcp). 

Tabela 1 – Parâmetros relativos aos corpos de prova do modelo 1 ensaiado (montantes 
de borda). 
tOSB  tn  bw ; em  ep 
Nomenclatura  Qp  Qcp 
(mm)  (mm)  (mm)  (mm) 

S1 M2‐A‐200‐600‐150  Modelo 1‐S1 200 ; 600 150  3 


9,5  8 
S2 M2‐A‐090‐400‐300  Modelo 1‐S2 90 ; 400 300  3 
0,95 
S3 M2‐B‐090‐600‐150  Modelo 1‐S3 90 ; 600 3 
11,1  150  12 
S4 M2‐B‐200‐600‐150  Modelo 1‐S4 200 ; 600 3 

Além do processamento dos dados de ensaio obtidos por Possas, foram realizadas um 
estudo experimental complementar com o modelo 2 que era constituído de 9 CP’s. A 
principal diferença entre os modelos 1 e 2 está vinculada ao número de montante nos 
corpos  de  prova.  Os  CP’s  do  modelo  1  foram  fabricados  com  dois  montantes  para 
representar os montantes de bordas do painel de parede no sistema construtivo light 
steel  framing.  Os  CP’s  do  modelo  2  foram  fabricados  com  um  montante  para 
representar o montante intermediário do painel de parede no mesmo sistema. 

Os  resultados  obtidos  nesta  pesquisa  servirão  de  base  para  a  realização  de  análises 
paramétricas  visando  à  proposição  de  soluções  analíticas  para  a  quantificação  da 
contribuição dos painéis de OSB na estabilização do sistema estrutural do LSF, com ou 
sem  o  uso  do  contraventamento  de  aço.  Com  o  desenvolvimento  do  subsistema  de 
contraventamento  com  o  emprego  dos  painéis  de  OSB  para  o  sistema  LSF,  painéis 
essas já presentes no sistema como elementos de revestimento do reticulado metálico 

343 
para  a  formação  das  paredes,  além  de  significar  uma  inovação  tecnológica  para  a 
construção  civil,  torna  possível  obter  edificações  com  custo  reduzido,  mantendo  a 
qualidade, a durabilidade e a estabilidade exigidas pelas normas brasileiras aplicáveis. 
E também atendendo aos critérios da sustentabilidade da construção metálica. 

2 Estudo experimental complementar 

Neste  item  serão  apresentados  detalhamentos  sobre  o  estudo  experimental 


complementar realizado com os corpos de prova do modelo 2. 

2.1 Materiais 

Para  a  análise  do  sistema  LSF,  considerando  a  placa  de  revestimento  como  parte  da 
estrutura, é importante considerar a ação conjunta do reticulado metálico, da placa de 
revestimento  e  dos  parafusos  de  fixação.  O  estudo  da  interface  perfil  de  aço e  placa 
tem  importância  fundamental,  pois  é  nesta  região  que  atuam  as  forças  de 
cisalhamento,  as  quais  são  transmitidas,  pelos  parafusos  de  fixação,  do  reticulado 
metálico  para  as  placas  de  vedação.  Os  parafusos  de  fixação  são  responsáveis  por 
garantir a ação conjunta entre esses dois elementos do subsistema de parede. 

Para a fabricação dos corpos de prova deste modelo 2, foi necessário o uso de painéis 
de  OSB,  de  perfis  formados  a  frio  (PFF)  e  de  parafusos  autobrocantes  e  auto‐
atarraxantes. 

Os painéis de OSB foram fabricadas pela empresa LP com as dimensões nominais de 
9,5  e  11,1  mm  (espessuras);  1.200  mm  (largura)  e  2.400  mm  (altura).  Os  montantes 
foram  feitos  de  perfis  formados  a  frio  com  seção    U  enrijecida  (Ue)  nas  dimensões 
nominais  bw  referente  à  alma  (90  e  200  mm),  bf  referente  às  mesas  (40  mm)  e  D 
referente aos enrijecedores (10 mm). As guias foram executadas com perfis de seção U 
simples  (U)    nas  dimensões  nominais  bw  iguais  a  92  e  202  mm  e  bf  igual  a  38  mm 
(mesas). A bobina foi produzida pela Usiminas com espessura nominal (tn) igual a 0,95 
mm.  As  ligações  entre  os  perfis  formados  a  frio  foram  feitas  com  parafusos  cabeça 
lentilha  e  ponta  broca  da  marca  Ancora  com  4,2  mm  de  diâmetro  e  12,7  mm  de 
comprimento. As ligações entre os painéis de OSB e o reticulado metálico foram feitas 
com  parafusos  cabeça  trombeta  e  ponta  broca  da  marca  Ciser  com  4,2  mm  de 
diâmetro e 32 mm de comprimento. 

