Você está na página 1de 18

Dossier sobre Variadores

de Velocidade em Elevadores

Influência da Velocidade
nos Ascensores
Eng.° Jorge Louro, GMV-Portugal

Homelifts
António Garrido, Liftech, S.A.

Ascensores: a eficiência energética


PROTAGONISTAS

e a legislação aplicável
Miguel Leichsenring Franco, Schmitt-Elevadores, Lda

30 elevare
PUB
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

Influência da Velocidade
nos Ascensores
Eng.° Jorge Louro
GMV-Portugal

INTRODUÇÃO:
Entendemos ser importante analisar a in-
fluência da velocidade nos ascensores e as
suas implicações a nível:
> Conceção,
> Estrutural,
> Desempenho.

Os fatores CED aumentam diretamente


com a altura do edifício. Quanto mais alto
for o edifício, maior a velocidade do ascen- Uma curiosidade associada à velocidade: os Cabina
sor, logo maior serão as suas exigências 73 ascensores instalados em 1932 no edifí- Órgão do ascensor destinado a receber as
sobre os fatores CED. cio New Yorks Empire State Building ainda pessoas e/ou a carga a transportar.
se encontram na nona posição como um Para situações com velocidades nominais
dos mais rápidos do mundo. baixas ou médias, a forma da cabina não
tem qualquer influência no desempenho
É comum dizer que os ascensores são as aerodinâmico. Agora para situações de alta
artérias de edifícios, as pessoas, o seu san- velocidade e ultra/alta velocidade, ou seja,
gue vital, e a velocidade não são mais do que de 5 m/s ou superior já tem um forte im-
a tensão arterial. Por este motivo conside- pacto no desempenho aerodinâmico e no
ro de extrema importância a componente conforto dos passageiros. A insonorização
da velocidade, porque no fundo não é mais e as medidas de distorção harmónica de
do que projetar uma velocidade correta de todos os ângulos são fundamentais para
forma a manter a tensão arterial ideal no reduzirem o ruído de forma a garantir um
edifício para que tenha uma vida saudável. ambiente confortável ao passageiro.
> Vibração e Ruído Aerodinâmico com a
IMPLICAÇÕES AO NÍVEL DA CONCEÇÃO velocidade - aumentam diretamente
com a velocidade do ascensor. Significa
que, para ascensores de baixa e média
velocidade, o aspeto construtivo da
Figura 1 cabina não tem qualquer importância,
porque não afeta de forma significativa
Hoje em dia a velocidade dos ascensores o desempenho do ascensor.
está associada diretamente ao índice de
crescimento de uma região. É conhecido No caso da alta velocidade e ultra/alta ve-
pelo “Índice de Ascensor”(1), se quisermos locidade (superiores a 5,0 m/s), estes dois
saber as regiões com maior crescimento fatores afetam muito o desempenho do as-
económico, devemos ignorar os relatórios censor em termos aerodinâmicos, a forma
do PIB, estatísticas de emprego e tendên- da cabina do ascensor tradicional, com as
cias de consumo. Tudo o que necessitamos suas várias arestas salientes, teto e piso
de fazer é responder a uma pergunta: Onde plano, não é a forma ideal para uma cabina
estão os ascensores mais rápidos? Figura 2 nestas condições.

32 elevare
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

Para que os passageiros tenham uma via-


gem confortável, estes dois pontos devem
ser ultrapassados. Houve a necessidade de
fazer um estudo do fluxo do ar na caixa e
da pressão na superfície da cabina. Para a
redução do ruído aerodinâmico teve que se
aplicar uma cápsula em forma de cunha ae-
rodinâmica reduzindo drasticamente o fluxo
do ar associado, isolando a porta de cabina
e principalmente com aplicação de spoilers
em forma de cunha sobre as cápsulas. Além
disso, as paredes exteriores são compostas
por um material com a capacidade de absor-
ver o som denominado Cladded.

Figura 5 Sistema de Regulação da Pressão Atmosférica na Cabina do Ascensor.

e o piso 89, este é de cerca de 382 m transmite da guia para a estrutura da arcada
e apresenta uma diferença atmosférica e, consequentemente, ao passageiro, essa
de cerca de 48hPa. A mudança repenti- perturbação vibratória aumenta diretamen-
na de pressão com a chegada do ascen- te com a velocidade, existindo assim a ne-
sor ao piso mais alto irá causar descon- cessidade de utilizar soluções de guiamento
forto aos passageiros. Para evitar este inovadoras.
problema, as cabinas estão dotadas de > Vibração com a velocidade. Para situa-
Figura 3 (2) um Controlo do Sistema de Pressão(3) ções com velocidades nominais baixas, a
que ajusta a pressão atmosférica den- amplitude da vibração transmitida pelo
Assim, a maior parte do fluxo de ar gera- tro da cabina, utilizando ventiladores de movimento é aceitável e não requer
do flui para os lados e para trás da cabina aspiração e descarga, evitando aos pas- qualquer cuidado construtivo quer da ar-
quando esta se desloca. Segue um modelo sageiros uma viagem desconfortável. cada quer das roçadeiras de guiamento,
de estudo que nos informa dos pontos mais daí utilizarmos roçadeiras fixas standard
críticos numa cabina especial submetida a ARCADA DA CABINA com uma base em nylon. Mas, quando
ultra/alta velocidade. Estrutura metálica suportando a cabina, li- passamos para velocidades nominais de
gada aos órgãos de suspensão. Esta estru- 1,6 m/s até 4,0 m/s, somos forçados a
tura pode fazer parte integrante da própria aplicar roçadeiras de guiamento por ro-
cabina. das em que os 3 eixos são amortecidos
por uma mola helicoidal dimensionada
O cuidado e rigor construtivo da arcada au- de forma a anular ou diminuir o impac-
mentam com a velocidade nominal. Basta to da vibração. Quando entramos no
termos a ideia que, para ascensores de bai- universo da alta e ultra/alta velocidade,
xa velocidade, é normal utilizar roçadeiras o ascensor tende a vibrar muito com a
de guiamento de nylon, mas a partir da alta agravante das caixas serem comuns a
Figura 4 (2) velocidade e ultra/alta velocidade, ou seja, vários que viajam em condições diferen-
a partir dos 5m/s, devido à vibração que se tes, provocando elevadas pressões de-
> Variação da Pressão com a velocidade
- mais uma vez, a baixa velocidade e mé-
dia velocidade não tem qualquer impor-
tância na conceção da cabina. Contudo,
é um fator de extrema importância no
estudo da cabina na alta velocidade e
ultra/alta velocidade, porque atingem
alturas muito elevadas num curto perí-
odo de tempo que, normalmente, pode
rondar entre 30 a 40 s. Para termos
uma ideia a distância entre o piso terra Figura 6(2)

elevare 33
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

para velocidades nominais de 5,0 m/s


ou superiores. Composto por um acele-
rómetro, deteta a vibração na roçadeira
transmitindo uma informação a um atu-
ador gerando um amortecimento de vi-
bração baseado numa força eletromag-
nética na direção oposta (Princípio da lei
da ação e da reação). O resultado é um
conforto absolutamente irrepreensível
para o passageiro.
> Sistema de guiamento por Levitação
Figura 7 Magnética. A Toshiba desenvolveu, em
2006, o primeiro ascensor do mun-
do com uma suspensão por levitação
magnética, denominado MagSus(5), ins-
talado no edifício Taipé101 que ainda hoje
detém o recorde do mundo com uma
velocidade ascendente de 60,6 km/h.
Esta tecnologia permite que não exista
qualquer contacto entre a arcada e o
guiamento, eliminando definitivamente
o problema da vibração, normalmente
transmitido pelo sistema de guiamento
de rodas quando em contacto com as
guias, principalmente na zona de liga-
ção das guias em que o choque será
ampliado com a velocidade.

Levitação Magnética:
A solução MagSus (5) é desenvolvida a partir
da integração de um imã permanente (per-
mite que a arcada do ascensor deslize ao
longo do guiamento) e um eletroíman (con-
Figura 8 trola a estabilidade da arcada do ascensor).
Quando o imã permanente se aproxima da
guia uma forte atração será induzida, pro-
vocando uma força de retenção. O movi-
mento da arcada do ascensor é controlado
pelo eletroíman que ajusta o campo mag-
nético do íman permanente.

