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Conservação e Utilização

racional de energia

UNIVERSIDADE DE AVEIRO
Conceitos e Definições

Î Depois das crises petrolíferas dos anos 70 e do


consequente aumento dos preços do petróleo,
começou-se a questionar quais são de facto os limites
de crescimento/desenvolvimento.

Î Só em 1986 com a “World Commission on the


Environment”- Brundtland Commission se falou em
reduzir (80%) do consumo de energia, como forma de
conseguir um desenvolvimento sustentável.

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Conceitos e Definições

Î No final dos anos 80 surgiram os conceitos:

Conservação de Energia Eficiência Energética

Î Enquanto que a eficiência energética passa apenas


por realizar serviços de forma mais eficiente.

Î A conservação de energia aponta como meta a


REDUÇÃO efectiva dos consumos.

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Conceitos e Definições

Î O principal instrumento para conseguir reduzir os


consumos de energia são as medidas de :

Utilização Racional de Energia

Î Sendo precisamente a GESTÃO DE ENERGIA uma


das medidas URE mais importantes.

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Indicadores de Eficiência
Î Os indicadores de eficiência energética têm como
objectivo caracterizar a eficiência de um país ou uma
região (macro-indicadores) ou então podem ser
usados ao nível das empresas, indústrias, edifícios e
habitações (micro-indicadores).

Os indicadores podem ser do tipo


Î Descritivos, caracterizam sem procurar explicação para as suas
alterações ou desvios
Î Explicativos, explicam as razões pelas quais se deram variações
nos indicadores descritivos

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Indicadores de Eficiência

Î Intensidade energética, razão entre o consumo de


energia e um indicador de actividade económica
(PIB ou VAB) [energia/$]
Î Elasticidade energética, variação do crescimento
do consumo de energia em relação à variação do
crescimento.
Î Consumo específico médio, razão entre o
consumo de energia final e a quantidade de
produção.
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Indicadores de Eficiência

Î Consumo específico, quantidade de energia


necessária para produzir uma unidade de um
dado produto.
Î Consumo unitário, de um equipamento, razão
entre o consumo de energia final pelo serviço
realizado (mobilidade, temperatura, nível de
iluminação, etc)
Î ...

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Indicadores

Î Os indicadores macro-económicos que são calculados


com base no PIB podem conduzir a conclusões
desfasadas da realidade, dado que o PIB é um
indicador exclusivamente económico.
Î Por exemplo para a intensidade energética teremos de
ter outro cuidado,o de corrigir as trocas indirectas, i.e.
incluir a utilizada na produção dos bens importados.

Î Será também conveniente considerar outros tipo de


indicadores de desenvolvimento social.

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Consumo / Conservação

Î O grande paradoxo que ainda existe e que se tem


vindo mostrar-se difícil de ultrapassar é:

Continuar a consumir e contudo ter uma atitude


consciente e positiva de conservação de energia.

Î É neste contexto que se insere a Gestão de Energia.

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Gestão de Energia

ÎA gestão de energia conduz a benefícios a


nível global, nacional, e até ao do consumidor:

Î Aumento da eficácia
Î Redução da factura energética
Î Acréscimo da produtividade das empresas
Î Aumento da competitividade
Î Conhecimento mais profundo das instalações e da
energia despendida no processo produtivo
Î ...
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Gestão de Energia

Î Objectivo: racionalizar os consumos de energia com


vista a reduzir os custos inerentes e com o mínimo
impacto no sistema produtivo (indústria) ou no conforto
(habitação).

Î Instrumentos: controlo da energia adquirida, energia


consumida, matérias-primas e o controlo da evolução
dos consumos no tempo.

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Gestão de Energia
Metodologia do Processo Decisão e Atribuição
de Responsabilidades
de Gestão de Energia
Levantamento
Energético
Estabelecimento de
prioridades

Auditoria Energética

PRCE

Contabilidade Implementação e
energética controlo
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Gestor de Energia

O Gestor de Energia de uma empresa deve a qualquer


momento:
ÎConhecer os consumos de energia
ÎContabilizar os consumos de energia
ÎOptimizar processos e consumos
ÎControlar situações
ÎFazer cumprir o plano de racionalização dos consumos de
energia

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Regulamento
ÎO Regulamento de Gestão do Consumo de Energia
(RGCE) é aplicável a todos os sectores de actividade.

ÎToda e qualquer empresa ou instalação consumidora


intensiva de energia que esteja numa das seguintes
situações:
1. Consumo de energia anual superior a 1000 tep
2.Soma dos consumos energéticos nominais dos eq. instalados superior a
0,5 tep / hora
3.Consumo energético nominal de pelo menos um equipamento instalado
exceda os 0,3 tep/hora

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RGCE

Î As empresas que são abrangidas pelo Regulamento de


Gestão de Consumo de Energia, ficam obrigadas a realizar
uma auditoria energética e a cumprir um plano de
racionalização dos consumos de energia para um prazo de
5 anos (3 anos para empresas de transportes).