344 
Foram  estabelecidos  3  CP’s  para  compor  cada  série  e  a  posição  do  montante  para  a 
definição dos dois tipos de modelos (1 e 2). As séries dependiam da espessura nominal 
do painel de OSB, da dimensão nominal da alma do montante, do espaçamento axial 
entre os montantes e do espaçamento axial entre os parafusos. 

2.2 Características dos corpos de prova do modelo 2 

O modelo 2 era composto por 9 CP’s, e cada um era constituído de um montante, de 
dois painéis e de parafusos de fixação (Tabela 2).  

Tabela 2 – Parâmetros relativos aos corpos de prova do modelo 2 ensaiado (montante 
intermediário). 
tOSB  b w  ep 
Nomenclatura  tn (mm) Qp  Qcp 
(mm)  (mm)  (mm) 
S1  Modelo 2‐S1 200 3 
11,1 
S2  Modelo 2‐S2 0,95  150  10  3 
90 
S3  Modelo 2‐S3 9,5 3 

2.3 Procedimento de ensaio dos corpos de prova 

Para  realizar  esses  ensaios  de  cisalhamento,  usou‐se  um  quadro  de  força  que  era 
composto  de  um  cilindro  hidráulico  de  dupla  ação  com  capacidade  de  50  toneladas; 
dois DT’s com capacidade de medição de 100 mm; um aquisitor de dados Lynx AC 2122 
com o software AqDados 7.02; um anel dinamométrico com capacidade de 50.000 kgf; 
uma bomba hidráulica manual com 700 bar como máxima pressão de trabalho. 

Com  adaptações  a  partir  das  prescrições  da  norma  européia  BS  EN  1994‐1‐1:2004,  o 
procedimento de ensaio dos 9 CP’s foi realizado em duas principais etapas. Sendo na 
primeira  etapa,  carregando  continuamente  o  primeiro  CP  de  cada  série  até  a  sua 
ruptura. E, a segunda etapa, aplicada aos demais corpos de prova da mesma série, foi 
composta por três fases de carregamento: inicialmente, foram aplicados incrementos 
de  força  até  atingir  5%  da  força  máxima  obtida  no  primeiro  CP  e  esperou‐se  por  3 
minutos  para  que  o  subsistema  se  estabilizasse;  carregou‐se  novamente  o  CP  até 
alcançar  40%  da  mesma  força  máxima  e  esperou‐se  por  3  minutos;  voltou‐se  ao 
carregamento  progressivo  até  a  força  máxima  e  esperou‐se  mais  uma  vez  durante  3 
minutos. 

345 
3 Resultados obtidos na experimentação complementar 

Neste item apresenta‐se os resultados obtidos sem análise estatística (Tabela 3). Pt é 
igual  à  força  total  alcançada  pelo  corpo  de  prova  durante  o  ensaio  enquanto  Pmáx  é 
igual a força máxima alcançada por cada ligação que compõe o corpo de prova. 

Tabela 3 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 2. 
δe 
Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N)  ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 
(mm) 
S1 CP1  23.012  2.301  920  0,05  17.960  5.120  29 
S1 CP1a  28.238  2.824  1.129 0,69 1.632 12.697  4
S1 CP2  19.085  1.908  763 0,04 17.191 3.549  29
S1 CP3  27.682  2.768  1.107 0,09 12.269 20.423  51
S2 CP1  25.269  2.527  1.011 0,41 2.487 19.360  12
S2 CP2  21.342  2.134  854 0,65 1.312 13.638  6
S3 CP1  26.012  2.601  1.040 0,19 5.381 18.250  20
S3 CP2  26.599  2.660  1.064 0,52 2.027 15.189  6
S3 CP3  19.488  1.949  779 ‐ ‐ 5.604  ‐

No  ensaio  do  CP3  da  série  2,  o  software  de  aquisição  de  dados  não  foi  iniciado  por 
engano provocando a não obtenção dos seus dados.  

No  ensaio  do  CP3  da  série  3,  o  carregamento  muito  rápido  provocou  um  erro  inicial 
nos  DT’s  impossibilitando  a  determinação  positiva  dos  valores  da  rigidez  e  da 
ductilidade. 