Méritos da Levitação Magnética


Como se viaja no campo eletromagnético
Figura 9 permite que um sensor estime, em tempo
real, a distância ideal, fazendo os ajustes
vido à deslocação da massa de ar. Para > Vibração nas Roçadeiras de Rodas com no campo magnético, mantendo assim a
superar este problema foi desenvolvido a velocidade. O ascensor tem tendência dist ância adequada ao guiamento e contro-
um sistema de controlo ativo antivibra- a aumentar a vibração lateral quando la a vibração. Significa que o problema que
ção denominado Ative Mass Damper(2). atinge a alta velocidade ou a ultra/alta existia na ligação entre guias deixa de ter
Uma vez que o sensor instalado na ar- velocidade ao percorrer as guias devido importância, tal como o ruído das rodas
cada deteta a vibração, o contrapeso à tendência natural de ficarem ligeira- deixa de ser relevante.
incorporado no dispositivo move-se no mente onduladas. Um novo tipo de guia-
sentido contrário para anular a vibração. mento por rodas, denominado Sistema MÁQUINA DE TRAÇÃO
A aplicação desta massa ativa de amor- de guiamento por Rodas Ativas(4), é usa- Conjunto dos órgãos motores que as-
tecimento reduz 20% (ou mais) a vibra- do para a isolar, absorvendo a vibração seguram o movimento e a paragem do
ção momentânea da cabina. lateral. Este dispositivo ativo é aplicado ascensor.

34 elevare
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

> Máquina de Tração de Alta velocidade e LIMITADOR DE VELOCIDADE -quedas é ativado de forma a bloquear a ca-
Ultra alta velocidade de grande capaci- Órgão que, acima duma velocidade com re- bina em segurança. Para parar, por exemplo,
dade. Ao utilizar-se um motor síncrono gulação predeterminada, comanda a para- um ascensor(2) de 23 toneladas que desce a
de ímanes permanentes (PMSM) sin- gem da máquina e, se necessário, provoca a 1 300 m/min são geradas temperaturas ex-
cronizados com duas linhas sinuosas(4), atuação do pára-quedas. tremas nos calços superiores a 1000˚ C. Por
denominado controlo duplo-drive, este conseguinte, é utilizado um material especial
está ligado a duas unidades indepen- A fricção gerada na roda de gorne durante com elevada resistência ao calor e ao des-
dentes conversor/inversor paralelo. a passagem do cabo no gorne gera tempe- gaste em cerâmica fina de nitreto de silício.
Para cargas elevadas, este sistema ga- raturas incríveis, bem como um elevado
rante uma rotação mais suave que se desgaste no caso de ultra/alta velocidade. AMORTECEDOR DO POÇO
traduz numa menor vibração sobre todo O aumento da temperatura e desgaste está Devido à velocidade, o comprimento do
o sistema de suspensão. São motores diretamente ligado ao aumento da velocida- amortecedor hidráulico(2) pode chegar aos
de elevada eficiência no desempenho, de nominal do ascensor. 10 m ou mais. Devido à elevada carga sus-
emitem um nível muito baixo de ruído e pensa, normalmente utilizamos a solução
vibração, sendo quase impercetível em telescópica de 3 elementos para reduzir o
alta e ultra alta velocidade, transmitin- espaço que ocupa. Cada elemento está pro-
do assim um elevado conforto ao pas- jetado para suportar 11 toneladas.
sageiro.

Figura 11(2)

É utilizado o mesmo material, de elevada


resistência à temperatura e ao desgaste,
utilizado nas cunhas do pára-quedas, ou
seja, cerâmica fina de nitreto de silício.

PÁRA-QUEDAS
Órgão mecânico destinado a fazer parar e Figura 13(2)

manter parada a cabina, o contrapeso ou a


Figura 10 massa de equilíbrio nas suas guias em caso Significa que devem ter um poço muito pro-
de aumento da velocidade ou de ruptura fundo para garantir um trabalho com ultra/
PORTAS dos órgãos de suspensão. alta velocidade.

Sistemas de portas sofisticadas Varia a sua conceção conforme a velocida- IMPLICAÇÃO A NÍVEL ESTRUTURAL:
Para baixas e médias velocidades, não se de. Normalmente o problema é a tempe-
coloca o problema da força do vento em ratura gerada no atrito durante a atuação Caixa dos Ascensores
cada piso provocada pela variação de pres- do pára-quedas. Essa temperatura é dire- Para situações com velocidades nominais
são com altitude, sendo assim, as portas tamente proporcional à carga e velocida- baixas ou médias, a dimensão da caixa e
não requerem nenhum cuidado técnico de, e quanto maiores forem maior será a todos os seus elementos (fixações, vigas,
especial. temperatura gerada chegando a valores e outros) não influenciam diretamente o
incríveis. Só com aplicação de materiais de desempenho do ascensor ao nível do ruído,
Para alta e ultra alta velocidade, as portas última geração é possível ultrapassar este devemos apenas respeitar as folgas pela
utilizam um sistema sofisticado de controlo, problema. Norma EN 81.1. Mas para situações de alta
que não é mais do que um sistema VVVF - In- velocidade e ultra alta velocidade já tem um
verter Drive Control System de alta eficiência, forte impacto no desempenho no ruído e na
equipadas com um microcomputador RISC distorção harmónica, daí o cuidado na sua
que aumenta a sensibilidade das portas, cal- conceção e construção.
culando o peso dos painéis de porta em cada
piso e a força do vento. Além disso, a porta A insonorização de todos os ângulos da cai-
está equipada com um detetor de aprendi- xa é muito importante de forma a garantir
zagem de elevada sensibilidade que permite um ambiente confortável do passageiro du-
uma elevada precisão e faz uma monitoriza- Figura 12(2) rante a viagem.
ção. Quando a pressão é anormal faz a sua
correção automaticamente, mantendo o Por motivos de segurança, no caso de ultra/ +PUQPQTK\C§£QFCECDKPC
elevado padrão de funcionamento indepen- alta velocidade, se qualquer “improvável” Vamos analisar os 4 pontos que influen-
dentemente da altura do piso. aceleração anormal for detetada, o pára- ciam o ruído aerodinâmico da deslocação

elevare 35
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

da cabina ao longo de uma caixa, como as


medidas de prevenção dessa turbulência e
distorção harmónica da cabina ao longo da
caixa:
> Turbulência do vento (Wind Sheer)(6) -
não é mais do que uma rápida variação
na direção e/ou na velocidade do vento
ao longo de uma dada distância e é res-
ponsável pela formação de turbulência
de ar muito perigosa que normalmente
está associada à aeronáutica. Não é mais
do que o ar existente na caixa que vai
sendo comprimido e passa a alta velo-
cidade entre as paredes da caixa e a ca-
bina durante o movimento a subir ou a Figura 14 Figura 15
descer do ascensor em alta ou ultra/alta
velocidade. Gera um som semelhante
ao de uma aeronave e quanto maior é a
sua velocidade mais alto será este som.
É impressionante o seu som quando um
ascensor viaja em ultra alta velocidade.
O barulho será maior quando 2 ascen-
sores viajam lado a lado na mesma dire-
ção, e para reduzir o ruído basta aumen-
tar o espaço entre as paredes da caixa e
da cabina. Com o objetivo de reduzir, de
uma forma significativa, o fenómeno do
som do vento a alta velocidade nos as-
censores de alta e ultra/alta velocidade,
a área padrão da caixa do ascensor deve
sofrer um aumento(6) 1,4 vezes a área pa- Figura 16
drão. No caso de um ascensor numa cai-
xa, este fenómeno não acontece se a ve-
locidade nominal é igual ou inferior a 2,5
m/s. No caso de uma caixa duplex, este
fenómeno não acontece se a velocidade
nominal for igual ou inferior a 3 m/s.
> Efeito de Mergulho (Plunge Effect)(6) -
verifica-se quando vários ascensores
estão a funcionar numa caixa comum
(Exemplo 3.1) e se num deles a sua área
é cortada com aplicação de uma parede
(Exemplo 3.3), ou se 2 cabinas estão des-
fasadas em altura. Em seguida, quando
um ascensor entra neste espaço rela-
tivamente mais estreito, faz com que o
ar existente seja comprimido gerando
um ruído de efeito de mergulho que
normalmente é acompanhado por uma Figura 17
vibração. A melhor maneira de evitar
este súbito aumento de pressão do ar é na parte inferior da parede na direção à ção se a velocidade nominal do ascensor
não criar paredes de barreira ou vigas, caixa comum com uma dimensão de 1,5 a for igual ou inferior a 2 m/s.
mas se isso não pode ser evitado devi- 1,8 m2. Se não for possível implementar > Ruído Estalo/Buffting Noise(6) - é causa-
do à construção do edifício, devem ser a saída do ar, a caixa deve ser aumentada do quando o ar é empurrado, compri-
criadas medidas preventivas como a 1,4 vezes em relação à área padrão. Não mindo-se à frente da cabina, e quando
criação de uma saída de ar (Exemplo 3.2) há necessidade de medidas de preven- atinge uma viga ou uma saliência soa