Î Seguir a metodologia necessária para cumprir as diversas


fases indicadas no RGCE é no fundo, iniciar um processo
que deverá conduzir à gestão energética da instalação em
análise.

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PRCE

ÎO Plano de Racionalização dos Consumos de Energia vai


integrar os resultados da Auditoria Energética realizada e
dos planos de produção e de desenvolvimento previsto, de
modo a fixar METAS de redução dos consumos específicos.

ÎCaracterizaras oportunidades de racionalização dos


consumos de energia encontradas e respectiva analise de
viabilidade;

ÎPlaneamento das intervenções de racionalização dos


consumos de energia (eléctrica, ou outro qualquer fonte).

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Gestão do Consumo de Energia

Î O inicio do processo da gestão dos consumos de


energia passará certamente pelo cumprimento de
algumas etapas prévias, que correspondem ao
conhecimento e avaliação da instalação consumidora:

Î Levantamento e recolha de dados


Î Auditoria energética
Î Plano de racionalização
Î Implementação e controlo

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Levantamento e recolha de dados
Esta primeira fase consiste em:

Î Conhecer a situação energética da instalação:

1. Entender onde e como são gastos os combustíveis


2. Identificar áreas e processos onde se consome mais energia e
os locais onde existe maior desperdício.

Î Verificar se a instalação é abrangida, ou não pelo


RGCE – Consumidor Intensivo de Energia.

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Auditoria Energética
Î Depois de feito o levantamento, a que estabelecer
prioridades. A Auditoria será então orientada para as
áreas mais problemáticas.
Î A AUDITORIA ENERGÉTICA é um processo de
diagnóstico detalhado da situação energética da
instalação consumidora.
Î A auditoria deverá ser o ponto de partida para o
controlo e para o estabelecimento de metas de
racionalização dos consumos de energia.

Exame crítico da forma como é utilizada a energia


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Auditoria Energética
Uma auditoria energética tem como objectivos:
ÎDeterminar as formas de energia utilizadas
ÎExaminar o modo com a energia é utilizada e os seus custos
ÎEstabelecer a estrutura do consumo de energia
ÎRelacionar o consumo de energia com a produção com o funcionamento
da instalação.
ÎIdentificar as possibilidades de melhoria dos rendimentos
ÎAnalisar técnica e economicamente as soluções encontradas
ÎEstabelecer metas de consumo de energia
ÎPropor um programa para as acções e investimentos a empreender
ÎPropor, se não existir, um esquema operacional de gestão de energia na
empresa
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Auditoria Energética

1.ª Fase Preparação da Auditoria

Intervenção no
2.ª Fase
local a Auditar

Tratamento da
3.ª Fase informação recolhida

Elaboração do Relatório
4.ª Fase da Auditoria

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Plano de Racionalização

Î Depois de realizada a auditoria por técnicos especializados


reconhecidos pela DGE é elaborado o Plano de
Racionalização, ficando assim o consumidor a conhecer o
ponto da situação e o procedimento a seguir para reduzir os
consumos específicos e a intensidade energética.

Î O que fazer
Î Onde fazer
Î Como fazer
Î Quando fazer
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Implementação e Controlo
Î A implementação do Plano de Racionalização deverá ser
acompanhado pelos técnicos que acompanharam as fases
anteriores de forma a assegurar a concretização das
soluções adoptadas e proceder aos ajustamentos
eventualmente necessários.

Î O gestor de energia deverá ficar responsável pelo controlo


dos resultados, montando um sistema de contabilidade dos
consumos.

Î No caso de a empresa estar abrangida pelo RGCE, um


relatório anual sobre o ponto da situação da implementação
do plano deverá ser entregue a DGE.
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Contabilidade Energética

Î A contabilidade energética é feita com base nos


indicadores de eficiência energética referidos
anteriormente.

Î A contabilidade energética abrange o cálculo da


intensidade energética e dos consumos específicos,
como forma indispensável ao estabelecimento de
metas.
Î E à análise de viabilidade/rentabilidade dos projectos
de investimento.

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Tarifas de Electricidade

Î As tarifas de venda de energia eléctrica são


compostas essencialmente por:

Î uma componente fixa de encargo com a potência


(potência contratada), mensal.
Î uma componente que varia de acordo com a energia
consumida (custo do kWh).