4 Análise dos resultados 

Neste  item  apresenta‐se  o  modo  de  análise  dos  dados,  as  discussões  dos  resultados 
obtidos com os modelos 1 e 2, a influência dos parâmetros de fabricação dos corpos 
de prova desses modelos sobre esses resultados e a comparação entre esses mesmos 
com os resultados das bibliografias citadas. 

4.1 Modo de análise dos dados obtidos a partir dos corpos de prova do modelo 2 

Seguindo  as  prescrições  das  normas  ECCS‐1985,  AISI  Research  Report  RP00‐6  e  AISI 
S917‐17, foram determinados o valor, por ligação, da rigidez inicial (ke) pela Equação 
(1), da energia dissipada (A) e da ductilidade (μ) pela Equação (2), de cada CP. 

Além da curva de força versus deslocamento entre o painel de OSB e o perfil de aço, 
foi também elaborada a curva de EEEP (Equivalent Energy Elastic‐Plastic: curva elasto‐
plástica  da  energia  equivalente).  Essa  curva  mostra  como  uma  ligação  ideal  e 

346 
perfeitamente  elasto‐plástica  desenvolveria  e  dissiparia  uma  quantidade  equivalente 
de energia conforme o modelo realmente testado. 

 ke = Pe/ δe     (1)

μ = (δu/ δy) > 1      (2)

Py = (‐δu ± (δu² ‐ (2A/ke)) 0,5 ) / (1/ke)      (3)

Onde  Pmáx  (N)  é  a  força  máxima  alcançada  pela  ligação  e  δe  (mm)  é  o  deslocamento 
correspondente ao valor de Pe = 0,4 Pmáx; força de ruptura (Pu = 0,8 Pmáx); Py é o início 
de escoamento que é determinado pela Equação (3).  Para a interpretação dos dados 
experimentais  obtidos,  foi  determinado  o  coeficiente  de  variação  (CV)  pela  Equação 
(4). 

Cv = (DP/ xm)*100    (4)

De um modo geral, tem‐se: 15% ≥ Cv: baixa dispersão (resultados homogêneos); 15% < 
Cv < 30%: média dispersão; Cv ≥ 30 %: alta dispersão (resultados heterogêneos). DP é o 
desvio padrão e Xm a média dos valores. Essa forma de análise também foi aplicada aos 
corpos de prova do modelo 1. 

O CP1 da série 1 (Figura 2) alcançou um Pmáx igual a 2.301,20 N com um deslocamento 
de 2,73 mm, um Py igual a 1.787,99 N com um deslocamento de 0,10 mm e um Pu igual 
1.840,96 N com um deslocamento correspondente de 2,91 mm. Durante os ensaios, o 
início dos estalos foi com aproximadamente 14.837,46 N com a rotação dos parafusos 
e o ensaio foi interrompido por causa da flambagem na base dos painéis de OSB com 
os  parafusos  inferiores  caminhando  para  o  Pull‐over.  Por  causa  dessa  flambagem,  as 
bases dos painéis dos demais CP’s foram cortadas mantendo a sua altura com 50 mm 
(distância entre a guia inferior e a base dos painéis). 

347 
Figura 2 – Modelo 2‐S1 CP1 antes e depois do ensaio. 

O CP1 da série 2 alcançou um Pmáx igual a 2.526,95 N com um deslocamento de 7,94 
mm,  um  Py  igual  a  2.052,91  N  com  um  deslocamento  de  0,83  mm  e  um  Pu  igual 
2.021,56 N com um deslocamento correspondente de 9,84 mm. Durante os ensaios, o 
início  dos  estalos  foi  com  aproximadamente  18.328,63  N  com  a  rotação  de  todos  os 
parafusos e a ruptura do CP ocorreu por Pull‐over e por plastificação no topo do perfil 
de aço (Figura 3). 

Figura 3 – Modelo 2‐S2 CP1 antes e depois do ensaio. 

O CP1 da série 3 alcançou um Pmáx igual a 2.601,17 N com um deslocamento de 6,43 
mm,  um  Py  igual  a  2.260,23  N  com  um  deslocamento  de  0,42  mm  e  um  Pu  igual 
2.080,94  N  com  um  deslocamento  correspondente  de  8,28  mm.  Esse  CP  tinha  o 
penúltimo parafuso do painel P2 de OSB rotacionado levemente. Durante os ensaios, o 
início  dos  estalos  foi  com  aproximadamente  21.819,80  N  com  a  rotação  de  todos  os 
parafusos  e  a  ruptura  do  CP  ocorreu  com  o  encaminhamento  da  ligação  para  o  Pull‐
over (Figura 4). 