36 elevare
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

como um estalo (Whap). Em edifícios


com muitos andares este som é ouvi-
do muitas vezes e torna-se audível aos
passageiros. Para evitar este fenóme-
no, a caixa deve ter um menor número
possível de superfícies salientes, e caso
não seja possível deve-se dotar essas
superfícies com placas inclinadas, mui-
to eficazes na atenuação deste fenó-
meno. Esta medida é necessária para
caixas simples com uma velocidade
nominal igual a 2,5 m/s ou superior e
em caixas duplex para uma velocidade
nominal igual a 3 m/s ou superior.
> Ruído na Casa das Máquinas/Machine Figura 18
Room Noise(6) - existem várias fontes de
ruído que se transmitem ao passageiro
na cabina, desde a máquina de tração, o
quadro de comando, os travões e o limi-
tador de velocidade que se transmitem
para a caixa do ascensor através do piso
da casa das máquinas pelos buracos de
passagem dos cabos de suspensão e
do limitador de velocidade. A forma de
evitar a propagação deste ruído para a
caixa passa pela colocação de lã de vidro
ou outro material de isolamento acústi-
co nas paredes e teto da casa das máqui-
nas, e a laje da casa das máquinas deve
ter uma espessura igual ou superior a
150 mm para amortecer toda a vibração
dinâmica.

+ORCEVQFQTW­FQFQCUEGPUQTPQGFKH­EKQ Figura 19
Continuando o estudo vamos, de uma for-
ma breve, analisar o seu efeito de propaga-
ção para o interior do edifício e as formas ído semelhante a um assobio forte é 3. Instalação de ar-condicionado na zona
de o evitar. causado com a passagem do ar a alta da casa das máquinas de forma a redu-
> Estudo do Ruído(6) - quanto maior for a velocidade pelas frestas das folhas dos zir o efeito ascendente do ar.
sua velocidade nominal maior será o ru- painéis e pelo aro que compõe a porta.
ído da arcada de cabina e do contrapeso Ruído nas áreas adjacentes
a percorrerem as guias ao longo da cai- Existem 3 pontos a serem tomados em Seguem 2 casos em que o funcionamento
xa do ascensor. Adicionalmente, em edi- consideração durante a fase de projeto do do ascensor pode ser audível nas áreas vizi-
fícios de grande altura durante os me- edifício de forma a minimizar este efeito: nhas à caixa dos ascensores:
ses de inverno, o ar quente do sistema 1. Minimizar a entrada do ar exterior a. A turbulência do vento, na caixa à pas-
de aquecimento flui da parte mais baixa para o interior do edifício através de sagem da cabina, pode ser ouvida atra-
da caixa para cima devido ao efeito natu- portas duplas com uma antecâmara vés das paredes da caixa do ascensor
ral de chaminé. É particularmente grave de bloqueio de vento nas entradas do (ar - propagação do som).
quando o ascensor toma o mesmo mo- edifício, caso não seja possível esta b. O som devido ao movimento do con-
vimento ascendente, porque acelera o solução, devem-se utilizar portas gi- trapeso ou cabina que é transmitido às
vento de forma que nas portas de pata- ratórias. paredes da caixa dos ascensores, atra-
mar sente-se um som estridente agudo 2. Aumentar a estanqueidade de cada an- vés das guias ou das fixações das guias
perturbando mais as pessoas que circu- dar do ar exterior de forma a evitar a (sólido - propagação do som).
lam no hall do edifício em torno da caixa circulação do ar pelas caixas das esca-
do que os próprios passageiros que se das que se infiltra através das frestas O som provocado pela turbulência do ven-
encontram dentro da cabina. Este ru- das portas. to é baixo, não tem impacto nas áreas vizi-

elevare 37
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

nhas, mas o som de propagação sólida já é A Velocidade do Ascensor(6) é determinada, Segue a Tabela 2 que correlaciona a veloci-
um problema e pode atingir os 50db. O mais geralmente, por dois fatores: dade com o número de pisos para um Hotel.
importante a fazer para evitar este ruído é > Número de pisos do edifício,
afastar o mais possível a caixa dos quartos > Tipologia do edifício (habitação, escri- Se analisarmos as velocidades ideais indi-
durante a fase de projeto do ascensor de tórios ou hospital). cadas para um Hotel, tendo sempre como
alta velocidade. Mas se a sua localização base a distância média entre pisos de 3 m:
não pode ser alterada, conforme mostra a A velocidade ideal do ascensor é determi- > 20 Pisos / Vn ideal = 2,0 m/s
Figura 7, deve-se ter o cuidado construtivo nado geralmente pelo número de paragens > 25 Pisos / Vn ideal = 2,5 m/s
de não colocar as vigas diretamente sobre e deve demorar 30 segundos ou menos no > 30 Pisos / Vn ideal = 3,0 m/s
a parede adjacente aos quartos. Service Oriented, 40 segundos ou menos no > 35 Pisos / Vn ideal = 3,5 m/s
Standard Service ou 50 segundos ou me- > 40 Pisos / Vn ideal = 4,0 m/s (6)
(6)
Ruído do Equipamento da Casa de Máquinas nos no Economy Oriented desde o piso mais
Normalmente a casa de máquinas está si- baixo ao mais alto. Segue a Tabela 1 que Verificamos que a velocidade do ascensor
tuada na parte superior do edifício, na pro- correlaciona a velocidade com o número aumenta em média 0,5 m/s por cada 5 pi-
jeção da caixa nos ascensores expressos, de pisos para um Edifício de Escritórios. sos, mantendo-se inalterável esta situa-
mas no caso dos ascensores de curso in- ção até ao 40.˚ piso para um Hotel.
termédio as casas das máquinas estão ins- Se analisarmos as velocidades ideais indi-
taladas no interior do edifício. Se possível cadas para um Edifício de Escritórios, ten- CURIOSIDADE
devem ser colocadas numa área comum e do sempre como base a distância média Ascensor mais rápido do mundo (Tabela 3)
rodeadas por áreas de armazenagem, ins- entre pisos de 3 m: Atualmente(2), o ascensor mais rápido do
talações sanitárias, escadas de serviço ou > 15 Pisos / Vn ideal = 2,0 m/s planeta está instalado em Taipé, a capital de
similares em que o barulho produzido pelos > 20 Pisos / Vn ideal = 2,5 m/s Taiwan, no Edifício Taipé101 e é capaz de alcan-
equipamentos não é um problema. No en- > 25 Pisos / Vn ideal = 3,0 m/s çar uma velocidade de 1010 m/min, o equiva-
tanto, se o layout apresenta em seu redor > 30 Pisos / Vn ideal = 3,5 m/s lente a 60,6 km/h em subida e 600 m/min, o
áreas suscetíveis, devem ser tomadas me- > 35 Pisos / Vn ideal = 4,0 m/s equivalente a 36 km/h em descida. Leva ape-
didas de insonorização já enumeradas ante- > 40 Pisos / Vn ideal = 5,0 m/s nas 37 s a partir do piso principal até ao piso
riormente de forma a evitar a propagação > 45 Pisos / Vn ideal = 6,0 m/s 89 situado a 382 m em apenas 37 segundos.
do ruído para as áreas circundantes. > 50 Pisos / Vn ideal = 7,0 m/s (6)
Foi produzido pelo fabricante Toshiba Eleva-
tor and Building Systems (Japão).
IMPLICAÇÕES AO NÍVEL DO DESEMPENHO Verificamos que até ao 35 piso, inclusive, a
Para além do número de ascensores e da velocidade do ascensor aumenta em média Foi anunciado em Tóquio a 21 de abril de 2014
gestão inteligente do tráfego, existe um fa- 0,5m/s por cada 5 pisos. Mas a partir do 35.˚ pela Hitachi, LTD. e Hitachi Ascensor (China)
tor preponderante no desempenho que é a piso a velocidade do ascensor altera drasti- Co., Ltd. (“CLAE”) o desenvolvimento do as-
velocidade. camente e passa para 1 m/s por cada 5 pisos. censor mais rápido do mundo com ultra/

Tabela 1 Tabela 2

38 elevare
PUB
Tabela 3

Passageiros 24
Carga Nominal 1600 kg
Velocidade Nominal Sobe a
1010 m/min
desce a
600 m/min
Curso 382,2 m
Unidades 2

E é oficial: foi certificado pelo Guinnes Book of Records na edição de 2006.

alta velocidade de 1200 m/min, o equivalente a 72 km/h para


o Guangzhou Centre Finance CTF de 530 metros com 111 pi-
sos, capaz de subir 94 pisos em apenas 43 s. Um arranha-céu
de uso misto em construção em Guangzhou, na China, tendo a
abertura prevista para 2016. O edifício terá ainda mais 95 as-
censores que serão de modelos com um desempenho inferior.

