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Luciane Melli1
RESUMO:
A Educação a distância (EAD) é uma modalidade de ensino que possibilita a seus alunos
estarem fisicamente distanteS de um ambiente formal de ensino e aprendizagem. Ou
seja, há uma separação temporal ou espacial entre os atores do processo educacional. É
justamente por isso que os materiais escritos devem construir determinadas formas de
presença. Mas afinal, como são construídas as presenças das tarefas propostas em EaD?
Elas possibilitam um diálogo entre professor e aluno pedagógico ou não? Essa é a
pergunta que tentaremos responder nesse artigo.
Na EaD, a interação com o professor é indireta e tem que ser mediatizada por uma
combinação dos mais adequados suportes técnicos de comunicação, o que torna
esta modalidade de educação bem mais dependente da mediatização que a
educação convencional, de onde decorre a grande importância dos meios
tecnológicos.
(Belloni, 2009,p.54)
A semiótica francesa começou a ser desenvolvida por volta de 1960 pelo lituano
Algirdas Julien Greimas. Greimas inspirou-se nas contribuições teóricas de diversos
autores, como: Ferdinand de Saussure 3, Louis Hjelmslev4, Vladimir Propp e Claude Lévi-
Strauss, e assim “deu vida” as bases da sua teoria semiótica 5.
3 Fiorin (2003a, p.58) afirma: “No período medieval, dizia-se que o signo era aliquid pro aliquo (alguma
coisa em lugar de outra). Essa definição mostra que o signo não é a realidade. Saussure vai precisar
bem esse fato, quando diz que o signo lingüístico não une um nome a uma coisa, mas um conceito a
uma imagem acústica. O que o mestre genebrino quer mostrar-nos é que o signo não é um conjunto de
sons, cujo significado são as coisas do mundo. O signo é a união de um conceito com uma imagem
acústica, que não é o som material, físico, mas a impressão psíquica dos sons, perceptível quando
pensamos numa palavra, mas não a falamos. O signo é uma entidade de duas faces, uma reclama a
outra, à maneira do verso e do anverso de uma folha de papel. Percebem-se duas faces, mas elas são
inseparáveis. Ao conceito Saussure chama de significado e à imagem acústica, significante. Não existe
significante sem significado; nem significado sem significante, pois o significante sempre evoca um
significado, enquanto o significado não existe fora dos sons que o veiculam”.
4 Hjelmslev (1975) desenvolveu as concepções saussurianas de signo (significado e significante) como
partes de planos de linguagem. O significante passou a ser chamado de plano de expressão e o
significado passou a ser denominado de plano de conteúdo. Assim, o autor postulou que cada um dos
planos de linguagem – conteúdo e expressão — possuíam não só uma forma, mas também uma
substância específica.
5Segundo Zilberberg (2006, p. 99): “A semiótica greimasiana toma para si o que gostaríamos de chamar as
quatro “grandes categorias”: expressão e conteúdo, de um lado, forma e substância, de outro. Essa
quaternidade delimita o campo epistemológico da semiótica: O par expressão–-conteúdo permite introduzir
a função semiótica e, em suma, o que se deve buscar, ou seja, a maneira pela qual a forma da expressão e
a do conteúdo junta-se, tornam-se co-presentes e, sobretudo, delimitam-se incessante e mutuamente. O par
forma—substância permite testar e avaliar o que foi encontrado, ou seja, precisamente essa identidade
entre a forma do conteúdo e a forma da expressão; essa concordância valida os resultados obtidos e
contribui para sua objetivação”.
No geral a semiótica passou por 3 períodos distintos, afinal, como enfatiza
Landowski (2005, p. 11 - 12):
Seu objeto de estudo é o texto, ou melhor, “um todo de sentido” entendido tanto
como objeto de significação quanto como objeto de comunicação. E é nessa perspectiva
de objeto de comunicação que iremos analisar. Na teoria francesa, existe a análise do
percurso gerativo de sentido que situa-se no âmbito do plano de conteúdo do texto. Sua
proposta analítica concebe um processo de produção do texto que vai do nível mais
simples e abstrato ao mais complexo e concreto. Esses níveis foram denominados,
respectivamente: fundamental, narrativo e discursivo. Todos eles apresentam
características semânticas e sintáticas que organizam a significação. Dessa maneira, para
explicar “o que o texto diz” e “como o diz”, a semiótica, inicialmente, desenvolveu
ferramentas que lhe possibilitassem examinar os procedimentos da organização textual e,
também, os mecanismos enunciativos de produção e de recepção do texto. Tal estrutura
de análise textual pode ser visualizada na figura abaixo:
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Figura 01 - Texto (Plano de Conteúdo / Plano de Expressão) proposta por Hernandes (2006a)
A semiótica analisa a verdade do texto como uma construção, como uma rede de
relações. Com a articulação entre as relações encontradas no plano de conteúdo e no
plano de expressão podemos compreender o texto como “um todo de sentido”. Apenas a
nível de curiosidade, demonstraremos as principais características estudadas pela
semiótica em cada nível do percurso gerativo de sentido, o qual situa-se no âmbito do
plano de conteúdo do texto. Em princípio cada nível separadamente, o que dará uma
visão geral da forma como são concebidos os percursos e suas etapas. Faremos isso
para que nosso leitor não se “perca” nas análises. Contudo, iremos exaltar principalmente
as teorias da enunciação, ou melhor, o uso do discurso no método de ensino da EaD.
A sintaxe narrativa deve ser pensada como um espetáculo que simula o fazer do
homem que transforma o mundo. Para entender a organização narrativa de um
texto, é preciso, portanto, descrever o espetáculo, determinar seus participantes e
o papel que representam na historiazinha simulada. A semiótica parte dessa visão
espetacular da sintaxe e propõe duas concepções complementares de narrativa:
narrativa como mudança de estados, operada pelo fazer transformador de um
sujeito que age no e sobre o mundo em busca de valores investidos nos objetos;
narrativa como sucessão de estabelecimentos e de rupturas de contratos entre um
destinador e um destinatário, de que decorrem a comunicação e os conflitos entre
sujeitos e a circulação de objetos. As estruturas narrativas simulam, por
conseguinte, tanto a história do homem em busca de valores ou à procura de
sentido quanto a dos contratos e dos conflitos que marcam os relacionamentos
humanos.
Uma vez apresentado, de maneira geral, o ponto de vista teórico escolhido para
este trabalho, bem como uma síntese do seu desenvolvimento no percurso de construção
da disciplina, podemos passar para a análise propriamente dita.
Partindo do princípio que a Educação à distância se vale das TIC´s para tornar-se
uma modalidade de ensino totalmente dialógica e inovadora, seu material didático
também deve proporcionar essa sensação de presença constante para o estudante.
Antes de começar a análise propriamente dita, gostaria de lembrar o que nos diz
Barros ( 2005, p. 54):
4- Considerações finais:
Claro que, esses critérios não se aplicam a todos os alunos, mas buscaremos
identificar tal dificuldade em trabalhos futuros. Por enquanto, apenas podemos afirmar
que tal objetividade, acaba por distanciar o aluno não só apenas do material didático, mas
também do contato com o tutor a distância. Afinal, respostas e imposições rigorosas, sem
pensar na realidade de cada ser individualizado, pode ser prejudicial aos alunos em geral.