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Tarifas de Electricidade
Limites de Energia Activa Energia Reactiva (2)
Nível de Limites de utilização Potência Interruptibilidade
potência Opções tariárias
tensão anual de potência (1) (2) N.º de Períodos (3)
contratada (kVA) Indutiva Capacitiva
estações horários
1,15 tarifa social - x 1 1 - - -
1,15 a 20,7 tarifa simples - x 1 1 - - -
3,45 a 20,7 tarifa bi-horária - x 1 2 - - -
27,6 a 41,4 tarifa simples - x 1 1 - - -
tarifa de médias
27,6 a 41,4 < 2000 h x 1 3 - - -
utilizações
tarifa de longas
27,6 a 41,4 > 2000 h x 1 3 - - -
utilizações
tarifa de médias
Tarifárias

> 41,4 < 2000 h x 1 3 x x -


utilizações
Opções

BT tarifa de longas
> 41,4 > 2000 h x 1 3 x x -
utilizações
tarifa sazonal
3,45 a 20,7 - x 1 1 - - -
simples
tarifa sazonal bi-
3,45 a 20,7 - x 1 2 - - -
horária
tarifa sazonal tri-
27,6 a 41,4 - x 1 3 - - -
horária
tarifa de
- iluminação - - 1 1 - - -
pública
tarifa de curtas
- < 1000 h x 2 3 x x x
utilizações
tarifa de médias
MT - 1000 a 5000 h x 2 3 x x x
utilizações
tarifa de longas
- < 5000 h x 2 3 x x x
utilizações
tarifa de curtas
> 6 MW < 1000 h x 2 3 x x x
utilizações
tarifa de médias
AT > 6 MW 1000 a 5000 h x 2 3 x x x
utilizações
tarifa de longas
> 6 MW < 5000 h x 2 3 x x x
utilizações
Fonte ERSE
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MAT > 25 MW tarifa única x 2 3 x x x
Tarifas de Electricidade

Î Existem vários níveis de tensão disponíveis:

Î Baixa Tensão (BTN e BTE) – doméstico, serviços e PME


Î Média Tensão (MT) – indústrias e serviços
Î Alta Tensão (AT) e Muito Alta Tensão (MAT) – indústrias

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Tarifas de Electricidade

Î As tarifas de energia podem ainda variar durante o dia


de acordo com a opção escolhida pelo consumidor.

Î Os períodos horários são:

- Horas de Ponta -
- Horas de Cheia -
- Horas de Vazio -

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Tarifas de Electricidade
Î Os períodos tarifários são assim definidos:
Período de hora legal de Inverno Período de hora legal de Verão

Pontas: 4h/dia Ponta: 4h/dia

Cheias: 10h/dia Cheias: 10h/dia Ciclo


Vazio: 10h/dia Vazio: 10h/dia
diário
Período de hora legal de Inverno Período de hora legal de Verão
Segunda a Sexta-feira Segunda a Sexta-feira
Pontas: 5h/dia Pontas: 3h/dia
Cheias: 12h/dia Cheias: 14h/dia
Vazio: 7h/dia Vazio: 7h/dia
Sábados
Cheias: 7h/dia
Sábados
Cheias: 7h/dia
Ciclo
Vazio: 17h/dia
Domingos
Vazio: 17h/dia
Domingos
semanal
Vazio: 24h/dia Vazio: 24h/dia

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Tarifas de Electricidade

Î Existem tarifas (BTE, MT, AT e MAT), onde pode ainda


ser cobrada a energia reactiva consumida ou
produzida pelo consumidor caso:

tg ϕ ≥ 0,4
cos ϕ ≥ 0,98

Î O que corresponde a um consumo de energia reactiva


maior do que 40% do consumo de energia activa.
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Tarifas do Gás Natural

Î Tal como as tarifas de electricidade, na factura


do gás natural é incluída :

Î Uma termo fixa mensal, que varia com o tipo de


consumo da instalação
Î Uma termo variável, que representa o custo da
quantidade de gás consumido (custo do m3)

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Tarifas dos GPL´s

Î Os gases de petróleo podem ser adquiridos no


mercado, na forma de:

Î Garrafa, (Butano) – residências


Î Garrafa industrial, (Propano) – indústrias, hotelaria
Î Canalizado, (Propano) – edifícios, moradias
Î Auto (GPL) - veículos
Î Granel(Propano) - indústrias

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Exemplo

Î Gás Propano versus Gás Natural


Gás Propano (garrafa) Gás Natural
Preço de venda: 204$ / Kg Preço de venda ( médio) : 89$82 m3
Poder calorífico inferior: 11 000 kcal/kg Poder calorífico inferior: 9 000 kcal/m3

Custo de 1 kWh = 15$90 Custo de 1 kWh = 8$58

Î Não esquecer que o gás natural tem uma parcela fixa todos os
meses de 721$74 para a utilização na cozinha e água quente
sanitária.