CONCLUSÃO
Percorremos um longo caminho desde o século XIX em que
Elisha Otis colocou o seu sistema de segurança no que é con-
siderado como o primeiro ascensor da era moderna na Bro-
adway n.º 488 em Nova Iorque, em 1853, até ao ascensor a
ser instalado em Guangzhou Centre Finance CTF na China, com
uma velocidade nominal de 72 km/h, considerado o mais rápido
do planeta com data prevista de inauguração para 2016.

Analisamos os diversos constrangimentos relacionados com


a ultra/alta velocidade nominal de um ascensor. Com a neces-
sidade de ter cada vez mais ascensores mais rápidos para edi-
fícios cada vez mais altos, a tendência é criar motores cada vez
mais potentes e resolver o problema dos cabos de suspensão.

Neste momento os edifícios estão limitados na sua construção


em altura porque a evolução tecnológica dos ascensores não
lhes permite irem mais alto.

O futuro próximo passa pela aplicação da solução de levitação


magnética e aplicação cada vez maior de ascensores de Duplo-
Andar (Double-Deck) com velocidades cada vez maiores. Num
futuro mais longínquo passa pela aplicação da tecnologia laser
definitivamente mais ecológica… que mais nos espera nesta
viagem fantástica na evolução tecnológica?

BIBLIOGRAFIA:
(1) www.forbes.com/2007/10/01/elevators-economics-construction-
biz-logistics-cx_rm_tvr_1001elevators.html;
(2) www.toshiba-elevator.co.jp/elv/infoeng/technology/tec01b.jsp;
(3) http://magazine.sfpe.org/smoke-management/elevator-shaft-
pressurization-system-standards-and-codes-smoke-control-tall-
buildin;
(4) www.mitsubishielectric.in/global_experience.php;
(5) http://technology-gagdet.blogspot.pt/2010/04/comparative-ele-
vators.htm;
(6) THE GUIDEN LINE – TOSHIBA- NEW ELBRIGHT;.
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

Homelifts

António Garrido
Liftech, S.A.

O PORQUÊ DOS “HOMELIFTS” Os países do norte da Europa, pioneiros na


Os chamados “homelifts” ou elevadores re- resolução de problemas de mobilidade das
sidenciais nasceram há cerca de duas déca- pessoas com deficiência motora e na res-
das para responder à necessidade do trans- petiva legislação, lideraram durante muitos
porte vertical de pessoas com mobilidade anos o desenvolvimento e o mercado para
reduzida em edifícios públicos e habitações estes equipamentos.
unifamiliares, e devido à dificuldade de apli-
cação do elevador convencional, vulgo "as- No entanto, atualmente, existe um merca-
censor”, nas referidas situações. do de divulgação generalizada em todos os
países europeus, decorrente da procura de
As dificuldades de instalação do ascensor melhor qualidade de vida, e da legislação
estão, essencialmente, relacionadas com a relativa a acessibilidades.
área ocupada, a energia consumida, o fac-
to de necessitar imperativamente de um De resto os homelifts são, por excelência, Figura 2 Homelift com acionamento hidráulico apli-
poço (espaço abaixo do ponto de paragem o equipamento de acessibilidade, não fa- cado na fachada de uma moradia.
inferior) e a necessidade de um pé direito no zendo hoje em dia muito sentido que não
piso superior (vulgo "extra-curso”), difíceis esteja previsto de raiz no projeto das mo- censor em moradias e edifícios existentes.
de concretizar nos prédios em questão. radias como meio de aumentar o conforto Para isso apoiou-se na Diretiva de Máquinas,
e prevenção de necessidades futuras. Fruto e esse facto permitiu construir equipamen-
da sua produção em quantidade são, atual- tos para transporte de pessoas capazes
mente, equipamentos com custos perfeita- de servir 3, 4 ou mesmo 5 pisos, sem ter
mente comportáveis. necessidade de poço, e tão pouco casa de
máquinas, e com extra-curso reduzido (in-
COMPARAÇÃO COM O "ASCENSOR” ferior às medidas normais de um pé-direito
Tecnicamente referenciam-se os homelifts de uma habitação).
como “plataformas elevatórias", justamente
para enfatizar a diferença entre este tipo de A alimentação pode ser monofásica e o
equipamentos e os “ascensores”, desde logo consumo é normalmente muito mais re-
em relação à Diretiva Europeia por que se duzido do que nos ascensores, tipicamente
regulamentam (2006/42/CE - Diretiva de inferior a 2,2 kW.
Máquinas, em contraponto com a Diretiva
de Ascensores 96/16/CE) e respetivas Nor- A Lei Portuguesa e, pelo menos até agora,
mas aplicáveis. a maioria da legislação europeia, não obriga
a que os homelifts tenham que ter um con-
A maior diferença entre o "homelift” e o “as- trato de manutenção celebrado com uma
censor" reside na velocidade máxima: en- empresa especializada, assim como não
quanto em relação a este último não exis- são exigidas inspeções por parte de orga-
tem restrições, a velocidade do primeiro nismos notificados.
não pode ultrapassar os 0,15 m/s.
Apesar da tendência futura passar por obri-
Figura 1 Homelift com acionamento hidráulico apli- Como vimos, o homelift nasceu para con- gar os proprietários dos homelifts a celebrar
cado no vão de escadas de uma moradia. tornar as dificuldades de aplicação do as- um contrato de manutenção, as manuten-