348 
Figura 4 – Modelo 2‐S3 CP1 antes e depois do ensaio. 

4.2 Discussões dos resultados obtidos a partir do processamento dos dados de 
ensaio dos corpos de prova do modelo 1 

Por  causa  do  erro  de  fabricação  dos  CP’s  2  e  3  da  série  1  do  modelo  1  (Tabela  4), 
considerou‐se,  para  a  análise  posterior  da  influência  dos  parâmetros,  somente  os 
valores por ligação, da força máxima (Pmáx), da rigidez (ke), da energia dissipada (A) e 
da ductilidade (μ) do CP1. 

Tabela 4 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 1 (S1). 
δe 
Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N)  ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 
(mm) 
S1 CP1  12.620  1.577  631  0,20  3.133  8.444  16 
S1 CP2  6.540  817 327 0,09 3.732 1.300  10
S1 CP3  13.876  1.734 694 0,24 2.946 6.430  9
xm  ‐  ‐  ‐  ‐ 
‐ 
Cv (%)  ‐  ‐  ‐  ‐ 

O maior valor de Pmáx foi obtido pelo CP3, o de ke pelo CP2 e os maiores valores de A e 
de μ foram obtidos pelo CP1. O maior valor de ke foi obtido pelo CP2 por causa do seu 
baixo  valor  de  deslocamento  (δe)  apesar  de  ter  registrado  o  menor  valor  de  Pmáx 
(Figura 5). 

Com a série 2 do modelo 1 ( 
Tabela  5),  Pmáx  teve  seu  valor  de  Cv  inferior  a  15%,  o  que  demonstra  a  maior 
confiabilidade  e  homogeneidade  dos  resultados.  O  Cv  a  partir  dos  valores  de  ke  foi 
registrado entre 15 e 30 %, o que caracteriza a média dispersão dos resultados. Com os 
valores de A e de μ, tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a alta dispersão e a 
heterogeneidade  dos  resultados.  Essa  alta  dispersão  se  deve  aos  maiores  e  baixos 
valores de A e de μ alcançados pelos CP’s 2 e 3. 

349 
Figura 5 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 1 (S1). 

 
Tabela 5 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 1 (S2). 
δe 
Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N)  ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 
(mm) 
S2 CP1  12.694  1.587  635  0,04  15.210  9.424  76 
S2 CP2  11.709  1.464  585 0,04 15.495 14.210  127
S2 CP3  11.734  1.467  587 0,06 9.205 4.950  30
xm  1.506  13.303  9.528  78 
‐ 
Cv (%)  7  27  49  62 

O maior valor de Pmáx foi obtido pelo CP1 e os maiores valores de ke, de A e de μ foram 
obtidos pelo CP2. O maior valor de ke se deve aos baixos valores de Pe e de δe (Figura 
6). 

Excluindo  o  valor  de  ke  do  CP3  e  os  valores  de  A  e  de  μ  dos  CP’s  2  e  3,  obtém‐se  o 
valore médio de ke igual a 15.352,64 N/mm com o seu valor de Cv inferior a 15%, o que 
demonstra a maior confiabilidade e homogeneidade dos resultados. 

350 
Figura 6 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 1 (S2). 

Na  série  3  do  modelo  1  (Tabela  6),  Pmáx  teve  o  seu  valor  de  Cv  inferior  a  15%,  o  que 
demonstra a maior confiabilidade e homogeneidade dos resultados. Com os valores de 
ke,  de  A  e  de  μ,  tem‐se  um  Cv  acima  de  30%  demonstrando  a  alta  dispersão  e  a 
heterogeneidade dos resultados. Essa alta dispersão se deve aos altos valores de ke, de 
A e de μ alcançados pelo CP3. 

Tabela 6 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 1 (S3). 

δe 
Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N)  ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 
(mm) 
S3 CP1  19.365  1.614  645  0,47  1.365  14.747  10 
S3 CP2  21.039  1.753  701 0,40 1.743 14.362  11
S3 CP3  17.913  1.493  597 0,02 26,703 6.419  104
xm  1.620  9.937  11.843  42 
‐ 
Cv (%)  8  146  39  129 

O maior valor de Pmáx foi obtido pelo CP2, o de A pelo CP1 e os maiores valores de ke e 
de μ foram obtidos pelo CP3. O maior valor de ke se deve aos baixos valores de Pe e de 
δe (Figura 7). 