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Exemplo
Î Fogão - Assumindo que o fogão apresenta um consumo médio
de 2 kWh por dia.
Gás Propano (garrafa) Gás Natural
Custo real de 1 kWh = 28$90 Custo real de 1 kWh = 15$60
Custo anual = 20 810$00 Custo anual = 11 230$00

Î Aquecimento de água – Se as necessidades de água quente


para cinco pessoas são cerca de 200 litros por dia, isto implica
uma dispêndio de energia da ordem de 8.6 kWh.

Gás Propano (garrafa) Gás Natural


Custo real de 1 kWh = 16$70 Custo real de 1 kWh = 9$03
Custo anual = 51 700$00 Custo anual = 27 960$00

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Exemplo
Î Conclusão:

Gás Propano (garrafa) Gás Natural

Custo anual total Custo anual total = 39 190$00 + p.fixa


72 510$00
47 840$00

Î O investimento é recuperado em 3anos, contando com


o investimento necessário para proceder à mudança
de Propano para Gás Natural, o

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Cogeração

Î Cogeração é um processo de geração simultânea de


calor e energia mecânica (ou eléctrica) a partir de um
combustível (fuel, gás, gasóleo, resíduos industriais,
etc). O calor gerado é aproveitado no processo
produtivo.

Î Este processo permite melhorar a eficiência energética


dos sistemas energéticos da instalação e do próprio
funcionamento da rede eléctrica nacional.

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Cogeração

Î A energia eléctrica que a instalação não consumir


pode ser vendida à rede eléctrica nacional, que está
“obrigada” a comprar esta electricidade a um um preço
regulamentado (decreto-lei nº.198/88) - tarifa verde.

Î As vantagens da cogeração em Portugal são muitas e


ainda mais com a entrada do gás natural

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Cogeração

Î Tecnologias disponíveis:

Î Turbina a vapor (contrapressão ou condensação)


Î Turbina a gás
Î Motores diesel
Î Motores Otto (explosão)
Î Turbina a gás ciclo combinado
Î Motores diesel ciclo combinado

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Cogeração

Î As emissões poluentes dependem em grande parte


dos combustíveis utilizados:

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Cogeração

Î Este sistema apresenta rendimentos bastantes superiores


do que a tradicional geração de electricidade e calor
Combustível Eficiência
Tecnologia Calor Resíduos Energia Energia
Carvão Fuel-óleo Gasóleo Gás Total
recuperado sólidos eléctrica térmica
Turbinas a vapor
contrapressão X X X X X X 15-25% 50-60% 85%
condensação 30-40% - 30-40%

Turbinas a gás - - X X - - 35-40% 45-50% 85%

Motores diesel - X X X - - 42-47% 45-47% 85%

Motores Otto - - - X - - 33-40% 45-47% 85%

Turbinas a gás
Ciclo Combinado
- - X X - - 45-56% - 45-56%

Motores diesel
Ciclo Combinado
- X X X - - 47-52% - 47-52%

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Investimento

ÎÉ rentável investir em eficiência energética?

Î Podemos poupar energia sem fazer qualquer


investimento ou com um investimento mínimo.
Pequenos actos de gestão de energia como
desligar máquinas que não estão a funcionar,
melhoramentos nos isolamentos térmicos,
correcção de factores de potência, etc.

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Investimento

ÎÉ rentável investir em eficiência energética?

Î Qualquer tipo de projecto de investimento em


eficiência energética deverá ser submetido a
uma análise económica e financeira que
permita avaliar a sua viabilidade técnico /
económica – análise custo/benefício.

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Investimento

Î Os benefícios ambientais do projecto deverão


ser contabilizados na análise de viabilidade.
Î Na análise Técnico/Económica são calculados:

Î Tempo de retorno do investimento (pay-back simples)


Î Valor Actualizado Líquido - VAL
Î Tempo Interna de Rentabilidade - TIR

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Financiamento por terceiros

ÎO financiamento por terceiros caracteriza-se


essencialmente por dois aspectos básicos:

Î Fornecimento de um projecto energético tipo “chave na


mão”.
Î O terceiro financiador é pago exclusivamente pelas
economias de energia conseguidas pela implementação do
projecto.
Î As empresas prestadoras de serviços de energia – ESCO,
estão geralmente vocacionadas para este tipo de
operações técnico/económicas.
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Financiamento por terceiros

Î Os projectos financiados por estas empresas


podem ser de vários tipos:

Î Serviços de auditoria energética


Î Projecto solução a implementar
Î Gestão energética dos sistema objecto de intervenção
Î Manutenção do equipamento
Î Apoio a optimização da operação dos equipamentos

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