40 elevare
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

ções serão muito mais espaçadas no tem- A vantagem do acionamento por pistão hi- Por outro lado, para o mesmo espaço de
po, em contraponto com as mensalmente dráulico está na facilidade de aplicação, já cabina necessita, em geral, de uma maior
obrigatórias para os ascensores. que precisa de muito pouco espaço acima da área de caixa devido à presença do contra-
cabina, pelo que o "extra-curso" é pequeno, peso. Também acima da cabina necessita
De resto os homelifts dispõem normalmen- facilitando a sua aplicação em edifícios com de mais espaço reservado para a máquina
te do mesmo tipo de elementos básicos de pé-direito reduzido no piso superior. Além de tração, o que faz com que o extra-curso
segurança dos ascensores, nomeadamen- disso o quadro elétrico e a central hidráulica seja maior do que nos acionamentos hi-
te, sistema de pára-quedas, válvula de que- cabem num mesmo quadro, de dimensões dráulicos. O sistema de resgate é sempre
da, barreira de portas. reduzidas, existindo alguma flexibilidade re- mais sofisticado do que nos hidráulicos,
lativamente ao seu local de instalação, o que implicando uma fonte de energia baseada
Outros obrigatórios nos ascensores são mais uma vez facilita a instalação. em baterias. Outra desvantagem do home-
facultativos nos homelifts: limitador de ve- lift com acionamento elétrico é ser mais
locidade, telefone de emergência, porta de Outra vantagem deste tipo de homelift é a caro devido à necessidade de componen-
cabina, amortecedores de impacto no fun- facilidade de resgate dos utentes em caso tes que não existem nos hidráulicos (con-
do do poço. de avaria ou falta de energia. Já que se trata trapeso, sistema elétrico de resgate, varia-
unicamente de abrir uma válvula para aliviar dor de frequência, limitador de velocidade,
Os homelifts, de acordo com o espírito da a pressão do pistão e fazê-lo descer, esta entre outros).
Diretiva de Máquinas, são do tipo "homem- manobra pode ser feita automaticamente
presente", isto é, para se movimentar tem com recurso a uma bateria ou manualmente, Parafuso sem fim
que pressionar continuamente o botão com pressionando um botão na central hidráulica. É uma tecnologia muito utilizada nas plata-
o piso de destino. formas elevatórias devido à sua seguran-
Tração elétrica ça e simplicidade.
TECNOLOGIAS Não é o tipo de acionamento mais comum do
Existem quatro tecnologias diferentes no homelift, ao contrário do que acontece com o Baseia-se evidentemente num parafuso
que respeita ao homelift, dizendo principal- ascensor, mas a sua utilização tem vindo a au- sem fim com o comprimento do curso da
mente respeito ao tipo de acionamento: mentar devido à diminuição do tamanho das cabina.
> Pistão hidráulico; máquinas de tração.
> Tração elétrica; O motor pode estar embarcado na cabina,
> Parafuso sem fim; Comumente com este tipo de acionamento é e, nesse caso, o parafuso sem fim é fixo, ou
> Pneumático. aplicado contrapeso, tal como no ascensor, estar fora, e nesse caso faz rodar o para-
mas também existem soluções com aciona- fuso sem fim.
Pistão hidráulico mento do tipo guincho, sem contrapeso, apli-
O acionamento por pistão hidráulico é, hoje cáveis para desníveis pequenos, geralmente O resgate em caso de avaria ou falha de
em dia, a par com o parafuso sem fim, a so- não mais do que um piso. rede pode ser feito através de uma bateria
lução mais utilizada. Para cursos acima de ou por um processo manual do tipo "dar à
2 pisos é relativamente habitual combinar o A vantagem deste tipo de acionamento é manivela". De qualquer forma, o resgate é
pistão com um sistema de cabos que dupli- basicamente a eficiência energética, o que um pouco mais complicado do que nos ho-
ca o curso do pistão. não é aplicável à solução com guincho. melifts de acionamento hidráulico.

Pneumático
Trata-se de um sistema relativamente re-
cente, cuja utilização está pouco dissemi-
nada na europa.

O seu elemento base é um cilindro exterior


transparente, constituído por uma estru-
tura autoportante com paredes em poli-
carbonato ou semelhante.

Dentro deste cilindro movimenta-se uma


cabina igualmente cilíndrica e do mesmo
material do cilindro exterior.

Existe uma guiagem da cabina e um sis-


Figura 3 Acionamento hidráulico de ataque “dife- Figura 4 Acionamento hidráulico de ataque direto. tema mecânico de ancoragem da cabina
rencial”. quando esta se encontra no piso.

elevare 41
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

As portas são isoladas e autotanques devi- Tabela 1


do à ação da pressão atmosférica, possuin-
Hidráulico Elétrico Elétrico Parafuso Pneumático
do também dispositivos de encravamento.
com com sem fim
A cabina está equipada com um dispositivo
contrapeso guincho
pára-quedas.
Facilidade de adaptação 2.˚ 3.˚ 3.˚ 2.˚ 1.˚
Eficiência energética 2.˚ 1.˚ 3.˚ 2.˚ 4.˚
No topo do cilindro externo é colocada
a bomba de vácuo, válvulas e o sistema Segurança 1.˚ 1.˚ 2.˚ 1.˚ 3.˚
elétrico de comando. Num outro tipo de Facilidade de resgate 1.˚ 2.˚ 2.˚ 2.˚ 3.˚
construção esta unidade é colocada fora Estética (menos compo-
2.˚ 3.˚ 2.˚ 3.˚ 1.˚
do cilindro a uma distância que pode ir até nentes "técnicos")
10 metros. Desta forma consegue-se uma Maiores cursos
2.˚ 1.˚ 4.˚ 3.˚ 4.˚
redução do ruído, que juntamente com o possíveis
consumo de energia, são as maiores des- Ruído audível 1.˚ 1.˚ 1.˚ 1.˚ 2.˚
vantagens deste sistema. Preço 1.˚ 4.˚ 3.˚ 2.˚ 5.˚
Ranking geral 1.˚ 2.˚ 3.˚ 2.˚ 4.˚
O princípio de funcionamento da subida,
consiste em provocar o vácuo na zona do Evidentemente que a elaboração deste As caraterísticas técnicas do homelift refle-
cilindro acima da cabina, com recurso à ranking tem uma componente significativa tem então as circunstâncias anteriores:
bomba de vácuo. de subjetividade.
O seu curso máximo não costuma ultrapas-
O topo da cabina tem uma "anilha" vedan- De qualquer modo a perceção do autor, ten- sar os 12 m. A sua capacidade de carga típica
te para possibilitar a diferença de pressão do em conta os 7 aspetos enumerados, é é na ordem dos 200 a 300 kg, o necessário
entre a parte inferior e a parte superior da que a melhor escolha é o homelift com acio- para uma cadeira de rodas e um acompa-
cabina. namento hidráulico. nhante, ou então para 3 pessoas.

O movimento de descida é conseguido atra- CARACTERISTICAS TÉCNICAS A sua velocidade não ultrapassa os 0,15 m/s
vés da utilização de uma válvula que, de Como se viu, o homelift tem a sua área de o que é imposto pela Diretiva e pela Norma.
uma forma controlada, deixa entrar a quan- aplicação em edifícios unifamiliares e em
tidade de ar na zona superior necessária edifícios existentes, nos quais a aplicação As suas dimensões costumam ser generosas
para conseguir uma descida suave. de um ascensor é problemática. com vista à possível utilização por cadeiras
de rodas. No entanto também existem mode-
Na parte inferior do tubo existem entradas Presidiu à sua conceção a satisfação das los para espaços muito reduzidos. Veja-se o
de ar para que a pressão na parte inferior necessidades de mobilidade das pessoas modelo da imagem, que ocupa um espaço de
seja a atmosférica (bem como dentro da com deficiência motora, inclusive aquelas apenas 68 cm de largura por 81 cm de pro-
cabina). que se deslocam em cadeiras de rodas. fundidade (estrutura incluída).

Não tem nenhuma vantagem sobre alguma


das outras tecnologias descritas, que não
seja a questão estética: tem poucos compo-
nentes visíveis e o aspeto redondo invulgar
cativa a atenção.

Devido ao seu formato não é seguramente


o equipamento mais adequado para utiliza-
ção por pessoas em cadeira de rodas.

QUADRO COMPARATIVO DOS TIPOS


DE HOMELIFT
No quadro seguinte foram selecionados
os aspetos considerados mais relevantes
para a avaliação do equipamento e, para
cada um destes aspetos, estabelecido um
ranking. Conforme é normal, existem situ- Figura 6 Os botões de comando dos homelift têm,
ações de "empate" na atribuição do lugar Figura 5 Homelift hidráulico de dimensão muito re- em geral, uma configuração que facilita a utilização
no ranking. duzidas por pessoas em cadeira de rodas.

42 elevare
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

As alimentações elétricas em geral podem > Trepadores de escadas;


ser monofásicas e os consumos da ordem > Rampas portáteis para cadeiras de rodas.
dos 2 ou 3 Cv (com exceção da tecnologia de
acionamento pneumático, que tem um con- É lógico pensar que a abertura dos parênte-
sumo consideravelmente superior). sis em alguns dos itens enumerados, tem a
função de ajudar a clarificar de que equipa-
Habitualmente os homelifts são concebidos mento se está a falar (e não criar definições
sem porta de cabina e com porta de "baten- despropositadas de índole técnica).
te" nos patamares. Esta solução otimiza o
espaço ocupado e é adequada e segura face Assim como, mesmo em termos estrita-
à velocidade reduzida do equipamento. mente linguísticos, se pode pensar que os
parêntesis “(não possuem cobertura e não
Legislação trabalham dentro de um poço)” se referem
A construção e instalação do homelift apenas aos “elevadores para cadeiras de ro-
regulamenta-se pela Diretiva Europeia de das”. O que faz todo o sentido pois a desig-
Máquinas, 2006/42/CE, existindo desde há nação "plataformas elevatórias" não suscita
alguns anos uma Norma destinado espe- dúvidas do que se trata (até tem uma Norma
cificamente a regulamentar a construção Figura 7 associada), o mesmo não acontecendo com
das plataformas elevatórias verticais para os “elevadores para cadeira de rodas”. Daí
a utilização por pessoas com mobilidade re- capaz de proporcionar a este indivíduo a su- que o autor sentiu a necessidade de definir
duzida. Trata-se da Norma EN 81-41. bida para os andares superiores? melhor o conceito, utilizando os parêntesis.