351 
Figura 7 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 1 (S3). 

Excluindo os valores de ke, de A e de μ do CP3, obtém‐se os seus novos valores médios, 
respectivamente  iguais  a  1.554,06  N/mm,  14.554,76  N.mm  e  10,93  com  os  seus 
valores  de  Cv  inferiores  a  15%,  o  que  demonstra  a  maior  confiabilidade  e 
homogeneidade dos resultados. O Cv a partir dos valores de ke ficou entre 15 e 30 % 
caracterizando a média dispersão dos resultados. 

Na  série  4  do  modelo  1  (Tabela  7),  Pmáx  teve  o  seu  valor  de  Cv  inferior  a  15%,  o  que 
demonstra a maior confiabilidade e homogeneidade dos resultados. O Cv a partir dos 
valores  de  A  foi  obtido  entre  15  e  30  %  caracterizando  a  média  dispersão  dos 
resultados. Com os valores de ke e μ, tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a alta 
dispersão  e  a  heterogeneidade  dos  resultados.  Essa  alta  dispersão  se  deve  aos  altos 
valores de ke e de μ alcançados pelo CP2. 

Tabela 7 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova do modelo 1 (S4). 
δe 
Nomenclatura  Pt (N)  Pmáx (N)  Pe (N)  ke (N/mm)  A (N.mm)  μ 
(mm) 
S4 CP1  22.491  1.874  750  0,38  1.991  14.304  13 
S4 CP2  21.605  1.800 720 0,08 8.563 10,848  40
S4 CP3  22.712  1.893 757 0,41 1.830 15.409  11
xm  1.856  4.128  13.520  21 
‐ 
Cv (%)  3  93  18  75 

352 
Os maiores valores de Pmáx e de A foram obtidos pelo CP3 e os de ke e de μ pelo CP2. O 
maior valor de ke se deve aos baixos valores de Pe e de δe (Figura 8). 

 
Figura 8 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 1 (S4). 

Excluindo os valores de ke, de A e de μ do CP2, obtém‐se os seus novos valores médios 
respectivamente  iguais  a  1.910,58  N/mm,  14.856,59  N.mm  e  12,06  com  os  seus 
valores  de  Cv  inferiores  a  15%,  o  que  demonstra  a  maior  confiabilidade  e 
homogeneidade dos resultados. 

4.3 Discussões dos resultados obtidos com o ensaio dos corpos de prova do 
modelo 2 

Na série 1 do modelo 2 (Tabela 3), Pmáx teve seu valor de Cv registrado entre 15 e 30 %, 
o que caracteriza a média dispersão dos resultados. Com os valores de ke, de A e de μ, 
tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a alta dispersão e a heterogeneidade dos 
resultados. Essa alta dispersão se deve aos valores de ke, de A e de μ alcançados pelos 
CP’s 1, 2 e 3. 

O maior valor de Pmáx foi obtido pelo CP1a, o de ke pelo CP1 e os maiores valores de A 
e de μ foram obtidos pelo CP3 (Figura 9). 

353 
 
Figura 9 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 2 (S1). 

Na  série  2  do  modelo  2  (Tabela  3),  Pmáx  teve  o  seu  valor  de  Cv  inferior  a  15%,  o  que 
demonstra  a  maior  confiabilidade  e  homogeneidade  dos  resultados.  O  Cv  a  partir  do 
valor  de  A  foi  registrado  entre  15  e  30  %,  o  que  caracteriza  a  média  dispersão  dos 
resultados. Com os valores de ke e de μ, tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a 
alta  dispersão  e  a  heterogeneidade  dos  resultados.  Essa  alta  dispersão  se  deve  aos 
altos valores de ke e de μ alcançados pelo CP1. 

Os maiores valores de Pmáx, de ke, de A e de μ foram obtidos pelo CP1. Esse maior valor 
de ke se deve ao alto valor de Pe e baixo valor de δe (Figura 10). 

Na série 3 do modelo 2, o Cv a partir dos valores de Pmáx foi registrado entre 15 e 30 %, 
o que caracteriza a média dispersão dos resultados. Com os valores de ke, de A e de μ, 
tem‐se um Cv acima de 30% demonstrando a alta dispersão e a heterogeneidade dos 
resultados. Essa alta dispersão se deve aos baixos valores de ke e de μ obtidos no CP2 e 
ao baixo valor de A alcançado pelo CP3 (Tabela 3). 

O maior valor de Pmáx foi obtido no CP2 e os maiores valores de ke, de A e de μ foram 
obtidos pelo CP1. Esse maior valor de ke se deve ao baixo valor de δe (Figura 11). 

354 
 
Figura 10 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 2 (S2). 