No que diz respeito à manutenção não exis- Cadeiras ou plataformas sobe escadas? Aliás se admitíssemos que os referidos pa-
te ainda regulamentação para este tipo de Para 3 pisos são caras, de difícil aplicação, rêntesis se aplicavam também às "platafor-
equipamentos, ao contrário dos ascenso- pouco adequadas ao problema concreto do mas elevatórias" teríamos um problema de
res (cuja manutenção e inspeção é regulada indivíduo em causa. clarificação do conteúdo dos mesmos:
pelo Decreto-Lei 320/2002).
Plataformas sem envolvente exterior? Para O que é a "cobertura” de uma plataforma
Fiscalidade mais do que um metro de curso a sua utili- elevatória? Este termo não existe nos glos-
Sobre este assunto, concretamente sobre zação é inconcebível devido aos perigos ine- sários das Normas de elevadores. É a es-
a taxa de IVA a aplicar ao homelift, foi publi- rentes. Resta então o homelift que, de resto, trutura envolvente da mesma? É o teto da
cado em edição anterior desta mesma re- é o equipamento com a melhor relação fun- "cabina"? Concebendo uma cabina sem teto,
vista, um artigo bastante esclarecedor que cionalidade e preço e não discriminatório já se obedece a este critério? Convenhamos
traduz a posição que o fisco, bem ou mal, (não é para utilização exclusiva da pessoa que nada disto faz muito sentido.
tem tomado, e que é no sentido deste equi- com dificuldade motora).
pamento ser sempre taxado à taxa máxima E “poço”? A única definição conhecida é feita
do IVA. O que tem acontecido é que o fisco se tem no glossário da Norma EN 81-1 e que diz o
baseado numa (má) interpretação à letra seguinte: "Poço (Cuvette) (Schachtgrube) (Pit):
A nossa opinião é que se os homelits (tec- do texto do item 39 da lista de bens à taxa Parte da caixa situada abaixo do nível do piso
nicamente "plataformas elevatórias") forem reduzida do Despacho n.˚ 26 026/2006, que extremo inferior servido pela cabina”.
“especificamente concebidos para utilização menciona “Plataformas elevatórias e eleva-
por pessoas com deficiência” (conforme De- dores para cadeiras de rodas (não possuem Muito provavelmente o que o autor queria
creto-Lei n.˚ 102/2008, relativo ao código cobertura e não trabalham dentro de um dizer era “caixa” entendendo-se como tal a
do IVA), e sendo essa circunstância atesta- poço), elevadores para adaptar às escadas envolvente em alvenaria ou noutro mate-
da no certificado de "Exame CE Tipo" do equi- (dispositivos com assento ou plataforma fixa- rial como estrutura de alumínio ou ferro
pamento, então legalmente a taxa de IVA a da a um ou mais varões que seguem o con- e vidro. Mas uma plataforma elevatória,
aplicar deverá ser a reduzida. torno e ângulo da escadaria), trepadores de utilizada para um ou mais pisos, sem uma
escadas e rampas portáteis para cadeiras de “caixa”?! Não é aceitável em termos de
Defendemos este ponto de vista antes de rodas.” segurança.
mais, por uma questão de justiça e razoabi-
lidade. Imaginemos a situação bem plausí- Ou seja, de uma forma bastante exaustiva, Assim a nossa opinião é bastante clara: to-
vel de uma pessoa que vive numa casa de 3 são enumerados todos os tipos de equipa- das as plataformas elevatórias concebidas
andares e que numa fase da sua via, por um mentos de acessibilidade: para utilização por pessoas com deficiência,
qualquer infortúnio, passa a ter que utilizar > Plataformas elevatórias; e obedecendo à Norma EN 81-41, deverão
andarilhos (ou mesmo cadeira de rodas). > Elevadores para cadeiras de rodas; ser taxadas à taxa reduzida do IVA. Decorre
Pergunta-se: qual é o único equipamento > Elevadores para adaptar as escadas; da lei Portuguesa e é justo e razoável.

elevare 43
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

Ascensores: a eficiência energética


e a legislação aplicável
Miguel Leichsenring Franco
Schmitt-Elevadores, Lda

1. INTRODUÇÃO sumo de energia por esta via. Os edifícios Uma redução no consumo energético dos
A segurança, o conforto e o melhor aprovei- têm um forte impacto no consumo de ener- ascensores terá, por isso. globalmente, um
tamento do espaço disponível nos edifícios gia a longo prazo, tendo-se concluído que, impacto relevante.
são os temas centrais com que a indústria com um aumento da eficiência energética
de ascensores normalmente se preocupa em edifícios se poderia reduzir em 42% A Comissão Europeia lançou em 2006, o
no desenvolvimento de novas soluções de as emissões de carbono provocadas pelos “Plano de Acção para a Eficiência Energética”
transporte vertical de pessoas e cargas; edifícios, bem como os custos energéticos com o qual pretendia mobilizar o grande
a eficiência energética não era discutida relacionados. público, os responsáveis políticos e os in-
até há alguns anos. Contudo, o aumento tervenientes no mercado e transformar o
substancial do custo da energia eléctrica e De acordo com o Projeto E4 - Energy Efficient mercado interno da energia, de forma a dis-
a maior sensibilidade da sociedade para as Elevators and Escalators1 , estima-se que os ponibilizar aos cidadãos europeus as infra-
questões ambientais, conduz ao rápido au- ascensores serão responsáveis por 3 a 8% estruturas (incluindo edifícios), os produtos
mento de importância da temática da efici- do total de energia elétrica consumida num (incluindo eletrodomésticos e automóveis)
ência energética também na indústria dos edifício. Segundo este estudo, na Europa a e os sistemas energéticos mais eficientes.
ascensores. Também a União Europeia e o 27 (EU27) terão sido instalados e estarão O plano de acção tem por objetivo contro-
Governo Português reconhecem hoje a im- em funcionamento cerca de 4,8 milhões de lar e reduzir a procura de energia e tomar
portância deste tema, tendo-o incorporado ascensores e 75 000 escadas mecânicas e medidas específicas relativas ao consumo
no corpo legislativo. tapetes rolantes (Almeida et. al. 2010). Os e fornecimento, no intuito de poupar 20%
autores deste estudo estimam que subs- do consumo anual de energia primária até
Pretende-se neste artigo analisar a legisla- tituindo e utilizando a melhor tecnologia 2020 (em comparação com as previsões
ção em vigor relacionada com a eficiência disponível para todos os ascensores exis- do consumo energético para 2020). Os
energética e que tenha uma implicação di- tentes, poder-se-iam obter poupanças de ascensores, como máquinas elétricas que
reta ou indireta na instalação de ascenso- energia elétrica na ordem dos 66%. Em são, devem e podem naturalmente contri-
res. Para tal optou-se por pesquisar toda a Portugal prevê-se que estejam instalados buir para a melhoria do desempenho ener-
Legislação Europeia e, em seguida, toda a cerca de 140 000 ascensores, dos quais gético global de um edifício.
Legislação Nacional aplicável, relacionada 90% serão ascensores elétricos de roda de
com a temática da eficiência energética. aderência e 10% serão ascensores hidráuli- A pesquisa de legislação foi realizada em
cos. Cerca de 70% dos ascensores estarão dois níveis (a legislação comunitária e a
2. RELEVÂNCIA DO TEMA instalados em edifícios residenciais, 15% legislação nacional), tendo sido analisados
No âmbito deste artigo entende-se por “efi- em edifícios de escritórios, 8% em hotéis, diversos documentos legais, conforme indi-
ciência energética” como sendo uma estraté- 4% em hospitais, 2% em edifícios comer- cado na Figura 1.
gia de consumir o mínimo possível de ener- ciais e os restantes 1% em outros tipos de
gia para a realização de qualquer trabalho, edifícios, como terminais de transporte e 3. A LEGISLAÇÃO EUROPEIA
quer através da supressão de consumos, unidades industriais. Estima-se que todos Em 2012, as entidades oficiais europeias
quer através da utilização de tecnologias os ascensores instalados em Portugal ten- reconheceram que o objetivo de eficiência
mais eficientes. derão a consumir anualmente 713 GWh, o energética da União, definido no “Plano de
que representará cerca de 1,5% do consu- Acção para a Eficiência Energética”, não es-
Segundo um estudo recente, os edifícios mo total de energia elétrica em Portugal. tava em vias de ser cumprido, e que era ne-
representam cerca de 40% do consumo de cessária uma ação mais determinada para
energia total da União Europeia. Uma vez explorar o considerável potencial existente
que este setor está em expansão espera-se, 1 Projeto E4 - Energy Efficient Elevators and Es- no que respeita a maiores economias de
nos próximos anos, um aumento do con- calators – D2.2 – Country Report – Portugal. energia nos edifícios existentes. Com base