 
Figura 11 – Gráfico força versus deslocamento dos corpos de prova do modelo 2 (S3). 

Desconsiderando  os  valores  de  ke  e  de  μ  do  CP2  junto  com  de  Pmáx  e  de  A  do  CP3, 
obtém‐se os novos valores médios de Pmáx e de ke respectivamente iguais a 2.630,55 N 
e  16.719,83  N.mm  com  os  seus  valores  de  Cv  inferiores  a  15%,  o  que  demonstra  a 
maior confiabilidade e homogeneidade dos resultados. 

355 
4.4 Influência dos parâmetros de fabricação dos corpos de prova dos modelos 1 e 2 
sobre os seus resultados obtidos depois do processamento dos seus dados de 
ensaio 

Tabela 8 – Resultados relativos ao ensaio dos corpos de prova dos Modelos 1 e 2. 
ke  Cv 
Nomenclatura  Pmáx (N)  Cv (%) Cv (%) A (N.mm) Cv (%)  μ 
(N/mm)  (%) 
M1 S1  1.577  ‐ 3.133 ‐ 8.444 ‐  16  ‐
M1 S2  1.506  5 15.353 1 9.424 ‐  76  ‐
M1 S3  1.620  8 1.554 17 14.555 2  11  5
M1 S4  1.856  3 1.910 6 14.856 5  12  7
M2 S1  2.450  17 1.632 ‐ 12.697 ‐  4  ‐
M2 S2  2.330  12 1.312 ‐ 16.499 24  6  ‐
M2 S3  2.630  1 5.381 ‐ 16.720 13  20  ‐

4.4.1 Influência da espessura nominal dos painéis de OSB no Modelo 1 
Com a série 1 (Tabela 8), feita com 9,5 mm de espessura nominal dos painéis de OSB 
(tOSB),  e  a  série  4,  feita  com  11,1  mm  de  tOSB,  observou‐se  que  os  valores  médios  de 
Pmáx e de A da série 4 foram respectivamente 17,64 % e 75,95 % superiores aos valores 
da série 1. Porém, os valores de ke e de μ da série 1 foram respectivamente 63,97 % e 
30,35 % superiores aos valores da série 4. Observou‐se que a variação de tOSB teve uma 
grande influência nos valores de Pmáx, de ke, de A e de μ da ligação do subsistema de 
parede.  Assim,  quanto  maior  for  tOSB,  maiores  serão  os  valores  de  Pmáx  e  de  A  e 
menores serão os valores de ke e de μ. 

4.4.2 Influência da dimensão nominal da alma do montante no Modelo 1 
Considerando a série 3 (Tabela 8), feita de montantes com dimensão nominal da alma 
(bw) igual a 90 mm, e a série 4, com bw igual a 200 mm, observou‐se que os valores de 
Pmáx, de ke, de A e de μ da série 4 foram respectivamente 14,56 %, 22,94 %, 2,07 % e 
10,34 % superiores aos valores da série 3. Observou‐se que a variação de bw não teve 
uma grande influência nos valores de Pmáx, de ke, de A e de μ da ligação do subsistema 
de parede. Porém, quanto maior for bw, levemente maiores serão os valores de Pmáx, 
de ke, de A e de μ. 

4.4.3 Influência da espessura nominal dos painéis de OSB no Modelo 2 
Considerando a série 2 (Tabela 8), feita com 11,1 mm de tOSB, e a série 3, feita com 9,5 
mm de tOSB, observou‐se que os valores de Pmáx, de ke, de A e de μ da série 3 foram 
respectivamente 12,87 %, 310,11 %, 1,34 % e 216,53 % superiores aos valores da série 
2. Observou‐se que a variação de tOSB teve uma pequena influência nos valores de Pmáx 

356 
e  de  A  e  uma  influência  muito  relevante  nos  valores  de  ke  e  de  μ  da  ligação  do 
subsistema de parede. Assim, quanto maior for tOSB, menores serão os valores de Pmáx, 
de ke, de A e de μ.  

4.4.4 Influência da dimensão nominal da alma do montante no Modelo 2 
Considerando a série 1 (Tabela 8), feita de montantes com bw igual a 200 mm, com a 
série 2, com bw igual a 90 mm, observou‐se que os valores de Pmáx e de ke da série 1 
foram respectivamente 5,14 % e 24,42 % superiores aos valores da série 2. Porém, os 
valores de A e de μ da série 2 foram respectivamente 29,94 % e 56,93 % superiores aos 
valores da série 1. Observou‐se que a variação de bw teve uma pequena influência no 
valore de Pmáx e uma influência relevante nos valores de ke, de A e de μ da ligação do 
subsistema de parede. Assim, quanto maior for bw, maiores serão os valores de Pmáx e 
de ke e menores serão os valores de A e de μ.  

4.4.5 Influência dos parâmetros sobre os modelos 1 e 2 
Na Tabela 8, com a série 1 do modelo 1 e a série 1 do modelo 2, observou‐se que os 
valores de Pmáx e de A da série 1 do modelo 2 foram respectivamente 55,33 % e 50,37 
%  superiores  aos  valores  da  série  1  do  modelo  1.  Porém,  os  valores  de  ke  e  de  μ  da 
série 1 do modelo 1 foram respectivamente 91,89 % e 295,97 % superiores aos valores 
da série 1 do modelo 2. Observou‐se que quanto menores forem tOSB e a quantidade 
de  parafusos  (QP)  e  maior  for  a  quantidade  de  montantes  (Qm),  menores  serão  os 
valores de Pmáx e de A e maiores serão os valores de ke e de μ. 

Com  a  série  3  do  modelo  1  e  a  série  3  do  modelo  2,  observou‐se  que  os  valores  de 
Pmáx, de ke, de A e de μ da série 3 do modelo 2 foram respectivamente 62,39 %, 246,26 
%, 14,87 % e 80,42 % superiores aos valores da série 3 do modelo 1. Observou‐se que 
quanto maiores forem tOSB, Qp e Qm, menores serão os valores de Pmáx, de ke, de A e de 
μ. 

Considerando  a  série  2  do  modelo  2,  observou‐se  que  os  valores  de  Pmáx  e  de  A  da 
série 2 do modelo 2 foram respectivamente 43,87 % e 13,36 % superiores aos valores 
da série 3 do modelo 1. Porém, os valores de ke e de μ da série 3 do modelo 1 foram 
respectivamente  18,44  %  e  75,44  %  superiores  aos  valores  da  série  2  do  modelo  2. 

357 
Observou‐se  que  quanto  maiores  forem  tOSB,  QP  e  Qm,  menores  serão  os  valores  de 
Pmáx e de A e maiores serão os valores de ke e de μ. 

Considerando a série 4 do modelo 1 e a série 1 do modelo 2, observou‐se que o valor 
de Pmáx da série 1 do modelo 2 foi 32,04 % superior ao valor da série 4 do modelo 1. 
Porém, os valores de ke, de A e de μ da série 4 do modelo 1 foram respectivamente 
17,03 %, 17,00 % e 203,78 % superiores aos valores da série 1 do modelo 2. Observou‐
se que quanto maiores forem QP e Qm, menor será o valor de Pmáx e maiores serão os 
valores de ke, de A e de μ. 

4.5 Comparação  entre  os  resultados  da  presente  pesquisa  e  os  resultados  das 
bibliografias citadas 

O menor valor médio de Pmáx e os maiores valores médios de ke e de μ foram obtidos 
com a série 2 do modelo 1. O Cv de Pmáx e de ke foi respectivamente igual a 4,66 % e 
1,32  %  (Tabela  8).  O  menor  valor  médio  de  ke  foi  obtido  a  série  2  do  modelo  2.  O 
menor  valor  médio  de  μ  foi  obtido  com  a  série  1  do  modelo  2.  Os  maiores  valores 
médios de Pmáx e de A foram obtidos com a série 3 do modelo 2. O Cv de Pmáx e de A foi 
respectivamente  igual  a  1,58  %  e  12,95  %  (Tabela  8).  O  menor  valor  médio  de  A  foi 
obtido com a série 1 do modelo 1. 

Na  Erro!  Fonte  de  referência  não  encontrada.,  pode‐se  observar  que  os  maiores 
valores  de  P  e  de  A  foram  obtidos  por  Okasha  (2004).  Esses  valores  foram 
respectivamente superiores de 33,84 % e de 90,79 % aos valores obtidos na presente 
pesquisa. Os maiores valores de ke e de μ foram obtidos pela presente pesquisa. Esses 
valores foram respectivamente superiores de 207,00 % e 230,83 % aos valores obtidos 
por Okasha (2004). 