44 elevare
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

Diretiva 2012/27/UE:
Esta Diretiva relativa à eficiência energéti-
ca, e que altera as Diretivas 2009/125/CE e
2010/30/UE e revoga as Diretivas 2004/8/
CE e 2006/32/CE, estabelece um quadro
comum de medidas de promoção da efici-
ência energética na União, para assegurar
a realização do objetivo da União que con-
siste em atingir 20% em matéria de efici-
ência energética até 2020, e de preparar
caminho para novas melhorias nesse do-
mínio para além dessa data.

Esta Diretiva estabelece ainda regras desti-


nadas a eliminar os obstáculos no mercado
da energia e a ultrapassar as deficiências do
mercado que impedem a eficiência no apro-
visionamento e na utilização da energia, e
prevê a definição de objetivos nacionais indi-
cativos em matéria de eficiência energética
para 2020. Esta Diretiva estabelece igual-
mente Normas vinculativas para os consu-
midores finais e para os fornecedores de
Figura 1 Pesquisa de legislação. energia. Não existe qualquer referência a
ascensores.

neste reconhecimento, a Comissão Euro- máquinas de lavar loiça, aparelhos de ilumi- Como se viu, nenhuma destas Diretivas
peia emanou diversas Diretivas relaciona- nação, frigoríficos e congeladores, televiso- aborda diretamente a temática dos ascen-
das com a eficiência energética, a saber: res e motores elétricos. Os ascensores não sores. Ou seja, não existe legislação comu-
são referidos explicitamente. nitária que imponha diretamente regras so-
Diretiva 2010/30/UE: Eficiência energética bre a eficiência energética em ascensores,
dos produtos Diretiva 2010/31/UE: Desempenho energético que tenha de ser seguida pelos fabricantes
Esta Diretiva prevê a indicação do consumo dos edifícios e/ou projetistas.
de energia e de outros recursos por parte A Diretiva 2002/91/CE relativa ao desem-
dos produtos relacionados com a energia, penho energético de edifícios (em particu- 4. A LEGISLAÇÃO NACIONAL
por meio de rotulagem e outras indicações lar ao isolamento, ao ar-condicionado e à Procedeu-se em seguida à pesquisa na Le-
uniformes relativas aos produtos, com utilização de fontes de energia renováveis) gislação Nacional, tendo sido analisados os
impacto significativo, direto ou indireto, no prevê um método para o cálculo do desem- seguintes Diplomas legais:
consumo energético. Vários regulamentos penho energético de edifícios, requisitos
específicos definem depois os requisitos mínimos para os edifícios de grande dimen- O Decreto-lei 12/2011 de 24 de janeiro trans-
para diversos aparelhos eletrodomésticos. são, novos e existentes, e a certificação põe para a ordem jurídica interna a Diretiva
A rotulagem do equipamento de escritório energética. A Diretiva foi revogada a par- 2009/125/CE, do Parlamento Europeu e do
e a rotulagem dos pneus são abrangidas tir de 1 de fevereiro de 2012 pela Diretiva Conselho, de 21 de outubro relativa à cria-
por regulamentos separados. Não é feita Reformulada 2010/31/UE, que entrou em ção de um quadro para definir os requisitos
qualquer referência a ascensores. vigor em julho de 2010. O principal objetivo de conceção ecológica dos produtos rela-
da Diretiva de reformulação era simplificar cionados com o consumo de energia. Este
Diretiva 2009/125/CE (que reformula a algumas disposições da anterior Diretiva e Decreto-Lei aplica-se aos produtos relacio-
Diretiva 2005/32/CE, alterada pela Diretiva reforçar os requisitos de eficiência energé- nados com o consumo de energia, conside-
2008/28/CE): Eficiência energética dos tica relativamente, entre outros à aplicação rando qualquer bem colocado no mercado
produtos de requisitos mínimos para o desempenho ou em serviço que tenha um impacto sobre
Esta Diretiva define os requisitos de conce- energético, em especial, dos edifícios exis- o consumo de energia durante a sua utiliza-
ção ecológica dos produtos relacionados tentes, dos componentes de edifícios sujei- ção, incluindo as peças a incorporar nesses
com o consumo de energia. Os regulamen- tos a grandes renovações e dos sistemas produtos como peças individuais colocadas
tos de execução cobrem uma vasta gama técnicos dos edifícios sempre que sejam ins- no mercado ou em serviço para utiliza-
de produtos, entre os quais aquecedores, talados, substituídos ou atualizados. Nada é dores finais, cujo desempenho ambiental
aspiradores, aparelhos de ar-condicionado, dito sobre os ascensores. possa ser avaliado de forma independente.

elevare 45
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

Este Decreto-Lei não é aplicável aos meios


de transporte de pessoas ou mercadorias.
Por sua vez, o Decreto-Lei 63/2011 de 09 de
maio estabelece as medidas de informação
a prestar ao utilizador final de produtos com
impacto no consumo energético, transpon-
do a Diretiva 2010/30/UE do Parlamento
Europeu e do Conselho de 19 de maio, rela-
tiva à indicação do consumo de energia e
de outros recursos por parte dos produtos
relacionados com a energia, por meio de
etiquetagem e outras indicações uniformes
relativas aos produtos. O regime consa-
grado vem estabelecer a obrigatoriedade
de colocação de etiquetas e elaboração de
fichas de informação sobre o consumo de
energia e de outros recursos essenciais de
produtos que tenham impacto no consumo
de energia, inserindo-se nos objetivos de
política energética definidos na Estratégia projeto e construção de edifícios novos, ou > Portaria 349-A/2013 de 29 de novem-
Nacional para a Energia com o horizonte numa grande intervenção na envolvente ou bro, que determina as competências da
temporal de 2020 (ENE 2020). Também sistemas técnicos de edifícios existentes, ou entidade gestora do Sistema de Certi-
neste Diploma Legal nada é referido relati- numa avaliação energética e da manuten- ficação Energética dos Edifícios (SCE)
vamente a ascensores. ção dos edifícios novos, sujeitos a grande in- e regulamenta as atividades dos téc-
tervenção), os sistemas técnicos devem ser nicos do SCE, estabelece as categorias
Por fim, o Decreto-Lei 118/2013 de 20 de avaliados e sujeitos a requisitos, tendo em de edifícios para efeitos de certificação
agosto, visa assegurar e promover a me- vista a promoção da eficiência e a utilização energética, bem como os tipos de pré-
lhoria do desempenho energético dos edi- racional de energia. Essa avaliação deverá -certificados e certificados SCE e res-
fícios através do Sistema de Certificação incidir nas componentes de climatização, de ponsabilidade pela sua emissão, fixa as
Energética dos Edifícios (SCE), que integra preparação de água quente sanitária, de ilu- taxas de registo no SCE e, finalmente,
o Regulamento de Desempenho Energético minação, de sistemas de gestão de energia, estabelece os critérios de verificação
dos Edifícios de Habitação (REH) e o Regu- de energias renováveis, de elevadores e de de qualidade dos processos de certifi-
lamento de Desempenho Energético dos escadas rolantes. cação do SCE, bem como os elementos
Edifícios de Comércio e Serviços (RECS). que deverão constar do relatório e da
Este Diploma transpõe para a ordem jurídi- Este Diploma estabelece, entre outros as- anotação no registo individual do Perito
ca nacional a Diretiva 2010/31/UE do Parla- pectos, os requisitos de conceção e de ins- Qualificado (PQ). Nada é referido em re-
mento Europeu e do Conselho de 19 de maio talação dos sistemas técnicos nos edifícios lação a ascensores.
de 2010 relativa ao desempenho energético novos e de sistemas novos nos edifícios > Portaria 349-B/2013 de 29 de novem-
dos edifícios. existentes sujeitos a grande intervenção, bro, em que se define a metodologia de
um Indicador de Eficiência Energética (IEE) determinação da classe de desempe-
Trata-se do primeiro documento legal so- para caraterização do desempenho ener- nho energético para a tipologia de pré-
bre eficiência energética em que se refe- gético dos edifícios e dos respetivos limi- -certificados e certificados do Sistema
rem explicitamente os ascensores. Assim, tes máximos no caso de edifícios novos, de Certificação Energética dos Edifícios
no seu Artigo 2.˚ define-se “Sistema téc- de edifícios existentes e de grandes inter- (SCE), bem como os requisitos de com-
nico”, como o conjunto dos equipamentos venções em edifícios existentes, e ainda a portamento técnico e de eficiência dos
associados ao processo de climatização, obrigatoriedade de fazer uma avaliação sistemas técnicos dos edifícios novos e
incluindo o aquecimento, arrefecimento e energética periódica dos consumos ener- edifícios sujeitos a grande intervenção.
ventilação natural, mecânica ou híbrida, a géticos dos edifícios existentes, verificando Também aqui nada é referido em rela-
preparação de águas quentes sanitárias a necessidade de elaborar um plano de ra- ção a ascensores.
e a produção de energia renovável, bem cionalização energética com identificação > Portaria 349-C/2013 de 2 de dezembro,
como, nos edifícios de comércio e servi- e implementação de medidas de eficiência em que se determina os elementos que
ços, os sistemas de iluminação e de gestão energética com viabilidade económica. demonstrem o cumprimento do Regu-
de energia, os elevadores e as escadas ro- lamento de Desempenho Energético
lantes. Ainda no mesmo Diploma, mas no Como complemento ao Decreto-Lei 118/2013 dos Edifícios de Habitação e do Regu-
35.˚ Artigo, refere-se que, apenas nos edi- de 20 de agosto foram emanadas ainda as lamento de Desempenho Energético
fícios de comércio e serviços (e na fase de seguintes Portarias: dos Edifícios de Comércio e Serviços.