 
 
 

358 
 
Tabela 9 – Comparação entre os resultados (valores máximos ou valores médios*). 
ke 
Autores  tOSB (mm)  P (kN)  A (kN.mm)  μ 
(kN/mm) 
11 3,52 5 ‐  ‐ 
Okasha* (2004)  12,5 ‐ ‐ ‐  23
15,5 ‐ ‐ 31,9  ‐ 
Fiorino et al. (2007)  9,5 ‐ 2,05 14  22,2
Vieira et al*. (2009)  11,1 2,98 1,45 ‐  ‐ 
Peterman et al.(2014)  11,1 ‐ 2,09 ‐  ‐ 
3,17 ‐ 21,72  17,5
Iuorio et al*. (2014)   18 
‐ 2,03 ‐  ‐ 
Jihong et al. (2016)  18 2,14 ‐ ‐  4,11
M1 S1   1,58 3,13 8,44  15,72
9,5 
M1 S2   1,51 15,35 9,42  76,09
M1 S3   1,62 1,55 14,55  10,93
Datchoua* 
M1 S4   1,86 1,91 14,86  12,06
(2016)  11,1 
M2 S1   2,45 1,63 12,70  3,97
M2 S2   2,33 1,31 16,50  6,23
M2 S3   9,5 2,63 5,38 16,72  19,72

5 Conclusões 

Como considerações finais, observou‐se que:  

‐  Quanto  à  força  máxima  obtida  na  ligação,  o  valor  médio  dos  CP’s  feitos  com  um 
montante e 10 parafusos (modelo 2‐S3) foi quase igual a 2 vezes o valor dos CP’s feitos 
com 2 montantes e 8 parafusos (modelo 1‐S2);  

‐  Quanto  à  rigidez,  o  valor  médio  dos  CP’s  feitos  com  2  montantes,  9,5  mm  de 
espessura nominal dos painéis de OSB e 8 parafusos (modelo 1‐S2) foi quase igual a 12 
vezes  o  valor  dos  CP’s  feitos  com  um  montante,  9,5  mm  de  espessura  nominal  dos 
painéis de OSB e 10 parafusos (modelo 2‐S2);  

‐ Quanto à energia dissipada, o valor médio dos CP’s feitos com um montante, 90 mm 
de dimensão nominal da alma de perfil e 10 parafusos (modelo 2‐S3) foi quase igual a 
2  vezes  o  valor  dos  CP’s  feitos  com  2  montantes,  200  mm  de  dimensão  nominal  da 
alma de perfil e 8 parafusos (modelo 1‐S1);  

‐ E quanto à ductilidade, o valor médio dos CP’s feitos com dois montantes, 9,5 mm de 
espessura nominal dos painéis de OSB, 90 mm de dimensão nominal da alma de perfil 
e  8  parafusos  (modelo  1‐S2)  foi  quase  igual  a  19  vezes  o  valor  dos  CP’s  feitos  um 

359 
montante, 11,1 mm de espessura nominal dos painéis de OSB, 200 mm de dimensão 
nominal da alma de perfil e 10 parafusos (modelo 2‐S1). 

Para  pesquisas  futuras  na  mesma  área  de  atuação,  sugere‐se  executar  ensaios  de 
força‐deslizamento variando a espessura nominal dos perfis de aço e fabricar a parte 
do montante desprovida de painéis em perfil tipo caixa para que a ruptura dos corpos 
de  prova  ocorra  nas  ligações,  por  Pull‐over  ou  por  Pull‐out,  ao  invés  da  ruptura  por 
plastificação do topo dos montantes. 

6 Agradecimentos 

À CAPES, à FAPEMIG e à CNPq pelo apoio financeiro em forma de fomento à pesquisa; 
à Flasan pelo fornecimento do material e pela fabricação dos modelos; à Construseco 
pela  assistência  técnica  e  a  todos  os  outros  colaboradores  pelo  auxílio  durante  os 
ensaios e o tratamento de dados.

7 Referências bibliográficas 

DATCHOUA, Joseph Stéphane. Estudo Teórico‐Experimental do Comportamento da Ligação de 
Painels de OSB com Perfis do Reticulado Metálico do Sistema Construtivo Light Steel Framing 
sob  Força  Monotônica  de  Cisalhamento.  Disponível  em:  <http://stephane‐jay‐
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FIORINO, L.; DELLA CORTE, G.; LANDOLFO, R., Experimental tests on typical screw connections 
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POSSAS, Laís de Castro. Análise Experimental sobre a Força Resistente e o Comportamento da 
Ligação entre o Perfil de Aço e as Painels de OSB com Parafuso Auto‐Atarraxante no Sistema 
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360 
SANTIAGO,  Alexandre  Kokke;  FREITAS,  Arlene  Maria  Sarmanho;  DE  CRASTO,  Renata  Cristina 
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361 

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