46 elevare
Dossier sobre Variadores de Velocidade em Elevadores

Esta Portaria estabelece que (e ape- Esta Portaria estabelece também que os A Norma VDI 4707:2009, permitirá uma
nas) para os edifícios de comércio e elevadores a instalar em edifícios de co- avaliação e classificação universal e trans-
serviços, o(s) projeto(s) do(s) sistema(s) mércio e serviços devem obedecer aos re- parente da eficiência energética de ascen-
técnico(s) elaborado(s) pelo(s) técnico(s) quisitos mínimos de eficiência indicados na sores, baseada em métodos de cálculo
responsável(is) pelo(s) mesmo(s), onde Figura 2, em função da sua classificação (e e teste dos seus consumos energéticos.
devem constar evidências das soluções segundo metodologia a definir por Despa- Disponibilizará ainda um enquadramento
adotadas e os cálculos efetuados, de- cho do Diretor-Geral de Energia e Geologia). que permita incluir a procura de energia de
vem conter, pelo menos, referência aos Contudo, até à publicação deste Despacho ascensores na avaliação da eficiência ener-
seguintes elementos: deverá ser adotada a metodologia prevista gética do edifício e assim seleccionar os
a. Localização do edifício e carateriza- em normalização internacional ou europeia equipamentos mais adequados e servirá de
ção do meio urbano onde se insere; ou na falta destas na Norma VDI 4707. A base para um rating energético de ascenso-
b. Descrição do edifício e fracções que partir de 31 de dezembro de 2015, o cumpri- res no âmbito da eficiência energética total
o constituem; mento do disposto no número anterior de- do edifício, dando origem à elaboração de
c. Caraterização de soluções constru- verá ser evidenciado pela afixação de uma um certificado energético.
tivas que constituem o edifício em etiqueta de desempenho energético do ele-
estudo, bem como de todos os ele- vador a emitir por entidade designada para Por fim, a 10 de abril de 2013, foi publica-
mentos que condicionam o compor- o efeito por Despacho do Diretor-Geral de da a Resolução do Conselho de Ministros
tamento térmico do edifício; Energia e Geologia. n.˚ 20/2013, que aprova o novo Plano Na-
d. Caraterização dos sistemas de AVAC cional de Acção para a Eficiência Energéti-
previstos para o edifício; Adicionalmente, os ascensores a instalar ca para o período 2013-2016 (PNAEE 2016).
e. Caraterização dos sistemas de pre- devem cumprir ainda com os seguintes Com este documento estratégico preten-
paração de AQS previstos para o requisitos: de-se tornar a eficiência energética numa
edifício; a. Controlo de iluminação da cabine para prioridade da política energética portugue-
f. Caraterização dos sistemas de ilumi- elevadores instalados após a data de sa, tendo em conta que os incrementos na
nação previstos para o edifício; entrada em vigor do regulamento, ou eficiência energética promovem a prote-
g. Caraterização dos sistemas de ges- seja após 3 de Dezembro de 2013; ção ambiental e a segurança energética
tão técnica previstos para o edifício; b. Sleep mode, para todos os elevadores do país. O aumento da eficiência energética
h. Caraterização dos sistemas de ele- instalados a partir de 31 de dezembro contribuirá ainda para a redução da despe-
vadores previstos para o edifício. de 2015; sa pública e para um uso eficiente dos re-
> Portaria 349-D/2013 de 2 de dezembro c. Regeneração de energia para todos os cursos. Também neste documento, nada é
em que se determina os requisitos de elevadores instalados a partir de 31 de referido relativamente a ascensores.
conceção relativos à qualidade térmica dezembro de 2018.
da envolvente e à eficiência dos siste- 5. CONCLUSÕES
mas técnicos dos edifícios novos, dos Uma vez que é referida na Portaria Apesar da grande relevância da temática
edifícios sujeitos a grande intervenção e n.˚ 349-D/2013, apresenta-se sumariamen- da eficiência energética, existe ainda pouca
dos edifícios existentes. te a Norma VDI 4707:2009. Trata-se de uma legislação específica sobre o tema. Nas dife-
base para a avaliação energética e uma rentes Diretivas Europeias pesquisadas nada
O desempenho energético de um edifício classificação em termos energéticos de é referido explicitamente sobre ascensores.
de comércio e serviços é aferido pela de- ascensores. A Parte 1, já publicada em mar- Já na Legislação Nacional, apenas uma Por-
terminação do seu Indicador de Eficiência ço de 2009, define um procedimento atra- taria (a Portaria 349-D/2013 de 2 de dezem-
Energética (IEE). Os consumos de energia vés do qual o ascensor no seu todo, dada bro) impõe um conjunto de regras que os
a considerar no cálculo do IEE passam a uma determinada utilização, é classificado ascensores têm de cumprir em termos de
englobar os elevadores, as escadas e os de acordo com o seu consumo energético eficiência energética (e que se aplicam ape-
tapetes rolantes, devendo ser evidenciados em standby e em movimento. Esta Norma nas a ascensores a instalar em edifícios de
a Potência do(s) motor(es), tempo médio apresenta explicitamente a forma como se comércio e serviços). Os ascensores a insta-
em manobra, carga nominal e velocidade devem obter os dados dos consumos ener- lar nestes edifícios devem englobar um sis-
nominal. géticos através de medições. tema de controlo de iluminação, ser dotados
de sleep mode e de um sistema de regenera-
ção de energia. A partir de 31.12.2015 deverá
ser afixada ainda uma etiqueta de desempe-
Classe de eficiência energética
Tipo de Categoria de nho energético do ascensor.
mínima após...
equipamento utilização
entrada em vigor 31 dez 2015
Por fim, o indicador de eficiência energética
Elevadores Todas C B de um edifício passará a englobar também
o consumo energético dos ascensores (De-
Figura 2 Requisitos mínimos de eficiência dos elevadores, segundo Norma VDI 4707. creto-Lei 118/2013 de 20 de agosto).

elevare 47

Você também pode gostar